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JAMESON FORCE SECURITY

SINOPSE
Quando Kynan McGrath me abordou sobre ingressar na
Jameson Force Security, aproveitei a chance. Apenas me
chame de Dozer Burney, metade da dupla genial que mantém
a equipe na liderança da tecnologia de segurança. A mudança
da NASA para Jameson também me colocou de volta na costa
leste, perto daqueles que mais significam para mim.

Jessica Anderson é minha melhor amiga desde a


faculdade. Uma mãe solteira que se viu envolvida com um
homem perigoso anos atrás, agora está vivendo uma vida
segura e tranquila em Miami depois de ajudar a polícia a
colocá-lo atrás das grades. Nós dois sabíamos que a
segurança dela, e a de sua filha, dependia que ele ficasse
preso. Então, quando vejo um alerta de que ele escapou da
prisão de segurança máxima, sei para onde está indo para se
vingar.

Agora é uma corrida contra o tempo para chegar a


Jessica antes dele.

Protegê-la com a minha vida é fácil, porque há uma coisa


que nunca admiti a ninguém, nem mesmo a mim mesmo: sou
apaixonado por Jessica Anderson desde o dia em que a
conheci. E se nós dois sairmos vivos, vou me certificar de que
ela saiba disso todos os dias pelo resto de nossas vidas.
CAPÍTULO 1
DOZER
NINGUÉM ACHOU estranho, muito menos eu, que Greer
e Ladd não perderam tempo em se casar. Eles estiverem
prestes a fazer exatamente isso doze anos atrás, quando a
estupidez mútua os separou. E sinto que posso dizer isso em
um tom de julgamento, porque também fiz tal coisa. Mas
todos nós temos arrependimentos na vida, muitos dos quais
são incorrigíveis.

Felizmente, para os novos Sr. e Sra. McDermott, o deles


foi bastante fácil de consertar.

Como nem Greer nem Ladd são excessivamente


religiosos, eles optaram por realizar a cerimônia em um salão
festa em Upper St. Clair, onde Ladd mora. Desde o momento
em que ele foi à Califórnia para resgatar aquela que escapou
até a troca de votos, apenas quatro dias se passaram. Greer
não tinha família para se preocupar em termos de agenda e
possibilidade de voar para o casamento, e os pais de Ladd
moram em Ohio. Eles são donos de uma empresa de
construção e não tiveram problemas em tirar alguns dias de
folga para ver o filho se casar pela segunda vez, mas com a
mulher com quem ele deveria estar casado o tempo todo.

Muitas pessoas ficaram profundamente tocadas que


Greer pediu à ex-mulher de Ladd, Britney, para ser sua dama
de honra. Estranho? Sim, mas também muito certo. Eu
sempre admirei a capacidade de Ladd e Britney de manter
uma amizade inabalável mesmo após o divórcio, e Britney
rapidamente se tornou amiga de Greer.

Completamente estranho. Completamente certo.

A cerimônia foi curta, mas emocionante, e o que se


seguiu foi uma imensa festa recheada de boa comida, bebida
ainda melhor e um bolo de casamento muito ruim da loja
local, já que não havia tempo para fazer um decente. Ladd
usava um terno sob medida, apenas um dos muitos que ele
precisa ter para nossa linha de trabalho quando é necessário
um traje formal. Greer foi a mais não tradicional possível,
optou por um vestido de coquetel vermelho-sangue que ela
tinha em sua coleção de roupas. Eles formavam um casal
impressionante, não apenas por causa de suas aparências
quase perfeitas, mas porque pareciam duas metades se
unindo.

Normalmente não sou poético com esse tipo de merda, já


que não tive sucesso no amor, mas isso não significa que não
posso me alegrar com a felicidade do meu amigo.

Meu olhar atravessa a sala principalmente de


funcionários da Jameson e alguns amigos de fora. Grupos de
duas, três, quatro e cinco pessoas conversam e riem. Não
havia tempo para chamar um DJ, então a música gira em
torno de um iPhone conectado ao Bluetooth. Cage e Jaime
são os únicos dançando, parecendo uns bobos. Mas supondo
que o fato de que podem ser bobos juntos é uma prova de
como eles são certos um para o outro. Afinal, Cage se casou
com ela sob falsos pretextos, dizendo que ele era um vendedor
de carros usados e não um agente secreto de segurança. Foi
preciso Jaime ser sequestrada — e Cage salvá-la — para a
verdade vir à tona. Felizmente, ela é uma alma compassiva.

Meus olhos pousam em Kynan, o homem que fundou


esta empresa, sendo considerado o patriarca da família
Jameson. Ele foi o padrinho de Ladd.
Kynan está com a mão em torno de sua esposa Joslyn
enquanto conversam com Camille e Jackson. Kynan e Joslyn
são muito parecidos com Greer e Ladd, tendo se apaixonado
há muito tempo e com o tema comum da estupidez
separando-os. Sua segunda chance está funcionando bem.
Camille e Jackson se apaixonaram recentemente. Ele foi
designado como seu guarda-costas e se apaixonou pela
princesa que herdará não apenas um país, mas a maior e
mais rica mina de rubis do mundo. Muitos o chamariam de
sortudo filho da puta apenas por essas razões, mas ele
ganhou muito pelo simples fato de Camille ser uma mulher
incrivelmente verdadeira e realista. Ela não dá a mínima para
sua riqueza e só quer ajudar as pessoas. Suspeito que
estaremos todos em Bretaria em cerca de um ano para o
casamento, mas ainda não há uma palavra oficial sobre isso.

Saint Bellinger e Cruce Britton estão lado a lado


conversando sobre alguma coisa. Eles são muito próximos e
compartilham segredos, o que é bem engraçado, já que Saint
costumava ser um ladrão profissional. Suas esposas, Sin e
Barrett, também são amigas íntimas, mas não poderiam ser
mais diferentes. Sin também era uma ladra profissional, e
Barrett é uma física de renome mundial, cujo QI rivaliza com
o meu; ela também é sobrinha do presidente.

E, no entanto, quando temos funções na Jameson, as


duas são unidas pelo quadril. Acredito que seja porque seus
maridos estavam envolvidos nas primeiras missões, quando
Kynan assumiu o controle de Jameson, então eles estão aqui
há mais tempo.
Sin está grávida, deve nascer em julho, acredito, e noto
muitos sussurros baixos entre as mulheres. O fato de Barrett
não estar bebendo álcool me leva a acreditar que podemos ter
outro bebê Jameson no futuro.

Meus olhos pousam na minha melhor amiga na


Jameson, Bebe Grimshaw. Ela está com seu filho Aaron e
nossa psiquiatra residente, Corinne Ellery Brandeis, recém-
casada com outro amor do passado, Clay.

Há tanto amor, honra e compromisso entre os casais


nesta sala, mas provavelmente nenhum tão profundamente
merecido quanto minha melhor amiga Bebe. Ela puxa seu
filho Aaron para a pista de dança e faz boogie, uma dança pop
— Can’t Stop the Feeling— de Justin Timberlake sem
absolutamente nenhum constrangimento. Isso vindo de uma
mulher que passou anos na prisão por um crime que ela
realmente cometeu, roubando códigos nucleares para vender
para outro país, pode ser chocante para a maioria das
pessoas dentro de nossa organização, quando eles descobrem
sua história, mas então eles são informados das
circunstâncias – que alguém a forçou a roubar os códigos, ou
eles matariam seu filho. Enquanto o sistema judicial não se
importou com as razões dela, Kynan McGrath sim, e usou seu
poder muito significativo com o Congresso para tirá-la da
prisão. Mais tarde, ele seguiu adiante após ela prestar um
grande serviço ao nosso país, ao descobrir e capturar o
hacker que a forçou a roubar os códigos e recebeu o perdão
presidencial.

Seu noivo, Griff, observa da beira da pista de dança


improvisada, seus olhos possessivos sobre ela e seu futuro
enteado. Ele é uma das minhas pessoas favoritas nesta sala, e
se há alguém aqui que merece felicidade, são esses dois.

— Você vai dançar ? — um homem diz atrás de mim, e


me viro para ver Malik e Anna. Eles estão de mãos dadas,
parecendo muito bem juntos. O marido de Anna trabalhava
para Jameson e perdeu a vida durante a mesma missão em
que Malik foi capturado e mantido por meses em uma prisão
no deserto sírio. Suponho, que a história de amor deles seja
tão merecedora quanto a de Bebe e Griff, mas por razões
muito diferentes.

— Eu não tenho certeza se você poderia lidar com meus


movimentos de dança, — eu provoco. — Mas sempre que você
quiser dançar, é só dizer a palavra.

— Oh não, — Malik recua. — Esse garoto certamente não


pode dançar a menos que a música seja boa e lenta e Anna
esteja em meus braços.
— Desculpe-me enquanto vou vomitar, — eu digo com
uma falsa náusea exagerada e Anna ri.
Nós assistimos Bebe e Aaron dançando. Ela olha para
mim e acena. Eu levanto meu queixo em reconhecimento. Ela
então gesticula para eu me juntar a eles na pista de dança.

Malik me empurra para a pista de dança. — Vá pegá-los,


Dozer.
Agora, eu tenho alguns movimentos muito bons, e eu
não me importo de exibi-los. Sem hesitar, junto-me a Bebe e
seu filho, e logo, outros seguem.

ESTÁ TARDE E a festa está terminando. Ladd e Greer


saíram há mais de uma hora para uma rápida lua de mel em
Turks e Caicos. Como Jameson é uma família, ninguém se
sentiu compelido a sair quando eles o fizeram, continuamos
bebendo, dançando e comendo. Eu parei com o champanhe
porque tenho que trabalhar amanhã de manhã e não suporto
ficar com a cabeça confusa. Além disso, nunca fui de ficar
bêbado.

Compartilho uma carona de volta à cidade com Cruce e


Barrett. Barrett está dirigindo desde que ela não bebeu álcool.
Estou tentado a perguntar se ela está grávida, mas não quero
pressioná-los. São coisas que ela compartilhará quando
estiver pronta, mas se sou um apostador, aposto que ela e
Cruce terão boas notícias para revelar em breve.
Apesar da falta do champanhe, a frivolidade e os bons
tempos me esgotaram, e mal posso esperar para deitar na
minha cama. Está tudo quieto quando voltamos para
Pittsburgh, e quase cochilo no banco de trás quando meu
telefone toca no meu bolso.

Eu o pego e olho para a tela, franzindo a testa para a


mensagem curta que tem um triângulo vermelho seguido
pelas palavras Alerta Máximo.

Meu coração dispara quando desbloqueio meu telefone e


mudo para um programa criptografado que Bebe criou. É um
sistema de monitoramento backdoor1 de todas as prisões nos
Estados Unidos, projetado para rastrear o status de certos
presos. É acessível apenas para a aplicação da lei, mas Bebe
não é conhecida como uma das melhores hackers do mundo à
toa.

Minha garganta seca quando eu puxo o único alerta e o


expando. Palavras que nunca pensei que veria:

Preso: #886305 Ivan Borovsky

Status: Fugitivo

Alerta nacional

— Filho da puta, — murmuro, sentando-me ereto no


meu lugar. Foi marcado com data e hora de apenas duas
horas atrás, o que significa que ele está livre recentemente.
Ele está encarcerado em Nova York há seis anos, depois de
receber uma sentença de prisão perpétua sem liberdade
condicional, pelos assassinatos de um marido, esposa e seus
dois filhos em Miami.

Cruce olha por cima do ombro para mim. — E aí?

Meu cérebro gira, montando o plano de jogo mais


eficiente. Eu tenho que ligar para Jessica, fazer minhas malas
e ir para o aeroporto. Se Kynan me emprestar o avião da
empresa, posso chegar mais rápido.

É essencial que eu chegue o mais rápido possível porque


sei, sem dúvida, que Borovsky está indo para Miami.

Ele vai atrás de Jessica e vai fazê-la pagar.


CAPÍTULO 2
DOZER
— OI, É JESSICA. Deixe uma mensagem e te retorno.
Melhor ainda... texto.

Eu rosno quando desligo a chamada. Não adianta deixar


outra mensagem de voz no telefone de Jessica. Meu primeiro
foi curto, direto ao ponto, e espero não soar excessivamente
em pânico. Eu basicamente disse a ela que Borovsky havia
escapado, que precisávamos levá-la para algum lugar seguro
e que eu estava indo para Miami.
Presumo que a razão pela qual ela não ouviu meu correio
de voz é porque está dormindo profundamente e sua chamada
é silenciada depois das dez da noite. É quase uma da manhã
agora, e realmente não tinha esperança de que ela estivesse
acordada e visse minha ligação. Ela não tem telefone fixo,
então esta é a única maneira de entrar em contato com ela.

Eu considero chamar a mãe dela, Claire. Ela mora a


vinte minutos de Jessica, e eu poderia pedir para ir até lá e
tirá-la de casa. Eu escolho não fazer isso, principalmente
porque não posso colocar a mãe dela em perigo. Também
considero chamar a polícia e pedir que coloquem um policial
do lado de fora da casa dela, mas não o faço porque não
posso explicar como tenho informações tão rápidas sobre a
fuga de Borovsky sem colocar Bebe em apuros, por invadir o
sistema penitenciário.
Falando nisso, olho para o meu relógio e xingo enquanto
ando pela minha sala. — Porra... onde está Bebe?

— Ela estará aqui a qualquer minuto, — Barrett me


tranquiliza. Cruce a encarregou de me gerenciar porque tenho
sido um caso perdido. Desde o minuto em que vi aquele alerta
sobre Borovsky, tenho sido uma massa de nervos confusos.
Expliquei a situação para Cruce e Barrett, enquanto eles me
levavam para casa e, quando chegamos, Cruce estava em
modo completo de planejamento de batalha. Liguei para Bebe
e, sem dar detalhes, pedi para ela ir até a sede da Jameson
pegar alguns equipamentos que eu precisaria e me encontrar
em minha casa, já que moro mais perto do aeroporto. Cruce
ligou para Kynan e fez arranjos para preparar o avião da
Jameson. Felizmente, há sempre um piloto de plantão para
viagens inesperadas e de emergência como esta.

Se eu conseguir pegar o avião, posso estar em Miami em


três horas. Se eu me apressar, posso estar na casa de Jessica
ao amanhecer e tirá-la de lá, colocando-a em segurança até
que Borovsky seja capturado. Eu só preciso que Bebe se
apresse e chegue aqui com as minhas merdas.

— Você tem que relaxar, Dozer, — diz Cruce em um


esforço para me acalmar. — Mesmo que Borovsky vá direto
para Miami, levará várias horas, provavelmente alguns dias,
para chegar lá sem ser pego.

Concordo com a cabeça, mas faço uma careta. — A


menos que a família dele esteja nessa fuga — o que
provavelmente estão, dados seus recursos — e eles têm um
avião particular para contrabandeá-lo. — Cruce emite uma
maldição baixa em reconhecimento a essa possibilidade. —
Mais provável seria me preocupar com toda a família de Ivan,
em nome de Jessica. Sua necessidade de vingança será
apoiada por eles sem dúvida.

— Então Bebe é melhor se apressar, — murmura Cruce.


Para me distrair, me inclino sobre minha mochila que
está ao lado de uma mala cheia de roupas. Não tenho ideia se
o que joguei lá combina, mas isso não é tão importante
quanto o que está na mochila. Eu abro e olho para as armas
dentro: três revólveres diferentes, um AR-15, soqueiras, um
bastão tático e caixas de munição. Os revólveres são uma
necessidade — o AR-15, provavelmente não, mas me sinto
melhor com ele. O soco inglês para se eu tiver a sorte de
colocar minhas mãos em Borovsky, e o bastão tático é algo
que treinei no ano passado em combate corpo a corpo.

Eu sorrio sombriamente enquanto fecho a mochila


novamente. Cheguei na Jameson há um ano, contratado pelo
meu cérebro, e noventa e nove por cento do meu trabalho é
usar esse cérebro no laboratório de P&D na sede. Mas
também passei muito tempo treinando com Kynan e os outros
agentes. Tornei-me proficiente em todas as armas e tenho um
tiro certeiro em campo de tiro. Pratico artes marciais mistas,
com as quais tenho afinidade porque sou inerentemente
atlético e pratiquei karatê quando criança. Sou um cara
grande, na melhor forma da minha vida porque, embora meu
cérebro seja minha verdadeira força, sempre levei a sério
manter meu corpo saudável. Eu aprendi isso do meu pai.

Kynan até me deixou participar de alguns treinamentos


avançados que os outros agentes fazem, como dirigir em alta
velocidade e exercícios de evasão e tortura. Não estou dizendo
que vou querer ser um agente de campo, mas não tenho medo
de nada que possa vir em meu caminho.
A única coisa que me apavora é a morte de Jessica, e
estou determinado a não deixar isso acontecer.

— Você realmente deveria nos deixar montar uma equipe


e ir com você, — diz Cruce quando me endireito.

Eu balanço minha cabeça. — Eu não estou esperando.


Se você quiser enviar alguém para me seguir depois, tudo
bem. Mas vou pegar aquele avião agora... ou melhor, assim
que Bebe chegar.
Como se o destino alinhasse meus desejos com a
realidade física, Bebe entra pela porta da frente. Ela não bate,
nunca. Ela é minha melhor amiga e tem a chave da minha
casa. Ela pode entrar a qualquer hora, assim como também
posso fazer isso na casa dela. Embora admito, encontrei ela e
Griff num clima quente e intenso na cozinha deles um dia, e
desde então tenho usado a campainha.

— Graças a Deus você está aqui, — exclamo, movendo-


me em sua direção. Pego as duas bolsas de lona que ela
trouxe e vasculho-as, verificando se está com tudo o que pedi.
É uma variedade de dispositivos eletrônicos e táticos, que
podem ser úteis ou nem serem usados. Melhor tê-los, de
qualquer maneira.

— Quer me dizer o que diabos está acontecendo? — Bebe


estala, e quando a olho, vejo Griff atrás. Claro que ele viria
também.
— Não tenho tempo. — Eu jogo minha cabeça em direção
a Cruce, enquanto coloco as bolsas de lona em um braço e me
viro para minha mochila. — Cruce pode informar.

— Oh, diabos não, — Bebe rosna, e sou quase


empurrado para trás quando ela agarra as bolsas e as puxa.
— O que está acontecendo?

A fúria cresce dentro de mim e sinto uma raiva por Bebe


que eu não achava possível. — Eu não tenho tempo, porra.
Eu sou o homem mais frio do mundo, mas posso ver
cautela em seus olhos pelo meu tom.

Griff não gosta do que ouve e dá um passo à frente. —


Você tem tempo para nos dizer o que está acontecendo. Se
não for para ajudá-lo, então apenas para colocar a
preocupação de Bebe de lado.

Eu olho para ela novamente, e ela implora. — Apenas tire


cinco minutos e me dê todas as informações sobre onde quer
que esteja indo e qualquer problema que esteja enfrentando.
Então vou direto para Jameson e serei seu apoio a partir daí.
Uma onda de vergonha e frustração explode em um longo
suspiro. Minha mente gira, tentando colocar tudo em um
contexto muito rápido que fará sentido.

Eu escolho ir com algo que ela entenderia. — Você sabe


as vezes que você cuidou de mim quando fui para Miami?
— Sim, — ela fala com uma carranca. — Você tem uma
garota lá.

— Eu tenho duas, — eu a corrijo, e as sobrancelhas de


Bebe se erguem. — Uma amiga muito próxima, querida… o
nome dela é Jessica e sua filha de sete anos, Thea. Eu sou o
padrinho de Thea.

— Estou assumindo que essas não eram situações de


encontros quentes de fim de semana, — diz Bebe.
Eu nunca disse por que estava indo para Miami. Ela
assumiu que eu ia ficar com alguém, e nunca a corrigi. Mas
não digo o óbvio.

— Jessica está em apuros. Seis anos atrás, ela


testemunhou contra um membro da máfia russa que havia
cometido alguns assassinatos brutais em Miami. Seu nome é
Ivan Borovsky, e eu descobri há cerca de uma hora que ele
escapou da prisão em Nova York.

— Através do aplicativo que criei para rastrear


criminosos que queremos ficar de olho, — diz Bebe com um
sorriso satisfeito.
Eu consigo um sorriso de volta. É o gênio dela que me
deu o Ivan. — Ele está indo atrás de Jessica.
— Isso é um pouco rápido, não é? — Griff pergunta,
buscando uma explicação melhor. — Quero dizer... eu
suponho que esse cara teria que correr. Parece-me perigoso
tentar se vingar de uma testemunha.

— Ela não é apenas uma testemunha, — eu admito com


uma certa amargura na minha voz. — Ela estava envolvida
com ele na época. Não era sério da parte dela, mas ele era
meio obcecado por ela. Quando ela foi à polícia com provas —
que era realmente o que eles precisavam para colocar o prego
em seu caixão — ele tomou isso como uma traição séria.
Confie em mim quando digo... ele vai matá-la.
Griff e Cruce trocam um olhar de dúvida e entendo que
isso é tudo conjectura. Mas Bebe não me questiona de forma
alguma. Dando um passo à frente, ela pega minhas mãos nas
dela. — Então, leve sua bunda até lá e carregue-a para um
lugar seguro. Eu te dou cobertura. Suponho que você vencerá
Borovsky.

Eu aceno com gratidão. — Eu devo ser capaz de chegar


até ela antes dele, mas estou preocupado que membros da
família de Borovsky possam tentar levá-la para seu uso mais
tarde. Não posso perder tempo.

— Então precisamos ir, — diz Bebe, afastando-se e


apontando para a porta. — Griff e eu vamos levá-lo ao
aeroporto.

Eu deveria sair, mas em vez disso, puxo minha amiga


para um abraço forte. — Obrigado.
— Sempre, — ela responde.

ESTÁ TENSO a caminho do aeroporto. Griff dirige e Bebe


senta atrás dele, me deixando no banco do passageiro, na
frente. Sinto que pegamos cada maldito sinal vermelho até
chegarmos à interestadual, e então relaxo um pouco
enquanto Griff ultrapassa os limites de velocidade
estabelecidos pelo grande estado da Pensilvânia.

— Então, fale algo sobre a Jessica, — diz Bebe na parte


de trás.
Eu me assusto com a quebra no silêncio e olho por cima
do ombro para ela. — O que?

— Algo sobre Jessica, — diz ela, cruzando os braços


sobre o peito. — E me diga por que nunca ouvi falar dessa
mulher, por que me deixou acreditar que tinha uma sugar
mama na Flórida em todas as suas viagens para lá, e seja
honesto... ela é amiga melhor para você do que eu?

O tom de ciúme que detecto nessas últimas palavras


rompe minha irritação. Eu olho para ela novamente. —
Jessica é complicada, mas você é minha melhor amiga, Bebe.

— Ah! — ela exclama, inclinando-se para frente e


apontando um dedo na minha direção. — Ela é mais que uma
amiga. Ela é uma amante secreta. Não, isso não está certo.
Vocês dois se amam, mas algo os mantém separados. Não,
isso não pode...

— Bebe, — eu digo em um tom baixo. — Devagar com


seu ritmo, e vou te falar sobre ela.

Griff bufa, mas Bebe se recosta no banco, preparada


para ouvir.

— Jessica e eu nos conhecemos na Universidade de


Miami. Nós nos tornamos amigos muito próximos, junto com
outro cara chamado Chase. Nós três fazíamos tudo juntos.

— Oh Deus, — Bebe geme, balançando a cabeça. — É


um triângulo amoroso, não é?

— Não, — eu censuro. — Agora fique quieta e escute,


porque no minuto em que Griff chegar ao terminal privado, eu
estou fora daqui, e você não terá mais nada.

Ela faz um movimento como se estivesse fechando os


lábios e mais uma vez cruza os braços sobre o peito, como
que para evitar qualquer animação provocada pela surpresa.

— Jessica e Chase acabaram namorando e ficaram


sérios, mas ainda éramos nós três o tempo todo. Depois da
faculdade, as coisas obviamente mudaram. Eu fui para
Hamburgo para meu mestrado, Jessica ficou em Miami e
começou um programa de mestrado — ela é uma artista — e
Chase se juntou à Força Aérea.

— Por que você foi a Hamburgo? — Griff pergunta,


interrompendo.
Eu o agracio com uma resposta, já que este é o amor da
vida de Bebe e sei que ela quer que sejamos próximos. Ele
ainda está aprendendo sobre mim.

— Eu estava buscando um mestrado em ciências com


foco em sistemas adaptativos inteligentes.

Bebe bufa. — Porque dois diplomas de bacharel — um


em matemática e outro em ciências da computação — não
eram suficientes.

— Sim, todos nós sabemos que sou muito inteligente, —


respondo secamente antes de retornar à minha história. — De
qualquer forma, nós estávamos separados fisicamente, mas
mantínhamos contato. Jessica e Chase continuaram a se ver
quando ele podia sair. Ele estava posicionado na Califórnia
após o treinamento básico.

— Jessica não foi lá para ficar com ele? — Bebe


pergunta.

— Ele não pediu, — eu respondo, lembrando exatamente


como fiquei chocado que ele não implorou para ela ir.

Não quero estar preso, ele me disse em segredo, embora


não tivesse coragem de dizer isso a Jessica.

Mas eu sabia que não era sério o suficiente para o longo


prazo.
Eu balanço minha cabeça. — Jessica estava se
concentrando na escola e Chase estava treinando. Não era um
bom momento. No entanto, eles se viam quando podiam e, em
uma dessas visitas, Jessica engravidou.

— De sua afilhada, — murmura Bebe.


— Thea, — eu respondo, um sorriso vindo
espontaneamente ao meu rosto, como acontece cem por cento
do tempo quando penso nela. Eu pisco, notando a placa de
saída para o aeroporto. — Houve uma conversa sobre
casamento. Era presumido que depois que terminasse o
treinamento básico, ou quando ela terminasse o mestrado,
mas...

— Ele não propôs a ela? — Bebe pergunta, horrorizada.

— Não, ele não fez. — Estúpido e idiota que ele foi. —


Acho que Jessica queria, mas nunca aconteceu. Ela ainda
estava na escola em Miami, e Chase estava na Califórnia
durante toda a gravidez. Ele voou para o nascimento e estava
completamente apaixonado por sua filha. Eu pensei que
poderia ser o empurrão que ele precisava para se tornar um
homem de família.
— Mas? — Bebe cutuca.

— Mas, — eu continuo, as palavras azedas na minha


língua, — Chase voltou para a Califórnia sem propor, sem
conversas sobre casamento, e então três semanas depois, ele
foi morto em um acidente de motocicleta.

— Oh meu Deus, — exclama Bebe, batendo a mão sobre


a boca.
— Então nosso grupo de três ficou três, mas Chase se foi
e Thea estava lá em seu lugar.

— E você vai a Miami para passar um tempo com elas, —


conclui Bebe.
— É por isso que aceitei o trabalho na Jameson, —
explico, e ela pisca em surpresa.

Ela franze a testa. — Achei que era o dinheiro.

Rindo, admito: — O dinheiro foi um bom incentivo. Os


cientistas não recebem nada, mas eu queria estar de volta à
Costa Leste para ficar mais perto de Jessica e Thea.

Cristo, a oferta de Kynan foi um bom momento. Eu


trabalhava para a NASA no Ames Research Center em
Mountain View, Califórnia, uma das dez instalações da NASA.
Ames concentrou sua pesquisa e desenvolvimento nas áreas
de supercomputação avançada, fatores humanos e sistemas
inteligentes, o que muitas vezes é chamado de inteligência
artificial. Fui recrutado diretamente do meu programa de
doutorado em ciência da computação em Stanford, onde
trabalhei principalmente no laboratório de IA de renome
mundial.

Eu estava fazendo um trabalho importante,


desenvolvendo software inteligente para auxiliar em várias
Diretorias de Missões da NASA, incluindo aeronáutica geral,
Estação Espacial Internacional e Veículos de Exploração de
Tripulação.
Kynan me ofereceu o triplo do que a NASA estava
pagando. Seu objetivo era emparelhar meu cérebro com a
engenhosidade de Bebe para criar nossas próprias tecnologias
e empurrar a Jameson para se tornar um líder mundial em
segurança.

Ele definitivamente cumpriu essa missão, e eu nunca


estive mais feliz no meu trabalho. E o bônus por ser apenas
um voo de três horas até Miami para ver Jessica e Thea.

— Tem outra coisa que você não está me contando, —


Bebe diz, e sou puxado para fora das minhas memórias.

— O que você quer dizer?

— Jessica não é apenas uma amiga, — ela afirma com


um aceno de cabeça.

Eu poderia mentir para Bebe, mas ela perceberia. Além


disso, não tenho vergonha dos meus sentimentos. Eu só não
falo sobre eles por que qual seria o ponto?

Griff entra no terminal do aeroporto, e viro meu pescoço


para olhar para Bebe. — Ela é uma amiga, mas… ela sempre
foi a pessoa certa para mim. Eu só a amei de longe, porque
não sou para ela.

As sobrancelhas de Bebe se aproximam. — O que te faz


pensar isso?
Eu dou de ombros. — Era apenas amizade. Isso é tudo o
que sempre foi.

— Você já tentou tornar isso mais? — ela exige.


Griff para no estacionamento do hangar privado, onde o
avião da Jameson espera.

— Não, — eu digo, com repreensão no meu tom. — Não


quero estragar a amizade.

— Oh meu Deus, — Bebe resmunga enquanto ela olha


para mim. — Você é um idiota.

— Não é assim, Bebe, — eu digo quando Griff para na


frente das portas de vidro.

— Não é assim porque você não tentou fazer as coisas, —


ela rebate.
— Tanto faz, — eu digo e abro a porta do passageiro.
Bebe vem por trás, e Griff fica atrás do volante, mas ele
abaixa a janela para poder nos ver.

Bebe me dá um abraço, e Griff me deseja sorte.

Pego meu equipamento e vou em direção à porta.

— Dozer, — Bebe chama assim que chego nela. — Você


deveria dizer a ela como se sente. Se existe alguma coisa, isso
deve ser dito porque não há garantias para o amanhã.

Eu não reconheço seu conselho de uma forma ou de


outra, mas apenas dou um sorriso a ela antes de entrar no
hangar.

Dizer a Jessica como eu realmente me sinto?

Ridículo.
CAPÍTULO 3
JESSICA
FOI UM SONHO AGRADÁVEL. Um daqueles dos quais eu
não queria acordar, mas não consigo me lembrar dos
detalhes. Havia um homem envolvido - eu não podia ver seu
rosto - mas estávamos andando juntos na praia, e parecia
certo.

Pacífico.
Eu me esforço para manter esse sentimento, mas uma
batida forte na minha porta me faz abrir lentamente os olhos.
Ainda não é dia, mas a luz cinza-azulada filtrada pelas
minhas persianas me diz que o amanhecer está próximo.

Virando, olho para o relógio digital na minha mesa de


cabeceira. Os números vermelhos parecem proclamar com
raiva que é um pouco depois das seis da manhã e ninguém
deveria estar batendo na porta de alguém a essa hora.

A menos que seja uma emergência.


Eu voo para fora da cama, quase caindo de cara porque o
lençol está enrolado em uma perna. Eu o solto com um chute,
me arrasto para a porta e deslizo para fora do revestimento de
madeira, apertando meu ombro com força.

— Foda-se, — eu rosno enquanto ando pelo corredor


curto, pela sala de estar, e quase bato meu rosto contra o
olho mágico para ver quem está lá fora.
Alívio por não ver um uniforme da polícia percorre meu
corpo.

Então confusão.

Por que do outro lado da porta está Dozer, e pela minha


vida, não consigo descobrir por que ele apareceu sem
planejar, tão cedo pela manhã.

Não que ele não seja bem-vindo.

Ele é sempre bem-vindo.


Eu destranco a porta e rapidamente a abro. Antes que eu
possa perguntar o que está fazendo aqui, ele já está me
empurrando para trás e me seguindo para dentro. Quando ele
fecha a porta, começo a acender uma lâmpada, mas ele emite
um áspero: — Mantenha as luzes apagadas.

— Que diabos, Doze? — Eu digo, minhas primeiras


palavras passando pelo choque de ele estar aqui.

Ele se vira para mim depois de trancar a porta e, embora


a luz esteja fraca, seus olhos passam por mim. Meu traje
normal de dormir no calor de Miami é geralmente um
conjunto de shorts de cetim e um top de camisola. Estou até
usando um lenço de seda combinando no meu cabelo. Estou
apenas um pouco constrangida porque Dozer é Dozer, e ele
não pensa em mim como mais do que uma amiga, então ele
não se importa com a minha aparência.

Embora uma garota possa ter esperança, e agora eu


gostaria de não ter minha cabeça coberta. Eu toco
nervosamente.

— Você precisa acordar Thea, e as duas se vistam. Faça


uma mala rápida com itens essenciais e então vamos embora.

— O que...

— Ivan Borovsky escapou da prisão. Temos de ir. —


Dozer passa por mim em direção ao corredor. — Eu vou
acordar Thea, você começa a fazer as malas.

Eu corro atrás de Dozer. — Espere. Desacelere um


minuto e explique o que está acontecendo.

— Vou explicar tudo no carro, — responde Dozer, o que


me irrita. Não gosto de ser manipulada por ninguém, muito
menos Dozer.

Eu acendo a luz do corredor assim que ele chega à porta


de Thea. — Ela não está aqui. Ela ficou com minha mãe
ontem à noite.

Dozer para e se vira para mim, a compreensão


aparecendo em seu rosto. — Noite de Gigi.

Eu aceno com um sorriso. — Noite de Gigi.

Desde que eu tive Thea, ela fica quase todos os sábados


à noite com minha mãe, ou melhor, com sua Gigi. Elas fazem
manicure uma a outra, assistem a filmes e comem um monte
de junk food, mas Thea adora tanto, e ela está construindo as
melhores lembranças.

Dozer não me censura por acender a luz do corredor, e


não o reprovo por dar outra longa olhada em mim. Nós somos
amigos. Acho que é tudo o que seremos, mas sempre desejei
que fosse diferente.

Mas vou aceitar o que ele dá e ser grata por isso, porque
esse homem esteve lá para mim em todos os grandes eventos
da minha vida, desde que tínhamos dezoito anos e
começamos a faculdade. Posso contar com ele para qualquer
coisa, e ele ama Thea como se fosse dele.
Os olhos de Dozer vêm para os meus. — Precisamos ligar
para sua mãe. Eu ia passar por aqui e buscá-la, mas para
economizar tempo, ela deveria nos encontrar no hotel que
reservei. Vista-se e faça as malas. Vou ligar para sua mãe.

— Dozer! — Eu exclamo, me sentindo em pânico. Eu


nunca o vi tão focado em algo, e o aperto em seu queixo me
diz que ele está profundamente perturbado. — Apenas, por
favor, tome um minuto e explique as coisas para mim. Então,
eu vou entender.

Com um suspiro ofegante, ele passa a mão sobre a


cabeça careca, os olhos baixos por um momento, como se
quisesse organizar seus pensamentos. Quando eles vêm ao
meu, eles não estão menos preocupados do que quando
estava parado na minha porta.

— Você disse que Borovsky escapou? — eu digo. —


Como? Quando?

— Eu não sei como, mas foi relatado cerca de sete horas


atrás.
Eu considero o momento, principalmente focando no fato
de que Dozer teve que pular alguns obstáculos rápidos para
chegar aqui tão rapidamente de Pittsburgh. — E você acha
que ele está vindo aqui atrás de mim?

— Eu sei que ele está, — diz Dozer irritado. — E você


sabe que ele também está. Cristo, JJ… ele era obcecado por
você. Você ir à polícia foi a maior traição. Ele até tentou matá-
la enquanto estava na prisão.
Eu aceno com a mão com desdém. — Tudo tumulto. Ele
foi preso e tem estado muito quieto nos últimos cinco anos.

Isso parece enfurecer Dozer — que é uma emoção que só


vi uma vez em seu rosto, e foi dirigida a Chase, não a mim,
felizmente. Em um passo, ele está de pé diante de mim e
tenho que inclinar minha cabeça para cima para olhar para
ele. Seus olhos escuros estão nublados com algo que eu
poderia chamar de medo. — Aquele homem ameaçou você em
um tribunal aberto quando foi considerado culpado. Disse
que iria te caçar e te estripar. Agora, você pode achar que não
é grande coisa, mas você está disposta a colocar a vida de
Thea em risco se eu estiver certo e você errada?

Meu sangue gela com o pensamento. — Você realmente


acha que ele está vindo?

Dozer assente. — As chances são altas. Tudo o que


temos a fazer é colocá-la em segurança e se esconder até que
ele possa ser capturado.

— Mas onde? — Eu pergunto.


— Por enquanto, vamos para um hotel, mas não
podemos perder mais tempo, JJ. — Dozer é uma das únicas
pessoas que me chama assim. Jessica Jayne Anderson é meu
nome completo. Conhecidos casuais me chamam de Jessica,
muitos dos meus amigos de Jess, mas as duas únicas
pessoas no mundo que me chamam de JJ são minha mãe e
Dozer, e é usado com carinho ou irritação.

— Quanto eu preciso embalar? — Eu pergunto.

— Pelo menos uma semana, — diz ele e vai para o quarto


da minha filha. — Vou ligar para sua mãe enquanto pego as
coisas de Thea, e então precisamos ir.

— Ok, — eu digo, sua urgência aumentando meu pânico.


Estou feliz que Dozer está ligando para minha mãe — ela vai
ouvi-lo sem fazer perguntas. Ela acha que o sol nasce e se põe
sobre ele e vai se mover muito mais rápido do que eu, apenas
porque é Dozer dizendo a ela.

Corro para o meu quarto, me sentindo perdida. Ivan


poderia realmente estar vindo atrás de mim?

É tão estranho pensar nele depois de todos esses anos.


Eu descartei sua importância na minha vida depois que ele foi
condenado e segui em frente. Claro, ele não era Ivan Borovsky
para mim naquela época. Ele era uma farsa que atendia pelo
nome de Alex Smith. Me fez acreditar que era um homem de
negócios, quando na verdade, era um dos chefes em um
sindicato do crime russo com sede aqui em Miami.

E também é um assassino.
Estremeço, pensando em como poderia ter morrido
facilmente quando descobri a verdade sobre ele. Uma onda de
repulsa e desgosto passa por mim quando lembro que tive
intimidade com aquele homem.

— Se você tiver algum material para o frio, leve-o


também, — diz Dozer do quarto de Thea. Isso me assusta na
ação, e me movo para a cômoda.

— Vamos para o norte? — Eu digo de volta.

— Talvez, — é tudo o que ele diz, e sei que não


precisamos perder tempo ou energia com esses detalhes
agora. Dozer é o homem mais inteligente que conheço. Muito
mais inteligente do que a maioria nesta terra. Ele soube que
Borovsky escapou poucas horas depois que aconteceu, e ele
com aquele mega cérebro, provavelmente já executou todas as
probabilidades do próximo movimento de Ivan.

Eu confio nele e sei que o tempo é essencial.


Primeiro pego algumas roupas para me trocar e, como
estamos basicamente fugindo, uso uma prática. Um par de
leggings de treino, uma regata, um moletom com zíper e meus
tênis de corrida.

No banheiro, tiro o lenço da minha cabeça, esfregando


meu couro cabeludo levemente para amaciar a massa de
cachos escuros que saltam em todas as direções. Para evitar a
bexiga cheia, faço xixi, lavo as mãos e escovo os dentes.
Enquanto estou no banheiro, pego uma bolsa de viagem
debaixo da pia e coloco uma variedade de produtos de
maquiagem e cuidados da pele nela.

Do armário, pego minha mala e começo a jogar as roupas


dentro, focando na sensatez versus moda. Dozer está de volta
ao meu quarto antes que eu termine. — É o bastante. Vamos
lá.
Eu não discuto com ele. Se realmente não for suficiente,
comprarei o que preciso mais tarde.

Movendo-se para minha mala, Dozer joga umas roupas


em cima da minha. Sorrio, quando vejo que ele está
segurando o ursinho de pelúcia rosa favorito de Thea.
Embora, ela tenha superado a necessidade de abraçá-lo ao
dormir, ele sempre fica em sua cama, e Dozer sabe que será
um conforto para ela. Tenho a sensação de que dias
assustadores estão à nossa frente.

Largando minha bolsa de higiene em cima das roupas,


fecho minha mala. — Você conseguiu falar com minha mãe?
— Ela vai nos encontrar no hotel onde ficaremos esta
noite enquanto resolvemos as coisas.

Eu me viro, mas Dozer está bem ali, pegando a mala de


mim. Eu o sigo até a porta da frente, onde enfio meu telefone
e as chaves na minha bolsa e jogo por cima do meu ombro.

Fico chocada quando, em vez de abrir a porta, Dozer me


entrega o ursinho de pelúcia e tira uma arma de um coldre no
peito sob o paletó. Ele empurra as cortinas para o lado e espia
na escuridão da manhã.
— Uma arma? — Eu sussurro, sem ter ideia de porque
eu deixei cair os divisores. Mas ele tem uma arma, e agora
temo que alguém esteja do lado de fora da porta. — Você tem
uma arma?

— Apenas uma precaução, — ele responde em voz baixa.


— Desde quando você carrega uma arma? — Meu tom
fica um pouco estridente, embora eu ainda esteja
sussurrando.

O olhar de Dozer se move pelo jardim da frente. — Eu


não carrego, normalmente. Mas eu sei como usá-la e não vou
correr nenhum risco.

— Ivan não pode estar aqui ainda. É fisicamente


impossível para ele viajar de Nova York a Miami nesse período
de tempo.
— Ele não precisa estar aqui para pegar você, JJ. — Uma
pontada de medo soca profundamente em meu peito. Ivan
Borovsky tem muitos amigos e familiares criminosos em
quem confiar. Eles ficariam mais do que felizes em me agarrar
e me segurar até sua chegada.

— Merda, — eu murmuro, minha mão indo para as


costas de Dozer. Eu me aproximo dele, como se apenas sua
presença fosse proteção suficiente. — Você vê alguém lá fora?

— Não. — Ele solta as cortinas e se vira para mim,


colocando-nos praticamente nariz com nariz. Eu dou um
passo para trás para lhe dar espaço enquanto ele olha para
mim. — Vá rapidamente para aquele SUV atrás de seu carro.
Deixei funcionando. Entre no banco do passageiro e tranque a
porta. Eu estarei bem atrás de você.

— Estou enlouquecendo, — eu sussurro.

— Você vai ficar bem, — diz ele, pegando meu cotovelo e


dando um aperto. Então me empurra em direção à porta.

Abro e saio para a varanda, Dozer me seguindo. Pego


minhas chaves, com a intenção de trancar minha porta, mas
Dozer balança a cabeça. — Basta entrar no carro. Rápido,
agora.

Na minha cabeça, sei que ele só quer ser eficiente. Sei


que não há ninguém escondido atrás de um arbusto, ou
Dozer não me deixaria sair de casa, mas o fato dele não
querer que eu leve alguns segundos para trancar minha porta
me deixa à beira de um colapso nervoso, como se um carro
cheio de mafiosos russos fosse descer a rua a qualquer
minuto.

Faço o que Dozer diz, ouvindo seus passos atrás de mim


na calçada que liga minha varanda à garagem. Ele alugou um
Chevy Suburban e, sem hesitar, abro a porta e praticamente
me jogo para o banco da frente. Bato a porta e a tranco,
observando Dozer se mover pela frente, seus olhos
percorrendo a área.

Ele abre o porta malas, joga nossa mala e a bate. Ele


então se move para a porta da frente e, assim que a abre, vejo
dois homens saindo de um sedã do outro lado da rua e
descendo em nossa direção. Eles estão vindo para nós...
deliberadamente.

