Você está na página 1de 28

2.

REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A questão de gênero sob um viés sociocultural

A opressão das mulheres precede a formação da classe trabalhadora e


remonta às primeiras divisões sociais na história (ENGELS, 2019). A divisão do
trabalho baseada no sexo tem sido uma constante ao longo de toda a história da
humanidade, frequentemente justificada por meio do determinismo biológico, ou
seja, pela crença de que as diferenças entre homens e mulheres são determinadas
por fatores biológicos e que os diferentes sexos possuíriam habilidades naturais
para tarefas ou trabalhos distintas (FILSINGER; DE PAULA; DA MATTA, 2022).
Com o estabelecimento das sociedades sedentárias, os homens assumiram
a responsabilidade pela caça, enquanto às mulheres incumbia a tarefa de cuidar
da família e do lar. Essa divisão de trabalho não era meramente uma questão de
preferência individual, mas sim um sistema social enraizado em papéis atribuídos
culturalmente. As justificativas frequentemente se baseavam em supostas
características biológicas: a força física dos homens os tornava mais aptos para
tarefas consideradas perigosas ou extenuantes, enquanto se acreditava que as
mulheres possuíam habilidades inatas para o cuidado e a manutenção do lar
(ENGELS, 2019).
Em oposição às teorias deterministas do sexo, para Beauvoir (2014) não se
nasce mulher, torna-se mulher. O gênero é uma construção social, não algo
determinado biologicamente. As mulheres não possuem uma "essência" feminina
inata; ao contrário, elas se tornam mulheres ao aprender e internalizar os papéis e
comportamentos associados ao seu gênero durante o processo de socialização na
sociedade.
Em conformidade com a concepção supracitada, segundo Cabral e Diaz
(1998) desde o momento do nascimento, com a revelação do sexo da criança,
inicia-se a construção cultural de seu papel na sociedade. As meninas, desde suas
brincadeiras infantis, são direcionadas para o papel de donas de casa.
Brincadeiras como casinha e bonecas reforçam a ideia de cuidado com a casa e
filhos, enquanto a passividade, a docilidade e a dependência são características
frequentemente ensinadas às meninas.
Em contrapartida, os meninos são incentivados à liberdade. Brincadeiras na
rua, em espaços abertos e jogos mais agressivos são estimulados, com o objetivo
de desenvolver características como coragem, força e independência. O cuidado
com a casa, por sua vez, é frequentemente visto como uma tarefa feminina, não
sendo ensinada aos meninos (CABRAL; DIAZ, 1998).
Conclui-se, desse modo, que a cultura ainda desempenha um papel crucial
para manutenção desta “organização” de papéis sociais, os quais as mulheres têm
frequentemente sido relegadas a posições subordinadas. Essa estrutura cultural,
enraizada em tradições e normas sociais que são transmitidas de geração em
geração, reforçam os papéis de gênero tradicionais, os quais atribuem às mulheres
responsabilidades e funções secundárias em relação aos homens, além de
contribuir para a perpetuação de estereótipos de gênero que se fazem presente no
corpo social até os dias atuais e mantêm a estrutura sexista de divisão laboral.

2.2 A evolução da mulher no mercado de trabalho

A ascensão da Revolução Industrial e o aumento da urbanização


promoveram mudanças expressivas nos processos produtivos e nas dinâmicas
laborais. O capitalismo consolidou-se como o sistema econômico dominante,
inaugurando uma nova era em que a força de trabalho passou a ser objeto de
comércio, transformando os trabalhadores em assalariados. Essa evolução
culminou na mecanização, em que a tecnologia dispensou a necessidade de força
muscular, permitindo a contratação não só de homens adultos, mas também de
mulheres e crianças (MARX, 2013).
Contudo, a evolução das condições de trabalho para homens e mulheres
não foi uniforme. Desde o princípio, os homens sempre predominaram como a
maioria dos trabalhadores, enquanto as mulheres eram canalizadas para
ocupações laborais menos favorecidas (MARUANI; MERON, 2016). Em
consonância, de acordo com Filsinger, de Paula e da Matta (2022) o valor do
trabalho estava ligado à manutenção familiar, mas agora é dividido entre os
membros da família na competição do mercado. O trabalho feminino ao ingressar
na indústria é desvalorizado e considerado de menor qualificação, contribuindo
para a competição entre trabalhadores e a redução de salários.
Avançando um pouco mais na historiografia, a Segunda Guerra Mundial foi
um evento crucial que exigiu uma grande mobilização feminina na força de trabalho
em países diretamente envolvidos no conflito. Esse período marcou uma virada,
abrindo oportunidades para as mulheres em várias profissões na segunda metade
do século XX, apesar das condições inicialmente desfavoráveis (LEITE, 1994;
GOMES 2005).
A necessidade de atender às demandas da guerra provocou uma mudança
nas percepções tradicionais sobre o papel das mulheres, permitindo uma
participação mais significativa em diferentes setores profissionais anteriormente
ocupados por homens, não só naqueles que “sobravam” por falta de interesse
masculino em ocupá-los (LEITE, 1994; GOMES, 2005).
Nos Estados Unidos, a participação das mulheres na População
Economicamente Ativa (PEA) aumentou de 18% em 1900 para 32% em 1960 e
atingiu 46% em 1992. Essa transformação foi observada em todo o mundo
ocidental, e o Brasil não ficou imune aos seus efeitos. A presença feminina na PEA
brasileiro cresceu de 32% em 1977 para 46% em 2001, uma evolução mais rápida
comparada à América do Norte (GOLDIN, 1990).
Portanto, podemos afirmar que esse período histórico diminuiu a barreira
divisória de trabalhos entre os sexos, porém não a extinguiu: as mulheres agora
podem ter outro cargo além de cuidar do lar. Desse modo, de acordo com
Medeiros e Nascimento (2022):

A partir do século XX, se torna considerável a participação das mulheres


nas organizações. A mulher contemporânea trabalha fora, estuda e cuida
da sua família. Desenvolvem diversas atividades e se tornam
protagonistas de carreiras que antes eram consideradas apenas
masculinas, destacando-se em vários segmentos de carreira e
participando ativamente das tomadas de decisão. Em que pese ainda a
responsabilidade histórica e a cobrança para conciliar a carreira e a vida
familiar, para obter o sucesso pessoal (MEDEIROS; NASCIMENTO,
2022).

