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As pessoas boas não dizem que apagaram para evitar falar sobre
o pior dia de suas vidas. E as pessoas boas com certeza não
matam a própria mãe.
Porque eu matei.
Eu a matei.
Nunca acordou.
Sabia que algo estava errado, mas não disse nada. Eu apenas
fiquei ali, congelado, observando o barco avançar em nossa
direção como um idiota sem cérebro.
Você os viu logo depois de mim, mas então era tarde demais. A
colisão era iminente, e Xavier e eu sofreríamos um golpe direto.
Mais tarde, ele nos disse que seu corpo foi jogado na água e
pulara atrás de você. Estava inconsciente, e conseguiu segurar
sua mão por um segundo.
Depois escorregou.
Papai a procurou até ficar tão fraco que começou a afundar. Para
se afogar. Brody teve que puxá-lo com força para o bote salva-
vidas. Não parava de resistir, nos dizendo para deixá-lo ir. Lutou
até o último minuto, mãe.
Nunca a encontramos.
- Finley
Meu pai uma vez me disse que as mentiras que contamos a
nós mesmos podem nos puxar para debaixo d'água ou nos manter
à tona. Nunca entendi o que quis dizer. Até que mentir se tornou
a única arma do meu pai em uma guerra contra a realidade.
— Estou bem.
No ano após a morte de mamãe, tudo o que ele fez foi mentir.
Eu queria vê-lo quebrar. Vê-lo tão aleijado pela dor que não
conseguia superar, mas agora? Estou feliz que mentiu. Já
tínhamos perdido um dos pais; não podíamos perder outro.
Eu o vi viver em negação por meses antes de decidir dar uma
chance à sua cura milagrosa. O problema é que não podia fingir
como ele fez. Não poderia perdoar o universo por levá-la embora.
Não podia perdoar a lua. Não podia perdoar o sol. Não podia
perdoar o mar.
Tudo. Todos.
O tempo todo.
Esquecer.
Não sou idiota. Sabia que eles notariam meu carro estacionado
na frente de sua casa mais cedo ou mais tarde, mas esperava mais
tempo. Não tenho ideia do que dizer a eles, muito menos do que
direi a ela.
Nunca conheci os pais de Dia. Sei que um dos seus pais é dono
do Gaten's, um restaurante no centro da cidade, mas como Dia e
eu estamos nos esgueirando há meses, nunca tive a chance de me
apresentar. Em minha defesa, o que diabos eu diria?
Olá, meu nome é Finn. Sou o idiota que está fodendo sua filha
pelas suas costas durante todo o verão. Ah, e sabe como ela chegou
em casa chorando ontem à noite? A culpa é minha. Posso entrar?
— Como você...
Eu concordo. — Importo.
— Senhor, por favor, amo sua filha. Só preciso vê-la por cinco
minutos.
Big Dad mantém o contato visual, mas não reage. Nem vacila,
não afetado pelo meu apelo.
— Dia, volte para cima — Big Dad ordena, mas sua filha parece
estar cimentada no lugar, olhos castanhos ardendo de lágrimas.
...ainda me quer.
@the_axel_fletcher: Ouvi dizer que você e Richards terminaram.
Cedo demais para convidá-la para sair?
Axel: Vamos, baby, diga sim. Posso fazê-la se sentir tão bem.
Estou feliz por ter pulado o café da manhã quando li sua
mensagem. Eu tenho certeza que teria jogado de volta.
Para me distrair.
E se essa distração acontecer de ter abdominais duros e fazer
parte do mesmo time de basquete que Finn?
Não deveria ter contado a ele sobre a fita de sexo. Só lhe dei
mais munição.
Ele lhe disse? Não há como Theo saber disso, a menos que
Xavier falasse, ou é de conhecimento comum neste momento?
1
- Água oxigenada.
Acho que Dia contou a Lacey. Se ela contou a uma líder de torcida
fofoqueira, então é seguro assumir que toda a escola já sabe.
— Oh, bem, então isso muda tudo. — Theo bufa, e o jogo por
cima do ombro.
— Veja isso – ele diz que não traiu — Xavier complementa Theo
enquanto estava enfaixando meu corte.
Silêncio.
— Entendeu? — Digo.
Nós nos mudamos para o sofá logo depois, mas não presto
atenção na conversa dos rapazes. Não quero nada mais do que
ficar bêbado de novo. Sei que é um mecanismo de enfrentamento
terrível, mas tudo em que consigo pensar é na garrafa fechada de
tequila no estoque do meu pai.
— Quando? — Pergunto.
E bem…
Só há uma maneira de descobrir.
A educação física foi uma dor. E não quero dizer
metaforicamente.
E se...
Lacey grita. — Vou enviar uma mensagem para Axel para ver
se o seu cara veio com os cogumelos mágicos.
A dúvida me sobrecarrega.
Passei de nem mesmo saber qual era o gosto do álcool para ser
exposta a drogas e bebidas alcoólicas todo fim de semana. Achei
que veio com o namoro com um atleta. Felizmente, nas poucas
vezes em que me deixei ser pressionada pelos colegas, Aveena
estava lá para me acordar.
Prometi a ela que não voltaria a tocar nas coisas pesadas. Uma
promessa que quebrarei se continuar com o plano do cogumelo.
Era fácil culpar o estilo de vida de Finn antes, mas agora que
terminamos? Não é culpa de ninguém, só minha.
Era fácil fingir que Finn não tinha poder sobre mim quando
estava me arrumando com as meninas. Era fácil dizer Foda-se
quando estávamos bebendo e dançando na casa de Lacey antes.
Tão difícil.
Aqui está outra coisa que não deveria ter feito: convidá-la.
5.
4.
3.
Entramos.
2.
1.
Vejo-o.
Tudo o que posso fazer é olhar para o garoto que partiu meu
coração.
Uma olhada.
— Vee, eu...
Observe-me.
— Dia…
Ele vai em direção. — Não quero ser um idiota, mas quem fez
isso me deve cem dólares. Eu gostaria de viver para ver a
formatura.
Cem dólares?
Ele se cortou?
Quero perguntar a ele o que aconteceu. Até que me lembro que
não deveria me importar. Eu o observo limpar e enfaixar meu corte
em silêncio, meu coração batendo cada vez que fazemos contato
visual. Está tão concentrado, tão cuidadoso à medida que cuida
do meu ferimento, que não posso deixar de me sentir aquecida por
dentro. Decido confrontá-lo enquanto está terminando.
Sabe que estou certa. Ele parecia que teria um ataque quando
me viu entrar mais cedo.
Eu paro morta.
— Está bem, tudo bem, menti sobre essa parte, mas só porque
não queria que se preocupasse. Foi sem sentido, Dia. Ela não tem
sentido.
Remy.
Isso mesmo.
Ele vai direto para Remy, agarra seu pulso da mesma forma
que agarrou o meu mais cedo, e a arrasta para o quarto de Theo.
Nunca fui um desistente.
Hora do plano B.
— Alguma vez pensou que talvez seja por isso que gosto dela?
— Falo.
— Alguma vez pensou que talvez não queira que alguém veja
minhas partes quebradas antes de ver as partes ainda unidas?
Quer que eu continue quebrado, Remy. Ela quer me ver inteiro.
Ela não me pergunta o que quero dizer com isso, mas posso
dizer que quer. Ela não pode ajudar a si mesma. Mesmo depois
que a machuquei – repetidamente – ainda se preocupa comigo.
— Até que você saiu ontem à noite. E percebi que a alta não
vale a pena se não tiver ninguém a quem descer.
Graças a Deus.
2- Papel higiênico. Uma forma de vandalismo onde os vândalos colocam papel higiênico por toda a casa
da vítima.
minha cabeça para o lado, o pego me olhando do jeito que um
homem faminto olha para uma refeição de cinco pratos.
— Muito bem, Finn não vai parar de olhar para você, e está
ficando assustador.
É Finn. Novamente.
Este maldito.
Posso ser uma tola por acreditar nele, mas não posso deixar
de pensar que um traidor não seria tão confiante. Ele parece tão
seguro de si. Como se tivesse certeza de que o perdoaria no futuro.
E se realmente houver mais alguma coisa nesta história?
Em conflito, olho para ele e vejo que a arrogância em seus
olhos foi substituída por um sorriso triste e suplicante. Está me
implorando para deixá-lo explicar. E pela primeira vez desde que vi
a fita de sexo… quero deixá-lo explicar.
Uma grande mão está batendo na minha boca antes que possa
entender o que está ao meu redor. Tudo em que consigo me
concentrar é no cheiro avassalador de alvejante e no som de passos
desaparecendo no corredor.
Então nada.
O silêncio enche a pequena sala, e olho para cima, meu
coração batendo nas minhas costelas com os familiares olhos
castanhos olhando para mim.
