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REFERENCIAL TEÓRICO
2.3 O mercado de TI
2.3.1 Mulheres na TI
Ao longo dos anos, a Ciência consolidou seu avanço, apesar de ter sido
historicamente dominada por homens, o que não excluiu a significativa contribuição
das mulheres para o desenvolvimento do conhecimento. Embora muitas vezes
tenham sido relegadas à invisibilidade, as mulheres desempenharam papéis
cruciais na esfera técnica (SANTOS, 2010). No que diz respeito a notáveis nomes
femininos na área de TI, certamente, Ada Lovelace com certeza é um dos
primeiros nomes que nos vem à mente.
Devido a conflitos familiares, Ada Lovelace, nascida em 1815 e filha da
amante da matemática Anabella e do poeta Lord Byron, era frequentemente
mantida afastada de seu pai, inclusive de sua influência romântica, por sua mãe,
que a incentivava a dedicar-se intensamente aos estudos de matemática
(ISAACSON, 2014).
Assim, Ada desenvolveu seu interesse pela tecnologia durante uma viagem
com sua mãe aos distritos industriais, onde pôde observar novas fábricas e
maquinários. Nesse período, teve a oportunidade de conhecer Charles Babbage e
colaborar em seu projeto da "Máquina Analítica", um dos primeiros computadores
mecânicos conceituais (ISAACSON, 2014).
Ada Lovelace dedicou-se a escrever programas que a Máquina Analítica
poderia executar, caso fosse construída, desenvolvendo algoritmos que permitiriam
à máquina computar valores de funções matemáticas. Foi ela quem primeiro
reconheceu a necessidade de loops e sub-rotinas em programação, conceitos
fundamentais na programação moderna (FARIAS, 2013).
Ademais, Ada traduziu e publicou ela mesma um artigo sobre a máquina,
incorporando suas próprias anotações substanciais que são hoje as bases
utilizadas na programação de computadores. Em virtude de sua notável
contribuição, Ada Lovelace é consagrada na história como a pioneira da
programação (MANZANO; OLIVEIRA, 2000).
Além de Lovelace, Grace Hopper, nascida em 1906, graduada em
Matemática e Física, foi aclamada como a "Rainha da Computação". Ela atuou
como analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos durante as décadas de
1940 e 1950 (). Em seu cargo, ela desenvolveu uma linguagem de programação
conhecida como Flow-Matic. Alguns anos depois, essa linguagem serviu de base
para a criação da linguagem COBOL (GNIPPER, 2016).
A linguagem COBOL continua sendo usada até os dias de hoje em
processamento de bancos de dados comerciais e governamentais. Recentemente,
ela voltou a ganhar destaque devido à pandemia global causada pela COVID-19 ().
Em 1944, Grace Hopper recebeu ordens para se apresentar na
Universidade de Harvard e trabalhar no Mark I. Lá, ela estudou as memórias de
Babbage e dedicou várias noites para compreender a máquina. Sua habilidade em
traduzir problemas do mundo real em equações matemáticas facilitou a
compreensão da máquina. Durante o projeto, Hopper aprimorou as sub-rotinas, um
conceito mencionado por Ada Lovelace em suas notas sobre a máquina analítica
de Babbage (ISAACSON, 2014).
Além disso, desenvolveu o conceito de um compilador que simplificaria a
tradução de linguagens de programação entre diferentes computadores. Sua
contribuição se estendeu aos projetos Mark II e Mark III. Hopper também ficou
famosa pelo termo "bug" e "debugging" quando uma mariposa causou uma falha
no sistema do Mark II, sendo posteriormente colada em um livro de registros
(ISAACSON, 2014).
Após deixar o laboratório de Harvard, Hopper se juntou à equipe de
desenvolvimento do UNIVAC I, o primeiro computador fabricado e comercializado
nos Estados Unidos. Após o sucesso do UNIVAC I, Hopper desenvolveu um
compilador que cria programas a partir de um código-fonte escrito em uma
linguagem compilada. Em 1952, Hopper tinha seu próprio compilador funcionando,
desafiando a crença comum da época de que os computadores só podiam realizar
cálculos aritméticos (GNIPPER, 2016).
