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ID do Trabalho

31
Alimentação Oral Precoce Em Pacientes Submetidos À
Esofagectomia
Erlon de Avila Carvalho¹²; Valdete de Lourdes Cassaro¹; André Rossetti Portela¹²; Raissa Dalat Coelho Furtado¹;
Amanda Lage Araújo Alves¹; Luiz André Ferreira Mota²; Rafael Bruno da Silveira Alves¹.

1- Hospital Alberto Cavalcanti / FHEMIG, Departamentos de Cirurgia Torácica e Cirúrgica Oncológica – Belo Horizonte/MG/Brasil
2- - Instituto Mario Penna/Hospital Luxemburgo, Departamentos de Cirurgia Torácica e Cirúrgica Oncológica - Belo Horizonte/ MG/Brasil

Objetivos Resultados

Trata-se do relato de três casos de pacientes submetidos à Todos receberam alta em seu sétimo dia de pós-operatório,
esofagectomia e acompanhados pelo serviço de Cirurgia adaptados à dieta oral livre e enteral em volume adequado ao
Torácica nos hospitais Alberto Cavalcanti e Luxemburgo na gasto energético total, após liberação fonoaudiológica e
cidade de Belo Horizonte – MG. Objetivou-se relatar a realização de esofagograma. Nenhum dos três indivíduos
aplicabilidade do protocolo ERAS ®/ ACERTO para avaliados apresentou complicações pós-operatórias ao longo dos
esofagectomia, através da reintrodução da dieta via oral precoce primeiros sete dias. A taxa de fístula ou deiscência anastomótica
no primeiro dia pós-operatório (DPO). foi igual a zero. Em acompanhamento de pós-operatório tardio
ambulatorialmente, um dos três pacientes apresentou queixa de
disfonia, a qual se resolveu totalmente após avaliação e
Métodos terapêutica pela equipe de fonoaudiologia.

Discussão
Os pacientes escolhidos foram os três primeiros submetidos
ao procedimento cirúrgico em questão, sendo dois para Com o advento do protocolo ERAS ®/ACERTO, a intenção
tratamento de doenças benignas do esôfago e um deles portador de aceleração de recuperação pós operatória são abordagens
de câncer esofágico. Fez-se uso de um fluxograma colaborativas e baseadas em evidências para otimização dos
multidisciplinar padronizado (figura 1), pelo qual os pacientes cuidados perioperatórios. Objetiva-se fornecer planos
foram avaliados e iniciada dieta via oral líquida restrita de forma transformativos para acelerar a recuperação de pacientes e reduzir
assistida pela equipe de fonoaudiologia e dieta enteral via as complicações no perioperatório e o tempo de internação
jejunostomia, ambas ainda no primeiro DPO. Se fosse percebido hospitalar.
algum grau de aspiração, apenas dieta enteral seria iniciada até A introdução da nutrição enteral precoce após a realização de
nova avaliação no dia seguinte. um procedimento cirúrgico do aparelho digestivo, como a
A progressão da dieta oral se deu de forma gradativa, de esofagectomia, tem sido tratada como um dos principais
acordo com a tolerância de cada paciente, avaliada através de componentes para melhorar a recuperação clínica pós-operatória,
exame clínico diário. No sétimo DPO e após realizado um preservando a integridade da mucosa gastrointestinal e suas
esofagograma (figura 2) sem alterações, a dieta via oral livre foi funções imunológicas. O alto risco de deiscência anastomótica e a
prescrita. incidência de pneumonia aspirativa associada com lesões do nervo
laríngeo recorrente são as principais razões para manter a tradição
de via oral suspensa inicialmente.
O presente relato, no entanto, demonstra o sucesso na
reintrodução da dieta via oral precoce associada à nutrição enteral
via jejunostomia desde o primeiro DPO. Reforça-se a dissociação
de tal conduta com o aumento de complicações, desde que
tomadas as devidas precauções. Ainda são necessários estudos
randomizados mais robustos e com boas evidências acerca de sua
factibilidade, eficiência e contribuição no manejo pós-operatório
multidisciplinar.

Referências
1. Weijs T et al. Immediate Postoperative Oral Nutrition Following
Esophagectomy: A Multicenter Clinical Trial. The Annals of Thoracic Surgery.
102: 1141-1148; 2016.
2. Low DE, Allum W, De Manzoni G, et al. Guidelines for Perioperative Care in
Esophagectomy: Enhanced Recovery After Surgery (ERAS® ) Society
Figura 1. Fluxograma de progressão da dieta Figura 2. Esofagograma sem evidências de Recommendations. World J Surg. 2019 Feb;43(2):299-330. doi: 10.1007/s00268-
fístula cervico-mediastinal 018-4786-4.
3. Lau CS, Chamberlain RS. Enhanced recovery after surgery programs improve
patient outcomes and recovery: a meta-analysis. World J Surg. 2017;41:899–913.

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