Realmente ruim.
Uma coisa é falar com seu ex por opção. Outra é ficar presa
em um armário com ele enquanto sua escola está cheia de
policiais. Avalio o armário mal iluminado que agora é minha gaiola.
Produtos de limpeza estão empilhados em prateleiras de aço, um
punhado de vassouras e esfregões despejados em um grande balde
no canto.
— Sim! — Sussurro.
Minha mão voa para o bolso do meu jeans, mas... Meu telefone
sumiu.
De jeito nenhum.
Eu me viro para ver Finn segurando meu telefone, um sorriso
irritante brincando em seus lábios. Como ele ainda... Merda, deve
ter apalpado meus bolsos quando me puxou para seu peito.
Bastardo esperto.
— Eu?
— Eu acredito em você.
— Sim.
— Mas? — Antecipa.
— Isto não muda o fato de que dormiu com Remy. Olha, Finn,
só quero seguir em frente. Eu agradeceria se me deixasse.
Esta versão dos eventos parece boa demais para ser verdade.
Seria tão fácil colocar a culpa em Remy.
— Deus, eu... gostaria de poder acreditar em você. — Minha
voz falha.
— Dia, juro pela vida da minha mãe, não falei, toquei ou até
olhei para outra garota desde aquela noite.
Paro.
— E seu carro? Remy deve ter sido muito especial para nomear
seu carro com o nome dela.
Estremeço.
Aperto de coração.
— Fizemos todo tipo de coisas ilegais naquele verão.
Arrombamento e invasão, marcando merda, roubando carros,
pode escolher. Na verdade, roubamos o carro que tenho agora um
pouco antes do meu aniversário de dezesseis anos.
Ele levou a culpa por ela. Da mesma forma que levou a culpa
por mim quando quebrei um copo.
— Sim.
Puta merda.
— Por que?
— Porque não tinha percebido o quanto queria você até as
palavras saírem da minha boca. Deveria te odiar. Inferno, odiava
você. Eu te odiava por me fazer sentir coisas que não queria sentir.
Volto aos meus sentidos. — Nada disso prova que dormiu com
ela antes de nos encontrarmos.
Espero que ele me diga que terei que confiar nele, mas em vez
disso, pega o telefone.
Oh meu Deus.
— Acredito.
É claro.
— Parei de falar com todos elas. Bem, até que puxei Remy de
lado na festa e a convenci a me ajudar. Ela me enviou o vídeo, para
que pudesse acertar as coisas com a gente.
Sua bochecha está úmida. Ele está chorando. Porque está com
medo.
Não, está apavorado que isso não será suficiente. Que vou
deixá-lo de qualquer maneira.
Agora e sempre.
— O quê?
— Disse a ele que você é uma garota safada que adora quando
a levo no capô do meu carro? — Ele tira os dedos de mim
completamente antes de mergulhar de volta. Grito contra sua
palma, e ele geme. Posso ouvir o quão molhada estou quando
bombeia os dedos dentro e fora de mim. Ele é vingativo na maneira
como me toca, mas ainda abro minhas pernas para mais.
— S-Sim — admito.
— Toque-me — ofego.
— Pode ter certeza que sim.
Sebastian pode ser chato, mas não fez nada de errado. Ele e
Finn não são próximos, então não é como se tivesse traído um
amigo me enviando uma mensagem.
— Tudo bem, talvez não saiba tudo, mas sei que se você a
quisesse, ambos seriam oficiais agora — Brie cospe.
— É por isso que diz que é amigo dos benefícios, não é? Porque
não quer que ela veja outra pessoa, mas também não quer ser
amarrado. Você olha para ela e vê a porra de uma gaiola.
— Apenas admita, está com medo. Sabe que Dia é uma garota
para sempre. Ela é o tipo de garota com quem se casa, e você não
está pronto para sempre. Nem mesmo perto.
Há uma batida de silêncio.
— Estava tão bravo com você... estava com raiva o tempo todo,
e parecia que você tinha tudo enquanto eu... — Finn faz uma
pausa. — Meu pai não parava de falar sobre você, como se fosse o
filho que ele queria. O filho que merecia.
— Então, peguei algo seu. Da mesma forma que tirou meu pai
de mim.
Com força.
Não consigo calar o grito que sai da minha boca quando Finn
cai no chão, quase batendo a cabeça contra a porta de vidro. Finn
sabia que Xavier estava chateado, mas algo me diz que esses dois
nunca brigaram nos dezoito anos que se conheceram, e Finn não
achava que a primeira vez seria agora. Estou ao lado de Finn em
segundos, incapaz de me impedir de agarrar seu rosto e examiná-
lo em busca de ferimentos. Seu lábio inferior está partido, sangue
inundando sua boca.
Ouch.
Vomitando?
— Que porra é essa? O que eu perdi? — Ela fica boquiaberta
com a boca sangrenta de Finn. Os rapazes a alimentam com um
monte de mentiras, mas estou em outro lugar.
Agora?
Isso mesmo.
Quase não vejo nada no começo. Até que minha visão se ajusta
ao luar que espreita pelas cortinas e vejo a silhueta de Dia na
cama. Está deitada de lado, com nada além de um lençol cobrindo
seu corpo delicado e de costas para mim. Sua respiração está
tranquila à medida que me inclino em sua cama de solteira. Há
uma pequena pausa em sua respiração quando me debruço no
colchão.
Nada ainda.
Eu sorrio. Sabia.
Não recebo nada. Nem uma palavra. Ela ainda está me dando
o tratamento do silêncio.
— Eu não disse que não me queria. Disse que você não queria
ficar comigo — corrige.
— Não, não é.
Que. Porra.
— Que mensagem?
— Que não está totalmente dentro. Você bate nos rapazes por
falar comigo, mas deixa a porta aberta para outras garotas do seu
lado.
Estraguei tudo, não foi? Vai me dizer que terminou e não quer
um cara com tanta bagagem.
Ela não entende o quão forte meus instintos são. Foi preciso
tudo para eu parar de correr e estar com ela seis meses atrás. E
vai demorar muito mais para eu ficar parado pelo resto da minha
vida.
Pisco para ela. Então minha boca está na dela antes que possa
resistir aos meus impulsos. Não há nem uma pequena parte de
mim que se importe com seus pais dormindo no corredor enquanto
deslizo minha língua entre seus dentes, fazendo seus lábios meus
prisioneiros do jeito que fez com o vaso preto no meu peito.
Ela parece pensar que estou ansioso por algo além de beijar
porque sua mão se curva ao redor do meu pau - a propósito, estou
tão duro que minha cueca provavelmente tem um buraco nela - e
pego seu pulso, puxando sua mão.
Antes que perceba o que estou fazendo, seu short está no chão,
e suas pernas bronzeadas estão enroladas em meu pescoço.
Preciso disso. Talvez até mais do que ela. Eu me sinto tão indigno
dessa garota. De seu coração dourado e personalidade altruísta.
Sinto como se tivesse que provar a mim mesmo, e seus gemidos
são a única prova que aceitarei.
Belas palavras. Bonitas, mas falsas... Não fui honesto com ela.
Pelo menos, não inteiramente.
Eu me decidi.
Estamos no carro pelo que parece uma vida inteira. Finn não
falou muito desde que saímos, mas sua mão não se moveu da
minha coxa, seus dedos envolvendo minha carne
possessivamente.
A última vez que ele ficou tão quieto, Lexie tinha acabado de
morrer, e estávamos estacionados no estacionamento das
nascentes, esperando os limpadores da cena do crime terminarem.
Fiz algumas piadas aqui e ali, desesperada para aliviar a tensão, e
ele ria todas as vezes, mas parecia forçado. Eu conheço o Finn,
agora está enlouquecendo.
Bem-vindo a Redwater.
Um hospital.
— Diga-me — ordeno.
Aí está.
— Que informação?
Ele joga a cabeça para trás contra o encosto de cabeça com
um suspiro. Está prestes a piorar, não é?
— Sei que acha que seu pai não apareceu. Que abandonou
sua mãe quando você era bebê, mas não o fez. A verdade é que
estava na cadeia. Ele pegou vinte anos logo depois que você
nasceu.
— Que o seu namorado era um... — não posso nem dizer isso.
Um mais um é igual …
— Tenho certeza.
Finn olha para mim com uma pitada de pena, e seu silêncio
diz tudo.
Nojo rola pelo meu estômago. — Então, isso era uma coisa
para ele?
— Sim. Ele rasteja para a cama delas à noite e... — Suas
palavras desaparecem. — Isso durou cerca de cinco anos.
Minha tristeza evolui para raiva. — Como é que ele não foi pego
antes?
Finn assente. — Sua mãe. Ela foi à polícia alguns dias antes
de você nascer.
