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Funções da linguagem

As funções da linguagem são capazes de delimitar a intenção do


enunciador. Os elementos da comunicação estão estritamente
relacionados com essas funções.

As funções da linguagem são categorias relacionadas com os estudos da


linguagem e da comunicação e são classificadas em seis tipos:

● conativa;
● metalinguística;
● fática;
● poética;
● referencial;
● emotiva.
As funções da linguaem foram apresentadas pelo linguista Roman
Jakobson e estão relacionadas com os elementos da comunicação
(emissor, receptor, mensagem, canal, código e contexto).

Tópicos deste artigo


​ 1 - Função referencial ou denotativa
​ 2 - Função emotiva ou expressiva
​ Exemplos
​ 3 - Função poética
​ 4 - Função fática ou de contato
​ 5 - Função conativa ou apelativa
​ 6 - Função metalinguística
​ 7 - Exercícios resolvidos sobre funções da linguagem

Função referencial ou denotativa


A função referencial ou denotativa é a função da informação. Presente em
textos como artigos científicos, textos didáticos, folhetos, manuais e textos
enciclopédicos, enfatiza o referente, ou seja, o assunto ou contexto em que
aquele determinado texto está inserido. Em sua estrutura, predominam o
discurso na ordem direta e o foco na terceira pessoa com a utilização da
objetividade.

Um gênero textual bastante representativo dessa função é a notícia, cuja


intenção é a de informar os leitores sobre fatos relevantes e recentes, e
que, na maioria das vezes, constrói-se desprovida de opiniões ou
sequências linguísticas que pretendam levar ao convencimento. Se quiser
saber mais sobre esse tema, acesse: Função referencial ou denotativa.

● Exemplo
Com programação especial, Feira do Estudante começa nesta segunda
em Praia Grande

Confira tudo que acontecerá no Pavilhão de Eventos Jair Rodrigues até a


próxima quarta-feira (25).

Por Mariana Nadaleto, G1 Santos

Começa nesta segunda-feira (23) a 4ª edição da Feira do Estudante,


organizada pela Prefeitura de Praia Grande, que oferecerá palestras,
workshops, oficinas, atrações especiais, sorteios, parque de diversões e
um show do Projota para o público jovem. O evento acontece até
quarta-feira (25), no Pavilhão de Eventos Jair Rodrigues, e a entrada é
gratuita (exceto para o show de encerramento).

Mais de 20 unidades de ensino, entre elas universidades, cursos de


idiomas e cursos técnicos, já confirmaram presença na Feira, e
oferecerão palestras e stands. Além disso, também foram organizadas
atividades especiais, como o Espaço Urbano, Espaço Cultural e o Lounge
Fals, com programação para os três dias de evento.

O objetivo da organização da Feira do Estudante, que faz parte do


Festival da Juventude de Praia Grande, é dar oportunidade para que os
jovens conheçam as universidades e os diversos cursos de idioma e
técnicos oferecidos na região, e assim, possam escolher com mais
clareza o que desejam seguir profissionalmente.

O Pavilhão de Eventos Jair Rodrigues fica localizado dentro do Espaço


Alvorada, na Avenida Ministro Marcos Freire, altura do nº 6.420, Bairro
Quietude, próximo ao Viaduto Paschoalino Borelli da Via Expressa Sul.
Função emotiva ou expressiva
Diferentemente da função referencial ou denotativa, que preza pela
objetividade, a principal particularidade da função emotiva ou expressiva é
o caráter subjetivo, ou seja, a linguagem cumprindo a função de emitir
opiniões, emoções, desejos, sentimentos, expressões individuais.

Estruturada com sequências na primeira pessoa do discurso, tem como


representantes os artigos de opinião, diários, cartas pessoais e poemas
líricos, por exemplo. Assim, o ponto de vista de quem fala/escreve é
essencial no trabalho com a linguagem. Se quiser saber mais sobre esse
tema, acesse: Função emotiva ou expressiva.

