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Campinas
2021
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Campinas
2021
SUMÁRIO
iii
INTRODUÇÃO 4
1. CONTEXTUALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS PERSONAGENS 5
2. A TÉCNICA DA LUDOTERAPIA CENTRADA NA CRIANÇA 6
3. A RELAÇÃO TERAPÊUTICA 8
4. O PROCESSO TERAPÊUTICO 10
CONSIDERAÇÕES FINAIS 12
REFERÊNCIAS 13
INTRODUÇÃO
iv
O trabalho sobre a obra “Dibs em busca de si mesmo”, da autora Virgínia Axline, foi
elaborado a partir da leitura, interpretação e relação teórica com os conteúdos trabalhos na
disciplina de Psicoterapia Humanista.
O livro se trata da história de um menino cujos comportamentos são incompatíveis
com o que é estabelecido pela sociedade e por isso, acaba sendo estigmatizado com doença
mental. Entretanto, com a atenção e técnicas da psicóloga que o atende, Dibs adentra uma
jornada interior buscando a si mesmo através da ludoterapia.
É nesse processo que Dibs cresce e se cura, uma vez que, com o apoio e aceitação
incondicional da psicoterapeuta, descobre que aquilo que ele procurava na verdade estava
dentro dele. Dessa forma, o livro de forma sensível e dinâmica, coloca em evidência a luta e
conquista pela própria identidade e autenticidade do eu.
Dibs é uma criança de pouca idade, aluno de uma escola particular de Nova Iorque,
Estados Unidos. Possui comportamentos relatados como paradoxais, estranhos e embora
frequente a escola assiduamente não estabelece grandes relações com o ambiente em mesma
intensidade “Dibs passava o tempo engatinhando ao redor da sala, escondendo-se sob as
mesas ou atrás do piano, olhando livros durante horas”. (AXLINE, 1979, p. 8).
Enquanto em certos momentos de sua rotina apresenta resistência, em outros não se
manifesta, exemplificando a passividade ou agressividade em sentido pleno, entretanto, sem
grandes padrões passíveis de classificação, ora sinais de retardo mental, ora facilidade na
realização de tarefas. (AXLINE, 1979).
A mãe de Dibs, indiretamente, é introduzida na história através da fala do garoto
durante um de seus acessos de raiva no período de saída da escola, “Não vou para casa”, já
que ela o levara a escola quando seu motorista não o fazia. Embora de constante consulta da
escola para falar de seu filho, a mãe sempre pedira mais tempo para o garoto que foi (e
continua sendo) entregue à escola via persuasão e sem qualquer participação do mesmo. Já o
pai, nunca foi visto. (AXLINE, 1979).
Como reação de um funcionamento rígido no decorrer de dois anos da criança na
escola e falhas nas investigações da psicóloga escolar, pediatra e professores, Dibs estaria
prestes a ser expulso por “desafiar” aqueles profissionais e “promover” angústias no corpo
docente, entretanto, via intermédio da mãe, foi possível o contato da psicóloga clínica (autora
do livro) e o garoto, dando início a seu acompanhamento. (AXLINE, 1979).
Dessa forma, entende-se, implicitamente, uma dinâmica familiar distinta, entretanto,
são relatados poucos (ou nenhum) esforços por representantes escolares a investigarem ou,
pelo menos, não reproduzirem os olhares de angústia que a criança constantemente sofrera, o
apagando de si mesmo lentamente. (AXLINE, 1979).
Embora Rogers afirme que não há diferenças entre as duas terapias, com a exceção à
comunicação feita entre terapeuta e a criança, há mais algumas sutis divergências. A relação
contínua de permissividade, com limites mútuos e noção dos papeis do terapeuta, apresenta-
se, segundo a ótica da ludoterapia não diretiva de Axline (1984), com ênfase ao limite e
apresenta uma sistematização mais detalhada das atitudes para com a criança. Para esta
autora, o termo “não -diretivo” contém uma ideia clara do papel do terapeuta na relação, mas
não deixa muito claro o papel do cliente. Por esta razão, lança uso da expressão “terapia auto-
diretiva”, focando a terapia em termos do cliente e do terapeuta, gerando uma proximidade
com a fase da teoria rogeriana “Terapia Centrada no Cliente”. (BRITO, PAIVA, 2012).
Para Rogers (2005), há a necessidade de verificar um estado de tensão para a
existência da psicoterapia e, também, precisa haver desejo de ajuda por parte do cliente. O
cliente tem que estar em grau de sofrimento emocional acentuado e ter a consciência de que
precisa de ajuda. Axline (1984), por sua vez, afirma que a ludoterapia pode acontecer mesmo
que a criança não esteja em grau de sofrimento acentuado. Neste caso, a terapia poderia servir
para prevenir uma situação de agravo do desajuste.
Quando as demandas do cliente estão ligadas ao relacionamento familiar, a terapia
pode ter mais eficácia porque, se realizada unicamente com a criança, fadaria ao fracasso.
Dessa forma, para Rogers, o tratamento tem que acontecer juntamente com os pais.
(ROGERS, 2005).
Já para Axline (1984), essa necessidade de que os pais ou responsáveis passem por
terapia durante o tratamento da criança não é obrigatória. A autora diz que, embora não seja
uma condição indispensável, o acompanhamento dos pais juntamente com a criança pode
potencializar o tratamento e acelerar o processo terapêutico. Ela defende que a criança tem a
capacidade de alterar as relações familiares.
Por fim, apesar das diferenças entre os dois autores serem sutis, são significativas para
compreender a proposta de Axline como diferencia da psicoterapia não diretiva de Rogers.
(BRITO, PAIVA, 2012).