— Com licença, — um deles chama, tentando parecer


educado e precisando de ajuda.

Dozer vira, arma apontada, e suspiro de surpresa com a


rapidez com que ele se moveu.

Nenhum dos homens está com medo de ter uma arma


apontada para eles, o que me diz que eles não estão em um
passeio de lazer, precisando de informações.

Um deles começa a alcançar suas costas, mas Dozer


rosna para ele. — Eu não faria isso.

Ambos os homens erguem lentamente os braços,


enquanto continuam andando em nossa direção, agindo
despreocupados mesmo que haja uma arma neles. Um dos
homens sorri. — O que há com a arma?

— Ah, você sabe, — diz Dozer, seu próprio tom educado,


mas com um toque de advertência. — Apenas no caso de
algum da máfia russa aparecer na vizinhança.

Eu respiraria se não estivesse tão aterrorizada. Estes são


claramente homens do Ivan, pois não parecem nem um pouco
intimidados, e esse último comentário tira os sorrisos de seus
rostos.

Lentamente, eles continuam a se mover em nossa


direção, chegando à calçada a menos de seis metros de
distância.
— Apenas nos dê a garota e você pode seguir seu
caminho, — diz um deles.

— Pare onde está, ou eu atiro, — rebate Dozer.

— Oh Deus, — eu gemo, aterrorizada. Há dois deles e


Dozer — assassinos treinados, sem dúvida — um ex-cientista
da NASA que fica sentado em uma mesa o dia todo. — Devo
ligar para o 9-1-1?

— Não, — ele diz calmo, sua arma apontada entre os


dois homens. Para eles, ele avisa: — Mais um passo, e vou
dar um tiro na perna de um de vocês.

— Você atiraria em um homem desarmado para um


passeio matinal no bairro? — um dos homens pergunta, e
agora ouço o sotaque russo característico, que eles
disfarçaram antes.

— Eu faria, — responde Dozer, movendo sua arma


ligeiramente para a direita e apontando para o homem que
acabou de fazer a pergunta. — Mas nós dois sabemos que
você está armado.

Claramente tentando ver se Dozer está blefando, o cara


dá um passo à frente.

Dozer abaixa levemente a arma e dispara. O estalo de


tiros rasga o ar, e sufoco um grito.
Infelizmente, o homem que acabou de levar um tiro na
tíbia faz o oposto e grita de dor ao cair no chão.
O outro começa a recuar, obviamente cauteloso agora
com o homem que, sem muita provocação, acaba de atirar em
seu amigo.

— Vá para o chão, — Dozer ordena a ele, acenando para


o homem se contorcendo na calçada. — Deitado de barriga
para baixo.

Sem hesitar, o segundo russo obedece.

— Se você se levantar antes que estejamos fora de vista,


eu atiro de novo. — O cara olha enquanto o ferido murmura,
suas mãos apertadas sobre o buraco sangrando em sua
perna.

Dozer volta para o banco do motorista, move as pernas e


fecha a porta, mantendo a arma na mão enquanto engata a
marcha do Suburban.
Eu meio que espero que ele saia da garagem, mas ele
calmamente dá ré, os olhos passando entre os homens no
chão e o espelho retrovisor para se certificar de que não há
nada atrás de nós.

Girando-me no banco, olho para trás e digo: — Você está


pronto para sair da garagem.

Dozer confia na minha palavra e leva o grande SUV para


a rua para que os homens fiquem do lado dele do veículo e
não do meu. Eles olham para Dozer enquanto ele muda de
direção, e nós nos afastamos.
Observo pela janela traseira quando o homem que não
foi baleado se levanta e tira um telefone do bolso. — Ele está
ligando para alguém.

— Provavelmente alguém para vir buscar seu amigo, —


diz Dozer, olhando rapidamente para o espelho retrovisor. —
Ou reforços.
— Merda, merda, merda, — murmuro enquanto olho
para frente novamente. Eu vejo Dozer sob uma nova luz, seu
perfil escuro tão bonito com aquelas maçãs do rosto
angulosas e lábios carnudos. E ele não parece incomodado
com isso. — Você atirou naquele cara.

— Eu teria atirado no outro também, se ele continuasse


vindo.

— Você vai ter problemas, — eu me preocupo.


— Vou me preocupar com isso mais tarde, — ele
responde, e então dá uma olhada para mim. — Ligue para
sua mãe. Mudança de planos. Diga-lhe para ir direto para a
casa do meu pai em vez do hotel. Ele vai abrir os portões para
ela.

Meus olhos se arregalam quando ele me dá o endereço.


— Nós vamos para a casa do seu pai?

O queixo de Dozer aperta quando ele assente. — É o


lugar mais seguro para nós agora que sabemos com certeza
que eles estão procurando por você.
— Mas... do seu pai? Sério? — É o último lugar no
mundo que eu pensei que Dozer iria de bom grado.

Para minha surpresa, Dozer me oferece um sorriso curto,


mas resplandecente. — Eu vou suportar a presença dele para
manter você, Thea e sua mãe seguras até que possamos
descobrir as coisas.

Eu absorvo o momento alegre de boas-vindas - eu


preciso disso agora. — Você deve me amar muito para
suportar a presença de seu pai.

É uma declaração superficial, não pretendendo ser nada


além de brincadeira. Quero dizer, obviamente, Dozer me ama
como o amo.

Como amigos.
Mas o sorriso de Dozer vacila um pouco antes dele
responder: — Eu gosto de você. E só vamos ficar até que
possamos descobrir um lugar melhor para ir.

Eu não respondo, mas ligo para minha mãe para que ela
vá para Key Biscayne, onde o pai de Dozer mora.
CAPÍTULO 4
DOZER
NASCI em Miami durante o primeiro ano do meu pai
jogando futebol profissional. Enquanto ele jogava em algumas
equipes ao longo de sua carreira de oito anos como linebacker
profissional, ele voltou a Miami para se aposentar, e foi aí que
ficamos. Como um garoto nascido e criado no frio extremo de
Minnesota, ele disse que nunca mais voltaria para lá.

Ele conheceu minha mãe em Miami quando ela tinha


dezoito anos e a engravidou — por lapso — antes que ela
completasse dezenove anos. Eles nunca se casaram, mas
permaneceram juntos ao longo de sua carreira e até eu me
formar no ensino médio. Ela era de uma grande beleza,
cobiçada pelo meu pai, mas ele nunca se comprometeria
totalmente e colocaria um anel em seu dedo. É provavelmente
por isso, que eu tinha sentimentos hostis em relação a Chase,
quando ele não se comprometeu com Jess depois que ela
engravidou.
Independente disso, minha mãe era daquelas mulheres
que achava era melhor manter a unidade familiar pelo — bem
da criança, — embora eu pudesse dizer desde cedo que eles
não se amavam de verdade. Eles meio que levavam vidas
separadas — minha mãe era dedicada a mim e ao meu
sucesso, e meu pai era dedicado a si mesmo.

Papai era um linebacker, um dos melhores. Ele poderia


dominar alguém como um trator e, assim, ganhou esse
apelido. Ele amava esse apelido, quando eu nasci, me
chamaram James Dozer Burney, e ele viu um futuro no
futebol profissional desde o momento em que abri meus
olhos.

Embora eu seja extremamente atlético e tenha sido um


jogador de futebol americano no ensino médio, meu
verdadeiro poder estava no meu cérebro. A maioria dos pais
ficaria emocionado com um filho que é um gênio, mas meu
pai lamentou meu desejo de estudar por amor ao futebol. Foi
uma fonte de atrito entre meus pais quando as escolhas
tiveram que ser feitas entre futebol e campos de ciências, mas
minha mãe sempre venceu essas discussões e sou grato por
isso. Eu gostava bastante de jogar futebol, mas gostava muito
mais de matemática e ciências.

Quando me formei, meus pais se separaram e mamãe se


mudou para uma linda casa em Coral Gables, paga por meu
pai. Isso não foi feito pela bondade de seu coração pelo
compromisso que ela manteve com ele todos esses anos, mas
sim como uma demonstração de consciência porque minha
mãe foi diagnosticada com câncer de mama no meu último
ano. Fui morar com ela e visitava meu pai de vez em quando.

Com ofertas para estudar em Stanford, MIT, Harvard e


UC Berkeley, a porta estava aberta para eu expandir e
exercitar minha genialidade entre outras crianças de elite.

Em vez disso, escolhi a Universidade de Miami para ficar


perto da minha mãe, e fiquei lá depois que ela morreu no meu
segundo ano, comprometendo-me a terminar meu
bacharelado em minha cidade natal. Foi onde conheci Jess e
Chase durante a orientação de calouros, e eles foram os
maiores responsáveis pelo meu desejo de ficar lá do que
qualquer outra coisa.

Minha relação com meu pai é difícil de definir. No fundo,


eu sei que ele está desapontado por eu não ter seguido seus
passos. Mas eu era jovem quando ele jogou — apenas nove
quando se aposentou — então ele não era o que eu chamaria
de um modelo sólido. Eu não me lembro muito do tempo dele
jogando, então não houve influência. Depois do futebol para
ele veio uma passagem como locutor, e alguns pequenos
papéis em filmes e comerciais.

Mas, gradualmente, ele se afastou dos meios legais de


emprego e as coisas ficaram obscuras. Embora, eu não tenha
certeza de onde exatamente ele se colocou, sei que seu estilo
de vida é mais do que luxuoso e ele sempre tem — seguranças
— ao seu redor.

Eu não faço perguntas, e ele não oferece explicações.

Minha mãe inspirou em mim uma bússola moral


suficiente para manter as coisas calmas com meu pai, porque
não queria ser arrastado para nada que pudesse frustrar
minha carreira como cientista da NASA. É o que eu queria ser
desde que participei do meu primeiro treinamento espacial.

Ainda assim, falamos por telefone de vez em quando. Ele


manda mensagens para ver como estou, e eu mando memes
engraçados para ele. Suponho que temos um relacionamento
tão profundo quanto bons conhecidos, com promessas de nos
encontrarmos o que nunca acontece.

Ele é meu pai, no entanto, e sei que ele abrirá os portões


de seu complexo sem reservas, e me receberá no ambiente de
sua proteção pelo tempo que precisarmos.

O PORTÃO DE FERRO da propriedade à beira-mar do


meu pai se abre lentamente quando paramos, o que indica
que alguém está assistindo em uma das câmeras de
segurança lá dentro.
— Seu pai com certeza gosta do estilo de vida luxuoso,
não é? — Jess murmura, enquanto observa a enorme mansão
estilo mediterrâneo que ele comprou em Key Biscayne alguns
anos atrás. Ela veio com um preço de quatorze milhões de
dólares, ou assim ele se gabou ao telefone para mim. Eu não
duvidei, pois sua riqueza acumulada permite que ele compre
com facilidade.

— Ele vai dizer que ganhou tudo isso com muito


trabalho. Agora, se esse trabalho duro é legal, quem sabe?

Jess bufa. Ela está bem ciente do relacionamento


distante com meu pai e das inúmeras razões pelas quais.

No ápice da entrada circular, vejo o carro de Claire


Collins. A mãe de Jess está do lado de fora com Thea e meu
pai. Ele está agachado na frente da minha afilhada
conversando com ela. Seja lá o que estiver dizendo, faz Thea
dar risadinhas.

Ouvindo nosso carro se aproximar, meu pai se endireita


e vira. Atrás dele, vejo dois de seus homens vestidos com
ternos caros na entrada principal da casa parecendo
vigilantes, mas sem armas óbvias, embora eu garanta que
estejam carregando.
Eu desligo o Suburban, lançando um sorriso irônico para
Jess antes de sairmos. Ela sabe que esta não é uma tarefa
fácil, eu indo até ele para pedir ajuda. Deixo minha arma no
banco da frente, sabendo que não vou precisar dela aqui.

Meu pai se aproxima de mim e me dá um grande abraço


de urso, com um tapa forte nas minhas costas. Aos cinquenta
e dois anos, James Burney ainda é forte como um touro, sua
voz é profunda e rouca. — Tem sido muito tempo. É bom ver
você, filho.

Eu retribuo o abraço genuinamente, porque já faz muito


tempo. Podemos não ser unha e carne em nossa relação, mas
eu o amo. E pela primeira vez na minha vida ao precisar de
ajuda, ele está aqui para mim.

— Você vai me dizer do que se trata? ele pergunta em voz


baixa. — Haverá policiais envolvidos? Eu preciso esconder
você?

Eu balanço minha cabeça, lendo nas entrelinhas. Ele


não quer policiais aparecendo por aqui, mas caso apareçam,
ele tem coisas à vista que precisam ser escondidas. — Vou te
contar mais tarde, mas não acho que policiais estejam
envolvidos agora.

Quando liguei para ele há não mais de meia hora,


apenas lhe disse que um amigo estava com problemas e que
precisávamos de refúgio em sua casa por um dia. Ele me
disse para vir imediatamente. Ele não conheceu Jess ou
Chase quando estávamos na faculdade, nem Thea desde o
nascimento dela, embora saiba sobre eles de conversas
anteriores ao longo dos anos. Nunca me senti compelido a
apresentar meu pai e, francamente, não achei que ele
realmente se importasse com meus amigos.

Obviamente, meu pai já conheceu Claire e Thea, então


me viro para apresentar Jess. — Esta é minha amiga, Jessica
Collins.

Meu pai sorri para ela, estendendo a mão, um sorriso


encantador e cheio de dentes no rosto. — É um prazer
finalmente conhecê-la, Jessica. Você está convidada a ficar
aqui o tempo que precisar. Vejo que herdou a beleza de sua
mãe.

Meu pai lança um olhar para Claire e ele não está


errado.

Claire Collins não compartilha a mesma cor de pele de


sua filha, mas elas compartilham as mesmas características
faciais. Os grandes olhos, sobrancelhas altas e arqueadas,
maçãs do rosto arredondadas e até aquela ponta teimosa e
desafiadora no queixo.
Jess é fruto de um casamento biracial. Sua mãe é branca
e seu pai, Monte, é negro. A pele morena clara de Jess é uma
mistura perfeita de ambos os pais, sendo o que a diferencia
da aparência de sua mãe. O cabelo castanho de Claire é
usado em um corte curto e elegante, e Jess sempre celebrou
sua herança afro-americana usando o cabelo natural. Ambas
são mulheres muito bonitas, não importa a cor da pele.

Meu pai parece pensar assim também, enquanto ele dá


outro sorriso para Jess. — Sua mãe é solteira?
Reviro os olhos e dou um tapa com as costas da mão no
braço do meu pai. — Pare com isso.

Não me incomodo em explicar que os pais de Jess são


divorciados e Monte está casado novamente e morando na
Geórgia. Isso só abriria a porta para meu pai flertar mais, o
que é da natureza dele. É brincalhão, claro, mas não é o
momento.

Meus olhos se movem para Thea, e não posso deixar de


sorrir com carinho para os genes de Chase que vejo nela. Ela
tem seus olhos cor de avelã, a pele morena bronzeada de sua
mãe e as tranças mais fofas com laços no topo. Como diabos
Claire conseguiu fazer arcos em seu cabelo, quando sei que
estavam lutando para sair de casa depois da minha ligação
está além de mim, mas ela é a criança mais adorável que eu
já vi.

E sim, eu sou parcial.


É por isso que, enquanto ouço vagamente Jessica
conversando com meu pai pela primeira vez, abro meus
braços para Thea. Ela se lança para mim, e a seguro em meus
braços enquanto ela diz: — Tio Dozer… Gigi disse que você
veio para uma visita surpresa.

Meu coração aperta com o carinho e amor que flui tão


profundamente na minha medula. Ela envolve seus bracinhos
em volta do meu pescoço em um estrangulamento que eu
nunca ousaria quebrar.

Pressionando um beijo em sua bochecha, eu inclino


minha cabeça para trás para que possa olhá-la nos olhos. —
Eu só tinha que vir ver minha melhor garota. Você está bem?

Ela assente e sorri. Meus olhos se arregalam de


surpresa. — Você perdeu um dente?

Ela sorri ainda mais, e essa lacuna na frente eleva sua


fofura em cerca de mil níveis.

Sem colocar Thea no chão, me viro para Claire e a puxo


para um abraço de lado. Ela tem sido uma mãe de aluguel
para mim desde que a minha morreu. Jess, Chase e eu
passamos muito tempo na casa dela quando estávamos na
faculdade.

Eu olho para ela e posso ver a preocupação óbvia nas


linhas de seu rosto. É um apelo silencioso para eu informar
os detalhes. — Vamos conversar em breve, — eu prometo, não
querendo dizer uma única coisa na frente de Thea, para que
ela fique fora dessa situação. Ela não tem ideia de quem é
Ivan Borovsky, e não quero que ela saiba.

Claire acena com a cabeça em compreensão.


Meia hora atrás, eu atirei em um homem na perna e
mais virão atrás de Jess. Mas, por enquanto, minhas garotas
estão seguras.

Meu pai nos leva para dentro de sua casa, que é de cair o
queixo de impressionante. Não o vejo desde que ele se mudou
para cá, e nos promete uma turnê quando terminarmos. Os
homens da varanda desapareceram, mas sei que estão por
perto. Provavelmente patrulhando o perímetro até meu pai
saber das ameaças atuais.

Você pensaria que ele tem netos que adora, pois é um


profissional em colocar Thea na sua sala de cinema.
Equipando-a com o controle remoto da Disney + e um balde
de pipoca de um autêntico popper estilo cinema, promete que
ela poderá nadar em sua piscina depois da conversa dos
adultos. Ela está mais do que emocionada com isso, e
atravessamos o corredor até o escritório do meu pai.

Claire sabe apenas um pouco do que está acontecendo, e


meu pai não sabe nada sobre a história de Jess com Ivan
Borovsky, então os informo de cima a baixo.

Quando conto-lhes sobre os dois russos, um dos quais


eu tive que atirar, a mão de Claire voa para sua boca
enquanto engasga. Esta não é apenas uma ameaça hipotética.
Os olhos do meu pai escurecem de preocupação.
— Os policiais vão investigar este tiroteio? — ele
pergunta.

Não é uma pergunta retórica, porque o que eu fiz cai na


área sombria da autodefesa. Ainda assim, eu balanço minha
cabeça. — Eu duvido. Esses homens provavelmente têm
fichas criminal de um quilômetro e meio de comprimento e
deram o fora de lá antes que os policiais pudessem aparecer.
Assumindo que eles foram chamados.
— Qual é a jogada, então? — ele pergunta.

— Eu tenho que envolver a Jameson. Eles terão contatos


dentro da polícia que estão em uma caçada a Borovsky, e
temos que manter Jess, Thea e Claire em segurança, até que
ele seja pego.

— Eles podem ficar aqui, — meu pai diz sem hesitar.

Eu balanço minha cabeça. — Acho melhor sairmos da


Flórida.

Meu pai parece ofendido. — Eu tenho homens aqui para


proteger todos vocês.

— Eu tenho uma enorme quantidade de agentes


treinados pelas Forças Especiais para protegê-los em
Pittsburgh.

Inclinando a cabeça em reconhecimento de que tenho


mais pessoas duronas do que ele, meu pai pergunta: —
Quando você vai embora?
— De manhã, se estiver tudo bem. Preciso ligar para meu
pessoal na Jameson, para ver o que descobriram até agora.
Tenho que me certificar de que não haverá ALERTA de mim
ou do Suburban depois de atirar naquele cara. Contanto que
eu possa sair daqui em segurança, vamos voar pela manhã.

— E você quer que Thea e eu vamos também? — Claire


pergunta com incerteza.
Eu me viro para ela e a puxo para o meu lado. — Estou
levando todas as minhas garotas. Vamos ficar juntos até que
isso acabe.

— Mas e se ele não for pego? — Jess pergunta, a


primeira vez que ela fala desde que entramos na casa.

Eu iria até ela agora mesmo, se não achasse que meu pai
leria mais sobre isso. Eu a puxaria em meus braços para um
abraço reconfortante, do mesmo jeito que estou fazendo com
a sua mãe. Mas não sinto vontade de dar algo a meu pai para
entrar no meu negócio. Meus sentimentos por Jess e nosso
relacionamento são complicados demais para explicar e, além
disso, minha mente está corretamente focada em outras
coisas.

— Ele vai ser pego, — eu asseguro a ela. — A polícia fará


suas próprias ações, mas Bebe tem um software de
reconhecimento facial que é inacreditável. Ele identificou um
fugitivo francês em Antígua através de câmeras de trânsito,
então vamos trabalhar nisso também.
Jess acena com a cabeça, sua expressão ainda
profundamente perturbada, mas não posso fornecer-lhe mais
do que isso agora.

Olhando para o meu pai, eu pergunto: — Posso usar seu


escritório um pouco? Tenho ligações para fazer.

— Claro, — ele diz facilmente e então diz para Claire e


Jess, — Senhoras… por que não pegamos Thea e a deixamos
nadar na piscina? Vou pedir para minha governanta preparar
um grande café da manhã com coquetéis. Isso vai tirar um
pouco a preocupação.

Sem dizer uma palavra, Claire sai do meu lado e precede


meu pai para fora do escritório. Jess começa a segui-lo, mas
depois hesita. Voltando-se para mim, ela diz: — Você salvou
minha vida.

Eu levanto um ombro, minimizando tal afirmação.


— Desde o dia em que nos conhecemos, você sempre
cuidou de mim.

— E sempre vou, JJ, — eu respondo.

— Mesmo quando Chase estava... — Suas palavras


hesitantes, os olhos se afastando como se estivesse
envergonhada de trazê-lo à tona. Mas ela inala, deixa sair, e
então trava seus olhos com os meus. — Mesmo quando Chase
não quis se comprometer, você esteve cuidando de mim.

Eu pisco surpreso. Eu nunca compartilhei com ela


minhas opiniões sobre Chase. Eu queria preservar a
santidade da nossa amizade de três vias.

— Eu vi vocês dois na noite antes dele voltar para a


Califórnia, no pátio dos fundos. Você estava pressionando-o
para se comprometer comigo, e ele não quis. Ele disse que
não queria estar preso, e você ficou chateado, pensei que iria
bater nele.

Eu não sei o que dizer. Receio que se tentar entender


nossa discussão, admitirei que, no fundo, fiquei feliz por
Chase não ter proposto. Porque em algum lugar do meu
cérebro distorcido, eu tinha a esperança de que Jess seria
minha um dia.

— Se Chase tivesse um décimo da lealdade que você


tem…— Mais uma vez, suas palavras param como se ela não
quisesse terminar esse sentimento. Em vez disso, ela caminha
até mim, coloca as mãos no meu peito e se levanta para me
beijar na bochecha. — Eu nunca disse isso antes, mas eu te
amo, Dozer. Ninguém poderia ter pessoa melhor em sua vida,
do que ter você.

Cristo, minhas malditas bochechas ficam vermelhas,


como se eu tivesse acabado de ter sido convidado para o baile
pela garota mais bonita da escola. Seu beijo faz minha cabeça
girar, e o fato de ela dizer eu te amo me deixa mudo. Não
posso fazer nada além de sorrir para ela. Ela se vira para sair,
e toco o lugar onde ela me beijou, lembrando da suavidade de
seus lábios, tentando analisar a razão por trás de suas
palavras, porque com certeza, ela quis dizer que só me ama
como amigo.
Quando sai do escritório, ela fecha a porta atrás de si, e
eu pisco para fora do meu estupor. Jess é complicada e muito
precisa ser descoberto, mas há coisas mais urgentes para
resolver.

Eu preciso ligar para Bebe.


CAPÍTULO 5
DOZER
SOZINHO NO escritório do meu pai, vou até a mesa dele.
É de vidro cromado e dá para grandes janelas com vista para
o cais e tem um barco muito bonito atracado lá. Eu não sabia
que meu pai era um cara de barco, mas suspeito que há
muito sobre ele que desconheço.

Sento-me em sua mesa, pego meu telefone e começo a


discar para Bebe quando meus olhos se deparam com um
porta-retratos. É um daqueles com lugar para três fotos.
O calor se espalha pelo meu peito quando me concentro
nas fotos e percebo que são todas de meu pai e eu. Uma
minha com ele no campo de futebol depois que ele ganhou
um jogo em Miami — pareço ter uns quatro ou cinco anos, e
não me lembro disso. Ele me tem em seu ombro, o capacete
em uma mão e a outra me segurando firme para que eu não
caia. A foto do meio é minha depois de ganhar o primeiro
lugar em um projeto de campo de ciências. Eu me lembro
disso — eu estava na quinta série, meu sorriso com aparelho
enquanto segurava o troféu. E a última foto é minha, minha
mãe e meu pai, tirada na minha formatura do ensino médio.
Mamãe já havia saído de casa e tinha um lenço na cabeça,
pois havia perdido o cabelo da quimioterapia. Mas nós três
estamos sorrindo amplamente, e ouso dizer, meu pai parece
orgulhoso.
Estendendo a mão, corro um dedo sobre a borda e tenho
a sensação de que talvez não tenha dado crédito suficiente a
ele ao longo dos anos. Eu sempre pensei que ele estava mais
dentro de si mesmo do que os outros, mas talvez eu estivesse
errado.

Piscando, concentro-me na tarefa em mãos e ligo para


Bebe.

Ela atende no primeiro toque. — Você está bem?

— Estamos seguros, — eu respondo, recostando-me na


cadeira. Então a informo sobre tudo e onde estamos
atualmente. — Preciso saber se a polícia se manifestou ao tiro
dado na casa de Jess.

— Espere, — diz Bebe, e a ouço batendo no teclado. Meu


coração cai quando ela diz: — Sim. Um vizinho ligou para o 9-
1-1 depois de ouvir. Ele identificou um SUV escuro saindo do
local e dois homens — um sangrando — saindo em um sedã
prata. Parece que a polícia respondeu e interrogou o vizinho.
Nenhuma menção a Jessica.

— Isso é algo positivo, — murmuro, esfregando minha


mão sobre minha cabeça careca, em seguida, deixando-a cair
no meu pescoço para massagear a tensão.

— Você realmente atirou na perna do cara? — Bebe


pergunta.

— Eu não queria matá-lo. — Meu tom é defensivo.


Ela ri. — Não, é que... você ficou muito bom com armas.
Estou impressionada. Talvez você devesse ser um agente de
campo.

— Nunca, — eu rosno em horror. — Um trabalho de


escritório é o que interessa. Essa merda é muito estressante.

— É por isso que vocês deveriam vir para cá e nos deixar


cuidar da proteção.

É exatamente a conclusão a que cheguei no minuto em


que vi aqueles dois russos andando em minha direção. Ficar
em Miami só proporcionará a Borovsky vantagem de estar em
casa com recursos ilimitados dentro do seu círculo.

— Nós vamos sair de manhã, — eu digo. — Eu terei a


mãe de Jess, Claire, conosco também. Eu não posso deixá-la
para trás, pois eles vão fazer uma jogada para chegar até
Jess.

— E o pai dela? — Bebe pergunta.

— Ele mora na Geórgia. Já está lá há vários anos. Vou


avisá-lo e oferecer para ele e sua esposa virem para
Pittsburgh, mas duvido que vá. Ele é do exército, aposentado,
tenho certeza de que achará que pode cuidar de si mesmo.

— Qual é a sua jogada? — ela pergunta.

— Eu ia te fazer a mesma pergunta.

— Eu poderia inserir variáveis no BOB2 e ver o que ele


produz, — ela sugere. BOB é um programa de IA que criei
para nos ajudar a tomar decisões de planejamento para
nossas missões. Ele nos permite inserir fatores e, em seguida,
comparar os detalhes com casos anteriores e outras variáveis
para prever os melhores cenários.

— Eu não acho que BOB vai me dizer o que já não sei.

Bebe termina meu pensamento para mim. — Que o lugar


mais seguro que você pode estar agora é dentro dos muros de
Jameson e deixar a polícia fazer seu trabalho.

É a coisa mais segura a fazer. O último andar da


Jameson tem apartamentos, três dos quais estão disponíveis
agora. Jess, sua mãe e Thea podem ficar em um, eu ficaria
em outro para estar por perto.

— E suponho que você tenha informado Kynan? — Eu


pergunto.
Bebe passa a me atualizar sobre tudo do lado deles. Ela
não apenas ligou para Kynan, nosso estimado líder da
Jameson Force Security, mas também enviou um memorando
para toda a agência sobre o que estava acontecendo. Quando
algo acontece com um dos nossos, todos ajudamos. E embora
isso não estivesse tecnicamente acontecendo comigo, tenho
certeza de que Bebe deixou perfeitamente claro que Jess é
alguém muito importante.

Claro, tenho certeza de que as pessoas chegaram às suas


próprias conclusões pela maneira como eu voei de lá como
um morcego do inferno para chegar a Miami. Meu estômago
revira um pouco quando percebo que fiz isso em cima da
hora.
Estou apenas entendendo isso, e parece que levei um
soco no estômago. — Porra... os homens de Borovsky estavam
a minutos de pegar Jess.

A voz de Bebe é suave com compreensão. — Mas ela está


segura e eles não a pegaram. Você tem a vantagem agora.
Eu tenho que acreditar nisso. Perder Jess, e
potencialmente Thea e Claire nessa trama de vingança, é mais
do que posso suportar.

— Eu fiz algumas pesquisas sobre esse Ivan Borovsky, —


diz Bebe com uma pitada de desgosto. — Ele assassinou
quatro pessoas, duas das quais eram crianças.

— Tenho certeza de que esses não são os únicos


assassinatos em seu currículo.
— Então me explique em detalhes por que ele está tão
entusiasmado para pegar Jessica.

— É uma saga, com certeza. — Olho para a água e o


barco ancorado no cais. O que eu não daria para embarcar e
velejar com Jessica, Claire e Thea, e deixar todas essas
preocupações para trás. — Depois que Chase morreu, Jessica
obviamente concentrou seus esforços em Thea e seu trabalho.
Naquela época, ela trabalhava como instrutora de arte em um
programa comunitário desprivilegiado em Miami. Mas ela
conheceu esse cara – se passou por Alex Smith, e era algum
tipo de empresário. Não foi sério para ela, e depois de alguns
meses de namoro, ele meio que se tornou obsessivo. Não a
deixava sair com os amigos, ficava bravo se ela não passasse
todo o tempo livre com ele. Ela estava tentando descobrir uma
boa maneira de terminar as coisas quando tropeçou em algo.

— Esses assassinatos, — Bebe adivinha.


— Ela estava passando a noite na casa dele e acordou
para encontrá-lo fora da cama. Ela pensou que ele poderia
estar lá embaixo, então foi procurá-lo e acabou pegando-o em
um telefonema. Ele não a viu, mas a conversa que ela ouviu
selou seu destino, e aparentemente o dela.

— Ela o ouviu confessando os assassinatos?

— Não exatamente. Ela o ouviu dizer: ‘Está feito.


Infelizmente, as crianças acordaram', e depois riram disso.
Seu primeiro pensamento foi que ele a estava traindo e talvez
estivesse falando sobre estar com outra mulher e sobre seus
filhos. Mas então ele falou em russo, e essa foi sua primeira
indicação de que algo estava muito errado. Para ela, Alex
Smith era um americano. Nascido e criado aqui e tinha
sotaque americano.
— Eu só posso imaginar o quão estranho foi.

— Ficou mais estranho, porque ela o ouviu dizer: ‘Eu


joguei sobre uma ponte. Está bem.'

— Ele estava falando sobre a arma? Bebe pergunta.


— Ele estava, mas Jess não sabia disso na época.

— Como ela ligou tudo isso aos assassinatos?

— Na manhã seguinte, ela viu as notícias dos


assassinatos. Foram as duas crianças que ligaram os pontos
para ela.

— Jesus, — murmura Bebe. — Que coisa para tropeçar.


— Ela foi direto à polícia e disse a eles o que sabia. Eles
estavam confiantes de que Borovsky era o assassino,
especialmente com o comentário sobre jogar algo sobre uma
ponte. Eles tinham certeza de que era a arma do crime. Não
estavam, no entanto, preparados para fazer uma prisão
imediata, pois primeiro tinham que levar o caso ao promotor
para aprovação. Isso significava que Jess tinha que ficar com
aquele homem e agir com calma para que ele não suspeitasse.

Bebe faz um som de asfixia. — Meu Deus, ela é uma


mulher forte. Não consigo me imaginar fazendo isso.

— Ela é muito forte, — eu concordo suavemente, mas eu


sei o quão horrível foi para Jess. Porque jogar de forma legal
significava que tinha que continuar agindo como namorada
em todos os aspectos.
Na noite em que ouviu Borovsky ao telefone, Jess voltou
para o andar de cima e fingiu estar dormindo quando ele
entrou no quarto. Ele a acordou e queria fazer sexo. Ela não
queria porque, em seu íntimo, sabia que algo estava errado,
mas estava com medo de negar. Com medo de que ele
percebesse que o ouviu. Deus, me dá nojo pensar que ela teve
intimidade com aquele monstro e que teve que manter esse
papel até que ele fosse preso.

Parte meu coração — não, rasga como se fosse com uma


navalha enferrujada — saber como aquela Jess traumatizada,
teve que ficar e agir como se tudo estivesse bem, mesmo
quando ele a tocava. Ela se sentia-se violada cada vez, e a fez
se sentir envergonhada. Eu sei de tudo isso porque ela me
contou os detalhes dolorosos uma noite, em meio a uma
garrafa de vinho e muitas lágrimas.

Eu nunca quis matar alguém antes, mas eu sei que se


tivesse a chance, eu ficaria feliz em colocar uma bala na
cabeça daquele homem sem um momento de hesitação, nem
um pingo de arrependimento moral. Mesmo que isso me
levasse à prisão.
— Você está terrivelmente quieto, — diz Bebe, eu não
tinha percebido que tinha ficado em silêncio.

— Ela disse que me amava alguns minutos atrás. — A


confissão para Bebe me choca, mas aparentemente não eu
tinha como segurar essas palavras.

Espero que Bebe se entusiasme e esteja pronta para dar


conselhos sobre o que fazer. Em vez disso, ela faz uma
pergunta contundente. — Por que você nunca me contou
sobre ela?
A culpa flui através de mim porque Bebe me conhece tão
bem quanto Jess. Esses últimos meses trabalhando lado a
lado, às vezes sete dias por semana, nos tornaram
extremamente próximos. Eu era seu ombro para se apoiar
quando ela estava tentando descobrir as coisas com Griff, e
sei que ela se sente traída por eu não me apoiar nela em
relação a Jess.
Mas eu não estava preocupado com Jess, essa é a
diferença.

— Não havia nada para contar, Bebe. Eu estava feliz


sendo seu amigo. Eu estava em êxtase por ser o padrinho de
Thea. Eu não precisava de conselho ou da sua sabedoria.
— Você é um idiota, — ela diz. Ela me chamou assim
ontem, e dado o meu QI, poucas pessoas fazem essa
afirmação.

— Por que isso? — Eu pergunto secamente.

— Porque eu não sou apenas uma amiga em quem você


joga problemas, embora eu esteja feliz em apoiá-lo. Eu sou
uma amiga com quem você deve compartilhar as coisas boas
também. Além disso, eu chamo de besteira absoluta que as
coisas estavam bem em serem amigos, ou então, você não
teria nenhum problema em mencionar que suas viagens de
fim de semana eram para vê-las e não algum caso sexual, que
pensei ser um retrocesso de seus dias de faculdade.

Sou devidamente castigado e não posso discutir sobre


nada que ela disse. E preciso ser honesto sobre alguma coisa.
— Porque enquanto sou feliz sendo seu amigo, eu sei que se
eu contasse a você toda a história sobre Jess — sobre mim e
ela e Chase — e como as coisas terminaram para Chase, você
teria absolutamente visto através de mim. Você saberia que
tenho sentimentos por ela e teria me empurrado para fazer
alguma coisa.
— Bem, dã! — Ela ri, e sei que ela não está mais brava.
— E já que você tocou no assunto, sim... você deveria dizer a
ela como se sente. Pelo amor de Deus, meu amigo, você esteve
muito perto de perdê-la algumas horas atrás. Imagine os
arrependimentos que teria.

Eu me levanto da cadeira e vou até as janelas. — Você


fez um ponto.

— Encontre tempo — você sabe, entre fugir de


psicopatas da máfia russa — e diga-lhe. Ela claramente te
ama.

— Como amiga, — eu digo automaticamente, não


querendo admitir que suas palavras podem ter um significado
a mais.

— Talvez sim, talvez não. Só há uma maneira de


descobrir. — Ouço alguém ao fundo e Bebe diz: — Kynan está
aqui. Ele quer falar com você.

Sua voz vem ao telefone. — Você está bem?

— Estou bem. Por que?

— Porque você teve que atirar em alguém, — ele


responde com seu sotaque inglês. — Está tudo bem se
incomodar com isso.

— Não estou, — respondo. — Eu acertei o que estava


mirando e dei-lhe um aviso para parar.

Kynan ri. — Justo. Talvez você devesse considerar entrar


em campo com essa sua pontaria certeira.
— Difícil, — eu resmungo. — Vamos partir amanhã, de
volta a Pittsburgh. Podemos usar dois dos apartamentos na
sede?

— É claro. Estávamos discutindo isso mais cedo, hoje.


Tenho ligações programadas para a prisão, as patrulhas
rodoviárias entre Nova York e Miami, bem como a polícia local
de lá. Eu acho que o FBI vai colaborar com isso também.
Entrarei em contato com você mais tarde para relatar os
esforços que estão sendo feitos para trazer Borovsky. Espero
que isso acabe rapidamente.

— Eu aprecio isso, Kynan. Eu sei que isso não é sem


custos significativos e recursos da Jameson. Pagarei com
prazer.

— Por favor, — ele zomba. — Considere isso uma


vantagem do trabalho.

Isso traz um sorriso ao meu rosto. — É um trabalho


muito bom.
CAPÍTULO 6
JESSICA
A VISTA DA NOITE do pátio principal de James é
incomparável. Ele tem vista para o pequeno porto em que sua
propriedade fica, dentro de sua própria mini-península, e você
pode ver Miami à distância, as luzes que piscam e brilham
por toda a água até onde estamos.

Na minha experiência limitada de viagem, nunca vi nada


parecido. E enquanto Dozer vem de dinheiro, e sua mãe teve
uma bela casa durante os poucos anos antes do câncer a
levar, eu não vi esse nível de riqueza. Dozer sempre disse que
seu pai faz algo que não está do lado certo da lei, mas ele tem
sido vago sobre isso. Não tenho certeza se sabe, mas os
homens musculosos e armados que James Burney mantém
por perto, me dizem que ele não é exatamente um funcionário
da W-2 em algum lugar.
Ou talvez ele apenas goste da imagem. Quem sabe?

Tudo o que sei é que ele é um cara legal e quero conhecê-


lo melhor. O Sr. Burney é sociável, se não um pouco
arrogante, mas também encantador e genuíno. O fato de você
não saber como ele alimenta esse estilo de vida - seja dinheiro
de seus dias de futebol profissional e endossos, investimentos
sábios ou algo ilegal - só o torna mais misterioso. Eu sei que
minha mãe está completamente apaixonada e ele a encanta
com histórias de seus dias de glória no campo de futebol.
Dozer está ouvindo em silêncio enquanto tomamos
alguns goles de bebidas pós-jantar à beira da piscina, tendo
terminado de comer cerca de uma hora atrás. Acho que a
diferença entre pai e filho decorre de muitas expectativas
incompatíveis de ambos os lados desde que Dozer estava
crescendo, mas quando os vejo juntos como esta noite, posso
dizer que não seria preciso muito para preencher essa lacuna.

— Alguém quer outro coquetel? — James pergunta com


sua voz grossa, levantando-se de sua cadeira no pátio.
— Eu quero outro, — minha mãe diz, levantando-se
também. — Vou ajudar a fazê-los.

James olha para mim e depois para Dozer. Nós olhamos


um para o outro, e dou de ombros. — É estranho estar
bebendo coquetéis em uma mansão perto da água quando
assassinos estão atrás de nós.

— Você está segura aqui, — James afirma com


autoridade. E não duvido. Mais homens apareceram logo
depois de nós, todos parecendo ferozes e prontos para
enfrentar qualquer um que tentasse escalar a cerca que
envolve este complexo peninsular. Eu sabia que eles estavam
andando pela propriedade agora e estariam a noite toda, mas
Dozer acha que as chances são quase inexistentes de que
alguém associado a Borovsky me ligue ao pai dele.

— Eu vou querer outro, — eu digo, segurando meu copo.


O que quer que ele fez — com manga e coco — é sublime.
— Eu vou passar, — diz Dozer, os olhos vagando para
Thea, que está colorindo silenciosamente um livro fornecido
por James. Meia hora depois de nossa chegada, ele enviou um
homem com seu cartão de crédito e ordens para comprar
coisas suficientes para manter uma criança de sete anos feliz
durante a noite. O homem voltou com três enormes sacolas
de brinquedos, bonecas, livros de colorir, kits de maquiagem e
esmaltes.

Hoje cedo, meu coração nadou com todos os tipos de


calor, quando Dozer se sentou com ela e a deixou pintar as
suas unhas de um rosa brilhante. Ele ainda está com o
esmalte, a maior parte manchada em sua pele e cutículas,
porque crianças de sete anos não têm a atenção refinada aos
detalhes. Mas ele está completamente natural com isso. Faço
uma nota mental para tentar encontrar removedor em algum
ponto da nossa viagem.

Minha mãe e James atravessam o pátio até um enorme


bar embutido em forma de U, coberto de pedra. James tem
um liquidificador profissional e começa a preparar mais
misturas.

— Seu pai é um cara legal, — eu digo quando o vejo fazer


minha mãe rir.

— Ele é, — reconhece Dozer, seu olhar se movendo de


Thea para o bar. — Sempre foi, e espero que sempre seja. Ele
também é um encantador e um mulherengo. Espero que sua
mãe veja através disso.
— Minha mãe é velha e sábia o suficiente para cuidar de
si mesma, — eu respondo com uma risada.

Dozer sorri e balança a cabeça. Ele parece se divertir


com isso mais do que qualquer coisa fornecendo alguma luz
em um dia escuro. Nós realmente não conseguimos falar
sobre o que o amanhã e o futuro nos reservam, pois
deliberadamente mantivemos silêncio sobre tudo ao redor de
Thea.
James e minha mãe voltam para a mesa, e James me
entrega outra bebida com uma fatia de abacaxi fresco e um
guarda-chuva bonitinho dentro. — Obrigada.

Eles se sentam, e James segura seu copo no meio da


mesa. — Pelos novos amigos, — diz ele.

Mamãe e eu brindamos com ele. — Pelos novos amigos.


Enquanto a lua se eleva sobre a água, diluindo os brilhos
coloridos lançados pelo horizonte de Miami, James e minha
mãe se revezam compartilhando histórias sobre Dozer e eu
quando éramos pequenos. Cada um tenta superar o outro em
seus esforços para nos envergonhar, mas Dozer e eu não nos
envergonhamos. Nós sabemos tudo um sobre o outro, embora
eu sinta minhas bochechas esquentarem um pouco, com a
releitura alegre da minha mãe sobre a minha paixão enorme
por Justin Timberlake que levou a uma campanha de cartas
que fiz para aconselhá-lo, que Cameron Diaz não era boa o
suficiente.. Enviei provavelmente uma dúzia de cartas e ele
nunca respondeu, é mais humilhante do que qualquer outra
coisa.
É só quando Thea boceja que minha mãe imediatamente
volta ao modo Gigi. — É melhor eu levar esta pequena para a
cama, — diz ela, levantando-se da mesa. James, como
cavalheiro contumaz, também se levanta.