Isso reflete no atual contexto do trabalho feminino, dividido entre o trabalho


doméstico e o mercado de trabalho. Por conseguinte, segundo Rodrigues e Silva
(2015), apesar de a mulher se fazer uma excelente profissional, ela também tem
de ser uma excelente esposa, mãe e dona de casa. Dessa forma, muitas vezes a
mulher se vê sem escolha a não ser abdicar de uma das suas “profissões”, porque
exige muito esforço, determinação e disciplina para encarar uma dupla jornada de
trabalho diariamente.
Dados do IBGE de 2019 nos mostram que, no Brasil, a média de horas
semanais dedicadas aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas por
indivíduos com 14 anos ou mais de idade foi de 16,8 horas. As mulheres
registraram uma média de 21,4 horas semanais, enquanto os homens
apresentaram uma média de 11,0 horas. Comparando os anos de 2016 e 2019,
observou-se um aumento na diferença entre as médias de homens e mulheres,
passando de 9,9 para 10,4 horas semanais.
Tabela I - Trabalho doméstico feminino x masculino

Fonte: IBGE (2019)

No que diz respeito à participação feminina no mercado de trabalho


brasileiro atual, podemos observar ainda uma expressiva desigualdade de gênero
a partir de microdados fornecidos pela PNAD Contínua e condensados em um
gráfico pelo Portal FGV em 2023, o que nos mostra que apesar do aumento do
emprego feminino após a Segunda Guerra Mundial, esse grupo ainda se faz
minoria neste ambiente.
Gráfico I - Taxa de Participação por gênero (14 anos ou mais) no Brasil – 4º tri
de 2012 a 2022

Fonte: Portal FGV (2023)

Desse modo, observa-se que, em média, apenas metade das mulheres em


idade para trabalhar participam do mercado de trabalho, seja como empregadas ou
em busca de emprego. Em contraste, sete em cada dez homens fazem parte da
força de trabalho. A sub-representação das mulheres oferecendo seu trabalho não
é apenas uma questão social; é também um desafio econômico, pois implica na
perda de talentos valiosos que poderiam contribuir para a força de trabalho.
(FEIJÓ, 2023).
Além da participação feminina ser menor no mercado de trabalho brasileiro,
a taxa de desemprego também é maior entre as mulheres, de acordo o gráfico do
Portal FGV a seguir.

Gráfico II - Taxa de Desemprego por Gênero no Brasil – 4º tri de 2012 a 2022


Fonte: Portal FGV (2023)

Em relação ao exposto, Rodrigues e Silva (2015) apontam que até mesmo


um direito feminino, como a licença maternidade, pode ser um motivo para
afastamento do mercado de trabalho. Empregadores tendem a preferir contratar
homens para evitar interrupções na produção. Dessa forma, as mulheres encaram
diariamente o desafio de demonstrar sua competência, apesar das dificuldades.
Outra questão pertinente a ser analisada é a discrepância entre salários de
homens e mulheres. Os seguintes gráficos apresentam a diferença de rendimento
habitual por gênero.

Gráfico III - Evolução do rendimento habitual de todos os trabalhos no Brasil


- 4º trim. de 2012 a 2022

Fonte: Portal FGV (2023)

Gráfico IV - Quanto % os homens ganham a mais que as mulheres

Fonte: Portal FGV (2023)


A análise dos gráficos revela uma redução de 10 pontos percentuais na
discrepância salarial, no entanto, ela ainda persiste em um nível elevado. É
evidente que a diferença salarial entre homens e mulheres permanece
praticamente constante ao longo do período examinado.
Outro aspecto significativo na avaliação da desigualdade de gênero no
mercado de trabalho refere-se à presença das mulheres em posições de destaque.
De acordo com o gráfico V, a sub-representação feminina em posições de
liderança continua a ser uma realidade no Brasil ao indicar um crescimento gradual
na participação das mulheres em funções gerenciais.

Gráfico V - Composição de Gênero em Cargos de Gerência no Brasil -


2012.T4 a 2022.T4

Fonte: Portal FGV (2023)

Conforme as informações apresentadas, observou-se um aumento na


representação feminina em cargos de gerência, passando de 37,8% para 39,6% no
período de 2012 a 2019. No entanto, nos últimos três anos, não foram
evidenciadas melhorias substanciais, com a participação feminina mantendo-se em
39,2% durante o 4º trimestre de 2022. Em contraste, a presença masculina nos
cargos de gerência permaneceu consistentemente acima de 60% ao longo de todo
o intervalo temporal considerado no gráfico.
Dessa forma, ao examinar a trajetória da mulher no mercado de trabalho
desde sua entrada até os dias atuais, nota-se que a desigualdade de gênero
continua a ser um elemento que afeta diretamente a vida profissional de muitas
mulheres. Apesar das diversas conquistas que garantiram às mulheres o direito a
um emprego digno, ainda persistem desafios como a dupla jornada de trabalho,
disparidades salariais, taxas mais elevadas de desemprego e menor representação
em cargos de liderança. Estas são, portanto, manifestações contínuas da
desigualdade de gênero que permeia o cotidiano feminino até os dias atuais e que,
infelizmente, estão distantes de serem superadas. (!)

2.3 O mercado de TI

A Tecnologia da Informação (TI) engloba um conjunto de recursos


tecnológicos e computacionais, abrangendo desde os sistemas voltados para a
geração de dados até as sofisticadas redes de comunicação presentes nos
processos de utilização da informação (VELLOSO, 2011, p. 215).
O mercado de trabalho de TI, juntamente com outros setores da tecnologia
da informação, é reconhecido como um dos que mais cresce e proporciona
excelentes perspectivas futuras para seus profissionais (PITOL; ZANATTA, 2009).
Impulsionado por benefícios operacionais e estratégias que fomentam a
integração interna e baseado em sistemas flexíveis, o mercado de TI possibilita a
união de empresas. Essa colaboração conjunta amplia a capacidade de
crescimento e inovação, contribuindo para a evolução do mercado de TI e
oferecendo melhores perspectivas futuras (PARADA; GOLIN, 2018).
Embora haja uma cultura organizacional aparentemente promissora e mais
inclusiva no mercado tecnológico, as mulheres ainda são direcionadas
principalmente para áreas administrativas e de apoio, afastando-se das funções
técnicas, apesar de uma leve ascensão na participação feminina na área de
informática (MACHADO, 2020).

