Você está na página 1de 8

Published online: 2020-01-09

THIEME
Artigo de Revisão 139

Paralisia obstétrica: De quem é a culpa?


Uma revisão sistemática de literatura
Obstetric Paralysis: Who is to Blame? A Systematic
Literature Review
José Antonio Galbiatti1 Fabrício Luz Cardoso2 Marília Gabriela Palacio Galbiatti3

1 Serviço de Ortopedia e Traumatologia, Santa Casa de Misericórdia de Endereço para correspondência Fabrício Luz Cardoso, Av. Monte
Marília, Faculdade de Medicina de Marília, Marília, SP, Brasil Carmelo, 800 - Fragata, Marília, SP, Brasil. CEP: 17519-030
2 Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de (e-mail: fabricioramalhense@gmail.com).
Medicina de Marília, Marília, SP, Brasil
3 Faculdade de Medicina, Universidade de Marília,, Marília, SP, Brasil

Rev Bras Ortop 2020;55(2):139–146.

Resumo A paralisia obstétrica é classicamente definida como a lesão do plexo braquial decorrente da
distócia de ombros ou das manobras executadas no parto difícil. Nas 2 últimas décadas,
vários estudos comprovaram que metade dos casos de paralisia obstétrica não estão
associados à distócia de ombros e levantaram outras possíveis etiologias para a paralisia
obstétrica. O objetivo do presente trabalho é colher dados da literatura de revisão, artigos
clássicos, sentinelas e da medicina baseada em evidências para compreender melhor os
eventos envolvidos na ocorrência de paralisia obstétrica. Foi realizada uma revisão da
literatura no motor de busca da PubMed (MeSH - Medical Subject Headings) com as
seguintes palavras-chave: shoulder dystocia and obstetric palsy, completamente aberto, sem
limites de língua ou data. Posteriormente, definimos como critério de inclusão artigos de
revisão. Encontramos 21 artigos de revisão com associação dos temas descritos até 8 de
março de 2018. Frente às melhores evidências existentes até o momento, está bem
Palavras-chave
demonstrado que a paralisia obstétrica ocorre em partos não complicados e em partos
► paralisia obstétrica
cesáreos, e são múltiplos os fatores que podem causá-la, relativizando a responsabilidade
► ombro
de médicos obstetras, enfermeiras e parteiras. Procuramos, com o presente estudo,
► distocia
quebrar os paradigmas de que paralisia obstétrica se associa obrigatoriamente à distócia
► traumatismos do
de ombros e que a sua ocorrência necessariamente implica em negligência, imperícia ou
nascimento
imprudência da equipe envolvida.

Abstract Obstetric palsy is classically defined as the brachial plexus injury due to shoulder
dystocia or to maneuvers performed on difficult childbirths. In the last 2 decades,
several studies have shown that half of the cases of obstetric palsy are not associated
with shoulder dystocia and have raised other possible etiologies for obstetric palsy. The
purpose of the present study is to collect data from literature reviews, classic articles,


Trabalho desenvolvido na Faculdade de Medicina de Marília,
Marília, SP, Brasil.

recebido DOI https://doi.org/ Copyright © 2020 by Sociedade Brasileira


12 de Março de 2018 10.1055/s-0039-1698800. de Ortopedia e Traumatologia. Published
aceito ISSN 0102-3616. by Thieme Revinter Publicações Ltda, Rio
06 de Agosto de 2018 de Janeiro, Brazil
140 Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al.

sentries, and evidence-based medicine to better understand the events involved in the
occurrence of obstetric palsy. A literature review was conducted in the search engine
PubMed (MeSH - Medical Subject Headings) with the following keywords: shoulder
dystocia and obstetric palsy, completely open, boundless regarding language or date.
Later, the inclusion criterion was defined as revisions. A total of 21 review articles
associated with the themes described were found until March 8, 2018. Faced with the
Keywords best available evidence to date, it is well-demonstrated that obstetric palsy occurs in
► paralysis, obstetric uncomplicated deliveries and in cesarean deliveries, and there are multiple factors that
► shoulder can cause it, relativizing the responsibility of obstetricians, nurses, and midwives. The
► dystocia present study aims to break the paradigms that associate obstetric palsy compulsorily
► birth injuries with shoulder dystocia, and that its occurrence necessarily implies negligence,
malpractice or recklessness of the team involved.