— Eu vou levá-la, mãe, — eu digo, estendendo a mão e


dando um puxão brincalhão nas trancas de Thea.
— Eu quero que Gigi me leve, — diz Thea, dando um
olhar de adoração para minha mãe. Essas duas são unhas e
carne, e eu não gostaria disso de outra maneira. Eu era
próxima da minha avó enquanto crescia e quero que Thea
tenha o mesmo.

Sorrindo, viro minha cadeira do pátio e abro os braços.


— Só se eu receber o maior abraço de todos os tempos.

Nenhuma hesitação por parte da minha filha. Ela é uma


abraçadora por natureza. Jogando-se em meus braços,
envolve seus pequenos braços em volta do meu pescoço e
aperta. — Te amo mãe.
Eu me deleito com a doçura do abraço e me encolho um
pouco porque ultimamente estou sendo chamada de mãe
mais do que mamãe, o que é um sinal de que ela está
crescendo e estou perdendo meu bebê. — Boa noite, Doodle3.

Thea se move para Dozer e o abraça. — Nós vamos fazer


um passeio de avião amanhã, certo?

Nossa história para Thea é que todos vamos tirar férias


improvisadas para Pittsburgh, amanhã.
Dozer acena com a cabeça enquanto ela se afasta. —
Vamos nos divertir muito.

Ele é recompensado com seu sorriso sem dentes e, para


minha surpresa, ela se move para James. Ele é uma novidade
para ela e, embora não tenha muita certeza sobre ele, mesmo
tendo sido como um Papai Noel, enchendo-a de brinquedos e
doces. Inclinando a cabeça para trás, ela diz: — Boa noite, Sr.
Burney.

James sorri para ela, estendendo o punho. — Boa noite,


princesa.

Ela bate com o punho nele, então sai com minha mãe, de
mãos dadas.

Quando a porta do pátio se fecha, James se senta


novamente, seu olhar vem direto para mim. — Sua mãe é
uma boa senhora.
— Ela é a melhor, — eu concordo com um sorriso,
mesmo quando Dozer revira os olhos.

— Eu só digo isso, — James continua, sua voz perdendo


o tom brincalhão e ficando sério, — para salientar que ela não
é irritante criando obstáculos. E Thea é uma criança doce.
Estou mais do que feliz em tê-las protegendo-as até que tudo
isso acabe. Vocês dois são bem-vindos para ficar também,
embora eu entenda porque Dozer acha que é melhor levá-las
para Pittsburgh.

Estou tocada por sua oferta. — Eu aprecio isso, James.


Sério. Mas...
— Mas Thea e Claire ficarão comigo, — Dozer
interrompe, e por sua expressão, seu pai sabe que não haverá
discussão.

— Justo — James diz. — Então, qual é o plano?


Esta é a primeira vez que podemos falar livremente sobre
as coisas desde que chegamos. Eu sei que Dozer chamou seu
pai de lado e o colocou a par de tudo, mas Dozer recebeu hoje
várias ligações das pessoas com quem trabalha, e espero que
haja mais coisas que não saibamos.

Dozer suspira e se levanta da cadeira. — Acho que vou


tomar outra cerveja.

James e eu esperamos pacientemente enquanto Dozer


pega uma garrafa gelada e volta para a mesa. Ele toma um
gole antes de colocá-la para baixo. — Kynan entrou em
contato com todas as agências de aplicação da lei. A boa
notícia é que não há investigação ativa sobre o tiroteio desta
manhã. Sem vítimas, a polícia está encerrando o caso e não
está se preocupando com mais interrogatórios de pessoas do
bairro.

— Oh, graças a Deus, — eu expiro, o alívio saindo de


mim tão intenso que eu não tinha percebido o quão
preocupada estava com isso.

Dozer me dá um sorriso, mas ele desaparece. — O FBI


tem esse sindicato ao qual Borovsky está ligado, sob
vigilância há muito tempo. Eles pegaram algumas
informações de um informante, verificando que Borovsky vai
decretar seu direito de vingança contra você. Quero dizer...
pensamos que era isso que ele faria, e aqueles dois homens
aparecendo esta manhã foi mais uma prova, mas
aparentemente agora é oficial dentro desta máfia russa com a
qual trabalha. Isso significa que darão a ele todos os recursos
que ele precisar, apesar do fato de ser um fugitivo e alvo de
uma caçada em vários estados.

— O que significa que não é só com ele que temos que


nos preocupar, — digo, e Dozer acena com a cabeça.

— Falando em caça ao homem. — James pega seu copo,


se preparando para um gole e pergunta: — Alguma pista para
encontrá-lo?

— Seu rosto está estampado em notícias locais de Nova


York a Miami. Muitas ligações estão chegando, embora nada
tenha comprovado. Mas se você seguir o rastro das dicas, eles
estão indo para o sul, então, definitivamente está vindo para
cá.

— É por isso que é melhor irmos para Pittsburgh, —


digo. Não é uma ideia pela qual eu esteja louca, pois tenho
que deixar meu emprego — embora tenham sido muito
compreensivos, mas acho que é a jogada mais inteligente que
podemos fazer. Se Borovsky estiver aqui, terei que estar em
outro lugar.

— A polícia está conversando com os amigos e colegas de


trabalho de Jess, certificando-se de que entendam o que está
acontecendo. Eles podem ser abordados para obter
informações.
Pela primeira vez desde que fiquei apavorada por Dozer
ter atirado naquele homem esta manhã, sinto um ataque de
pânico chegando. — Eles vão atrás dos meus amigos? Colegas
de trabalho? E as crianças? Eles vão colocar proteção neles?

Essas últimas palavras saem tão histericamente que


minha voz falha.

Dozer se levanta de sua cadeira e se agacha ao lado da


minha em um piscar de olhos. Ele pega minhas mãos nas
dele. — Ei… respirações profundas. Eles não estarão em
perigo. É mais provável que sejam observados e talvez
abordados casualmente para obter informações, mas é
altamente improvável que esteja armado.

— Você quer dizer sequestrado e torturado para obter


informações, — eu sufoco com lágrimas ardendo. De repente,
isso ficou muito ruim. Antes, éramos apenas eu, mamãe e
Thea em perigo. Mas há tantos outros com quem me importo,
principalmente as crianças do centro comunitário onde
ensino arte.

— Respire fundo, — diz Dozer suavemente, e olho para


ele, com os olhos arregalados. Ele inala lentamente, o olhar
fixo em mim em uma demanda silenciosa onde sigo o
exemplo. Ele exala e aperta minhas mãos. Quando ele inala
novamente, eu aceno e sugo o ar profundamente em meus
pulmões junto com ele. Fechando meus olhos, eu solto uma
respiração profunda e prolongada.

Ele me faz repetir isso mais cinco vezes até que abro os
olhos e encaro os dele. Eu me sinto melhor, contando com
sua força e determinação.

— Ok? — ele pergunta.


Eu concordo.

Dozer me olha intensamente e diz: — A polícia vai vigiar


as pessoas próximas a você. Eles esperam obter suas próprias
informações dessa maneira. Talvez seguir alguém que se
aproxime de um de seus amigos. Eles vão ficar mais do que
bem. E juro-lhe que nunca deixarei nenhum mal acontecer a
você, Thea, ou sua mãe.

Sua expressão é feroz e inabalável, e no fundo daqueles


olhos castanhos chocolate, vejo a profundidade de seus
sentimentos.

Eu reconheço a verdade nua e crua, que ele não está


tentando esconder.

Dozer me ama.

Não apenas como amigo, mas como um homem ama


uma mulher. Eu já sei que ele ama Thea como sua própria
filha, e ama minha mãe como se fosse seu próprio filho, desde
que a dele morreu.

Mas como eu não reconheci esse amor romântico e


profundo antes?

Por que fui simplesmente estúpida demais para entender


isso?

Eu sei que muitas vezes me perguntei por que nunca


demos um passo além das linhas de amizade. Eu sempre me
disse que não queria arruinar nossa amizade. Era uma
maneira covarde de garantir que, se Dozer não tivesse os
mesmos sentimentos que eu, eu não me machucaria.

— Como é que vocês dois nunca namoraram? — James


questiona, a pergunta é tão chocante que Dozer e eu
rapidamente nos separamos. Eu coloco minhas mãos no meu
colo, e ele se inclina para voltar ao seu lugar.
Olho para seu pai, e há uma expressão de conhecimento
em seu rosto. Só de observar essa troca entre nós — palavras
fortes e de proteção feroz de seu filho, olhando um para o
outro muito além da conversa e pulando como se tivéssemos
sido eletrocutados — diz tudo o que ele precisa saber.

— Quero dizer, — James fala lentamente, tentando tirar


proveito do nosso silêncio constrangedor, — vocês dois
claramente gostam um do outro, são super atraentes, então
eu sei que isso não é um problema, e ambos se conhecem
melhor do que ninguém. Quero dizer, é lógico que deveriam
estar juntos romanticamente. Então, como é que...

— Pare com isso, — Dozer fala para seu pai.

James dá de ombros, tentando fazer uma expressão


ridícula e envergonhada, mas ela apenas sai como presunçosa
e conhecedora.

Eu não sei se é porque minha vida está de cabeça para


baixo e tive um gostinho esta manhã de quão precioso poderia
ser, mas me tornei imprudente na minha tentativa de
responder à pergunta de James.
Estendendo o meu pé, eu de brincadeira bato na canela
de Dozer. — Por que você e eu nunca namoramos?

Os olhos de Dozer praticamente saltam de sua cabeça, e


James se inclina para frente em sua cadeira, observando
avidamente a interação entre nós. Eu mantenho meu tom leve
e provocante. — Quero dizer... com certeza, você pensou sobre
isso não? Eu pensei.

A boca de Dozer cai aberta, em choque com a minha


admissão. — Você pensou?

Eu dou de ombros. — Eu tinha uma queda por você no


nosso primeiro ano. Mas sua cabeça estava sempre presa nos
livros, e você era desajeitado e tímido com as garotas. Chase,
infelizmente, deu um passo antes de você.

Espero que minha brincadeira tire a pressão sobre Dozer


de admitir algo, que ele possa não estar disposto a fazer
agora.

Para minha surpresa, ele dá uma resposta, e é muito


familiar porque imita a minha. — Eu nunca quis arruinar
nossa amizade. Depois que Chase morreu, você precisava de
mim como um amigo mais do que nunca.

Sorrio para Dozer com ternura. — Eu precisava de você.


E você estava lá. Você sempre esteve lá.

— Sempre, — diz ele.

Nossos olhos se encontram, e não sei o que isso significa,


mas claramente James sabe. Ele tosse e arrasta a cadeira
para trás enquanto se levanta, pegando sua bebida. — Eu...
hum... tenho algo que preciso fazer.

E com isso, ele deixa Dozer e eu sozinhos em um


romântico pátio iluminado pela lua.

— Dozer, — eu começo, decidindo que vou colocar tudo


para fora.

Mas sou interrompida quando a porta do pátio se abre e


minha mãe coloca a cabeça para fora. — Querida... Thea quer
que você venha acomodá-la.

Este é definitivamente um momento ruim, mas Thea vem


primeiro. Lamento a forma como a expressão de Dozer parece
desmoronar e depois ficar em branco. Como se o momento se
perdesse.

Sorrio para minha mãe e me levanto da cadeira. — Já


vou entrar.

Sinto uma necessidade desesperada de recuperar o que


tivemos, para podermos retomar essa conversa depois que eu
tiver Thea acomodada.

Mas, mais uma vez, minha mãe interrompe. — E ela quer


que o tio Dozer leia uma história para ela.
Meu olhar cai para Dozer, e um sorriso se abre em seu
rosto. Ele está mais do que feliz em ser necessário para Thea.
Não para evitar a conversa que precisamos ter, mas porque
adora minha filha.
Dozer se levanta, e minha mãe desaparece de volta para
dentro de casa. Para minha surpresa, Dozer estende a mão,
palma para cima, um pedido silencioso para eu colocar a
minha na dele.

Eu faço isso, e a levanta para dar um beijo nos meus


dedos. É um gesto que ele nunca fez antes — nunca fizemos
nada além de abraços amigáveis — e decididamente é íntimo.
— Nós precisamos conversar.

— Sim, nós precisamos, — eu concordo.

Dozer se vira para a porta, mantendo minha mão


firmemente agarrada à dele.

Ele não a solta até que ultrapassemos a soleira e


entremos na casa. Minha pele formiga onde estávamos nos
tocando.
Lado a lado, subimos silenciosamente as escadas para
um dos quartos de hóspedes onde Thea espera por nós.
CAPÍTULO 7
DOZER
ESTAMOS EM PITTSBURGH, e me sinto infinitamente
melhor por estar dentro dos muros de proteção da Jameson.
Com Jess, Claire e Thea instaladas em segurança em um dos
apartamentos e sob os cuidados gentis de Joslyn, desço para
a sala de conferências do segundo andar. Dentro, encontro
Kynan, Bebe, Jackson e Cage. Presumo que ele tenha
designado Jackson e Cage para o caso, e eles serão os
principais agentes de campo sob seu comando.

Bebe pula da cadeira quando me vê e corre para um


abraço apertado. Ela não é a pessoa mais expressiva quando
se trata de emoção, mas dentro desse abraço, posso sentir
cada pedacinho de seu medo por eu estar colocando meu
pescoço em risco por Jess e sua família.

— Estou tão feliz que você não morreu ontem, — ela


sussurra. Não é um uso elegante de palavras, mas eu entendo
o que ela está dizendo.

— Estou feliz por não estar morto também.

Nós nos separamos, e quando me movo para sentar em


uma cadeira na mesa de conferência, Kynan pergunta: — Elas
se instalaram?

Eu aceno com a cabeça. — Sua esposa tem tudo sob


controle. Enquanto estávamos em Miami, meu pai comprou
brinquedos demais para Thea, então ela está brincando
alegremente. A última vez que as vi, Joslyn estava servindo
café e oferecendo biscoitos.

— Ela é uma preciosidade, — diz ele, a voz suave e terna,


cortando a vivacidade normal de seu sotaque britânico. —
Você vai ficar em um dos apartamentos?
Eu dou de ombros, porque eu estive conversando sobre
isso. — Não tenho certeza se é necessário. Eu sei que Jess
não pode estar mais segura do que aqui.

— E o cara novo acabou de se mudar para um deles, —


Cage diz e olha para Jackson. — Qual o nome dele?

— Kellen McCord, — Jackson responde.


Eu tinha esquecido tudo sobre o cara que está
começando esta semana. Ele é um ex-policial do K9 com os
militares, vindo da Costa Oeste para cá.

— Sim, — diz Cage, olhando por cima da mesa para


mim. — Kellen está aqui, então você não terá que se
preocupar com as noites.

— Então parece que estou bem em ficar na minha casa,


— eu digo, agora não tendo nenhuma razão para usar um dos
apartamentos vazios do QG. Decidi que preciso de algum
espaço longe de Jess enquanto as inseguranças voltam.

Bebe tosse em sua mão. — Besteira.

Eu volto minha atenção para ela, perguntando. — Por


que isso é besteira?
— Bem, primeiro, — ela diz, me olhando nos olhos, —
Jess, Claire e Thea estão completamente fora de seu
elemento, e é educado você ficar aqui no prédio com elas,
para que não se sintam deslocadas.

É um bom ponto. O melhor, na verdade, porque minha


consideração em ficar na minha casa em vez de aqui tem tudo
a ver com o fato de que não tenho certeza de como ficar perto
de Jess.

Ontem à noite no pátio, eu disse-lhe que precisávamos


conversar, e sua reação a isso — o brilho em seus olhos — me
disse que seria uma conversa que mudaria drasticamente
nossas vidas.

E fiquei assustado.

No momento em que li uma história para Thea e Jess a


aconchegou, eu estava apavorado que poderia realmente
haver potencial para estar com a mulher que amei pelo que
parece ser para sempre.

Então me afastei, murmurando alguma desculpa sobre


querer sair com meu pai e conversar.

O que não era uma completa inverdade. Ontem eu vi um


lado diferente do meu pai e, francamente, me deixou curioso
sobre ele.

Mas isso não é nem aqui nem lá.

— E seu outro ponto? — Eu a incito.


Ela olha para Kynan, Jackson e Cage por um momento
antes de trazer seus olhos de volta para mim. — Eu só acho
que você tem coisas pessoais que precisa resolver e a
proximidade é sua melhor amiga.

Houve muitas vezes, desde que conheci Bebe, que tive


grande respeito e admiração por ela, mas agora está em alta.
Eu sabia que ela ia jogar na minha cara meu relacionamento
romântico inexistente com Jess, mas estou feliz que ela fez de
tal maneira e com tanta imprecisão, que os outros três
homens nos encaram com perplexidade sem saber o que está
acontecendo.

Eu travo os olhos com Bebe, minha expressão avisando-a


para não ir mais longe. — Talvez você e eu possamos
encontrar um minuto para discutir isso mais tarde.

— Claro, — diz ela, inclinando a cabeça em


compreensão.

— Tudo bem, — Kynan fala sarcasticamente, — se vocês


dois terminaram de falar em códigos, vamos resolver o
problema em questão - como resolver o problema de Ivan
Borovsky.

— Precisamos encontrá-lo, — diz Jackson.

O mais óbvio.

Mas definitivamente não é a coisa mais fácil de fazer.


Kynan continua a nos dar uma nova atualização com
base nas conversas que teve com as agências da lei esta
manhã, enquanto estávamos no ar de Miami para Pittsburgh.
Nenhuma dica deu certo e não houve nem um
reconhecimento oficial em mais de doze horas.

— Isso pode significar que ele chegou a Miami e está


escondido, — sugere Cage.
— Se existe um Deus, talvez Borovsky tenha sido
atacado por um bando de coiotes e esteja apodrecendo em
uma floresta em algum lugar, — diz Jackson.

Todos nós rimos com o pensamento, mas sabemos que


ele provavelmente teve alguma ajuda de suas conexões russas
para sua jornada para o sul.

Bebe bate a caneta na mesa. — Tenho meu software de


reconhecimento facial funcionando a todo vapor. Será
improvável, porém, que tenhamos um vislumbre dele porque
ficará longe de locais públicos. Se ele estiver viajando por
estradas rurais para Miami, as cidades de Podunk não têm
câmeras de trânsito que eu possa acessar.
— Mas se ele estiver em Miami, — eu aponto, — ele pode
começar a se sentir um pouco mais seguro e colocar a cabeça
para fora.

— Então, temos que depender de Borovsky fazer algo


estúpido para pegá-lo através do software, — conclui Bebe.

— Infelizmente, ele não é um homem estúpido, — eu


respondo.
Ele é um adversário habilidoso.
— Não é apenas com Borovsky que temos que nos
preocupar, — interrompe Kynan. — Ele tem muitos homens
dispostos a sair e encontrar Jess trazendo-a a qualquer custo.
Concedido, tenho certeza de que suas instruções são para
trazê-la viva, mas até que ele novamente sob custódia, ela
deverá permanecer escondida.

— Quem exatamente está liderando a caça ao homem? —


Eu pergunto a Kynan. Apesar de haver muitas agências
envolvidas, uma assumirá a liderança.

— FBI, — ele responde.

— Griff vai fazer a ligação, — Bebe diz orgulhosamente.


Seu noivo é membro do FBI e trabalha no escritório de
Pittsburgh.

— E eles têm um plano? — Estou ansioso para fazer algo


acontecer, mesmo que não esteja diretamente envolvido.
— Nós temos, — Griff diz enquanto caminha pela porta
da sala de conferências, uma pilha de pastas na mão.

Se eu não soubesse melhor, diria que ele cronometrou


aquela entrada. Griff costumava estar profundamente
infiltrado na máfia russa de Nova York e sua experiência em
relação ao funcionamento interno deles será inestimável.

Distribuindo as pastas, Griff se move para se sentar ao


lado de Bebe. Ela inclina a cabeça para trás, e ele lhe dá um
beijo antes de se sentar. Observar aquela breve troca de doce
intimidade me faz pensar em Jess. É algo que eu faria com ela
todos os dias da minha vida se eu fosse abençoado.
Eu balanço minha cabeça, empurro esses pensamentos
para longe, muito longe, e abro a pasta. Todos nós levamos
um segundo para examinar o conteúdo, que inclui os
registros da prisão de Borovsky, e uma lista de contatos
conhecidos que o visitaram ou ligaram para ele. Essas
pessoas serão entrevistadas, mas certamente são máfia e não
vão falar.

— Temos uma equipe analisando todas as ligações


telefônicas gravadas com Borovsky nos últimos seis meses, —
explica Griff. — Você verá uma lista com fotos de membros
conhecidos do sindicato em Miami, incluindo informantes que
estamos utilizando.

— Os informantes estão fornecendo alguma informação


confiável?

Griff balança a cabeça, seus olhos encontram os meus.


— Ainda não, mas é cedo. A chave para encontrar Borovsky
provavelmente será através deles.

Griff nos leva através do arquivo inteiro. Para meu alívio,


o escritório do FBI de Miami designou agentes para vigiar
alguns dos amigos mais próximos de Jess, caso os russos
pensem que ela está se escondendo com eles. Isso
provavelmente não vai acontecer, porque o que eles sabem é
que Jess tinha um homem com ela que atirou em um de seus
caras.

— Eles foram até a casa de Claire, — Griff diz, e minhas


sobrancelhas se erguem. — Temos agentes estacionados lá e
na casa de Jess, só por precaução. Três homens — igualando-
se à família russa — vigiaram a casa o dia todo e depois a
invadiram por volta das duas da manhã, provavelmente
procurando pistas sobre onde Jess poderia estar. Eles foram
presos, mas estão se recusando a falar e entraram com um
advogado imediatamente.

— Mas o escritório do promotor poderia fazê-los abrir a


boca com um acordo judicial, certo? — Eu pergunto.

Griff balança a cabeça. — Provavelmente não. Eles são


acusados apenas de arrombamento e invasão. Nenhum dos
homens tem antecedentes criminais, então, se algum dia
forem condenados, não terão penas longas.

— Em outras palavras, — Kynan termina por ele, — a


lealdade deles é para a família russa com a qual trabalham, e
serão condenados e sentenciados à prisão, antes de falarem.

— Cristo, — eu murmuro, esfregando a mão sobre a


minha cabeça, em seguida, para o meu maxilar dolorido. Só
então percebo que tenho cerrado os dentes.
Ao levantar da minha cadeira, eu começo a andar. —
Então deixe-me ver se entendi. Não temos ideia de onde
Borovsky está, mas ele não é o único com quem se preocupar
agora, de qualquer maneira, pois há outros russos
procurando por Jess. O que significa que ela não pode voltar
para casa tão cedo. Não há uma maneira de encontrá-lo a não
ser esperar que um informante consiga alguma informação
para nós, o que pode nunca acontecer. Em outras palavras,
não temos um fim à vista.
— Mas pelo menos Jess, Claire e Thea estão seguras, —
Bebe aponta. — Você chegou lá na hora.

Eu aceno em consideração a isso. — E estão aqui,


seguras em Pittsburgh, e os russos não sabem disso.

A expressão de Griff escurece. — Não necessariamente.


Os russos não são estúpidos e foram verificar os voos de
saída.

— Com suborno, — diz Cage com desgosto. — Jogue


alguns dólares ao redor, e algum pedaço de merda de baixo
nível irá falar.

Griff assente. — Os homens foram ao hangar privado,


fazendo perguntas e mostrando fotos de Jess. Perguntado
sobre ela, Thea e Claire, e sobre um 'guarda-costas negro' é
como eles descreveram você. Eles sabem que você voou com
eles para Pittsburgh.

— Foda-se, — eu rosno, voltando para a minha cadeira.


Sento-me e olho ao redor da mesa. — Vamos supor que
estejam aqui. Como vão encontrá-la?

— Ao identificar você, — diz Kynan. — Mas isso não vai


ser feito facilmente.

— Vai ser fácil. — Todos os olhos vêm para mim. — Eu o


encontrei uma vez… de passagem. Eu estava em visita a
Miami e parei para ver Jess e Thea a caminho do aeroporto
antes do meu voo de volta. Eu estava fazendo meu doutorado
na Califórnia na época. Foi uma apresentação rápida
enquanto eu estava andando para o carro e ele estava
chegando. Ele sabia sobre mim, é claro, já que Jess havia lhe
contado sobre os amigos e familiares. Se ele lembrar desse
encontro de alguma forma, tudo o que precisa fazer é me
pesquisar no Google para confirmar.

— E a partir daí, — conclui Kynan, — será necessário


pouco ou nenhum esforço com seus recursos para descobrir
que você trabalha para Jameson.

Não é nenhum segredo que eu trabalho aqui. Somos uma


empresa de segurança aberta com um site profissional, e
minha foto está lá como chefe de Pesquisa e Desenvolvimento.
Nenhum dos agentes de campo está listado, obviamente, mas
eu sou fácil de identificar.

Inclinando-me para trás na cadeira, olho para o teto.


Jess, Claire e Thea estarão seguras aqui em Jameson. Este
lugar está trancado como uma fortaleza, a menos que...

Minha cabeça se levanta. — Eles poderiam mirar neste


edifício. Se acharem que ela está aqui, eles podem atirar um
RPG4 no prédio e tentar matá-la.

— Altamente improvável, — Kynan zomba.

— Incrivelmente improvável, — afirma Jackson. — Eles


não querem matá-la rapidamente. Eles querem levá-la de
volta para Borovsky.

— Sim, eu estou bem ciente do que eles querem fazer


com ela, — eu rosno para Jackson.

— Desculpe irmão. Apenas mantendo-o realista.


— Isso só termina se Borovsky for pego, — penso
enquanto tento descobrir a maneira mais rápida de acabar
com isso. — E se quisermos acelerar isso, talvez precisemos
colocar a isca na frente dele.

— Você quer expor Jess? — Bebe exclama, horrorizada.


— Claro que não. Mas eles estão procurando por mim
também. Eu deixo eles me levarem, e você pode me seguir.

— Você está louco, — Bebe rosna como um tigre


enfurecido. — Você não é um agente de campo. Você não é
treinado para isso. Você é um maldito nerd que fica sentado
no computador o dia todo, Dozer.

Eu não digo nada, olhando para minha amiga com


determinação.

A cabeça de Bebe vira na direção de Kynan. — Diga a ele


que não, Kynan. Diga a ele que isso é ridículo e está fora da
mesa.

O olhar de Kynan se move em minha direção, sua


expressão inescrutável. — É uma ideia.

— Uma ideia horrível! — Bebe explode, levantando-se da


cadeira e batendo as mãos na mesa. Ela olha para Kynan
como se pudesse matá-lo.
— Babe, — Griff diz baixinho, colocando a mão na parte
inferior das costas dela.

— Não me acalme. — Ela afasta a mão dele e aponta um


dedo para Kynan. — Você tem o dever de proteger seu povo.
Se você deixar Dozer fazer isso, você está jogando-o aos lobos.

— Não é decisão dele, — eu digo com determinação,


deixando Kynan fora do jogo. — É minha.

Para minha surpresa, os olhos de Bebe brilham com


lágrimas. Ela bate neles com as costas da mão e sai furiosa
da sala de conferências, resmungando que somos todos um
bando de idiotas malucos.

Griff se levanta, com a intenção de segui-la.

— Não, — eu digo, levantando da minha cadeira. —


Deixe-me cuidar disso.

Não tenho certeza se Griff entregaria isso a qualquer


outro homem, mas ele sabe que Bebe e eu somos próximos.
Ele também sabe que é comigo que ela está chateada, e
preciso convencê-la a aceitar essa ideia.

Sua bunda abaixa para a cadeira.

Eu olho para Kynan. — Se você não se importa, eu


gostaria de explorar isso mais. Um plano sólido que podemos
colocar em jogo mais cedo ou mais tarde.

— Você consegue, — ele diz baixinho. Eu sei que ele não


gosta da ideia de que eu — com apenas um ano de
treinamento — seja capturado intencionalmente pelo inimigo,
mas meu cérebro se move muito mais rápido do que o deles.
Eles levarão alguns minutos para falar sobre isso e perceber
que esta é absolutamente a melhor e mais rápida maneira de
derrubar Borovsky.
Quando saio da sala de conferências, Bebe não está à
vista. Eu sei onde ela foi. Ao laboratório de Pesquisa e
Desenvolvimento do subsolo que ambos compartilhamos.
Ninguém pode entrar lá, exceto eu e ela, nem mesmo Kynan.
As fechaduras estão codificadas com nossas retinas e vozes, e
um de nós tem que estar lá para deixar alguém entrar. Ela
está se escondendo, envergonhada por suas emoções óbvias,
assumindo que Griff virá procurá-la.

Ela não ficará feliz em me ver, no entanto.

Mas eu tenho que fazê-la entender — esta é a melhor


jogada.
CAPÍTULO 8
DOZER
SIGO EM DIREÇÃO ao elevador exclusivo que só vai em
um sentido a partir deste nível, e que desce até o subsolo que
Kynan construiu sob o quartel-general. É diferente do antigo
elevador de carga com seu estilo aberto e portão de ferro, que
é mais para decoração do que segurança. A maioria das
pessoas pega a linda escada entre os andares. Em contraste,
o elevador do porão é pequeno, elegante e pode acomodar
apenas três pessoas.

No laboratório de pesquisa e desenvolvimento, vejo Bebe


através das portas de vidro sentada em sua estação de
trabalho, digitando furiosamente. Eu me inclino para o
scanner de retina e espero que o fino feixe verde passe sobre
meus olhos. Então eu digo meu nome para o reconhecimento
de voz, que não é realmente necessário como medida de
segurança, já que este lugar é tão seguro quanto Fort Knox.
Bebe e eu gostamos de brincar com novas medidas de
segurança, que por sua vez podemos vender aos clientes,
então estamos apenas testando a versão beta aqui.

Espero ouvir a fechadura se abrir na porta de vidro —


também à prova de balas, assim como todos os vidros deste
prédio, — mas nada acontece.

Franzindo a testa, inclino-me para a direita, examino


meus olhos novamente e falo meu nome.

Nada.
— Maldição, — resmungo enquanto bato na porta de
vidro. Aquela mulher entrou e desativou as medidas de
segurança, basicamente me excluindo.

— Bebe... abra a porra da porta, — eu grito, alto o


suficiente para saber que ela me ouve.
Ela me ignora, ombros curvados e dedos se movendo
pelo teclado.

Eu bato na porta novamente, continuamente e sem


parar. Eu grito o nome dela e continuo batendo para que ela
saiba que eu não vou parar este barulho, até que ela deixe
sua teimosa festa de piedade e me permita entrar.

A fechadura da porta clica e eu olho para baixo,


atordoado por um momento que ela cedeu tão rapidamente.
Eu puxo a maçaneta e entro. Quando a porta se fecha atrás
de mim, ela trava novamente.
Esfregando minha mão dolorida, eu me movo para trás
de sua cadeira, olhando por cima do ombro para ver que ela
está trabalhando dentro do BOB. Um simulador de missão,
um preditor de resultados e uma interface às vezes estranha
que quanto mais conhece as pessoas na Jameson, mais
precisas são suas previsões. Nós o usamos frequentemente
como um guia estratégico para nos ajudar a tomar decisões
táticas e de planejamento, e só tornamos o BOB mais
inteligente e forte ao continuarmos fornecendo informações.
Após cada missão, os principais pontos de dados são
determinados e inseridos, alimentando o BOB para que ele
possa continuar aprendendo com o que fazemos.
— Você vai falar comigo? Eu pergunto, tocando seu
ombro.

Bebe permanece em silêncio, digitando dados. Meus


olhos se movem para a tela e vejo as palavras aparecerem nos
campos de entrada.

Máfia Russa — Miami.

Assassinato.

Ivan Borovsky.
Limiar de treinamento baixo.

Amor não correspondido.

Nerd.
— Amor não correspondido? Nerd? — Eu exclamo,
empurrando a cadeira um pouco para chamar sua atenção. —
Que porra é essa?

Bebe gira em sua cadeira giratória e me encara. — Você


vai se colocar em perigo porque você a ama e ela não te ama e
você está tentando provar alguma coisa, — ela rosna em
acusação.

Eu acalmo meu temperamento para não inflamar o dela.


— Eu a amo, sim. Mas ela se importa profundamente comigo
também. Não sei se nosso amor é o mesmo, mas certamente
não é não correspondido. Jess faria a mesma coisa por mim
em um piscar de olhos, embora eu a machucaria se a pegasse
fazendo algo tão perigoso.
O ar saídos pulmões de Bebe, e ela parece encolher na
cadeira enquanto exala. — Você não está pronto para esse
tipo de trabalho, Dozer. No ano passado, você e eu
trabalhamos lado a lado. Em uma mesa. Você não é um
agente de campo.

— Posso ter trabalhado em uma mesa ao seu lado, mas


eu aprendi uma ou duas coisas. Armas de fogo, direção em
alta velocidade, artes marciais e até resistência à tortura.
— Treinamento, — ela diz suavemente. — Não é uma
experiência do mundo real.

Tentando aliviar o clima, dou uma risadinha ao apontar:


— Há um russo em Miami com uma bala na perna que diria o
contrário.

Para minha satisfação, os lábios de Bebe se curvam


levemente. — Você sabe o que eu quero dizer. E eu posso me
preocupar.
Eu me movo para o meu posto ao lado dela, puxando
minha própria cadeira giratória e sentando nela. Eu me
inclino para trás, estico as pernas e apoio um tornozelo sobre
o outro. — Você realmente tem permissão para se preocupar.
Mas isso não vai mudar minha determinação de fazer o que
for preciso para tirar Ivan Borovsky das ruas para que Jess
possa viver sua vida sem medo.

Bebe replica minha atitude, esticando suas pernas muito


mais curtas e cruzando-as no tornozelo. Ela cruza as mãos
sobre a barriga. — E quando ela voltar à sua vida normal, o
que você vai fazer? Percebi que você não nega amá-la.

— Claro que eu não nego, — eu zombo. — Bem, pelo


menos não para você.
— Você deveria falar com ela, — diz ela suavemente. —
Você precisa ter essa conversa.

— Nós meio que começamos a noite passada. — Conto a


Bebe sobre as perguntas irritantemente intrometidas do meu
pai sobre nós namorarmos e o momento que compartilhamos,
concordando que precisávamos conversar. — Mas não o
fizemos. Eu meio que me acovardei.

— Acho irônico que você esteja disposto a ser capturado


por um assassino condenado e correr o risco de tortura e
morte, mas não pode ter uma conversa sincera com Jess
sobre como se sente.
Sua alusão à covardia me irrita. — Eu posso totalmente
ter essa conversa, — afirmo. — A noite passada não foi a hora
certa.

— Quando será o momento certo? — ela pergunta.

Essa é a pergunta de um milhão de dólares, não é?


Felizmente, sou salvo de responder quando o
computador de Bebe toca. É um lembrete do BOB de que a
entrada de dados não foi concluída e salva.

Bebe se senta e gira a cadeira em direção ao teclado e ao


monitor. Eu rolo minha cadeira ao lado dela.
— Vou fazer um acordo com você, — digo a Bebe,
chamando sua atenção. — Vamos colocar todos os dados que
pudermos no BOB sobre esta missão — dados sérios, e não
amor não correspondido e merda de nerd — e se BOB cuspir
um plano alternativo, nós o consideraremos.

— Você vai fazer, não apenas considerar, — ela


interrompe, uma espécie de negociação. — E nós temos que
colocar que você a ama. Isso vai mostrar como você está
falhando em avaliar o risco corretamente.

— Ok. Vou deixar você escrever lá com uma linguagem


agradável que tenho sentimentos profundos pela pessoa que
estou tentando proteger.

— Tudo bem, — ela resmunga, mas então uma ideia


parece surgir, seus olhos se iluminando. — E se BOB cuspir
uma alternativa para sua ideia maluca, você tem que contar a
Jess a verdade sobre seus sentimentos antes de ir para a
cama hoje à noite.

Faço uma pausa considerando, porque essa é uma


aposta séria. Não tenho certeza se estou pronto. Na verdade,
me sinto mais pronto para ser refém de Ivan Borovsky do que
a aterrorizante perspectiva de descobrir que não há nada
romântico entre mim e Jess. Porque talvez seja isso que ela
quer falar. Para me decepcionar.

Bebe me encara resolutamente.

— Tudo bem, — eu murmuro e, em seguida, aceno para


o monitor. — Mas se meu plano for uma recomendação, você
não vai mais brigar comigo.

Bebe não concorda imediatamente, um músculo tenso no


canto de seu queixo cerrado. Finalmente, porém, ela diz: —
Tudo bem.
Eu sorrio para ela. — Bom. Vamos inserir.

Ela e eu lançamos ideias — frases e informações para


BOB considerar. Temos que definir as palavras exatas porque,
a menos que haja clareza absoluta, BOB pode entrar em uma
toca de coelho.

Eu concordo em deixar Bebe entrar, — agente Jameson


apaixonado por cliente, — porque, bem… é verdadeiro. Na
real, tem sido verdade para muitos dos casos em que os
outros agentes da Jameson estiveram envolvidos. Este não é
um conceito novo para a empresa ou para o BOB, aliás.

Quando terminamos, nos acomodamos e esperamos os


resultados, que não saem imediatamente. BOB tem que
ponderar, filtrar, classificar, comparar, eliminar e estudar
tudo.

É tudo sobre algoritmos.

Enquanto esperamos, pergunto a Bebe sobre o próximo


casamento dela e de Griff. Ela não vai ter uma dama de
honra, mas me pediu para ficar ao seu lado no lugar da dama
de honra. Na verdade, estou ansioso por isso, embora não
seja muito fã de discutir flores e bolo de casamento.
No entanto, eu prefiro discutir planos de casamento do
que ter que enfrentar Bebe quando ela pergunta: — Por que
você nunca me contou sobre Jess e Thea?

Eu reviro os olhos. — Já tivemos essa conversa.


— Não, na verdade não. Não cara a cara. Você me falou
ao telefone sobre coisas superfíciais. Mas honestamente,
meus sentimentos estão feridos, eu não sabia sobre essa
pequena unidade familiar que você tinha em Miami. Tem que
ser mais do que 'nós éramos apenas amigos e não havia nada
para contar.' Ela é uma mulher com quem você se importa
tanto, que está disposto a morrer por ela, e eu nunca soube.

Olho para ela pensativo, não porque não entenda a


pergunta, mas porque não quero responder.

Eu solto um suspiro forte, esfrego a parte de trás do meu


pescoço, que já está tenso com a tensão. Avalio se há alguma
margem de manobra, para que Bebe me deixe escapar com
alguma desculpa vaga para o meu descuido.
Eu posso ver pela ferocidade de sua expressão, ela não
vai deixar passar — ela sabe que há mais na história do que
já contei a ela.

— Eu estava com vergonha, — eu digo, tentando resumir


uma situação complicada com o mínimo de palavras possível.

Bebe pisca. — Sobre o que?

— Que havia essa mulher linda, inteligente, gentil e


amorosa com uma criança incrível que é como minha própria
filha, e não fiz uma única tentativa para descobrir se poderia
ser mais. Eu nunca tive coragem de tentar, sempre dizendo a
mim mesmo que isso arruinaria a amizade. Eu sabia que se te
contasse, você me forçaria a fazer alguma coisa, e eu estava
com muito medo. Eu sei que isso me faz parecer um completo
punk, mas na minha cabeça, Jess está fora dos limites. Ela
era de Chase e não minha, e eu aceitei. E a coloquei nesse
tipo de bolha que guardei comigo, não a deixei sair porque
isso significava que eu poderia me machucar se ela não
sentisse o mesmo. Eu tinha vergonha de não ter coragem de
fazer o que seria melhor para mim e não queria que você me
olhasse como um fracassado.

E me preparo para Bebe me chamar de idiota como ela


fez quando me deixaram no aeroporto anteontem, mas em vez
disso, ela parece pensativa.

— Isso faz algum sentido, — ela finalmente admite. —


Mas também vou chamar de besteira. Eu poderia ter
encorajado-o a fazer um movimento, mas não teria ficado
parada. Você deveria ter confiado em mim o suficiente para
me contar seu problema. Eu poderia ter sido uma boa ouvinte
para você.

— Eu sei disso agora, — eu asseguro a ela. — Você já me


deu o melhor conselho que é não esperar para dizer o que é
importante e precisam ser ditas.

Ela balança a cabeça, principalmente apaziguada, mas


posso ver que ela ainda está um pouco irritada. — Promete
que vai ter essa conversa mais cedo ou mais tarde?
— Eu vou, — eu digo, não hesitando em fazer tal pacto,
já que a frase mais cedo ou mais tarde é bastante subjetiva no
que diz respeito a prazos.

BOB emite um sinal sonoro de três cliques, indicando


que os resultados estão chegando e também encerrando
efetivamente essa conversa, por enquanto. Bebe e eu nos
inclinamos para frente em nossas cadeiras, olhando para a
tela.
O BOB geralmente oferece no mínimo dois planos de
ação propostos, às vezes três. Neste caso, existem apenas
dois, mas não importa qual seja o segundo.

Somente o primeiro.

Levo alguns segundos para ler o suficiente para saber


que ganhei. — Ah! — Eu exclamo alegremente, bombeando
meu punho. — Eu sabia que meu plano era o melhor.
Bebe aponta para a tela. — Mas veja... há uma segunda
opção. Diz que se abrigar e deixar a polícia capturá-lo é uma
boa...

— Não, — eu respondo, pulando da minha cadeira e


fazendo uma dança da vitória. — Um acordo é um acordo.
Chega de discutir sobre esse plano.

— Tanto faz, — ela responde, saindo de seu computador.


— Vamos, — eu digo, apontando para a porta. — Vamos
voltar para a sala de conferências e começar a montar um
plano.
Bebe se levanta da cadeira e me precede no laboratório
de pesquisa e desenvolvimento. — Você vai planejar. Vou
pegar um café lá em cima. Eu vou descer mais tarde.

— Bebe, — eu digo, estendendo a mão e segurando seu


ombro levemente para que ela não possa se afastar mais. Eu
a forço a me olhar. — Este é o melhor plano. Kynan não vai
deixar isso acontecer sem todas as contingências de
segurança em vigor. Eu confio nele, e você também deveria.

Ela suspira, seus ombros relaxando. — Eu sei. Eu sei


disso na minha cabeça. É o meu coração me dizendo algo
diferente.

Eu puxo Bebe para um abraço, e ela me retorna com


força. — Vai tudo ficar bem. Eu prometo.

— Famosas últimas palavras, — ela diz com um forte


suspiro.

Espero que ela não esteja certa sobre isso.


CAPÍTULO 9
JESSICA
EM MEUS TRINTA E UM anos, nunca estive em
Pittsburgh. Eu amei como Thea suspirou — assim como eu —
saindo do túnel Fort Pitt, vendo uma bela cidade
magicamente aparecendo diante de nós. Dozer apontou
alguns pontos de referência e edifícios. Eu estava um pouco
nervosa enquanto ele nos conduzia por uma bela área do
centro da cidade, direto para o que parecia ser uma série de
prédios abandonados, becos escuros e indivíduos saindo nas
esquinas, parecendo que realmente não estavam fazendo
nada bom.

O quartel-general da Jameson está em ruínas, na melhor


das hipóteses, e fiquei chocada quando ele apontou. Um
armazém abandonado com exterior de tijolos vermelhos
descolorido e decorado com grafite, eu não conseguia
imaginar uma empresa de segurança de elite hospedada lá
dentro. Mas então entramos em uma garagem subterrânea
segura, e a próxima coisa que percebi foi que Dozer usou um
scanner de retina saído de um filme de James Bond, para
entrar no prédio. Ele explicou que o primeiro andar foi
mantido como estava na compra, caso alguém estivesse
curioso o suficiente para limpar a sujeira externa das janelas
e ver se havia algo dentro que valesse a pena roubar.

