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ESTUDO DO CASO DE DICK

Dick, um bebê que chegou a quase morrer de fome, pois sua mãe não conseguia o
amamentar, ela tentou mas não obteve sucesso. Sua mãe pressentia que ele era
anormal, por conta disso não desenvolveu afeto por Dick. Ele não recebia nenhum tipo
de amor e afeto, nem da mãe e nem do pai. Quando ele estava com sete semanas foi
contratada uma babá, também não recebia nenhum tipo de afeto dela. Aos seus cinco
meses, defecar e urinar era torturante, então por conta disso se recusava a comer
qualquer alimento que não tivesse a consistência de mingau.
Aos seus dois anos houve uma melhora que foi quando ele estava recebendo afeto
de uma nova babá e de sua avó quando aprendeu a andar, desenvolveu sua
inteligência, aprendeu novas palavras. Mas mesmo com isso no fundo os problemas
essenciais persistiam.
No início de seu tratamento ele não reagia, não expressava nenhuma reação, não
estava avançando em seu desenvolvimento. Quando ele tentava falar de uma forma
mais normalizada era de maneira inadaptada e em um sentido de oposição, quando
sua mãe lhe pedia para repetir as palavras ele deturpava-as por completo. Havia duas
coisas que ele gostava de fazer que o ligavam a realidade, seu interesse por trens e
estações e também pelas portas e maçanetas, por seu abrir e fechar. No terceiro dia
de terapia, Dick estava agitado, correu pra se refugiar entre as portas, nessa sessão o
menino apontou para um carrinho carregado de carvão, pronunciando a palavra
“cortar”, a terapeuta lhe deu a tesoura mas Dick não conseguiu cortar, então ela o
ajudou. Surpreendentemente ele jogou longe o carrinho, se enfiou entre uma das
portas e começou a arranha-las com as unhas, depois que reencontrou sua babá ficou
mais tranquilo. No quarto dia quando a babá saiu ele se sentiu invadido por uma maré
interna e começou a chorar, não conhecia essa emoção. Ele afastou o carrinho
danificado, então a terapeuta lhe disse que o carrinho representava sua mãe e Dick foi
colocá-lo entre as duas portas, neste dia preferiu descobrir outros brinquedos. Os dias
se passaram e ele gostava de reencontrar a terapeuta. Depois de um tempo ele
passou a se interessar mais pelas pessoas pelos objetos e por seus nomes.
A teoria de Klein afirma que o desenvolvimento emocional e cognitivo começa na
primeira infância, quando a criança começa a formar sua personalidade e
relacionamentos interpessoais. De acordo com a teoria da posição depressiva, a
criança começa a perceber a presença e a ausência dos outros, ( Dick não recebia
afeto nem de sua mãe,nem do pai e nem de sua babá),especialmente da figura
materna, e a desenvolver mecanismos para lidar com a perda, a separação e a
ansiedade. No caso de Dick, a falta de nutrição adequada e a negligência por parte de
sua mãe e de sua primeira babá afetaram profundamente seu desenvolvimento
emocional. A impossibilidade de formar vínculos afetivos com essas figuras
importantes em sua vida causou um impacto significativo em sua personalidade e
comportamento. Isso é evidente em sua dificuldade em expressar suas emoções e
estabelecer relacionamentos interpessoais saudáveis (podemos identificar esse fato
quando no início da terapia fica nítida a sua dificuldade de expressar suas emoções).
Quando Dick começou a terapia experiencial, ele foi capaz de explorar e expressar
suas emoções reprimidas. Essa abordagem terapêutica permitiu que ele lidasse com
seus medos e inseguranças, além de ajudá-lo a desenvolver novas habilidades sociais
e emocionais. Por exemplo, a terapeuta lhe deu uma tesoura para cortar papel, o que
o ajudou a desenvolver suas habilidades motoras finas e a aprender a compartilhar e
cooperar com outra pessoa.
Klein fala da projeção que é quando o indivíduo projeta impulsos destrutivos
incontroláveis nos objetos externos, um exemplo disso é quando em uma das sessões
de sua terapia o menino joga o carrinho longe. Ele projetou seu impulso em um objeto
externo.

Além disso, a terapeuta explicou que o carrinho de carvão representava sua mãe, o
que ajudou Dick a processar seus sentimentos em relação à figura materna ausente.
Esse processo permitiu que ele comece a compreender e a lidar com a perda e a
ansiedade de separação.
Em resumo, o caso de Dick ilustra a importância da teoria de Klein na compreensão
do desenvolvimento emocional e cognitivo na primeira infância. A terapia experiencial
foi uma abordagem eficaz para ajudá-lo a superar os efeitos de sua falta de cuidados
na infância e desenvolver suas habilidades sociais e emocionais

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