Hedy Lamarr também não poderia ficar de fora da lista. Ela foi uma
talentosa atriz na década de 30, muito conhecida pela sua notável beleza. Mas por
trás de um lindo rosto, havia um brilhante intelecto que foi capaz de inovar na
tecnologia de redes sem fio.
Para Lamarr, a ciência se tornou um meio de expressar suas frustrações em
relação à sua carreira no cinema; suas invenções representavam um desafio
silencioso aos papéis superficiais que lhe eram atribuídos devido à sua beleza.
Como ela mesma expressou: "as pessoas parecem presumir que, por ter um rosto
bonito, sou desprovida de inteligência... Tenho que me esforçar o dobro para
convencê-las de que algo parecido com um cérebro" (HOARD, 2014).
Ao longo de seus 28 anos de carreira, Hedy atuou em mais de 30 filmes. No
entanto, sua busca por inovação não se limitou às telas; nos bastidores, em seu
trailer, ela continuava inventando, com uma mesa repleta de ferramentas. Sua
invenção mais notável surgiu de uma colaboração com seu amigo compositor,
George Antheil durante a Segunda Guerra Mundial (ENIGMA, 2021).
Juntos, eles perceberam que ao alternar os controles de frequência de um
piano, a comunicação poderia ocorrer sem detecção. Com o objetivo de orientar
torpedos para seus alvos durante a guerra, desenvolveram um sistema de
alternância de sinal de rádio. Essa tecnologia possibilitava a transmissão de
informações confidenciais entre dispositivos, patenteada em 1941 como "Sistema
de Comunicação Secreta" (ENIGMA, 2021).
Apesar de sua importância e utilidade, a patente desenvolvida por Lamarr e
Antheil não foi implementada durante a guerra. Pode-se imaginar o conselho de
revisão da Marinha ridicularizando a ideia, comentando ironicamente: "Meu Deus,
vamos colocar um piano de rolo em um torpedo" (HOARD, 2014).
No entanto, a tecnologia de espectro expandido, derivada dessa patente, é
agora amplamente utilizada em telefones celulares, conexões Bluetooth e redes
Wi-Fi para criptografar transmissões e mitigar interferências de sinal. Em muitos
aspectos, o trabalho de Lamarr foi fundamental para o avanço das
telecomunicações modernas, estabelecendo os alicerces para uma tecnologia que
se tornaria onipresente no futuro (HOARD, 2014). Se hoje o mundo inteiro está
conectado via Wi-Fi, devemos isso em parte à Hedy Lamarr.
No entanto, apesar dessas figuras emblemáticas e de outras mulheres
talentosas que contribuíram para a TI ao longo do tempo, o campo ainda enfrenta
desafios significativos em termos de representação feminina, sendo atualmente
caracterizada como uma área predominantemente masculina. Segundo gráficos
elaborados pela Softex a partir de dados fornecidos pelo IBGE, a participação
feminina em setores de TI diminuiu ao longo dos anos.
Gráfico VI - Evolução da participação de gênero em setores de TI 2007-2017
Fonte: Softex (2019)
Apesar do aumento na quantidade de mulheres de 21.253 em 2007 para
40.492 em 2017, praticamente dobrando, o crescimento na quantidade de homens
foi ainda maior ao longo desses 10 anos, passando de 67.106 para 163.685, um
aumento de 144%.
A disparidade salarial também é expressiva na TI, acontecendo em todas as
ocupações: mulheres ganham menos que os homens ocupando o mesmo cargo
que eles.
Tabela II - Remuneração por Ocupação e Gênero, diferenças em valores e
percentuais
Fonte: Softex (2019)
Para Santos, Tanure e Carvalho Neto (2015), quando se trata de mulheres,
o mercado de trabalho muitas vezes se restringe, sendo mais acolhedor em áreas
como magistério, enfermagem e serviços sociais.