— Ela... se salvou?
Finn assente.
Não vou fingir que me sinto mal por ele, mas é suspeito. É
quase como se alguém não concordasse com sua libertação
antecipada e se encarregasse de intervir.
— Sério?
Achei que nunca diria isso, mas mal posso esperar para que
ele morra. Mal posso esperar para que tirem do seu suporte de
vida, trazendo um pouco de paz para suas vítimas e todas as
crianças que machucou. Crianças como meus irmãos que talvez
não violou da mesma forma, mas ainda assim traumatizadas.
Onde quer que minha mãe esteja, gostaria de pensar que ela
sabe disso.
Quem pode dizer que não estão mentindo sobre todo o resto?
— Vou para a casa de Aveena — digo ao meu pai, a mentira
amarga na minha língua colocando minha cara de pôquer à prova.
É Finn.
Dia: Acabei de entrar no meu carro. Tem alguma coisa para comer?
Estou morrendo de fome.
Aveena: Você ainda Veem amanhã, certo? Por favor diga sim!!!
Dia: Aviso-a.
Brody.
A ajuda…
Ele está falando de mim, não é? Porque comecei como
empregada do Sr. Richards?
Que diabos?
Então Finn arranca meu coração do meu peito com uma frase.
— Não, cara. Ela servirá por enquanto, mas a faculdade é uma
história diferente.
— Não — eu o interrompi.
— Eu sinto muito...
— Tenho certeza que você tem uma boa razão para ter medo
de compromisso. Passou por muita coisa, e não posso culpá-lo por
precisar de tempo, mas nem sei mais o que estou esperando.
— Estou dizendo que quer que eu te cure para que não tenha
que fazer isso sozinho. É como se você só me quisesse quando está
magoado ou infeliz.
Não chore.
— Não, espere. Não vá embora. Por favor. — Sua mão voa para
pegar meu pulso antes que eu possa abrir a porta do carro, e o
desespero em sua voz quase me quebra. É preciso toda a força de
vontade do meu corpo para pegar minha mão de volta.
— Eu lhe dei tempo. Agora, preciso que faça o mesmo por mim.
E vou embora.
Não tenho ideia do que direi a ele. Não ouvi um pio dele desde
que fui embora ontem. Não posso culpá-lo. Fui eu que pedi um
tempo, mas ainda me pego checando meu telefone duas vezes a
cada cinco segundos.
— Entendi.
Lido.
Olho para cima para ver que Aveena foi interceptada por
Xavier a caminho do soco. Está sussurrando algo em seu ouvido,
e ela está rindo, suas bochechas ficando vermelhas.
Dele.
Ele me deixa no Lido mais uma vez. Alguns minutos vêm e vão,
e ainda não respondeu. Envio uma mensagem para ele novamente.
Não me importo se pareço desesperada.
Dia: Finn???
Ele não pode estar fazendo isso. Estou segurando meu telefone
com tanta força que mal sinto meus dedos enquanto envio uma
mensagem de volta.
Posso ter tido minhas dúvidas ontem, mas não terminei com
ele. Só disse que precisava de tempo. Não que todo o nosso
relacionamento fosse bom para o lixo. Ele me responde cinco
minutos depois.
— Frenético como?
Não tive escolha a não ser dar a volta no meu carro e dirigir
direto para casa para pegar meu carregador. Uma sensação ruim
se instala no meu estômago quando estaciono na garagem dos
meus pais. Para minha surpresa, o carro do meu irmão está lá.
Nem estou brava com eles. Estou brava comigo mesmo. Odeio
que deixei a distância entre nós ficar tão grande. Odeio ter sido tão
desonesta com eles que sentiram a necessidade de esconder um
maldito rastreador nas minhas coisas.
— Olha, falei com seu rapaz quando ele deixou suas coisas na
varanda. Posso não gostar do cara, mas concordo com ele nessa.
Isso tem que acabar.
Foi isso que aconteceu? Jesse deve ter confiado em Dave sobre
a história da minha mãe biológica e o convenceu também a me
adotar, mas então por que Dave não contou ao próprio marido? A
resposta Veem a mim antes que possa lançar a pergunta lá fora.
Ele provavelmente estava com medo que Gaten dissesse não. É
muita bagagem para concordar. Oprimido, Gaten se joga em uma
cadeira da cozinha, seu olhar vago enquanto olha à sua frente.
— Você ia me contar?
— Nem mesmo no meu leito de morte — diz Dave
descaradamente.
Quero ficar com raiva dele. Quero gritar, enlouquecer com ele,
mas minha reação inicial é chorar toda a água que meu corpo
contém.
Então, é verdade. Era tudo Jesse. Ele é a razão pela qual não
cresci com aquele monstro de pai adotivo. Por causa dele, tenho
uma família. Uma vida. Como ficarei brava com ele sabendo que
lhe devo tudo?
— Entendido — digo.
Finn.
Merda.
Então, ele diz a única coisa que temo que nossa família nunca
se recupere…
— Sim, eu sou!
Três palavras.
Diga-me que Jesse não era meu verdadeiro pai o tempo todo.
E isso me mata...
Era.
— Porque ele não fingia ser outra pessoa. Sabia quem era, e
confessou isso. Assim como você.
Nenhum sinal.
Merda.
Ninguém mais.
Nora.
Dia…
Finn, não.
Preciso fazer isso se quiser ter alguma chance de ser feliz com
essa garota. Estou fugindo deste lago há dez anos. Termina agora.
— Dia, espere — é tudo que consigo dizer antes que ela chegue
ao final da plataforma.
Não vou deixá-la se safar tão fácil. — Jesus, Dia, poderia ter
se machucado, ou pior.
Estou feliz que ela esteja aqui. Porra, por que sou tão fraco?
Não posso discutir com ela. Essa merda não parece boa, mas
temo que, se voltar agora, nunca mais encontrarei coragem para
vir aqui de novo, e acabaremos voltando para onde começamos.
Estou prestes a tomar outro gole de uísque quando explode.
— Tipo o que?
— Não.
Não posso.
Novidades: não.
Dia: Sem pressão nem nada, mas se sua notícia é que está voltando e
me salvando da minha colega de quarto demoníaco, vou amá-la para
sempre.
Dia: PIOR. Eu levaria você e Xavier para destruir nosso beliche por
isso qualquer dia.
Nunca pensei que sentiria falta de Xavier e Aveena destruindo
o dormitório com seu sexo animal. E não. Não estou exagerando.
Toda vez que os deixava sozinhos, voltava para o quarto parecendo
que um furacão tinha passado por ele. Era a única desvantagem
de morar com Aveena, mas minha atual colega de quarto? Faz essa
merda parecer brincadeira de criança.
Sei que terei que dizer algo em breve. Não posso continuar
vivendo assim, mas a garota é assustadora. Nunca sorri, nunca ri.
Não posso acreditar que pensei que ela fosse legal. Devo ter ficado
cega pelo meu status de estudante universitário falido, porque não
há universo em que Grace Paisley seja legal pra caralho.
Disse a ele que nunca mais falaríamos sobre isso. Deixei claro
que nunca o chamaria de pai.
— Jesse?
— Que diabos você quer? — Não perco uma batida.
Ele é meu pai. Meu maldito pai. É louco se pensa que fingirei
o contrário.
— Estamos conversando.
Por mais que odeie admitir, ele está certo. Eu tenho corrido.
— Sim.
— Ótimo — responde.
O silêncio nos envolve, e alegremente deixo a conversa
murchar.
Talvez até uma ameaça. Todo mundo na minha vida sabe que
não deve mencionar o nome daquele bastardo, mas Jesse não
apareceu em um minuto caloroso. Não deveria ser surpresa que
ele não saiba sobre minhas regras, mas ainda parece uma
violação.
Gaten? Preocupado.
Estive sentada com essa raiva por tanto tempo que se tornou
uma parte de mim. Em vez de tentar me livrar dela, segurei-a
perto, colada a ela, aceitei que estava aqui para ficar. Tratei minha
raiva como se fosse permanente, mas talvez não precise ser.
Fico boquiaberta.
— Por que não Veem morar comigo e Xavier até que seja
designado para um novo dormitório? Temos um quarto vago vazio
lá, e poderíamos usar o dinheiro extra.
Alguém me belisca.
Isso não poderia ser mais perfeito. Claro, teria que ir para a
escola para minhas aulas, já que a casa de Xavier e Aveena não é
diretamente no campus, mas é apenas até o final do verão. Então
vou me mudar para o meu novo dormitório. Posso lidar com
algumas viagens de ônibus se isso significar que durmo em um
quarto que não cheira a pizza de duas semanas.