2.3.1 Mulheres na TI

Ao longo dos anos, a Ciência consolidou seu avanço, apesar de ter sido
historicamente dominada por homens, o que não excluiu a significativa contribuição
das mulheres para o desenvolvimento do conhecimento. Embora muitas vezes
tenham sido relegadas à invisibilidade, as mulheres desempenharam papéis
cruciais na esfera técnica (SANTOS, 2010). No que diz respeito a notáveis nomes
femininos na área de TI, certamente, Ada Lovelace com certeza é um dos
primeiros nomes que nos vem à mente.
Devido a conflitos familiares, Ada Lovelace, nascida em 1815 e filha da
amante da matemática Anabella e do poeta Lord Byron, era frequentemente
mantida afastada de seu pai, inclusive de sua influência romântica, por sua mãe,
que a incentivava a dedicar-se intensamente aos estudos de matemática
(ISAACSON, 2014).
Assim, Ada desenvolveu seu interesse pela tecnologia durante uma viagem
com sua mãe aos distritos industriais, onde pôde observar novas fábricas e
maquinários. Nesse período, teve a oportunidade de conhecer Charles Babbage e
colaborar em seu projeto da "Máquina Analítica", um dos primeiros computadores
mecânicos conceituais (ISAACSON, 2014).
Ada Lovelace dedicou-se a escrever programas que a Máquina Analítica
poderia executar, caso fosse construída, desenvolvendo algoritmos que permitiriam
à máquina computar valores de funções matemáticas. Foi ela quem primeiro
reconheceu a necessidade de loops e sub-rotinas em programação, conceitos
fundamentais na programação moderna (FARIAS, 2013).
Ademais, Ada traduziu e publicou ela mesma um artigo sobre a máquina,
incorporando suas próprias anotações substanciais que são hoje as bases
utilizadas na programação de computadores. Em virtude de sua notável
contribuição, Ada Lovelace é consagrada na história como a pioneira da
programação (MANZANO; OLIVEIRA, 2000).
Além de Lovelace, Grace Hopper, nascida em 1906, graduada em
Matemática e Física, foi aclamada como a "Rainha da Computação". Ela atuou
como analista de sistemas da Marinha dos Estados Unidos durante as décadas de
1940 e 1950 (). Em seu cargo, ela desenvolveu uma linguagem de programação
conhecida como Flow-Matic. Alguns anos depois, essa linguagem serviu de base
para a criação da linguagem COBOL (GNIPPER, 2016).
A linguagem COBOL continua sendo usada até os dias de hoje em
processamento de bancos de dados comerciais e governamentais. Recentemente,
ela voltou a ganhar destaque devido à pandemia global causada pela COVID-19 ().
Em 1944, Grace Hopper recebeu ordens para se apresentar na
Universidade de Harvard e trabalhar no Mark I. Lá, ela estudou as memórias de
Babbage e dedicou várias noites para compreender a máquina. Sua habilidade em
traduzir problemas do mundo real em equações matemáticas facilitou a
compreensão da máquina. Durante o projeto, Hopper aprimorou as sub-rotinas, um
conceito mencionado por Ada Lovelace em suas notas sobre a máquina analítica
de Babbage (ISAACSON, 2014).
Além disso, desenvolveu o conceito de um compilador que simplificaria a
tradução de linguagens de programação entre diferentes computadores. Sua
contribuição se estendeu aos projetos Mark II e Mark III. Hopper também ficou
famosa pelo termo "bug" e "debugging" quando uma mariposa causou uma falha
no sistema do Mark II, sendo posteriormente colada em um livro de registros
(ISAACSON, 2014).
Após deixar o laboratório de Harvard, Hopper se juntou à equipe de
desenvolvimento do UNIVAC I, o primeiro computador fabricado e comercializado
nos Estados Unidos. Após o sucesso do UNIVAC I, Hopper desenvolveu um
compilador que cria programas a partir de um código-fonte escrito em uma
linguagem compilada. Em 1952, Hopper tinha seu próprio compilador funcionando,
desafiando a crença comum da época de que os computadores só podiam realizar
cálculos aritméticos (GNIPPER, 2016).
Hedy Lamarr também não poderia ficar de fora da lista. Ela foi uma
talentosa atriz na década de 30, muito conhecida pela sua notável beleza. Mas por
trás de um lindo rosto, havia um brilhante intelecto que foi capaz de inovar na
tecnologia de redes sem fio.
Para Lamarr, a ciência se tornou um meio de expressar suas frustrações em
relação à sua carreira no cinema; suas invenções representavam um desafio
silencioso aos papéis superficiais que lhe eram atribuídos devido à sua beleza.
Como ela mesma expressou: "as pessoas parecem presumir que, por ter um rosto
bonito, sou desprovida de inteligência... Tenho que me esforçar o dobro para
convencê-las de que algo parecido com um cérebro" (HOARD, 2014).
Ao longo de seus 28 anos de carreira, Hedy atuou em mais de 30 filmes. No
entanto, sua busca por inovação não se limitou às telas; nos bastidores, em seu
trailer, ela continuava inventando, com uma mesa repleta de ferramentas. Sua
invenção mais notável surgiu de uma colaboração com seu amigo compositor,
George Antheil durante a Segunda Guerra Mundial (ENIGMA, 2021).
Juntos, eles perceberam que ao alternar os controles de frequência de um
piano, a comunicação poderia ocorrer sem detecção. Com o objetivo de orientar
torpedos para seus alvos durante a guerra, desenvolveram um sistema de
alternância de sinal de rádio. Essa tecnologia possibilitava a transmissão de
informações confidenciais entre dispositivos, patenteada em 1941 como "Sistema
de Comunicação Secreta" (ENIGMA, 2021).
Apesar de sua importância e utilidade, a patente desenvolvida por Lamarr e
Antheil não foi implementada durante a guerra. Pode-se imaginar o conselho de
revisão da Marinha ridicularizando a ideia, comentando ironicamente: "Meu Deus,
vamos colocar um piano de rolo em um torpedo" (HOARD, 2014).
No entanto, a tecnologia de espectro expandido, derivada dessa patente, é
agora amplamente utilizada em telefones celulares, conexões Bluetooth e redes
Wi-Fi para criptografar transmissões e mitigar interferências de sinal. Em muitos
aspectos, o trabalho de Lamarr foi fundamental para o avanço das
telecomunicações modernas, estabelecendo os alicerces para uma tecnologia que
se tornaria onipresente no futuro (HOARD, 2014). Se hoje o mundo inteiro está
conectado via Wi-Fi, devemos isso em parte à Hedy Lamarr.
No entanto, apesar dessas figuras emblemáticas e de outras mulheres
talentosas que contribuíram para a TI ao longo do tempo, o campo ainda enfrenta
desafios significativos em termos de representação feminina, sendo atualmente
caracterizada como uma área predominantemente masculina. Segundo gráficos
elaborados pela Softex a partir de dados fornecidos pelo IBGE, a participação
feminina em setores de TI diminuiu ao longo dos anos.
Gráfico VI - Evolução da participação de gênero em setores de TI 2007-2017
Fonte: Softex (2019)
Apesar do aumento na quantidade de mulheres de 21.253 em 2007 para
40.492 em 2017, praticamente dobrando, o crescimento na quantidade de homens
foi ainda maior ao longo desses 10 anos, passando de 67.106 para 163.685, um
aumento de 144%.
A disparidade salarial também é expressiva na TI, acontecendo em todas as
ocupações: mulheres ganham menos que os homens ocupando o mesmo cargo
que eles.
Tabela II - Remuneração por Ocupação e Gênero, diferenças em valores e
percentuais
Fonte: Softex (2019)
Para Santos, Tanure e Carvalho Neto (2015), quando se trata de mulheres,
o mercado de trabalho muitas vezes se restringe, sendo mais acolhedor em áreas
como magistério, enfermagem e serviços sociais.
De acordo com Bahia e Laudares (2013), há uma predominância feminina
nas áreas humanas, enquanto nas ciências biológicas e da saúde, a proporção
entre homens e mulheres é mais equilibrada. No entanto, a presença masculina é
notavelmente maior na área tecnológica. Esse contraste pode ser explicado pela
percepção de que os homens são considerados mais lógicos e têm raciocínio mais
rápido, o que os leva naturalmente para as Ciências Exatas, enquanto as mulheres
são mais frequentemente associadas às áreas de Humanas.
Segundo dados fornecidos pelo Censo da Educação Superior de 2022, os
cursos de educação, saúde e bem-estar e ciências sociais são compostos
majoritariamente por mulheres, ultrapassando os 70%. Na área de engenharia, a
participação feminina compõe 35%. Já em computação e TIC (Tecnologia da
Informação e Comunicação) esse percentual é de 15%.
Gráfico VII - Distribuição percentual dos concluintes de graduação, por sexo,
segundo a área geral dos cursos - Brasil 2022

