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Autocontrole e Expressividade Emocional

Como são aprendidas?


As habilidades sociais são aprendidas na infância por meio de um processo de
desenvolvimento gradual e contínuo. Existem várias maneiras pelas quais as
crianças adquirem e aprimoram suas habilidades sociais:
Observação e imitação: As crianças observam e imitam os comportamentos e
interações sociais dos adultos e de outras crianças ao seu redor. Elas aprendem
observando como os outros se comunicam, resolvem problemas, demonstram
empatia e interagem com sucesso.
Modelagem: Os pais, cuidadores e professores desempenham um papel importante
na modelagem de habilidades sociais. Eles podem fornecer exemplos de
comportamentos adequados, ensinando as crianças por meio de suas próprias
ações e reações sociais.
Aprendizado através de feedback: As crianças aprendem com as consequências
de suas interações sociais. O feedback que recebem dos outros, seja positivo ou
negativo, ajuda-as a ajustar seu comportamento e a entender as consequências de
suas ações sociais.
Jogo e brincadeiras: O jogo desempenha um papel significativo no
desenvolvimento das habilidades sociais. Durante o jogo, as crianças aprendem a
compartilhar, cooperar, resolver conflitos e negociar, além de praticar habilidades de
comunicação e interação social.
intervenções direcionadas, podem ensinar explicitamente habilidades sociais às
crianças. Essas intervenções fornecem orientação e treinamento estruturado,
ajudando as crianças a aprender habilidades específicas, como escuta ativa,
resolução de problemas e empatia.
É importante lembrar que o desenvolvimento das habilidades sociais ocorre de
forma individual e progressiva. Cada criança tem seu próprio ritmo de aprendizado e
pode enfrentar desafios específicos. É fundamental oferecer um ambiente de apoio,
incentivar a prática das habilidades sociais e fornecer orientação adequada para
que as crianças possam desenvolver suas competências sociais de maneira
saudável e eficaz.
O autocontrole e a expressividade emocional são fundamentais para as relações
humanas tanto para o desenvolvimento das habilidades de controlar as emoções
negativas e positivas, bem como para o avanço das relações interpessoais. O
autocontrole é a capacidade de regular e controlar conscientemente nossas
emoções, impulsos e comportamentos. Envolve a habilidade de gerenciar e lidar de
forma saudável com as emoções, evitando reações impulsivas e pensando antes de
agir. O autocontrole também está relacionado à resistência ao estresse e à
capacidade de adiar gratificação.
A expressividade emocional refere-se à habilidade de comunicar e mostrar nossas
emoções de forma adequada e autêntica. Envolve expressar nossos sentimentos e
pensamentos internos de maneira clara e compreensível para os outros, seja
através da linguagem verbal, expressões faciais, linguagem corporal ou outras
formas de comunicação não verbal. A expressividade emocional saudável contribui
para relacionamentos mais genuínos, compreensão mútua e bem-estar emocional.
De acordo com Del Prette e Del Prette (2005), os pais compreendem a criança com
base principalmente em sua comunicação não verbal, que é a base para a
expressão de emoções. Para que a comunicação seja de fato efetiva, é necessário
expressá-las de forma clara e objetiva.
As emoções são reações fisiológicas que são expressas de maneira natural, por
vezes aprendidas devido à uma associação de estímulos, ou até mesmo a
aprendizagem observacional, fazendo com que situações já vivenciadas ou
observadas despertem as mesmas emoções. Para Del Prette e Del Prette (2005) o
autocontrole seria a maneira de interferir na sequência de processos que originam
as emoções, e assim alterar as próprias reações fisiológicas e consequentemente
alterar a situação que está sendo vivenciada.
Segundo Del Prette e Del Prette (2005) a maioria das pessoas não lida com as
emoções pois não aprenderam o exercício da racionalidade, negligenciando os
aspectos ligados aos sentimentos. Dentre os componentes da habilidade de
autocontrole e expressividade emocional destacam-se: reconhecer e nomear
emoções próprias e dos outros, falar sobre emoções e sentimentos, expressar
emoções negativas ou positivas, lidar com os próprios sentimentos, tolerar
frustrações e mostrar espírito esportivo.
As emoções têm uma relação direta com as habilidades sociais, não sendo possível
separá-las dos pensamentos e da ação. É fundamental que as crianças aprendam a
nomear suas emoções e a falar sobre seus sentimentos, a fim de gerar um efeito
calmante através da verbalização e proporcionar pistas sobre seu comportamento
(Del Prette e Del Prette).
Segundo Del Prette e Del Prette (2005), lidar com as emoções contribui para o
desenvolvimento das habilidades sociais, para isso, é necessário que os
professores, pais e psicólogos estejam cientes do que é necessário, como:
identificar as emoções, conversar evitando censurar a criança, validar seus
sentimentos, auxiliar a identificação de emoções, revisitar o assunto em um
momento mais propício e promover atividades facilitadoras que exijam a expressão
de emoções como o teatro, cinema ou leitura de contos. Tais procedimentos agem
como suporte no desenvolvimento interpessoal e das habilidades sociais. Para Del
Prette e Del Prette, a identificação das emoções, em si e nos outros e a leitura de
sinais sociais no ambiente dão à criança a possibilidade de escolher controlar ou
expressar a emoção no momento mais adequado.