Introdução As complicações fetais são lesões de plexo braquial e


fratura de clavícula e úmero, podendo evoluir para óbito
A paralisia obstétrica (PO) é definida como uma paralisia intraparto ou neonatal. O plexo braquial é formado pela
flácida parcial ou total que acomete o membro superior do união dos ramos anteriores das raízes de C5, C6, C7, C8 e
recém-nascido decorrente da lesão do plexo braquial ocorrida T1, emergindo entre os músculos escaleno anterior e médio.
no parto normal, e, mais mais raramente, no parto cesáreo, Em muitos casos, recebe a contribuição de C4, quando é
frequentemente associada à distócia de ombros (DO). Também chamado de pré-fixado. A situação na qual essa contribuição
é definida como paralisia devido à lesão recebida no parto, é de T2 chama-se de pós-fixada.6 Em geral, o plexo braquial é
segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).1 lesado pela tração excessiva durante o trabalho de parto, o
A DO ou distócia de bisacromial se dá quando a apresen- que pode ocorrer em até 15% dos recém-nascidos que
tação é cefálica e o polo cefálico já se desprendeu, porém os apresentem distócia de bisacromial.7 Em grande parte dos
ombros não se soltam e não se observam quaisquer outras casos, a lesão se resolve em entre 6 e 12 meses, mas casos
dificuldades2 (►Figura 1). severos podem precisar de cirurgia, com risco de dano
Apesar de rara, com incidência em < 1% dos partos, a PO é permanente em até 10% das ocorrências.8
uma complicação grave, cuja ocorrência aumenta conside- Galbiatti,9 Galbiatti et al6 e Albertoni et al,10 em estudos
ravelmente para valores próximos de 6% em casos de fetos sobre PO, trazem bases anatômicas e fazem um breve histórico
com peso > 4.000 g.3,4 São descritos como fatores associados dessa lesão. Os autores destacam que esta é reconhecida desde
a essa intercorrência a obesidade materna, o pós-datismo e o a antiguidade na literatura médica. Foi citada brevemente por
diabetes gestacional.3–5 É importante ressaltar que mesmo Smellie em 1764. Em 1872, Duchenne de Boulogne, em seu
em fetos de peso < 4.000 g, a DO pode ocorrer, principal- “Traitéde l’Électrisation Localisée”, empregou o termo parali-
mente quando existe algum grau de desproporção entre o sia de origem obstétrica e descreveu a paralisia das raízes
feto e a pelve materna.2 superiores. Erb, em 1874, detalhou o quadro clínico da PO do
A DO associa-se a complicações maternas, sendo as mais tronco superior (C5 e C6). Em 1885, Klumpke descreveu a
comumente descritas lacerações do canal de parto, atonia paralisia mais rara das raízes inferiores (C8 e T1), a qual pode
uterina com hemorragia, disjunção da sínfise púbica e, estar associada à síndrome de Claude Bernard-Horner.
eventualmente, rotura uterina.2 A incidência de PO varia entre 0,1 e 0,4% de todos os
nascidos vivos. Apesar dos avanços no cuidado obstétrico, a
incidência de PO pode estar aumentando devido ao maior
número de recém-nascidos de alto peso. Vários fatores de
risco foram identificados, entre eles trabalho de parto pro-
longado, recém-nascido de alto peso, parto laborioso, uso de
fórceps e partos prévios que cursaram com PO. A DO é o fator
mecânico que resulta na lesão do tronco superior.11 Fatores
de risco significantes são: peso do recém-nascido > 4.000 g,
DO e apresentações pélvicas.12
O tipo mais comum de PO, e que apresenta melhor
prognóstico, é a paralisia denominada alta ou de Erb-
Duchenne (90% dos casos), em que as raízes de C5-C6 são
acometidas e os músculos mais frequentemente envolvidos
são o supra- e infraespinhal (►Figura 2). Há ainda a paralisia
total (mista), que apresenta paralisia tanto motora quanto
Fig. 1 Distócia de ombros. sensitiva de toda a extremidade do membro afetado devido a

