Você está na página 1de 197

RESUMOS DE

ANATOMIA II

Rafael Barão
Monitor de Anatomia I e II
2ª Edição - Ano lectivo 2016/2017

1
Nota Introdutória
O Adolfo, depois de várias décadas a assistir às aulas teóricas de Anatomia, está pronto
para ensinar os incautos caloiros. Ávido escritor e inabalável pedagogo, vê-se, no entanto,
fisicamente incapaz de escrever por sua própria mão. Como tal, serviu-se de um solícito
quinto-anista para criar estes resumos, que nascem da necessidade de preencher um vazio
no canon anatómico da FMUC: um material de estudo, adequadamente conciso e
sistematizado (sebentiforme), que garanta o sucesso anatómico sem colocar em causa a
integridade das pestanas e da psyche do estimado colega.

Estes resumos não pretendem ser um manual de estudo. Pretendem sim, ser um humilde
resumo dos pontos-chave da anatomia – contando com informação compilada a partir dos
principais textos anatómicos disponíveis – sem, no entanto, dispensar a consulta dos
manuais recomendados pela Regência para uma explicação mais completa.

Naturalmente que, tendo em conta que um estudante de Medicina na UC não tem – nem
deve ter! – tempo para ler (todos) os manuais recomendados pelas regências, estes
resumos podem ser uma mais-valia para os mais atarefados, tunantes ou ociosos.
A expectativa d’O Adolfo e do seu servo dactilógrafo é que estes resumos ajudem a guiar,
sistematizar, e aprofundar o estudo da Anatomia Normal (e, ocasionalmente, da
Patológica), necessitando sempre do uso de um Atlas em paralelo, uma vez que a
transposição de demasiadas imagens para estes resumos encareceriam os mesmos e
emagreceriam a carteira do estimado colega. As imagens que, apesar do suprarreferido,
foram integradas nestes resumos são as que, sendo oriundas de outros Atlas, podem
adicionar informação à já disponível, com o cuidado de não serem redundantes
relativamente às presentes no Atlas obrigatório, o Netter.

Para terminar, é fundamental avisar que, em momento algum, estes resumos deverão
servir como fonte de contradição ou disputa – por mais fidedignas que sejam as fontes
bibliográficas em que se baseiam (mesmo estas divergem umas das outras) – face ao que é
dito em sede de aula pelos Docentes da cadeira. Estes últimos são e serão, sempre,
soberanos. Afinal de contas, O Adolfo não mais é que um ossudo espectador pré-graduado.

Um enorme cumprimento a todos os entusiastas pela Anatomia,

Do vosso colega,
Rafael Correia Barão

2
Bibliografia usada e recomendada
Atlas de imagens:
 Netter, Frank H., Atlas of Human Anatomy, 6ªEd., Elsevier 2014;
o O atlas mais completo e student-friendly: indispensável
o Todas as remissões para páginas do Netter referem-se à sua 6ª edição, a mais actualizada
 Paulsen, F. & Waschke, J., Sobotta Atlas of Human Anatomy, 15ª Ed., Vol. 1-3, Urban &
Fischer 2011;
o Vantagem em relação ao Netter: tem imagens mais realistas, artisticamente mais apelativas,
caixas de texto explicativas, notas clínicas e imagens de variações anatómicas
o Desvantagem: tem as legendas em latim e não costuma ser usado nos testes práticos
 Feneis, H. & Dauber, W., Pocket Atlas of Human Anatomy, 4ª Ed., Thieme 2000
o O livro ideal para esclarecer dúvidas sobre a nomenclatura anatómica actual
o Particularmente importante na Osteologia, Artrologia, Miologia e Angiologia
o Apresenta apenas imagens, muito detalhadas, a preto e branco, com legendas explicativas

Livros de texto: o Gray e o Rouvière foram os livros-base destes resumos


 Standring, S., Gray’s Anatomy, 40ªEd., Churchill Livingstone 2014;
o A estrutura do livro dificulta o estudo mas a informação tem base em estudos científicos recentes,
tem notas clínicas importantes, e reflecte o conhecimento anatómico mais actual e moderno
 Drake, R.L., Vogl, A. W., Mitchell, A., S., Gray’s Anatomy for Students, 3ªEd., Churchill
Livingstone 2010;
o À semelhança do seu “irmão mais velho”, a estrutura do livro dificulta o estudo mas a sua grande
mais-valia é a qualidade das figuras (simplistas, esquemáticas, student-friendly) e a forma
resumida como aborda a matéria
 Rouvière, H. & Delmas, A., Anatomia Humana, Tomo 1-4, Masson 2005;
o Uma das bíblias da Anatomia Clássica, tem uma estrutura muito bem sistematizada
o A versão espanhola do Rouvière é perfeitamente compreensível

 Esperança Pina, J.A., Anatomia Humana da Locomoção, 4ª Ed., Lidel 2010;


 Esperança Pina, J.A., Anatomia Humana do Coração e Vasos, 2ª Ed., Lidel 2007;
 Esperança Pina, J.A., Anatomia Humana dos Órgãos, 2ª Ed., Lidel 2010;
o Os livros do Professor Esperança Pina têm uma organização e descrição semelhantes ao Rouvière,
com a vantagem de ser em português
o A desvantagem mais evidente é a de o português usado não ser o mais simples e inteligível, e
também a de a nomenclatura estar, frequentemente, em desacordo com a mais actual

Multimédia
 Vídeos do Acland’s DVD of Human Anatomy (disponíveis no youtube e outros locais)
 http://www.anatomyzone.com

3
Índice
 Osteologia do Membro Inferior…………………………….…………………………………………………………pg. 8
o Pélvis…………………………………………………………………………………………………………………..pg. 5
o Fémur……………………………………………………………………….…………………………………………pg. 8
o Patela e tíbia…………………………………………………………….…………………………………………pg. 10
o Fíbula e ossos do pé………………………………………………….…………………………………………pg. 11
 Artrologia do Membro Inferior………………………………………………………………………………………..pg. 19
o Anca…………………………………………………………….…………………..…………………………………pg. 15
o Joelho e tíbio-fibular superior……………….…………………………………………………………….pg. 17
o Tornozelo e tíbio-fibular inferior …………………….…………………………………………………..pg. 21
o Pé………………………………………………………………………………………………………………………..pg. 25
 Miologia do Membro Inferior…………………………………………………………………………………..………pg. 28
o Dorso e Anca..……………………………………………………………………………………………………..pg. 28
o Coxa…………………………………………………………….………………………………………………………pg. 30
o Perna…….…………………………………………………………………………………………………………….pg. 35
o Pé…….……………………………………………………………………………………………………………..…..pg. 40
 Tecidos moles (bainhas fibrosas, sinoviais e aponevroses)…………………………………………………pg. 43
 Artérias do Membro Inferior ……………………………………………………………………………………………pg. 47
 Veias do Membro Inferior ………………………………….……………………………………………………………pg. 56
 Linfáticos do Membro Inferior …………………………………………………………………………………………pg. 59
 Nervos do Membro Inferior…………………………….……………………………………………………………….pg. 60
o Sistematização da inervação motora, sensitiva e articular……………………………………pg. 68
 Osteologia do Membro Superior …………………………….……………………………………………………….pg. 73
o Clavícula e escápula……………………………………………………………………………………………..pg. 73
o Úmero……………………………………………………………………….…………………………………………pg. 75
o Ulna e rádio…………..………………………………………………….…………………………………………pg. 77
o Carpo e ossos da mão……………………………………………….………………………………………….pg. 80
 Artrologia do Membro Superior………………………………………………………………………………………..pg. 81
o Cintura escapular…………………………………………….…………………..………………………………pg. 81
o Ombro…………………………………………………………….……………………………………………………pg. 84
o Cotovelo………………………………….……………….………………………………………………………….pg. 89
o Punho…….…..………………………………………………….……………………………………………………pg. 92
o Mão……………………………………………………………………………………………………………………..pg. 94
 Miologia do Membro Superior …………………………………………………………………………………..…….pg. 96
o Ombro..………………………………………………………………………………………………………………..pg. 96
o Braço…………………………………………………………….……………………………………………………..pg. 99
o Antebraço…….………………………………………………………………………………………………………pg. 103
o Mão…….……………………………………………………………………………………………………………….pg. 110
 Tecidos moles (bainhas fibrosas, sinoviais e aponevroses)………………………………………………….pg. 113
 Artérias do Membro Superior…………...……………………………………………………………………………..pg. 119
 Veias do Membro Superior……………….……………………….…………………………………………………….pg. 127
 Linfáticos do Membro Superior…….………………………………………………………………………………….pg. 129
 Nervos do Membro Superior …………………………….……………………………………………………………..pg. 132
o Sistematização da inervação motora, sensitiva e articular……………………………………pg. 139
o Lesões comuns dos nervos do MS………………………………………………………………………..pg. 144
 Sistema Urinário………………………………….…………………………………………………………………………..pg. 147
 Glândulas suprarrenais………………………………….………………………….………………….………………...pg. 160
 Sistema Reprodutor Masculino………………………………………………………………………………………..pg. 161
 Sistema Reprodutor Feminino………………………………………………………………………………………….pg. 176
 Períneo…………….………………………………….………………………………………………………………………….pg. 189