Fonte: MEC/Inep; Censo da Educação Superior (2022)


Além disso, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios
(PNAD) de 2020, aproximadamente 79% das mulheres que iniciam cursos
relacionados à área de TI acabam por abandoná-los nos primeiros anos. Isso se
deve a uma série de fatores, incluindo a falta de modelos femininos de referência
na área e questões familiares.
Atualmente, as mulheres enfrentam um grande obstáculo que se origina na
cultura, onde já começam a experimentar a desvalorização dentro da própria
família. Os pais tendem a incentivar mais as meninas a brincarem com bonecas,
enquanto os meninos são direcionados aos jogos eletrônicos, o que resulta em
uma maior familiaridade destes últimos com ferramentas tecnológicas (JÚNIOR,
2021). A esse respeito, Carvalho e Sobreira (2008) afirmam:
Essa dualidade é construída por toda a vida dos homens e das mulheres
de maneira tal que quando chegam na idade de escolher uma profissão,
fazem-no também dicotomicamente, de acordo com as expectativas
sociais. (CARVALHO e SOBREIRA, 2008, p. 890).
Durante o ensino fundamental e médio, as meninas não eram incentivadas,
e ao buscarem qualificação universitária, muitas são vistas como frágeis e
incapazes de concluir, especialmente ao escolherem áreas como engenharia,
ciências e tecnologia (JÚNIOR, 2021).
Portanto, pode-se inferir que essa situação contribui para uma
representação feminina reduzida na área, potencialmente desencorajando outras
meninas de ingressarem na TI. A ausência de representatividade em cargos de
liderança, os estereótipos masculinos associados aos nerds/geeks no contexto da
Tecnologia da Informação, a cultura dos ambientes de trabalho e a limitada
exposição precoce aos computadores também são fatores que contribuem para
essa problemática (RODRIGUES, 2023).
Apesar da possibilidade de as mulheres escolherem e ingressarem em
cursos de tecnologia, elas ainda enfrentam preconceitos por estarem em
ambientes predominantemente masculinos, mesmo quando demonstram destaque
intelectual nesses meios, enfrentando preconceitos e discriminações, o que as
coloca sob pressão e exige delas um esforço adicional (SANTOS, 2021).
Entretanto, uma pesquisa conduzida pela Softex em 2017 revelou que
quanto maior o nível de escolaridade e/ou formação de uma mulher, maior é a sua
remuneração. Isso sugere que, embora os homens geralmente recebam salários
mais altos e ocupem proporções maiores de cargos com remunerações superiores,
a educação pode desempenhar um papel significativo na redução dessas
disparidades de gênero, junto com outras políticas de valorização da mulher no
mercado de trabalho. Dessa forma, Lima (2013) argumenta:
Mas o maior nível de escolaridade tem possibilitado a ampliação da
participação delas no campo da ciência, nas diversas áreas do ensino
superior e em diferentes profissões que historicamente foram
consideradas espaços masculinos (LIMA, 2013).