Está bem, talvez Xavier não seja Escravo de Aveena, mas tenho
certeza que se Vee dissesse a ele para pular, diria quão alto. O cara
se inclinava para trás para ver sua garota sorrir. Xavier e Aveena
são como uma alma em dois corpos separados, e ainda não
conheci alguém que não inveja a magia de seu relacionamento.
Não ficaria surpresa se eles se casassem antes de nos formarmos
— Sim, mas não acho que um dia seria agora. Tenho dezenove.
Somos dois estudantes universitários falidos lutando para
sobreviver. Como cuidaremos de um bebê?
Oh inferno, não.
Grace.
— Duas vezes?
Sim, isso serve. Vou-me embora daqui. Não falo depois disso.
Dia: Sei que eu disse que deveria falar com Xavier primeiro, mas
poderia, por favor, dormir na sua casa hoje à noite? Acabei de encontrar
Grace fazendo um oral a um perdedor NA MINHA CAMA e estou
desesperada.
Aveena: Sabe que tenho você. A chave está embaixo do capacho e fiz
sua cama no quarto de hóspedes só para garantir.
Aveena: Só um palpite ;)
Dia: Espere, suponho que não está em casa se preciso de uma chave?
Dia: Serve.
Minhas pálpebras estão tão pesadas quanto minha mala
quando arrasto minhas coisas até o último lance de escada que
leva ao meu lar temporário. A luz do corredor está apagada, e tenho
que ativar a lanterna do meu telefone para encontrar a chave
debaixo do tapete. A porta se abre momentos depois, e bebo no
apartamento mal iluminado que visitei muitas vezes antes.
Algo... familiar?
Puta merda.
Não pode estar aqui. Ele foi embora. Desapareceu sem deixar
vestígios há um ano.
Um sonho.
Vá embora, porra.
Isso é real.
— Juro que não tinha ideia de que ele estaria aqui. — Ela se
vira para mim, um milhão de desculpas girando em seus olhos.
— Você saiu com sua irmã. Não queria incomodá-la. Por que
não me enviou uma mensagem? — Xavier devolve a pergunta.
— Claro... eventualmente.
Xavier zomba quando ela diz isso. Ele tenta passar como uma
tosse, falhando miseravelmente, e Aveena dá uma cotovelada em
seu estômago.
Ele foi embora. Depois que quase morri. Depois que me deixou
afogar.
Pode estar de volta agora, mas isso não apaga o que fez.
Merda, ela está certa. Não posso pegar o ônibus a esta hora, e
não tenho como pagar um táxi até o campus.
Claro, quero que ele vá embora, mas estou sendo tão óbvia?
Tenho a sensação de que precisava ver como eu estava me
sentindo sobre isso antes de tomar uma decisão. Xavier chama o
nome de seu melhor amigo, obviamente se sentindo culpado por
chutá-lo para a sarjeta.
É do Finn.
Por que o seu carro ainda está aqui? Pensei que tinha dito que
descobriria alguma coisa, mas não parece que foi a lugar nenhum.
Sinto-me uma aberração quando contorno o carro e paro perto do
lado do motorista. vejo Finn dormindo no banco do motorista com
os braços cruzados e um boné de beisebol cobrindo o rosto,
provavelmente para bloquear o sol.
É por isso que o seu carro não se moveu. E também não parece
uma coisa única.
Há quanto tempo ele mora no carro? Há quanto tempo está
comendo aquela porcaria de loja de conveniência? Acima de tudo,
por que o filho de um milionário estaria vivendo assim? O Sr.
Richards pode ter tido alguns problemas com seu filho, mas nunca
iria querer que Finn passasse fome ou ficasse sem-teto, não
importa o quê. A menos que... tenha cortado todos os laços com o
pai?
Eu o ignoro novamente.
Ou o pior?
Não diria que odeio meu trabalho.
Quer dizer, vamos lá, quem não gostaria de sair com cachorros
e ser paga por isso? Ainda assim, contudo, achei meu turno da
manhã insuportavelmente longo. Não conseguia parar de olhar
para os meus sapatos – bem, os sapatos de Finn – enquanto era
arrastada pelo parque por dois cachorrinhos hiperativos.
— Ela está certa. Não vai funcionar a menos que pare de ficar
obcecada. Vamos falar sobre outra coisa — Lacey toca.
— Está? — Grito.
Grace nojenta fez um número tão grande comigo que a
possibilidade de ter colegas de quarto higiênicos e respeitosos me
parece insondável. Espero que Aveena retribua minha excitação,
mas não o faz, mordendo o lábio inferior.
— Ouvir o quê?
— A casa do pai dele pegou fogo há três meses.
Estou ciente de que não tenho ninguém para culpar aqui além
de mim mesma, mas ainda dói. Deus, não posso envolver minha
mente em torno disso.
Merda.
Quer me dizer que não só terei que vê-lo fora da escola porque
temos os mesmos amigos, mas também há uma chance de eu
encontrá-lo nos corredores?
É chocante!
— Eu... não sei. Há uma fogueira na praia esta noite. Acho que
sempre posso lhe contar lá.
— Vocês têm que vir. Eu... não posso fazer isso sozinha. —
Aveena pega nossas mãos em seus dedos trêmulos. — Theo e seus
colegas de quarto estão dando a festa. Será divertido.
O sorriso de Aveena morre. — Sim, mas não tem que falar com
ele. Se ele tentar falar com você, vou empurrá-lo para o fogo. Por
favor, preciso de você lá.
Para o inferno com isso. Esse cara estará na minha vida, quer
eu goste ou não. Poderia muito bem me acostumar a vê-lo. Só
porque temos os mesmos amigos não significa que precisamos ser
amigos. Minha resposta é um não pensar.
É Chance.
Se não por mim, então por Chance. Não quero que Finn fique
furioso com ele.
Entretanto concordo.
— Não sei. Ele deveria estar aqui. — Verifico meu telefone por
uma mensagem dele. Seus colegas de quarto estão dando a festa.
Achei que estaria aqui.
— Esqueci.
— Não sei. É só que... Ele estava falando sobre como mal podia
esperar para ter algum tempo livre na próxima semana, e aqui
estou eu, prestes a lhe dizer que nunca mais terá tempo livre. Bem,
pelo menos, até nosso filho ou filha completar dezoito anos.
Uma risada sai de mim. — Sim, mas isso é uma coisa boa.
Viro para ver Chance olhando para mim com um sorriso com
covinhas. Está com as mãos enfiadas nos bolsos, vestindo uma
camisa branca com alguns botões desabotoados, as mangas
arregaçadas chamando a atenção para os antebraços cheios de
veias. Chance é bonito. Não está bem, não é bonito, lindo. É alto,
tem olhos azuis brilhantes e aquele sorriso de menino que poderia
deixar qualquer garota tonta. É aquele cara que parece que deveria
ser um idiota, mas acaba sendo um amor total. É próximo de sua
mãe, estudando para ser um contador, um amante dos animais
como eu – apenas um grande cara no geral.
A próxima coisa que sei, ele circulou meu pulso com a mão e
me puxou para seu peito. Minha respiração me deixa quando suas
mãos voam para cobrir meu rosto. Seus lábios encontram os meus
no segundo seguinte. Não posso deixar de me sentir desconfortável
quando sua mão esquerda cai na parte inferior das minhas costas.
Pode ser coisa da minha cabeça, mas me sinto vigiada.
Estava tão ocupada naquele dia que não tive tempo para
comer. Apareci na festa com o estômago vazio e uma atitude ruim,
apenas para acabar sentado ao lado de Chance no sofá em algum
momento durante a noite. Meu estômago não parava de roncar.
Era tão alto que era embaraçoso.
Não dissemos uma palavra um para o outro no início. Até cinco
minutos depois, quando se levantou e subiu para seu quarto.
Então, voltou com uma caixa de Oreos e me deu sem explicação.
Ele apenas me entregou a caixa com um sorriso tímido. É verdade,
não era muito nutritivo, mas é o pensamento que conta, certo?
Aturdida, abro a boca, mas seu telefone toca antes que possa
atender. Chance dá um beijo na minha testa e pega o telefone para
checar quem está ligando.
Aceitar. Chamada.
Ela levanta as mãos. — Ei, não é minha culpa que todo cara
que conheço seja pego ou uma canoa furada de idiota.
— Vee?
Eu tenho que chamar o seu nome duas vezes antes que saia
disso.
Seu olhar viaja para Xavier jogando beer pong com Chance.
Feito um pato.
Eu tive isso.
A paixão sufocante...
O amor angustiante...
E quase me matou.
Vejo Aveena pegar sua mão sob o luar, levando-o até a beira
do penhasco, mantendo-se a uma distância segura. Então a vejo
apontar para a margem abaixo deles. Mais precisamente nas
palavras que passamos dez minutos escrevendo na areia.
ESTOU GRÁVIDA.
Dia: AGORA!
