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UNIVERSIDADE DE MARÍLIA

GRADUAÇÃO DE PSICOLOGIA

O MONSTRO FURIOSO: Análise Clínica

BRUNA BERNADINO DE OLIVEIRA


GLÓRIA MENDES DA COSTA
ISABELA LEITE FERREIRA

MARÍLIA
2023
Resumo do Caso:
Aos 5 meses de vida, Rafael foi para a adoção. Seu nome passou a ser
confundido com um número, o qual se misturava entre tantos outros garotos tristes.
Aos 4 anos foi adotado por um casal de relação amorosa e harmônica que
sempre quiseram ter um filho. O primeiro encontro entre eles foi em uma praça pública.
Rafael estava acompanhado de um Assistente social, tinha esperança e medo de que
nada daquilo fosse real.
A entrega intempestiva, o abraço espontâneo e as palavras “pai e mãe” ditas pela
primeira vez. O pai trazia seu primeiro brinquedo, um cachorro de pelúcia, que passou a
ser seu companheiro inseparável, e a mãe uma linda cesta para fazer um piquenique, era
a primeira vez de Rafael fora da instituição, na mesma noite em sua casa nova,
conheceu seu quarto novo, decorado especialmente para ele.
A busca pelo atendimento psicológico aconteceu quando Rafael tinha 7 anos. O
mesmo apresentava muitos medos e raiva, sentindo medo de ficar sozinho e ser
abandonado novamente, pedindo para ficar sempre próximo de seus pais. Estava na
primeira serie de uma escola particular, mostrava-se agressivo, batia nos colegas,
danificava os cadernos, mostrando seus sentimentos de insatisfação.
Rafael foi entrevistado separadamente e foi pedido para que ele desenhasse seus
medos, que foi representado por um monstro horrível que foi ficando cada vez mais feio
pela adição de novos riscos e traços disformes. O desenho se chama monstro furioso. A
psicóloga sugeriu que deixasse o monstro com ela durante a semana para que ela
pudesse cuidar dele e ele ficaria liberado de seus medos. Após isso, foi feita a procura
de um lugar para esconder e prender o monstro e Rafael escondeu debaixo da almofada
da poltrona que estava sentado, dizendo que ali sentariam pessoas de diversos tamanhos
e que o amassariam até a morte. A psicóloga explicou que o monstro ficaria sobre seus
cuidados e na próxima semana decidiriam o que fazer com ele.
Rafael passou a semana sem sentir medo, o medo tomou uma forma concreta e
estava presa no consultório, isso se chama externalização do problema.
Rafael decidiu que iria queimar o monstro e usar as cinzas para adubar as
árvores da praça que conheceu seus pais e que ia com frequência. Foi combinado com
os pais para ajuda-lo nesse ritual. Rafael disse que o mau se transformara em bom,
cumprindo esse desafio sentiu-se aliviado e não sentiu mais medo. Em conjunto com os
pais e a escola houve a criação do Bloco das raivas, no qual Rafael desenharia ou
escreveria as pessoas alvo de sua raiva, descarregando sua raiva e se libertando de
carrega-las. Expressar seus sentimentos por forma de desenhos no bloco proporcionou-
lhe um meio de se desfazer destes sentimentos, sem ter que machucar alguém.
Aos poucos Rafael se transformou em um menino mais tranquilo, ficou tão
contente com a sua evolução que sugeriu para os seus amigos a técnica do bloco das
raivas, que passaram a utilizar também.
Identificação do problema
Medo de abandono e ataques de raiva
 Pode se observar o medo de abandono vinculado com a história do paciente, o
qual foi submetido à expectativa de encontrar uma família por 3 anos e 7 meses.
Após o desenvolvimento do afeto com a família adotiva, pode-se pensar que os
ataques de raiva estavam diretamente vinculados ao medo do abandono que
podia ser cometido por sua família e amigos.
Tecnica para trabalhar esse problema
 Bloco das raivas: atividade lúdica que consiste em desenhar ou escrever
situações ou pessoas que te fazem se sentir com raiva ou agressividade. Desta
forma, pode-se desprender e desassociar a problemática do seu cotidiano e
aliviar a tensão voltada a ela.
Treino de habilidades sociais:
 Assertividade: o objetivo é educar o paciente sobre os três principais estilos de
comportamento (assertivo, passivo e agressivo). O comportamento assertivo
envolve afirmar os próprios direitos e expressar pensamentos, sentimentos e
crenças de maneira honesta e direta, respeitando os direitos dos outros (Lange &
Jakubowski, 1978). Ser assertivo significa reconhecer o direito de dizer não sem
culpa e de comunicar nossos desejos, lembrando que os outros também têm o
direito de recusar. O treinamento assertivo capacita o cliente a responder de
forma apropriada a situações específicas.
 Role playing: O terapeuta e o cliente se envolvem em imitar o comportamento
de uma pessoa significativa no ambiente cotidiano do indivíduo ou representam
o próprio comportamento do sujeito em uma situação social específica. O
propósito é capacitar o paciente a interagir de maneira apropriada em
contextos sociais.

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