2.4 O Instituto Federal e o ensino técnico integrado


De maneira geral, o período do ensino médio representa uma fase crucial na
vida dos jovens, marcada por decisões que moldarão significativamente seus
futuros, seja ingressando no mercado de trabalho ou dando continuidade aos
estudos em uma instituição de ensino superior. E o ensino técnico integrado ao
ensino médio não só colabora para a sobrevivência econômica e inserção social
dos jovens, mas também se revela fundamental na perspectiva do
desenvolvimento pessoal e na transformação da realidade social em que estão
inseridos (SIMÕES, 2007).
O trabalho, tanto em seus aspectos ontológicos quanto históricos, constitui o
princípio fundamental e organiza a base unificadora do ensino médio. Ele é
essencial para superar um modelo de ensino enciclopédico que impede os
estudantes de estabelecerem conexões concretas entre a ciência que aprendem e
a realidade em que vivem. Além disso, o trabalho é um princípio educativo, pois
auxilia os estudantes a compreenderem que todos nós somos seres de trabalho,
conhecimento e cultura, e que a realização plena dessas capacidades requer a
superação da exploração mútua entre indivíduos (RAMOS, 2008).
Nesse contexto, a formação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia surge como resposta à necessidade, em países como o nosso, de
estabelecer a Educação Profissional e Tecnológica como política pública de forma
definitiva ().
O Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(IFPE) combina tradição centenária com inovação. Originado em 1909, o instituto
evoluiu para oferecer uma proposta educacional avançada. Vinculado à Rede de
Educação Profissional e Tecnológica desde 2008, o IFPE abrange 54 cursos para
aproximadamente 17.500 estudantes em níveis variados (IFPE, 2023).
Além de priorizar o ensino, a instituição incentiva a pesquisa e extensão,
com moderna infraestrutura e foco em pesquisa aplicada. Projetos desenvolvidos
resultam em produtos patenteados e contribuem para avanços em diversas áreas.
A cultura empreendedora, inovação e economia criativa permeiam a comunidade
escolar. O IFPE também promove atividades esportivas, artísticas e culturais,
integrando-as à formação profissional e cidadã (IFPE, 2023).
A pesquisa em foco analisa o curso Técnico em Informática oferecido pelo
IFPE campus Afogados da Ingazeira. Neste curso, os alunos desenvolvem
programas de computador de acordo com as especificações e padrões da lógica
de programação e linguagens de programação. Eles utilizam ambientes de
desenvolvimento de sistemas, sistemas operacionais e bancos de dados, realizam
testes nos programas desenvolvidos, mantendo registros para análise e
refinamento dos resultados, e executam a manutenção dos programas de
computador implantados (IFPE, 2023).
Assim, conclui-se que o Instituto Federal, como um todo, se apresenta como
um projeto para integrar a educação básica e o ensino médio tradicional com
disciplinas técnicas, visando contribuir para a formação profissional dos estudantes
além do ambiente escolar. Diante do notável crescimento do mercado de
Tecnologia da Informação, o IF campus Afogados oferece oportunidades e
estímulos para que alunos do ensino médio possam acessar essas perspectivas,
através de projetos científicos e estágios, preparando-os para uma futura carreira
na área do curso integrado.

2.5 Pesquisas com estudantes de turmas de informática integrado do


IFPE Afogados da Ingazeira
Apesar do IFPE oferecer amplas oportunidades e incentivos na área de
Tecnologia da Informação aos seus estudantes, é importante reconhecer que a
área de TI permanece predominantemente masculina devido a questões de
desigualdade de gênero enraizadas na cultura e na história da sociedade, como
discutido ao longo deste trabalho.
Portanto, torna-se essencial investigar como essa desigualdade pode estar
presente no ambiente acadêmico de um curso de TI integrado ao ensino médio,
pois, de acordo com Lima (2013), para entender o processo de integração feminina
na área de T.I, torna-se essencial examinar a trajetória acadêmica de mulheres até
o seu ingresso no mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

CABRAL, Francisco; DÍAZ, Margarita. Relações de gênero. SECRETARIA


MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE; FUNDAÇÃO
ODEBRECHT. Cadernos afetividade e sexualidade na educação: um novo
olhar. Belo Horizonte: Gráfica e Editora Rona Ltda, p. 142-150, 1998.
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado.
BOD GmbH DE, 2019.

LIMA, Michelle Pinto. As mulheres na Ciência da Computação. Revista Estudos


Feministas, v. 21, p. 793-816, 2013.

DE BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Nova Fronteira, 2014.

FILSINGER, Luiza Ferrari; DE PAULA, Alessandro Vinicius; DA MATTA, Leonardo


Cucolo. Trabalho e gênero: os percalços das mulheres no mundo do trabalho.
Violência e gênero: análises, perspectivas e desafios. Guarujá: Editora
Científica Digital, p. 152-170, 2022.]

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994.
207 p.

MARX, K. O capital: crítica da economia política [Livro I: O processo de


produção do capital]. 2 ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.

MURANI, Margaret; MERON, Monique. Como contar o trabalho das mulheres? In:
ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa. Gênero
e trabalho no Brasil: perspectivas interseccionais. São Paulo: Boitempo, 2016.

GOMES, Almiralva Ferraz. O outro no trabalho: mulher e gestão. REGE Revista


de Gestão, v. 12, n. 3, p. 1-9, 2005.

DE PAULA LEITE, Christina Larroudé. Mulheres: muito além do teto de vidro.


Editora Atlas, 1994.

RODRIGUES, S. C.; SILVA, G. R. A liderança feminina no mercado de trabalho.


REVISTA DIGITAL DE ADMINISTRAÇÃO, 2015.
FEIJÓ, J. Diferenças de gênero no mercado de trabalho. Disponível em:
<https://portal.fgv.br/artigos/diferencas-genero-mercado-trabalho>. Acesso em: 17
jan. 2024.

GOLDIN, Claudia. Understanding the gender gap: An economic history of


American women. National Bureau of Economic Research, 1990.

Em média, mulheres dedicam 10,4 horas por semana a mais que os homens
aos afazeres domésticos ou ao cuidado de pessoas | Agência de Notícias.
Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-m
ais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas#:~:text=E
m%202019%2C%20a%20popula%C3%A7%C3%A3o%20com%2014%20anos%20
ou>. Acesso em: 17 jan. 2024.

VELLOSO, Fernando. Informática: conceitos básicos. Elsevier Brasil, 2011.

FARIAS, Gilberto; MEDEIROS, Eduardo Santana. Introdução à computação. v1. 0,


Universidade Aberta do Brasil, 2013.