De acordo com Bahia e Laudares (2013), há uma predominância feminina
nas áreas humanas, enquanto nas ciências biológicas e da saúde, a proporção
entre homens e mulheres é mais equilibrada. No entanto, a presença masculina é
notavelmente maior na área tecnológica. Esse contraste pode ser explicado pela
percepção de que os homens são considerados mais lógicos e têm raciocínio mais
rápido, o que os leva naturalmente para as Ciências Exatas, enquanto as mulheres
são mais frequentemente associadas às áreas de Humanas.
Segundo dados fornecidos pelo Censo da Educação Superior de 2022, os
cursos de educação, saúde e bem-estar e ciências sociais são compostos
majoritariamente por mulheres, ultrapassando os 70%. Na área de engenharia, a
participação feminina compõe 35%. Já em computação e TIC (Tecnologia da
Informação e Comunicação) esse percentual é de 15%.
Gráfico VII - Distribuição percentual dos concluintes de graduação, por sexo,
segundo a área geral dos cursos - Brasil 2022
REFERÊNCIAS
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994.
207 p.
MURANI, Margaret; MERON, Monique. Como contar o trabalho das mulheres? In:
ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa. Gênero
e trabalho no Brasil: perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016.
Em média, mulheres dedicam 10,4 horas por semana a mais que os homens
aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas | Agência de Notícias.
Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-m
ais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas#:~:text=E
m%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com%2014%20anos%20
ou>. Acesso em: 17 jan. 2024.
HOARD, Corey. The Brain of the Most Beautiful Girl in the World. NU Writing, n. 4,
2014.
Hedy Lamarr – Projeto ENIGMA. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/enigma/hedy-lamarr/>. Acesso em: 26 jan. 2024.
RODRIGUES, Ana Clara Alvarenga et al. POR QUE NÃO TI? A BAIXA
PARTICIPAÇÃO FEMININA EM CURSOS DE TI: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.
RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 4, n. 1, p.
e412565-e412565, 2023.
- Classificação da pesquisa
- Etapas metodológicas
- Instrumentos
- Delimitações
Para efetivação do presente estudo faz-se uso do método de pesquisa de
campo explicativa básica onde os dados coletados foram analisados sob a
abordagem qualitativa e quantitativa. Para tanto, cabe salientar que esse tipo de
pesquisa é explicativo pois focaliza a identificação dos fatores que determinam ou
contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 2007). E é classificada como
básica quando tem como objetivo entender, descrever ou explicar os fenômenos
físicos e seus fundamentos (JUNG, 2011).
Se trata de uma abordagem quantitativa pois quantifica dados ou fatos,
apresentando respostas em formato numérico, e qualitativa porque trabalha com a
subjetividade, intensidade e profundidade dos eventos, compreendendo os fatores
que levam à ocorrência dos eventos sob uma perspectiva pessoal, permitindo que
os participantes expressem suas experiências (BUONO, 2015).
(coleta de dados sobre a evasão de alunos do sexo feminino no curso de
informática do if)
Para tanto, foi aplicado um questionário com 9 perguntas a respeito de
experiências pessoais relacionados ao curso de informática em uma amostra de
XXXX alunos regularmente matriculados nas turmas de TI do ensino médio do
Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) Campus Afogados da Ingazeira. Nesse
sentido, excluíram-se da pesquisa turmas de outros cursos ofertados pela
instituição. É válido salientar que a pesquisa leva em consideração aspectos éticos
para preservar o anonimato dos entrevistados.
E para estruturação científica foram utilizados artigos em base de dados
eletrônicos por meio de pesquisa no Google acadêmico, Scielo …, recuperados por
meio das palavras-chave: mulheres na TI, questão de gênero, curso técnico
integrado.
Desse modo, levou-se em consideração como critério de inclusão os
estudos científicos que aclamassem o problema e objetivos da pesquisa, sendo
estes selecionados pela leitura do resumo, análise de sumário e leitura de
capítulos referentes ao tema, não tendo como critério de seleção o ano da
pesquisa, visto que a mesma toma como ponto de partida o contexto social,
histórico e cultural. No entanto, excluíram-se trabalhos que não traziam respaldo
científico. Ademais, também não faz parte do objetivo da pesquisa apresentar
soluções para os problemas encontrados, apenas analisar a questão de gênero
presente no curso de informática do IFPE campus Afogados.
INTRODUÇÃO