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No filme “Guia para uma família perfeita”, nos é apresentado uma família completamente

disfuncional. Uma esposa sedenta por atenção e validação, um marido ausente e travado em
uma confusão paternal, uma filha mais velha de outro casamento do pai da qual é
constantemente cobrada para tirar notas boas e que vende drogas, e por fim, um filho mais novo
do qual é extremamente mimado. Os pais não sabem como criar os filhos da melhor forma, sem
que eles se sobrecarreguem ou se prejudiquem psicologicamente devido a pressões acerca de
seu sucesso pessoal. Para isso, o casal pede ajuda à um especialista, que realiza algumas sessões
de terapia. Começando pela esposa, a mulher prosta-se mais preocupada com as redes sociais e
a forma que é vista do que seu casamento e criação de seu único filho, constantemente
prestando atenção somente em curtidas e na opinião de influenciadores das mídias. Quanto ao
pai, um homem que tenta manter uma boa imagem de homem e trabalhador, mas que com a
filha mais velha fica preso em uma forma de educação carrasca enquanto com o mais novo já
desistiu, pois é “somente uma criança”. A mais velha não se esforça nas escolas e usa do
dinheiro ganho pelo pai ao ganhar X nota para comprar provas passadas dos alunos veteranos,
garantindo assim boas notas ao memorizar, além de ter outras fontes de renda, como vender
drogas e medicamentos tarja preta para levantar ainda mais dinheiro. Quanto ao mais novo, toda
vez que faz birra ou uma atitude repreensível, somente ganha um mal olhado do pai, recebendo
assim a atenção que queria do ausente pai.
É nítido que o filme mira em montar a família mais disfuncional possível de maneira sutil,
abordando conflitos modernos e pisando nessas feridas de maneira sarcástica. O erro também
critica o uso constante de redes sociais e a necessidade constante de tentar se provar, sendo tanto
apresentados pelos pais quanto até mesmo os filhos. Todos compartilham dessa sede intensa de
serem vistos, buscando viver para os outros e não de forma centrada. Apesar do humor, o filme
consegue de forma precisa analisar e apontar características de comportamentos disfuncionais
que foram desenvolvidos nas criações dos personagens, até mesmo expondo de maneira objetiva
as consequências de comprometimentos na infância, apontados por Erikson e outros pensadores
como Freud e Skinner. Dito isso, o filme consegue trabalhar muito bem tais aspectos da
psicologia desenvolvimentista, entretanto, falha em apresentar as consequências das melhorias
de comportamentos, abordar de maneira mais profunda as angústias e sentidos dos personagens,
somente passando um pincel raso e utilizando de incansáveis clichês para o andamento do
roteiro, logo perdendo todo o material interessante que poderia trabalhar. Como ideia, um ótimo
filme que poderia ser usado para observar teorias de pensadores da psicologia
desenvolvimentista na prática, entretanto, o filme foi pouco a pouco se perdendo com os pontos
apontados anteriormente.

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