Não que eles pudessem passar por aquelas janelas


cobertas de sujeira. Elas são construídas com placas de
acrílico indestrutíveis que não podem ser perfuradas.

Dozer nos levou por um elevador de carga com um


portão de ferro antigo até o quarto andar, onde entramos em
uma cozinha social e sala de estar, juntamente com
apartamentos pessoais onde ficaremos por enquanto.
Fomos recebidos por Joslyn McGrath — anteriormente
conhecida como Joslyn Meyers, atriz e musicista
mundialmente famosa. Eu pensei que estava preparada para
este encontro, pois sabia que ela se casou com o dono da
Jameson, mas você fica realmente preparada para conhecer
um ícone famoso como ela?

Joslyn é tão calorosa, pé no chão, gentil e generosa


quanto Dozer me garantiu que seria. Ela nos recebeu, deu
leite e biscoitos a Thea e preparou deliciosos cappuccinos
para minha mãe e para mim. Dozer desceu ao segundo andar,
que é onde muitos negócios são conduzidos, para começar a
planejar como acabar com essa bagunça com Borovsky, e
Joslyn nos manteve entretidas.

Ela nos deu um passeio pelo quarto andar, terminando


no apartamento onde vamos ficar. É um pequeno
apartamento de dois quartos que foi lindamente mobiliado e
decorado, e ela me garantiu que tem lençóis macios e frescos
nas camas. Embora tenha uma pequena cozinha, Joslyn nos
convidou a fazer uso da cozinha social maior que está
totalmente abastecida. Ela foi embora, tendo outras coisas
para fazer, e minha mãe e eu nos acomodamos da melhor
maneira que sabemos, desempacotando nossas coisas e
guardando-as em gavetas e armários.

Para passar o tempo até o retorno de Dozer, faço alguns


jogos com minha filha e assistimos TV. Quando Thea pede
para assistir Raya and the Last Dragon pela centésima vez,
decido me aventurar na área da cozinha social para
experimentar aquela máquina de café chique.

— Quer outro cappuccino? — Eu pergunto a minha mãe


antes de sair.

— De jeito nenhum, — ela exclama do sofá onde ela está


abraçada com Thea. — Embora tenha sido bom, não estou
acostumada a mais do que uma xícara de café de manhã e já
estou me sentindo agitada.

Eu sorrio e saio do apartamento, por um instante


sentindo que preciso trancar a porta com a chave que Joslyn
me deu, mas então me lembro que estamos perfeitamente
seguras dentro deste prédio. Dozer me disse que todo o
perímetro tem câmeras externas que são monitoradas, além
de alarmes sensíveis e um arsenal bem abastecido que
qualquer um dos agentes de segurança aqui poderia acessar
para nos proteger. Não há lugar mais seguro.

A área social está vazia, mas imagino que em breve


haverá algum tráfego. Joslyn me disse que a maioria das
pessoas que trabalham dentro do prédio almoçam aqui em
uma das muitas mesas espalhadas, ou podem relaxar nos
móveis macios e assistir TV na grande sala de estar.
Mas, por enquanto, sou só eu, e preciso descobrir essa
máquina de café extravagante.

Eu localizo uma xícara, tendo me lembrado do armário


exato de onde Joslyn as tirou. Ela explicou o funcionamento
da máquina enquanto fazia a primeira, e percorro as várias
configurações e pressiono o botão que espero que me dê um
bem espumoso café.
Não sai nada além de um leve silvo de vapor.

— Hmm, — murmuro para mim mesma, perplexa.

— Você esqueceu de escolher o tamanho do copo


primeiro, — uma voz profunda diz atrás de mim.
Eu me viro, os olhos esbugalhados um pouco quando
vejo o homem parado ali... sem camisa com os músculos
aparecendo em todos os lugares e uma toalha ao redor do
pescoço. Ele está molhado de suor, e presumo que acabou de
se exercitar na academia da empresa. Seu rosto é
extraordinariamente bonito, com olhos azuis e cabelos
escuros cortados rente ao couro cabeludo.

Ele aponta para a máquina. — Tamanho da xícara


primeiro, depois escolha a função.

— Ah, tudo bem, — murmuro e me viro para seguir suas


instruções — gotas de espuma pingam na xícara. Olho por
cima do ombro para ele e sorrio. — Obrigada.
— Claro, — diz ele, movendo-se para o lado oposto da
grande ilha. — Você deve ser Jess.
Virando-me para encará-lo, eu aceno. — Eles enviaram
um e-mail para toda a empresa ou algo assim?

O homem ri facilmente. — Na verdade, eles fizeram, o


que é útil, já que sou novo aqui e não conheço muitas
pessoas. Hoje é meu segundo dia.
— Oh, bem... bem-vindo, então. — Eu aponto para a
máquina, um pedido silencioso se ele quer que eu faça uma
xícara para ele, e ele balança a cabeça. Bebo o cappuccino e
esclareço: — Não que eu tenha algum status oficial na
companhia para dar as boas-vindas, mas já que vamos ficar
aqui e tudo mais.

— Eu sou Kellen McCord, — diz ele e estende as mãos


para o lado. — Eu me ofereceria para apertar, mas minhas
mãos estão suadas.

— Prazer em conhecê-lo, Kellen. Você obviamente sabe


que eu sou Jess. Você já conheceu Dozer?
Ele balança a cabeça. — Vamos fazer um jantar em
grupo hoje à noite, então imagino que terei muitas
apresentações. Mas uma das primeiras coisas que aprendi ao
chegar, foi como usar a máquina de café, então não sou sem
talento aqui.

Movendo-se ao redor da ilha até o corredor que leva aos


apartamentos — onde suponho que esteja hospedado — ele
dá um aceno curto. — Prazer em conhecê-la. Vejo você no
jantar hoje à noite.
— Sim, — eu respondo enquanto o vejo ir embora. —
Vejo você à noite.

— Se importa de fazer outra xícara de café?


Eu me viro para a voz atrás de mim e vejo uma mulher
parada no topo da escada dos andares inferiores — pequena
com cabelos pretos presos em um rabo de cavalo.

— Você deve ser Bebe, — eu digo antes que ela possa


oferecer a apresentação. Dozer falou tanto sobre ela no ano
passado que sinto que a conheço pessoalmente.

— E você é Jess, — diz ela com um amplo sorriso,


movendo-se para a cozinha. Para minha surpresa, ela me dá
um abraço, que retribuo com um braço só com meu café na
outra mão. Quando se afasta, ela acena em direção ao
corredor e sussurra. — Vejo que você conheceu o Sr. Alto,
Moreno e Bonito.
Rindo, eu sussurro de volta, — Eu vou admitir que ele
está bem pra caramba. Eles são todos fortes dessa maneira?

— Sim, eles são, — ela responde com firmeza, virando-se


para a máquina de café expresso e pegando uma bebida. —
Até meu Griff é, embora ele seja tecnicamente do FBI, mas ele
anda muito aqui.

Eu aceno e bebo meu cappuccino. — Até mesmo seu


gênio tecnológico residente é construído como um tanque.
— Dozer vai dizer que ele trabalha duro para ter esse
corpo, — ela brinca. — Tem que treinar todos os dias, ou ele
fica mal-humorado.

Minha mente divaga porque enquanto Kellen McCord


estava no alto da escala quente, ele não tem nada de Dozer,
na minha opinião. Eu não compartilho isso com Bebe.
— Como vão as coisas lá embaixo? — Eu pergunto em
vez disso, morrendo por uma informação.

Ela encolhe os ombros, sua expressão se fechando. —


Nada conclusivo ainda. A polícia não tem nenhuma pista
sólida sobre Borovsky.

Meu coração encolhe não apenas por suas palavras, mas


pelo tom de sua voz. Parece triste e um pouco sem esperança.

De costas para mim, Bebe trabalha a máquina para


produzir o que parece ser um expresso duplo. Quando ela o
tem na mão, acena para os bancos do outro lado da ilha e se
move para lá. Eu a sigo, e uma vez que estou sentada, suas
primeiras palavras me surpreendem. — Estou um pouco
chateada com Dozer.

Minhas sobrancelhas levantam. — Por que?

Bebe olha para o lado por um momento, depois de volta


para mim com um encolher de ombros. — É que… você é uma
parte muito importante na vida de Dozer — junto com sua
filha, é claro — e eu nunca soube de você. Você é tão especial
para ele, e eu não sabia disso, e supostamente somos
melhores amigos.
— Ou, — eu penso com uma torção no meu estômago, —
eu não sou especial, já que ele não te contou sobre mim.

Bebe acena com a mão e zomba. — Você é especial.


Confie em mim.
— Você perguntou a Dozer por que ele não lhe contou?
— Isso é mais curiosidade da minha parte, porque agora
estou começando a duvidar do quanto ele se importa se não
contou a essa mulher, de quem eu sei que é incrivelmente
próximo.

— Sim, e no que diz respeito às desculpas, não foi


horrível. — Seu tom é tal que eu posso dizer que ela não vai
revelar nenhuma das confidências de Dozer para mim, e
enquanto eu adoraria saber onde está a cabeça daquele
homem, também a respeito por ser uma boa amiga. Bebe se
inclina para frente em sua cadeira. — Posso te perguntar uma
coisa pessoal?

O fato dela ter acrescentado a palavra pessoal me diz


para ser cautelosa, mas Bebe tem essa naturalidade genuína
que me diz que ela não faz perguntas pessoais, a menos que
as considere necessárias. Em outras palavras, ela não parece
ser do tipo que prospera em conversas frívolas.
— Claro, — eu respondo facilmente.

— Quais são seus sentimentos por Dozer?

Seis pequenas palavras que se somam a uma grande


questão.
— É complicado, — eu digo.

— A maioria dos sentimentos são, — ela responde com


um olhar conhecedor. — Pergunte ao meu noivo Griff. Ele
pode lhe contar histórias de como ele tentou filtrar minha
merda de sentimentos.
Eu rio, balançando a cabeça em compreensão. Brincando
com a borda da minha xícara, conto a ela a verdade sobre
Dozer. É a mesma verdade que eu já disse a ele. — Eu o amo.

— Que tipo de amor? — ela pergunta. Claramente, ela


estava antecipando minha resposta, pois quer mais
esclarecimentos.

— O tipo confuso, — eu respondo triste. — O tipo


abrangente. O tipo em que não tenho certeza de onde as
linhas entre amizade e amantes são confusas.
— Vocês são amantes? — Bebe desabafa.

— Não. — Estou alarmada que ela até tenha sugerido


isso, mas não tenho medo de admitir, pelo menos para mim
mesma, que pensei nisso uma vez ou dez vezes. — Mas…
estamos falando de sentimentos que estão superando a
amizade, então obviamente algo para se pensar.

Ou melhor, nem pensar tanto.

Tomo outro gole, coloco a xícara na mesa e então me


divirto com a minha curiosidade com a melhor amiga de
Dozer. Ela fez perguntas de sondagem, então por que eu não
deveria? — Quais são os sentimentos de Dozer por mim?
O olhar que ela me dá é acusatório. Ela é sua confidente
e não vai revelar nada do que Dozer divulgou.

Em vez disso, ela me dá um conselho. — Por que você


não senta e conversa com ele sobre seus... hum...
sentimentos complicados?

Isso é fácil. — Porque uma vez que eu disser-lhe, se ele


não sentir o mesmo, não posso voltar atrás. Eu não posso
tirar o constrangimento que virá e a forma inevitável como ele
vai equilibrar cada coisa que digo para ver se estou
perdidamente apaixonada por ele. Eventualmente, isso fará
com que ele saia de nossas vidas.

Para minha surpresa, Bebe ri, e não é apenas uma


risada leve. É uma risada profunda, e joga a sua cabeça para
trás. Quando ela traz seus olhos para mim novamente, diz: —
Deus, você é fodidamente adorável. Assim como Dozer.

— Hum... obrigada, — eu falo lentamente, sem ter


certeza se fui elogiada ou insultada.
Bebe pula do banco, termina seu café expresso e coloca a
xícara na mesa. Ela coloca as duas mãos em meus ombros e
aperta. — Meu maior conselho para você é ser honesta com
seus sentimentos. Nada de bom virá, se manter as coisas
dentro.

Esse conselho é realmente desperdiçado em mim. Não


porque não é bom, mas porque é bom demais. Eu já havia
considerado isso como o curso de ação mais sábio, e ainda
assim tenho medo de seguir em frente.
— Vamos jantar aqui esta noite na área social, — diz
Bebe enquanto volta para a escada, olhando uma vez por
cima do ombro. — Espero conhecer Thea e sua mãe.

— Obrigada, Bebe. Você me deu muito em que pensar.

Ela sorri. — Só quero o melhor para Dozer, e acredito


que seja você. Você só precisa acreditar também.

Fico atordoada quando as lágrimas ardem em meus


olhos e pisco rapidamente. Como essa mulher tem tanta fé em
mim está além da compreensão, mas ela aparentemente vê
algo de valor.

— Eu sei, — murmuro. Eu também quero o melhor para


Dozer, e talvez seja eu.
CAPÍTULO 10
DOZER
AJUSTANDO-ME NO sofá, olho para a tela escura da TV.
Não estou cansado, embora esteja ficando tarde. Eu tenho
muitos pensamentos girando na minha cabeça para encontrar
alguma paz no sono.

Tudo está tranquilo na área social. Eu decidi ficar em um


apartamento Jameson ao lado daquele em que Jess, Claire e
Thea estão. Por um lado, sinto que deveria colocar um espaço
entre mim e Jess, pois a ameaça de realmente precisar
confrontar os sentimentos pairam sobre mim. Estou
enfrentando uma merda séria para mantê-la segura e não
posso me distrair.

Por outro lado, quero estar perto, caso ela precise de


mim. Eu quero que ela precise de mim.

De todas as maneiras.

Kynan quer que eu fique aqui. Se Borovsky tem as


conexões certas, já fui identificado e os russos podem invadir
minha casa a qualquer momento. Ainda não aconteceu, e
minha casa tem a mesma segurança de última geração que
oferecemos aos nossos clientes, incluindo câmeras de visão
noturna que cobrem todos os ângulos da minha propriedade.
Além disso, nosso software de segurança pode identificar a
diferença entre um humano se esgueirando e um esquilo
inoportuno para que apenas ameaças legítimas sejam
sinalizadas.
Eu deveria me sentir mais à vontade depois da reunião
desta noite. A área social estava cheia de pessoas,
principalmente para dar as boas-vindas ao mais novo
membro, Kellen McCord, à nossa equipe. Todos os agentes de
campo de Pittsburgh que não estavam em missão ativa
apareceram, alguns com seus outros significativos, até Rachel
voou de Las Vegas, embora ela tivesse outros negócios para
discutir com Kynan. Ela vem trimestralmente discutir
questões de gestão.

A atmosfera estava leve e festiva. Usando um fornecedor


aprovado e confiável, Joslyn organizou o evento, e foi uma
alegria ver Thea correndo por aí, recebendo atenção especial
de todos por ser a criança mais fofa do mundo.
É certo que não gostei de ver Kellen flertar com Jess.
Eles aparentemente se conheceram no início do dia, mas tive
a chance de falar com ele mais tarde e descobri que tem uma
namorada que aparentemente, ele adora na Costa Oeste.

Ainda assim, fiquei de olho nele.

Aos poucos, a festa foi se dissolvendo. Começou com um


bocejo de Thea, então Claire a levou para a cama, e dentro de
uma hora, quase todos tinham saído, exceto Joslyn, Kynan,
Bebe, Griff, eu e Jess, que ajudamos na limpeza do bufê.

Eu subconscientemente evitei Jess a maior parte da


noite, não me deixando ser pego sozinho com ela. Com medo
de que ela quisesse — conversar, — e eu não estava pronto.
Enquanto ela, Bebe e Joslyn limpavam a cozinha, Griff e eu
pegamos xícaras vazias na sala de estar.
— Você é muito bom com Thea, — ele disse de improviso,
achei um comentário estranho para dizer do nada. Eu fiz uma
careta para ele, e ele riu. — Só estou dizendo… como um
homem que se apaixonou por uma mulher que tem um filho,
sei que pode ser difícil fazer isso funcionar. Você faz parecer
tão fácil, aquela garotinha pensa que você anda sobre a água.

Estou animado com essa observação, especialmente


porque nada disso parece trabalho no que diz respeito a Thea.
Grande parte da noite, enquanto ela pulava entretendo todo
mundo, na maioria das vezes ela voltava para mim pedindo
atenção. Eu amo tanto aquela menina, que realmente
morreria se algo acontecesse com ela.

É por isso que estou mais determinado do que nunca, a


fazer o que for preciso para colocar Borovsky de volta na
prisão ou seis metros abaixo do chão.

O planejamento está em andamento. Vamos precisar me


colocar como isca e torcer para que Borovsky engula.
Precisamos garantir que meus caras aqui, tenham todos os
recursos necessários para me rastrear até Borovsky e
derrubá-lo.

Bebe está atualmente no laboratório de P&D


aprimorando uma tecnologia de microrastreamento em que
estamos trabalhando juntos, que será o pivô de toda a nossa
estratégia. Eu insisti em ajudá-la, mas ela recusou. Ela me
disse que há perigo em eu estar excessivamente envolvido em
tudo. Ela não queria que eu me esgotasse tentando
microgerenciar todos os detalhes, e isso ressoou. Do jeito que
está, confio implicitamente em Bebe para desenvolver o que
preciso e testaremos juntos quando estiver pronto.

Até lá, porém, esperamos.

Sabendo que quero acordar cedo amanhã para ir à


academia, decido me forçar a deitar na cama e espero que o
ato de ficar debaixo de um cobertor, possa me relaxar o
suficiente para adormecer. Eu me levanto do sofá, desligo o
abajur da mesa lateral e ando pela sala escura até o único
quarto.

Uma batida na porta me assusta um pouco e franzo a


testa. Todos saíram da área social há mais de uma hora, e
presumo que Claire, Jess e Thea estejam mergulhadas em
sonhos agradáveis.

Kellen, talvez?
Vou até a porta e a abro sem me incomodar em olhar
pelo olho mágico. Não importa quem está do outro lado, são
amigos e não inimigos.

Para minha surpresa, não é Kellen parado ali. É Jess.

Cristo, uso toda a minha determinação para mantê-la à


distância enquanto admiro sua beleza. Como diabos, ela faz
calças de moletom azul-marinho e uma camiseta de manga
comprida parecerem tão sexy?
— E aí? — Eu pergunto, abrindo mais a porta para ela
entrar.
Ela passa, cheirando a flores doces, e fecho meus olhos
brevemente para sentir o aroma. Eu comentei sobre isso uma
vez há alguns anos, e ela me disse que era sua loção corporal
favorita. Eu quase perguntei a marca para que pudesse
comprar para ela no Natal ou no aniversário dela, mas então
decidi que não queria ficar pensando nela colocando loção em
seu corpo, porque isso levaria meus pensamentos para uma
toca de desejo. Eu não tinha nada que atravessar.

— Podemos falar? — ela pergunta sem olhar para mim.


Ela passa direto para o sofá que acabei de desocupar.

Essa palavra temida... conversar.

— Estou realmente cansado e indo para a cama, — digo


sem fechar a porta.

Ela acende a lâmpada e me lança um olhar exasperado.


— Você é uma coruja noturna como eu, Dozer. Pare. Você tem
me evitado a maior parte da noite, e realmente preciso que
você me diga qual é o plano que sua equipe elaborou. Odeio
não saber.
Suspiro alto demais, aliviado por ela querer falar sobre
Borovsky e não sobre nossos sentimentos um pelo outro. Jess
inclina a cabeça com curiosidade.

Acenando, eu me movo em direção ao sofá. — Desculpe...


só tenho um monte de coisas passando pela minha mente.

Ela acena com a cabeça em compreensão. — Que nunca


pensou que estaríamos fugindo para proteger nossas vidas,
certo?
— Okay, certo.

Nós dois nos sentamos no sofá, em extremidades


opostas. Ela enrola as pernas sob ela - um flash de lindos
dedos dos pés pintados de coral — e coloca um braço sobre as
costas do sofá para me estudar. — Você parece tenso.
— Temos um lunático querendo te matar. Estou tenso.

É algo que poderíamos ter rido, considerando todas as


coisas, mas essa merda é real e grave.

Ela acena com a cabeça novamente, uma expressão séria


em seu rosto. — Que plano você elaborou hoje?
Eu estive esperando por esta pergunta, e tenho a mentira
em meus lábios, pronto para sair. Decidi que não poderia
contar a ela nosso plano ainda, porque ela fará tudo ao seu
alcance para impedi-lo. Ela iria tão longe a ponto de se
colocar em perigo para me impedir de me colocar em perigo, e
embora eu nunca tenha mentido para essa mulher na minha
vida, tenho que mentir agora.

— Neste momento, depois de conversar com as agências


policiais envolvidas, achamos que é melhor ficarmos aqui,
para dar a eles a chance de pegar Borovsky.

— Eles vão pegá-lo? — ela pergunta duvidosamente.


— Eles têm a polícia local, FBI e delegados federais nisso,
— asseguro.

Jess suspira, descansa a cabeça no braço e me olha. —


Acho que não podemos fazer mais nada.
Não afirmo isso, porque não quero mentir para ela mais
do que o necessário. Em vez disso, pergunto: — Como você
está? Sua mãe e Thea?

— Mamãe está bem, — diz ela com um sorriso suave. —


Você sabe que ela é praticamente imperturbável. Thea acha
que esta é apenas uma aventura divertida. Estamos
escondemos tudo dela, então está feliz e alheia.

— E você? — Eu pergunto, já que ela reteve essa


informação.

— Estou bem. Eu me sinto segura, mas também não


quero que isso continue por muito tempo. Tenho uma vida em
Miami. Um trabalho e alunos dependendo de mim.

Meu estômago se revira com a certeza de que sua vida


está em Miami. É outra coisa que nos separa... a distância.
Isso nunca poderia funcionar.

— Nós realmente precisamos de vinho, — diz ela,


levantando a cabeça com um sorriso malicioso. — Sempre
temos nossas melhores conversas no sofá com vinho.

Eu rio, porque isso é verdade. Tivemos tantos ao longo


dos anos, não consigo me lembrar de todos eles. — Se eu
tivesse vinho, oferecia-lhe uma taça. Mas este apartamento
está vazio.

— É legal, — diz ela, olhando ao redor da sala. — Que


Kynan oferece essas acomodações para seus funcionários.
Certamente está facilitando a transição para Kellen.
— Oh sim? — Eu pergunto curiosamente, imaginando o
quão bem ela o conheceu esta noite.

Ela acena com a cabeça, um brilho carinhoso em seus


olhos. — Ele ainda tem sua casa na Califórnia que está
tentando vender. A namorada dele está lá com o cachorro
dele, Bubba, e...
— Bubba? — Eu pergunto com uma risada. — O
cachorro dele não é um policial K9 ou algo assim?

— Um Malinois belga. Ele me mostrou cerca de cem fotos


hoje à noite, e ele é tão bonito.

— Mas Bubba? — Eu não posso envolver minha cabeça


em torno disso. — Bubba é algo que você nomeia seu cão de
caça.

Jess ri. — Bubba é apenas um apelido, na verdade. Seu


nome verdadeiro é Omega, mas Kellen o chama de Bubba.
Acho fofo, mas concordo — esse nome não inspira medo e
respeito.

Rindo, reconheço que o nome não significa nada. —


Suponho que se ele está fazendo seu trabalho corretamente,
nenhum criminoso vai tirar sarro desse nome.

— Tão verdade, — ela ri, e foda-se... eu realmente amo a


risada dela. Gargalhada e alegria, tão sexy quanto doce.

Essas são as conversas no sofá que eu mais amo.


Quando podemos rir de coisas bobas.
Em seguida, adoro nossas conversas profundas sobre
política, filosofia, religião. Sempre fomos assim, desde o
primeiro ano. Chase era mais do tipo — vamos contar piadas
tomando cerveja, — mas Jess era, na verdade, a mais
intelectual de nós três. Apesar de sua natureza artística
inerente, ela queria descascar as camadas de tópicos
profundos, para debatê-los.

Eu poderia falar com ela por horas.

E embora eu odeie pensar na noite em que ela chorou no


sofá, enquanto contava seus sentimentos mais íntimos de
vergonha sobre Borovsky — até hoje ainda provocando
pensamentos assassinos dentro de mim — eu não trocaria
esses momentos por nada. Significa o mundo para mim que é
no meu ombro que ela queira chorar.

O último humor de Jess morre, e seus olhos giram com


sérias intenções. — Podemos falar sobre nós?

Porra.

Minha cabeça se inclina para trás, completamente pego


desprevenido. Ela me puxou para a complacência, o conforto
de uma amizade conhecida, e esqueci por alguns minutos
abençoados que tínhamos algo sério pairando sobre nós.

— É realmente a hora? — Eu resmungo, minha garganta


de repente muito seca.

O olhar que ela me dá é de carinho e pena. — Eu sei que


discutir sentimentos é difícil para você, Dozer...
— Errado, — eu interrompo, um pouco ofendido por ela
me considerar fraco nessa parte. Chase era aquele que não
discutia sentimentos, e porque ele nunca quis admitir para
ela que não podia se comprometer. Eu não sou esse homem.
— Não é difícil para mim discutir meus sentimentos com você.
É só que vai ser uma conversa crucial, e estamos prontos
para nossas vidas mudarem enquanto temos o perigo à
espreita em cada esquina?

Ela inclina a cabeça, seus cachos negros balançando


com o movimento. — Você tem razão, mas honestamente,
preciso falar sobre isso. Parece mais importante para mim do
que Borovsky.

Há algo em sua voz que nunca ouvi antes. Como se ela


estivesse perdida e houvesse um desespero inflexível para
encontrar o caminho de volta. Eu não ouvi esse tom quando
Chase morreu ou mesmo quando passou por toda aquela
merda com Borovsky.

Nunca ouvi essa mulher — uma das mais fortes que


conheço — soar tão vulnerável.

Isso me leva a inclinar para frente e pegar a mão dela,


que repousa nas costas do sofá. Eu aperto, e não solto. —
Vamos conversar então.

Ela solta um suspiro de alívio, levantando os cabelos do


rosto brevemente antes de caírem para trás. — Se eu entendo
a breve conversa que tivemos em Miami, você e eu podemos
ter sentimentos mais fortes um pelo outro, do que estávamos
dispostos a admitir, e descobrimos isso recentemente.
— Não tão recentemente para mim. — É uma
proclamação ousada. — Desde o começo para mim.

Os olhos de Jess brilham com tristeza. — Eu gostaria de


ter percebido. As coisas poderiam ter sido diferentes.

— Não, — eu corro para assegurar. — Você estava com


Chase. Você teve Thea. Thea foi o melhor resultado que todos
nós tivemos com isso.

Sua cabeça cai, o olhar vai para seu colo enquanto ela
processa. Quando levanta os olhos de volta para os meus, ela
pergunta: — Faz sete anos desde que ele morreu. Por que
estamos apenas falando sobre isso só agora?

— No começo, eu não queria traí-lo. — Eu aperto sua


mão novamente, uma pontuação de quão sério estou sendo.
— Chase era seu. Ele também era meu... meu melhor amigo.
Na minha cabeça, ele estava sempre observando do além.
Querendo que eu cuidasse e protejesse você, mas nunca,
jamais, ele quis que eu fosse mais.

Jess sorri quase com tristeza. Ela conhecia Chase tão


bem quanto eu. Ele não se comprometeria com o casamento,
mas era muito possessivo com Jess. Ele seria do tipo que não
suportaria pensar nela com outra pessoa.

— Eu posso entender, — ela sussurra. — Mas… depois


de Borovsky, quer dizer, chegou um momento em que
namorei de novo. Como é que você...

— Eu não tenho respostas, Jess. Acho que medo. Eu não


queria estragar nada e, francamente, estava bastante
convencido de que era uma via de mão única. Achei que você
nunca me veria como mais do que como amigo.

— Deus, — ela exclama, puxando a mão da minha e


cobrindo o rosto. — Nós somos tão estúpidos.
Ela me olha abrindo as mãos, então elas caem. — Eu
pensei a mesma coisa. Que você não devolveria meus
sentimentos. Você parecia distante como algo mais do que um
amigo. Eu não queria ser rejeitada.

— Se tudo que eu pudesse ter fosse amizade, então teria


que ser o suficiente, — eu digo, terminando seu processo de
pensamento. Conheço bem. Ficamos longe um do outro
romanticamente porque compartilhávamos os mesmos medos
e inseguranças.

Jess sorri do outro lado do sofá, e posso dizer pela


expressão dela que as rodas estão girando. E então ela faz o
inacreditável.

A coisa que eu fantasiei por anos.

Ela fica de joelhos no sofá, se inclina para frente e


começa a rastejar na minha direção. Bem perto de mim, onde
ela se enrola no meu colo, os braços envolvendo meu pescoço,
e ela coloca sua boca na minha para o nosso primeiro beijo.
CAPÍTULO 11
JESSICA
NÃO SEI o que eu esperava.

Nada, na verdade.
Eu não tinha expectativas, porque nem pensava ou
planejava o que estava fazendo. Em um minuto estamos
admitindo que estávamos estupidamente nos escondendo
atrás de medos e tendo sentimentos mais profundos um pelo
outro, e no próximo estou no colo dele.

Meu corpo fez o movimento e meus lábios pressionaram


os dele, mas foi aí que meus esforços terminaram e os de
Dozer assumiram.

Seus braços fortes me envolvem, a mão na parte de trás


da minha cabeça, e sua boca devorando a minha. Seu beijo
explode através de mim com a força de um furacão, deixando-
me sem fôlego e necessitada.
Anos de desejo reprimido que não consegui admitir? O
amor profundo desenvolvido ao longo dos anos que finalmente
percebemos não é do tipo amizade? Talvez seja até o fato de
estarmos enfrentando circunstâncias de vida ou morte, então
estamos recebendo licença para agir.

Não me arrependo de estarmos fazendo isso. Todos os


meus medos desaparecem e, no fundo da minha alma, sei que
nada será arruinado entre nós.
Pelo contrário, sinto que estou recuperando um pedaço
de mim que estava faltando.

— JJ, — Dozer sussurra contra meus lábios.

Eu ouço algo nesse tom... medo remanescente.

— Não fale, — eu digo antes de me pressionar contra ele


e deslizar minha língua em sua boca. Ele geme e move sua
boca pelo meu pescoço. — Está acontecendo.

— Está acontecendo, — ele concorda, a voz rouca e


impetuosa. Seus dentes passam ao longo da minha pele, e eu
estremeço.

Então Dozer está se levantando do sofá comigo abraçada


em seus braços, como se eu não fosse nada mais do que uma
pena. Ele me carrega para o quarto, os olhos fixos nos meus o
tempo todo. A intensidade... a luxúria... a determinação de
que nada o tirará desse caminho.

É um novo nós, começando agora.

No quarto, Dozer me deita na cama, baixando em cima


de mim. Seus beijos são intensos, mas sem pressa. Suas
mãos circulam sem hesitação, e quanto mais ele me toca,
mais eu estremeço.
Deus me ajude, mas o primeiro pensamento em minha
mente é que ninguém nunca me tocou de uma forma que me
fez tremer, e sinto uma pontada de culpa, como se estivesse
traindo Chase. Ele foi meu primeiro amor, afinal.

Será que ele foi mesmo? Ele não se comprometeu e...


Dozer traz seu corpo totalmente alinhado no meu. Sua
ereção volumosa pressiona entre minhas pernas, e fico tonta
de desejo.

Inquieta.

Precisando de mais.

Eu agarro sua camiseta, tentando puxá-la sobre sua


cabeça, mas ele não para de me beijar e me tocar por toda
parte.

— Sua camisa, — eu suspiro quando ele levanta a boca


da minha. Minhas mãos a puxam, e ele ajuda... vai para um
cotovelo, levanta a outra mão para cima e pelo ombro,
agarrando o algodão macio por trás.

Ele facilmente a tira, e então minhas mãos estão em seu


peito. A parte mais forte de Dozer pode ser seu cérebro, mas
seu nome é mais adequado ao cuidado que ele coloca em seu
corpo. Ele sempre foi bem construído, um fanático por
treinamento de resistência. Ele herdou isso de seu pai,
querendo agradá-lo jogando futebol e bem. Mesmo que ele
tenha se desviado desse caminho quando entrou na
faculdade, ele nunca parou de se exercitar, tanto que poderia
ser um jogador de futebol profissional se quisesse.

— Eu vi você sem sua camisa antes, — eu sussurro,


passando minhas mãos em seu peito. Chase, Dozer e eu nos
exercitávamos juntos na faculdade. Fomos à praia mais vezes
do que posso contar quando ele nos visitava. — Mas isso é
diferente.
Eu olho para cima para vê-lo olhando para mim
atentamente, e não consigo desviar o olhar.

— Eu nunca pensei que você me tocaria assim, — diz ele.

— Assim? — Minha voz é rouca, e deslizo minhas mãos


sobre seu peito e para baixo em seu abdômen, fazendo com
que os músculos saltem sob meu toque. Ele está duro como
pedra, descansando entre minhas pernas, e não posso deixar
de me mexer um pouco, o que faz com que ele pressione sua
pélvis em mim.

Deslizando a mão atrás do meu pescoço, Dozer me


levanta um pouco para que ele possa trazer sua boca de volta
para a minha para um beijo ardente que é ao mesmo tempo
terno e apaixonado. Ele me abaixa, segue com a boca, e então
suas mãos estão se movendo em mim novamente.

Seus lábios roçam meu queixo, deslizam pelo meu


pescoço e vibram na minha clavícula. Estou tão perdida com
a suavidade de tudo isso que quando sua mão desliza pela
frente do meu moletom, na minha calcinha, e ele esfrega
suavemente o dedo contra mim, eu me movo com a sensação.
Meus quadris levantam, buscando mais.

Quando ele desliza um dedo dentro de mim, grito e


imploro com apenas duas palavra. — Por favor.

Mas em vez de me dar mais, ele diminui a velocidade,


como se saboreando os pequenos momentos, um em cima do
outro, me deixando louca.
Ele rola para o lado e me leva junto com um braço forte
em volta das minhas costas. Achei que ele iria desacelerar
mais, mas parece que nessa posição, de lado um para o outro
enquanto nos beijamos, fica mais fácil para tirarmos nossas
roupas. Entre beijos e carícias, estamos tirando as calças de
nossas pernas, e minha camisa está sobre minha cabeça.

Não gosto de pensar em como Dozer desabotoa meu


sutiã habilmente, mas então minhas costas se arqueiam de
prazer com sua boca e dentes trabalhando em um mamilo.

Completamente nua, Dozer me beija novamente. Há


tanta ternura em seu toque, mas isso não diminui o zumbido
de paixão que sinto vibrar entre nós.

Eu tento tocá-lo do jeito que está me tocando, mas ele


continua afastando minhas mãos. — Você está me distraindo,
— ele resmunga, e não consigo pensar em tocá-lo quando sua
mão volta a ficar entre as minhas pernas.

Meus sentidos ficam descontrolados enquanto seus


dedos tocam meu clitóris, deixando-me numa bagunça
gemendo e contorcendo-se em sua cama.

Rindo, Dozer beija o canto da minha boca e avisa: — É


melhor ficar quieta. Sua mãe está bem ao lado.

Eu riria também, exceto que estou completamente


perdida na crescente onda de prazer dentro de mim.

Então seus dedos se foram, e Dozer está pressionando


seu pau em mim. Minhas pernas se abrem desenfreadamente,
o convidando, envolvendo sua cintura. Ele trava os olhos em
mim enquanto ele gentilmente vira seus quadris, trabalhando
seu caminho para dentro de mim, me enchendo até chegar ao
fundo.

Estou ofegante, minhas mãos indo para os músculos


rígidos de sua bunda, ainda tento puxá-lo mais para dentro
de mim. Eu giro meus quadris, exigindo que ele se mova, mas
em vez disso, ele apenas me beija suavemente nos lábios.
Isso me acalma um pouco e fico imóvel, mas de forma
alguma diminui o sangue que ruge em minhas veias ou a
sensação de que estou pendurada em um precipício, pronta
para cair.

Levantando a cabeça, Dozer pergunta: — Você está bem?

— Mais do que bem, — murmuro sonhadora.


Seus quadris se movem. Ele desliza lentamente e de uma
vez, logo estou uma bagunça quente novamente.

— Oh Deus, — eu gemo, e ele para, franzindo a testa. Eu


balanço minha cabeça, uso minhas mãos para tentar puxá-lo
de volta para mim. — Oh Deus,que bom. Tipo, Oh Deus, isso é
muito, muito bom.

Dozer sorri... doce, sexy e conhecedor. Ele empurra de


volta em mim com força, e eu estou completamente perdida.
Ele sabe disso também, movendo-se mais rápido
enquanto sua boca volta para a minha. Eu não posso fazer
nada além de aguentar o passeio porque nada parece estar
sob meu controle. Formigamento corre para cima e para baixo
na minha coluna, e uma necessidade está pronta para
explodir dentro de mim.

Estou perdida no tempo, Dozer dentro de mim, seus


lábios sobre os meus. Eu aperto minhas pernas ao redor de
sua parte inferior das costas, os braços ao redor de seu
pescoço, e o beijo de volta. Ele me penetra mais fundo, e meu
orgasmo se enrola ainda mais forte. Eu posso sentir isso me
sugando, puxando o poder de seu pau enquanto ele entra e
sai.
Minha respiração está irregular, minha visão está
embaçada, e quando finalmente gozo, o faço com um grito de
prazer que me rasga de tal maneira que tenho certeza de que
todo o centro de Pittsburgh o ouviu.

Meu clímax é tão intenso e explosivo que espero o mesmo


de Dozer. Eu posso dizer que ele está perto, sentindo os
músculos de suas costas se contraindo.

Mas ele vem de uma forma que sela meu coração como
seu para sempre. Semeando profundamente, ele envolve seus
braços ao redor das minhas costas, me puxa com força para
ele, e enterra seu rosto em meu pescoço enquanto seu corpo
inteiro estremece com sua liberação. É sem os sons que fiz,
mas não menos poderoso. Eu posso sentir cada pedacinho
dele se soltar enquanto seu orgasmo se estende como uma
tempestade silenciosa. Seu abraço é abrangente quando ele
goza dentro de mim antes de ficar relaxado e nos rolar para os
nossos lados.
Os braços de Dozer mais apertados, uma mão caindo na
minha bunda para me segurar. Ainda estamos conectados e
sinto isso na minha alma, não apenas entre as minhas
pernas.

A respiração vai de irregular para normal, e com o


tumulto da paixão começando a diminuir, espero o
constrangimento se instalar.

Não.

É exatamente aqui que eu deveria estar — bem, menos


com um russo louco querendo me matar.

— Isso acabou de acontecer, — penso, esfregando a


palma da mão ao longo da pele lisa de suas costas. Ele se
contorce dentro de mim, um lembrete de que ainda estamos
intimamente conectados. Eu gostaria que pudéssemos ficar
assim para sempre.
— Sem proteção, — diz ele suavemente. Nenhuma
recriminação. Sem arrependimento também.

— Estou tomando pílula.

Ele não responde, mas o que mais há para dizer?


Nenhum de nós corre o risco de machucar o outro, pois não
teríamos feito o que fizemos sem preservativos se não
estivéssemos seguros.

A gravidez seria a única preocupação, mas estou


protegida. Dozer sabe que estou tomando pílula. É a natureza
do nosso relacionamento — ele sabe muito mais sobre mim do
que não.

E, no entanto, ele mencionou isso.


— Eu não vou engravidar, — eu digo, sentindo a
necessidade de tranquilizá-lo de... algo. Só não tenho certeza
do quê.

Dozer puxa a cabeça para trás para poder olhar para


mim. — Não estou preocupado.

— Você não está? — pergunto curiosa.

— Não. Quero dizer... é a última coisa que precisamos


agora, mas... — Sua voz desaparece, e ele fecha os olhos por
um segundo. Quando eles reabrem, ele me olha atentamente.
— Temos muitas coisas assustadoras pairando sobre nós
agora, e a natureza do nosso relacionamento acabou de
mudar.

Por uma fração de segundo, entro em pânico. Eu sinto


que ele está prestes a derramar alguns arrependimentos,
então eu deixo escapar: — Nós não temos que fazer isso de
novo. Podemos atribuir isso às coisas estarem loucas e...

Dozer me beija para me calar. Quando ele se afasta, sua


expressão é de reprovação. — Não vamos retroceder. Eu
queria isso há… bem, sempre… e não vou desistir. Só estou
dizendo que devemos tirar Borovsky de nossas vidas para
sempre, então poderemos conversar sobre você ficar grávida
nos assustar ou não.
Eu levo a mão ao rosto dele. Este homem doce,
maravilhoso e lindo. Acho que está dizendo que talvez
possamos ter filhos juntos algum dia, mas ele está certo. Isso
não é algo para agora. É o suficiente para mim que ele queira
seguir em frente, assim como eu.

— Falando em Borovsky, — eu digo hesitante, porque ele


é o problema entre nós e o futuro. — Eu sei que disse que
estão deixando para a polícia pegá-lo, mas não parece que
você vai sentar e esperar.

— O que você quer dizer?

Eu dou de ombros, os olhos caindo para seu peito. É um


grande peito e, embora já o tenha visto muitas vezes antes, é
inerentemente mais bonito agora que é meu para tocar como
eu quiser. Como faço agora. — É que você e Bebe têm
algumas das melhores magias tecnológicas do mundo. Eu sei
que você tem coisas que os outros legalmente não tem. É
como você soube tão rápido que ele escapou. Então, imaginei
que você estava pensando em... alguma coisa.

— Claro que estamos procurando. Bebe empregou o


software de reconhecimento facial e o usará em quantos feeds
puder hackear para lançar uma rede mais ampla. Mas as
chances são de que ele vai se esconder e usar seus capangas
para tentar encontrá-la.

— Pelo menos estamos a centenas de quilômetros de


distância dele agora... seguros aqui com você.
Dozer não diz nada, e eu olho para ele. Seu rosto é
inescrutável, mas sinto que algo o está preocupando. — O que
há de errado?

Ele balança a cabeça. — Não é nada.

— Não minta, — eu repreendo. — Eu posso dizer


quando...

Minhas palavras são cortadas por sua boca em mim


novamente. Ele traz uma palma da mão para o meu seio e
aperta.

Em branco... é como onde minha mente fica, esquecendo


as minhas preocupações e que algo está incomodando Dozer.
Em vez disso, me volto para o homem com as mãos e a boca
em mim novamente e me deixo escapar para o prazer, onde
posso fingir que não temos grandes problemas fora deste
quarto.
CAPÍTULO 12
JESSICA
SAIO pela porta do apartamento de Dozer e vou para o
corredor. Ele foi para a academia cerca de dez minutos atrás
com um beijo suave no meu pescoço, antes de sair da cama.

Dormimos um pouco ontem à noite. Dozer fez amor


comigo pela segunda vez e, em vez de adormecer depois,
conversamos. As mesmas velhas conversas que
costumávamos ter, nenhum de nós nunca deixou de ter algo
a dizer. Nós rimos e brincamos. Estávamos maravilhados por
termos demorado tanto para chegarmos aqui. Conversamos
sobre memórias e fizemos amor novamente depois disso.
O que não falamos foi sobre o futuro... porque
simplesmente é uma incógnita.

São apenas quinze para as sete quando entro em nosso


apartamento, uma hora em que Thea ainda deveria estar
dormindo, já que ela acordou mais tarde do que o normal nas
últimas noites. Minha mãe é uma coruja da noite, então
espero que ela esteja dormindo também. Mas quando abro a
porta, paro ao vê-la parada ali esperando por mim, os braços
cruzados sobre o peito.