Encontro
No segundo dia de encontro, foi trabalhado a importância da expressividade
emocional e autocontrole. De acordo com Del Prette e Del Prette (2005), a forma
como aprendemos a lidar com as diferentes emoções se dá por tentativa e erro,
quando as tentativas são bem sucedidas são fortalecidas e se tornam mais
recorrentes. Portanto, é fundamental oferecer às crianças formas de aprender a lidar
e expressar as emoções. Além disso, os autores evidenciam que “A identificação
das emoções, em si e nos outros, juntamente com a adequada leitura dos sinais
sociais do ambiente (momento, contexto, consequências prováveis) são condições
necessárias para a criança se decidir pelo controle ou pela expressão adequada de
uma emoção (Del Prette e Del Prette, 2005, p. 121).

No encontro, os facilitadores apresentarão uma dinâmica proposta por Del Prette e


Del Prette (2001) intitulada “Caixinha de Sentimentos”.
Materiais Necessários:
● Caneta hidrográfica
● Uma caixa de papelão pequena, com escrito por fora: CAIXINHA DE
________
● Tiras de papel com nomes de sentimentos (medo, tristeza, raiva, surpresa,
nojo, entre outros, ou desenhos que representem esses sentimentos.
● Uma folha com o texto “A caixa de Pandora” escrito.