4
Osteologia do Membro Inferior
Pélvis (osso coxal e aberturas): (NETTER pp. 330 e 473)
Osso Coxal (fusão do ílion, púbis e ísquion):
Ílion (superiormente ao acetábulo)
 Asa e Corpo
Púbis (inferiormente ao acetábulo, anteriormente ao foramen obturador)
 Corpo, ramo superior e ramo inferior (este último forma o ramo ísquio-púbico)
Ísquion (inferiormente ao acetábulo, posteriormente ao foramen obturador)
 Corpo e Ramo (forma ramo ísquio-púbico)

Face externa do Osso Coxal


 Acetábulo: recebe a cabeça do fémur
o Limbo do acetábulo
 Incisura ílio-púbica: anterior, inaparente no osso adulto
 Incisura ílio-isquiática: posterior, inaparente no osso adulto
 Incisura ísquio-púbica: patente no osso adulto, fechada pelo lig. transverso acetabular
o Fossa do acetábulo: porção profunda, central, não articular, preenchida por tecido adiposo de suporte
e fibras do lig. da cabeça do fémur
o Superfície lunata: crescente interrompida pela incisura do acetábulo (ou ísquio-púbica)
 Porção articular para a cabeça femoral
 Sulco supra-acetabular: sulco que separa a margem acetabular do corpo do ílion
 Superfície glútea: face externa da asa do ílion; recebe inserções musculares; começa na linha glútea inferior
o Linhas glúteas inferior, anterior e posterior
o Zona glútea anterior (entre linhas inferior e anterior): inserção do M. pequeno glúteo
o Zona glútea média (entre linhas anterior e posterior): inserção do M. glúteo médio
o Zona glútea posterior (atrás da linha posterior): inserção dos M. grande glúteo, piriforme e ligamento
sacro-tuberoso
 Foramen nutritivo do osso coxal: próximo da linha glútea anterior
 Foramen obturador, circunscrito por:
o Superiormente, pelo acetábulo, anteriormente pelo púbis, e posteriormente pelo ísquion
o Margens anterior e posterior afastam-se de baixo para cima: torna-o mais espesso superiormente
 A margem anterior, rugosa no ramo do púbis, é a crista obturadora
o Sulco obturador, ladeado pelos tubérculos obturadores anterior e posterior
 Dá passagem aos vasos e nervo obturadores
 Termina por baixo da crista obturadora, que liga o tubérculo púbico ao acetábulo
o Preenchido, quase totalmente, pela membrana obturadora, formando canal obturador

Face interna do Osso Coxal


 Fossa ilíaca: concavidade do ílion que dá inserção ao M. ilíaco; limitada inferiormente pela linha arqueada
 Linha arqueada: saliência oblíqua desde a face auricular até à eminência ílio-púbica
o Constitui um limite do orifício superior da pélvis, separando a pélvis maior (acima) da menor (abaixo)
o Continua-se com a crista pectínea ao nível da eminência ílio-púbica
 Face auricular: superfície articular para a Art. sacro-ilíaca
 Tuberosidade ilíaca: inserção de ligg. sacro-ilíacos (posteriores e interósseos) e lig. ílio-lombar
 Superfície plana e quadrilátera: maior parte do corpo do ísquion; corresponde, externamente, ao acetábulo
o Dá inserção parcial ao M. obturador interno
 Foramen obturador

5
Bordo superior do Osso Coxal (sentido póstero-anterior)
 Espinha ilíaca póstero-superior (EIPS)
 Crista ilíaca:
o Lábios externo (M. Ob. externo), intermédio (M. Ob. interno) e interno (M. transverso abdominal)
o Tubérculo da crista ilíaca: a 5cm da EIAS, perto da união da linha glútea anterior com a crista ilíaca
 Espinha ilíaca ântero-superior (EIAS)

Bordo anterior do Osso Coxal (sentido céfalo-caudal)


 Espinha ilíaca ântero-superior (EIAS): inserção do M. sartorius e M. tensor da fáscia lata
 Incisura fémuro-cutânea: dá passagem ao N. cutâneo femoral lateral
 Espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI): inserção do M. recto femoral (parte do M. quadricípite femoral)
 Incisura do psoas-ilíaco: dá passagem ao músculo homónimo
 Eminência ílio-púbica (sinónimo de eminência ílio-pectínea)
o Inserção do M. pequeno psoas e da fita ílio-pectínea (espessamento da fáscia do M. ilíaco)
 Crista pectínea: inserção do M. pectíneo e da respectiva fáscia e limite posterior da superfície pectínea
o Confluência dos ligamentos pectíneo (Cooper), lacunar (Gimbernat), de Henle, a foice inguinal e
fascia transversalis (ver Miologia do Abdómen)
o Superfície pectínea, área triangular do ramo superior do púbis, limitada ant./ pela crista obturadora
 Tubérculo púbico: inserção de diversas estruturas musculares e ligamentosas
o M. recto abdominal, piramidal e aponevroses dos M. oblíquos ext. e int., transverso abdominal
o Ligg. inguinal (Poupart), lacunar (Gimbernat), ílio-púbico (Thompson), de Henle
 Crista púbica ou ângulo púbico: crista desde o tubérculo púbico à superfície sinfiseal
 Superfície sinfiseal

Bordo inferior do Osso Coxal (sentido ântero-posterior)


 Ângulo infra-púbico: formado entre as margens inferiores das superfícies sinfiseais de ambos os púbis
o Critério de dimorfismo sexual (50-80º no homem, 75º em média; 80-100º na mulher, 90º em média)
 Ramo inferior do púbis e ramo do ísquion: é o ramo ísquio-púbico, que apresenta a tuberosidade isquiática

Bordo posterior do Osso Coxal (sentido caudo-cefálico)


 Tuberosidade isquiática: inserção de M. gémeos superior e inferior, quadrado femoral, adutor magno, M.
bicípete femoral, semi-tendinoso, semi-membranoso e lig. sacro-tuberoso
 Pequena incisura ciática: passam os M. obturador interno, vasos pudendos internos e nervos do P. sagrado
 Espinha isquiática: lig. sacro-espinhoso e M. gémeo superior
 Grande incisura ciática: passam os N. ciático, M. piriforme, vasos glúteos e vasos pudendos internos
 Espinha ilíaca póstero-inferior (EIPI)
 Incisura inominada (paradoxalmente)
 Espinha ilíaca póstero-superior (EIPS)

Ângulos: EIAS, EIPS, ângulo do púbis (margem superior da superfície sinfiseal), tuberosidade isquiática

Orifício Superior da Pélvis (póstero-anterior):


 Separa a pélvis maior (formada pelas fossas ilíacas e asas do sacro) da pélvis menor ou verdadeira
 Limite posterior: o promontório e a linea terminalis (bordo anterior da asa) do sacro
 Limite lateral: a linha arqueada da face interna do ílion e a crista pectínea do púbis
 Limite anterior: lábio posterior da crista púbica e a margem superior da sínfise púbica
 Forma elíptica inclinada ântero-inferiormente (faz ângulo de 35-50º com o plano horizontal)
o Em média, o diâmetro ântero-posterior é de 11cm e o transversal de 13,5cm
Orifício Inferior da Pélvis (póstero-anterior):
 Limite posterior: o ápex do cóccix
 Limite lateral: o lig. sacro-tuberoso, a tuberosidade isquiática e o ramo ísquio-púbico
 Limite anterior: margem inferior da sínfise púbica
o Em média, o diâmetro ântero-posterior é de 9-11cm e o transversal (ou bi-isquiático) de 11-12,5cm
6
Vista lateral

Vista medial

in Sobotta e Gray

Vista ântero-superior

7
Fémur (NETTER pp. 474-478) ROUVIÈRE T3 p. 328)
Considerações gerais
 Osso longo, par, orientado com obliquidade ínfero-medial, que articula com o osso coxal, tíbia e patela
 Apresenta 2 extremidades, as epífises, e um corpo, a diáfise, com 3 faces e 3 bordos