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020


Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al. 141

mantém sua incidência internacional até os dias atuais,14


ocorrendo em todo o mundo, não distinguindo países ricos
ou pobres, cirurgiões obstetras jovens ou com vasta experi-
ência, de enfermeiras obstétricas ou parteiras.
Nessa conjuntura, vêm aumentado as demandas médico-
legais relacionadas a eventos desfavoráveis relacionados ao
parto, entre eles a PO. Neste escopo, principalmente os obste-
tras são responsabilizados ou culpados por esses eventos
ocorridos durante sua atividade profissional. Configura-se
em um clássico paradigma que, na última década, com a
evolução da medicina baseada em evidência (MBE), está sendo
quebrado. Há atualmente novos estudos comprovando novas
etiologias como origem congênita, intrauterina, e causadas
pelas forças endógenas do parto, dentre outras. Já em 1997,
Paradiso et al15 publicam importante artigo que trata do
exame de eletroneuromiografia (ENMG) ao nascimento,
Fig. 2 Paralisia obstétrica de Erb.
demonstrando que a lesão do plexo braquial poderia ter
ocorrido intraútero. Os autores apresentam relato sobre uma
lesão de todas as raízes do plexo; e a paralisia baixa ou de criança de 18 dias com lesão de C5-C6 cujo exame de ENMG era
Klumpke (C8-T1), na qual os músculos do antebraço e mão compatível com uma lesão antiga, datada de antes do nasci-
são os mais acometidos. A gravidade da lesão depende das mento. Há casos em que certas crianças nascem com paralisia
raízes afetadas e de sua extensão. sem anormalidade no parto, sem distócia e sem nenhuma
Galbiatti et al6 apresentam a anatomia clássica do plexo manobra particular.
braquial e explicam que as lesões neurais podem ser classi- A definição clássica traz sinais de que a causa seria dos
ficadas em três graus funcionais, segundo Seddon13: partos distócicos ou das manobras do parto executadas pelo
Neuropraxia: sem alteração morfológica neural, definida médico assistente. O presente trabalho tem por objetivo
como bloqueio localizado de condução por alteração meta- colher dados da literatura de revisão, artigos clássicos,
bólica e representada clinicamente por paralisia motora, sentinelas e da MBE para que os profissionais envolvidos
discreta alteração sensitiva e simpática, apresentando recu- com essa entidade, dentre eles o perito médico, tenham
peração total ao longo de algumas semanas. subsídios científicos suficientes para compreender melhor
Axonotmese: interrupção axonal, sem lesão do endoneuro, os eventos ocorridos durante o parto e identificar realmente
levando a degeneração waleriana distal à lesão. Ocorre rege- de quem é a responsabilidade da PO.
neração axonal variável orientada pela preservação do endo- Vamos, com esta revisão, à luz dos mais recentes estudos,
neuro; o tempo de recuperação depende, acima de tudo, da mudar a direção, pelo menos parcialmente, das causas da PO.
distância da lesão aos efetores (basicamente à placa motora
muscular).
Métodos
Neurotmese: determina uma lesão total do nervo com
destruição das estruturas internas e externas. Não ocorre Foi realizada uma pesquisa bibliográfica no motor de busca
regeneração espontânea, sendo necessário o tratamento da PubMed (Medical Subject Headings [MeSH, na sigla em
cirúrgico. inglês]) com as seguintes palavras-chave: shoulder dystocia
Na prática clínica, é frequente a dificuldade de classifica- and obstetric palsy, completamente aberto, sem limites de
ção das lesões, principalmente da axonotmese. Deve-se língua ou data. Encontramos 87 artigos. Posteriormente,
considerar, ainda, em relação às lesões do plexo braquial, definimos como critério de inclusão artigos de revisão, dos
as avulsões ao nível da medula espinhal, também chamadas quais restaram 22 artigos de revisão com associação aos
de lesões pré-ganglionares, por se encontrarem proximais temas descritos até 8 de março de 2018. Excluímos 1 artigo,
aos gânglios dos neurônios motores, que não permitem por se tratar de um mesmo estudo publicado em periódico
reparação. Nessa situação, também ocorre lesão do ramo diferente sob a forma de versão compacta, restando, por-
posterior da raiz nervosa e leva à denervação da musculatura tanto, 21 artigos.
paravertebral da região cervical. Foram atribuídos a esses 21 artigos números de ordem
Os autores ressaltam a importância dos diagnósticos conforme a cronologia crescente da publicação. Os artigos
diferenciais mais frequentes, que são a paralisia cerebral, foram caracterizados quanto aos principais pontos relevan-
as fraturas da clavícula e da diáfise do úmero, presentes em tes, com os seguintes descritores: distocia de ombros, parto
entre 10 e 15% dos casos em apresentação cefálica.6 O cesáreo, prevenção, histórico, etiopatogenia e médico-legal.
descolamento epifisário proximal do úmero, a osteomielite Quando incluímos no motor de busca descritores relaciona-
neonatal, a artrite piógena do ombro e a sífilis congênita dos especificamente a perícia médica, por exemplo, os
também são diagnósticos diferenciais. descritores expert ou expert testimony, além de número
A PO é uma das complicações associadas ao parto que limitado de artigos, estes entravam em temas não incluídos
necessita ser mais bem estudada e compreendida, pois em nossa proposta científica.

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020


142 Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al.

Realizamos uma revisão manual da bibliografia dos 21 Na ►Tabela 2, encontram-se os dados referentes ao
artigos que originaram nossa revisão e adicionamos à nossa número de ordem, tipo de estudo, número de bibliografias
bibliografia os artigos que foram citados na maioria das utilizadas por cada artigo, pontos mais relevantes e conclu-
publicações e também os artigos considerados clássicos ou sões do estudo.
sentinela (nestes não foram considerados o ano de publica-
ção ou a língua). Com esse conceito, foram valorizados os
Discussão
artigos com cunho médico-legal.
A PO é classicamente definida como paralisia flácida parcial ou
total que acomete o membro superior decorrente da lesão do
Resultados
plexo braquial ocorrida no parto. Esse conceito está presente
Foram incluídos 87 artigos com base nos critérios de tanto nos livros-texto ortopédicos quanto obstétricos2,6,
inclusão referidos anteriormente, excluindo-se 66 que não porém a literatura das últimas 2 décadas tem mostrado que
tinham características de revisão ou eram publicações mais da metade dos casos não estão associados à DO.14,23,35
repetidas dos mesmos autores em outro periódico em Outras etiologias têm sido consideradas, como origem congê-
versão compacta. Efetivamente, foram utilizados como nita, intrauterina, e as causadas pelas forças endógenas do
base 21 artigos, 17 de língua inglesa, 2 de língua francesa parto, dentre outras.
e 2 de língua alemã. Atualmente, temos várias evidências de que muitos outros
Os resultados encontrados mostram que não há artigos fatores podem estar envolvidos na causa da PO, sem nenhuma
com níveis de evidência adequados, sendo sua maioria de relação com as manobras de parto executadas pelos obstetras.
revisão da literatura. Zaki et al,36 em estudo sobre lesão familiar congênita de
No tocante ao ano da publicação, houve distribuição paralisia do plexo braquial, apresentam um relatório de dois
variável de 2000 a 2016 (►Tabela 1).14,16–34 níveis sobre famílias egípcias afetadas ao nascimento, carac-
Todos os estudos principais foram de revisão de literatura, terizada como relativamente incomum e quase um transtorno
pois esta é uma das premissas do método, e o número de esporádico. Mollica et al37 descrevem uma família siciliana que
artigos da bibliografia dos mesmos variou entre 11 a 121 apresenta lesão congênita do plexo braquial severa e sugerem
artigos revisados. que o gene tem herança autossômica dominante com