TEXTO DE APOIO:
A CAIXA DE PANDORA
Há muito tempo atrás, as pessoas acreditavam na existência de diferentes deuses.
Existia o deus do mar, que se chamava Netuno, o deus da guerra, cujo nome era
Marte, a deusa da sabedoria que era chamada de Minerva e assim por diante. Os
deuses, segundo se acreditava, viviam em um lugar chamado Olimpo e apareciam
frequentemente aos homens.
Conta-se que um desses deuses entregou a uma jovem, chamada Pandora, uma
caixa fechada para ela guardar, semelhante a essa que eu tenho na mão. Aquele
deus disse que o conteúdo da caixa não podia ser revelado a ninguém e que cabia
a ela a tarefa de proteger a caixa com muito cuidado. Pandora, então guardou a
caixa e nada disse para suas amigas, nem para seus familiares.
Com o passar dos dias, Pandora foi ficando cada vez mais curiosa para saber o que
continha aquela caixa misteriosa. Ela não se cansava de examiná-la. Apertava,
balançava, colocava junto aos ouvidos, de um lado, de outro e nada ouvia. Por fim,
chegou a conclusão de que só poderia descobrir o mistério se abrisse a caixa. Mas
a recomendação recebida era que a caixa não deveria ser aberta (1).
Pandora foi ficando cada vez mais desesperada. Até que um dia (2), não resistindo
mais, Pandora abriu a caixa! Vocês nem podem imaginar o que aconteceu! (pausa)
De repente, pularam da caixa umas coisas estranhas, com diferentes cores, difícil
de saber o que eram. Essas coisas se multiplicaram e rapidamente entravam nas
pessoas.
Foi aí que todo mundo, todo mundo mesmo, ficou com sentimentos de medo,
alegria, surpresa, raiva, amor, ódio e tantos outros. Alguns desses sentimentos
traziam felicidade , bem-estar; outros traziam desconforto e infelicidade. Ela
percebeu que faltava um único sentimento para sair e então fechou a caixa
rapidamente impedindo que ele saltasse para fora.
Aquele deus logo ficou sabendo o que Pandora havia feito e veio muito zangado.
Ao chegar, foi logo perguntando:
– Pandora, o que você fez? (voz grossa e alta) (3)
Pandora tremeu, a boca secou, os olhos se abriram bastante e ela pensou em se
esconder, mas viu que isso era impossível. Então, resolveu enfrentar a situação,
porque enganar as pessoas com mentiras, isso ela não fazia. Ela respondeu à
pergunta do deus:
– Olha, de fato eu errei ao abrir a caixa. Minha curiosidade foi muito grande. Mas
acho que teve um lado positivo porque todo mundo precisa ter sentimentos. Para
compensar minha falta, disponho-me a ajudar as pessoas a identificarem seus
sentimentos. Logo de cara todo mundo deve saber que bem lá no fundo do nosso
cérebro existe uma caixinha do sentimento. Além disso, o último sentimento não
saiu, (4) é o da (pausa) esperança. Assim, quando todos os sentimentos forem
vividos pelas pessoas, nada mais restando, elas podem abrir a caixa e deixar que a
esperança tome conta delas. (5)
Desse dia em diante, todas as pessoas do mundo inteiro passaram a ter diferentes
sentimentos e, de vez em quando, dependendo da situação que estão vivendo, os
sentimentos saem lá da caixinha e se refletem no corpo delas. Aparecem
principalmente no olhar de cada um. É por isso que adivinhamos, olhando o rosto e
os olhos de cada pessoa, o medo, a raiva, a amizade, o desprezo, a esperança, o
amor.

Antes de iniciar o procedimento, o facilitador deve ler e memorizar a história para


que possa contá-la com bastante expressividade. Para começar, será mostrado
para os alunos uma caixa de papelão pequena, onde estará escrito “CAIXINHA DE
__________”. Pede para uma criança ler o que está escrito, caso ela leia
corretamente, acrescente Isso mesmo, a Maria leu corretamente! Caso contrário,
auxilie a leitura.
Após isso, faz a pergunta: O que vocês acham que tem dentro da caixa? Após
várias crianças se manifestarem, diz que logo elas saberão. Recomenda o máximo
de atenção para a história. Narra a história intercalando com algumas perguntas
indicadas no texto, como por exemplo:
(1) O que vocês fariam se recebessem uma caixa para guardar sem saber o
conteúdo dela?
(2) Adivinham o que ela fez?
(3) Quando o deus fez essa pergunta, qual foi o sentimento de Pandora?
(4) O que acham que era esse último sentimento?
(5) Ao enfrentar a situação, que sentimento ela possuía?

Em seguida pergunte novamente o que tem dentro da caixa, o facilitador escreve na


caixa ou pede para uma criança escrever na parte a completar: SENTIMENTOS.
Diz que , como Pandora já havia aberto a outra caixa, ele também pode abrir a que
está em suas mãos. Mostra às crianças que a caixa contém vários pedaços de
papel com nome de sentimentos, pede para cada criança retirar um papel com, leia
o que está escrito mas não mostre a ninguém por enquanto. Então pede que cada
uma:
a) descreva como o corpo reage quando está com aquele sentimento;
b) anote uma situação que produz aquele sentimento;
c) Indique o que faz nessa situação.

Continuando, o facilitador escolhe ou sorteia algumas crianças para demonstrar o


sentimento que recebeu através de expressões faciais, gestos e posições do corpo
(sem falar). O restante do grupo tenta adivinhar, o facilitador finaliza falando sobre a
importância de se conhecer os próprios sentimentos e saber lidar com eles.

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