Corpo: em secção é triangular com base anterior


 Face anterior: lisa e convexa, dá inserção ao M. vasto intermédio (parte do M. quadricípite femoral) e ao M.
articular (inconstante)
 Face póstero-lateral: também dá inserção ao M. vasto intermédio
 Face póstero-medial: sem inserções musculares
 Bordos lateral e medial: são arredondados; bordo lateral dá inserção do M. vasto intermédio
 Bordo posterior: saliente e rugoso, toma o nome de linha áspera, apresenta o foramen nutritivo do fémur e
dá várias inserções musculares:
o Lábio lateral: inserção do M. vasto lateral e M. grande glúteo (superiormente)
o Interstício: inserção dos M. adutores (curto, longo e magno) e curta porção do M. bicípite femoral
o Lábio medial: inserção do M. vasto medial
o Inferiormente: bifurca-se em duas linhas supra-condilares, delimitando a face poplítea, triangular
o Superiormente: trifurca-se em ramo externo, médio e interno
 Ramo externo ou tuberosidade glútea: termina no grande trocânter, dá inserção ao M. grande
glúteo e pode apresentar saliência tubercular e chamar-se Trochanter tertius (terceiro trocânter)
 Ramo médio ou linha pectínea: termina no pequeno trocânter e dá inserção ao M. pectíneo
 Ramo interno ou crista do vasto medial: dá inserção ao M. vasto medial e alcança a face anterior,
passando inferiormente ao pequeno trocânter, tornando-se a linha intertrocantérica

Extremidade superior:
 Cabeça: 2/3 de uma esfera de 20-25mm de raio; apresenta, póstero-inferiormente ao seu eixo central, a
fóvea da cabeça do fémur, desprovida de cartilagem hialina, onde se insere o lig. da cabeça do fémur
 Colo do fémur (anatómico): estrutura cilíndrica, estreita na porção média, de 5cm entre cabeça e trocânteres
o O seu maior eixo forma ângulo de cerca de 126º (125-140º) com eixo da diáfise do fémur
o O seu maior eixo forma ângulo anterior de 12-14º em relação a uma linha que une os côndilos da ext.
inferior: é o ângulo de torsão do fémur, que se > 14º, força o MI a rodar medialmente, e se se < 12º,
força o MI a rodar lateralmente
o Extremidade medial ligada à cabeça do fémur
o Extremidade lateral coincide com a linha (anterior) e crista intertrocantérica (posterior)
o Face anterior: apresenta vários foramina vasculares e é sede de variantes anatómicas com importância
antropológica (faceta de Poirer, fossa cervical de Allen, impressão ilíaca de Bertaux e Poirer, etc.)
o Face posterior, bordos superior e inferior côncavos

 Grande trocânter: saliência lateral ao colo, apresenta 2 faces e 4 margens


o Face lateral: crista do grande trocânter, para inserção do M. médio glúteo
o Face medial ou fossa trocantérica: inserção dos M. obturadores (int. e ext.) e M. gémeos (sup. e inf.)
o Margem superior: inserção do M. piriforme
o Margem anterior: inserção do M. pequeno glúteo e apresenta saliência, o tubérculo pré-trocantérico
o Margem posterior: corresponde à crista intertrocantérica
o Margem inferior: crista do M. vasto lateral

 Pequeno trocânter: saliência póstero-medial, inferiormente ao colo, dá inserção do M. psoas-ilíaco


 Linha intertrocantérica: une à frente os dois trocânteres, do tubérculo pré-trocantérico ao pequeno trocânter
o Está separada, superiormente, do pequeno trocânter, pela fosseta pré-trocantérica
o É a continuação anterior da crista do vasto medial, o ramo interno de trifurcação da linha áspera
 Crista intertrocantérica: une atrás os dois trocânteres, sendo mais saliente que a linha intertrocantérica
o Apresenta o tubérculo quadrado elevação arredondada da crista (inserção ao M. quadrado femoral)
8
Extremidade inferior: constituída por dois côndilos volumosos, arredondados, separados por uma fossa
intercondilar, nos quais se descrevem faces superior, anterior, inferior, posterior, lateral e medial
 Face superior (não articular): continua-se com o corpo do fémur
 Face anterior: é contínua, ao nível da tróclea femoral, com a face anterior do côndilo oposto
o Tróclea: superfície articular para a patela, mais extensa anteriormente ao côndilo lateral
 A superfície não-articular deprimida, superiormente à tróclea, que aloja a parte superior da patela
quando o joelho está em extensão, toma o nome de fossa supra-troclear
 Faces inferior e posterior: com o aumento da profundidade da fossa intercondilar, as superfícies articulares
dos côndilos tornam-se mais salientes, e estas articulam com a patela e tíbia
o No movimento de flexão do joelho, a patela articula primeiro com a face anterior e depois com a inferior
 Face lateral do côndilo medial e a face medial do côndilo lateral (faces mediais segundo o eixo diafisário),
dão a inserção proximal aos ligamentos cruzados do joelho e formam a fossa intercondilar, uma depressão
que se estende de anterior a posterior, com profundidade crescente
 Face medial do côndilo medial: inserção do M. gastrocnémio medial
o Epicôndilo medial: inserção do ligamento colateral tibial (ou interno) do joelho
o Tubérculo do adutor: saliência superior ao epicôndilo para a inserção distal do M. adutor magno
 Face lateral do côndilo lateral: M. gastrocnémio lateral e M. poplíteo
o Epicôndilo lateral: inserção do ligamento colateral fibular (ou externo) do joelho
 Face poplítea: triângulo de base inferior, delimitado, lateralmente, pelas linhas supra-condilares e,
inferiormente, pela linha intercondilar (que une os dois côndilos posteriormente)
o Na porção ínfero-interna do triângulo poplíteo, cerca de 15mm superiormente ao bordo cutâneo de
cada côndilo, muito próximo ou coincidente com as linhas supra-condilares, encontra-se uma
rugosidade de cada lado, que dá inserção parcial a feixes dos M. gastrocnémio lateral e medial, a que
se chama tubérculos supra-condilares lateral e medial, respectivamente (TESTUT T1 p. 398)

in Sobotta e Gray

9
Patela (NETTER p. 494): osso discóide/triangular achatado, anexo (sesamóide) ao tendão do quadricípite femoral
 Face anterior: é estriada pela passagem de fibras superficiais do tendão do M. quadricípite femoral para se
continuarem com o ligamento patelar
 Face posterior: 3/4 superiores articulam com a tróclea femoral e o 1/4 inferior é rugosa e não-articular
o Facetas articulares lateral e medial, separadas por crista patelar
 Margens lateral e medial: inserção dos retináculos patelares, estruturas ligamentosas formadas por fibras dos
M. vasto lateral e medial e da cápsula articular do joelho (ver Artrologia e Miologia)
 Base (superior): inserção do tendão do M. quadricípite femoral
 Ápex (inferior): inserção do ligamento patelar

Tíbia (NETTER pp. 500-502)


Considerações gerais
 Osso longo, par, orientado verticalmente, em posição medial na perna, que articula com fémur, fíbula e tálus
 Apresenta 2 extremidades, as epífises, e um corpo, a diáfise, com 3 faces e 3 bordos

Corpo: em secção é triangular com base posterior (ao contrário do fémur)


 Face ântero-medial: superficial, facilmente palpável (feridas nesta face são de difícil cicatrização)
o Inserção, na sua porção superior, dos M. sartorius, gracilis e semi-tendinoso, através da pata de ganso
 Face ântero-lateral: inserção do M. tibial anterior
 Face posterior: dividida em porção superior (1/4) e inferior (3/4) pela linha do solear
o Linha do solear: rugosidade com obliquidade ínfero-medial que dá inserção ao M. solear
o Porção superior: inserção do M. poplíteo
o Porção inferior: inserção dos M. tibial posterior e longo flexor dos dedos (separados por crista vertical)
 Bordo anterior (crista da tíbia): facilmente palpável; começa, proximalmente, na tuberosidade da tíbia
 Bordo medial: inserção de feixes do M. longo flexor dos dedos
 Bordo lateral (ou interósseo): inserção da membrana interóssea da perna

Extremidade superior (mais volumosa que a inferior): composta pelos côndilos tibiais
 Côndilos medial e lateral separados atrás mas unidos à frente através de superfície triangular cujo vértice
inferior forma a tuberosidade tibial, que dá inserção ao ligamento patelar, e é contínua com a crista tibial
 Côndilos tibiais apresentam faces articulares superiores, os pratos tibiais, articulam com os côndilos femorais
 As faces articulares estão separadas pela área intercondilar, que é composta por:
o Eminência intercondilar: formado por dois tubérculos intercondilares e uma incisura que os separa
o Áreas intercondilares anterior e posterior: áreas à frente e atrás da eminência intercondilar
 Dão inserção aos ligamentos cruzados anterior e posterior do joelho, respectivamente
 Côndilo medial: inserção, em área rugosa da sua face posterior, do tendão directo do M. semi-membranoso
 Côndilo lateral: apresenta faceta articular para a cabeça da fíbula no seu ângulo póstero-lateral e, na sua
face anterior, o tubérculo da tíbia (de Gerdy), que dá inserção ao M. tibial anterior e ao tracto ílio-tibial
o Linha oblíqua da tíbia: desde a tuberosidade tibial ao tubérculo de Gerdy