Tabela 1 Artigos selecionados

Ordem Autoria Periódico Ano País Língua


14
1 Beller Z Geburtshilfe Neonatol 2000 Alemanha Alemão
35
2 Sandmire et al Birth 2002 EUA Inglês
16
3 Sandmire et al Int J Gynaecol Obstet 2002 EUA Inglês
4 Krause et al17 Z Geburtshilfe Neonatol 2005 Alemanha Alemão
5 Gherman et al18 Am J Obstet Gynecol 2006 EUA Inglês
19
6 Hankins et al Semin Perinatol 2006 EUA Inglês
7 Gurewitsch20 Clin Obstet Gynecol 2007 EUA Inglês
21
8 Allen Clin Obstet Gynecol 2007 EUA Inglês
22
9 Jevitt et al J Perinat Neonatal Nurs 2008 EUA Inglês
23
10 Doumouchtsis et al Obstet Gynecol Surv 2009 Inglaterra Inglês
11 O’Shea et al24 Semin Perinatol 2010 EUA Inglês
12 Doumouchtsis et al25 Ann N Y Acad Sci. 2010 Inglaterra Inglês
26
13 Anderson Prim Care Clin Office Pract 2012 EUA Inglês
14 Abzug et al27 Orthop Clin North Am 2014 EUA Inglês
28
15 Stitely et al Seminars in Perinatology 2014 Nova Zelândia/EUA Inglês
29
16 Chauhan et al Seminars in Perinatology 2014 EUA Inglês
17 Ouzounian30 Seminars in Perinatology 2014 EUA Inglês
31
18 Legendre et al J Gynecol Obstet Biol Reprod 2015 França Fancês
32
19 Schmitz J Gynecol Obstet Biol Reprod 2015 França Francês
33
20 Hill et al Womens Health 2016 EUA Inglês
21 Sentilhes et al34 Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol 2016 França Inglês

Encontram-se descritos os dados referentes aos 21 artigos de revisão em ordem cronológica crescente, com autoria, nome do periódico, ano da
publicação, país de origem dos autores e língua da publicação.

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020


Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al. 143

Tabela 2 Dados detalhados dos artigos

Ordem Tipo de N° de Pontos Conclusões


Estudo Bibliografias Relevantes
1 Revisão 86 Médico-legal O grande número de POs sem distócia não permite afirmar que a PO é
causada pelo obstetra.
2 Revisão 22 Histórico PO ocorre em partos sem distócia36; a experiência do cirurgião indifere
na incidência de PO37; evidência indireta estabelece que as forças
propulsoras maternas como a causa mais provável da paralisia de Erb.
3 Revisão 17 Distócia A causa mais provável de paralisia com e sem DO é o esforço materno
de Ombros devido às forças expulsivas no parto
4 Revisão 86 Médico-legal A causa-efeito clara entre DO e lesões do plexo braquial não existe em
todos os casos, embora a DO esteja geralmente associada a pareceres
médico-legais obstétricos.
5 Revisão 121 Distócia Há risco significativamente aumentado de distócia de ombros com o
de Ombros peso ao nascer e este aumenta linearmente; o pré-natal e o pré-parto não
apresentam fatores de risco estatisticamente significativos para a
previsão de DO; parto cesáreo profilático ou a indução medicamentosa
do trabalho de parto em pacientes não diabéticas devido a suspeita de
macrossomia fetal não tem mostrado alterar a incidência de DO.
6 Revisão 43 Parto Cesáreo Cesariana realizada em todas as mulheres com 39 semanas de gestação
reduziria substancialmente a ocorrência tanto transitória como perma-
nente de lesão do plexo braquial, encefalopatia neonatal, morte intra-
parto e intrauterina.
7 Revisão 74 Prevenção A manipulação fetal parece ser o melhor método para a resolução atraumática
do parto vaginal complicado, pois requer menos tração para concluí-lo.
8 Revisão 69 Etiopatogenia Os médicos precisam ser treinados para abrandar e calibrar a tração, pois
a tendência natural é aumentá-la quando se deparam com parto difícil.
A tração axial deve ser utilizada mas deve-se limitar a flexão lateral da
cabeça.
9 Revisão 27 Prevenção DO não é previsível; enfermeiros perinatais são úteis no pré-natal para
evitar ganho de peso excessivo e auxiliar no controle glicêmico e durante
o parto na função de cronometrista uma vez diagnosticada a DO.
10 Revisão 99 Etiopatogenia A maioria das crianças com lesões do plexo braquial não apresentam
fatores de risco conhecidos; forças endógenas são de 4 a 9 vezes maiores
que aquelas aplicadas pelo obstetra durante a DO, segundo modelos
matemáticos.
11 Revisão 95 Distócia Gestantes com cesariana prévia, qual melhor opção de parto? Não há
de Ombros estudos randomizados disponíveis que se relacionem diretamente com a
escolha do método de parto.
12 Revisão 51 Prevenção DO é fator de risco para lesão do plexo braquial (aumenta em 100x risco
de PO), mas é imprevisível; proporção significativa de lesão de plexo é
secundária a ferimentos no útero.
13 Revisão 44 Distócia FR materno, fetal e do parto têm baixo valor preditivo; distócia de
de Ombros ombros ocorre mais comumente em pacientes sem FR identificados.
14 Revisão 46 Distócia A paralisia de parto do plexo braquial pode resultar em déficits perma-
de Ombros nentes ao longo da vida e continua a ser comum apesar dos avanços em
cuidados obstétricos. Os resultados a longo prazo das recomendações
atuais sobre o tratamento permanecem desconhecidos.
15 Revisão 28 Distócia Algumas manobras e algoritmos podem ser utilizados no gerenciamento
de Ombros das distócias de ombro. A partir de estudos entre mulheres cujo parto é
complicado pela distócia do ombro, há evidências científicas consider-
áveis de que a manobra de todos os tempos é efetiva para a liberação dos
ombros fetais.
16 Revisão 80 Distócia O conhecimento epidemiológico da incidência, prevalência e alterações
de Ombros temporais da NBPP deve auxiliar o clínico, evitar intervenções desne-
cessárias e ajudar a formular políticas de saúde baseadas em evidências.
A natureza extremamente infreqüente da NBPP permanente requer um
estudo multicêntrico para melhorar nossa compreensão dos fatores
antecedentes e reduzir a sequela de longo prazo.
(Continued)

