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Em um lugar não conhecido, mas com certeza muito distante, tem-se ruinas de um
castelo, velho e obscuro. No mesmo encontra-se um homem, algumas cicatrizes
cobrem seu rosto, sentado em uma espécie de trono forjado das cinzas. O mesmo
admirava sua espada enquanto a segurava, não era uma espada comum, era mais
escura que a noite, cheia de escritas e runas em vermelho. O local é escuro, porém
quente, o calor é causado da lava nas redondezas próximas. Uma voz ofegante corta
o silêncio do saguão em que o homem misterioso está:
− Está tudo pronto, mestre! - Um ser estranho, baixinho, com orelhas e nariz
alongados, chega alertando o homem. Alguns diriam ser um goblin ou duende,
mas sua raça era muito diferente do que os olhos humanos conheciam.
− Excelente! Esperei este momento por muito tempo... Skurl, prepare tudo!
Iremos passar em breve, preciso de uma locação no meu velho mundo. Para
mim e meus servos, claro. Que seja discreta, não queremos chamar atenção...
ainda...
− Como desejar, mestre!
− Mal posso esperar. Minha vingança tão planejada não será rápida... Pelo
contrário... Será feita com muito deleite!
− Sugiro que calculemos o local da transferência, enquanto preparo as tropas.
− De fato, mas não demoremos, já esperei tempo demais.
− Claro, mestre!
Em outro local, muito longe dali, têm-se a história de Victor Carrara. Irei me
afastar por uns momentos, pois, nada mais justo que o próprio protagonista conte
tudo de seu ponto de vista. E que assim seja.
Capítulo 1: Apresentação
Não sei bem por onde começar uma boa história. Acho que o ideal seria pelo
começo, Espaço e Tempo, essas coisas... Bem, meu nome é Victor, tenho 17 anos e
moro com meu tio Erick, desde um terrível acidente de carro, que anos atrás, foi
responsável por tirar meus pais de mim, eu devia ter pouco mais de 10 anos quando
aconteceu. Tem sido difícil, mas eu gosto do meu tio e me mudar pra esse fim de
mundo não foi algo tão ruim.
Moramos em um chalé longe do cento, até que é bem chique, tem lareira e
tudo. Meu tio é um homem culto, principalmente com aquele monóculo, o lenço no
bolso do paletó e um bigode de impor respeito. Ele já é aposentado, com uns 40 e
tantos anos (quase 50), mas sinceramente não sei muito bem com o que ele
trabalhava antigamente, ele diz que era num museu, mas que antes disso era um
grande esgrimista. Tem diversas fotos dele na parede, com troféus nas estantes, e
ele sempre me conta suas histórias na época da faculdade, sobre os campeonatos
de esgrima.
Voltando ao espaço-tempo, é 2021, estou no Brasil, na cidade de Volta Cruz,
no Espírito Santo. Por volta de uns 30 anos atrás, o mundo virou de cabeça para baixo
quando espadachins começaram a surgir, mas não eram espadachins comuns, eram
incríveis! Capazes de cortar balas quando atirassem neles, eram mais velozes, mais
ágeis e mais fortes, dizem as lendas que cortavam prédios inteiros com um só golpe.
Ninguém sabe de onde surgiram, mas hoje é visto como uma coisa comum,
principalmente para minha geração que já nasceu com a existência deles, e o mundo
começou a respeitar aqueles que usavam suas habilidades para o bem comum, e
desprezar aqueles que usavam o mesmo para benefício próprio, como roubar e até
mesmo matar. Daí surgiu aquela velha história do bem contra o mal, mas até onde
sabemos os espadachins que lutam contra a maldade ainda são a maioria, então está
tudo bem.
Já sei o que estão pensando, meu tio era um desses espadachins e se
aposentou, acertei? Quem me dera, mas já pensei nisso e descartei a possibilidade.
Um dos primeiros casos a acontecer isso foi aqui mesmo no Brasil, e nessa época
meu tio estava em um intercâmbio na Polônia, sem contar que a maioria dos
espadachins atualmente tem identidade conhecida, tudo que ele fazia era esgrima
com os amigos. Ele mesmo me contou que parou de lutar esgrima na época que
esses espadachins com poderes chegaram, a esgrima tinha perdido o sentido para
ele (um dos motivos para ele odiar os espadachins). Claro que tem umas lacunas não
preenchidas, o quarto dele por exemplo. Por algum motivo ele não me deixa entrar lá
nem morto. Meu tio Erick deve ser um daqueles caras que gosta muito de privacidade.
Lembra que eu disse que a maioria dos espadachins tinham identidade
conhecida? Pois é, tem muito deles espalhados pelo mundo hoje em dia, o grupo
mais famoso até os dias de hoje é o Quarteto Lendário. Eles foram os pioneiros (e do
meu país!), se juntaram pra combater o mal, mas principalmente para formar um
símbolo, um símbolo de esperança. Era formado por quatro espadachins lendários,
cada um com sua espada e habilidade específica. Sabe-se muito pouco sobre a
origem deles, cada história é diferente. Mas hoje esse quarteto não existe mais.
Separaram-se e somente um vive sua vida de fama. O líder deles, Yohan, o Lâmina
Afiada (o único do quarteto com a identidade revelada), hoje comanda a Academia
De Espadachins Lendários. Nela, são selecionados à dedo, jovens para se tornarem
espadachins e, consequentemente, fazerem parte da nova geração dos espadachins
lendários. Os que entram lá são só os melhores, e eles saem como os melhores dos
melhores, com a função de servir e proteger, quase como super-heróis.
Depois desses pioneiros surgirem aqui, começaram a surgir em outros lugares,
como na Europa, América do Norte, e alguns países orientais. Se eu tenho como o
objetivo me tornar o maior espadachim do mundo? Meh. Longe disso. Respeito eles,
mas não é algo que eu faria. Quando acabar o Ensino Médio, vou fazer alguma
faculdade e conseguir um emprego que pague bem, sei que não parece um grande
sonho, mas conheço meus objetivos e até onde eles vão. Acho que já falei demais,
vamos para onde tudo começou.