Extremidade inferior (menos volumosa que a superior): cubóide, com 6 faces


 Face superior: contínua com o corpo tibial
 Face inferior (articular com o tálus): apresenta uma crista com orientação ântero-posterior
 Face anterior: lisa, relacionando-se com os tendões dos M. longo extensor dos dedos e longo extensor do hálux
 Face posterior: apresenta, lateralmente, um sulco para o tendão do M. longo flexor do hálux
 Face lateral: incisura articular para a extremidade inferior da fíbula
 Face medial: apresenta uma projecção inferior, o maléolo tibial ou maléolo medial da perna:
o Apresenta, posteriormente, o sulco maleolar para os tendões dos M. longo flexor dos dedos e M. tibial
posterior; este sulco está separado do sulco da face posterior por uma saliência longitudinal
o O maléolo tibial apresenta, na sua face lateral, uma faceta articular própria para o tálus

10
Fíbula (NETTER pp. 500-502)
Considerações gerais
 Osso longo, par, orientado verticalmente, em posição lateral na perna, que articula com a tíbia e com o tálus
 Apresenta 2 extremidades, as epífises, e um corpo, a diáfise, com 3 faces e 3 bordos

Corpo: em secção é triangular com base posterior


 Face lateral: inserção dos M. peroneais longo e curto e, inferiormente, um sulco para os seus tendões
 Face medial: dividida em porção anterior e posterior pela crista interóssea (inserção da membrana interóssea)
o Porção anterior: inserção dos M. longo extensor dos dedos, longo extensor do hálux e terceiro peroneal
o Porção posterior: inserção do M. tibial posterior
 Face posterior (apresenta o foramen nutritivo): inserção do M. longo flexor do hálux e do solear (acima)
 Bordo anterior (crista da fíbula): inserção do septo intermuscular anterior, que separa a loca muscular anterior
da lateral
 Bordo medial: inserção do M. tibial posterior (continuamente com a porção posterior da face medial)
 Bordo posterior: inserção do septo intermuscular posterior, que separa a loca muscular lateral da posterior

Extremidade superior (mais arredondada que a inferior): denominada cabeça da fíbula


 Apresenta faceta articular para a face lateral do côndilo lateral tibial
 Apresenta saliência superior denominada ápex, que dá inserção ao M. bicípite femoral e ao lig. colateral fibular
 Colo da fíbula: une a cabeça da fíbula ao corpo, relacionando-se intimamente com o N. peroneal comum

Extremidade inferior (mais afilada que a superior): denominada maléolo fibular ou lateral (NETTER pp. 513-514)
 Face medial: faceta articular para a face lateral do tálus e para a incisura fibular da tíbia
o Superiormente à faceta articular para o tálus, existe superfície rugosa para o lig. tibiofibular interósseo
o Inferior e posteriormente à faceta para o tálus, existe uma depressão para o lig. talofibular posterior
 Face lateral: sulco para os M. peroneais longo e curto (contínuo com o sulco da face lateral do corpo)
 Bordo anterior: superiormente, insere-se o lig. tibiofibular anterior e, inferiormente, insere-se o lig. talofibular
anterior
 Bordo posterior: insere-se o lig. tibiofibular posterior
 Vértice: insere-se o lig. calcaneofibular

Ossos do pé (NETTER pp. 511-513): dividem-se em tarso, metatarso e dedos


 Tarso: divide-se em protarso e mesotarso
o Protarso: constituído pelo tálus e pelo calcâneo
o Mesotarso: constituído pelo cubóide, navicular e pelos cuneiformes (3) medial, intermédio e lateral
 Metatarso: constituído por 5 ossos metatársicos
 Dedos: cada dedo (5) constituído por 1 falange proximal, 1 falange média e 1 falange distal
o Excepção: o 1º dedo, denominado hálux, apenas possui falange proximal e distal

Tálus, antigamente denominado astrágalo


Considerações gerais
 Osso cubóide (descrevem-se 6 faces), com cabeça anterior, corpo posterior, colo entre estes
 Articula com a tíbia, fíbula, calcâneo e navicular

Face superior
 Tróclea, assente no corpo, é a superfície articular para a tíbia, é a porção mais superior e posterior desta face
o Separada das facetas maleolares lateral e medial por duas cristas ântero-posteriores semi-circulares
 Colo, inferior e anteriormente à tróclea, é porção estreita que liga o corpo à cabeça

Face inferior
 Facetas calcaneana anterior, média e posterior, que articulam com as facetas talares do calcâneo
 Sulco do tálus, goteira que separa as facetas articulares média e posterior e complementa o sulco do calcâneo
11
Face lateral
 Faceta maleolar lateral, de forma triangular, articula com o maléolo fibular
 Processo lateral do tálus, procidência inferiormente à faceta supra-descrita

Face medial: faceta maleolar medial, em forma de vírgula, articula com o maléolo tibial
Face anterior: corresponde à cabeça do tálus, apresentando face articular para o navicular
Face posterior
 Corresponde ao processo posterior do tálus
 Apresenta um sulco para o tendão do M. longo flexor do hálux, ladeado pelos tubérculos medial e lateral
 O tubérculo lateral pode, ocasionalmente, formar um osso independente supranumerário, o osso trígono

in Gray

12
Calcâneo
Considerações gerais
 Osso cubóide (descrevem-se 6 faces), mais volumoso posteriormente e largo superiormente
 Articula com tálus e cubóide

Face superior
 Facetas talares anterior, média e posterior, que articulam com as facetas calcaneanas do tálus
 Sulco do calcâneo, goteira que separa as facetas articulares média e posterior, complementa o sulco do tálus
o Os sulcos do tálus e do calcâneo formam o seio do tarso, ocupado pelo lig. talo-calcaneano interósseo
 Corpo do tálus, posteriormente à faceta talar posterior, é uma superfície rugosa, crivada, não-articular
o Coberto por tecido conjuntivo laxo e adiposo, separando a articulação talo-crural do tendão de Aquiles

Face inferior: extremamente rugosa


 Tubérculo do calcâneo, é anterior, e dá inserção ao lig. calcâneo-cuboideu plantar (ou plantar curto)
 Processos lateral e medial da tuberosidade do calcâneo, são posteriores, dão diversas inserções
Face lateral
 Tróclea fibular: saliência óssea que separa os sulcos dos tendões dos M. curto peroneal, superiormente, e
longo peroneal, inferiormente
Face medial
 Face amplamente côncava, formando o canal do calcâneo, alojando músculos, vasos e nervos
 Ântero-superiormente apresenta o sustentáculo do tálus, uma saliência que suporta a faceta talar média
 Imediatamente inferior ao sustentáculo tálico existe um sulco para o tendão do M. longo flexor do hálux

Face anterior: apresenta a faceta cuboideia, que articula com o osso cubóide
Face posterior: constitui a tuberosidade do calcâneo, rugosidade que dá inserção ao tendão de Aquiles

Cubóide
Considerações gerais
 Tem forma cubóide, descrevendo-se 6 faces
 Osso mais lateral do mesotarso, sendo anterior ao calcâneo e posterior aos 4º e 5º metatársicos
 Articula com o calcâneo, navicular, cuneiforme lateral e 4º e 5º metatársicos
Face superior: inserção do M. curto extensor dos dedos
Face inferior:
 Tuberosidade do cubóide
 Sulco transversal para o tendão do M. longo peroneal
 Processo calcaneano, projecção oblíqua para medial, da parte inferior da superfície articular, para o calcâneo
Face anterior: duas facetas articulares para os 4º e 5º metatársicos, separadas por crista vertical
Face posterior: faceta articular para o calcâneo, assente no processo calcaneano
Face medial: faceta articular para o cuneiforme medial (anterior) e para o navicular (posterior; faceta inconstante)
Face lateral: forma margem lateral do pé e apresenta a porção inicial do sulco para o tendão do M. longo peroneal

Navicular
Considerações gerais:
 Paralelepípedo quadrangular de maior eixo transversal
 Situado entre o tálus e os cuneiformes, medialmente ao cubóide, articulando-se com estes ossos
Face anterior: facetas articulares para os três cuneiformes
Face posterior: faceta articular para a cabeça do tálus
Bordos superior e inferior: inserção de ligamentos
Extremidade medial: apresenta a tuberosidade do navicular, local de inserção do tendão do M. tibial posterior
Extremidade lateral: faceta articular (inconstante) para o cubóide
13
Cuneiformes
Considerações gerais: 3 ossos em forma de cunha, entre o navicular e os 1º-3º metatársicos, mediais ao cubóide
Cuneiforme medial: cunha com vértice superior
 Facetas articulares para o navicular (posterior), 1º meta (anterior), 2º meta e cuneiforme intermédio (lateral)
 Face medial apresenta rugosidade para inserção do tendão do M. tibial anterior
Cuneiforme intermédio: cunha com vértice inferior
 Facetas articulares para o navicular (posterior), 2º meta (anterior), cuneiformes lateral e medial (lat. e med.)
Cuneiforme lateral: cunha com vértice inferior
 Facetas articulares para o navicular (posterior), 3º meta (anterior), cuneiforme intermédio (medial), cubóide
e 4º metatársico (lateral)