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020


144 Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al.

Tabela 2 (Continued)

Ordem Tipo de N° de Pontos Conclusões


Estudo Bibliografias Relevantes
17 Revisão 26 Distócia Os fatores de risco históricos para a ocorrência de NBPP, sejam eles
de Ombros estudados sozinhos ou em combinação, não foram mostrados como
preditores confiáveis. A maioria dos casos de NBPP ocorre em mulheres
com crianças < 4,500 g que não são diabéticas e não têm outros fatores
de risco identificáveis. Além disso, a cesariana reduz, mas não elimina
completamente o risco de NBPP.
18 Revisão 23 Distócia Quanto à prevenção de complicações da distócia do ombro, o treina-
de Ombros mento prático usando manequins está associado a melhorias na
administração de distócia do ombro do que ao treinamento usando o
tutorial em vídeo. O ensino de simulação para o tratamento da distócia
do ombro é encorajado para o treinamento inicial e contínuo dos vários
atores na sala de nascimento (acordo profissional).
19 Revisão 55 Prevenção Para evitar a distócia do ombro e suas complicações, duas medidas são
propostas. A indução do trabalho de parto é recomendada em caso de
macrossomia iminente se o colo do útero for favorável e idade gesta-
cional > 39 semanas (Consenso profissional). A administração de
cesárea é recomendada antes do trabalho de parto no caso de (I)
feto > 4,500 g se associado a diabetes materna, (II) feto > 5000 g na
ausência de diabetes materno e, (III) durante o trabalho de parto, em
caso de macrossomia fetal e falha no progresso no segundo estágio,
quando a cabeça fetal está acima de uma posição þ2. A cesariana deve
ser discutida quando o histórico da distócia do ombro tem sido associado
a complicações neonatais ou maternas graves (consenso profissional).
20 Revisão 94 Distócia A distócia do ombro pode ser prevenida através da realização de
de Ombros cesariana preventiva em casos de risco muito alto, mas a nossa capaci-
dade de identificar esses casos ainda é limitada. O diagnóstico rápido e o
manejo da distócia do ombro quando ocorre é a chave para prevenir
seqüelas neurológicas permanentes. O gerenciamento requer os esfor-
ços coordenados de uma equipe com as habilidades necessárias. O líder
da equipe deve direcionar o gerenciamento e instituir uma série de
manobras para libertar o feto com risco mínimo para ele e para a mãe.
É necessária uma compreensão completa da anatomia pélvica e fetal
relevante, bem como dos mecanismos através dos quais a distócia pode
ser resolvida.
21 Revisão 11 Distócia Nenhum estudo provou que a correção dos fatores de risco (exceto
de Ombros diabetes gestacional) reduziria o risco de DO. A atividade física é
recomendada antes e durante a gravidez para reduzir a ocorrência de
alguns fatores de risco. A implementação de treinamento prático com
simulação para todos os prestadores de cuidados na sala de parto está
associada a uma redução significativa na lesão neonatal, mas não
maternal. A DO continua a ser uma emergência obstétrica imprevisível.
Todos os médicos e parteiras devem conhecer e executar manobras
obstétricas, se necessário, rapidamente, mas com calma.