3. A RELAÇÃO TERAPÊUTICA
viii
Doster (1996 apud BRANCO, 2002) diz que a ludoterapia na abordagem centrada na
pessoa como atendimento voltado para crianças é o tipo de atendimento ideal, pois a
ludoterapia traz comportamentos terapêuticos importantes para o crescimento da criança,
como a compreensão, congruência e aceitação positiva.
Ao analisar a relação entre Dibs e a terapeuta, é possível afirmar que o posicionamento
que a ela teve no caso foi um grande passo para o crescimento pessoal de seu cliente; a
liberdade que ele teve para se expressar foi importante; e principalmente a maneira que a
terapeuta falava nesse processo: “Como você disse que queria; Como eu falei que desejava;
como foi conversado”, fez com que Dibs se sentisse à vontade para ter um bom
desenvolvimento e confiança na terapeuta, criando uma relação terapeuta-cliente muito direta
e eficiente. (AXLINE, 1979).
4. O PROCESSO TERAPÊUTICO
embora tivesse tentado testá-lo inúmeras vezes, sabia que ele não estava pronto para isso.
(AXLINE, 1986).
A psicóloga então assume o caso de Dibs e se propõe a tentar novamente,
empolgando-se com essa possibilidade. Conversa com a equipe escolar e com a mãe de Dibs,
pedindo autorização e comprometimento com as sessões de terapia, além de informações
sobre a criança, o que acaba gerando um clima tenso entre a psicóloga e a mãe, que diz não ter
informações, que Dibs era um retardado mental e caso precisasse de mais informações, que
poderia recorrer diretamente a escola, pois ela não tinha mais nada para dizer. (AXLINE,
1986).
Enquanto técnica para o processo terapêutico, utilizou-se da ludoterapia que tem como
objetivo aproveitar de recursos lúdicos, brinquedos e brincadeiras para acessar o mundo da
criança através do brincar. (AXLINE, 1984).
De uma forma respeitosa, a psicóloga convida Dibs para a sala de ludoterapia e o
deixa livre e confortável para escolher como e com o que brincar, após Dibs examinar a sala e
algumas opções de brinquedos, começa a interagir com uma casa, nomeando os objetos que
estão dentro “casa, cama, guarda-roupa” e depois pega alguns bonecos, dando nomes “papai,
mamãe, irmão e bebê” e a psicóloga foi interagindo de longe “sim, pode ser o papai” e
aguardando os próximos passos de sua história e interação. (AXLINE, 1984).
“Muitas vezes, essa abertura do ser pela comunicação é realizada pelos adultos, em sua
ansiedade, privando a criança de construí-la". (AXLINE, 1986, cap. II).
Durante o processo de terapia foi possível observar que a psicóloga o acolhe e se
interessa pelos medos e anseios trazidos em sua história, fazendo com ele entenda que seus
temores são de fato importantes. Ela tenta compreendê-lo em sua totalidade, aproximando-se
do que Dibs quer dizer durante a brincadeira e aos poucos, tenta construir uma relação com a
criança. (AXLINE, 1984).
Dado o início da ludoterapia, Dibs começou a participar de forma mais ativa,
descobriu-se ainda nas primeiras sessões que ele realmente sabia ler, tirando assim a
classificação de retardado mental. Dibs sabia também escrever as cores, ler o nome da marca
da tinta e nomear objetos e contou durante uma brincadeira sobre meu medo de portas
trancadas e paredes, mostrando-se ansioso ao narrar essa situação. (AXLINE, 1984).
“As portas fechadas que havia encontrado em sua vida, sem dúvida, o haviam
impressionado profundamente”. (AXLINE, 1986, cap. V).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
xii
No trabalho foi dada uma breve introdução do processo da ludoterapia proposta pela
autora Virgínia M. Axline, a partir de uma análise teórica sobre o tema, fazendo relações com
o livro escrito pela mesma psicóloga, “Dibs em busca de si mesmo”, que conta de forma
narrativa e dinâmica como são feitas as sessões, os princípios teóricos e metodológicos da
abordagem em questão e outros materiais importantes para a correlação teórica.
Além disso, trouxemos as diferenças e semelhanças entre a ludoterapia proposta por
Axline e a psicoterapia de Carl Rogers, uma vez que a Abordagem Centrada na Pessoa criada
e desenvolvida pelo autor está sendo vista na disciplina de humanismo ao longo dos semestres
e serve como base para pensarmos sobre a abordagem humanista e suas diferentes
ramificações.
Ao que diz respeito à ludoterapia para o atendimento com crianças, compreendemos
que é uma técnica eficiente para esse público, uma vez que usa de recursos lúdicos – por isso
o seu nome, inclusive – para adentrar o universo infantil durante as sessões. (AXLINE, 1984).
Por fim, existem alguns pontos dentro da sessão que não podem ser esquecidos pelo
psicólogo/terapeuta, como estabelecer/desenvolver o rapport; aceitar a criança
completamente, ou seja, quando uma criança é trazida a terapia, entende-se que algo querem
mudar em seu comportamento, logo, parte dela, se não toda, está sendo rejeitada pelos
pais/família, por esse motivo, a aceitação da criança em sua totalidade é um pronto crucial
para o resultado da terapia. (AXLINE, 1984).
REFERÊNCIAS
xiii
AXLINE, Virgínia M. Dibs: em busca de si mesmo. 4. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.
AXLINE, Virgínia M. Dibs: em busca de si mesmo. 14. ed. Rio de Janeiro: Círculo do livro,
1986.
BRITO, Rosa Angela Cortez de; PAIVA, Vilma Maria Barreto. Psicoterapia de Rogers e
ludoterapia de Axline: convergências e divergências. Rev. NUFEN, São Paulo, v. 4, n. 1, p.
102-114, 2012. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S2175-25912012000100009>. Acesso em: 25 set. 2021.