Metatársicos
Considerações gerais: ossos longos, formados por um corpo, a diáfise, e duas extremidades, as epífises anterior
(cabeça) e posterior (base)
 Corpo em forma de prisma triangular de base superior e vértice inferior, côncavo inferiormente
 Cabeça, anterior: é condilar e articula com a respectiva falange proximal
 Base, posterior: articula com ossos do mesotarso e com os metatársicos vizinhos
Considerações particulares
 1º meta: mais curto mas mais volumoso
o Base com apenas uma faceta articular lateral, para o 2º meta
o Base apresenta tuberosidade para inserção do tendão do M. longo peroneal
o Cabeça apresenta, inferiormente, duas ranhuras para os ossos sesamóides
 5º meta: é o 2º mais curto e o menos volumoso
o Base com apenas uma faceta articular lateral (no caso, é medial, para o 4º meta)
o Base apresenta tuberosidade para inserção do tendão do M. curto peroneal

Falanges
Considerações gerais: 3 falanges por dedo denominadas falanges proximal, média e distal
 Constituídas por um corpo (diáfise) e duas extremidades (epífises): a cabeça (anterior) e a base (posterior)
 Hálux (1º dedo) só tem falange proximal e distal, assim denominadas pela conformação das extremidades
Falange proximal (1ª): concavidade inferior; base com cavidade glenóide; cabeça com tróclea
Falange média (2ª): concavidade inferior; base com dupla cavidade glenóide; cabeça com tróclea
Falange distal (3ª): plana inferiormente; base com dupla cavidade glenóide; cabeça em crescente rugoso,
suportando a unha

in Gray

14
Artrologia do Membro Inferior
Descrição articular:
1. Classificação
2. Superfícies articulares
o Cartilagem articular (hialina, elástica ou fibrosa)
o Debrum articular (anca e ombro)
3. Menisco (incompleto) ou Disco (completo)
4. Meios de união (cápsula e ligamentos)
5. Membrana sinovial
6. Movimentos

Articulação coxo-femoral (NETTER pp. 473-474)


Classificação: enartrose/esferoideia
Superfícies articulares: a cabeça do fémur e superfície lunata do acetábulo
 Cabeça do fémur: 2/3 de esfera revestidos por cartilagem hialina (mais espessa no centro que na periferia)
o Apresenta uma depressão, a fóvea, póstero-inferiormente ao centro, desprovida de cartilagem, que dá
inserção ao ligamento da cabeça do fémur
 Superfície lunata do acetábulo: revestida por cartilagem hialina (mais espessa à periferia que no centro)
o A fossa acetabular, rodeada pela superfície lunata, é não-articular, preenchida por tecido adiposo,
sinovial e alguns feixes do ligamento da cabeça do fémur
 Debrum acetabular: fibrocartilagem prismática triangular que aumenta a concavidade da superfície articular
do osso coxal, permitindo melhor coaptação entre as duas superfícies articulares principais
o Em secção é triangular: base inserida no limbo acetabular, a face interna, ou articular, contacta com a
cabeça do fémur, a face externa ou capsular dá inserção à cápsula articular
o É mais alto superior e posteriormente que anterior e inferiormente; a sua altura varia entre 6 e 10mm
o O ligamento transverso acetabular é a porção do fibrosa do debrum que fecha a incisura ísquio-
púbica (acetabular)

Meios de união: cápsula articular


 Constituída por fibras longitudinais e circulares
o As fibras circulares não têm inserção óssea e formam um anel mais estreito que o rebordo articular da
cabeça femoral, chamado zona orbicularis (ou ligamento anular de Weber) em redor do colo femoral
 É mais resistente ântero-superiormente e mais delgada e laxa póstero-inferiormente
o Uma luxação desta articulação acontece, preferencialmente, para baixo e para trás
 Inserção coxal: na margem acetabular, face externa do debrum acetabular e do lig. transverso acetabular
 Inserção femoral: anteriormente, na linha intertrocantérica; posteriormente, na face posterior do colo do
fémur, afastada 1cm da crista intertrocantérica, na união do terço lateral com o terço médio do colo
o Feixes profundos, denominados recortantes (ou freios capsulares) não atingem as linhas de inserção
femorais descritas, uma vez que se reflectem sobre o colo, na face anterior, e ascendem, inserindo-se
na margem articular da cabeça do fémur
 Uma vez que a cápsula cobre parte mas não o todo do colo do fémur, uma fractura a este nível pode ser
classificada como intra-capsular (anterior), a maioria, ou extra-capsular (posterior)

15
Meios de união: ligamentos
 Lig. ílio-femoral ou lig. em Y de Bigelow: é um ligamento anterior, triangular de vértice superior
o Inserção coxal: na espinha ilíaca ântero-inferior
o Trajecto: distribui-se em leque ou em Y, formando feixes superior e inferior
o Inserção femoral, de lateral a medial: grande trocânter, linha intertrocantérica e pequeno trocânter
 Feixe superior ou transverso: o mais forte dos dois, insere-se no grande trocânter, cobrindo o
tubérculo pré-trocantérico, e na porção superior da linha intertrocantérica, sendo reforçado por:
 Lig. ílio-tendino-trocantérico (vestígio de um feixe ilíaco do M. vasto lateral): parte do
tendão reflexo do M. recto femoral e funde-se com feixe superior do lig. ílio-femoral
 Expansão aponevrótica do M. pequeno glúteo, que também se insere no grande trocânter
 Feixe inferior ou descedente: desce quase verticalmente para se inserir porção inferior da linha
intertrocantérica, fosseta pré-trocantérica e no pequeno trocânter

 Lig. pubo-femoral: ligamento anterior, que em conjunto com o lig. ílio-femoral forma o lig. em N de Welcker
o Inserção coxal: na eminência ílio-púbica, superfície pectínea e lábio anterior da crista obturadora
o Trajecto: obliquidade póstero-ínfero-lateral
o Inserção femoral: na fosseta pré-trocantérica, a depressão anterior ao pequeno trocânter
o Relaciona-se, anteriormente, com o M. psoas-ilíaco, separados pela bursa ílio-pectínea

 Lig. ísquio-femoral: ligamento posterior (e inferior) da articulação


o Inserção coxal: margem póstero-inferior do debrum e sulco infra-acetabular
o Trajecto: obliquidade súpero-lateral, contornando o colo femoral por trás
o Inserção femoral: na porção anterior da face medial do grande trocânter, anteriormente à fossa
trocantérica

 Lig. da cabeça do fémur: cordão fibroso, de 3cm, subdivisível em feixes anterior, médio e posterior
o Inserção femoral: na fóvea da cabeça do fémur
o Inserção coxal: nas extremidades anterior e posterior da incisura acetabular (feixes anterior e
posterior), no lig. transverso acetabular (feixe médio), e algumas fibras inserem-se na fossa acetabular
o Função: conduzir, no seu interior, um ramo nutritivo da A. obturadora para a cabeça femoral, não
tendo função mecânica significativa

in Gray

16
Membrana sinovial
 Sinovial propriamente dita: duplo folheto que reveste, internamente, a cápsula articular e o colo do fémur
o Insere-se no vértice livre do debrum, reveste a face interna da cápsula, reflecte-se medialmente às
inserções femorais da cápsula, reveste o colo (irregularmente levantada, anteriormente, por fascículos
recortantes, oriundos da cápsula) e insere-se na margem articular da cabeça do fémur
 Sinovial do lig. da cabeça do fémur: bainha completa, independente da propriamente dita
o Insere-se no rebordo da fóvea da cabeça femoral e no contorno da fossa acetabular
o Reveste o tecido adiposo que preenche a fossa acetabular e reveste o lig. da cabeça do fémur
Movimentos (recordar a classificação articular)
 Flexão e extensão
 Abdução e adução
 Rotação medial e lateral
 Circundação: combinação dos movimentos acima

Articulação do joelho (NETTER pp. 493-498)