Bastardo.
— Chance, vamos lá, ele não vale a pena. — Passo entre eles,
agarrando a mão do meu namorado e puxando-a. Ele não se move
um centímetro. — Chance, vamos.
— Ele estava olhando para você a noite toda, mas imaginei que
fosse apernas um aleatório com uma paixonite. Tudo faz sentido
agora. Ele a quer de volta.
Talvez ele esteja certo. Talvez Finn realmente tenha voltado por
mim. Talvez seja louco o suficiente para pensar que eu poderia
perdoá-lo. De qualquer forma, não importa. Finn não importa. E
preciso que Chance saiba disso.
4
- Parental Guindace, ou supervisão dos pais em português, é a necessidade de empregar a censura
autoimposta ao utilizar palavrões, descrever algo rude ou ofensivo, para os demais presentes.
dentro do meu peito. Meu corpo formiga em todos os lugares
quando os lábios de Finn se curvam em um sorriso malicioso.
Pense em algo.
— Frio — improviso.
E eu vejo Finn.
— O-o quê?
Sua língua sai para molhar seu lábio inferior, e meu foco vai
em sua boca. Cristo, seus lábios parecem macios. Eu me pergunto
se ainda beija o mesmo. Ele beijou muitas outras garotas enquanto
estava fora?
Ele pode estar tentando chegar até mim... Mas isso também
está afetando-o.
— Bem, sinto muito, mas não posso dizer o que quer ouvir.
Não posso dizer que há esperança para nós porque isso… isto seria
a maior mentira de todas.
Espere o quê?
Ele responde com uma risada e uma frase que temo que me
manterá acordada à noite.
Sim, ele me machucou. Sim, foi uma merda, mas Chance não
é Finn. Theo e seus colegas de quarto darão uma festa na casa
deles amanhã à noite, e me decidi. Amanhã, vou dormir com
Chance.
Dia: Acho que não. Estudando esta noite. Estarei em casa tarde.
Aveena: Juro que estou vendo você MENOS agora que moramos
juntos do que quando morava nos dormitórios.
Lá. Dessa forma estou passando tempo com ela sem ter que
ver Finn.
Eu rio.
Aveena: Por favor. A única maneira de saber que voltou para casa na
semana passada foi porque comeu nossas sobras.
Dia: Como se pudesse comer toda aquela comida! Sério, mulher, você
cozinha como se já tivesse cinco mini Xaviers e Aveenas.
Aveena: Já tem.
5- Gasparzinho - O fantasma camarada. Filme antigo Norte- americano. Vee faz referência a Dia sumir
sempre.
ultimamente que consegui avançar nos meus estudos. Fiz as
leituras de cada uma das minhas aulas duas vezes e terminei o
dever de casa que ainda não estava pronto.
Um ponto.
Diamond
Finn.
— Está delirando.
— Não sou.
— Mentirosa — sussurra, mais perto do meu ouvido desta vez,
e prendo a respiração até meus pulmões doerem. — Você é uma
mentirosa, Gem, e ruim nisso.
Não é por isso que quero ir para casa. A verdadeira razão pela
qual me arrependo de ter vindo à festa de Theo é Finn. Sabia que
cometi um erro desde o momento em que entrei na casa lotada
com Aveena, Lacey e Xavier. Não é a primeira vez que vou a uma
festa Black light. Theo organizou algo semelhante no ensino médio,
mas foi mais uma festa que brilha no escuro. Isso está em um nível
totalmente novo.
O único pedido dos caras para esta noite foi que todos
usassem camisas brancas que não se importassem de sujar.
Surpreendentemente, as pessoas ouviram. Percebi os marcadores
espalhados por toda a festa assim que entrei. Então TJ se
aproximou para explicar o conceito da festa. Resumindo, o objetivo
desta noite é escrever nas camisas de outras pessoas com
marcadores, e à meia-noite, luzes negras se acenderão, revelando
o que todos escreveram em suas roupas. Até chegaram a lançar
um tema. O tema é – espere por isso – confissões.
Estou feliz que ela foi capaz de vir esta noite. Só recentemente
começou a frequentar festas novamente. Não estava confortável em
deixar seu meio-irmão de onze anos sozinho no começo, mas fez
doze meses atrás, e Lacey está lentamente voltando a ser uma
estudante universitária seminormal.
Examino o cômodo por um momento. Não vi Chance em lugar
nenhum, o que é estranho, considerando que ele mora aqui. Lacey
acabou de enfiar sua bebida na geladeira quando uma voz
profunda nos chama.
Obrigado, Evereste.
Foda-se, Everest.
Idiota.
— Aposto que está feliz por ter vindo agora. — Lacey toca
enquanto Chance planta um punhado de beijos para cima e para
baixo no meu rosto.
Finn fez.
Sabe, o tipo que fica puto com outro cara só por olhar para a
sua namorada?
— Você tem que admitir que ela parece feliz — Theo diz, seu
comentário me fazendo sentir como se meu corpo estivesse coberto
de feridas e Theo estivesse enfiando uma faca em cada uma delas.
Não posso ver isso, porra. Estou prestes a sair do sofá, mas
Xavier e Aveena virando o corredor me mantêm no lugar.
Ainda não consigo acreditar que Xavier será pai. Não muito
tempo atrás, éramos dois idiotas jogando basquete em seu quintal,
sonhando acordados em ser profissional. Agora, está jogando bola
na Duke, e em nove meses, será responsável por uma pessoa
totalmente nova.
— Estou bem.
Eu lancei um olhar para Dia. Sua boca está aberta, seus olhos
estão arregalados e parece mais pálida do que há um segundo.
— Mais de um ano.
Eu mordo uma risada. Ela não é dele. Não por muito tempo,
mas tenho que admitir…
Que porra?
Não achei que Chance tivesse esse tipo de raiva nele, mas,
novamente, também não achava que Finn seria a pessoa maior
nessa situação. Meu telefone toca com uma mensagem de texto, e
o tiro do meu bolso.
É Chance.
Merda.
— Não lhe direi nada... — para muito perto de mim, seu olhar
penetrante se tornando uma prisão que não tenho esperança de
escapar. — Estou mostrando a você que mudei, Dia. E não foi de
repente. Não acordei apenas uma manhã com as ferramentas para
controlar minha raiva. Levou um ano inteiro de terapia e auto-ódio
e enfrentando meus demônios para chegar onde estou.
Espere…
Terapia? Como, ele foi voluntariamente? Estamos falando do
garoto que deixou sua primeira terapeuta tão louca que ela acabou
se recusando a vê-lo mais.
— Às vezes — minto.
Deixo cair o kit no balcão e giro para encará-lo. — Por que não
diz o que realmente quer dizer?
Eu também mudei.
— Dia? — A voz de Chance não passa de um eco enquanto
seus dedos afundam na minha cintura, sua boca posicionada ao
lado da minha orelha. Meu coração está pulsando em meu cérebro,
suas batidas abafando meu bom senso. Chance solta um suspiro
pesado quando me mexo embaixo dele, seu pau endurecido
roçando minha coxa.
Você é isso para mim, e eu sou isso para você. Pode lutar o
quanto quiser, mas no fundo, sabe que é verdade.
...acho?
Foi você.
Claro, eu não digo isso a ele. Acabei de tirar meu pulso de sua
mão quando ouço a voz de Chance.
— Dia!
Assassino.
— Eu…
Ele estava tão diferente naquela noite. Claro, quase pirou com
o pensamento de Chance me forçando, mas no final, quando
comecei a entrar em pânico, estava lá para mim. Mais do que
esteve antes.
Não estou dizendo que estou pronta para perdoá-lo, mas sua
mudança de comportamento com certeza está me fazendo pensar
como ganhou tanto autocontrole. Estou ficando cada vez mais
curiosa sobre para onde fugiu no ano passado, e tenho pensado
em baixar minhas armas e deixá-lo se explicar.
Ele disse que tinha seus motivos para ir embora e que um dia,
quando eu estivesse pronta, compartilharia comigo. Estou
começando a pensar que um dia deve ser em breve.
Saio do meu quarto por volta das 10h30. Estou enfurnada lá,
esperando Aveena e Xavier saírem para o restaurante há duas
horas. Estão tomando um brunch com o pai de Xavier no centro da
cidade, e eu não estava com vontade de lidar com o interrogatório
da minha melhor amiga tão cedo pela manhã.
Eu concordo.
É isso? Divirta-se?
Por que esperava mais? Este novo Finn é sempre tão calmo e
controlado - bem, exceto quando pensou que Chance colocou as
mãos em mim. Estou acostumada com Finn tóxico, impulsivo e
imprudente. No passado, quando queria algo, precisava disso aqui
e agora; mas o novo ele? É paciente, sensato, compreensivo. Odeio
que isso está deixando-o ainda mais sexy.