— Bom dia, — eu digo gentilmente.

Ela faz um barulho na garganta. — Bom Dia.

— O que você está fazendo? — Por que minha voz soa tão
nervosa? Eu sou um adulta, pelo amor de Deus.
— Estou esperando minha filha que não estava na cama
quando acordei algumas horas atrás.

Estou imediatamente preocupada. — Por que você


acordou algumas horas atrás?

— Thea teve um pesadelo, você não estava na cama,


então ela entrou no meu quarto.

— Oh Deus, — eu exclamo, com o coração partido por


não estar lá para Thea. Eu faço um movimento em direção ao
quarto.

Minha mãe estende a mão e agarra meu braço. — Ela


está bem. Consegui que ela voltasse a dormir sem problemas.
— Sinto muito, — eu digo, me sentindo horrível. A beleza
da noite com Dozer rapidamente desaparece da minha
memória.

— A única coisa a se desculpar é se você estava tendo


um encontro secreto com aquele lindo Kellen McCord.

Eu pisco com surpresa. — Porque você pensaria isso?

— Eu não acho isso, — ela responde suavemente. — Mas


provavelmente seria demais ter esperança de que você
estivesse no Dozer a noite toda.

Eu pisco novamente. Ela esperava que eu estivesse no


Dozer? Não tenho certeza se gosto dela assumindo essas
coisas.

Colocando minha mão no quadril, eu digo: — Você sabe


que Dozer e eu saímos juntos, certo? Que somos conhecidos
por termos conversas tarde da noite muitas vezes antes.

— Verdade, — ela responde, com um brilho nos olhos. —


Mas eu nunca soube que durassem até quase sete da manhã
do dia seguinte, e certamente não sei se haveria algum motivo
para uma conversa tarde da noite bagunçar seu cabelo assim,
como se ficara rolando na cama a noite toda. E isso é um
chupão no seu...?

— Mamãe! — Eu exclamo, batendo a palma da mão no


meu pescoço, então percebendo que isso me faz parecer
culpada, então eu imediatamente desisto.

Ela sorri. — Então... você e Dozer... você sabe?

— Isso não é da sua conta. — Meu tom é distante


enquanto me movo para a pequena cozinha para fazer uma
xícara de café.

Seguindo-me, mamãe se inclina contra o balcão de


granito. — Vamos, J. J. Confesse. Você e Dozer estão juntos?
Aconteceu ontem à noite, ou os dois estão escondendo algo de
mim?

Suspirando, viro meu olhar da máquina de café para


minha mãe. — Aconteceu ontem à noite.

— Eu sabia, — ela deixa escapar em voz alta, mas depois


abaixa para um sussurro. — Eu sabia que isso aconteceria.

Rindo, eu deslizo uma xícara sob a máquina. — Fico feliz


que você sabia, porque eu não tinha ideia.
— Bem, talvez eu não soubesse que isso aconteceria, —
ela admite timidamente. — Mas eu esperava.

Minha cabeça vira na direção dela. — Sério?

— Realmente, — ela responde, colocando a mão na


minha bochecha. — Eles não são melhores do que Dozer.

Quando o café está pronto, eu deslizo para minha mãe e


faço outro. Com as xícaras na mão, passamos para os bancos
do outro lado da pequena ilha da cozinha.

Uma vez sentada, minha mãe diz: — Como diabos vocês


dois conseguiram levar isso adiante?

Estou pensando na minha resposta, mas antes que


possa descobrir realmente como isso aconteceu, ela está
tagarelando. — Quero dizer... vocês dois nunca deram
nenhuma indicação de que estavam interessados um no
outro, como mais do que amigos. Você nunca flertou, você
namorou outras pessoas. Conversas profundas... isso é o que
vocês dois sempre tiveram. E muitas risadas, mas nunca vi
nada além de uma amizade duradoura.

Tomo um gole de café. — Acho que nós dois tínhamos


sentimentos por muito tempo, mas estávamos com medo de
agir de acordo com eles. Com muito medo até mesmo de falar
sobre eles. Nenhum de nós queria arruinar o que tínhamos,
porque era forte e bom.

Pegando minha mão, minha mãe aperta. — Vocês são


boas pessoas. Os melhores. Vocês merecem um ao outro e
merecem mais do que amizade. Paixão e...
— Ok, pare, — intervenho antes que ela se torne poética
sobre a beleza de fazer amor.

Ela sorri, e reviro os olhos. Um último aperto na minha


mão antes de pegar sua xícara e levá-la aos lábios. — Você
não poderia ter escolhido melhor do que Dozer.
Eu penso em quando nos conhecemos no primeiro ano e
como fui imediatamente atraída por ele. Ele era lindo e um
pouco arrogante porque tinha cérebro e músculos. Mas Chase
foi quem mostrou interesse em mim primeiro, e Dozer ficou
na categoria de amigo.

— Chase não era a pessoa certa para você, — minha mãe


diz, como se estivesse lendo minha mente.

— Eu sei, — eu concordo suavemente. Passei muito


tempo esperando Chase se comprometer. Para me pedir para
ir a Califórnia e ser sua esposa. Para colocar um anel no meu
dedo depois que engravidei.
Ele pode ter sido livre com as palavras de — eu te amo,
— mas suas ações me mostraram exatamente o contrário.
Quando Thea nasceu, eu sabia que tínhamos acabado.

— Ele não foi meu felizes para sempre.

— E Dozer? — ela pergunta.


Essa é uma grande pergunta. Claro, nos conhecemos há
anos. O melhor dos amigos. O padrinho de Thea. Temos um
profundo amor e carinho um pelo outro.

Mas felizes para sempre?


Não sei.

— Eu acho que o tempo dirá, — eu digo, levantando do


banco. — Vou tomar banho e depois vou acordar Thea.
— Talvez possamos sair para o café da manhã em algum
lugar, — minha mãe sugere. — Ver um pouco de Pittsburgh.

— Isso parece uma ótima ideia. — Aposto que Dozer


precisa trabalhar, mas tenho certeza de que podemos pegar
emprestado o carro dele. Vou enviar uma mensagem para ele
agora, para que possa me trazer as chaves depois do treino.

A BATIDA NA porta do nosso apartamento faz meu


coração disparar porque sei que é Dozer. Thea e minha mãe
estão no sofá, assistindo TV.

Engraçado. Dozer me visitou muitas vezes, mas nunca


tive essa consciência dele antes. Claro, eu sempre fiquei
animada em vê-lo porque há muita facilidade entre nós, e ele
é mais família do que não.

Mas flashes de nós, nus e em sua cama, correm como


um rolo de filme, e me sinto corada quando me movo para
atender a porta.

Dozer é alto. Eu sempre tenho que inclinar minha cabeça


um pouco para trás para olhar para ele quando estamos perto
um do outro. Ele veio direto da academia, sua camiseta cinza
manchada de suor. Eu seria tola se não notasse como o
algodão se estende por seu peito largo e abraça os músculos
de seus braços logo acima de seus bíceps.

Sua expressão é ilegível, exceto por uma rápida onda de


desejo quando coloco minhas mãos em seus ombros e fico na
ponta dos pés para pressionar meus lábios nos dele.

Um lampejo de surpresa é tudo que vejo antes que ele


aceite o beijo sem constrangimento, suas mãos indo para
meus quadris.

— Mamãe... por que você está beijando o tio Dozer? —


Thea grita atrás de nós, e nos separamos.

Eu sorrio para ele, pego sua mão e o puxo para dentro do


apartamento. Falando em voz baixa, digo: — Claramente,
temos algumas explicações a dar. Apenas siga minha
liderança.
Ele aperta minha mão em resposta.

— Ah, e minha mãe sabe, — acrescento.

Thea está apoiada no encosto do sofá, olhando para nós.


Seus olhos caem para nossas mãos, então para mim, a
expressão em seu rosto curiosa, mas não chateada de forma
alguma.

Minha mãe observa com um sorriso malicioso.

— Querida, — eu digo para Thea, sem saber o que falar


de repente. Pareceu tão fácil de explicar para minha mãe, mas
olhando para minha filha de sete anos olhando para mim com
confiança, fico sem palavras.

Dozer não hesita, no entanto. Ele solta minha mão,


coloca as duas no encosto do sofá e se inclina para olhar para
Thea. — Tenho um segredo. Quer ouvir?

Thea sorri para ele e assente.

Ele se inclina, coloca a boca perto do ouvido dela e


sussurra - embora seja alto o suficiente para todos nós
ouvirmos: — Eu realmente gosto da sua mãe.

— Como namorado e namorada, já que vocês dois se


beijaram? — Thea pergunta.

— Exatamente, — diz Dozer com um sorriso alegre


enquanto se endireita. — Eu realmente gosto da sua mãe
dessa maneira, e espero que esteja tudo bem para você.

— E ela gosta de você assim? Thea pergunta, mas olha


para mim para confirmação.

Inclinando minha cabeça, meu sorriso parece radiante


no meu rosto. — Eu gosto, querida. Eu gosto dele assim há
muito tempo.

Seus olhos ficam em mim por um segundo, então se


movem para Dozer.

Então ela dá de ombros e se vira, se acomodando no sofá


onde volta sua atenção para a TV.

Eu bufo, balançando a cabeça enquanto minha mãe ri.


— Isso foi fácil, — diz ela, então se vira para Dozer e lhe dá
uma piscadela. Diz sem palavras, estou feliz por você.

Cotovelando Dozer de brincadeira nas costelas, eu digo:


— Moleza.
— Bem, ela me adora e tudo mais, — ele ressalta.

Sem pensar, eu passo para o lado dele e envolvo meus


braços em volta de sua cintura. Não me importo se ele está
suado, quero abraçá-lo. Seu braço vem ao meu redor, me
puxando para perto.

— Ouça, — diz Dozer, e o tom de sua voz me afasta. —


Eu sei que você mandou uma mensagem pedindo as chaves
do meu carro, mas isso não é uma boa ideia.

Eu franzo a testa. — Por que não?

Seus olhos se movem para Claire, então de volta para


mim. — É só que... esta não é uma boa área da cidade, e não
me sinto seguro com você saindo por aí por conta própria.

— Entendi. — Lembro-me de como esta área era


decadente quando chegamos. — Kellen não está fazendo nada
hoje. Ele mencionou que estava saindo para explorar. Talvez
ele possa...

— Quando você falou com Kellen sobre isso? — Dozer


exige em voz baixa, me pegando pela mão e me puxando para
longe do sofá.

— Ontem à noite na festa. — Eu tento puxar minha mão


da de Dozer, mas ele segura firme. — Foi só bate-papo.

— A resposta é não. Você não vai com Kellen.


Ok, isso é puro ciúme, e ok, é um pouco fofo. Mas não
quero ficar presa. Estou disposta a me comprometer, no
entanto. — Bem. Que tal você nos levar para jantar hoje à
noite quando terminar o trabalho?

— Merda, — murmura Dozer, me soltando e esfregando a


mão sobre seu queixo. Ele olha para minha mãe — nos
observando com seus olhos de águia — então de volta para
mim. — Eu preciso falar com você e Claire.
— Sobre o que? — Eu pergunto enquanto ele acena para
minha mãe.

Ele se aproxima da porta do apartamento, a distância


mais distante de Thea. Quando minha mãe se junta a nós, ele
fala em voz baixa. — Você não pode sair do prédio de jeito
nenhum.

— Por que não? — Eu pergunto, tentando não soar


histérica, mas posso dizer pela expressão dele que não vou
gostar da resposta.
— É provável que Borovsky tenha conseguido me
identificar. — Dozer explica sobre eles fazendo perguntas no
aeroporto e os subornos para informações de voo. — E se fui
identificado, então é muito real acreditar que eles têm pessoas
em Pittsburgh vindo atrás de você.

— Você quer dizer aqui? — Eu pergunto, horrorizada.

Dozer dá de ombros. — Provavelmente um assalto


aconteceria na minha casa primeiro. Mas, independente
disso, você não pode sair deste prédio.
Troco um olhar com minha mãe... um acordo silencioso
de que isso não é tão ruim. Podemos nos esconder aqui um
pouco.

— Eles podem entrar neste prédio? — minha mãe


pergunta com medo.
— É altamente improvável, — diz ele, mas posso dizer
que ele está escondendo algo.

— Dozer... por favor, — eu digo baixinho, mas com


firmeza. — O que você não está dizendo?

— Eu prometo que não estou escondendo nada. Você


está segura aqui. Vamos levar isso dia a dia e esperar que eles
tragam Borovsky.
— Ok, — eu digo, me sentindo melhor. Estamos em um
lugar seguro. Dozer nos protegerá.

Podemos esperar isso.


CAPÍTULO 13
DOZER
ESTE APARTAMENTO É relativamente apertado com
quatro pessoas nele, mas sentado ao redor da pequena mesa
que separa a cozinha da área de estar, não posso dizer que
me importo de dividir o espaço com essas mulheres. Doce
Thea, que não pode fazer mal aos meus olhos, e se eu tiver
um filho meu, espero que seja como ela. Claire, a mulher que
entrou para ocupar o lugar da minha própria mãe. E então...
Jess.

Antes minha amiga querida, agora muito mais em tão


pouco tempo.
Fizemos pizzas caseiras depois de invadir os armários e a
geladeira da cozinha social, Joslyn sugeriu a refeição quando
recusei seu convite para cozinhar para nós. Egoisticamente,
quero estar com as garotas porque sei que talvez não tenha
tanto tempo com elas, no futuro.

Há uma chance de eu ser morto me oferecendo a


Borovsky. Esse é o plano atual o qual não estou disposto a
me desviar, agora que sei que tenho um futuro com Jess e da
maneira que a quero, mal posso esperar pela polícia. Pode
levar semanas... meses, até.

Isso poderia não acontecer, então quero acabar com isso


agora.
— Mais leite? — Jess pergunta a Thea, seu copo vazio
enquanto ela come em seu segundo pedaço de pizza.

Ela deixa cair a fatia no prato e limpa os dedos em uma


toalha de papel ao lado. — Eu mesma posso pegar.

Observo enquanto Thea empurra sua cadeira para trás,


pega seu copo vazio e se move ao redor da ilha até a geladeira.
Dou um olhar aguçado para Jess enquanto sussurro: —
Desde quando ela tem idade suficiente para servir seu próprio
leite?

— Desde que ela nasceu, — Claire responde pela filha


com uma risada. — A garota nasceu independente.

— Mas ela tem apenas sete anos, — eu digo.

— Eu vou fazer oito no próximo mês, — diz Thea da


cozinha.

— Indo para os trinta, — digo. Ela está crescendo, e


estou sentindo falta de tudo.

Thea volta para a mesa e contagia a nossa noite. Até


agora, ela não questionou sua incapacidade de deixar este
lugar e o tédio não se instalou. Temos o cuidado de não falar
ao redor dela sobre os perigos que enfrentamos, o que torna o
jantar juntos agora especialmente agradável.

Não quero mais falar sobre Borovsky com Claire ou Jess.


Eu não posso dizer nada para fazê-las se sentirem melhor, e
se soubessem o que realmente planejamos, então o inferno
iria acontecer. Se eu achava que Bebe estava chateada com
essa ideia, posso te dizer que Jess vai ficar cem vezes mais
com o que eu vou fazer.

— Tio Dozer, — Thea diz, com uma pitada de malícia em


seus olhos, — você gosta de princesas e contos de fadas?

— Hum... com certeza. — Minha mente acelera. Será que


eu sei o nome de uma única princesa? E o que ela quer dizer
com contos de fadas? — Por que você pergunta?

— Bem, — ela fala lentamente, e posso dizer que ela tem


um discurso alinhado, — eu quero ir para a Disney World.
Quero ver as princesas e andar de montanha-russa.

— Princesas e montanhas-russas, hein? — Eu pergunto,


pensando que uma pode ser uma verdade e a outra uma
fachada.

— Ela quer montanha-russa, — Jess confirma, então


estende a mão para esfregar a cabeça de Thea. — Querida…
nós iremos um dia. Mamãe está economizando.

Minha cabeça vira na direção de Jess. — Por que você


não me contou? Eu teria levado vocês duas.

Seus olhos brilham com o choque do porquê fiz essa


pergunta. — Não é apropriado. Você não vai simplesmente
pedir aos amigos que levem você e sua filha para a Disney.

— Eu não sou apenas um amigo, — eu a lembro.

— Bem, não agora... mas antes...

— Mesmo antes quando eu era apenas um amigo, —


insisto.
Claire tosse em sua mão, e quando a olho, ela dá um
aceno sutil para Thea que está assistindo nossa conversa com
os olhos arregalados. Ela não sabe o que isso realmente
significa, a mudança no relacionamento entre mim e Jess. Ela
só sabe que gostamos um do outro de uma maneira diferente.

— Falaremos sobre isso mais tarde, ok? — Jess diz, me


acalmando e lançando um olhar para Thea. — Você,
mocinha… está na hora do seu banho. Vou prepará-lo.
— E eu quero que o tio Dozer me leia um livro hoje à
noite antes de dormir, — ela insiste.

— Feito, — eu respondo, atirando-lhe uma piscadela.

— E eu quero ir para a Disney World, — ela acrescenta


com um sorriso travesso.
Jess revira os olhos enquanto pisco novamente para
Thea. Vou levá-la para a Disney quando tudo isso acabar,
quer Jess goste ou não.

Limpo a cozinha com Claire enquanto Jess dá banho em


Thea. Ainda é muito cedo para dormir, então jogamos Uno por
um tempo. É um jogo que todos nós já jogamos antes, mas
mesmo isso é diferente.

Eu olho para Jess de forma diferente.


Então é hora de dormir. Leio um livro para Thea, depois
outro, porque não consigo resistir às covinhas dela, e quando
Jess está ocupada acomodando-a, saio do quarto.
Quando me dirijo à porta, Claire pergunta: — Você vai
voltar para o seu apartamento?

— Sim... eu realmente tenho um emprego e tenho que


trabalhar amanhã, você sabe.
Ela bufa. — Imagino que Jess vai estar sozinha em
breve.

Estou horrorizado que ela sugira uma coisa dessas. —


Não faça isso, Claire.

— Fazer o que? — ela pergunta inocentemente.

— Nunca, — eu digo dramaticamente, me aproximando


dela e colocando minhas mãos em seus ombros, — nunca,
nunca tente ter uma conversa comigo ou insinuar algo
como... como...

— Como está romântico com minha filha? — ela


pergunta.

— Pare com isso, — eu rosno, e então me inclino para


beijar sua bochecha carinhosamente.

Ela ri, e vou para o meu apartamento.

SEGUNDOS DEPOIS DE ABRIR A MINHA PORTA PARA


JESS, EU A TENHO NO QUARTO. Com um joelho no colchão
e o outro pé plantado no chão, eu pairo sobre ela na minha
cama. — Estive pensando nisso o dia todo. Você está
causando um declínio substancial na minha produtividade no
trabalho.

Cristo, ela está linda enquanto ela olha para mim, seu
lábio inferior preso entre os dentes considerando minhas
palavras. — Eu poderia estar pensando sobre isso também.
— Tanta merda de tempo perdido. — Eu me inclino para
beijá-la suavemente. O mero toque de seus lábios contra os
meus, porém, faz com que a luxúria me invada. — Eu tenho
um milhão de coisas diferentes que quero fazer com você pé
vê-la gritar.

— Jesus, Dozer, — ela suspira. — Onde você aprendeu a


falar assim?

Rindo, me inclino para beijá-la novamente, beliscando


seu lábio inferior com os dentes. — Eu sei que você pode
preferir não acreditar, mas eu não fui um monge a minha
vida inteira.
— Prove, — ela diz desafiadoramente, e eu não sabia que
essas palavras poderiam fazer meu pau ficar duro.

Desafio aceito.

Jess inclina o queixo para cima, olhos arregalados e


confiantes. Aqueles lábios carnudos estão ligeiramente
entreabertos, um toque dos dentes brancos atrás. Tem sido
uma fantasia minha de longa data, porque sim eu tenho
fantasiado sobre Jess há muito mais tempo do que a primeira
vez que fizemos sexo na noite passada, ter esses lábios e essa
boca em mim.
Eu sugo o ar pelo nariz e resisto à tentação de arrancar
suas roupas para que possa me enterrar dentro dela. Tenho
que lembrar que eu tenho o resto da minha vida com ela.

Que isso é apenas o começo.


Trazendo meu outro joelho para o colchão, coloco
minhas palmas das mãos em seus ombros. Eu bebo cada
detalhe... sua pele radiante, os cabelos escuros espalhados
sobre o travesseiro, e aqueles olhos amendoados que olhei um
milhão de vezes, mas nunca assim. Eu sou seu escravo.

Descendo, eu roço meus lábios nos dela novamente, mas


é tudo menos gentil. Apenas tocar minha boca na dela é
elétrico, e ela geme baixinho. Minha língua desliza para
dentro, e Jess geme. Algo no fundo do meu peito responde a
esse som primitivo, e apenas com esse beijo, sinto meu
controle se esvaindo.

Jess desliza as mãos sob minha camisa, pelas minhas


costelas e depois pelas minhas costas. Sua pele é tão sedosa
contra a minha, e sei porque os gatos ronronam. Impaciente
com o material, ela tenta empurrá-lo para cima. Faço uma
pausa para ajudá-la a tirar.
Seus olhos percorrem meu peito, e nunca fui mais grato
por minha diligência na academia como estou agora. Eu vejo
a apreciação e a luxúria fervendo em seus olhos enquanto ela
me observa. Uma mão vem ao meu peito, e sei que ela pode
sentir a batida estrondosa do meu coração.
Sua mão cai, vai para o botão da minha calça, e minha
respiração fica presa quando ela abre. Abaixando o zíper, ela
desliza a mão para dentro e envolve os dedos em volta do meu
pau dolorido. Eu assobio de prazer quando ela roça o polegar
por cima.

Ela aperta em resposta, e é demais. Eu puxo sua mão e a


coloco de joelhos para que fiquemos cara a cara. Os olhos de
Jess parecem febris, e meus dedos coçam para tocá-la mais.
Eu puxo sua camisa sobre sua cabeça e a jogo atrás de
mim. Meus dedos trabalham no fecho frontal de seu sutiã,
liberando seus seios, que são magníficos. Passei muito tempo
adorando sua beleza na noite passada.

Jess tira o sutiã e, em seguida, pega minhas mãos,


puxando-as para os seios. Eu aperto, esfrego um polegar
sobre um mamilo, e ela inclina a cabeça para trás para gemer
de satisfação.

— Você é fodidamente perfeita, JJ, — eu digo, e ela


levanta a cabeça para me olhar. Minhas palmas das mãos vão
para suas bochechas, e a beijo novamente.
Suave no início, mas nós dois estamos seminus,
memórias da noite passada frescas em nossas mentes, então
se torna erótico muito rapidamente. Eu envolvo um braço em
volta de suas costas, puxo-a contra mim para que seus seios
encostem no meu peito, e meu pau, ainda meio exposto,
pressiona em sua barriga.
Eu me afasto e olho para seus lábios molhados e
inchados, e Cristo, eu preciso deles em mim em algum
momento, mas não agora.

Uma mão em seu seios, eu dou um puxão. — Nas suas


costas.
Jess não hesita, caindo no colchão. Eu também não
hesito, minhas mãos vão para seu jeans. Não é preciso
nenhum esforço para tirá-la de todas as roupas da cintura
para baixo, e então ela está perfeitamente nua, como um
deleite diante de mim. Eu rolo para fora da cama para
remover o resto das minhas roupas.

Com água na boca, puxo Jess para a beirada da cama e


abro suas pernas. Ela me observa, olhos escuros brilhando,
nenhum osso tímido em seu corpo.

Nenhum osso tímido no meu também. Jogando suas


pernas sobre meus ombros, abaixo minha cabeça, pressiono
minha boca em sua boceta e a devoro. Jess se apoia em mim,
faz um som estrangulado, e então agarra minha cabeça com
tanta força com as mãos que suas impressões digitais
provavelmente estão permanentemente gravadas lá.
Eu ignoro, porém, e uso toda a criatividade junto com
meu desejo furioso de agradá-la com minha língua e dentes.
Jess geme e implora, e em pouco tempo, ela está gozando com
um grito agudo de alívio.

Eu olho para cima, encontro-a olhando para mim com


lágrimas nos olhos, e algo se quebra em minha alma, apenas
para ser rapidamente reconstruído novamente, mais completo
do que nunca.

Rastejando por seu corpo, pergunto: — Você está bem?

Ela acena com a cabeça, seus dedos traçando sobre


minha bochecha. — O melhor que já estive. Isso foi... incrível.

Eu sorrio e caio para lhe dar um beijo rápido. — Estou


mais do que feliz em dar isso a você o tempo todo.

— Eu quero dar isso para você também, — ela murmura.

Inferno sim, todas as minhas fantasias se tornarão


realidade.

Exceto, eu não estou interessado nisso agora.

Agora, eu só quero estar dentro dela.

— Vire-se, — ela rosna, e suas mãos vão para o meu


peito, dando um empurrão forte. Faço o que ela pede e rolo de
costas, e ela me segue até ficar montada na minha cintura.

Minhas mãos vão para seus quadris e assisto


hipnotizado enquanto ela se levanta, se posiciona sobre mim
e abaixa-se novamente.

Eu nunca vi nada mais erótico do que Jess se abaixando


no meu pau, assistindo enquanto desapareço dentro dela
centímetro por centímetro torturante, até que ela esteja
totalmente sentada.
Inclinando-se para frente, ela apoia as mãos no meu
estômago e gira os quadris em pequenos círculos que me
deixam louco de necessidade. Eu coloco minhas mãos em sua
cintura, sinto o movimento de seu corpo, e tenho que me
conter para não balançar para cima. Eu me forço a deixá-la
fazer o que ela quer.

Observá-la mover-se, é a coisa mais sensualmente linda


que já experimentei. Ela não está apenas me dando prazer,
ela está me dando tudo de si.
O estrago que ela está causando no meu corpo é
incomparável. É lindo e doloroso ao mesmo tempo. Seus
minúsculos gemidos e grunhidos, porque é bom pra caralho
para ela também, só aumenta minha luxúria.

Ela mal começou seu ritmo e já estou me esforçando


para não gozar. É muito cedo. Eu não estou pronto, e ainda
não me lembro de querer mais nada.

Lentamente, Jess levanta os quadris, desliza para cima e


depois para baixo novamente no meu pau. Eu cerro os dentes
e gemo, e ela faz isso de novo e de novo, lento e rítmico. Seus
braços levantam e ela agarra seu cabelo, morde o lábio
inferior e me monta um pouco mais rápido.

Ela é uma maldita deusa.

— Você é tão linda, — eu digo suavemente enquanto


minhas mãos vão para seus seios.

Soltando as mãos, ela as coloca sobre as minhas,


pressionando-as com força contra os seios. Ela faz tudo isso
sem perder um único movimento enquanto me fode.
Meu corpo está tão apertado que sinto que estou
enlouquecendo com a necessidade de gozar. Mas não vou
primeiro. Eu quero que ela goze novamente e então a seguirei.

Deslizando uma mão livre, a deixo cair entre suas


pernas. Esfregar a ponta do meu polegar sobre seu clitóris
choca Jess, e ela perde o ritmo.
O que é bom para mim, não posso esperar mais.

Sentando-me, eu envolvo meus braços ao redor dela e a


rolo de costas. Ela mal está plana antes que meus quadris
estejam bombeando nela.

— Sim, — ela sussurra, dando crédito à força pela qual


eu estou transando com ela em comparação com a dança
lenta e sensual que ela estava fazendo em mim.
— Preciso que você goze, JJ, — murmuro, descansando
minha testa contra a dela.

— Estou perto, — ela engasga enquanto eu empurro com


força. Ela abre as pernas, envolve-as em volta da minha
cintura e se atira contra mim.

— Goze comigo, querida. — Eu empurro uma mão entre


nossos corpos e esfrego seu clitóris enquanto eu entro nela.
Para minha satisfação, ela goza primeiro, mas não muito.
Ela endurece, grita em meu ombro, e posso senti-la se
contrair ao redor do meu pau. Isso me envia sobre a borda
quando eu bato nela uma última vez.
Eu caio sobre ela, envolvo meus braços ao seu redor o
mais apertado que posso sem machucá-la, e gozo
violentamente. Cada porra de gota, sinto que estou me
derretendo nela. Tornei-me mais parte dela do que jamais
soube ser possível.

— Eu te amo, JJ. — Eu pressiono meus lábios em seu


pescoço, meu corpo ainda estremecendo com espasmos de
prazer.

— Eu te amo, — diz ela suavemente. — Tanto.


CAPÍTULO 14
JESSICA
PARA ALGUÉM QUE tem um psicopata russo mortal
atrás de mim, me sinto incrível. E sim, tem tudo a ver com a
mudança na minha relação com Dozer. Finalmente, depois de
anos com medo de perceber o que realmente deveríamos ser,
estamos lá.

Quase.
Há uma pequena parte de mim que se pergunta se Dozer
está totalmente comprometido com a ideia de sermos um
casal. Obviamente, precisamos falar mais sobre o nosso
futuro. Por exemplo, moramos em estados diferentes. Alguém
precisará se mudar, mas estou aberta a isso.

Há apenas algo que não consigo entender que ainda o


mantém calado e que parece ser um segredo. É um mal-estar
sobre esta situação de Borovsky? Talvez ele não possa colocar
toda a atenção em nosso futuro até que isso seja resolvido?

Pode ser, mas eu sinto que ele sabe mais informações


que eu, mesmo que ele jure que sei tudo o que ele faz. Ontem
à noite, enquanto estávamos exaustos nos braços um do
outro, conversamos sobre a caça a Borovsky. Não descobri
nada além do que ele já havia compartilhado, mas acho que
preciso dessa garantia continua. Do jeito que está, minha
família e eu estamos oficialmente nos escondendo de um
assassino ensandecido. Tenho certeza de que isso deixou
Dozer um pouco desequilibrado também.
Estou escolhendo não me preocupar com essas coisas,
no entanto. Estamos seguras. Dozer me ama, eu o amo, tudo
muito novo, mas do jeito que nós dois queremos. Não há nada
além de coisas boas vindo em nossa direção.

— Estou saindo, — chamo minha mãe antes de abrir a


porta do apartamento. Eu decidi fazer uso das instalações da
academia aqui no quarto andar. Eu malhei regularmente em
Miami e não consegui fazê-lo desde que saímos.

— Vejo você daqui a pouco, — minha mãe diz. Ela e Thea


têm planos de assar com Joslyn mais tarde, o que eu aprecio.
Joslyn é uma mulher incrivelmente ocupada. Ela ainda
mantém sua carreira como atriz e musicista, mas tem o
cuidado de escolher apenas os melhores projetos, e não se
compromete com nada que a afaste de Kynan por muito
tempo. Ela não faz nada consecutivamente, mas tira muito
tempo entre suas atividades profissionais. No entanto, sei que
ela está atualmente estudando um roteiro para um filme que
fará em breve, então para ter tempo para nos fazermos sentir
não apenas bem-vindas, mas entretidas é além de
emocionante. Ela é uma alma incrível.

Eu sigo meu caminho para o ginásio. Felizmente,


consegui alguns aparelhos de exercícios e estou usando um
par de leggings cinza e uma camiseta velha da Universidade
de Miami que já viu dias melhores.

Assim que estou prestes a entrar na porta de vidro já


aberta, a voz de um homem me interrompe.
— É uma missão muito perigosa e estamos todos
preocupados com Dozer.

Apreensão percorre minha coluna à menção do nome de


Dozer. A voz que reconheço como Kellen vem de dentro do
ginásio, e quando não ouço ninguém responder, deduzo que
ele está falando ao telefone.
— Não tenho certeza de quando poderei chegar, mas
espero que solidifiquem o plano hoje, mas só terei certeza hoje
à noite.

Eu recuo, não precisando ouvir mais. Aprendi nessas


poucas frases que há uma missão real sendo planejada, e
Dozer será um participante ativo. O pior é que é perigoso. O
tom na voz de Kellen me diz que é o tipo de perigo que pode
significar a morte.

O que diabos está acontecendo? Certamente, Dozer


não…
E então isso me atinge.

Essa é a coisa que onde não consegui colocar meu dedo.


Ele sabe de algo que não está me contando, e agora entendo
por que não me falou, pois é perigoso para ele.

Medo e preocupação se dissipam, imediatamente


substituídos por uma raiva ardente de que ele ousaria ter um
plano de ação – um que poderia matá-lo — e não me envolver.
Esta é a minha vida também — ele é a minha vida — e tenho
o direito de dar minha opinião.
Eu giro nos calcanhares, não querendo mais malhar,
mas gastar meu medo reprimido de uma maneira diferente.

Espero que seja chutar o traseiro de Dozer.

Desço a escada dois degraus de cada vez. Recebemos o


grande tour de Jameson quando chegamos, incluindo Dozer
nos levando para seu laboratório de P&D. Lembro que o
elevador ficava no segundo andar e a direção geral, mas se eu
tiver que destruir este lugar para encontrá-lo, eu o farei.

Estou um pouco desorientada quando chego ao segundo


andar, mas então me lembro dos escritórios de vidro do
perímetro e das mesas no meio, onde os agentes se sentam. E
no extremo noroeste há uma pequena área, parecida com um
corredor, onde um elevador leva para P&D.

Eu começo em direção a ela com passos largos e


decididos. Não me incomodo em olhar em volta ou fazer
contato visual com ninguém, pois estou em uma missão
própria. É irônico que eu esteja preocupada com o fato de
Dozer estar em perigo, e ainda assim ele esta agora da minha
parte.
Não que eu o machucaria fisicamente, mas ele vai pegar
um pedaço afiado e amargo da minha mente.

— Jess, — chama Bebe por trás, e embora eu queira


ignorá-la, sei que não posso.

Eu paro e me viro para encará-la. Ela corre para me


alcançar, dá uma olhada na minha expressão e chame isso de
intuição feminina ou qualquer outra coisa, mas ela sabe que
eu sei o que está acontecendo e que vou fazer chover o inferno
sobre Dozer.

— Onde ele está? — Eu pergunto quando ela me alcança.


— E nem pense em me dissuadir...
— Eu não vou, — ela promete, pegando meu cotovelo. —
Eu mesma levarei você, mas você precisa se acalmar um
pouco.

— Não me diga para me acalmar, — exclamo


furiosamente, puxando meu braço para longe dela. — Você
sabe o que aquele idiota está planejando fazer?

— Sim, — ela responde, e antes que eu possa repreendê-


la, já que é sua amiga mais próxima aqui e deveria tê-lo
parado, ela diz: — E eu me oponho veementemente a isso.
Tentei falar com ele, masp não está ouvindo.
— Oh, — eu digo, minha voz mais baixa e um pouco do
vapor evaporando. — Qual é exatamente o plano?

Seus olhos se arregalam. — Pensei que você soubesse.


Não é por isso que você está vindo aqui procurando por ele?

— Só sei que existe um plano, é perigoso e envolve Dozer.


Eu ouvi Kellen falando com alguém no telefone.
— Oh, — Bebe murmura, e posso ver seu cérebro
zumbindo. Ela tem um dever para com Jameson e sua missão
geral. Ela sabe que provavelmente não deveria estar
discutindo planos ou segredos comigo, mas tenho certeza de
que ela está dividida porque o que quer que esteja
acontecendo, ela não está de acordo com isso.

— Bebe. — Seu nome é suave em meus lábios, e eu


imploro com meus olhos. — O que ele vai fazer?
Bebe balança a cabeça em direção ao elevador,
caminhamos para lá. Não é até que estamos dentro e antes
que aperte o botão e ela se vira para mim. — A essência do
plano é que Dozer vai deixar os homens de Borovsky capturá-
lo e...

— Ele vai fazer o quê? — Eu grito. Percebendo que


pareço uma louca que ninguém vai levar a sério, eu firmo
minha voz. — Ser capturado? Você quer dizer morto. O que
diabos ele está pensando?

— Nós não vamos deixá-lo ser morto, — ela me garante.


— Eu aperfeiçoei alguma tecnologia...
— Sem ofensa, Bebe — e sei que Dozer ama você e seu
cérebro — mas não há nenhuma tecnologia que eu confie com
sua vida. Ele não foi feito para essas coisas. Ele é pesquisador
e cientista. Ele não é um agente secreto.

— Ele não é sem habilidades, — diz ela obstinadamente.


— Ele treinou duro no ano passado.

Cruzo os braços para trás sobre o peito. — Ah, agora


você quer que ele vá.
— Não. — Ela esfrega as têmporas em frustração. — Eu
não quero que ele vá, assim como eu não quero que Griff se
coloque em perigo. Mas faz parte do trabalho, e tenho que
confiar que vai dar certo. Se não, não poderia trabalhar aqui.

— Eu sinto muito. Mas não confio em vocês todos para


protegê-lo. Algo pode dar errado. Ele é muito importante para
mim.
— Eu entendo isso, — ela tenta me tranquilizar.

— Como você pode? Você não tem ideia de como nos


sentimos um pelo outro e...

— Sim eu sei. Eu tive uma longa conversa com Dozer


hoje sobre você. Como as coisas mudaram. Como ele está
bobo, loucamente apaixonado por você. Eu sei exatamente o
que você significa para ele e vice-versa. Então você deve
entender, ele tem que fazer isso. Ele quer ser o único a
protegê-la, porque você é dele.

Lágrimas vem aos meus olhos. Suas palavras são


exatamente o que eu precisava ouvir, mas, ao mesmo tempo,
eu as odeio. — Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer
com ele.

— Não seria sua culpa

—Seria, — eu insisto. — Fui eu que tive um


relacionamento com um louco. E quando descobri que ele
havia assassinado alguém, fui eu que procurei a polícia. Eu
deveria ter deixado isso quieto. Romper com ele e segui meu
caminho. Em vez disso, fiz de mim e da minha família um
alvo, e agora Dozer. Isso é tudo minha culpa.
— Não! — Bebe exclama, me agarrando pelos ombros e
me surpreendendo com uma pequena sacudida. — Isso é
culpa de Ivan Borovsky. Ele é o único culpado. Agora, eu
entendo que você está brava e preocupada, mas você precisa
superar. Isso vai acontecer, com ou sem o seu consentimento.

Meus nervos se elevam. Eu gosto muito da Bebe.


Respeito o inferno fora dela, ela é querida por mim porque é a
amiga querida de Dozer. Mas não tem o direito de me dizer
para desistir de falar com Dozer sobre o assunto. Eu tenho o
direito de estar envolvida.
— Eu preciso falar com Dozer, — eu digo calma. — Por
favor, você pode me levar até ele?

Bebe me olha por um longo momento, talvez calculando


se deve protegê-lo de mim. Então toma uma decisão, e aperta
o botão do elevador. — Eu não preciso levar você. Basta bater
na porta e Dozer a deixará entrar.

— Obrigada, — eu digo, as palavras saindo duras e


reservadas. Mas então algo passa por mim... uma respiração
ou duas e sei que se eu quiser uma vida com Dozer, Bebe fará
parte dessa vida.

Aproximo-me dela e a abraço com força. Ela endurece


por um segundo e então me dá um abraço hesitante de volta.
— Não seja muito dura com ele. Ele só está fazendo isso
porque te ama.

— Faz-me desejar que não me amasse, — resmungo. —


Pelo menos ele estaria seguro.
— E você ficaria sem o amor verdadeiro, o que também
não é justo.

— Touché, — eu respondo e entro no elevador.


Bebe sorri mais uma vez e gira nos calcanhares quando
as portas se fecham e desço para a divisão de P&D.

As instalações onde Bebe e Dozer fazem suas pesquisas e


desenvolvem novas tecnologias parece o laboratório de Shuri,
direto do Pantera Negra. É um dos filmes favoritos de Dozer, e
suponho que o usou como inspiração, já que esta área foi
recentemente construída e equipada com todos os tipos de
aparelhos tecnológicos.

Através das portas de vidro, vejo Dozer em sua mesa de


trabalho, sentado em um banquinho e mexendo em uma
pequena caixa preta, usando uma chave de fenda e um kit de
solda. Nossa, quão longe ele chegou desde seus dias de
trabalho na NASA, no entanto, sei sem dúvida que ele diria
que seu trabalho aqui é muito mais importante e gratificante.

Eu bato no vidro com os nós dos dedos e ele pula,


olhando por cima do ombro.

Quando me vê, a princípio seu sorriso se abre.

Quando vê que não estou sorrindo de volta, ele vacila,


desaparece e depois some.

Com um suspiro - sim, ele sabe por que estou aqui com
base na minha expressão - ele estende a mão para o teclado e
com alguns toques, a porta destranca com um clique audível.
Eu entro e antes que a porta se feche atrás de mim, eu
atiro nele. — Como você pode sequer pensar em fazer algo tão
estúpido?

— Bebe me delatou? — ele adivinha.


— Na verdade não. — Embora tecnicamente, ela tenha
preenchido os detalhes que eu não sabia, então, de certa
forma, ela fez. Mas eu livro a minha garota. — Eu ouvi alguém
falando sobre isso.

Dozer rosna de frustração e esfrega a mão no queixo. —


Eu ia te contar, mas não até que tivéssemos certeza absoluta
de que poderíamos tentar.

— Como você pode pensar que é uma boa ideia se


oferecer como isca? Borovsky vai matar você. E vai torturá-lo
antes disso.

Eu não acho que são as palavras tanto quanto a minha


atitude, mas Dozer sai do banco e vem para mim, colocando
as mãos em volta do meu rosto, curvando-se para perto de
modo que estamos quase nariz com nariz. — Como você pode
pensar que eu ficaria parado e não faria nada? Esperar que
ele venha matar você não é uma opção. Não podemos mantê-
la presa aqui para sempre. Pelo amor de Deus, JJ... eu quero
começar uma vida com você, e não podemos fazer isso até que
esse idiota seja pego.

— Você quer começar uma vida comigo? — Eu pergunto,


incapaz de controlar o tom sonhador. É algo que eu esperava
nos últimos dias desde que as coisas mudaram entre nós,
mas não houve momento certo para falar sobre isso.

— Claro, quero uma vida com você. Quero tudo com você
e Thea. Você é minha família, e estou pronto para continuar
com isso. Mas temos que ter certeza de que você está segura.
— Mas podemos estar seguros aqui, — insisto. —
Enfiados juntos na Jameson até que ele seja pego.

— E se isso levar semanas? Meses? Por quanto tempo


você está disposta a parar sua vida? Você quer manter Thea
trancada como se ela estivesse em uma prisão?

— Claro que não, — eu digo, envolvendo minhas mãos


em torno de seus pulsos e puxando seus braços para longe de
mim. — Mas eu gostaria de dar à polícia uma chance de pegá-
lo.
Dozer balança a cabeça. — Seus recursos estão
esgotados. Seus informantes sabem que ele está em Miami,
mas seu paradeiro é guardado de perto pelos superiores da
organização. Há ordens para caçá-lo e trazê-lo a todo custo.
Há uma enorme recompensa pela cabeça dele, e não vai parar
até que Borovsky seja capturado ou morto. Francamente... eu
preferiria o último.

— Você não quer dizer isso, — suspiro.

— Eu quero dizer isso, e eu gostaria de ser o único a


colocá-lo seis metros abaixo da terra, — ele resmunga
ferozmente.
— Dozer, — eu repreendo, o que ele claramente não
gosta. Ele se afasta de mim e depois se vira. Ele parece querer
dizer alguma coisa, mas fecha a boca.

— O que? — Eu imploro, movendo-me em direção a ele.


Ele se afasta. — O que há de errado?