Classificação: trócleo-bicôndilo-meniscartrose
 Porção trocleartrose corresponde à Art. patelo-femoral
 Porção condilartrose (com dois côndilos): é a Art. fémuro-tibial com meniscos interpostos
Superfícies articulares
 Extremidade inferior do fémur: revestida por cartilagem hialina
o Tróclea: corresponde à face articular anterior contígua dos côndilos femorais, sulcada pela porção
mais anterior da fossa intercondilar
o Côndilos femorais medial e lateral, separados pela fossa intercondilar, que se prolonga e aprofunda
ântero-posteriormente
 Extremidade superior da tíbia: revestida por cartilagem hialina
o Superfícies articulares medial e lateral dos côndilos tibiais, que são cavidades glenóides aplanadas
o A eminência intercondilar e as áreas intercondilares não são superfícies articulares
 Face posterior da patela (3/4 superiores): revestida por cartilagem hialina
o Duas superfícies articulares, correspondentes à tróclea femoral, separadas por uma crista longitudinal
o O 1/4 inferior, na face posterior, é livre apoia-se no corpo adiposo infra-patelar (Hoffa)

Meniscos: fibrocartilagens cuja função é aumentar a complementaridade articular entre o fémur e a tíbia
 Não ocupam a totalidade da interface articular e a sua espessura diminui da periferia para o centro
o O menisco medial tem forma de C aberto; O menisco lateral tem forma de O interrompido
o O menisco lateral é mais móvel por aderir pouco à cápsula e não aderir ao lig. colateral fibular
 Face superior: côncava, adaptada ao côndilo femoral
 Face inferior: plana, adaptada à superfície articular do côndilo tibial
 Bordo lateral: aderente à face interna da cápsula articular do joelho
o Esta adesão é mais forte no menisco medial
 Bordo medial: de espessura reduzida; olha para dentro da articulação
 Extremidades anterior e posterior: cornos, fixos às áreas intercondilares anterior e posterior por freios
meniscais anterior e posterior, respectivamente
 Meios de fixação: além da adesão à cápsula articular e dos freios meniscais
o Lig. menisco-femoral posterior de Wrisberg: do corno posterior do menisco lateral até à face lateral
do côndilo femoral medial, ascendendo com obliquidade súpero-medial atrás do lig. cruzado posterior
o Lig. menisco-femoral anterior de Humphry (inconstante): do corno posterior do menisco lateral até ao
lig. cruzado anterior, passando à frente do lig. cruzado posterior
o Lig. transverso do joelho de Winslow: fixa os dois meniscos unindo os respectivos cornos anteriores
o Tendão do M. poplíteo: insere-se, parcialmente, no bordo lateral do menisco lateral
o Lig. menisco-fibular: do bordo externo posterior do menisco lateral ao ápex fibular

17
Meios de união: cápsula articular (manga fibrosa com soluções de continuidade)
 Inserção femoral: desde o contorno da fossa supra-troclear, desce pelas faces lateral do côndilo lateral e
medial do côndilo medial, inferiormente aos epicôndilos (junto à margem articular condilar), contornando-os
em direcção à face posterior, alcançando a fossa intercondilar, insinuando-se para a profundidade,
confundindo-se com os ligamentos cruzados
 Inserção tibial: contorna as margens articulares das superfícies articulares dos côndilos tibiais, desde a
margem anterior da área intercondilar anterior até homónima posterior, e alcançando a eminência
intercondilar, confundindo-se com os lig. cruzados
 Inserção meniscal: adere ao bordo lateral de cada menisco, mais fortemente ao menisco medial
 Soluções de continuidade (interrupções):
o Anterior: interrupção para a patela (tipo janela), inserindo-se a cápsula em todo o seu contorno
o Posterior: na fossa intercondilar, por se confundir com os lig. cruzados

Meios de união: ligamentos


 Lig. anterior: subdivisível em três planos, o profundo (capsular), médio (tendinoso) e superficial (fascial)
o Plano superficial: corresponde à fáscia lata, a aponevrose que envolve os músculos da coxa
 A fáscia está intimamente unida ao plano médio, pelo que se deve considerar um meio de união
desta articulação, embora alguns autores não o façam
o Plano médio: principal é o lig. patelar, sendo que os restantes são reforços
 Lig. patelar (6-8cm x 2-3cm x 0.5cm): insere-se no ápex da patela e na tuberosidade da tíbia
 Separado da tuberosidade da tíbia pela bursa sinovial infra-patelar, pela prega sinovial
infra-patelar e pelo corpo adiposo infra-patelar de Hoffa
 Considerado a extensão infra-patelar do tendão do M. quadricípite femoral, cujas fibras
superficiais passam anteriormente à patela, contribuindo para o lig. patelar
 Retináculos patelares medial e lateral (expansões aponevróticas dos M. vastos medial e lateral):
 Fibras verticais inserem-se nas margens laterais da patela, no lig. patelar e, junto à
tuberosidade da tíbia, no côndilo tibial homo-lateral
 Fibras oblíquas inserem-se na face anterior do côndilo tibial contra-lateral
 Tracto ílio-tibial: porção espessada da fáscia lata, contínuo com o tendão do M. tensor da fascia
lata, insere-se na margem lateral da patela e no côndilo lateral da tíbia, no tubérculo de Gerdy,
e reforça o retináculo patelar lateral, estando num plano anterior a este
o Plano profundo: fundido com a cápsula articular
 Lig. patelo-femorais (asas patelares) medial e lateral: fibras desde as margens patelares até aos
epicôndilos nos côndilos femorais respectivos
 Ligg. patelo-tibiais medial e lateral: fibras desde as margens patelares até à face anterior do
côndilo tibial respectivo
 Ligg. menisco-patelares medial e lateral: fibras desde as margens patelares até ao bordo
externo dos meniscos respectivos; o lig. menisco-patelar lateral é o mais desenvolvido

 Lig. colateral tibial (medial): profundo e posterior à pata de ganso


o Inserção femoral: no epicôndilo medial do côndilo medial do fémur
o Inserção tibial: margem medial do côndilo medial da tíbia e da porção superior do corpo tibial
o Porção superficial é anterior, vertical e individualizável da cápsula na margem anterior
o Porção profunda ou oblíqua, tem obliquidade póstero-inferior, e está fundida com a cápsula articular
e com o menisco medial por fibras menisco-femorais

 Lig. colateral fibular (lateral): independente da cápsula e dos meniscos; facilmente individualizável
o Inserção femoral: no epicôndilo lateral do côndilo lateral
o Inserção fibular: ápex e porção ântero-lateral da cabeça da fíbula
o Função: limita extensão e rotação lateral do joelho, tal como o lig. colateral tibial

18
in Gray for Students

in Gray

 Lig. ântero-lateral do joelho:


o Inserção femoral: no epicôndilo lateral do côndilo lateral
o Inserção tibial: na face superior e ântero-lateral do côndilo lateral, atrás do tracto ílio-tibial
o Função: limita medial do joelho
o A existência deste ligamento foi confirmada apenas em 2013 (J Anat 2013;223:321-328)

 Plano fibroso posterior: composto pelos ligamentos poplíteo oblíquo, poplíteo arqueado e poplíteo-fibular
o Lig. poplíteo oblíquo: é uma extensão do tendão recorrente do M. semi-membranoso, com trajecto
súpero-lateral que reforça a cápsula posteriormente
 Inserção femoral: face póstero-medial do côndilo lateral, fundido com a cápsula in Gray for Students
 Inserção tibial: face posterior do côndilo medial
o Lig. poplíteo arqueado: forma um arco tendinoso sobre o M. poplíteo
 Inserção tibial: face posterior do côndilo lateral
 Inserção fibular: ápex da cabeça da fíbula
o Lig. poplíteo-fibular: fibras da origem do tendão do M. poplíteo para a cabeça da fíbula
 É um estabilizador importante da porção póstero-lateral do joelho, estática e dinamicamente,
tendo como função resistir à rotação externa da tíbia
 Também chamado lig. curto lateral do joelho (Vallois) ou feixe lateral do lig. poplíteo arqueado
o Lig. fabelo-fibular (inconstante): da fabela (um osso inconstante, sesamóide) para a cabeça fibular
 A fabela é um osso que pode ser encontrado interposto no tendão do M. gastrocnemius lateral
19
 Ligg. cruzados do joelho: “anterior” e “posterior” quanto à sua inserção tibial; são muito resistentes
o Lig. cruzado anterior: 38mm de comprimento e 11mm de largura
 Inserção femoral: porção posterior da face medial do côndilo lateral
 Inserção tibial: na área intercondilar anterior
 De superior a inferior, é inicialmente lateral e depois anterior ao lig. cruzado posterior
 Funcionalmente composto por três feixes: ântero-medial, intermédio e póstero-lateral
 Função: impede rotação medial da tíbia e o seu deslocamento anterior em relação ao fémur

o Lig. cruzado posterior: 38mm de comprimento e 13mm de largura; mais resistente que o anterior
 Inserção femoral: porção anterior da face lateral do côndilo medial
 Inserção tibial: na área intercondilar posterior
 De superior a inferior, é inicialmente medial e depois posterior ao lig. cruzado anterior
 Funcionalmente composto por dois feixes: ântero-lateral (estica em flexão) e póstero-medial
(estica em extensão)
 Função: estabiliza a articulação em flexão e impede o deslocamento posterior da tíbia