Oh meu Deus.
Não me diga que esqueci de dizer a ele que Finn mora aqui.
Pisco para ele em choque. Ele está brincando? Ainda quer que
eu vá atrás disso?
— Eu... claro.
Não sei o que aconteceu entre ele e seu irmão, mas parece que
o passado que compartilham é pesado.
— Ei, vai ficar tudo bem. — Bato meu joelho contra o dele.
Nenhuma reação.
Puta merda.
Ele zomba. — Nem sabia por que meu irmão estava preso até
recentemente – muito menos o nome das pessoas que o acusaram.
Comecei a investigar isso há alguns meses, quando me ligou, me
pedindo para vê-lo antes que fosse transferido para fora do estado.
Mordo minha língua para não dizer a ele que seu irmão teve o
que merecia. Não, retiro o que disse. Seu irmão recebeu menos do
que merecia. O bastardo escapou com três anos, e teria a metade
se não fosse por seus outros crimes.
Hesito. — Sim?
Chance não conhece seu irmão. Ele não tem ideia do que Joel
é capaz.
— Então, ele fez isso, por isso... — Chance mal diz. — Ele me
disse que foi armado. Fez parecer que a família de Finn estava
empenhada em arruinar sua vida e ele era a vítima aqui. Ele me
irritou e me fez sentir mal por ele, mas realmente fez todas essas
coisas, não foi?
— Ele fez.
— Obrigado — sussurra.
— De nada.
Alguns segundos se passam antes de eu reunir coragem para
dizer — Posso também fazer uma pergunta?
— Minha mãe conheceu meu pai depois que ela saiu daquele
pesadelo. Era um desastre com meu irmão e viciada em todos os
tipos de drogas. Joel tinha sido a única razão pela qual
permaneceu viva nos últimos dez anos, mas não queria ir à polícia,
com medo de que começassem a investigar seu passado. Ela
apenas se sentiu sem esperança.
— Pensei que ele queria vê-lo uma última vez antes de ser
transferido para outro estado?
— Ele disse, e cito: “Assim que eu sair daqui, vou atrás de você
e sua puta”.
Eu rio.
Eu o queria.
Ainda assim…
— Não precisa dizer isso. Sei por que realmente foi embora. —
O acaso me tira disso.
— Dia, está tudo bem. Vocês dois têm história. Passaram pelo
inferno juntos, e esse tipo de amor... não vai simplesmente
embora.
Ele, ou eu mesma
— Só porque não podia vê-lo não significa que não estava lá.
É Jesse.
Dia: Não moro mais lá. Vou lhe enviar meu novo endereço.
Preciso falar com ele sobre isso. É o único que entenderá como
foi ver aquele homem novamente. Ele estava lá comigo quando
Lexie morreu. Ninguém neste mundo pode entender tanto quanto
ele. E se vou falar com alguém sobre o que aconteceu, pode ser ele.
Finn: Telhado.
Dia: A caminho.
— Não olhe para mim assim — digo com uma voz severa.
— Como se me quisesse.
Chance: Obrigado por vir comigo hoje. Você deixou algumas coisas
na minha casa. Tudo bem se eu deixá-las na sua casa amanhã?
Ele está me devolvendo minhas coisas. É assim que sabe que
realmente acabou. Mordo meu lábio inferior, enviando uma
mensagem de volta — Parece bom, obrigado. — A sua mensagem
me entristece, e nem é porque o amava. Estou triste porque não o
amava, não importa o quanto gostaria de ter.
Sei o que ele dirá antes mesmo de abrir a boca. — Vocês dois…
Tudo bem, Dia, vamos começar com algo fácil, então podemos
trabalhar até “um criminoso quer matá-lo”.
Ele ainda está em contato com seu pai? Achei que não estavam
se falando depois que descobri que Finn estava morando em seu
carro e vestindo roupas usadas e gastas. Hank Richards não é
nada senão um homem orgulhoso. Ele sempre se certificou de que
seus filhos refletissem sua fortuna.
— Você deveria saber que hoje fui vê-lo na prisão.
3, 2, 1…
— Ele me pediu para ir visitar seu irmão com ele. Não queria
ir sozinho.
— O quê?
— Assim que eu sair daqui, vou atrás de você e sua puta — cito
Joel palavra por palavra.
— Amo.
Eu paro. — O quê?
— Então por que foi embora? E não diga que foi para me
proteger. — Uma lágrima solitária escapa do meu olho, escorrendo
pelo meu rosto. Envergonhada, levanto minha mão para secar
minha bochecha, mas Finn me vence, pegando minha lágrima com
seu indicador.
— Eu o quê?
— Contaram-me o quê?
Ele solta uma risada silenciosa. — Dia, Xavier quase teve que
bloquear meu número após o acidente. Estava explodindo o seu
telefone, enviando mensagens de texto vinte vezes por hora para
atualizações sobre como você estava. Ele finalmente se cansou da
minha merda e parou de me responder. A certa altura, fiquei tão
preocupado que liguei para o seu irmão. Claro que ele me disse
para chupar um pau, mas achei que valia a pena tentar.
Deve ser por isso que não estava usando esta manhã.
— N-Não — ofego.
— Não sou sua. — É preciso tudo para evitar que minha voz
trema.
Não é tão difícil, Dia. Apenas diga não. Uma palavra, uma
sílaba.
NÃO.
Sua voz tem um tom carnal enquanto diz — Diga-me que não
está molhada por mim.
Nem sei por que estou nervosa com esse jantar. É a perspectiva
de ver Dave novamente? Descobrir a verdade sobre minha mãe
biológica de uma vez por todas? A resposta praticamente me dá
um tapa na cara quando Jesse estaciona em uma vaga e desliga o
motor.
Posso dizer que não esperavam que eu fosse tão direta, mas
não ficarei no escuro nem um segundo a mais. Poderia estar
apreensiva com este jantar, mas agora que estou aqui, a
curiosidade está me matando.
— Como se conheceram?
— Depois, implorei para ela ficar, e ficou. Por nove meses, isso
é. Disse a mim mesmo que ela ficaria por mim, mas acho que não
queria ficar na rua enquanto estava grávida e vomitando a cada
meia hora.
Minha mente está correndo. Ela deve ter sabido que assim que
deu à luz, seu tempo acabou.
— Ela recusou, mas estava tão preocupado com ela que não
dei a mínima. Disse-lhe que se não fizesse isso, eu mesmo
perguntaria a eles. Então simplesmente explodiu em lágrimas.
Contou-me tudo, incluindo o que o bastardo estava fazendo com
ela. Estava convencida de que ele era o pai.
Ela esperou até que não tivesse escolha a não ser contar a ele.
Como uma garota de quatorze anos pode carregar esse fardo
sozinha por tanto tempo está além de mim.
Redwater.
— Como sabia que eu era sua filha se fez sexo apenas uma
vez? Teria sido mais provável que aquele idiota fosse o pai.
— Concordou. — Eu rio.
— Escolheu?
Estou sorrindo tanto que meu rosto dói. — Por que Diamond?
— Ela leu em algum lugar que os Diamantes não derretem na
lava. Que eram fortes, indestrutíveis. Acho que queria que sua filha
fosse tão durona quanto sua mãe.
— E?
— Nada até agora, mas nunca pararei de tentar. Sei que está
lá fora. Ela tem que estar.
— Deus, gostaria de saber como ela era — digo mais para mim
mesma do que para ele. Espero que me diga que era linda e tente
descrevê-la de memória, mas Jesse mantém a boca fechada e
começa a cavar no bolso de trás. Observo enquanto pega sua
carteira.
— Isso é…
Sua pele é mais clara que a minha, mas seu cabelo também é
escuro e encaracolado. Ela tem covinhas e seu nariz é mais fino.
Seus lábios têm um formato diferente e um pouco mais cheios,
mas fora isso, parece outra versão de mim.
— Obrigada — murmuro.
O jogo começou.
Grilos.
Eu não o quero...
— Finn — soltei um gemido alto sem perceber, batendo minha
palma contra a parede do chuveiro.
Idiota.
— Meus dedos não fazem mais isso por você, hein? — Range,
ainda a centímetros de distância da minha orelha, e me contorço
embaixo dele. — Então tentaremos a minha língua.
Meu corpo não se importa com o que fez. Não importa que
tenha ido embora. Está apenas feliz por ele ter voltado.
Quanto mais rápido brinco com ele sobre seu moletom, mais
rápido me toca. Percebo que estou mais perto do que pensava
quando começo a tremer. Como se o prazer não fosse alucinante o
suficiente, Finn começa a desenhar pequenos círculos ao redor do
meu cu, e minha boca se abre.
Para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Para cima e
para baixo.
Novamente.