● Exemplos
Mãos Dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco


Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história


Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
A vida presente

Carlos Drummond de Andrade

Violência obstétrica, uma forma de desumanização das mulheres

A expressão 'violência obstétrica' ofende médicos. Dizem não existir o


fenômeno, mas casos isolados de imperícia ou negligência médicas. O
que aconteceu com a brasileira Adelir Gomes, grávida e forçada pela
equipe de saúde a realizar uma cesárea contra sua vontade, dizem ser
um caso extremo, escandalizado pelas feministas como de violência
obstétrica. Não é verdade. A violência obstétrica manifesta-se de várias
formas no ciclo de vida reprodutiva das mulheres. Em cada mulher
insultada verbalmente porque sente dor no momento do parto ou quando
não lhe oferecem analgesia. Na violência sexual sofrida em atendimento
pré-natal ou em clínicas de reprodução assistida. No uso de fórceps, na
proibição de doulas ou pessoas de confiança na sala de parto. Na
cesárea como indicação médica para o parto seguro. A verdade é que a
violência obstétrica é uma forma de desumanização das mulheres.

Jornal El País Brasil, 20 de março de 2019.

Leia também: Linguagem literária – conheça suas especificidades

Função poética
Embora tenha como nome função poética, essa função da linguagem não
é exclusiva dos poemas. Quando a intenção discursiva é a de construir
uma mensagem que valoriza o tipo em sua elaboração, vemos a
manifestação desse tipo de função.

Assim, a presença de figuras de linguagem, seja em textos poéticos, seja


em textos em prosa, bem como diferentes escolhas vocabulares, ou
mesmo a própria estruturação textual em versos com a presença de rimas
demonstram a intencionalidade do trabalho com a mensagem.

● Exemplos
Millôr Fernandes

Função fática ou de contato


Centrada no canal ou veículo de comunicação, a função fática ou de
contato é aquela em que a intencionalidade está na manutenção do ato
comunicativo, ou seja, quando o emissor (locutor) busca estratégias para
manter a interação com o receptor (interlocutor).

Quem nunca entrou em um elevador e “jogou conversa fora” sobre como


está o clima? Mesmo nos mais despretensiosos momentos de fala, as
funções da linguagem estão presentes. Ao desejar “Bom dia!”, ou mesmo
quando o professor, em sala de aula, pergunta “Entendeu?”, percebemos o
desejo de que a comunicação siga seu curso. Do “alô” ao “tchau”, do “bom
dia” a “boa noite”, vemos que o ser humano é realmente o ser que fala e
que nossos laços sociais fortalecem-se diante da necessidade de nos
comunicarmos.
● Exemplo

Comunicação

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o
que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um...
como é mesmo o nome?

"Posso ajudá-lo, cavalheiro?"

"Pode. Eu quero um daqueles, daqueles..."

"Pois não?"

"Um... como é mesmo o nome?"

"Sim?"

"Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por


completo. É uma coisa simples, conhecidíssima."

"Sim senhor."

"O senhor vai dar risada quando souber."

"Sim senhor."

"Olha, é pontuda, certo?"

"O quê, cavalheiro?"

[...]
"Chame o gerente."

"Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um


acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?"

"É de, sei lá. De metal."

"Muito bem. De metal. Ela se move?"

"Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É


assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim."

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"Tem mais de uma peça? Já vem montado?"

"É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço."

"Francamente..."

"Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui,
vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa."

"Ah, tem clique. É elétrico."

"Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar."

"Já sei!"

"Ótimo!"

"O senhor quer uma antena externa de televisão."


"Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo..."

"Tentemos por outro lado. Para o que serve?"

"Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você
enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas
partes de uma coisa."

"Certo. Esses instrumentos que o senhor procura funciona mais ou menos


como um gigantesco alfinete de segurança e..."

"Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!"

"Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme,


cavalheiro!"

"É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o


nome?"

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de ler, v.7. 3.ed.
São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.

Função conativa ou apelativa


A função conativa ou apelativa é aquela em que a ênfase está no receptor
da mensagem. Com a intencionalidade de persuadir, convencer, vemos,
estruturalmente, a presença de verbos no modo imperativo, os quais têm
intenção de indicar a forma como o outro deve agir.

Podemos verificar a ocorrência desse tipo de função em textos de caráter


publicitário, discursos políticos e religiosos, e também em cartas
argumentativas. Assim, quando o emissor (locutor) tenta influenciar o
receptor (interlocutor), certamente estamos diante da função conativa ou
apelativa.
● Exemplos

30º Anuário. São Paulo: Clube de criação de São Paulo, 2005. p. 97.

“Meu amigo, minha amiga, se você ainda não encontrou a raiz do mal que
lhe tem trazido prejuízos por muitos anos, participe da campanha “Corte
a Raiz”, que lhe ajudará a descobrir e arrancá-la de uma vez por todas.”