Dozer levanta as mãos como se fosse usá-las para se


explicar, mas em vez disso elas se fecham em punhos e seus
lábios se contraem com os dentes à mostra. Sua voz é quase
desumana. — Quando penso naquele monstro tocando em
você... nas coisas que você teve que passar depois que foi à
polícia... eu apenas...

Ele não termina, mas sei o que ele está pensando. Ele
nunca me disse como se sentia sobre tudo isso, mas chorei
em seu ombro algumas vezes depois que Borovsky foi
condenado. A culpa e a vergonha que tive de permitir que
Ivan continuasse a me tocar enquanto a polícia solidificava o
caso. Era autopreservação. Eu não tinha escolha a não ser
agir normalmente, e isso incluía deixá-lo fazer sexo comigo.

Mesmo agora, pensando nisso, um arrepio percorre


minha coluna e eu forço os pensamentos para longe. Dozer e
eu passamos uma bela noite juntos ontem à noite, e essas são
as memórias de sexo, amor e intimidade que quero ter.

Preciso que Dozer deixe esses pensamentos irem. — É


passado, Dozer. Eu passei disso. Eu preciso que você
também, porque se continuar incomodando-o, vai mantê-lo
fresco para mim.
— Cristo. — Puxando-me em seu corpo, ele me envolve
em um abraço carinhoso e arrependimento. — Eu sinto
muito. Não quero fazer você se sentir mal com nada disso.
Você é uma sobrevivente. Você fez a coisa mais corajosa que
já vi alguém fazer, e deve se orgulhar de cada ação e inação
que fez com Borovsky para garantir que ele fosse punido por
matar aquela família. Eu vou esquecer, eu prometo.

Fico aliviada por seu acordo e o abraço de volta. — Bom.


Agora, podemos falar sobre essa ideia maluca de você descer
lá como isca?

Dozer recua para trás. — Não é uma ideia, é um plano.

— Não, — eu estalo com raiva. — Não é um plano.


Precisamos conversar sobre isso.

— Estou fazendo isso, JJ. Estou fazendo isso por você e


por nós, confio nos meus companheiros. Nada que você possa
dizer vai mudar minha mente.
— Se eu disser que vou odiar você por fazer isso, isso
faria mudá-lo de ideia?

— Não, porque pelo menos você estaria segura quando


derrubarmos Borovsky. Se eu perder você, teria valido a pena.

Eu rosno e bato em seu peito. — Claro, eu não odiaria


você. Eu o amaria ainda mais. Mas estou com tanto medo,
Dozer. Acabamos de nos unir.

— Nós nos conhecemos há anos, — ele brinca.


Eu olho para ele sobriamente, e seu sorriso desaparece.
— Estou realmente com medo, — repito. — Eu não posso te
perder.

— E você não vai, — diz ele, antes de se abaixar para me


beijar. — Eu prometo.
— Ok, — eu digo, me aconchegando nele. Eu vou ter que
confiar que este é o movimento certo.

— Há apenas uma outra coisa, no entanto, — diz Dozer,


e seu tom faz com que os pelos do meu pescoço fiquem em pé.

Inclinando-me para trás, eu olho para ele. — O que é


isso?

— Eu preciso que você, Thea, e sua mãe viagem. Eu


quero que você vá para a Califórnia com Kellen e...

— Oh, inferno não, — eu declaro, empurrando-o para


longe de mim. — Você está louco.

— JJ, — ele implora.


— Nada de JJ, — eu digo, acenando com o dedo para ele.
— Eu não vou deixar você.

— É para sua segurança, — diz ele, soando muito lógico.


— E você não quer que sua mãe e Thea estejam seguras?

— Elas podem ir com Kellen para a Califórnia, mas eu


não vou embora.

— Você não pode ir para Miami, — diz ele, exasperado. —


Eu não posso ter você me distraindo.
— Então eu vou ficar aqui, — eu digo, levantando meu
queixo desafiadoramente. — E essa é minha última oferta.

— Vamos conversar sobre isso, — diz ele com firmeza.

— Você pode falar o quanto quiser, — eu digo, girando


nos calcanhares para sair. Olho por cima do ombro para ele
mais uma vez. — Mas eu não vou para a Califórnia.

E com isso, vou até a porta e a abro para fazer uma


saída muito dramática.

Exceto que a porta está trancada.


Eu nem me incomodo em olhar para trás para Dozer,
mas cerro os dentes. — Deixe-me sair.

Ele suspira, mas eu o ouço no teclado, então a porta se


abre. Eu saio correndo, com a intenção de procurar Bebe para
descobrir como posso chegar a Miami. Tenho certeza de que
não vou ficar aqui, embora tenha dito a ele que ficaria. Isso foi
apenas para tirar o foco dele de eu ir para a Califórnia.
CAPÍTULO 15
DOZER
— Parece que temos um plano, — diz Kynan, batendo a
palma da mão na mesa. — Vamos voar para Miami amanhã
de manhã, o FBI vai dar uma entrevista coletiva ao meio-dia.

Exaltações de determinação e entusiasmo para cumprir


essa missão ecoam pela sala. Juntando-se a mim em Miami
estarão Kynan, Cage, Jackson, Griff e Malik. Todos eles vão
arriscar suas vidas por mim e Jess.

A única pessoa sentada nesta mesa que não parece


entusiasmada com nosso plano de jogo é Bebe, mas,
novamente, eu não esperaria nada diferente. Ela obviamente
está apoiando a missão porque esse é o trabalho dela, mas ela
ainda quer que eu mude de ideia sobre isso.

Ela também está chateada porque Kynan não a deixa vir


conosco. Ele quer que ela administre a parte tecnologia e de
comunicações daqui da sede, porque aqui fica tão bom
quanto lá, e ele acha que Bebe será uma distração devido aos
laços pessoais dela comigo.

Jess também é uma questão delicada. Depois de nossa


conversa ontem no laboratório, ela aceitou de má vontade o
plano de me colocar como isca. Isso porque ela decidiu confiar
em meus companheiros de equipe do mesmo jeito que eu
confio neles.
Mas há um clima tenso porque Jess ainda quer vir
comigo para a Flórida, o que proibi terminantemente. Não
posso me preocupar com ela e comigo ao mesmo tempo. Ela
se recusou categoricamente a ir para a Califórnia com Thea e
Claire, então, por enquanto, ela ficará na Jameson. Pelo
menos, terá Bebe para cuidar dela.

Surpreendentemente, Claire apoia totalmente toda a


estratégia. Não que ela não me ame, porque ama. E não é que
esteja despreocupada, porque ela está muito preocupada. Mas
ela não tem a mesma conexão comigo que Jess tem, e é capaz
de manter suas emoções sob controle e aceitar os riscos. Ela e
Thea vão embora com Kellen esta noite, ficando na casa de
Joslyn em Santa Bárbara até que tudo isso acabe.
— Griff, — Kynan diz, olhando por cima da mesa, — se
você não se importa, certifique-se de que tudo esteja pronto
amanhã para a coletiva de imprensa.

— Farei, — diz ele.

Esta coletiva de imprensa é como vamos atrair os


homens de Borovsky para me levar. Estarei na frente das
câmeras com os agentes do FBI em Miami, e vamos rodar
duas vezes por dia. Os jornais publicarão artigos com minha
foto e facilitarei para Borovsky me encontrar. Espero que
dentro de um ou dois dias, ele faça um movimento.

Kynan volta sua atenção para mim. — Você é bom em


tecnologia?

— Sim, perfeito.
— E nós temos redundância? — ele pressiona.

— É claro.

Ele está falando sobre usar receptores GPS e GNSS para


me rastrear. O GPS, ou sistema de posicionamento global,
usa um satélite, entre outras coisas, fixar a localização de um
receptor de rádio específico. Eles são comumente encontrados
em nossos smartphones ou relógios, e estarei usando um
relógio especializado que parece bastante comum ao se olhar,
mas tem um chip GPS dentro. A desvantagem disso é que, se
os russos forem espertos, eles tirarão todos os eletrônicos de
mim. Na verdade, esperamos que eles façam isso porque, se
pegarem meu relógio e encontrarem o chip GPS dentro,
esperamos que isso os acalme em uma falsa sensação de
segurança.

A redundância é que também usaremos um chip GNSS


para me rastrear. O sistema global de navegação por satélite é
uma constelação de satélites que podem rastrear a
localização. O uso de vários satélites versus apenas um com
GPS fornece informações mais precisas. Embora haja agentes
me vigiando o tempo todo e que me seguirão secretamente
quando eu for — sequestrado, — temos que planejar o pior.

O módulo que estamos usando tem apenas quatro


milímetros por quatro milímetros e será costurado na bainha
da minha roupa. Minha esperança é que eles não a tirem, e
enquanto puder manter minhas roupas, meus companheiros
da Jameson poderão me encontrar.
Claro, tudo isso depende de eu chegar a Borovsky. Se a
equipe invadir o resgate sem Borovsky estar lá, tudo terá sido
em vão.

Decidimos que não haverá invasão imediato. Em vez


disso, serei seguido e, assim que meu sinal parar, eles ficarão
de olho por um tempo. Pode ser um dia. Talvez dois.
Esperemos que não mais do que isso. Sem saber onde está
Borovsky, não podemos começar a adivinhar se serei levado
até ele ou se ele virá até mim em algum momento.
A espera será a parte mais perigosa porque eles vão me
pressionar para divulgar informações sobre onde Jess está.

Isso não vai acontecer, é claro. Estou preparado para


morrer primeiro.

— Parece que estamos prontos. Sugiro que todos tenham


uma boa noite de sono. Temos o que pode ser alguns dias
longos e estressantes pela frente.
É a nossa deixa de que a reunião acabou. Todos nos
levantamos para sair da sala de conferências. Minha mente já
está em Jess e em passar a noite com ela. Eu nem quero que
seja sozinho, mas com Claire e Thea também. Não sei se esta
é nossa última noite juntos, mas se for, quero passar cada
instante com essas três mulheres que são minha família.

Antes mesmo de me mover do meu assento, Kynan diz:


— Dozer... espere um minuto.

Eu recuo de volta e uma vez que a sala está vazia e a


porta fechada, Kynan me dá um olhar aguçado. — Você tem
certeza absoluta sobre isso?

— Sem ofensa, chefe, mas essa é uma pergunta


estúpida.
O canto do lábio de Kynan se curva e ele balança a
cabeça. — Nós podemos conseguir outro agente para fazer a
conferência de imprensa. Ser a isca.

— Não é incentivo suficiente. É a mim que ele vai querer,


porque fui visto pela última vez com Jess.

— E você atirou em um de seus homens, — Kynan


aponta. — Você e eu sabemos que haverá consequências.
Eu concordo. — Eu posso lidar com isso.

Eu vou ter que lidar com o que quer que eles joguem no
meu caminho. Preciso sobreviver para poder ter minha vida
com Jess.

— Eu sei que você pode lidar com isso, — ele responde, e


posso ouvir a verdade em suas palavras. Ele tem fé em mim.
— Mas, honestamente, não gosto de pensar no pior que pode
acontecer.

— O pior que pode acontecer é eu morrer, e fiz essa


escolha.

Kynan balança a cabeça severamente. — Isso não é a


pior coisa que pode acontecer com você.

Ele está tentando me assustar, e o respeito por isso. Ele


se preocupa genuinamente com seu pessoal mas também
sabe que, apesar do treinamento que fiz no ano passado, sou
o menos qualificado para esta missão. Os agentes aqui na
Jameson são ex-militares, Forças Especiais, FBI, CIA e outros
agentes da lei.

— Mais alguma coisa que precisamos revisar? — Eu


pergunto, indicando que não há mais nada que ele possa
dizer neste último esforço para mudar minha mente.
Kynan não responde minha pergunta direta, mas diz: —
Nós vamos pegá-lo. Não importa o que aconteça no processo,
prometo que vamos derrubá-lo.

— Contanto que possa ter certeza de que Jess está


segura, isso é tudo que importa para mim.

O sorriso de Kynan é triste, um pouco forçado. Mas por


mais que ele se preocupe comigo, ele faria isso um milhão de
vezes por sua esposa. Inferno, qualquer um desses caras faria
sem pensar duas vezes.
Como uma reflexão tardia, eu digo: — Eu já falei com
Joslyn esta manhã para agradecer pelo empréstimo de sua
casa, mas obrigado por enviar Kellen com Claire e Thea. Não
consigo me concentrar se estou preocupado com a segurança
de Thea.

— Eu tenho observado você com ela nos últimos dias, —


diz Kynan enquanto tamborila os dedos na mesa. — Ela é
muito mais do que uma afilhada para você.

— No meu coração, sim. — Thea é tão importante —


talvez até mais por ser uma criança e mais vulnerável do que
Jess. — Seu pai foi morto quando ela era tão jovem, eu fui o
único modelo masculino em sua vida. Eu gostaria de ter
estado mais lá, mas…

— Mas até você decidir sair da zona de amizade com


Jess, isso não estava em discussão. Estou feliz que você
tenha superado isso.
Eu pisco de surpresa. Eu não contei a ninguém
especificamente que Jess e eu cruzamos uma linha, mudando
nosso relacionamento e nosso futuro. Não é algo que você vai
até seu chefe e diz: — Ei, Kynan, finalmente fiz sexo com o
amor da minha vida, e agora estamos juntos.

Kynan ri. — Joslyn tem olhos e viu o jeito que vocês dois
estão agindo. E Bebe me disse que Jess teve um colapso
ontem sobre o plano. Eu diria que as coisas entre vocês estão
diferentes.

— É por isso que é tão importante tirar Borovsky das


ruas para que eu possa começar minha vida com ela e Thea.
Uma expressão passa no rosto de Kynan. — Devo me
preparar para perdê-lo como funcionário?

— Eu não sei, — eu respondo com sinceridade. — Eu sei


que quero estar com Jess e Thea. Só não sei onde será.

— Então, basicamente estou colocando todos os meus


agentes em risco, usando recursos caros, deixando você
potencialmente ser sequestrado, torturado e talvez até morto,
e então você pode deixar Jameson.
Ele está brincando, é claro. Eu rio. — Eu não quero sair.
Espero conseguir convencer Jess a vir para o norte e morar
aqui. Mas ela tem fortes laços com a Flórida.

— Talvez você pudesse trabalhar meio período


remotamente de lá, meio período aqui?

— Talvez, — eu respondo evasivamente. Pelo que sei,


Jess pode querer se mudar para Aruba, e eu quero que ela
seja feliz. Temos muito o que discutir e planejar, mas agora
não é o momento.

Ter a certeza de que realmente temos um amanhã.

— E você e Joslyn? Eu pergunto curiosamente, já que ele


trouxe Thea. — Vocês dois vão ter filhos?

Ele balança a cabeça. — Não é algo que realmente


queremos. Nós amamos apenas estar juntos e adorando todas
as crianças Jameson. Mas aprendi a nunca dizer nunca.

— Engraçado, mas também nunca vi crianças no meu


futuro. Acho que porque tinha Thea e não quis ninguém além
de Jess. Achei que sempre seria o tio Dozer, e isso seria o
suficiente.

Kynan ri enquanto se levanta de sua cadeira, e sigo o


exemplo. Ele me dá um tapinha no ombro. — Vou fazer uma
previsão de que você e Jess darão a Thea mais de um irmão
no futuro.

— Não tenho certeza se posso lidar com mais de dois ou


três, mas se isso não acontecer, Thea é realmente tudo que
preciso. Vamos deixar isso nas mãos de Deus.

Há uma pausa séria antes de Kynan dizer: — Vou rezar


para que Deus tenha suas mãos sobre você nos próximos
dias. Vamos precisar de toda a ajuda que conseguirmos.

— Amém, — eu respondo.

Amém.

NÃO ESPERAVA que Jess ficasse tão emocionada quando nos


despedimos de Claire e Thea. Eu sei que ela apoia totalmente
a ideia delas partirem em segurança, mas nunca esteve longe
de Thea assim, e é difícil para ela.

Estamos na garagem. A bagagem delas já está na


traseira de um Suburban com vidros escuros. Kellen está na
porta traseira do passageiro, pronto para abri-la para Thea e
Claire. Ele os levará ao aeroporto, onde têm passagens
comerciais para voar para o oeste.
Enquanto Jess fica de joelhos, abraçando Thea com
força, vou até Kellen e estendo minha mão. — Eu aprecio você
fazendo isso. Está tirando muita preocupação de mim.

— Fico feliz em ajudar, — diz ele enquanto apertamos as


mãos. — Fique seguro, irmão.

— Você também, — eu respondo enquanto soltamos as


mãos.
Eu me movo para Claire e lhe dou um abraço apertado.
Ela beija minha bochecha e puxa a cabeça para trás. — É
melhor você sair bem dessa. Vou ficar muito zangada com
você, se não o fizer.

— Não se preocupe comigo, Claire. — Eu sorrio


corajosamente. — Temos isso sob controle. Vai ficar bem.
Vamos derrubar Borovsky.

Ela não pode evitar a dúvida em seus olhos mais do que


eu posso evitar o aperto no meu estômago quando penso nas
milhões de coisas que podem dar errado. Mas ela beija minha
bochecha novamente e se move para sua filha.

Tocando Jess no ombro, ela diz: — Precisamos ir,


querida.

Jess puxa Thea para ela novamente e enterra o rosto no


pescoço da filha. Quando ela se afasta, ela mantém as
lágrimas como uma névoa em seus olhos, mas há um leve
tremor em sua voz. — Você vai ter a maior aventura da
Califórnia. Eu quero que você e Gigi tirem muitas fotos e
vídeos para mim, ok?
— Ok, mamãe. — Ela olha para Kellen e depois de volta
para Jess. — E Kellen vai nos apresentar a Bubba.

Jess ri e assente. — Isso vai ser muito divertido. Vejo


você em breve, ok?

Mais um abraço, e Jess tem que se afastar. Ela cai nos


braços de sua mãe e chora baixinho em seu ombro. Para
distrair Thea, bem como dar meu próprio abraço de
despedida, eu pego seu braço e a levo a alguns metros de
distância. Virando-a para que sua mãe fique de costas, eu me
agacho na frente dela.

— Eu tenho um presentinho para você, — eu digo


maliciosamente.
— Você tem? — ela pergunta, os olhos brilhando com
entusiasmo, seu pequeno sorriso desdentado e radiante.

Concordo com a cabeça e enfio a mão no bolso de trás,


tirando um relógio que fiz Joslyn passar em uma loja e
comprar para mim. — Este relógio tem muitos recursos
divertidos, e eu dei o livro de instruções para Gigi, mas o mais
importante é que você pode ligar para mim ou para sua mãe
sempre que quiser em nossos telefones celulares diretamente
do relógio.

— Uau! — ela exclama e então exige que eu a ensine a


usá-lo.
Toco na tela do relógio, mostro os contatos e ela
pressiona meu nome.

Meu telefone toca e eu me levanto, tirando-o do meu


outro bolso.

Respondendo, eu digo: — Olá, o maior tio do mundo


falando.

Minha voz sai claramente no relógio de Thea, e ela ri. —


Oi, tio Dozer. É Thea.
— Bem, olá, Thea. Como vai? — Eu pergunto
alegremente.

— Indo em uma viagem para a Califórnia com Gigi.

Eu a olho enquanto ela segura o relógio na boca, e uma


onda de amor e carinho me percorre. — Espero que você
tenha o melhor tempo.

— Eu vou sentir sua falta, no entanto, — diz ela, depois


de uma pausa.

— Vou sentir sua falta também, — eu asseguro a ela. —


E não diga a sua mãe que eu te disse isso, mas quando você
voltar, vamos para a Disney World.
Claro, Jess ouve isso e se vira para me lançar um olhar
exasperado.

Thea ri e sussurra no relógio. — Será nosso segredo.

Dando um passo em direção a ela, estendo minha mão,


meu dedo mínimo curvado. — Promessa de mindinho.

— Promessa de mindinho, — ela concorda, prendendo


seu pequenino ao meu.

Desconectando a chamada, enfio meu telefone de volta


no bolso e pego Thea em meus braços. Eu a abraço forte e a
levo para o Suburban.

Jess se afasta de sua mãe, passa a mão sobre a cabeça


de Thea e, mais uma vez, com lágrimas ameaçando derramar,
diz: — Eu te amo, baby.
— Também te amo, mamãe.

Kellen abre a porta, Claire entra, e então coloco Thea no


banco do carro. Eu afivelo o cinto para ela, dou um passo
para trás para deixar Jess abrir caminho para beijar sua filha
mais uma vez.
Quando fica claro que Jess está lutando, a puxo pelos
ombros e Kellen fecha a porta. Ela se vira para mim e
descansa a cabeça no meu ombro quando Kellen coloca o
SUV em marcha.

Eu envolvo meu braço ao redor de sua cintura e a abraço


forte, ouvindo-a fungar. — Elas vão ficar bem.

— Eu sei, — ela diz. — Mas agora começa a ficar real.


— Agora começa a ficar real, — eu concordo. — Mas
Thea e Claire estão seguras, você está segura, e eu prometo...
estarei de volta em segurança para você em breve.

Jess inclina a cabeça para mim, os olhos brilhando, eu


não suporto vê-la com dor. Por um segundo, reconsidero meu
plano. Talvez eu devesse apenas levar Jess, Claire e Thea, e
irmos morar em outro país com novas identidades.
Poderíamos deixar Borovsky para trás e começar nossas vidas
de novo.

— Eu tenho fé em você, — ela sussurra, levantando para


me dar um beijo suave. — Se há alguém no mundo que eu
escolheria para proteger a mim e minha família, seria você,
somente você. Você tem isso.
Estou surpreso que ela pareça aceitar totalmente o
plano, fortalece mais minha determinação de levá-lo adiante.

— Vamos lá, — eu digo, as luzes traseiras se afastando


enquanto Kellen se dirige para a saída. — Vamos subir para
jantar e uma boa garrafa de vinho. Acho que nós dois
precisamos disso.
CAPÍTULO 16
JESSICA
DOZER partiu há menos de uma hora — voando para
Miami com a equipe Jameson — e eu praticamente gastei a
sola do sapato com o meu ritmo. Eu não estava preparada
para a onda de emoção que me atingiu quando nos
despedimos na garagem, no mesmo lugar que Kellen saiu com
minha mãe e Thea ontem à noite.

Achei que ficaria bem. Achei que poderia lidar com isso.

Ontem à noite, depois que Kellen saiu, Dozer conseguiu


tirar minha mente das coisas. Não foi com beijos quentes ou
orgasmos empolgantes. Tivemos um jantar simples em seu
apartamento — sanduíches e batatas fritas — e dividimos
uma garrafa de vinho. Tentamos não falar sobre todas as
coisas pesadas e assustadoras que pairavam sobre nós. Até
encontramos motivos para rir.

Depois do jantar, eu meio que esperava que ele me


levasse para o quarto, mas em vez disso me levou para o sofá.
Ele escolheu um filme, um dos meus favoritos e nos
abraçamos assistindo Thor: Ragnarok.

Não sei quantos filmes Dozer e eu assistimos juntos ao


longo dos anos. Às vezes no cinema, às vezes na casa da
minha mãe, às vezes na minha casa. Sempre nos sentávamos
perto um do outro no sofá, dividindo pipoca e fazendo
comentários idiotas.
Mas não ontem à noite.

Ontem à noite ele se esticou atrás de mim, me segurando


perto e oferecendo seu braço forte como travesseiro. Ele
acariciava meu quadril e, de vez em quando, beijava minha
nuca. Mas nos perdemos no filme e não poderia ter sido mais
perfeito. Eu precisava de alguma aparência de normalidade e
de seu conforto, com seus braços fortes ao meu redor.

Depois de Thor, colocamos o favorito de Dozer,


Independence Day. A última coisa de que me lembro foi de
Will Smith saindo de sua casa e olhando para o céu para ver
a espaçonave alienígena, e então eu estava dormindo
profundamente.

Tenho uma vaga lembrança de Dozer me levantando do


sofá e me levando para o quarto. Eu estava grogue quando me
ajudou a tirar minhas roupas e me deixou deslizar sob as
cobertas. Acho que minha última lembrança da noite foi dele
deslizando atrás de mim e me puxando para perto, enquanto
eu caía no sono.

Eu não sonhei.

Nenhum pesadelo dos meus piores medos se


concretizando. Dormi profundamente até que Dozer me
acordou cedo, com os dedos entre as minhas pernas e a boca
no meu pescoço. Ele fez amor comigo muito lentamente,
fazendo-me voar alto com ele, e voltamos a terra novamente,
envoltos nos braços um do outro.

E então ele se foi.


Para Miami.

Para ser sequestrado. Possivelmente torturado. Talvez


morto.

Eu xingo de frustração enquanto continuo andando de


um lado para o outro, roendo periodicamente uma das
minhas unhas, hábito que tenho quando estou estressada.

Dozer me prometeu atualizações frequentes. Ele disse


que ligaria sempre que pudesse. Tanto Kynan quanto Griff
também prometeram que me manteriam informada e que eu
estaria ciente de cada situação à medida que se desenrolasse.

Não era bom o suficiente para mim essas garantias.

Uma hora depois que eles se foram, ainda não era bom o
suficiente.

Na verdade, estou me sentindo nitidamente excluída, o


que é bobo, claro. Eu não posso ajudá-los. Eu só atrapalharia
se estivesse em Miami. Dozer disse que eu seria uma
distração, e tomei como uma espécie de elogio e não quero ser
um obstáculo.

Ainda assim... não posso deixar de lado o fato de que


estou no lugar errado agora.

Não consigo parar de pensar que deveria ser mais


proativa.

Sem pensar muito, saio do apartamento e desço a escada


até o segundo andar. Alguns dos agentes da Jameson me
olham com curiosidade de suas mesas enquanto sigo para o
elevador que me levará ao laboratório de pesquisa e
desenvolvimento onde sei que Bebe está trabalhando.

Bato o pé impacientemente, enquanto espero o elevador.


Não tenho certeza do que espero fazer – apenas correndo por
instinto aqui.
No nível do subsolo, saio do elevador e caminho até a
porta de vidro onde posso ver Bebe em sua mesa. Bato com
força, e ela se vira para me olhar por cima do ombro. Um
segundo depois, a porta destranca e eu entro.

— Você parece o inferno, — diz Bebe quando me dá uma


olhada.

— Eu me sinto como o inferno, — eu admito. — Meus


nervos estão uma bagunça, meu estômago parece que vai
virar do avesso e não demoraria muito para eu começar a
chorar agora.
Bebe suspira dramaticamente. — Por favor, não chore.
Estou mal equipada para lidar com as lágrimas.

Eu sorrio sombriamente. — Não posso ficar aqui.

Ela se acomoda em sua cadeira e aponta para a vazia


onde Dozer normalmente se senta. Eu pego e balanço meu
joelho de puro nervosismo. — Eu tenho que ir para Miami.
Não, não preciso. Estou indo para Miami.
Bebe balança a cabeça. — Você certamente não irá.

— Você poderia vir comigo. — Eu olho para ela com


expectativa. Eu sei que ela não quer estar aqui mais do que
eu, mas Kynan insistiu que ela ficasse. Ele sentiu que seu
vínculo estreito com Dozer seria um obstáculo, que sua
cabeça estaria mais fria e seu coração mais desapegado, se
ela ajudasse a missão remotamente. — Dozer precisa de nós.

Algo pisca em seus olhos, mesmo que seu queixo


permaneça teimosamente firme. — Dozer me mataria se eu
levasse você para Miami. Kynan me demitiria.
— Eu vou com ou sem você, — eu ameaço.

— Eu vou amarrá-la a essa cadeira, — ela responde.

— Aposto que poderia chutar sua bunda, — digo porque


a tenho alguns centímetros. — Você é magricela.
Não recebo nada além de um revirar de olhos. — Eu não
tenho medo de você. Mas, novamente, Dozer me mataria.

Eu aceno minha mão com desdém. — Dozer não te


mataria porque eu não o deixaria te matar. E Kynan não está
prestes a demitir seu funcionário mais brilhante, valorizado e
querido. Você é o coração desta empresa, e Kynan seria tolo
se ele...

— Pare de tentar me lisonjear, — Bebe lamenta. — Não


estou dizendo que não gosto, mas realmente não é necessário.
— Então, você vai me ajudar? — Eu pergunto
esperançosa.

— Deixando tudo de lado, todas as razões válidas para


você querer ir, — Bebe diz gentilmente, — não acho que seria
bom você estar lá. Acho que o estresse seria demais. Você
ficará isolada em um quarto de hotel, sem a possibilidade de
estar perto de qualquer um de nós porque estaremos
instalados no escritório de campo do FBI. Sem mencionar que
ir a Miami pode colocá-la em grande perigo. Não conhecemos
a capacidade dos russos, e eles podem ter pessoas nos
aeroportos procurando por você.

— Eu não me importo. E eu poderia ficar com o pai de


Dozer. Seu complexo é impenetrável.

Bebe suspira e esfrega os dedos na ponta do nariz, uma


indicação clara de que eu lhe dei dor de cabeça.

— Bebe, — eu digo. Quando ela se concentra em mim, eu


digo o mais sincera que posso. — Não consegui dizer o que
precisava a Dozer ontem à noite. Eu não o fiz de novo esta
manhã.

Ela franze a testa e inclina a cabeça. — Você não disse a


ele que o ama?
— Claro, eu disse a ele que o amo, — resmungo irritada.
— Isso é fato.

— Não estou acompanhando.

— Eu não disse a Dozer que quero um futuro com ele.


Que quero ser sua esposa e ter filhos. Não tive a chance de
dizer a ele que o seguiria até os confins da terra se fosse isso
que ele quisesse. Ele saiu daqui, possivelmente para dar sua
vida por mim, e nem sabe o quão profundo é o meu amor. Ele
precisa saber exatamente pelo que está lutando.
— Ele sabe, — afirma Bebe.

— Ele não, — eu exclamo. — Porque recaímos em velhos


hábitos após a admissão inicial dos nossos sentimentos. Nós
dois temos medo de nos expressar verdadeiramente. Isso é tão
novo e frágil que estamos tratando com muito cuidado. Não
tivemos o tempo para fazer isso, e agora o deixei ir sem lhe
dar a esperança de algo para voltar.

Bebe range os dentes. — Maldição, — ela murmura. —


Por que você teve que me dizer isso?

— Então você entende o quão importante é eu chegar a


Miami.

Eu vejo sua determinação diminuindo, e ainda assim ela


ainda tenta me dissuadir. — Pegue o telefone e ligue para ele.
Você pode alcançá-lo no avião particular.

Eu olho em frustração para ela. — Eu certamente não sei


o que você sente por Griff ou como é seu relacionamento, mas
ninguém compromete toda a sua vida, fidelidade e lealdade
até que a morte os separe por telefone. — No momento em
que pronuncio essas últimas palavras, estou quase gritando
com ela.

Para minha surpresa e irritação, Bebe começa a rir. —


Garota, eu vou em frente e premiar você com o Oscar deste
ano, de Melhor Performance Dramática.

— Não estou sendo dramática. Estou sendo verdadeira.


Bebe acena com a mão, ainda rindo. — Eu sei que você
está sendo real. E isso me faz te adorar ainda mais. Dozer é
um homem de sorte.

Meu coração afunda, porque ela não está me dando o


que eu quero. — Isso significa que você não vai me ajudar?

É uma pergunta, mas também uma afirmação, porque


eu praticamente sei a resposta.

Bebe se inclina e sai do computador. Quando se vira


para mim, ela diz: — Eu absolutamente vou ajudá-la. Eu
quero ir também, e você é exatamente o que minha
consciência precisa para quebrar as regras. Vamos lá.

LEVO cinco minutos para fazer as malas. Bebe tem o que


chama de — mala de viagem, — algo que todo agente mantém
na sede caso seja chamado em uma missão a qualquer
momento.

Não é tarefa fácil passar pelo punhado de agentes no


segundo andar. Se algum deles ver eu ou Bebe saindo com
malas para o elevador de carga que leva à garagem, seremos
paradas.

Bebe não é apenas inteligente, mas esperta. Ela enviou


um e-mail para esses agentes, dizendo que informações
urgentes acabaram de chegar do escritório de campo do FBI e
que todos precisavam estar na sala de conferências para um
interrogatório.

No minuto em que a porta da sala de conferências se


fecha e os pobres homens e mulheres estão lá dentro
esperando que Bebe lhes dê uma atualização, nós nos
arrastamos para o elevador de carga. Meu coração bate forte o
tempo todo, até chegarmos à garagem.
— Não temos tempo para perder tempo.
Independentemente de quem entra ou sai, um alerta vai para
todos os smartphones. Eles virão atrás de nós agora.

— Merda, — eu exclamo, meu coração pronto para


explodir. Achei que ainda não seríamos perseguidas, e uma
onda de pânico me paralisa.

Mas Bebe agarra meu pulso e corremos pelo


estacionamento até o carro dela, um sedã BMW. Ela aponta
seu chaveiro para o veículo e o porta-malas sobe.
— Entre, — ela diz, balançando a cabeça.

— O que? — Eu exclamo, imaginando os agentes


aterrorizados que estarão sobre nós em breve.

— Não sabemos se os russos estão em Pittsburgh. Eles


podem estar vigiando este prédio. Eu saio daqui, sozinha,
caso eles estejam vigiando.

— Posso me deitar no banco de trás, — sugiro.

— Porta-malas, — ela afirma. — É o mais seguro. Eu vou


deixar você sair assim que puder.
— Tudo bem, — eu exclamo, jogando minha bolsa e
subindo atrás dela. Bebe pisca antes de me trancar na
escuridão.

Não demora muito para Bebe encostar e me deixar sair


do porta-malas. Eu rapidamente entro no banco do
passageiro e estamos nos aproximando do aeroporto.
— Se os agentes vierem atrás de nós...

— Não se. Eles estão.

Eu me sinto encurralada e não consigo lidar com esse


nível de suspense. — Como vamos pegar um voo?

— Nós não estamos voando comercial, — diz Bebe e olha


para mim com um sorriso sombrio. — Liguei para a
namorada de Jackson, Camille.

— Ela é a princesa, — eu digo. Dozer me contou sobre


ela.

— Eu deu a ela uma mentira descarada. — Bebe parece


genuinamente angustiada com isso, enquanto muda de faixa
para passar por alguns carros. — Disse-lhe que queria uma
escapadela de garotas com algumas amigas devido o alto
estresse e perguntei se poderia pegar emprestado o avião dela.

— E ela deixou? Eu pergunto com admiração.

— Sim. Ela é incrivelmente generosa, embora uma vez


que perceba que menti para ela, acho que nossa amizade vai
acabar.

— Talvez ela entenda, — eu digo suavemente.


— Talvez, — ela murmura, abastecendo o carro. — Só
temos que torcer para que ela não fale com Jackson na
próxima hora, antes de estarmos no ar, porque ele vai
conectar as coisas.

A desesperança cresce dentro de mim. — Isso não vai


funcionar. Nós seremos impedidas.

— Foda-se, — Bebe grita, eu olho para ela, chocada. —


Se não pudermos chegar lá de avião, vamos apenas dirigir.

— Sério? — Eu pergunto, minha fé mais uma vez


renovada.

Bebe dá de ombros. — Eu já fiz tudo o que preciso para


irritar Kynan e Griff. Posso muito bem ir até o fim.
— Eu poderia te beijar agora.

Bebe olha para mim, uma expressão de advertência no


lugar.

Eu mando um beijo para ela em vez disso.

Chegamos ao hangar privado sem problemas. Uma vez lá


dentro, somos recebidas por uma espécie de assistente que
nos leva imediatamente para a pista. Aparentemente, a
realeza recebe tratamento prioritário, embora eu tenha
certeza de que, após a ligação de Bebe, eles estiveram
trabalhando no preenchimento do plano de voo e preparando
o piloto para nós.

Mais vinte minutos, estamos no ar e finalmente consigo


relaxar um pouco.
Apenas dez minutos depois disso, os telefones meu e de
Bebe começam a tocar. Não precisamos desligá-los em um voo
particular, embora quando vejo que é Dozer quem está
ligando, sinto uma vontade repentina de não atender. Não
quero falar com ele agora. Não quero ouvi-lo me dizer para
dar meia-volta para Pittsburgh.

Bebe vira o telefone para mim — é Griff. Ela não é


covarde como eu e atende, colocando no viva-voz para que eu
possa ouvir.

— O que diabos você pensa que está fazendo, Bebe? —


Griff rosna. — Você basicamente sequestrou o avião de
Camille...

— Ela nos deu permissão, — diz Bebe afetadamente.

— Você mentiu para ela sobre onde estava indo, então


vou chamar isso de sequestro. Você foi contra a autoridade de
Kynan e está levando Jess deliberadamente para Miami, onde
ela pode estar em sério perigo.
— Blá, blá, blá, — diz Bebe, e meus olhos brilham com
sua audácia de provocá-lo quando ele está tão bravo.

— Eu vou colocar você no meu joelho quando vê-la, —


ele resmunga em uma voz baixa que me deixa apavorada por
ela.

Bebe ri, sua voz rouca. — Essa é uma promessa que vou
cobrar.
Minhas bochechas aquecem com a implicação, e me
pergunto como seria se Dozer fizesse isso comigo.

Bebe me olha como se soubesse exatamente o que estou


pensando, e meu rosto parece um inferno.

— Griff, — Bebe diz, seu tom agora sério, — estamos a


caminho. Não tente nos parar. E vou te amar para sempre se
você acalmar as coisas com Kynan e Dozer antes de
chegarmos.

— Que horas seriam ? — ele pergunta bruscamente.

— Mais algumas horas.


— Você fica no hangar privado. Eu vou te buscar.
Precisamos levar Jess para um hotel e colocar alguns
policiais.

Eu balanço minha cabeça, e Bebe assente. — Ela quer


ficar com o pai de Dozer. Ele tem um complexo fortificado.
Nós só precisamos levá-la lá secretamente.

— Essa será uma decisão de Dozer, não dela, — Griff


retruca, e sei que ele está bravo comigo também.
— Entendido, — Bebe diz em um tom apaziguador. — E
obrigada. Você é o...

A linha desliga.

Bebe olha para seu telefone, o queixo caindo


ligeiramente. — Ele desligou na minha cara. — Seu olhar
sobe para o meu. — Eu não posso acreditar que o idiota fez
isso.
— Ele tem motivos para estar louco, — eu digo, sentindo
a necessidade de defender suas ações, um pouco. Bebe e eu
nos tornamos oficialmente idiotas.

Dozer não vai ficar feliz comigo, mas tudo bem. Ele vai
ter que superar isso porque não vou embora até que isso
esteja terminado.
CAPÍTULO 17
DOZER
NÃO CERTO que eu poderia estar mais bravo com Jess
do que estou agora, mas espero que tenhamos uma longa vida
pela frente para eu descobrir.

Não estou bravo com o desejo dela de vir para Miami — é


a estupidez de suas ações, que não faze nada além de colocar
sua vida em perigo. Felizmente, Griff providenciou um
transporte do FBI para o hangar particular em Miami onde o
avião de Camille pousou, e conseguimos chegar até lá. É
impossível para qualquer civil nos ver, então quase não há
perigo de reconhecimento pela curta corrida pelas escadas do
avião até os fundos do Suburban, onde estamos
adequadamente protegidos por janelas escurecidas.
A porta se abre e Jess entra, olhando para mim com uma
cautela bem fundamentada. Bebe desliza logo atrás dela
enquanto Griff coloca sua bagagem na parte de trás.

— Dozer, — Jess sussurra, desculpas intensas em seu


tom.

Eu levanto uma mão. — Não fale comigo agora. Não sinto


vontade de ter nossa primeira briga grande na frente de
outras pessoas.

Sua boca se fecha, e volto minha atenção para olhar pela


janela. Se eu ousar olhar para ela de novo, provavelmente vou
beijá-la em vez de estrangulá-la, e não posso fazer isso até
que tenha a chance de desabafar minha raiva. Do canto do
olho, vejo Bebe estender a mão e dar um tapinha na perna de
Jess.

Bebe também vai ficar com um pedaço da minha mente,


mas por enquanto, vou deixar o noivo dela fazer a sua parte.
Griff entra no banco do passageiro da frente e o agente
do FBI ao volante decola. Ambos examinam ao redor
enquanto saímos da área privada atrás do hangar,
atravessamos o estacionamento e entramos na estrada. Uma
verificação constante dos espelhos retrovisores e eu esticando
o pescoço para olhar para trás por vários minutos, e estamos
confiantes de que não estarmos sendo seguidos.

Bebe se inclina para frente, coloca a mão no ombro de


Griff e aperta. — Vamos levar Jess para um hotel?

Ele não aceita seu toque. Ele está chateado, mas


responde. — Para a casa do pai de Dozer.

Sim… Liguei para o meu pai e pedi o favor. Ele nunca


diria não para levar Jess ou usar seus músculos para
protegê-la, mas tinha que concordar em permitir os agentes
do FBI entrarem no perímetro como segurança adicional. Para
seu crédito, ele não hesitou, mas tenho certeza de que uma
corrida louca foi feita para garantir que qualquer coisa ilegal
em seu complexo, fosse removida antes de nossa chegada.

Bebe se recosta no banco e pergunta: — Como foi a


coletiva de imprensa?
Era para ser ao meio-dia de hoje. Eu ia ficar lá com o
agente especial encarregado enquanto ele dava uma
atualização sobre a caçada a Ivan Borovsky. Eu seria
apresentado pelo meu nome verdadeiro, a câmera focada em
mim de perto, e iria apelar ao público para quaisquer pistas
na captura de Borovsky. Eu também iria provocá-lo, palavras
cuidadosamente elaboradas que criamos para garantir que a
mensagem chegasse a ele. Esperávamos machucar seu ego e
que enviasse seus homens atrás de mim.

Mas isso não aconteceu porque Jess decidiu vir sem


convite e atrapalhou nossos planos bem traçados.

Ainda não estou pronto para falar com Jess, mas


respondo à pergunta de Bebe. — Foi adiado para que
pudéssemos ir ao aeroporto e pegar vocês duas.

O tom áspero na minha voz faz com que Jess se afaste de


mim, e me sinto uma merda por assustá-la tanto.

Mas caramba... não estou apenas chateado, mas agora


também estou apavorado por sua segurança. Uma porra de
nervos e emoções, e não quero dizer a coisa errada, então
volto minha atenção para a janela.

É uma viagem tranquila mas tensa até a casa do meu


pai. O agente dirigindo não segue uma rota direta, mas uma
série de curvas fechadas destinadas a revelar se alguém está
nos seguindo.

Quando chegamos ao portão de ferro, ele está confiante


de que não há perseguição.
Meu pai está esperando, e o portão se abre antes mesmo
de pararmos completamente. Um de seus homens está lá, nos
orientando na entrada.

Outro nos pega antes de chegarmos à parte circular em


frente à casa e nos direciona para o lado.
Ainda outro homem, de aparência impressionante, nos
aponta para uma área aberta da garagem para cinco carros.
Entramos e a porta se fecha lentamente atrás de nós.

Inclinando-me para frente, dou um tapinha no ombro do


agente que dirige. — Eu preciso que você fique aqui fora. Isso
não vai demorar muito.

— Claro, — ele responde.


Faço isso em respeito ao meu pai, que estou convencido
de que não quer nenhum policial em sua casa. Essas são
palavras dele, e acho que isso inclui os agentes do FBI, pois
estava bem ciente de que era o FBI me levando ao aeroporto
para buscar Jess.

Mas não pedi para Griff ficar porque, embora seja do FBI,
ele não está vestido como um e nunca representaria uma
ameaça ao meu pai. Meu pai vai assumir que ele faz parte da
equipe Jameson, e eu não vou dissuadi-lo disso.