Abreviações: DO, distócia de ombros; FR, fatores de risco; NBPP, paralisia do plexo braquial neonatal; PO, paralisia obstétrica.
Dados referentes ao número de ordem, tipo de estudo, número de bibliografias consultadas no artigo, pontos mais relevantes e conclusão(ões) do estudo.

penetrância reduzida. Os autores relatam que herança ligada Em relação ao parto vaginal, podemos dividi-lo didatica-
ao X com expressão em mulheres heterozigóticas não pode ser mente em três fases: a primeira delas é a dilatação e
descartada. corresponde ao abaixamento do feto no eixo de encaixe na
As malformações uterinas e as forças propulsivas na pelve óssea. A segunda fase é a de expulsão, que dura entre 30
segunda fase do parto constituem os principais fatores minutos e 2 horas.
etiológicos para as lesões do plexo,16,18,25,35,38,39 principal- A segunda fase se subdivide em duas etapas: a primeira é a
mente nos casos sem DO. conclusão da descida e rotação da apresentação, e a segunda
Entre as causas uterinas, podemos destacar as malforma- é a descida propriamente dita, na qual a pressão abdominal
ções uterinas tais como miomas, septo intrauterino ou útero deve ser controlada e dirigida com as contrações uterinas
bicorno.25 A mal adaptação intrauterina (por exemplo, oli- para que haja a expulsão do feto.2 Na segunda etapa é que
godrâmnio) pode estar relacionada à diminuição da resis- pode ocorrer a DO e as lesões do plexo devido à compressão
tência dos feixes nervosos do plexo braquial ou estruturas da do ombro posterior contra o promontório sacral durante as
cintura escapular, levando à lesão do plexo.40 contrações uterinas. Segundo modelos matemáticos, as

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020


Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al. 145

forças expulsivas são quatro a nove vezes maiores que a médio pago por indenizações relacionadas à lesão do plexo
tração exercida pelo obstetra.25,35 braquial foi de US$301.000,00 (aproximadamente quatro
A terceira e última fase do parto começa ao nascimento e vezes mais que o valor médio pago devido à imperícia por
termina quando a placenta dequita. outras causas no período), num valor total de US$54 milhões.
Devido a esses novos conhecimentos, Gherman et al,39 já Os valores indenizatórios foram maiores para médicos assis-
em 1998, em sua revisão, afirmavam que evidências indiretas tentes de instituições de ensino.38
estabeleciam as forças propulsoras maternas como a causa Para evitar essas situações litigiosas, Noble41 orienta reali-
mais provável da paralisia de Erb, tanto nos casos com DO zar registros precisos e detalhados para que haja uma defesa
associada quanto nos casos sem esta, pois as técnicas de bem-sucedida. Porém, o fundamental continua sendo a relação
manipulação fetal direta para a resolução da DO não médico-paciente. Hickson et al42 demonstraram em seu
se associavam a maiores taxas de lesão do plexo, fraturas estudo que 70% das mães que processaram os obstetras devido
de úmero ou clavícula. Sandmire et al,16 em 2002, Gherman a lesões perinatais em seus recém-nascidos queixaram-se que
et al,18 em 2006, Doumouchtsis et al,25 em 2010, e Abzug esses profissionais não as informaram adequadamente acerca
et al,27 em 2014, respectivamente, evidenciaram esses das possíveis lesões permanentes no desenvolvimento neu-
conhecimentos em suas revisões, dando informações sufi- ropsicomotor de seus filhos. Informar os riscos inerentes ao
cientes para concluir-se que a recente ênfase dada à MBE parto, como o fato de que lesões do plexo braquial não são
abalou muitos dos mitos e equívocos em torno da DO. necessariamente decorrentes de tocotraumatismo, e tentar
Portanto, o peso imputado ao médico assistente no parto entender os medos e anseios da paciente são essenciais para
devido a uma lesão do plexo braquial necessita ser revisto. minimizar as questões médico-legais.36
Os principais fatores de risco para lesão do plexo braquial A capacitação da equipe cirúrgica quanto à compreensão