ISAACSON, Walter. Os inovadores: uma biografia da revolução digital. Editora


Companhia das Letras, 2014.

MANZANO, José Augusto NG; DE OLIVEIRA, Jayr Figueiredo. Algoritmos: lógica


para desenvolvimento de programação de computadores. Saraiva Educação
SA, 2000.

GNIPPER, Patrícia. Mulheres históricas: conheça a história de Grace Hopper,


a “vovó do COBOL”. 2016. Disponível em:
<https://canaltech.com.br/internet/mulheres-historicasconheca-a-historia-de-grace-
hopper-a-vovo-do-cobol-72559/>. Acesso em: 26 jan. 2024.

HOARD, Corey. The Brain of the Most Beautiful Girl in the World. NU Writing, n. 4,
2014.
Hedy Lamarr – Projeto ENIGMA. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/enigma/hedy-lamarr/>. Acesso em: 26 jan. 2024.

JÚNIOR, Ed Wilson Rodrigues et al. A Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho


na Área da Tecnologia. Revista Eletrônica da Faculdade Invest de Ciências e
Tecnologia, v. 3, n. 1, 2021.

BAHIA, Mônica Mansur; LAUDARES, João Bosco. A engenharia e a inserção


feminina. Seminário Internacional Fazendo Gênero-Desafios Atuais dos
Feminismos. Ed. por Anais Eletrônicos, v. 10, 2013.

DE CARVALHO, Marilia Gomes; DE LIMA SOBREIRA, Josimeire. Género en los


cursos de ingeniería de una universidad tecnológica brasileña. Arbor, v. 184, n.
733, p. 889-904, 2008.

PITOL, Maico; ZANATTA, Alexandre Lazaretti. Análise do mercado de trabalho no


setor de TI no RS. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso Ciências da
Computação. Universidade de Passo Fundo–UPF. Passo Fundo, 2009.

PARADA, Domingos Frias; GOLIN, Ana Lúcia Monteiro Maciel. A influência da


tecnologia da Informação: uma reflexão bibliográfica sobre mercado de TI e
organizações. Encontro Internacional de Gestão, Desenvolvimento e Inovação
(EIGEDIN), v. 2, n. 1, 2018.

MACHADO, Giulia Mora. A questão de gênero na área de tecnologia e inovação.


2020.

SANTOS, Sylvana Karla SL. Análise da Participação de Meninas e Mulheres no


Ensino Médio em Informática do Instituto Federal de Brasília. In: Anais do XV
Women in Information Technology. SBC, 2021. p. 270-274.

RAMOS, Marise. Concepção do ensino médio integrado. Texto apresentado em


seminário promovido pela Secretaria de Educação do Estado do Pará nos
dias, v. 8, 2008.

SIMÕES, Carlos Artexes. Juventude e Educação Técnica: a experiência na


formação de jovens trabalhadores da Escola Estadual Prof. Horácio
Macedo/CEFET-RJ. Programa de Pós-Graduação em Educação/Universidade
Federal Fluminense, Dissertação (Mestrado em Educação), 2007.

Institucional – IFPE – Instituto Federal de Pernambuco. Disponível em:


<https://portal.ifpe.edu.br/acesso-a-informacao/institucional/>. Acesso em: 13 fev.
2024.

Perfil Profissional – Campus Afogados da Ingazeira. Disponível em:


<https://portal.ifpe.edu.br/afogados/cursos/tecnicos/integrados/informatica/perfil-pro
fissional/>. Acesso em: 13 fev. 2024.

RODRIGUES, Ana Clara Alvarenga et al. POR QUE NÃO TI? A BAIXA
PARTICIPAÇÃO FEMININA EM CURSOS DE TI: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.
RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 4, n. 1, p.
e412565-e412565, 2023.

DEL BUONO, R. Natureza da Pesquisa Quantitativa e da Pesquisa Qualitativa -


da série Tipos de Pesquisa. Disponível em:
<http://www.abntouvancouver.com.br/2015/05/natureza-da-pesquisa-quantitativa-e-
da.html>. Acesso em: 18 fev. 2024.

PEA. 5. Igualdade de Gênero. 2019. Disponível em:


<https://www.ipea.gov.br/ods/ods5.html>. Acesso em: 18 fev. 2024.

INEP. Censo da Educação Superior 2022. [s.l: s.n.]. Disponível em:


<https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/202
2/apresentacao_censo_da_educacao_superior_2022.pdf>. Acesso em: 20 jan.
2024.

SOFTEX. Estudo da Softex mapeia a participação das mulheres no setor de TI


– Softex. Disponível em:
<https://softex.br/estudo-da-softex-mapeia-a-participacao-das-mulheres-no-setor-d
e-ti/>. Acesso em: 20 jan. 2024.
METODOLOGIA

- Classificação da pesquisa
- Etapas metodológicas
- Instrumentos
- Delimitações
Para efetivação do presente estudo faz-se uso do método de pesquisa de
campo explicativa básica onde os dados coletados foram analisados sob a
abordagem qualitativa e quantitativa. Para tanto, cabe salientar que esse tipo de
pesquisa é explicativo pois focaliza a identificação dos fatores que determinam ou
contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 2007). E é classificada como
básica quando tem como objetivo entender, descrever ou explicar os fenômenos
físicos e seus fundamentos (JUNG, 2011).
Se trata de uma abordagem quantitativa pois quantifica dados ou fatos,
apresentando respostas em formato numérico, e qualitativa porque trabalha com a
subjetividade, intensidade e profundidade dos eventos, compreendendo os fatores
que levam à ocorrência dos eventos sob uma perspectiva pessoal, permitindo que
os participantes expressem suas experiências (BUONO, 2015).
(coleta de dados sobre a evasão de alunos do sexo feminino no curso de
informática do if)
Para tanto, foi aplicado um questionário com 9 perguntas a respeito de
experiências pessoais relacionados ao curso de informática em uma amostra de
XXXX alunos regularmente matriculados nas turmas de TI do ensino médio do
Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) Campus Afogados da Ingazeira. Nesse
sentido, excluíram-se da pesquisa turmas de outros cursos ofertados pela
instituição. É válido salientar que a pesquisa leva em consideração aspectos éticos
para preservar o anonimato dos entrevistados.
E para estruturação científica foram utilizados artigos em base de dados
eletrônicos por meio de pesquisa no Google acadêmico, Scielo …, recuperados por
meio das palavras-chave: mulheres na TI, questão de gênero, curso técnico
integrado.
Desse modo, levou-se em consideração como critério de inclusão os
estudos científicos que aclamassem o problema e objetivos da pesquisa, sendo
estes selecionados pela leitura do resumo, análise de sumário e leitura de
capítulos referentes ao tema, não tendo como critério de seleção o ano da
pesquisa, visto que a mesma toma como ponto de partida o contexto social,
histórico e cultural. No entanto, excluíram-se trabalhos que não traziam respaldo
científico. Ademais, também não faz parte do objetivo da pesquisa apresentar
soluções para os problemas encontrados, apenas analisar a questão de gênero
presente no curso de informática do IFPE campus Afogados.