Eu quero que Griff entre porque ele vai precisar lidar


com Bebe.
Saímos do carro e atravesso a garagem até a porta que
leva a um grande banheiro. Jess entra primeiro, e vejo meu
pai esperando na cozinha. Sem introdução, ele se move para
ela e a abraça com força. — Como vai, linda senhora? — ele
pergunta gentilmente.

Ela acena com um sorriso fraco. — Estou bem.


Ele a solta e eu apresento Griff e Bebe. Quando meu pai
aperta a mão de Bebe, ele diz: — Tenho quartos para você e
Jess bem lado a lado no andar de cima, e eles dividem um
banheiro.

— Uau, espere um minuto, — Bebe exclama, olhando


para Griff, então para mim, então de volta para Griff. — Estou
aqui para trabalhar. Vou com você de volta ao escritório do
FBI.

— Você não vai, — Griff diz firmemente. — Você vai ficar


aqui e são as ordens de Kynan.
O rosto de Bebe fica vermelho e volta para Griff. Há
alguns palavrões, alguns passos, e meu pai graciosamente sai
da sala murmurando: — Estarei no meu escritório, Dozer,
quando você quiser conversar.

Pegando Jess pelo cotovelo, a levo para o terraço que fica


na lateral do pátio externo e da piscina. Jess se afasta de
mim, movendo-se para a porta do pátio.

— Não vá lá fora, — eu digo, e ela olha para mim com


surpresa.
— Por que não?
— Porque é muito perigoso. Até que eu possa levá-la em
segurança de volta a Pittsburgh, você ficará dentro de casa.

— Trocando uma prisão por outra, — ela diz exasperada,


estendendo os braços.
— Ninguém para culpar além de você, — eu retruco, a
raiva brotando novamente. — Você não é bem-vinda aqui,
mas já que você veio e não posso deixar você atrapalhar, vai
ficar aqui dentro da casa do meu pai, e não quero ouvir mais
uma palavra sobre isso.

— Você sempre vai ser tão arrogante? — ela exige,


levantando as mãos. Eu tento segurar minha fúria, mas foda-
se se ela não parece fofa fazendo isso.

Eu me recuso a deixá-la me encantar. Em vez disso,


resisto ao estresse e à exaustão que sinto por deixá-la para
trás, e pelo que me espera no futuro.
— Por que você veio, Jess? — Eu pergunto, minha voz
cansada. — Você sabe que não há nada que você possa fazer
aqui.

— Talvez não, — ela responde, aproximando-se. — Mas


eu me sinto melhor perto de você. Posso não vê-lo depois que
você sair daqui hoje, mas me sinto melhor aqui do que em
Pittsburgh.

— Você se colocou em perigo só para estar perto de mim?


— Meu tom reflete o quão idiota eu acho que isso é.
— Sim, — ela exclama, seu queixo levantado
desafiadoramente. — E também... porque... eu deixei você ir
embora sem lhe dizer algumas coisas importantes.

Seria fácil para mim dar um tapa nela com uma resposta
sarcástica de — Sabe, existe essa invenção bacana chamada
telefone, — mas também sou inteligente o suficiente para
saber que o que quer que a tenha possuído para vir aqui,
provavelmente não é para uma chamada telefônica.

Minha raiva se dissipa.

Alcançando-a, eu envolvo meus braços ao redor de sua


cintura e a puxo para mim. — O que você quer me dizer?

Sua cabeça inclina para trás, os olhos focados


intensamente nos meus. — Quero dizer-lhe todas as coisas
importantes que ainda não disse. Eu nunca deveria ter
deixado você sair sem dizer.

Eu posso ler a mensagem implícitas. Ela está se sentindo


pressionada a me contar coisas sobre a chance de eu não
conseguir sair dessa. Não considero isso falta de fé em mim,
mas sim a perda de controle sobre essa situação.

— Você sabe que eu te amo, — ela começa, e espera que


eu acene. — Bem, é mais profundo do que isso. Eu preciso de
você na minha vida, Dozer. Agora que estou livre com meus
sentimentos, minha vida não estará completa sem você.
Então, quando você terminar de derrubar Ivan, quero que
saiba que estou dentro. Quero me casar com você, quero que
demos a Thea irmãos e irmãs, e quero viver com você em cada
maneira possível. Quero acordar com seu rosto todas as
manhãs e dormir com a lembrança do seu beijo em meus
lábios todas as noites. Eu quero que você seja o pai de Thea e
não o tio dela. Eu quero que você a adote. Quero envelhecer e
ficar enrugada com você, quero que deixemos um legado para
nossos filhos e netos.

Cada palavra que sai da boca dela me enche como se eu


fosse um balão. Ela está dizendo todas as palavras certas...
casamento, filhos, união.

Ela está falando sobre o tipo de compromisso com o qual


sonhei pelo que parece uma eternidade.

Não há nada para eu fazer além de beijá-la, e o faço com


todo o amor, paixão, desejo e esperança dentro de mim. Seus
braços envolvem meu pescoço, nos abraçamos com
desespero, porque tudo o que sempre quisemos está bem aqui
para conquistarmos.

Se pudermos nos livrar de Borovsky.


Levantando minha boca, inclino minha testa contra a
dela e fecho meus olhos. — Tudo o que você disse, eu sinto o
mesmo. Eu te amo, JJ.

Puxando um pouco para trás, dou a ela um olhar


punitivo. — Mas quando se trata de casamento, que tal você
esperar que eu a peça?

— Vou ter que esperar muito? — ela pergunta, um


sorriso travesso em seu rosto.
— Dê-me cerca de cinco minutos depois que as algemas
estiverem em Borovsky, ok?

— Feito, — ela murmura e me beija novamente.


Quando nos separamos, ela diz: — Mas não vou embora.
Não tente me obrigar.

Eu suspiro, mas é uma desculpa. — Você tem que ficar


aqui, e dentro de casa. Meu pai tem muitos homens por perto,
mas o FBI vai colocar alguns no terreno também. Bebe tem
que ficar aqui também.

— Ela não vai gostar disso, — Jess reflete.

— Merda difícil, — reclamo, lembrando que tenho que


dar a ela um pedaço da minha mente também.

— Nem pense em descontar sua raiva nela, — Jess diz,


como se ela estivesse investigando meu cérebro. — Está feito,
e não quero que lhe diga palavras raivosas antes de sair para
fazer algo perigoso, ok?

— Tudo bem, — eu concordo sem nenhum entusiasmo, e


então não posso deixar de acrescentar, — Mas quando tudo
estiver feito...

— Você vai abraçá-la e dizer que ela é uma grande


amiga, — Jess diz com firmeza.

E eu posso dizer que não há como discutir com isso.

Eu rio e a puxo de volta para mim por um longo tempo, e


ouso dizer, um ultimo beijo superquente. Ela está sem fôlego
quando a deixo ir.
Preciso fazer o meu trabalho.

No meu caminho para fora da porta, Griff me precedendo


na garagem, meu pai coloca a mão no meu ombro. — Tem um
minuto?
— Claro, — eu digo. Estou com pressa, mas com certeza
devo lhe dar um momento, porque ele vai proteger Jess
enquanto eu estiver fora. Além disso... não há como dizer se
esta poderia ser ou não a nossa última conversa.

— Vou demorar um segundo, — eu digo para Griff e


depois sigo meu pai de volta para a cozinha.

Ele se inclina contra o balcão, os braços cruzados sobre


o peito. — Quer me dizer o que você está se preparando para
fazer?
Não dei detalhes ao meu pai porque não queria que se
preocupasse. Tudo o que ele sabe é que estou aqui com a
Jameson para ajudar o FBI na caçada a Borovsky. Tenho um
pouco de medo se disser-lhe o que vou fazer, ele vai conseguir
que seus caras me amarrem e não me deixem sair de casa.

Então eu minto, pelo que vou me desculpar mais tarde.


— Apenas fornecendo suporte técnico. Mas eu tenho que
estar no escritório do FBI com a equipe.

Posso dizer pelo rosto dele que não acredita, mas


também não pode me forçar a dizer a verdade. Claro, ele
saberá exatamente o que está acontecendo quando ver a
coletiva de imprensa, ou que Jess e Bebe o informem depois
que eu sair. Eu não disse a elas para esconder isso dele, mas
talvez eu devesse.

— Ouça, — diz ele, movendo-se para ficar diante de mim.


Somos iguais em tamanho e força, embora eu só o tenha visto
como um cara grande e durão. Mas quando assisto as
lágrimas encherem seus olhos, tenho uma vontade repentina
de correr, porque não estou pronto para ver essa parte do
meu pai.

Ele pisca para afastá-las, provavelmente por causa do


olhar de pânico no meu rosto, e em vez disso me puxa para
um abraço forte. Eu congelo em choque, mas não demora
muito para que meus braços o envolvam.

Há um aperto forte nas minhas costas de um de seus


punhos. — O que quer que você esteja fazendo, é melhor você
ficar seguro.

— Eu vou, — eu prometo quando ele me libera.


— Eu sei que não tenho sido o melhor pai...

— Não, — eu interrompo com um forte aceno de cabeça.


— Não diga isso. Não é verdade.

— Eu não o tenho apoiado muito na sua carreira, — ele


corrige, e eu não posso argumentar com isso. — Mas só
porque não falei sobre isso não significa que eu não tenha
ficado orgulhoso de todas as suas realizações, desde o dia em
que você nasceu. Esteja você jogando futebol ou construindo
naves espaciais, ou o que quer que tenha feito na NASA, ou
capturando assassinos, eu não poderia estar mais orgulhoso
de você.

Meus olhos ardem, mas forço as lágrimas de volta. É


uma admissão tão nua do meu pai, mas não poderia vir em
melhor hora.

Eu o abraço novamente. — Obrigado, pai. Isso significa


muito.

— Eu te amo filho.

— Também te amo, — respondo.

Mais tarde, quando estamos no SUV voltando para o


escritório do FBI, Griff olha por cima do ombro para mim no
banco de trás. — Você está bem?

— Tão bem quanto poderia estar. — Todas as palavras


entre mim e Jess, eu e meu pai, me encheram de força.

Ainda assim, vou para o desconhecido, sem saber se


foram minhas últimas palavras com eles.
CAPÍTULO 18
Dozer
MEU TELEFONE TOCA, e o conecto através do Bluetooth
no carro alugado. É Thea ligando do relógio que dei a ela, e
não há como parar o sorriso no meu rosto.

— E aí, pequena?
— Oi, tio Dozer, — ela diz, sua voz como música para
meus ouvidos. — Adivinha?

— O que? — Eu pergunto, mantendo um olho no espelho


retrovisor. Este é meu terceiro dia deixando os escritórios do
FBI à noite, e estou no limite, esperando que os homens de
Borovsky me ataquem a qualquer momento. É
desencorajador, porém, que não estejamos captando qualquer
conversa dos informantes de que os russos estão inclinados a
morder a isca.

As coisas estão estranhamente silenciosas.


— Tio Dozer? — Thea diz hesitante.

Eu balanço minha cabeça, forçando minhas


preocupações para longe. — Sim estou aqui.

— Eu te disse que Kellen levou Gigi e eu para a praia


hoje e montei uma prancha de board.

— Uma prancha de body board, — eu a corrijo com uma


risada. — Você diz a Kellen para me enviar um vídeo disso.
— Eu vou, — ela responde e depois fala sobre sua
aventura na praia.

A grande coisa sobre uma criança de sete anos é que


quando eles terminam de falar com você, eles terminam. Não
há despedidas longas.
— Ok, — ela diz, parando praticamente no meio da frase.
— Eu tenho que ir. Gigi quer falar com você, mas disse que
vai ligar do telefone dela.

— Ok, garota. Estou feliz que você ligou.

— Te amo, — diz ela, e antes que eu possa dizer a ela


que eu a amo de volta, ela desconecta.
Quase imediatamente, Claire liga. — Oi, Claire.

— Como vai? — ela pergunta, nem mesmo tentando


esconder sua preocupação. Com todos os dias se arrastando
sem movimento, ela está ficando mais ansiosa. Jess está
quase se desfazendo, mas pelo menos está segura na casa do
meu pai.

— Eu estou bem, — eu asseguro a ela.

— Alguma pista? — ela pergunta.

— Nada bom. — Eu olho no espelho retrovisor


novamente. Parece tráfego normal para mim, mas é difícil
dizer, já que escureceu. Claro, eu sei que em algum lugar nas
proximidades, os agentes Jameson estão me seguindo. Eles
nunca me deixam fora do alcance do chip no meu relógio e
roupas. — Pode ser que isso não funcione.
— Então qual é a resposta? Não podemos nos esconder
para sempre.

— Eu sei. Vamos ter que falar sobre o que vem a seguir.

— Eu odeio isso, — ela resmunga. — Você e Jess


deveriam começar sua vida juntos, não se escondendo de
algum louco.

— Eu sei, — eu digo suavemente. — Nós vamos pegá-lo,


no entanto. Eu prometo.

Conversamos por mais alguns minutos, principalmente


ela atualizando de como estão na Califórnia. Estão
aproveitando o tempo na bela casa de Joslyn, mas sentem
falta de todos nós.

Quando desligo, considero ligar para Jess. Estou a


apenas cinco minutos do hotel e devo esperar até chegar,
pedir serviço de quarto e me acomodar. Verdade seja dita,
ouvir as vozes de Thea e Claire me fez sentir ainda mais falta
de Jess. Ela está a menos de trinta minutos de carro, mas
não tenho como ir até lá. Embora pareça que os russos não
estão interessados em mim, não posso correr o risco de
estarmos errados sobre isso.

Foda-se... Posso ligar para ela agora e conversar depois.


Qualquer chance de entrar em contato com ela por telefone,
FaceTime ou texto, eu aceito.

Eu disco o número dela, e ela responde com um suspiro:


— Alô?
— Oi, coisa sexy, — eu digo. — O que você está fazendo?

— Apenas correndo na esteira, — diz ela. — A academia


do seu pai é a explosão.

Na verdade, eu não vi quando estávamos lá há pouco


mais de uma semana. Fazer o grande tour pela mansão não
estava no topo da minha lista de prioridades.

— Onde você está? — ela pergunta, uma melancolia em


sua voz que me diz que ela gostaria que eu dissesse que estou
do lado de fora da porta.

— Quase no meu hotel.

— Eu poderia ter passado sem saber disso, — ela


resmunga. Nós dois sabemos que é o momento mais perigoso
para mim. Se os russos ou Borovsky vão fazer um movimento,
será quando eu estiver sozinho e em trânsito. É duvidoso que
eles invadam o hotel, e com certeza não vão invadir a sede do
FBI onde trabalhamos durante o dia.

— Você exagerou um pouco na coletiva de imprensa


desta tarde. — Imagino-a roendo uma unha irritada.

— Temos que amplificá-lo, — eu explico. — Se eu não


conseguir tirá-lo do esconderijo, não o pegaremos.

— Bem, eu conheço o homem muito melhor do que você,


— diz ela, e é um lembrete de que não gosto que ela o
conheça. — Ele tem um ego muito frágil. Se você queria irritá-
lo, aquela coletiva de imprensa fez isso. Em vez de capturá-lo,
ele poderia facilmente colocar uma bala na sua cabeça.
— De jeito nenhum. Ele sabe que eu sei onde você está e
não vai desperdiçar essa bala.

Cristo, é horrível falar sobre essas coisas com ela. Sem


movimento depois de dois dias tentando atrair Borovsky, eu
me levantei na frente das câmeras hoje e o convidei para sair.
Saí completamente do roteiro. — Se você está ouvindo,
Borovsky, quero que saiba que nunca mais chegará perto de
Jessica Collins. Ela está bem protegida enquanto você se
esconde como um rato, com medo de sua própria sombra.
Honestamente, não tenho certeza do motivo de todo esse
alarido, porque você não causa medo em ninguém. Jessica
continua com sua vida enquanto você apenas trocou uma
prisão por outra.

Todos ao redor do pódio pareciam atordoados. Eu deveria


dar atualizações ao público e fazer outro pedido de dicas. Na
minha primeira conferência de imprensa, fui apresentado
como um — ente querido próximo que seria o porta-voz da
família. — Nos últimos dois dias, meus scripts claramente
não estão funcionando.

E antes que as câmeras parassem de gravar, olhei para o


agente especial encarregado à minha esquerda e disse: —
Meu conselho é que interrompamos essas operações. Ele não
é uma ameaça e é um desperdício de nossos recursos quando
temos peixes maiores para fritar.

Alguém atrás de mim praguejou, porque mudei a


narrativa sem consultar ninguém.
Saí da câmera. Isso foi há três horas.

— Precisamos pensar em fazer as malas, Jess. — Vejo o


estacionamento do hotel à frente. Eu escolhi ficar em um
longe da agitação do centro da cidade.
— E então voltamos para Pittsburgh? — ela pergunta.

— Eu poderia ficar aqui em Miami com você, — eu digo,


entrando no estacionamento e escolhendo um local não muito
perto do prédio. — Mas isso seria muito arriscado. Eu
gostaria que você voltasse para Pittsburgh, onde podemos
pelo menos ter a ajuda de Jameson, mas sei que isso está
deslocando você e Thea. Sua mãe também, é claro.

— Eu não quero ficar longe de você, então o que você


achar melhor, — ela diz. — Eles provavelmente sabem quem
você é, então Pittsburgh pode ser mais seguro.
— Kynan me deixaria trabalhar no escritório de Las
Vegas, — eu ofereço. Conversamos sobre isso no almoço de
hoje porque ele também estava tendo a sensação de que
Borovsky ia ficar muito discretamente para que pudéssemos
pegá-lo. — Poderíamos obter novas identidades. Espere até
que ele seja capturado.

— Eu gosto daquela ideia. Vamos fazer isso. Vamos sair


amanhã e ir.

Eu sorrio, desligando meu carro. — Eu posso começar as


coisas funcionar. Por que você não liga para sua mãe e fala
com ela sobre isso? Ela tem uma palavra a dizer, já que
estamos todos juntos nisso.
— Deus eu te amo. — Eu posso ouvir o tremor em sua
voz. — Você está apenas tornando isso tão fácil.

O movimento no estacionamento sombrio chama minha


atenção. Os postes de iluminação regularmente espaçados
não fornecem luz contínua, mas sim fragmentos. Aperto os
olhos e, duas fileiras adiante, vejo um carro onde as quatro
portas se abrem ao mesmo tempo.

Quatro homens saem e estão olhando para o meu carro.


Não vejo Borovsky com eles, mas não tenho dúvidas de quem
são.

Meu coração martela.

É isso.

Não quero preocupar Jess. Vou ter que deixar Kynan


saber o que aconteceu.

— Estou no hotel, — digo, observando os homens


caminharem em minha direção. — Eu te ligo mais tarde, ok?

— Ok, — ela responde, sua voz fácil e relaxada. Acho que


a perspectiva de tudo isso acabar em breve - pelo menos para
ela - deixou sua mente à vontade. Eu odeio que ela não tenha
ideia do que está prestes a acontecer, e eu só posso esperar
que meus companheiros Jameson estejam em posição de
seguir.

— Eu te amo, JJ.

— Também te amo, — ela diz. — Ligue-me assim que


estiver resolvido.
— Farei. — É difícil sufocar a mentira, mas eu faço e
desligo a ligação.

Eu rapidamente tiro uma mensagem para Kynan: Eles


estão aqui.
Enfiando meu telefone no bolso, abro a porta do carro.
No momento em que desdobro meu corpo, os homens me
alcançam. Eu nem mesmo finjo estar chocado por eles
estarem aqui. Reconheço um dos homens que se
aproximaram de mim e Jess naquele dia na casa dela —
aquele em quem não atirei.

— Você precisa vir com a gente, — diz ele, segurando


uma mão na borda de sua jaqueta, uma indicação silenciosa
de que ele tem uma arma. — Você pode fazer do jeito mais
fácil ou do jeito mais difícil.

— Vai ter que ser da maneira mais difícil, — digo,


sabendo que cada minuto que posso comprar dará tempo
para a equipe assimilar. Eu não espero que eles façam o
movimento, fazendo o movimento do bulldozer5 patenteado
do meu pai. Abaixando meu ombro, eu bato no homem mais
próximo. Ele resmunga quando eu o pego desprevenido logo
abaixo de seu estômago. Ele voa para a calçada.

Eu me viro para encarar o próximo atacante, mas quatro


contra um não são boas chances de luta. Eu posso ser
construído como um tanque, ter um bom ano de treinamento
em artes marciais e um dos bandidos está no chão, mas não
consigo me defender dos outros três que pulam em mim de
uma só vez. Eu pego um punho no meu queixo, minha cabeça
zumbindo. Dois dos homens agarram meus braços e então há
outro soco no meu estômago. Eu aperto meu abdômen, mas
ainda me tira o fôlego.

Eu luto para jogá-los fora, mas é inútil. O russo que eu


mandei para a calçada se levanta e está seriamente chateado.
Pago pelo que fiz com ele com um cotovelo na lateral da
cabeça, e minha visão fica embaçada.

Não grito por socorro porque quero ser levado. Eu


também não quero que nenhum espectador inocente
intervenha. Embora eu lute, eu não luto muito. Eu quero
estar naquele carro e quero ser levado para Borovsky.

Arrastando-me em direção ao grande sedã, os homens


falam em russo. O porta-malas se abre e antes que eles me
enfiem, eles me revistam. Meu telefone é jogado na calçada e
esmagado por um pé. Meu relógio de pulso foi arrancado.

Prendo a respiração, esperando que essas sejam as


únicas coisas que eles queiram tirar. Se minha camisa cair,
minha única esperança é que a equipe de Jameson seja capaz
de seguir esses caras onde quer que eles me levem.
Se eles me perderem, estou praticamente morto.

Há outro cotovelo na minha têmpora, e me jogo para a


frente sobre o porta -malas aberto. Meus braços estão
torcidos para trás e uma braçadeira passa pelos meus pulsos,
apertada e puxado com força. Várias mãos estão em mim, me
empurrando enquanto tento lutar contra eles. Eu não quero
que eles pensem que isso é uma armação, mas também o
pensamento de estar naquele porta-malas me assusta pra
caralho. Eu sou um pouco claustrofóbico e sou um cara
grande.

Há outro soco, desta vez um punho na minha bochecha,


e a luta sai de mim. Dobro como uma cadeira de jardim e sou
empurrado com força antes que o porta-malas se feche,
tornando o mundo ao meu redor escuro como breu.
CAPÍTULO 19
JESSICA
DEPOIS DE FALAR COM DOZER, tomo um banho rápido
para me livrar do suor da minha corrida. Então coloco shorts,
camiseta e sandálias de verão e desço para a cozinha, de onde
um delicioso aroma flutua em minha direção. É divertido
encontrar o enorme ex-jogador de futebol profissional não
apenas na cozinha cozinhando, mas usando um avental. É
verdade, é um avental masculino que diz Esta merda vai ser
deliciosa, mas é um avental da mesma forma.

Puxando uma caçarola do forno, James a coloca em um


tripé e tira as luvas de forno. — Deixamos esfriar cerca de dez
minutos e estará pronto para servir.

Eu me inclino sobre o balcão e dou um suspiro mais


profundo. — Cheira delicioso. O que é isso?

James dá de ombros. — Só uma coisinha que preparei


com peito de frango, queijo Boursin, tomate seco e alcachofra.
Não tenho ideia de como será o sabor.

Rindo, eu me sento no banco, cruzando meus braços no


balcão. — Tudo o que você cozinhou nos últimos dias foi
gourmet. Eu posso nunca querer sair daqui.
James ri. — Bem, este lugar é tão grande, eu tenho
espaço suficiente para você, Dozer, Claire e a pequena Thea,
se todos quiserem morar comigo.
Sorrio para o homem que conheci bem nos últimos dias.
Há um tom melancólico em sua oferta, e sei que ele não está
dizendo isso para ser fofo e engraçado. Ele adoraria que nos
mudássemos porque aprendi que ele é solitário. Ele está
cercado por amigos musculosos todos os dias, no entanto,
está muito sozinho.

O casamento de James com a mãe de Dozer não deu


certo e ele nunca mais teve outro relacionamento sério depois
disso. Sem dar detalhes explícitos, ele me disse na outra
noite, depois do jantar, que seus dias de festas e perseguições
de mulheres haviam acabado há muito tempo, e acredito nele.
Mais do que tudo, acho que ele se arrepende de não ter
mantido um relacionamento mais próximo com Dozer ao
longo dos anos, o que levou a grande parte de sua solidão.

— Eu realmente quero agradecer a você, James, por me


deixar ficar aqui.

— Por favor, garota, — ele diz com um aceno de sua mão.


Ele descansa os braços no balcão da cozinha à minha frente,
inclinando-se para frente. — Foi um prazer tê-la em casa.
Bebe também, embora não a tenhamos visto muito.

— Ela não sai do modo trabalho com frequência. Quando


eu estava na sede da Jameson, ela raramente saía do
laboratório.

— Bem, espero que o cheiro da minha comida a traga


para baixo.
— Eu vou levar um prato para ela se não, — eu digo,
rindo. Eu fiz isso por mais de uma refeição desde que
chegamos aqui.

— Você falou com Dozer ultimamente? — James


pergunta.

Ele teve o cuidado de não entrar em contato diretamente


com seu filho porque sabe que está sob imensa pressão e não
quer aumentá-la. Eu descobri não muito tempo depois que
chegamos que James não tinha ideia de qual era o plano de
jogo – coloca Dozer como isca. Ele ficou bravo e preocupado,
mas também respeita a decisão de Dozer.

Então, em vez disso, James me faz retransmitir


mensagens para seu filho. — Tenha cuidado, — Estou
orgulhoso de você. — É super fofo e quando compartilho suas
mensagens, posso dizer que Dozer as aprecia. Ele muitas
vezes me pede para oferecer algo de volta, como: — Quando
tudo isso acabar, vamos ter que beber umas cervejas juntos
Vou precisar de uma carona nesse seu barco chique.

É uma conversa de ida e volta, transmitida através de


mim, que indica que o relacionamento deles está melhorando.

— Ele ligou cerca de quarenta e cinco minutos atrás.


Disse que ligaria mais tarde assim que tivesse comida e se
acomodasse em seu quarto de hotel.

James se endireita. — Você gostaria de um pouco de


vinho no jantar?
Eu inclino minha cabeça. — Ora, sim, senhor. Uma taça
de vinho seria adorável.

James se vira para a geladeira. — Eu tenho um


chardonnay muito bom que vai ficar perfeito com esta
refeição.
A campainha toca, embora não seja sua campainha
clássica. Uma mansão deste tamanho requer algo forte e
adequado. Quando toca, soa como gongos asiáticos
reverberando pela casa.

Nem eu nem James nos movemos para a porta da frente


– um de seus homens está estacionado lá desde que Bebe e
eu chegamos. Por causa do nível de ameaça, eles estão
usando armas abertamente em coldres no quadril ou no peito,
e sou grata por isso.

James trabalha para abrir a garrafa, e eu me movo para


o canto do bar onde são guardados coquetéis e taças de
vinho. Eu puxo três para baixo na chance de que possamos
atrair Bebe para se juntar a nós.
Quando me viro, fico chocada ao ver Kynan entrando na
cozinha. O olhar em seu rosto... O medo mais intenso que já
tive me inunda, e um dos copos escorrega da minha mão,
quebrando no chão de azulejos.

James se vira para mim. — Você está bem?

Meu olhar está congelado em Kynan, e James olha nessa


direção.
— Eu vou ficar bem? — Eu pergunto no mais simples
dos sussurros, a pergunta dirigida a Kynan. Posso dizer que
ele está aqui com más notícias.

Ele não hesita. Arranca o Band-Aid. — Eles levaram


Dozer.
— Oh Deus, — eu gemo e sinto-me começar a ceder.

James está lá em um piscar de olhos, com o braço em


volta da minha cintura e pegando as outras taças de vinho
das minhas mãos para colocá-las no balcão. Ele me leva para
trás, longe dos cacos no chão, para a sala de estar. Kynan
segue. James me acomoda em uma cadeira, e sinto as
lágrimas brotando em meus olhos.

Mas antes de deixá-las cair, eu engulo em seco e me


preparo não para as piores notícias, mas para qualquer
esperança que eu possa obter do que Kynan está prestes a
compartilhar.
Bebe desce as escadas voando, deslizando para dentro
da sala, o pânico estampado no rosto dela. Ela olha
loucamente para Kynan e diz: — Acabei de receber sua
mensagem. O que está acontecendo?

Ele acena em direção ao sofá onde estou sentada. —


Melhor se sentar.

Bebe rosna de raiva. — Não tente lidar comigo. Apenas


me diga o que está acontecendo.
Kynan não pisca em ofensa por suas palavras duras. Ele
olha de volta para mim, então para James, que está ao meu
lado, sua grande mão no meu ombro para me confortar. —
Eles estavam esperando por ele no estacionamento do hotel.
Jackson e Cage estavam lá e assistiram tudo. Houve uma
briga, mas Dozer saiu ileso quando o colocaram no porta-
malas.

— Oh Deus, — eu gemo, minha mão tremendo perto da


minha garganta. — Nós estávamos no telefone quando ele
parou no estacionamento.

— Você diz ileso, mas houve uma briga, — diz James,


precisando de mais detalhes.

— Socos foram trocados. Dozer deu alguns socos, mas


foram quatro contra um.

— Diga-me que você foi capaz de seguir o sinal, — Bebe


exige, sua mente já impelida para enviar a cavalaria para um
resgate.
Os olhos de Kynan balançam em sua direção, mas sua
expressão é sombria. — Sim. Por um tempo, mas perdemos.

— O que? — Bebe exclama.

— Eles pegaram o relógio e o telefone dele antes de


saírem do estacionamento. O chip de rastreamento em sua
roupa funcionou bem. Seguimos por todo o caminho até Coral
Gables, onde o veículo parou em um condomínio fechado a
cerca de quinze minutos daqui. Jackson e Cage não puderam
seguir além do portão, mas o sinal era forte. Infelizmente,
escureceu enquanto o veículo ainda estava em movimento,
então não sabemos onde ele parou.

Minha cabeça vira para frente e para trás entre Bebe e


Kynan. — O que isso significa? Escureceu?
— Isso significa que o sinal não está transmitindo ou o
receptor não está recebendo. Onde está o receptor? — Bebe
exige.

— Eles ainda estão esperando do lado de fora do bairro.


Eu vim aqui para buscá-la para que você possa olhar o
equipamento.

— Deixe-me pegar meu computador. — Ela sai correndo


do quarto.

— Por que a polícia ou o FBI não estão entrando agora


para pegá-lo? — Eu pergunto, desesperada por algum tipo de
movimento ativo.

— Você sabe que esse não é o plano, Jess, — Kynan me


lembra gentilmente. — Precisamos de tempo para garantir
que Borovsky esteja lá.

— Não podemos saber disso. — Minha voz é quase


histérica. — E ele já pode estar lá, torturando Dozer.

— Que é duro e determinado e pode lidar com isso. — O


olhar de Kynan é inabalável, seu tom firme. — Eu não estou
pronto para puxar o plugue porque Dozer não gostaria que eu
o fizesse.

Eu me levanto do sofá. — Eu estou indo com você.


— Você realmente não está, — responde Kynan
rapidamente.

— Nós dois vamos com você, — diz James. — E não tente


me dissuadir.
No minuto seguinte, Kynan e James brigam. James
ameaça seguir em seu próprio carro, e Kynan ameaça que
seus homens serão parados à força. James diz a ele que
gostaria de vê-lo tentar e estala os dedos como um homem
das cavernas.

Bebe corre de volta para a sala com sua bolsa de


equipamentos e repreende: — Parem de discutir. Vamos lá.

Os olhos de Kynan brilham com raiva, mas ele cede,


apontando primeiro para James, depois para mim. — Vocês
dois vão ficar no carro quando chegarmos lá.

— Tudo bem, — eu estalo e me movo em direção à porta


da frente. Todos me seguem até o veículo de Kynan.

James e eu sentamos na parte de trás e Bebe à frente, já


teclando em seu laptop.

Quando estamos saindo da garagem, o pai de Dozer


estende a mão e pega a minha, dando um aperto rápido antes
de soltá-la novamente. Isso me conforta e alcanço sua mão,
segurando-a.

— Eu peguei o receptor e parece estar funcionando, —


diz Bebe.

— O chip funcionou mal? — Eu pergunto.


Ela olha por cima do ombro para mim. — Claro que não
funcionou mal.

Eu dou a ela um olhar de desculpas.


— Eles têm um bloqueador instalado ou o encontraram
com uma vareta e o destruíram. Estou pensando em um
bloqueador, já que escureceu pouco depois de entrar naquele
bairro enquanto o carro ainda estava em movimento. Mas eu
acho que o bloqueador estava em uma casa bem perto.

— Quão perto? — Kynan pergunta.

— Três quarteirões? — ela adivinha. — Talvez mais.

— São muitas casas, — reflete Kynan.

— Acho que ir de porta em porta se passando por


vendedores de aspiradores de pó não vai funcionar, — diz
James.

— E não vai funcionar para a polícia bater nas portas.


Eles não têm absolutamente nenhum motivo provável para
entrar em qualquer casa em particular, a menos que o veículo
em que os homens de Borovsky esteja estacionado do lado de
fora, e sabemos muito bem que eles não são tão estúpidos. Se
eu tivesse que adivinhar, diria que o bloqueador está na casa,
não porque esperavam que Dozer fosse grampeado, mas como
uma proteção contra espionagem da polícia.

— Em outras palavras, — concluo, — essa casa pertence


a alguém da organização criminosa.
— Pode ser. É um bairro muito sofisticado, então
provavelmente pertence a alguém no alto da cadeia, — reflete
Bebe. — Ou pode ser simplesmente uma casa que invadiram
porque os donos estão em algum lugar, e trouxeram um
bloqueador com eles. O FBI pode trabalhar nesses ângulos.

— Jess. — Kynan olha pelo espelho retrovisor para mim.


— Você conheceu muitos amigos de Borovsky quando estava
namorando com ele?
— Não muitos, mas saímos para jantar com alguns.
Conheci alguns em boates. Alguns jantares. Nenhum que
viveu nesta área, no entanto.

— Tudo bem, — diz Kynan pensativo. — Bebe… você


pode tirar fotos dos donos dessas casas?

Bebe se vira para olhar para ele. — Você sabe que eu


hackeei os códigos nucleares do nosso país.
— Desculpe, — responde Kynan com um sorriso tímido.
— Pegue essas fotos. E talvez grampear as câmeras de
segurança ao redor da área. Vamos fazer Jess olhar as fotos
para ver se pode identificar alguém que ela conheceu antes.

Isso é brilhante. Parece que levaria muito tempo, mas


Bebe é uma feiticeira quando se trata de conseguir coisas que
não deveria.

Kynan pega seu telefone, os olhos se movem da estrada


para a tela e digita um número. Ele vem pelos alto-falantes
Bluetooth e reconheço a voz de Malik quando ele atende. — O
que você precisa?
— Vá ao SAC e peça que ele lhe dê a lista de informantes
com quem estão lidando. Você vai diretamente a eles. Ofereça
US$ 100.000 por informações viáveis para encontrar Dozer.

— Ok, — diz ele e desconecta.

— SAC? — James pergunta.

— Agente especial encarregado, — explica Kynan. — Os


informantes estão grampeados, mas pode ser que eles só
precisem soltar a língua. Eles geralmente não são tão
próximos na aplicação da lei quanto seriam com alguém como
Malik, que é um civil que gasta dinheiro. Ele também
perguntará se eles sabem quem mora neste bairro.

Soltei um suspiro forte. Tanta coisa aconteceu nos


últimos cinco minutos, minha cabeça está girando.

— Temos recursos, — diz Kynan, e percebo que ele está


falando comigo novamente. Nossos olhos se conectam
brevemente no espelho retrovisor. — Estamos trazendo Dozer
de volta são e salvo, eu prometo.
CAPÍTULO 20
DOZER
SOU PUXADO GROSSEIRAMENTE do carro, apenas o
suficiente para me colocar sobre a borda do porta-malas, e
então me deixam cair no concreto. Eu caio do meu lado
direito, a dor atravessando meu ombro. As manchas de óleo
me dizem que estou em uma garagem.

Sou puxado por dois homens e entro em uma casa que, à


primeira vista, rivaliza com a do meu pai. Enorme, com tetos
enormes, em estilo mediterrâneo clássico, com paredes de
estuque, pisos de cerâmica e entradas em arco. Quem mora
aqui tem um gosto requintado para móveis e arte, embora eu
não faça essas observações por apreço. Eu memorizo detalhes
caso precise delas mais tarde.
Como bem ali... janelas de vidro em arco com vista para
uma piscina retangular, iluminada no escuro com iluminação
paisagística, e uma casa de hóspedes na outra extremidade.
Essa é uma característica de identificação da casa e
possivelmente minha localização, embora não tenha certeza
de como eu conseguiria passar essa informação para os caras
do Jameson. Espero que o chip na minha roupa esteja
emitindo um sinal rastreável, já que esses capangas levaram
meu relógio e telefone.

Por enquanto, é realmente um bom sinal que levaram


meu relógio e telefone. Isso significa que eles suspeitaram que
eu poderia estar grampeado, mas não tiveram tempo para
determinar com certeza, apenas jogaram esses itens no
estacionamento e me sequestraram de forma eficiente.

Atravessamos uma cozinha gourmet até uma área de


estar formal que é cerca de cinco vezes o tamanho da minha,
e deduzo pelo luxo que devemos estar na casa de alguém no
alto da cadeia alimentar da máfia russa. Pelo que me lembro
do julgamento de Ivan Borovsky, ele era de nível médio,
relacionado a alguns dos superiores, e muitas vezes usado
para — trabalho sujo — ou seja, assassinato. Talvez o dono
desta casa lhe deva grandes favores pelas coisas que ele fez.
Borovsky nunca se interessou em nomear a pessoa que
ordenou o ataque à família que ele assassinou, então lhe
devem um grande favor, tenho certeza.
Eu faço um show de luta enquanto eles me conduzem
pelo andar principal. Não que eu queira fugir ou escapar. Eu
não podia com quatro deles e minhas mãos ainda amarradas.
O que espero é que onde quer que me levem, haja um Ivan
Borovsky e que a cavalaria Jameson não fique muito atrás.

Não há como Jameson saber o que está acontecendo


agora. Temos tecnologia que permitiria que eles ouvissem,
mas nada tão facilmente camuflado ou escondido quanto o
chip de rastreamento. E se eles tivessem encontrado isso em
mim, poderia ter assustado Borovsky. O plano era eu ser
capturado e esperar um tempo apropriado para Borovsky vir
até mim, ou se ele estiver aqui, dar-lhe algum tempo para
trabalhar em mim. O consenso foi que ele não vai querer
matar rápido, mas vai me torturar e tentar descobrir o
paradeiro de Jess. Enquanto isso é algo que eu
absolutamente não estou ansioso, eu vou morrer antes de
desistir dela. Se houver um tanto de dor em troca de uma
vida segura e tranquila, estou pronto para isso.

Estou em uma grande sala que fica na parte de trás da


casa e tem vista para a piscina de um ângulo diferente. Não
está de forma alguma mantendo o estilo mediterrâneo.
Paredes com painéis escuros, móveis de cerejeira e couro,
iluminação de candelabro fazem com que pareça mais
adequado para reuniões clandestinas da máfia. Há uma mesa
de bilhar, uma mesa de pôquer, um bar em forma de U com
esculturas ornamentadas e TVs de tela grande nas paredes. É
uma zona de diversão sofisticada para amigos e familiares.
Meu estômago aperta quando vejo do outro lado da mesa
de sinuca, logo antes das portas do pátio que levam para fora,
uma única cadeira de madeira sob a qual uma grande faixa
de plástico foi estendida.

Para proteger o carpete caro.

Eu sou um homem e estou comprometido com isso, mas


não vou mentir… meu sangue congela ao ver isso, e tudo isso
de repente é muito real. Eu vou ser obrigado a sofrer.

Com a mente agitada, tento me lembrar da última coisa


que disse a Jessica. Eu disse a ela que a amava, certo?

Uma mão no meio das minhas costas me empurra para


frente, e eu não tinha percebido que havia parado quando
avistei a cadeira.
Sou empurrado novamente em direção a ela, onde dois
homens me forçam a sentar. Eu tento chutar para fora, mas
eles facilmente amarram meus tornozelos nas pernas
torneadas. Meus ombros doem por minhas mãos estarem
presas atrás das costas e, embora ainda possa sentir o
material penetrando em meus pulsos, não consigo mais sentir
minhas mãos.

Dois dos homens saem pela porta pela qual entramos,


mas dois permanecem, incluindo aquele com quem tive o
confronto no jardim da frente de Jess.

Eu tento recolher algumas informações.

— Que porra é essa? — Eu o xingo, lutando contra


minhas amarras. — Por que diabos estou aqui?

Poderia muito bem me fazer de burro. Espero que eles


não saibam que isso é uma armadilha.
— Você sabe por que está aqui, — diz o russo
presunçosamente enquanto se inclina para me olhar de
soslaio. Se ele apenas se inclinasse um pouco mais perto, eu
daria uma cabeçada em seu rosto.

— Como está seu amigo que atirei na perna? — eu


provoco.

É um golpe cuidadosamente carregado para avaliar sua


reação. Ele não fica bravo com isso, mas sorri em silêncio
enquanto se endireita. — Ele está muito melhor do que você
vai estar.
Imaginando o tanto.

Alguns segundos depois que os homens saem da sala,


outro entra. Ele carrega um dispositivo longo e fino. Eu o
reconheço imediatamente — é um detector de frequência.
Porra.

Ele caminha até mim e sem uma palavra começa em


meus tornozelos e passa a varinha por uma perna e desce
pela outra. Ele se move para o meu pescoço, descendo pelos
meus braços.

Meu abdômen contrai quando ele desliza pelo meu peito


até a virilha, depois pelas minhas costas e descendo até a
linha da cintura, onde ele vibra descontroladamente.
Os russos trocam olhares presunçosos e um deles diz
algo em sua língua nativa. Eles puxam minha camisa pelas
costas, quase até meus ombros, antes de acenar com a
varinha ao redor do cós da minha calça. Está silencioso.

Ela se move para cima até o material amontoado da


minha camisa segurado nas mãos de um dos homens, e a
varinha soa novamente. Tendo agora localizado a fonte em
minha roupa, ouço o estalo de uma faca se abrindo atrás de
mim e me preparo.

Ele vai para a minha camisa, cortando as costas. Em


seguida, para os meus ombros, onde corta nas aberturas dos
braços. No meu lado esquerdo, a lâmina marca minha pele, e
eu estremeço. Sangue quente escorre pelo meu tríceps.
O tecido é puxado e um dos homens o coloca na mesa de
sinuca, curvando-se para estudar a bainha. Os outros se
reúnem ao redor dele, e então estão usando a faca para cortar
um pouco mais.

Quase alegremente, um dos homens se vira para mim,


segurando o chip.
Há quanto tempo estou aqui? Parece muito tempo, mas
quando calculo eles me puxando para fora do carro, me
levando pela casa, descendo os degraus, depois me
amarrando na cadeira... não deve ter sido mais do que alguns
minutos.

Jameson me seguiu para fora do estacionamento do


hotel, tenho certeza. Mas eles estavam mais perto do que três,
quatro, cinco minutos?

O russo se aproxima de mim, coloca o chip na minha


coxa vestida de jeans e, por um momento, espero que ele dê
um soco para esmagá-lo. Isso na verdade pode não funcionar,
e digo a mim mesmo para não flexionar meus músculos para
minimizar um impacto esmagador.