“Mas, que fique bem claro, ninguém é obrigado a nada [...] nem mesmo a
fazer a Fogueira Santa. A Fogueira Santa é uma atitude exclusivamente
pessoal. Não faça sacrifício por que estamos falando, mas faça pela sua
fé! Se você não foi tocado, não ouviu a Voz da fé, do Espírito Santo, não
participe! Porque se você manifesta qualquer dúvida, mesmo um fio de
dúvida, não é para ti esse propósito de revolta”.

Função metalinguística
A função metalinguística é a função da explicação. Geralmente, ouvimos
dizer que a função metalinguística é aquela em que o código explica o
próprio código, ou seja, a linguagem explica a própria linguagem, e então
teríamos o dicionário como o principal representante dessa função.

No entanto, podemos dizer que toda forma de explicação, com expressões


como “ou seja”, “sendo assim”, “por exemplo”, introduzem a manifestação
dessa função da linguagem. Música que fala ou explica como se fazer
música, poemas que tratam do fazer poético, além de filmes que revelam
como se fazer cinema marcam a metalinguagem.

● Exemplos

Significado de Código
Substantivo masculino

Coleção de leis: Código Penal. Coleção de regras e preceitos. Sistema de


símbolos que permite a representação de uma informação: código Morse.
Conjunto de regras que permite a transposição de sistemas de símbolos
sem alterar o significado da informação transmitida.

Linguística: Conjunto de todos os elementos linguísticos vigentes numa


comunidade e postos à disposição dos indivíduos para servir-lhes de
meios de comunicação; língua.

(Fonte: Dicio.com)

Chega mais perto e contempla as palavras.


Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave? [...]

(Trecho do poema Procura da poesia, de Carlos Drummond de Andrade)

Exercícios resolvidos sobre funções da linguagem


1. Leia este trecho do romance Divã, de Martha Medeiros:

Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto
uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças,
empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando
me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando
um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de
uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa
com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e
delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia
do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto
cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me
considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro
desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia.
Vida doméstica é para os gatos. Nossa, pareço uma metralhadora
disparando informações como se estivesse preenchendo um cadastro
para arranjar marido. Ponha na conta da ansiedade. A propósito, tenho
marido e tenho três filhos. [...] Tenho um cérebro masculino, como lhe
disse, mas isso não interfere na minha sexualidade, que é bem ortodoxa.
Já o coração sempre foi gelatinoso, me deixa com as pernas frouxas
diante de qualquer um que me convide para um chope. [...] Sou tantas que
mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela
comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou
promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens
também. Prepare-se para uma terapia de grupo.

Identifique a(s) função(ões) da linguagem predominante(s) no texto acima,


considerando a intencionalidade do ato comunicativo:

a. Função metalinguística e função conativa


b. Função emotiva e função fática
c. Função fática e função referencial
d. Função emotiva e função metalinguística

Solução

No texto acima, podemos verificar a função emotiva ou expressiva da


linguagem manifestando-se, uma vez que os verbos e pronomes estão
flexionados na primeira pessoa do singular, indicando o caráter subjetivo
do discurso. A narradora-personagem fala sobre si mesma, apresentando,
também, suas opiniões sobre os universos feminino e masculino.

A função fática também se manifesta a partir do momento em que a


narradora mantém o contato com seu interlocutor, chamando-o e
utilizando-se de vocativos como marcadores desse diálogo.
Letra b.

2. Identifique, conforme a legenda, a definição de cada uma das funções


da linguagem.

1. Emotiva ou expressiva
2. Apelativa ou conativa
3. Referencial ou denotativa
4. Fática ou de contato
5. Metalinguística
6. Poética

( ) Centrada no emissor, tem como intencionalidade exprimir emoções,


sentimentos e opiniões subjetivas.

( ) Tem como intenção o trabalho com a mensagem, podendo, inclusive,


contribuir com a construção estética do texto.

( ) Ênfase no interlocutor com o objetivo de persuadi-lo.

( ) Tem como característica a tentativa de se manter o ato comunicativo


em curso.

( ) É o código explicando o próprio código, ou seja, a língua explicando a


própria língua.

( ) Com objetividade, a intenção é informar. Predominam sequências


discursivas em terceira pessoa.

Solução

1-6-2-4-5-3

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