INTRODUÇÃO

A Tecnologia da Informação teve suas raízes e avanços impulsionados por


mulheres brilhantes como Ada Lovelace, pioneira na programação; Grace Hopper,
criadora da linguagem de programação Flow-Matic; e Hedy Lamarr, reconhecida
muitas vezes por sua notável beleza, mas que também contribuiu para o
desenvolvimento da rede Wi-Fi e Bluetooth. No entanto, hoje em dia, a área de
Tecnologia é majoritariamente ocupada por homens e frequentemente associada
exclusivamente a habilidades masculinas.
Historicamente, a divisão do trabalho baseada no sexo tem sido justificada
pelo determinismo biológico, atribuindo supostas habilidades naturais aos
diferentes sexos. Os homens assumiam tarefas consideradas perigosas ou
extenuantes, enquanto às mulheres incumbia o cuidado da família e do lar
(ENGELS, 2019). A inserção da mulher no mercado de trabalho se deu por uma
grande demanda, mas também por necessidade, seja quando o homem não
ganhava o suficiente para sustentar a família, ou devido à escassez de mão de
obra masculina que estava alocada nas forças militares durante as duas grandes
guerras mundiais.
O mercado de trabalho muitas vezes restringe as mulheres a áreas como
magistério, enfermagem e serviços sociais, onde são mais aceitas (SANTOS;
TANURE; CARVALHO NETO, 2015). No entanto, há uma predominância masculina
na tecnologia, atribuída à percepção de que os homens têm mais habilidades
lógicas e raciocínio rápido (BAHIA; LAUDARES, 2015).
Para Júnior (2021), esses estereótipos de gênero são perpetuados
culturalmente, começando dentro da própria família, onde as meninas são
frequentemente desencorajadas a brincar com jogos eletrônicos e incentivadas a
se envolver mais com brincadeiras relacionadas a bonecas. Enquanto isso, os
meninos são direcionados para os jogos eletrônicos, o que os torna mais
familiarizados com ferramentas tecnológicas desde cedo. Essa dicotomia é
reforçada ao longo da vida, levando homens e mulheres a escolherem profissões
de acordo com as expectativas sociais que lhes foram impostas desde a infância
(CARVALHO; SOBREIRA, 2008).
A falta de representatividade em cargos de liderança, os estereótipos
masculinos associados à TI, a cultura dos ambientes de trabalho e a limitada
exposição precoce aos computadores contribuem para a desigualdade de gênero
(RODRIGUES, 2023). Apesar de as mulheres poderem escolher cursos de
tecnologia, enfrentam preconceitos em ambientes predominantemente masculinos,
mesmo com destaque intelectual, sujeitando-as a discriminações e pressões
adicionais (SANTOS, 2021). Contudo, estudos indicam que um maior nível de
escolaridade tem facilitado o aumento da participação feminina no campo da
ciência, em várias áreas do ensino superior e em profissões que tradicionalmente
foram dominadas por homens.
Para isso, tem-se como objetivo identificar quais as diferentes percepções e
desafios relacionados à questão de gênero entre estudantes do campus do IFPE
Afogados da Ingazeira do curso de TI. Contudo, far-se-á necessário investigar o
histórico da participação e inserção feminina no mercado de trabalho, com foco na
área de Tecnologia da Informação; explorar os fatores que contribuem para a baixa
presença feminina no ambiente acadêmico e profissional no setor de TI; avaliar a
proposta do ensino médio integrado e sua relação com a inserção de graduados no
mercado de trabalho; compreender, por meio de um estudo de campo com
estudantes de ambos os sexos do IFPE campus Afogados da Ingazeira, como a
questão de gênero é percebida no curso integrado de TI.
Com a aclamação dos objetivos citados acima será possível responder ao
problema de pesquisa que busca descrever “como a questão do gênero pode
impactar a experiência e as perspectivas de estudantes de diferentes sexos no
ensino médio integrado com Tecnologia da Informação?”, buscando ainda
averiguar a veracidade das possíveis hipóteses de trabalho como: estudantes do
sexo masculino tendem a se interessar mais por disciplinas de Tecnologia da
Informação do que estudantes do sexo feminino; estudantes do sexo masculino e
feminino têm perspectivas diferentes sobre suas futuras carreiras, sendo os
meninos os mais interessados em optar por um curso superior de TI; estudantes do
sexo feminino são mais propensos a enfrentar discriminação no ensino médio
integrado com Tecnologia da Informação.
A importância do tema deste estudo, que analisa a participação feminina na
Tecnologia da Informação e aborda a questão de gênero no curso de informática
integrado no IFPE, está alinhada à problemática expressa no Objetivo 5 dos
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Este objetivo destaca a
necessidade de superar as desigualdades de gênero e empoderar todas as
mulheres e meninas, seja em âmbitos acadêmicos, laborais, de liderança ou
financeiros, a fim de garantir o desenvolvimento econômico dos Estados. Além
disso, é importante ressaltar as submetas a serem atingidas, as quais reforçam a
relevância deste estudo em questão:
a) 5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as
tecnologias de informação e comunicação, para promover o
empoderamento das mulheres (IPEA, 2019).
b) 5.b.1br Garantir a igualdade de gênero no acesso, habilidades de
uso e produção das tecnologias de informação e comunicação [...]
(IPEA, 2019).
c) 5.b.2br Garantir a igualdade de gênero no acesso e produção do
conhecimento científico em todas as áreas do conhecimento e
promover a perspectiva de gênero na produção do conhecimento
[...] (IPEA, 2019).