Em vez disso, ele tira um isqueiro do bolso e, com um


brilho nos olhos, acende-o. Curvando-se na cintura, ele
estende o braço e traz a chama direto para o chip em minha
perna. Eu assisto, impotente para pará-lo enquanto ele pega o
chip em chamas.

Não arde porque é menor que uma unha, mas ele segura
a chama, tempo suficiente para queimar o chip e um pouco
do jeans, queimando minha pele. Eu cerro os dentes com a
dor e assobio um gemido. O material não pega fogo, porém, e
o russo limpa a lasca enegrecida da minha perna, agora cheia
de bolhas e em carne viva.

Eu esperava tortura e dor para obter informações, mas


isso foi divertido para eles. Sem dizer o que mais eles
poderiam fazer.

A porta do pátio se abre atrás de mim. Sinto uma brisa


quente fazer cócegas nas minhas costas expostas,
escorregadias com o suor do medo, raiva e dor. Eu sei que é
Borovsky antes mesmo dele entrar na minha visão periférica.

Eu viro meu pescoço para olhar para ele, encontrando


seus olhos. Ele envelheceu um pouco na prisão, o cabelo com
mechas grisalhas, o rosto magro.

Ele parece cruel como o inferno, embora... perverso, na


verdade. Sua expressão é de ódio e alegria por eu estar
amarrado a uma cadeira diante dele.

Um dos homens diz algo para Borovsky em russo,


fazendo com que seu olhar caia para minha perna queimada e
para o chip queimado no chão. Seus lábios se curvam em um
sorriso, e seu olhar volta para mim.

Eu encontrei o homem uma vez antes, levando apenas


alguns segundos para fazer uma rápida apresentação. Sua
entonação em inglês era perfeita, mas agora ele fala com o
sotaque forte de sua língua materna. — Você não achou que
poderia me provocar e não enfrentar as consequências,
achou?

Eu esperava enfrentar exatamente essas consequências,


seu idiota.
— Eu certamente não queria ser sequestrado. Eu
esperava que você cometesse um erro estúpido e a polícia o
pegasse.

Borovsky se move em minha direção, fica à minha


esquerda e balança a cabeça com um pequeno sorriso. —
Você sabia que isso iria acontecer. Caso contrário, sua roupa
não teria sido grampeada.

Bem, caramba. Eles não são tão inteligentes quanto eu


pensava. Eles acham que o chip era um dispositivo de escuta
e o destruíram antes que Borovsky pudesse vê-lo. Não que ele
soubesse com certeza que era um dispositivo de
posicionamento em vez de áudio, mas eu gosto que eles
pensem que o pior que eu planejei para eles foram atrapalhar
nossa conversa.

Mas suas próximas palavras tiram o vento das minhas


velas. — Não importa. Temos um bloqueador extremamente
capaz que teria bloqueado qualquer sinal de uma distância
suficiente. Você não terá nada contra nós.

Porra. Porra, porra, porra. Se foi capaz de bloquear as


frequências de rádio, meus companheiros Jameson
provavelmente perderam meu sinal muito antes de pararmos.
Eu não deixo um músculo do meu rosto piscar, no
entanto. Eu apenas o encaro silenciosamente.

O braço de Borovsky se inclina para trás e antes que eu


entenda sua intenção, ele dá um soco na minha bochecha
esquerda. A dor explode na minha cabeça, e estou tonto com
meu cérebro chacoalhando dentro do meu crânio. Sinto o
sangue escorrer pelo meu rosto.
Meus olhos se levantam para encontrar os dele
novamente. Borovsky massageia os nós dos dedos da mão,
flexionando-a. Tenho pouca satisfação em saber que isso o
machucou também.

Até que ele estende a mão para um dos homens. — Não


estou com vontade de quebrar minha mão hoje. Deixe-me
pegar sua faca.

Eu engulo em seco, endureço minhas feições, mas não


há como parar o suor que rola pela minha têmpora e pelo
corte na minha bochecha para se misturar com o sangue.

Borovsky se move na minha frente e segura a faca


grande com uma ponta curvada diante de seu próprio rosto
para examiná-la. Ele passa um dedo sobre o lado opaco e
depois o vira para examinar a borda da lâmina.

Seus olhos olham para a faca e travam com os meus. —


Agora... me diga onde Jess está, e podemos evitar...
digamos... muita bagunça.

— Você provavelmente deveria começar cortando minha


língua primeiro. — Eu sorrio para ele, sabendo que isso vai
irritá-lo. — Porque eu não estou te dizendo porra nenhuma.

Borovsky ataca tão rápido que mal vejo isso chegando.


Não importa, porque mesmo que eu fizesse, eu não poderia
desviá-lo. A lâmina corta meu peito do meu peitoral superior
direito até a parte inferior do esquerdo.

Eu assobio de dor e olho para baixo para ver o sangue


escorrendo livremente, encharcando minhas calças. Mas é
apenas uma ferida superficial. Eu não acho que posso morrer
de perda de sangue por causa disso.

— Onde está Jess? — Ele repete.

— Nenhuma pista.

A faca corta novamente, desta vez sobre meu abdômen.


O mesmo tipo de corte... profundo o suficiente para me fazer
sangrar, mas nem de longe o suficiente para derramar órgãos
internos. O cara sabe o que está fazendo.

Resmungo com a dor, olho para as feridas e fico um


pouco tonta com a visão do sangue. Ainda não sinto minhas
forças diminuindo.

Borovsky estala os dedos, e minha cabeça se levanta


para o olhar. Ele está estendendo a mão e um dos homens
entrega uma garrafa opaca. Tem um rótulo, mas não sei o que
é.
Quando ele remove a tampa, meus músculos apertam
em antecipação. Ele derrama o líquido claro sobre meu peito,
e eu inalo o cheiro pungente de álcool. Ele atinge as fatias e
parece uma centena de sóis queimando meu corpo de dentro
para fora.

Eu grito e gemo contra a dor, mas faço isso com os


dentes cerrados, meu peito subindo e descendo enquanto
tento respirar.
— Onde está Jess? — ele pergunta.

Meus dentes rangem juntos, eu olho para ele em rebelião


explícita.

Borovsky saca sua faca, apenas um pequeno corte no


meu braço. Ele imediatamente derrama álcool sobre ela, e ela
queima como o fogo do inferno.

— Você é um cara grande, — ele reflete enquanto


caminha ao meu redor até que ele está nas minhas costas.
Não tento olhar para ele, mas mantenho a cabeça erguida e a
coluna ereta. — Você tem muita área em seu corpo para eu
abrir. Eu poderia fazer isso por um longo tempo.

— Faça isso, — eu provoco, mesmo sabendo que é


estúpido fazer uma coisa dessas.

A dor me atinge ao longo da minha boca, outro pequeno


corte, mas quando ele derrama álcool sobre ela, minha visão
nada enquanto minha mente tenta escapar do tormento.
Não desmaie. Não desmaie.

Eu pisco com força, suor escorrendo em meus olhos, e


me concentro na mesa de sinuca na minha frente. Eu penso
em Jess e Thea e que espero me reunir com elas em breve.
A qualquer momento, minha equipe estará arrombando
as portas para me salvar e levar Borovsky sob custódia.

— Onde ela está? — ele pergunta novamente.

— Imagino fazendo manicure agora. — Eu aperto para o


corte.

Ele vem forte e rápido, seguido pelas mil picadas de


abelha do álcool. Eu inalo bruscamente, o ar sibilando entre
meus dentes.

Borovsky volta para a minha linha de visão e se curva


para me olhar. — Onde ela está?

Eu me recuso a responder, e ele me corta novamente.


CAPÍTULO 21
JESSICA
NÃO QUERENDO alertar as pessoas que detêm Dozer
que a polícia está atrás deles, cada pedacinho de presença foi
removido da frente do condomínio e espalhado pelas várias
ruas ao redor. A maioria dos veículos não identificados, mas
os carros de patrulha circulam em amplos círculos da área.
Ninguém queria arriscar que um visitante do bairro visse toda
a polícia do lado de fora e alertasse alguém do lado de dentro.

Bebe é o que eu sempre considerarei ser uma


especialista. No momento em que conseguimos que o SUV de
Kynan se afastasse um quarteirão dos portões, ela já estava
me mostrando fotos dos proprietários do bairro lá dentro.
Olhei longa e duramente, mas não reconheci ninguém.
Bebe não conseguiu encontrar um único proprietário
com um nome russo, o que provavelmente seria muito fácil.
Várias das casas são de propriedade de corporações, no
entanto, de modo que tinham algum potencial. Exceto em
todas as fotos que ela colocou na minha frente, eu não tinha
absolutamente nenhum reconhecimento disso. Ou eu nunca
conheci a pessoa, ou simplesmente não me lembro, o que
atormenta minha consciência. Se Dozer morrer porque eu não
fui observadora o suficiente, nunca vou me perdoar.

Kynan está do lado de fora do SUV, o telefone


pressionado em seu ouvido enquanto ele anda. James está do
lado de fora também, encostado na porta do passageiro
fechada, braços musculosos cruzados. Ele está preocupado e
não tem como ajudar. Tenho a sensação de que se eles
acharem Dozer, ele vai invadir os portões.

Inferno, eu estarei bem atrás dele.

Bebe puxa outra foto. — Que tal este?

Estou inclinada entre os bancos do motorista e do


passageiro, meu cotovelo no console para que eu possa
assistir enquanto ela faz sua mágica para trazer as fotos.

É de um homem mais velho, cabelos brancos como a


neve e óculos de aro de tartaruga. Ele parece um avô e não
um chefe da máfia que pode estar abrigando um fugitivo,
embora eu nunca tenha visto um chefe da máfia antes fora
dos filmes.

Independentemente disso, eu não o reconheço.

— Ugh, — eu exclamo, esfregando minhas têmporas. —


Isso parece inútil.

— Não é, — ela me assegura vivamente. — Porque a


próxima foto você pode reconhecer.

Suspirando, eu aceno. — Ok. Continue vindo.

A porta do motorista se abre e Kynan entra, fechando-a


atrás dele. Eu me afasto do console para não batermos
cabeças. Ele parece ter novidades, e então a porta dos fundos
se abre e James entra cambaleando.

— O que está acontecendo? — Bebe pergunta.


— Malik recebeu uma pista de um informante. Dizem
que Borovsky está escondido na casa de uma ex-namorada
desde que voltou para Miami, mas, por outro lado, as pessoas
da família têm sido restritas com as informações.

Olho para a rua escura com focos de luz dos postes. —


Ele tem uma ex-namorada que abrigaria um fugitivo? E pode
pagar uma mansão?

— Não zombe, — Kynan concorda com meu ceticismo, e


então olha de mim para Bebe. — O informante disse que ela
era ‘uma garota italiana’ — palavras dele, não minhas — que
Borovsky estava saindo há alguns meses. Malik o pressionou
por mais, mas a única outra coisa que ele disse é que eles não
terminaram bem.

— Não é surpreendente, — murmuro. — O que significa


que é improvável que ela dê a ele um porto seguro.

Aparentemente sem prestar atenção, Bebe estala em seu


teclado. — E se não for a casa da namorada, mas dos pais
dela? Procurando nomes italianos.

Prendo a respiração enquanto assisto. Endereços rolam


para cima em sua tela, que pisca para frente e para trás entre
seu mecanismo de busca criptografado e as postagens de
mídia social com referências cruzadas de nomes do bairro.

— Aqui, — diz ela, dando um toque final e puxando uma


foto de um casal no final dos cinquenta a sessenta e poucos
anos e uma bela jovem entre eles, todos sorrindo grandes
para a câmera. — Edoardo e Giana Greco. Eles têm uma filha
de 27 anos, Lucia. Edoardo é CEO da Dycol Holdings e seu
endereço fica bem na zona onde acreditamos que o
bloqueador esteja.

— Isso tem que ser onde ele está, — diz James com
entusiasmo. — Ele provavelmente tem os pais e a ex-
namorada lá como reféns. A menos que eles realmente o
estejam abrigando, mas isso não faz sentido.
— Mais do que prováveis reféns, ou estão mortos, —
responde Bebe em tom sombrio. — Mas não temos cem por
cento de certeza de nada. Não basta enviar a polícia.

— Então nós mesmo entramos, — diz Kynan. — Bebe


pode facilmente abrir o portão eletrônico. Temos radar com
sensor de calor e podemos dizer se há pessoas na casa e
quantas. Vou subir e bater, fingir ser um vizinho ou algo
assim. Veja quem vem à porta.

— Sim, — Bebe exclama. — Vamos fazer isso.Agora.


Vamos lá.
Kynan liga a ignição e ordena a Bebe: — Reúna a equipe
no portão. Diga a eles que isso são operações sombrias.

— Operações sombrias? — Eu pergunto.

— Ninguém sabe que estamos fazendo isso porque não


seria sancionado pela polícia. Vamos entrar em silêncio e sem
o conhecimento deles.
— Oh, — murmuro e começo a colocar meu cinto de
segurança.
— Saia, — diz Kynan, virando o pescoço para olhar para
mim e James na traseira do carro.

— Como? — Eu digo, sobrancelhas se levantando e


minha voz afiada como vidro. — Não há nenhuma maneira no
inferno que eu não vou com você. Vou ficar no carro, tudo
bem, mas não vou sair.
James avança e coloca a mão no ombro de Kynan. — Ela
não quis dizer 'com licença'. Ela quis dizer 'me obrigue'.
Porque se você me quer fora deste carro, você vai ter que usar
um pouco mais de músculo.

Kynan suspira, sacode a mão de James e coloca o SUV


em movimento. — Bem. Mas vocês dois têm que ficar no
carro. Se você quer que eu coloque todo o meu foco em ajudar
Dozer, não posso me distrair com vocês. Entendido?

— Claro, — eu digo enquanto James assente.


— Eu não estou brincando, — Kynan rosna para nós. —
Se vocês sairem do carro, isso pode custar a vida de Dozer.

O medo toma conta de mim, e não duvido que seja um


risco real. Não tenho intenção de distraí-lo. Mas se Dozer
estiver naquela casa, serei a primeira coisa que ele verá
quando sair.

Quando chegamos ao portão do bairro, uma enorme


estrutura em arco com um teclado para pressionar um
cartão-chave para entrar, outro SUV estaciona atrás de nós,
presumivelmente Jackson e Cage, que Bebe ligou apenas um
minuto atrás.
Kynan sobe lentamente e para no portão. Bebe pega um
pequeno dispositivo preto do tamanho de um controle remoto.
Ela aperta um botão e uma luz azul se acende. Ela entrega
para Kynan e diz: — Pressione no bloco quando eu disser.

Ele abaixa a janela enquanto Bebe trabalha em seu


laptop, uma enxurrada de números e símbolos aparentemente
representando algum código de hacking.
— Agora, — ela diz, e Kynan faz como solicitado. O
portão se abre lentamente e com os outros caras bem no
nosso para-choque, os dois veículos passam.

Bebe orienta Kynan para onde ir, e quando vemos a


grande mansão mediterrânea à esquerda, Kynan passa por
ela. Ele desce até o final do quarteirão e para no meio-fio.
Olho para trás e vejo que o SUV de Jackson e Cage se foi, mas
suponho que eles estacionaram em outro lugar.

Kynan pega sua arma e verifica o carregador e a câmara


antes de enfiá-la em seu cós traseiro. Ele então tamborila os
dedos no volante.

— O que você está esperando? — Eu pergunto, tentando


manter o pânico fora da minha voz.

— Jackson e Cage vão se aproximar da casa a pé,


descobrir quantos estão lá dentro.

— Com aquela coisa de radar de calor que você


mencionou? — James pergunta.
— Sim, — diz ele assim que seu telefone toca. Ele atende
no viva-voz.

— Sete pessoas dentro. — É Jackson. Eu o encontrei


algumas vezes enquanto estava hospedada no edifício
Jameson em Pittsburgh. — Cinco em um quarto na parte de
trás, dois mais perto da frente da casa.

— E sem carros na garagem, — Bebe reflete. — Então,


não é uma festa.

— Não é uma festa, — Jackson diz severamente. —


Podemos ver Dozer e Borovsky lá.

— O que? — Eu exclamo, arrancando meu cinto de


segurança e empurrando meus ombros entre os dois bancos
da frente.

— Conseguimos entrar na parte de trás da propriedade,


pois há uma casa com piscina para nos esconder. Eles o
colocaram em um quarto no pátio dos fundos. Ele está em
uma cadeira e Borovsky está trabalhando nele.

— O que isso significa? — Eu pergunto, histérica.

Jackson não me responde e Kynan não pede detalhes.


Acho que é para me poupar, mas Kynan não perde tempo.

Ele abre a porta, sai, e então olha de volta para Bebe. —


Ligue para o SAC e traga-os aqui.

— Vamos, — ela diz, e então Kynan bate a porta e vai


embora.
Eu me viro na cadeira, observo pelo espelho retrovisor
enquanto ele se mistura com as sombras, contornando focos
de luz enquanto se dirige para a casa onde Dozer está. Ele se
funde na escuridão e desaparece.

— Eu tenho o feed do radar, — diz Bebe, e eu me viro


para olhar por cima do ombro. James se inclina para frente
também.

— Como você está conseguindo isso? — ele pergunta.

— Jackson deve ter apoiado em alguma coisa. É


alimentado por conexão via satélite para mim.

Meu queixo cai quando vejo homens laranja dentro de


uma casa. Não há detalhes suficientes para saber
definitivamente que eles são homens, apenas presumo que
sejam. Como Jackson disse, dois estão em uma sala perto da
frente. Cinco estão em uma sala nos fundos e, desses cinco,
um está claramente sentado em uma cadeira. Não consigo ver
a cadeira, apenas o brilho laranja de seu corpo no que parece
ser uma posição sentada.

Não tenho certeza se são meus olhos ou meu medo, mas


parece que a laranja do homem sentado é mais maçante que
as outras.

— Aquele é Dozer na cadeira, — eu expiro. James se


inclina mais para frente e pragueja. — Por que a cor dele não
é tão forte?

A resposta de Bebe vem um pouco rápida e suave


demais. — Isso é apenas interferência de satélite.
Eu sei que ela está mentindo.

Minha respiração fica presa quando vejo outras figuras


laranja entrarem na tela. Dois se esgueirando para os fundos
da casa, e então há Kynan novamente, movendo-se para a
varanda da frente. Pelo menos eu suponho que seja Kynan, e
os dois na parte de trás são Jackson e Cage.

O que acontece a seguir é tão rápido que nem tenho


certeza se entendi o ataque coordenado. Da varanda, Kynan
deve tocar a campainha enquanto as duas figuras brilhantes
caminham naquela direção. A campainha deve deixar o outro
grupo desconfiado, pois dois dos homens saem daquela sala.

Então Jackson e Cage entram pelo pátio dos fundos


talvez a porta estivesse aberta e suas posições são tão claras
que estão apontando armas para os homens. Todos
levantaram as mãos, exceto Dozer na cadeira e o homem mais
próximo a ele.

Eu volto minha atenção para a figura laranja


fantasmagórica de Kynan. Ele está na casa, e aqueles dois
homens estão com as mãos levantadas.

Nem um único tiro é disparado.

E então um é.

Eu ouço através das janelas fechadas do carro, e minha


cabeça vira de volta para a casa para ver se consigo ver
alguma coisa.
Nada. Preto como breu. A porta da casa está fechada. Eu
não vejo Kynan.

Meu olhar volta para a tela e não sei o que estou vendo.
A princípio, Dozer não está mais sentado na cadeira, mas
parece estar no chão com o outro homem em cima dele. Eles
são uma grande bolha de brilho laranja, e nenhum deles está
se movendo.

— Oh meu Deus, — eu grito. — O que aconteceu?

— Eu não sei, — diz Bebe, soando tão tensa quanto eu.

Tudo o que sei é que não aguento mais um segundo sem


saber se Dozer está vivo ou morto.

Eu puxo a maçaneta da porta e me jogo para fora antes


que Bebe possa pensar em me mandar ficar, ou antes que
James possa me agarrar.

Eu corro o mais rápido que posso em minhas sandálias,


ouvindo pés batendo atrás de mim. É James, e ele não tenta
me impedir, mas passa voando. Eu tiro minhas sandálias
para que eu possa acompanhá-lo, meus pés descalços
perfurados por pedras e depois grama áspera.

Sem pensar em sua própria vida, ou se as coisas ainda


estão voláteis, James corre pela varanda e entra pela porta da
frente. Estou em sua bunda, e passo o limiar para ver que
Kynan tem dois dos homens de joelhos sob a mira de uma
arma, com as mãos atrás da cabeça.
— Jesus Cristo, — ele murmura quando nos vê. Mas
então me dá um sorriso reconfortante. — Ele está bem. Eles
estão naquele corredor.

James lidera o caminho, e quando entramos na sala


onde pegaram Dozer, não estou preparada para o horror que
vejo.

Vejo um corpo no chão que é Borovsky, um buraco de


bala na cabeça e não me incomodo em olhar para ele
novamente. Essa não é a coisa verdadeiramente horrível.

É Dozer, coberto de sangue, de pé perto da cadeira,


derrubado ao lado do corpo de Borovsky. Há tanto sangue
que não posso dizer de onde está vindo. Jackson está atrás de
Dozer, cortando os cordões de seus pulsos, e ele faz uma
careta enquanto revira os ombros e esfrega a pele esfolada.
Cage tem sua arma apontada para os outros russos de
joelhos com as mãos atrás da cabeça.

Dozer olha e nos vê, eu e seu pai parados ali. Seus olhos
ficam cheios de alívio, e passo por James, que parece
congelado no lugar.

— Oh Deus, — eu gemo quando o alcanço, parando


completamente, aterrorizada para tocá-lo. Eu olho em volta
descontroladamente, vejo que Jackson é o mais próximo, e o
encaro. — Dê-me sua camisa.

— O que? — ele pergunta estupidamente.

— Sua camiseta. Você não pode ver que Dozer está


sangrando até a morte?
— Eu não estou, — Dozer começa a dizer.

Eu o ignoro e falo com Jackson. — Sua porra de camisa.


— Sim, senhora, — diz ele e tira, entregando para mim.

Volto-me para Dozer, com medo de encontrar seus olhos.


Agora posso ver um grande corte em seu peito que sangrou
livremente, mas parece coagulado. Um em seu abdômen
ainda escorre.

— Há alguns menores nas minhas costas, — diz Dozer, e


meus olhos se agitam. — o da minha barriga... pressione a
camisa lá.

Gentilmente, eu faço o que pede, e ele range os dentes


com a dor. Vagamente, ouço sirenes, e espero em Deus que
seja uma ambulância.

James, aparentemente arrancado de sua paralisia, move-


se para o lado de seu filho. — Vamos sentar você.

Dozer balança a cabeça. — Nada de sentar. Eu quero


sair daqui.

Cobrindo minha mão com a dele, Dozer assume


segurando a camisa até a laceração em seu estômago. Seu pai
se move para o lado dele, passa o braço de Dozer por cima do
ombro e deixa o filho se apoiar nele enquanto saímos da sala,
deixando a carnificina para trás.

— O que aconteceu com Borovsky? — James pergunta


enquanto manobramos para o corredor, indo para a porta da
frente. Luzes vermelhas e azuis piscam através das janelas.
— Quando Cage e Jackson chegaram, pegaram todos de
surpresa. Os outros se renderam, mas Borovsky disse que
não voltaria para a prisão e atacou. Cage atirou na cabeça
dele, o que o fez cair em cima de mim. Parte desse sangue é
dele.

Eu faço uma careta, mas isso não importa.

Acabou.

Borovsky está morto e Dozer está seguro.

A polícia e os agentes do FBI se movem pela casa. Bebe


nos encontra na porta e, na verdade, ela suspira: — Deus,
Dozer... você está horrível.

— Sinto-me horrível. — Ele sorri, o que significa que


ainda tem um pouco de energia nele.

— Você prefere se sentir horrível do que morto, — ela


responde, mas não está sorrindo. Ela está tão abalada quanto
eu.

Somos recebidos no fundo da varanda por paramédicos


com uma maca. O fato de Dozer não recusar a maca me diz
que ele está pior do que está deixando transparecer. Seu pai o
ajuda a se deitar e eu digo: — Vou com você para o hospital.
Um dos paramédicos balança a cabeça. — É contra a
política do hospital. Você vai ter que encontrá-lo lá.

— Eu vou ficar bem, — Dozer acalma, e aceno quando


seu pai me puxa de volta para que eles possam trabalhar
nele.
Griff sai da casa, e eu nem tenho certeza de quando ele
entrou. Ele se move para o lado de Dozer e coloca a mão em
seu ombro. — Você está bem?

— Estou bem, — diz ele, mas sabemos que não está. Ele
precisa ser remendado em grande estilo.
Griff caminha em nossa direção, seus olhos se movendo
sobre Bebe para ter certeza de que ela está bem. Sua voz é
sombria quando ele diz: — Encontramos os Grecos. Mãe, pai
e filha estão mortos em um dos banheiros de hóspedes.

É agora que penso em Borovsky, e lembro quando Dozer


me disse que esperava que o resultado fosse a morte de Ivan.
Eu não entendia como ele podia pensar assim. A vida é
preciosa.

Mas Borovsky não via dessa forma. As pessoas eram


dispensáveis, e agora estou feliz que ele esteja morto e não
possa machucar mais ninguém novamente.
Os paramédicos começam a mover a maca em direção à
ambulância, mas Dozer grita: — Espere.

Eles param e sua cabeça aparece para me dirigir


diretamente. — Ocupe-se trabalhando nos planos do
casamento.

E agora eu sorrio. — Essa é a sua maneira de propor?

— É tudo o que tenho agora, — ele admite.

Eu empurro os paramédicos e me inclino sobre Dozer,


trazendo meus lábios aos dele. — Eu te amo, e vou começar
nos planos do casamento.

Eu levanto e olho para ele. O homem que teria morrido


por mim.

— Mais cedo ou mais tarde, ok? ele diz. — Quero me


casar mais cedo ou mais tarde.

— Ok, — eu sussurro.

— Temos que ir, senhora, — diz um dos paramédicos,


cortando minha proposta de casamento.
— Nós o seguiremos até o hospital, — eu prometo
enquanto eles o levam para a ambulância que espera. Dozer
me oferece um sinal de positivo.

James coloca um braço em volta dos meus ombros e me


puxa com força. Ficamos assim até eles carregarem Dozer e
fecharem as portas.

Apertando meu ombro, James olha para mim. —


Casamento, hein?
— Parece que sim, — eu respondo com um sorriso, meus
olhos ainda na ambulância, onde posso vê-los trabalhando
em Dozer pela janela, enquanto ela se afasta.

Ele está me deixando por enquanto, mas estarei logo


atrás. Mas neste momento surreal, após tanto horror, medo e
tragédia, nunca me senti melhor sabendo que nosso futuro
começa agora.
CAPÍTULO 22
DOZER
Estou sentado na beira da cama, esperando minha
mulher se arrumar. Aproveito a oportunidade para percorrer
as mensagens no meu telefone.

Jess sai do banheiro, a cabeça inclinada enquanto coloca


um brinco. — Você viu meu colar de coração? Eu queria usá-
lo hoje.
Comprei para ela um colar de corações entrelaçados de
ouro da Tiffany, e sei muito bem que ela não o perdeu. JJ
simplesmente não é muito boa em manter as coisas em seus
devidos lugares.

Agarrando a calcinha de seda ao meu lado na cama, eu a


giro em volta do meu dedo. Eu ignoro o sutiã combinando que
ela colocou. — Não faço ideia de onde está o seu colar, mas
encontrei isso.

— Você não os encontrou, — diz ela com um revirar de


olhos. — Eu coloquei ali para vestir. Duas coisas muito
diferentes.

— Por que você não vem aqui e me deixa colocá-los em


você? — Eu olho abertamente para ela. Ela é tão linda em seu
roupão de cetim curto, mal fechado na frente, seu corpo
muito nu por baixo, como posso olhar para ela de outra
forma? Provavelmente, a pior coisa que poderia acontecer é
ficar cego e não ter essa visão todos os dias pelo resto da
minha vida.

Jess caminha na minha direção, um sorriso sexy no


rosto. Meu sangue acelera, embora tenhamos passado uma
hora de luxúria na cama esta manhã, completamente
desgastando um ao outro.

Ele diminui rapidamente quando pega a calcinha e dá


dois passos para trás. — De jeito nenhum eu vou deixar você
colocar isso em mim, porque é apenas um código para me
colocar de volta na cama, e vamos nos atrasar.

— Meu pai não vai se importar, — eu insisto, saindo


rapidamente da cama para agarrá-la. Eu a puxo para mim e
ela ri, os braços em volta do meu pescoço. Deslizando minhas
mãos sob a parte de trás de seu roupão, eu aperto sua bunda
nua e a beijo com força.

— Pare, — ela geme em minha boca, — ou nunca vamos


sair daqui.
— Não me importo. — Eu movo minha boca para seu
pescoço.

— Você se importa totalmente. — Ela ri, a mão


pressionada na parte de trás da minha cabeça enquanto
mordo sua clavícula.

Levantando minha cabeça, eu travo os olhos com ela. —


Bem. Eu me importo.
Relutantemente, eu a solto e puxo o aperto da minha
calça que ela acabou de criar. Estou desconfortável, mas ela
está certa. Realmente não podemos atrasar.

— Seu colar está na cômoda, — eu digo, acenando em


direção a ele.

Ela sorri. — O que eu faria sem você?

— Perder muitas joias, — brinco, e ela ri, voltando para o


banheiro para se vestir.

Mas a verdadeira questão é, o que eu faria sem ela? É


algo que espero nunca descobrir. O alívio que não diminuiu
desde que Cage matou Borovsky significa que vou apreciar
todos os dias com ela.

As últimas semanas têm sido um turbilhão de cura, de


adaptação a uma nova vida e de gratidão todos os dias por
todas as pessoas incríveis nela. Minha equipe maravilhosa
que colocou suas vidas em risco para me salvar e proteger
Jess.

Cage, em particular, que, sem hesitação, matou


Borovsky a tiros. O tiroteio foi investigado e considerado
legítima defesa, já que Borovsky um assassino condenado de
crianças atacou Cage com uma faca. Mas ainda assim, é um
risco quando você toma a lei em suas próprias mãos, e Cage
agiu sem pensar nas consequências que poderia enfrentar.
Nunca poderei retribuir isso, porque eliminou
permanentemente a ameaça representada por Borovsky. O
FBI por meio de seus informantes está confiante de que Jess
está segura agora. A vingança de Borovsky contra ela era
pessoal e, embora a família não tivesse problemas em ajudar
na sua fuga, eles não iriam prosseguir com as coisas.

Ainda assim, estamos vigilantes e estou ensinando Jess


a atirar com uma arma.
No final das contas, porém, com Borovsky morto, Jess e
Thea podem levar uma vida livre tornando todos os meus
sonhos realidade.

Eu me estabeleci em uma nova vida aqui em Miami,


dividindo a casa de JJ com ela e Thea. No início, não era nada
mais do que descanso e relaxamento para que eu pudesse me
recuperar dos ferimentos que Borovsky e seus homens
infligiram. Os pontos na minha frente e costas saíram quatro
dias atrás, deixando cicatrizes vívidas na minha pele. Jess as
acaricia e beija com ternura e me diz o quão sexy elas são. Eu
não sei se está brincando comigo, mas são uma parte
permanente de quem eu sou e um lembrete diário das minhas
prioridades.

Jess e Thea.
É por isso que estou me mudando para Miami para
começar minha vida com minha nova família. JJ e eu
sentamos com Thea e tivemos uma conversa franca sobre os
sentimentos que temos um pelo outro, que eu ia morar com
elas, e enquanto ainda sou o tio Dozer, espero que, mais cedo
ou mais tarde, ela vá me chamar de papai. Por enquanto, o
suficiente é que acho que ela está mais animada do que Jess
por me ter em casa.
Quanto a Jameson, ainda tenho um emprego
remunerado com eles. Quero dizer, como eu poderia deixar a
empresa, uma família que colocou suas vidas em risco por
mim e Jess? Houve discussões sérias sobre onde deveríamos
morar aqui ou Pittsburgh, mas Jess realmente ama seu
trabalho, e Claire está aqui, e... eu quero um relacionamento
com meu pai.

Então, a solução – graças a Kynan e seu espírito


empreendedor é abrir um escritório em Miami, que eu vou
administrar. No momento, esse escritório é realmente apenas
meu laptop na mesa da sala de jantar, mas Kynan espera
comprar alguma propriedade e equipá-la nos próximos meses.
Ainda vou de vez em quando para Pittsburgh, mas isso não é
Kynan exigindo. Muitos naquele escritório também são minha
família, e preciso passar um tempo com eles.
Especialmente Bebe. Mesmo estando feliz por mim, ela
está triste por perder seu parceiro de laboratório e amigo mais
próximo. Sugeri que talvez ela pegasse emprestado o avião de
Camille com mais frequência e viesse me visitar aqui. Camille,
a propósito, não se incomodou com a mentira inocente de
Bebe sobre seu destino, e uma vez que descobriu a verdade
por trás disso, foi muito indulgente. Tenho certeza de que ela
deixaria Bebe usar o avião em outra ocasião, se o pedisse.

Jess sai do banheiro novamente. Eu estou perto da


cômoda e a vejo largar o roupão e colocar o sutiã. Ela não tem
vergonha de pular ao meu redor nua, pelo que sou
eternamente grato. É uma festa para os meus olhos vê-la
fazer algo tão simples como tirar um vestido do armário e
colocá-lo sobre a cabeça. Ela o alisa sobre seus quadris e gira.
— Você gosta disso?

É uma cor de pêssego clara, ajustado no corpete e


flutuando em torno de suas pernas, descendo logo abaixo dos
joelhos. — Você está deslumbrante.
— Claro que estou, — ela brinca e gira novamente. —
Mas e o vestido?

— Está muito bem, — eu provoco de volta, movendo-me


para tomá-la em meus braços. — Vamos ver como ele se
move.

Dançamos lentamente, não pressionados um contra o


outro, mas uma valsa onde a giro. Nós rimos, e antes que ela
se afaste para poder colocá-la sobre os calcanhares, beijo sua
mão.
Sua mão esquerda, para ser específico. Apenas na junta,
abaixo da qual fica um grande anel de diamante.

Quando recebi alta do hospital, por volta do meio-dia


após a morte de Borovsky, fui direto para uma joalheria. Jess
pensou que eu estava louco, mas eu a arrastei e deixei que ela
escolhesse um anel. Não era muito tradicional, mas
considerando que gritei de uma maca de ambulância que ela
começasse nossos planos de casamento, parecia apropriado.

Afinal, ela não escolheu. Eu o fiz porque ela estava


tentando ser modesta, e eu queria que ela brilhasse. Eu amo
o atordoante anel de quatro quilates que ela usa agora.
Jess se afasta de mim, sorrindo. Damos as mãos até que
nossos braços estejam esticados ao máximo, dedos deslizando
para longe um do outro, e ela se move para o armário
novamente para pegar seus sapatos.

MEU PAI se move para o meu lado e pousa a mão no


meu ombro. — Nervoso?

— Um pouco, — eu respondo sem hesitação. É um


grande negócio.
— Acha que tenho uma chance com Claire? — ele
pergunta, e minha cabeça vira em sua direção.

— Você realmente quer falar sobre Claire agora? —


pergunto incrédulo.

— Não. — Seu sorriso é grande, olhos brilhando com


diversão. — Mas eu pensei que isso tiraria sua mente de ficar
nervoso.

Eu sorrio e volto meus olhos para as portas do pátio da


casa do meu pai. A qualquer momento, elas se abrirão e
minha vida realmente começará.

Fileiras de cadeiras brancas estão dispostas com algo


branco e espumoso preso às costas. Um arco maciço atrás de
mim está cheio de flores frescas, e no meio está um ministro
que meu pai conseguiu de Deus sabe onde.
Toda a família e amigos de Jess se sentam de um lado.

Meu lado está cheio de pessoas de Jameson — na


primeira fila, Bebe e Griff, sorrindo para mim, e Joslyn e
Kynan ao lado deles.
Nem todos puderam vir, mas a maioria veio. Cruce,
Barrett, Saint, Sin, Malik, Anna, Cage, Jaime, Corrine, Clay,
Jackson, Camille, Ladd e Greer. A lista continua com pessoas
do escritório de Las Vegas que eu também não conheço, mas
algumas sim. Rachel, em particular, que segura seu filho
Tony no colo, mas seu marido Bodie está em uma missão e
não pôde vir.

A única pessoa que eu gostaria que estivesse aqui é


Kellen. Ele é novo na Jameson, e mal conheço o cara, e ainda
assim ele é o único que realmente faz falta. Ele assumiu o
trabalho importante de proteger Claire e Thea para que eu
não tivesse que me preocupar com elas. Mas ele está
terminando suas coisas na Califórnia para sua mudança
permanente para Pittsburgh. Ele vendeu sua casa e ele,
Bubba e sua namorada vão viajar pelo país neste fim de
semana. Vou voar para Pittsburgh em breve, nem que seja
por nada mais do que levá-lo para tomar uma cerveja.

A música começa, e meus olhos vão para as portas do


pátio. Elas se abrem e Thea sai, usando um vestido de verão
cor de pêssego quase da mesma cor que sua mãe. Ela tem
margaridas enfiadas em seu cabelo, e seu olhar trava no meu.
Ela parece assustada quando percebe que todas as pessoas
estão viradas em seus assentos olhando para ela, mas
estendo minha mão para instigá-la a seguir em frente.

Ela está carregando uma cesta e deveria jogar


margaridas pelo corredor, mas em vez disso ela sai correndo
em minha direção. Todos riem e a pego em meus braços. —
Você esqueceu de deixar cair as flores, — eu provoco
enquanto beijo sua bochecha.
— Ah, sim, — ela diz e se mexe para ser colocada no
chão. Todo mundo fica encantado quando ela corre para a
primeira fileira de cadeiras, inclina sua cesta, joga todas as
flores e depois corre de volta para mim.

Mais risos quando eu a pego novamente. Acho que


provavelmente é mais apropriado para ela estar comigo e Jess
em vez de ficar de lado.

E então Jess está lá, parada na porta aberta, pronta para


vir ao pátio. Seu pai está de um lado, sua mãe do outro.
— Eu realmente quero sua opinião sobre Claire, — meu
pai murmura baixo ao lado de sua boca.

— Agora não, — eu digo de volta, não o levando a sério.


Ele está apenas tentando aliviar o clima, meus nervos e dar
um soco brincalhão. A verdade é que acho que ele e Claire vão
ser bons amigos.

Os olhos de Jess se fixam nos meus, e nos olhamos o


tempo todo em que ela caminha pelo corredor. Nada de
vestido branco tradicional, e noto que ela abandonou os
saltos porque me disse que estavam machucando seus pés no
caminho. Não passamos a noite anterior ao casamento
separados e nem nos envolvemos no planejamento desse
evento.

Foi meu pai e Claire, que cuidaram de tudo, exceto da


roupa que Jess escolheu. Quanto a mim, é Miami, e estou
legal em um par de calças cáqui de linho e uma camisa de
manga curta de linho branco casualmente aberta.

Jess e eu não nos incomodamos em escrever votos. Nós


dois somos tão tranquilos sobre essa coisa toda que
decidimos falar do coração quando chegasse a hora.

Nós dois sabemos que diremos exatamente a coisa certa,


porque já dissemos tudo antes. Passamos as últimas duas
semanas nos certificando de sermos sinceros com todos os
nossos sentimentos e atualizando o que deveríamos estar
dizendo um ao outro há anos.

— AGORA ISSO É uma festa de casamento, — diz Griff.


Estamos na fila da montanha-russa Seven Dwarfs Mine Train.
Tivemos uma pequena recepção ontem após a cerimônia,
mas convidamos a todos para se juntarem a nós hoje em
Orlando, pois estou cumprindo minha promessa da Disney
para Thea.

Nem todos puderam vir — mas ainda assim, com nosso


sucesso contra Borovsky, Kynan, Jackson, Cage e Malik estão
na fila atrás de Griff. As mulheres decidiram não vir na
montanha-russa e, em vez disso, se reuniram sob uma árvore
frondosa para esperar por nós. Mas Thea é destemida e fica
ao meu lado, segurando minha mão.

E por que ela estaria com medo? Ela tem alguns dos
homens mais durões ao seu redor, prontos para matar todos
os seus dragões.

Claro, isso é evidente para qualquer um no Magic


Kingdom que passa por lá, porque Bebe se encarregou de
comprar todas as camisetas masculinas de coordenação —
camisetas que se encaixam como uma segunda pele, todas em
preto com letras brancas na parte de trás que diz: — Detalhe
de proteção da princesa.

O melhor de tudo, nenhum dos caras protestou ao usar


isso. Todos os seis somos um espetáculo, aproveitando ao
máximo. Especialmente com Thea vestindo seu vestido de
princesa Tiana. Durante todo o dia tivemos pessoas
chegando, pedindo para tirar fotos conosco. Thea tem
adorado cada minuto, todos os seus — tios — protegendo-a
enquanto ela espera na fila.

Há um puxão na minha mão, e olho para Thea.

— O que está acontecendo? — Eu pergunto enquanto a


fila avança e nós andamos.

— Posso te fazer uma pergunta secreta?

— Claro, — eu respondo e me agacho para ficarmos cara


a cara. Eu olho para o outro lado, vejo todas as mulheres
Jameson bebendo bebidas geladas e rindo.
Os olhos de Jess estão em mim e na filha dela enquanto
ela escuta a conversa ao seu redor.

Thea se inclina e sussurra: — Quando posso começar a


chamá-lo de papai?
Foda-se tudo para o inferno, mas por que ela tinha que
me fazer essa pergunta bem no meio do lugar mais feliz do
mundo com meus irmãos machões atrás de nós? Não há
como parar meus olhos de nadarem em lágrimas, então eu
rapidamente a puxo para um abraço para que não possa ver.
Eu as afasto com algumas piscadas rápidas para que os caras
não vejam.

— Você pode começar a me chamar assim agora, — eu


sussurro de volta.

— Ok, papai, — ela responde e, em seguida, se contorce


para fora do abraço, pegando minha mão novamente.
Eu me endireito, olho para minha esposa e ela vê – mas
tudo bem. Um sorriso inclina sua boca, e acho que ela sabe o
que está acontecendo.

Thea realmente me fez o homem mais feliz do planeta.

FIM
Notes

[←1]
Um backdoor é um método normalmente secreto para contornar
autenticaçãoou criptografia normal em um computador, produto, dispositivo
incorporado (por exemplo, umroteador doméstico) ou sua incorporação (por
exemplo, parte de umsistema criptográfico,algoritmo,chipsetou até mesmo um
"computador homúnculo" — um computador dentro de um computador, como o
encontrado natecnologia AMTda Intel). [1] [2] Backdoors são usados com mais
frequência para proteger o acesso remoto a um computador ou obter acesso atexto
sem formataçãoem criptossistemas. A partir daí, pode ser usado para obter acesso a
informações privilegiadas como senhas, corromper ou excluir dados em discos rígidos
ou transferir informações dentro de redes autoescalonadas.
[←2]
O Microsoft Bob foi um software foi lançado pela Microsoft há exatos 25 anos,
em 11 de março de 1995. O programa tinha como objetivo auxiliar no uso do
Windows, repaginando a interface do computador, mas acabou se tornando um
grande fracasso e foi descontinuado no ano seguinte.
[←3]
um rabisco
[←4]
RPG é a sigla em inglês para role-playing game, um gênero de jogo no qual
os jogadores assumem o papel de personagens imaginários, em um mundo fictício.
[←5]
um movimento de escavadeira

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