Membrana sinovial
 Anteriormente: insere-se na margem articular da tróclea femoral, reveste a fossa supra-troclear e a face
anterior do fémur numa extensão de 5cm; reflecte-se anteriormente em contacto com a face profunda do
M. quadricípite femoral e desce até à patela, contornando-a, e desce até ao bordo externo dos meniscos,
interrompendo-se, terminando aí a porção supra-meniscal da membrana sinovial;
 Posteriormente: de anterior para posterior, a sinovial reveste a face anterior dos ligg. cruzados, depois as
suas faces laterais e, caminhando para posterior, atapeta a face interior da cápsula articular e dos ligg. do
plano posterior, continuando-se, lateral e medialmente, com as porções lateral e medial da sinovial
 Lateral e medialmente: reveste a face interior da cápsula articular, continuando-se anterior e
posteriormente com as respectivas porções da sinovial; dada a aderência da cápsula articular ao bordo
externo dos meniscos, ao nível destes, a membrana sinovial interrompe-se, separando as porções supra-
meniscal e infra-meniscal

 Prolongamentos:
o Supra-patelar (fundo de saco sub-quadricipital): o espaço entre o M. quadricípite femoral e o fémur
 O M. articular do joelho, devido à inserção próxima, impede o colapso deste prolongamento
o Poplíteo: prolongamento que reveste a porção inicial do tendão do M. poplíteo
 Este prolongamento pode comunicar com a sinovial da Art. tíbio-fibular proximal
o Corpo adiposo infra-patelar de Hoffa: massa de tecido adiposo situada posteriormente ao 1/4 inferior
da face posterior da patela e do lig. patelar, revestido por membrana sinovial
 Prolonga-se lateralmente pelas pregas alares
o Prega sinovial infra-patelar: tecido adiposo revestido por sinovial que liga o corpo adiposo infra-
patelar de Hoffa à sinovial da fossa intercondilar
 Pode ser um cordão ou uma lâmina completa, com implicações óbvias na artroscopia
 Bursas:
o Pré-patelar: subcutânea
o Infra-patelar: entre o lig. patelar e a tíbia
o Do gastrocnémio: entre a extremidade proximal do M. gastrocnémio e a face posterior da cápsula
o Colateral fibular: entre o ligamento homónimo e a cápsula
o Do tendão do M. bicípite femoral; Do tendão do M. semi-membranoso; Da pata de ganso

Movimentos
 Flexão (acompanhada de rotação medial da tíbia) e Extensão (acompanhada de rotação lateral da tíbia)
 Rotação lateral e medial (limitada a 70º pelos ligg. cruzados e colaterais)
o Amplitude de rotação é máxima em semi-flexão e nula em extensão

20
in Gray for Students

Art. tíbio-fibular superior ou proximal


(NETTER pp. 496 e 501)

Classificação: artrodia/plana
Superfícies articulares: revestidas por cartilagem A membrana sinovial,
hialina a cinzento, in Gray
 Tibial: faceta articular no ângulo póstero-lateral
do côndilo lateral
 Fibular: faceta articular da cabeça fibular

Meios de união
 Cápsula: delgada e pouco resistente; insere-se
no rebordo das superfícies articulares
 Lig. anterior da cabeça da fíbula: ligamento
anterior da articulação, sendo o mais resistente
o Insere-se na face ântero-lateral do
côndilo lateral da tíbia e na porção
anterior da cabeça fibular
 Lig. posterior da cabeça da fíbula: ligamento posterior da articulação, sendo o menos resistente
o Insere-se na face posterior do côndilo lateral da tíbia e na porção posterior da cabeça fibular

Membrana sinovial: reveste a face interior da cápsula articular e pode comunicar com a sinovial do joelho através
prolongamento do poplíteo

Movimentos: pode efectuar ténues movimentos de deslizamento

Art. tíbio-fibular inferior ou distal (NETTER p. 501)


Classificação: sindesmose (sinartrose fibrosa, imóvel)
Superfícies articulares: unidas por lig. interósseo, não revestidas por cartilagem
 Tibial: na incisura fibular na face lateral da sua extremidade inferior
 Fibular: faceta articular da face medial do maléolo lateral, acima da faceta articular para o tálus
21
Meios de união (sem cápsula)
 Lig. tíbio-fibular interósseo: uma extensão da membrana interóssea que une as duas superfícies articulares
 Lig. tíbio-fibular anterior: ligamento anterior da articulação
o Insere-se na face anterior da extremidade inferior da tíbia e na margem anterior do maléolo fibular
 Lig. tíbio-fibular posterior: ligamento posterior da articulação, é mais resistente e largo que o anterior
o Insere-se na margem posterior da incisura fibular da tíbia, na margem posterior do maléolo fibular

 Membrana interóssea: membrana fibrosa que une os ossos da perna em quase toda a sua extensão
o Desde o bordo interósseo do corpo da tíbia à crista interóssea da face medial do corpo da fíbula
o Dá inserção a diversos músculos anteriores e posteriores, e estabiliza a bifurcação maleolar
o As suas fibras são maioritariamente oblíquas ínfero-lateralmente (excepção relevante: lig. de Barkow)
o Continua-se, inferiormente, com o lig. tíbio-fibular interósseo, razão pelo qual a membrana interóssea
pode ser considerada um meio de união desta articulação, embora haja autores que a descrevem
separadamente
o Apresenta orifício superior para a passagem da A. tibial anterior
 Limitado, superiormente, pelo lig. de Barkow, espessamento oblíquo da membrana interóssea
o Apresenta orifício interior para a passagem da A. fibular anterior

Membrana sinovial: sendo uma sindesmose não tem sinovial própria, embora receba uma extensão da sinovial da
articulação talo-crural

Articulação talo-crural ou tíbio-társica ou do tornozelo (NETTER pp. 513-514)


Classificação: trocleartrose
Superfícies articulares: revestidas por cartilagem hialina
 Tíbio-fibular: face articular da face inferior da extremidade inferior da
tíbia e facetas articulares dos maléolos tibial e fibular
 Talar: a tróclea e as facetas maleolares medial (vírguliforme) e lateral
(triangular) do tálus

Meios de união
 Cápsula articular: insere-se no contorno das superfícies articulares,
envolvendo toda a articulação
o Anteriormente alcança a face superior do colo do tálus
o Laxa anterior e posteriormente
o Lateralmente é reforçada pelos ligg. colaterais medial e lateral
in Gray for Students
 Lig. colateral lateral: composto por 3 ligamentos independentes que
partem do maléolo fibular
o Lig. talo-fibular anterior: da margem anterior do maléolo fibular à face lateral do colo do tálus
o Lig. talo-fibular posterior: de uma fosseta na porção posterior da face medial do maléolo fibular ao
tubérculo lateral do processo posterior do tálus
o Lig. calcâneo-fibular: do ápex do maléolo fibular até à face lateral do corpo do calcâneo

 Lig. colateral medial (deltóide): composto por 4 ligamentos que partem do ápex do maléolo tibial
o Lig. tíbio-talar anterior: insere-se na face medial do colo do tálus
o Lig. tíbio-talar posterior: insere-se no tubérculo medial do processo posterior do tálus
o Lig. tíbio-calcaneano: insere-se no sustentáculo tálico do calcâneo
o Lig. tíbio-navicular: insere-se na face superior do navicular e pode alcançar a sua tuberosidade

 Lig. fíbulo-talo-calcaneano: inconstante, correspondendo a espessamento da fáscia da perna


o Parte da margem posterior do maléolo fibular e divide-se em duas lâminas: medial e lateral
 Lâmina medial ou fíbulo-talar: insere-se no tubérculo lateral do processo posterior do tálus
 Lâmina lateral ou fíbulo-calcaneana: insere-se na face superior do corpo calcaneano
22
Membrana sinovial: reveste por dentro a cápsula articular e emite prolongamento para a art. tíbio-fibular distal
Movimentos:
 (Dorsi-)Flexão: aproxima o dorso do pé à face anterior da perna
o Limitada pelos ligg. talo-fibular posterior e tíbio-talar posterior
 Extensão (também chamada flexão plantar): afasta o dorso do pé da face anterior da perna
o Limitada pelo lig. talo-fibular anterior

Articulação talo-calcaneana ou sub-talar (NETTER pp. 513-514)


 O tálus e o calcâneo articulam-se em duas articulações distintas (ver imagem): a posterior é a talo-
calcaneana ou sub-talar, e envolve as respectivas faces articulares posteriores; a anterior é a talo-calcâneo-
navicular (parte da Art. transversa do tarso), e envolve as faces articulares média e anterior dos dois ossos