Um Diamante…
Não, mas com certeza não achava que isso tornaria as coisas
piores.
Dia: E se eu recusar?
Finn: Teste-me.
Finn: Combinado.
Ela tem sido tão distante e inatingível até agora que quase
acredito que fará o que digo, esmagando minhas esperanças para
nós de uma vez por todas, mas não faz, abrindo a boca para falar
e depois fechando. A alegria inunda meu peito com a sua reação.
Vê-la perder a compostura quando estamos perto é minha única
maneira de saber que ainda significo algo para ela.
Acho que uma parte de mim queria acreditar que ele havia
deixado a Carolina do Norte e começado uma nova vida em algum
lugar. Nunca passou pela minha cabeça que pudesse estar tão
perto.
Finn olha para mim por cima do ombro. — Queria saber onde
eu passava a maior parte do meu tempo. Bem, aí está.
Estou surpresa. Não, estou chocada. Como se eu realmente
não acreditasse que ele tinha feito o trabalho até agora. Não porque
pensei que estava mentindo, mas porque sei o quão difícil pode ser
lutar contra seus demônios por conta própria, mas é só isso, não
é?
Eu teria que ser cega para não notar o sorriso idiota em seu
rosto quando uni nossos dedos. Ele se vira para me olhar, mas não
diz nada. Envergonhada, tento pegar minha mão de volta, mas
Finn segura com mais força. É como se ele estivesse dizendo: Não,
tarde demais.
Esse lugar... essas pessoas... são parte das razões pelas quais
Finn está sóbrio agora.
Mal demos dois passos para dentro da sala antes que uma voz
aguda me assuste. — Finn, você está de volta!
Brooke não tem escolha a não ser olhar para mim quando Finn
pega minha mão na dele. — Acho que esta é a infame Dia?
Espere, como ela sabe meu nome? Finn contou a ela sobre
mim?
Finn solta uma risada. — O que posso dizer? Senti falta da sua
comida.
Sua comida?
Todo esse tempo, pensei que Finn estava vivendo uma nova
vida quando, na realidade, estava trabalhando duro para voltar à
sua antiga.
— Ele não pôde vir hoje, mas vamos encontrá-lo mais tarde
para o almoço — responde Finn.
O grupo ri novamente.
PS: Isso é uma piada. Não vá para outro lugar. Por favor, fale conosco e
expulsaremos alguém e lhe daremos o lugar.
— Sou.
Não tenho certeza se devo rir ou não, pois não quero zombar
de Ruben. Até que o próprio Ruben dá uma risada e entendo a
dinâmica deles. Esses dois obviamente gostam de zombar um do
outro. Mal entramos no restaurante há cinco minutos e estão
brigando.
— Não podia.
Ele cobre sua mão com a minha, parando minha espiral. — Ei,
olhe para mim.
Ele me disse na noite da festa de Theo que não fez sexo com
ninguém enquanto estava fora, mas conhecer aquela garota
Brooke me deixou imaginando se fez outras coisas.
— É só que... Sua amiga Brooke parecia muito sedutora antes;
também parecia chateada quando nos viu de mãos dadas.
Uma risada rouca sai de sua boca. — Você realmente não tem
ideia, não é?
Beijar sempre foi uma coisa íntima para mim. Dei minha
bochecha a Finn quando tentou me beijar no telhado porque
pensei que se lhe desse meus lábios, estaria dando a ele acesso ao
meu coração, mas pela primeira vez desde a noite em que
acidentalmente me arrastei para a cama com ele, estou bem em
estar indefesa. Quero que me beije, mesmo que isso signifique me
machucar novamente. Mesmo que minhas paredes sejam
reduzidas a cinzas. Quero que Finn Richards o beije mesmo que
isso me mate.
É por isso que não o deixei me beijar até agora. Sabia que se
fôssemos lá e ele me destruísse novamente, passaria o resto da
minha vida superando-o.
— Finn? — Ofego.
— Estou a caminho — Finn diz com uma voz monótona e
desliga.
Nada.
— Que novidades?
— Eles... quer dizer que ela está viva? — Rezo para que diga
sim com cada fibra do meu ser, mas então vejo a cor derramando
de sua pele, e sei que essa história não tem um final feliz.
— Não. Encontraram o seu corpo. Bem, o que resta do seu
corpo.
Faz tanto tempo desde o acidente que não deve ter sobrado
nada dela. Além disso, Nora Richards não é a única pessoa que se
afogou naquele lago.
Ele se afasta do sofá. — Sei que não sabe onde ele está... mas
acho que talvez sim.
Hesito por um momento, relutante em confiar nele. Decido
ouvi-lo. Finn precisa de mim agora. Eu faria um acordo com o
próprio Lúcifer se isso pudesse me ajudar a encontrá-lo.
— Se você sabe ele onde está, então por que não vai lá?
— Fale — ordeno.
E vou para aquele farol nem que seja a última coisa que eu
faça.
É realmente ele.
Se ele me pedir para sair, eu vou, mas tenho que tentar. Dou
a volta ao farol, procurando algum tipo de entrada. Encontro
tábuas de madeira presas a uma porta na parte de trás da
estrutura, mas as tábuas que cobrem a metade inferior da porta
foram removidas com força, deixando espaço mais do que
suficiente para rastejar para dentro. Todos os sinais apontam para
o abandono do farol, e as chances são de que, ao entrar, estaria
invadindo, mas não consigo me importar. Finn precisa de mim,
esteja ele disposto a admitir ou não.
Ele não está com vontade de falar? Certo. Então não vamos
conversar, mas não significa que vou deixá-lo se autodestruir.
Silenciosamente, jogo-me no chão ao seu lado e olho para o pôr do
sol.
Ele não olha para mim de novo, mas também não me manda
sair, o que considero um bom sinal. Mais de dez segundos se
passam antes que não possa mais me conter e envolver meus
braços ao seu redor para um abraço de lado desajeitado.
Brinco com seu cabelo com uma mão, esfregando suas costas
com a outra, e há algo particularmente vulnerável na forma como
se agarra ao meu corpo. Ele não chora nem faz barulho; apenas
me deixa segurá-lo por um minuto. Finalmente se afasta,
encostando-se no vidro atrás dele e fechando os olhos. É como se
precisasse desse momento para organizar seus pensamentos e
emoções.
Ele solta uma zombaria amarga. — Não sei com quem falou,
mas com certeza não era meu irmão.
Finn não discute, mas posso dizer que não acredita nem um
pouco. A conversa começa a diminuir, e sinto a necessidade de
revivê-la.
Pisco para ele em choque. Ele está dizendo... aquela caixa está
cheia de cartas de sua mãe morta?
— Meu pai as encontrou na garagem depois do incêndio.
Foi tão ruim que a única coisa que restou de pé foi a garagem.
— Você as leu?
Pego outra.
Então outra.
— É por isso que veio aqui? Porque este lugar é tudo o que
resta dela?
— E agora? — Pergunto.
— Não — avisa.
— Não o quê?
— Não entende? Poderia ter sido você. Poderia ter sido seu
cadáver que estavam içando daquele maldito lago, seu funeral que
planejássemos. Quase a matei, Dia. Observei você se afogar, e eu...
não posso viver com isso.
É aquele lago. Toda vez que vê, ele se lembra do que poderia
ter acontecido naquele dia. Não apenas está convencido de que
falhou com sua mãe, mas também está convencido de que falhou
comigo.
— Sim, você fodeu tudo. Sim, poderia ter lidado com as coisas
de forma diferente, mas no final, nada disso importa. A única coisa
que importa é que está aqui. E está tentando. E isso é bom o
suficiente para mim se for bom o suficiente para você.
Nós nos beijamos até que não haja mais ar, sem mais medo, e
nem um pingo de dúvida em nosso sistema.
Ele está tão duro e grosso quando envolvo meu punho ao seu
redor. Sua boca dança com a minha enquanto o masturbo dentro
de sua cueca, o gemido ocasional se libertando de algum lugar no
fundo de sua garganta. Paro e cuspo dentro da minha mão antes
de abaixar meu punho em torno de seu eixo novamente.
Foda-se.
— Você está tão molhada pra caralho. Abra essas pernas para
mim.
Ele aperta meu clitóris com dois dedos, e assim, sou um caso
perdido. Gozo em suas mãos, cravando minhas unhas em seus
ombros tatuados e cavalgando a onda do meu orgasmo. Finn
espera até o último segundo para puxar os dedos para fora e
empurrar a cueca pelos quadris para libertar seu pau. Nenhum de
nós fala à medida que se posiciona na minha entrada. Não há
palavras suficientes no vocabulário em inglês para explicar o
quanto precisamos disso agora, e não me incomodo em contar a
ele sobre o órgão estúpido em meu peito.