são: macrossomia fetal (peso fetal > 4.000 g), apresentação completa da anatomia pélvica e fetal, bem como dos meca-
pélvica e DO.2,6,11,12,19,21,26,35 A obesidade materna, diabetes nismos, algoritmos e manobras através dos quais a distócia
materno ou gestacional, aumento excessivo de peso durante pode ser resolvida, o conhecimento epidemiológico da inci-
a gravidez, sexo masculino do feto, prematuridade, história dência, prevalência e alterações temporais da paralisia do
pregressa de macrossomia fetal, partos distócicos anteriores, plexo braquial neonatal, são de fundamental importância
multiparidade, instrumentação com fórceps, idade materna para o bom gerenciamento de um centro obstétrico.19,29,32–34
avançada e nascimento pós-termo são considerados fatores Legendre et al,31 defendem em seu estudo o treinamento
de risco secundários.18,21,39,40 Ouzounian30 defende que a prático inicial e contínuo dos vários atores na sala de nasci-
cesariana reduz, mas não elimina completamente o risco de mento usando manequins, que segundo os autores está asso-
lesão do plexo braquial. ciado a melhorias na administração de distócia do ombro do
Apesar das múltiplas análises de fatores de risco na que ao treinamento usando o tutorial em vídeo.
literatura, DO não pode ser prevista ou evitada, pois os
métodos precisos para identificar quais os fetos que irão
Considerações finais
experimentar essa complicação não existem. Os dados
encontrados no pré-natal e pré-parto têm baixo valor pre- Acreditamos que com a presente revisão da literatura pode-
ditivo.18,22,24,26 O exame ultrassonográfico realizado tardia- mos sem sombra de dúvidas auxiliar a quebrar o paradigma
mente na gestação também apresenta baixa sensibilidade, estabelecido desde a antiguidade de que essa lesão seria
com pouca precisão sobre a estimativa do peso ao nasci- causada única e exclusivamente por imperícia médica. A
mento – há uma tendência geral a superestimá-lo. Devemos literatura está mudando sua direção, demonstrando que há
salientar ainda que a DO ocorre mais comumente em outras múltiplas causas ou co-causas para a ocorrência de
pacientes sem fatores de risco.26 paralisia obstétrica, em algumas delas sem nenhum envolvi-
Como o risco de DO é diretamente proporcional ao mento da equipe médica.
aumento do peso do feto,39 tem-se proposto a cesariana Portanto, sobre de quem é a responsabilidade da PO, no
profilática em casos selecionados.32,33 Segundo a Sociedade momento há evidências indiretas que estabelecem que as
Americana de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG, na sigla em forças propulsoras maternas (endógenas) podem ser a causa
inglês) e Schmitz,32 devemos considerá-la em fetos de mães mais provável da paralisia do plexo braquial no nascimento,
diabéticas com estimativa de peso > 4.500 g ou fetos de mães nos partos sem DO e crianças com peso < 4.000g. A PO pode
sem fatores de risco com > 5.000 g. Outros autores, como ter origem intraútero, genética, ou postural, sendo impor-
Hankins et al19 recomendam em fetos de mães diabéticas tante para a proteção médico-legal a complementação de
com estimativas de peso entre 4.000 e 4.250 g ou > 4.000 g relatórios do prontuário médico, como também a realização
nas gestações de mulheres não diabéticas. de exame de ENMG até 21 dias após o nascimento para
Uma melhor compreensão das causas da PO se faz neces- definir se esta ocorreu intraútero ou no nascimento. Há ainda
sária, uma vez que as demandas médico-legais têm aumen- a necessidade de novas publicações bem embasadas e pros-
tado em todo o mundo, e, na maioria das vezes em que há pectivas com MBE para melhor definir qual o real ou os reais
perda permanente da função do membro superior, o médico responsáveis pela ocorrência de PO.
assistente é obrigado a indenizar a família da criança por
imperícia. Segundo a Associação de Seguros Médicos da Conflito de Interesses
América, de janeiro de 1985 a dezembro de 2001, o valor Os autores declaram não haver conflito de interesses.