É amplamente reconhecido que há uma baixa representação feminina na


área de Tecnologia da Informação. De acordo com dados do IBGE, a cada dez
mulheres no mercado de trabalho, apenas duas estão envolvidas na área de
tecnologia. Essa situação não apenas reflete um problema social, mas também
econômico, já que muitas mulheres com habilidades para essa área estão fora do
mercado de trabalho.
Chiavenato (2005) argumenta que quanto mais diversos são os membros de
uma organização, mais criativa ela tende a ser. Ele também destaca que a
diversidade nas empresas pode gerar benefícios, tais como soluções originais e
inovadoras, funcionários mais engajados, resultando em maior autonomia,
iniciativa e responsabilidade própria. E autores como Probst e Ramos (2003)
destacam a importância da inclusão das mulheres neste contexto, pois elas trazem
contribuições valiosas para as equipes por meio da diversidade.
Para Pitol e Zanatta (2009), o mercado de trabalho em Tecnologia da
Informação, assim como outros setores da área, é reconhecido como um dos que
mais cresce e oferece excelentes perspectivas futuras para seus profissionais.
Porém, a participação das mulheres na área da Tecnologia cresce timidamente, e
um dos motivos apontados é a discriminação enfrentada por elas nesse campo.
Segundo Sandberg (2013, p.21), "a ameaça do estereótipo desestimula as
meninas e as mulheres a entrar em áreas técnicas", sendo uma possível razão
para a baixa participação delas nesse campo.
Pesquisas conduzidas pela Softex (2021) revelaram que, na área de
Tecnologia da Informação, as mulheres recebem salários menores do que os
homens, mesmo ocupando o mesmo cargo. No entanto, observou-se que o nível
de educação das mulheres está diretamente relacionado à sua remuneração,
indicando que a escolarização é uma via eficaz para reduzir as desigualdades de
gênero nesse contexto.
Todavia, de acordo com Júnior (2021), durante o ensino fundamental e
médio, as meninas não eram incentivadas, e ao buscarem qualificação
universitária, muitas são vistas como frágeis e incapazes de concluir,
especialmente ao escolherem áreas como engenharia, ciências e tecnologia.
(dados da pesquisa aqui e talvez o PCC do curso de informática)
Esse trabalho também se mostra relevante visto que a pesquisadora se
encontra inserida no curso de informática integrado ao ensino médio e já conduziu
pesquisas relacionadas ao tema no campus do IFPE Afogados da Ingazeira.
Através dessas pesquisas, foram identificadas formas de questões de gênero
presentes por meio de relatos e perspectivas futuras dos estudantes da instituição.
O IFPE, especialmente o campus Afogados da Ingazeira, oferece muitos
recursos e oportunidades no curso integrado de informática, incentivando a
integração dos alunos na carreira profissional após o ensino médio. No entanto, a
análise das possíveis questões de gênero nesse curso pode facilitar a
compreensão dos motivos que levam à baixa participação feminina no ensino
superior de TI, bem como no mercado de trabalho.
Por fim, a presente pesquisa foi dividida em capítulos, cujo primeiro capítulo
aborda a introdução, a problemática, os objetivos geral e específicos, além da
justificativa do presente trabalho. Seguido do segundo capítulo, que expõe a
fundamentação teórica utilizada para desenvolver este trabalho, abordando
temáticas como a questão de gênero a partir de um viés sociocultural, a evolução
da mulher no mercado de trabalho, a participação feminina na TI e o ensino médio
integrado oferecido pelo IFPE e sua relação com a TI. O método de pesquisa
utilizado na elaboração deste trabalho se encontra no terceiro capítulo. Já o quarto
capítulo revela os resultados obtidos com a pesquisa realizada. O quinto e último
capítulo traz as conclusões deste trabalho.
.

Diante da demanda crescente de pacientes, em diferentes faixas


etárias, buscando tratamento para ansiedade, surgiu à necessidade de testar
estratégias preventivas para redução da incidência de transtornos ansiosos.
Observou-se ainda nos relatos clínicos, que os principais fatores que
contribuem para o surgimento ou agravamento dos sintomas são as formas
disfuncionais de pensar associadas às baixas habilidades de gerenciar as
emoções.
Pretende-se com o tema de pesquisa ofertar ao meio científico um
trabalho que relacione a aplicabilidade da inteligência emocional na
prevenção de transtornos ansiosos. Uma vez que, diante das pesquisas
obteve-se muitos trabalhos relacionados à inteligência emocional e outros
tantos referentes à ansiedade, poucos associam as duas temáticas, visto que
os métodos preventivos dos transtornos ansiosos tem sido mais difundidos
nos estudos comportamentais.
Portanto, este será um tema de grande relevância científica, observada
a escassez de estudos, o qual beneficiará com sua aplicação nas áreas da
educação a população estudantil em geral os quais apreenderão desde os
primeiros anos não apenas conteúdos científicos, mas habilidades
indispensáveis para ministrar suas emoções e pensamentos prevenindo-se
de transtornos.
Sendo confirmadas as hipóteses propostas será possível desenvolver
um programa de prevenção aos transtornos de ansiedade por meio do
treinamento de competências socioemocionais aplicáveis desde a primeira
infância no âmbito escolar. Viabilizando o crescimento de sujeitos menos
vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos mentais. Bem como, mais
aptos ao desenvolvimento de relações sociais saldáveis e produtivas.
Por fim, a pesquisa foi subdividida em capítulos, cujo, o primeiro
abarca o conceito, contexto histórico e principais estudos acerca da
inteligência emocional. No segundo discutiu-se a etiologia e principais
sintomas da ansiedade, bem como, tratamento associado à terapia
cognitivo-comportamental e habilidades socioemocionais. Encerrando no
terceiro capítulo, com as competências emocionais a serem treinadas como:
autocontrole; análise de resposta adequada; autonomia emocional;
autoestima; motivação; regulação emocional; atitude positiva; sociabilidade;
empatia e habilidades para a vida e o bem-estar social.

Você também pode gostar