Nossos olhos dizem muito. Sabemos que uma vez que fizermos
isso, não há como voltar atrás. Nunca mais poderá sair depois
disso. Mesmo que foda. Mesmo que faça algo imperdoável. Não
importa o que aconteça a seguir, ele vai ficar.
— Eu te amo — sussurra.
Novamente?
— Não sei o que minha mãe está fazendo na vida após a morte,
mas mil por cento não está nos assistindo transar na floresta —
eu a tranquilizo.
Uma risada se mistura com o gemido deixando seus lindos
lábios. — Ainda. Este é um lugar especial para ela.
Não faz muito tempo, teria vendido um órgão para nunca mais
voltar a Silver Springs. Achei que estar aqui me lembraria de tudo
que perdi. Acontece que isso me lembra de tudo que ganhei.
Além disso, não podia dizer não a Dia depois que ela se decidia.
Ela queria que o chá de bebê de Aveena e Xavier voltasse para casa
para acomodar suas famílias, e depois que Lacey se ofereceu para
sediar o evento na casa de seus pais, não houve discussão com
ela. E, bem, aqui estamos. De volta à nossa cidade natal para o fim
de semana.
Sei que ela está perto quando começa a tremer, e tanto quanto
eu gostaria de poder fazer este momento durar, os sons que faz
quando desmorona no meu pau me levam ao limite. Esvazio dentro
dela sem camisinha – Dia toma a pílula religiosamente. Xavier e
Aveena podem estar prontos para um bebê, mas não estou nem
perto de ter minhas coisas organizadas. Dia e eu atingimos o pico
ao mesmo tempo, e ela recua em minha pélvis como se estivesse
ordenhando cada gota do meu esperma.
É meu pai.
Sim, ela tem fornecedores. Foi além para garantir que esta
noite fosse memorável. Também lhe custou um belo centavo, mas
disse que devia a Aveena por ser a melhor amiga imaginável.
Percebo sua angústia enquanto caminhamos até o carro e a puxo
em meus braços.
Está na hora.
comércio de refeições que são levadas e consumidas em outro local. Os restaurantes deste tipo podem
providenciar serviço de mesa, ou não, dependendo do caso.
— Sim. Do Finn — Lacey acrescenta, e minha baby me lança
um olhar desconfiado.
— Apenas abra.
Nossa chave…
Este mês passado com Dia foi o paraíso na terra. Fui mais feliz
do que jamais pensei ser possível, mas viver com outro casal
significa ter pouca ou nenhuma privacidade, o que é apenas uma
maneira educada de dizer que não podemos foder quando
quisermos. Deixe-me lhe dizer, essa merda envelhece rápido.
Lacey deu uma boa palavra para nós com seus pais, e
concordaram em nos deixar ficar aqui de graça em troca de algum
trabalho de jardinagem em torno de sua propriedade. Já resolvi os
detalhes com eles e enfiei o máximo de coisas de Dia que pude no
porta-malas do meu carro. Não podia fazer as malas com toda a
sua vida sem que ela percebesse, então trouxe o essencial.
Teremos que voltar ao apartamento para pegar o resto.
Não posso.
Dia coloca a foto de lado e se vira para mim, seu olhar atraído
para a caixa de cartas que não tive coragem de abrir colocada na
mesa. Dia não é a única que se agarra à memória da mãe. Não
podia sair do apartamento sem levar as cartas da minha mãe
comigo.
— Prometo — sussurro.
Suponho que seu nariz está agindo para cima e levo a mão ao
meu peito, fingindo ofensa. — Está dizendo que cheiro mal?
Uma mensagem.
Duas mensagens.
Três mensagens.
Chance.
Ela também tem três chamadas perdidas dele. Por que diabos
o seu ex-namorado está explodindo o seu telefone? Leio suas duas
primeiras mensagens, seu aviso fazendo meu sangue gelar.
Não é possível.
Nenhuma resposta.
Definitiva. Inevitável.
Sem mencionar que parece que não tomar banho há dias, seu
cabelo comprido oleoso e sua barba uma bagunça desalinhada. Ele
mudou desde a última vez que o vi, e não de um jeito bom. Não
que parecesse ótimo antes da prisão. Parecia também ter usado
todos os dias de sua vida naquela época, mas não me lembro dele
parecer tão áspero.
Eu me concentro em Dia. Suas bochechas estão encharcadas
de lágrimas e sua boca está coberta por um pedaço de fita adesiva.
A coisa toda parece uma cena de um filme de merda.
Exceto... é real.
Ele tem uma arma. Não posso arriscar. Não posso arriscá-la.
É por isso que ele está aqui. Provavelmente quer nos matar e
incendiar o lugar para destruir as provas.
Merda.
Isso é claramente uma vingança pelo que fiz com ele um ano
atrás. Lembro-me do dia em que esmaguei seus dedos tão
vividamente. Ele me disse que se forçou em Dia, e o perdi. Bateu
tanto nele que não podia fazer nada além de gritar e implorar por
misericórdia. Então peguei um tijolo em seus dedos e esmaguei
cada osso em sua mão.
Vou matá-lo. Vou matá-lo, e enfiar essa arma tão fundo na sua
bunda que terão que abri-lo para recuperá-la.
Um isqueiro.
— Joel, não!
Isso é bom.
— Mate-me, não me importo. Apenas deixe-a ir — imploro.
O medo me paralisa.
— Não pode ter sido tanto. Não estava lá tanto tempo. Ela está
bem, vai ficar bem — ofego.
De repente…
Essa é a citação.
Merda, eu sei.
Eu te amo.
Finn
Querida Gem…
Ruben sempre me diz para encontrar um lado bom em
cada situação ruim. Sugeriu que eu fizesse uma lista
e olhasse para ela sempre que sentisse muita a sua
falta. Não foi fácil, mas inventei algumas coisas.
Finn
Querida Gema…
Penso em você.
Finn
Fui paciente até agora, mas ela está acordada há dois dias, e
se recusaram a deixar alguém que não é de a família imediata vê-
la. Seus pais disseram que estava confusa e alarmantemente
quieta, mas sua médico nos garantiu que era normal e que sua
personalidade poderia ser ligeiramente alterada durante os
primeiros dias.
Dia me fez assistir a um filme chamado The Vow8 uma vez. Era
sobre uma mulher que perdeu a memória e só se lembrava de estar
apaixonada pelo ex. Esse é o meu pesadelo ali. Não sei o que faria
se ela me olhasse nos olhos e não me reconhecesse. Não sei se
sobreviveria a isso.
— Tem certeza?
— Está bem.
Ela lembra.
Pisque.
Prezado Finley,
Mamãe
Coloco a carta de lado, lançando um olhar para Dia, e encontro
grandes olhos marejados olhando para mim. Seu desfazer puxa
minha compostura enquanto coloco a carta de volta em seu
envelope.
A partir daí, sou um caso perdido. Uma lágrima rola pelo meu
rosto enquanto deslizo o anel de diamantes em seu dedo e a prendo
em um abraço sufocante. E, por mais louco que possa parecer, por
um breve momento, estou convencido de que minha mãe nos
ouviu. Estou convencido de que ela estava aqui, sorrindo para nós
e me chamando de idiota por todo o tempo que perdi com medo. E
se ouviu isso...
De agora em diante…
Lembro-me da primeira vez que falei com Finn sobre isso como
se fosse ontem. Acreditou na minha visão assim que a compartilhei
com ele. Ligou para o pai e, em menos de uma semana,
conseguimos investidores para financiar o processo. Um ano
depois, o aplicativo foi lançado no mundo e, bem, o resto é história.
— O que está fazendo aqui, All Star? Pensei que não voltaria
para a cidade até depois da temporada — Finn pergunta ao seu
melhor amigo de infância assim que faz as rondas.
Falando em caudas…
Pode ser apenas por causa dos hormônios, mas quando coloco
os olhos no Labrador de dois meses perseguindo uma borboleta no
quintal, imediatamente me sinto em lágrimas. Finn nunca teve
coragem de adotar outro cachorro depois de Lexie, mas podia dizer
sempre que víamos um cachorro nas ruas ou quando visitamos
amigos que tinham animais de estimação que uma parte dele
sentia falta de enchê-la de amor. Cresceu com Lexie, tratou-a como
família, e quando ela morreu, isso o devastou. Simplesmente não
podia suportar vê-lo chorar por ela pelo resto de sua vida.
Pensei ter visto Finn surpreso na minha vida, mas nada, e não
quero dizer nada, se compara ao olhar em seu rosto quando deixo
a notícia sobre ele.
Eu tenho que afastá-lo antes que fique tonta, e ele ri, beijando
meu nariz antes de pegar o cachorro que está mordiscando sua
perna como se fosse um brinquedo de mastigar.
As vezes…
É assim que se sabe que vale a pena.