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020


146 Paralisia Obstétrica: de quem é a culpa? Galbiatti et al.

Referências 22 Jevitt CM, Morse S, O’Donnell YS. Shoulder dystocia: nursing


1 Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) [Internet]. ed. 2017. São prevention and posttrauma care. J Perinat Neonatal Nurs 2008;
Paulo (SP): BIREME / OPAS / OMS. 2017 [acesso em 2017 dez 04]. 22(01):14–20
Disponível em: http://decs.bvsalud.org 23 Doumouchtsis SK, Arulkumaran S. Are all brachial plexus injuries
2 Francisco RP, Fonseca ES, Sapienza DS. Parto e puerpério. In: Zugaib caused by shoulder dystocia? Obstet Gynecol Surv 2009;64(09):
obstetricía. Barueri: Manole; 2008:307–529 615–623
3 Srofenyoh EK, Seffah JD. Prenatal, labor and delivery characteris- 24 O’Shea TM, Klebanoff MA, Signore C. Delivery after previous
tics of mothers with macrosomic babies. Int J Gynaecol Obstet cesarean: long-term outcomes in the child. Semin Perinatol
2006;93(01):49–50 2010;34(04):281–292
4 Piasek G, Starzewski J, Chil A, et al. [Analysis of labour and 25 Doumouchtsis SK, Arulkumaran S. Is it possible to reduce obste-
perinatal complications in case of foetus weight over 4000 g]. trical brachial plexus palsy by optimal management of shoulder
Wiad Lek 2006;59(5-6):326–331 dystocia? Ann N Y Acad Sci 2010;1205:135–143
5 Seeho SK, Smith C, Mcelduff A, Morris JM. Diabetes Res Clin Pract 26 Anderson JE. Complications of labor and delivery: shoulder
2007;77(02):263–268 dystocia. Prim Care 2012;39(01):135–144
6 Galbiatti JA, Falloppa F. Paralisia obstétrica. In: Herbert S, Xavier 27 Abzug JM, Kozin SH. Evaluation and management of brachial
R, Pardini Junior AG, Barros Filho TEP, eds. Ortopedia e trauma- plexus birth palsy. Orthop Clin North Am 2014;45(02):225–232
tologia: princípios e prática. 3a ed. Porto Alegre: Artmed; 2003: 28 Stitely ML, Gherman RB. Shoulder dystocia: management and
830–838 documentation. Semin Perinatol 2014;38(04):194–200
7 Baxley EG, Gobbo RW. Shoulder dystocia. Am Fam Physician 2004; 29 Chauhan SP, Blackwell SB, Ananth CV. Neonatal brachial plexus
69(07):1707–1714 palsy: incidence, prevalence, and temporal trends. Semin Perina-
8 Athukorala C, Middleton P, Crowther CA. Intrapartum interven- tol 2014;38(04):210–218
tions for preventing shoulder dystocia. Cochrane Database Syst 30 Ouzounian JG. Risk factors for neonatal brachial plexus palsy.
Rev 2006;(04):CD005543 Semin Perinatol 2014;38(04):219–221
9 Galbiatti JA. Paralisia obstétrica. In: Faloppa F, Albertoni WM, 31 Legendre G, Bouet PE, Sentilhes L. Place de la simulation pour
coord. Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP- réduire la morbidité néonatale et maternelle secondaire à une
EPM, Ortopedia e Traumatologia. São Paulo: Manole; 2008: dystocie des épaules. J Gynecol Obstet Biol Reprod (Paris) 2015;44
273–284 (10):1285–1293
10 Albertoni WM, Galbiatti JA, Canedo AC, Merlotti M. Estudo 32 Schmitz T. Modalités de l’accouchement dans la prévention de la
anatômico do plexo braquial na criança até os seis meses de dystocie des épaules en cas de facteurs de risque identifiés. J Gynecol
idade. Rev Bras Ortop 1994;29(03):162–169 Obstet Biol Reprod (Paris) 2015;44(10):1261–1271
11 Sawyer JR. Brachial plexus palsy. In: Canale ST, Beaty JH, editors. 33 Hill MG, Cohen WR. Shoulder dystocia: prediction and manage-
Campbell’s operative orthopaedics. 12th ed. Philadelphia: Elsevier; ment. Womens Health (Lond) 2016;12(02):251–261
2013:1323–1330 34 Sentilhes L, Sénat MV, Boulogne AI, et al. Shoulder dystocia:
12 Slooff AC. Obstetric brachial plexus lesions and their neurosurgi- guidelines for clinical practice from the French College of Gyne-
cal treatment. Clin Neurol Neurosurg 1993;95(Suppl):S73–S77 cologists and Obstetricians (CNGOF). Eur J Obstet Gynecol Reprod
13 Seddon HJ. Three types of nerve injury. Brain Oxford 1943;(66):37 Biol 2016;203:156–161
14 Beller FK. [Incidence and etiology of brachial plexus upper arm 35 Sandmire HF, DeMott RK. Erb’s palsy causation: a historical
paralysis in newborn infants. A review and basic principles for legal perspective. Birth 2002;29(01):52–54
assessment]. Z Geburtshilfe Neonatol 2000;204(05):163–169 36 Zaki MSI, el Sabbagh MH, Aglan MS. Familial congenital brachial
15 Paradiso G, Grañana N, Maza E. Prenatal brachial plexus paralysis. palsy: a report of two affected Egyptian families. Genet Couns
Neurology 1997;49(01):261–262 2004;15(01):27–36
16 Sandmire HF, DeMott RK. Erb’s palsy without shoulder dystocia. 37 Mollica F, Li Volti S, Grasso A, De Simone D. Familial congenital
Int J Gynaecol Obstet 2002;78(03):253–256 brachial palsy. Am J Med Genet 1991;41(03):322–324
17 Krause M, Feige A. [Shoulder dystocia from a legal standpoint]. 38 McAbee GN, Ciervo C. Medical and legal issues related to brachial
Z Geburtshilfe Neonatol 2005;209(06):201–209 plexus injuries in neonates. J Am Osteopath Assoc 2006;106(04):
18 Gherman RB, Chauhan S, Ouzounian JG, Lerner H, Gonik B, 209–212
Goodwin TM. Shoulder dystocia: the unpreventable obstetric 39 Gherman RB, Ouzounian JG, Goodwin TM. Obstetric maneuvers
emergency with empiric management guidelines. Am J Obstet for shoulder dystocia and associated fetal morbidity. Am J Obstet
Gynecol 2006;195(03):657–672 Gynecol 1998;178(06):1126–1130
19 Hankins GD, Clark SM, Munn MB. Cesarean section on request at 40 Alfonso DT. Causes of neonatal brachial plexus palsy. Bull NYU
39 weeks: impact on shoulder dystocia, fetal trauma, neonatal Hosp Jt Dis 2011;69(01):11–16
encephalopathy, and intrauterine fetal demise. Semin Perinatol 41 Noble A. Brachial plexus injuries and shoulder dystocia: medico-
2006;30(05):276–287 legal commentary and implications. J Obstet Gynaecol 2005;25
20 Gurewitsch ED. Optimizing shoulder dystocia management to (02):105–107
prevent birth injury. Clin Obstet Gynecol 2007;50(03):592–606 42 Hickson GB, Clayton EW, Githens PB, Sloan FA. Factors that
21 Allen RH. On the mechanical aspects of shoulder dystocia and prompted families to file medical malpractice claims following
birth injury. Clin Obstet Gynecol 2007;50(03):607–623 perinatal injuries. JAMA 1992;267(10):1359–1363

Rev Bras Ortop Vol. 55 No. 2/2020

Você também pode gostar