Classificação: condilartrose rudimentar


Superfícies articulares: faceta articular posterior na face inferior do tálus e na face superior do calcâneo;
revestidas por cart. hialina; condicionam, articulados, entre as facetas média e posterior, o seio do tarso
Meios de união
 Cápsula articular: insere-se no contorno das superfícies articulares; sendo mais extensa ao nível do calcâneo,
póstero-lateralmente
 Lig. talo-calcaneano interósseo: preenche o seio do tarso, sendo que apenas as fibras do plano posterior
pertencem a esta articulação
 Lig. talo-calcaneano lateral: desde o processo lateral do tálus à face lateral do calcâneo
 Lig. talo-calcaneano medial: desde o tubérculo medial do processo posterior do tálus ao sustentáculo tálico
 Lig. talo-calcaneano anterior: desde a margem medial do colo do tálus à face medial do calcâneo
o Num plano profundo ao lig. tíbio-navicular
 Lig. talo-calcaneano posterior: desde os tubérculos do processo posterior do tálus à face superior do corpo
do calcâneo
Membrana sinovial
 A porção póstero-lateral (facetas posteriores) da articulação tem sinovial independente
 A porção anterior (facetas anteriores e médias) tem sinovial que comunica com a art. talo-calcâneo-navicular

Movimentos: de torção medial (combina adução com rotação medial) e lateral (combina abdução com rotação
lateral), em conjunto com a Art. transversa do tarso

in Sobotta

23
in Gray

24
Articulação transversa do tarso (Chopart) (NETTER pp. 513-515)
 Composta pelas articulações talo-calcâneo-navicular e calcâneo-cuboideia

Articulação talo-calcâneo-navicular
 Classificação: enartrose/esferoideia
 Superfícies articulares:
o Cabeça do tálus que, ântero-superiormente, articula com o navicular
o Faceta articular anterior e média do tálus, que articulam com as correspondentes calcaneanas
o Faceta articular anterior e média do calcâneo, que articulam com as correspondentes tálicas
o Face posterior do navicular, côncava, recebe a cabeça do tálus
o A face superior, fibrocartilagínea, do lig. calcaneo-navicular plantar contribui para formar o
receptáculo da cabeça do tálus, e que preenche o intervalo triangular entre o calcâneo e navicular

 Meios de união:
o Cápsula articular: insere-se nas margens articulares, mais extensamente para posterior no colo do
tálus
o Lig. talo-calcaneano interósseo: o seu plano fibroso anterior
o Lig. talo-navicular dorsal: da face superior do colo do tálus para a margem superior do navicular
o Lig. calcâneo-navicular plantar: do sustentáculo tálico do calcâneo para a margem inferior e
tuberosidade do navicular
o Feixe calcâneo-navicular do lig. bifurcado de Chopart (ver adiante)

 Membrana sinovial: comunica com a sinovial da porção anterior da art. sub-talar

Articulação calcâneo-cuboideia
 Classificação: efipiartrose/selar
 Sup. articulares: faceta cuboideia da face anterior do calcâneo e faceta articular da face post. do cubóide
 Meios de união:
o Cápsula articular: insere-se no rebordo das sup. articulares; mais laxa lateral que medialmente
o Lig. calcâneo-cuboideu dorsal: da face lateral do calcâneo para a face lateral do cubóide
o Lig. plantar longo: insere-se na face inferior do calcâneo, desde os processos lateral e medial da
tuberosidade do calcâneo até ao tubérculo do calcâneo; depois insere-se na face inferior e
tuberosidade do cubóide e na face inferior da extremidade proximal dos 4 últimos metatársicos
 Suporta o arco longitudinal da planta do pé
o Lig. calcâneo-cuboideu plantar ou plantar curto: do tubérculo do calcâneo à tuberosidade do cubóide
 Considerado uma porção profunda do ligamento plantar longo
o Lig. bifurcado (Y) de Chopart: parte da face súpero-lateral do calcâneo e bifurca-se em dois feixes
 Feixe calcâneo-navicular: insere-se na face superior da extremidade lateral do navicular

É meio de união, também, da Art. talo-calcâneo-navicular
 Feixe calcâneo-cuboideu: insere-se na face súpero-lateral do cubóide
 Membrana sinovial: independente
Movimentos da Art. transversa do tarso: de torção medial e lateral em conjunto com a Art. sub-talar

25
Articulações mesotársicas (NETTER pp. 514-515): dá-se entre os ossos do mesotarso
 Composta pelas articulações cuboideo-navicular, cúneo-navicular, cúneo-cuboideia e inter-cuneiformes
 Todas são artrodias/planas e têm mobilidade muito limitada

Articulação cuboideo-navicular
 Superfícies articulares: extremidade lateral do navicular e face medial do cubóide
 Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos cuboideo-naviculares dorsal (nas faces superiores dos
ossos), interósseo e plantar (paralelo inferiormente)
o O ligamento cuboideo-navicular plantar suporta o arco transversal da planta do pé juntamente com o
ligamento calcâneo-navicular plantar
 Sinovial: prolongamento da sinovial da Art. cúneo-navicular

Articulação cúneo-navicular
 Superfícies articulares: face anterior do navicular e face posterior dos 3 cuneiformes
 Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos cúneo-naviculares dorsal (3, nas faces superiores) e
plantar (paralelos, desde a tuberosidade navicular)
 Sinovial: extensa; emite prolongamentos para todas as outras articulações mesotársicas

Articulação cúneo-cuboideia
 Superfícies articulares: face medial do cubóide e face lateral do cuneiforme lateral
 Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos cúneo-cuboideus dorsal, interósseo e plantar
 Sinovial: prolongamento da sinovial da art. cúneo-navicular

Articulações inter-cuneiformes (duas articulações)


 Superfícies articulares: faces articulares adjacentes entre ossos cuneiformes
 Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos inter-cuneiformes dorsais (2), interósseos (2) e plantar
(1, entre cuneiformes medial e intermédio)
o O lig. inter-cuneiforme plantar ajuda a suportar o arco transversal da planta do pé

Articulações tarso-metatársicas de Lisfranc (NETTER pp. 514-515)


Classificação: artrodias/planas
Superfícies articulares: faces anteriores dos cuneiformes e cubóide com extremidades posteriores dos metatársicos
 Cuneiforme medial articula com 1º e 2º metas (com cápsula própria)
 Cuneiforme intermédio articula com 2º meta (com cápsula partilhada)
 Cuneiforme lateral articula com 2º, 3º e 4º metas (com cápsula partilhada)
 Cubóide articula com 4º e 5º metas (com cápsula própria)
 A inter-linha articular é convexa anteriormente desde o ponto médio do bordo medial do pé até ao bordo
lateral 2cm posteriormente ao primeiro ponto

Meios de união: cápsulas articulares (3) e ligamentos tarso-metatársicos dorsais (7) e plantares (7) e ligamentos
cúneo-metatársicos interósseos (3)
 O primeiro lig. cúneo-metatársico interósseo (de Lisfranc) une a superfície lateral do cuneiforme medial à
face plantar da base do 2º metatársico é o mais forte e mais importante na estabilização do complexo
articular tarso-metatársico

Membrana sinovial: uma independente por cada cápsula


Movimentos: apreciáveis apenas nos 1º, 4º e 5º metas (flexão, extensão, lateralização); o 2º é praticamente imóvel

26
Articulações inter-metatársicas (NETTER p. 515)
Classificação: artrodias/planas
Superfícies articulares: facetas adjacentes das bases dos 4 últimos metatársicos (3 articulações)
Meios de união: cápsulas articulares e ligamentos metatársicos dorsais, interósseos e plantares
 Os ligg. metatársicos plantares são mais fortes que os dorsais e podem formar uma fita contínua
Membrana sinovial: prolongamentos das sinoviais das Art. tarso-metatársicas

Articulações metatarso-falângicas (NETTER p. 515)


Classificação: condilartrose
Superfícies articulares: cabeças dos metatársicos e bases das falanges proximais
 A superfície articular da base de cada falange proximal encontra-se aumentada por uma placa
fibrocartilagínea, as placas basais, presente no seu aspecto plantar
 A cabeça do 1º meta tem duas superfícies articulares plantares, separadas por uma crista, para os ossos
sesamóides, que estão na na espessura da cápsula e estão unidos pelo lig. inter-sesamóide

Meios de união:
 Cápsulas articulares: inserem-se nas margens in Gray
articulares; fundidas com os ligg. colaterais e
plantares
o A sua fusão com a aponevrose plantar forma
as placas basais (fibrocartilagens de
ancoragem)
 Ligg. colaterais medial e lateral: inserem-se nos
tubérculos dorsais das cabeças metatársicas e
espalham-se, em leque, para se inserirem nas bases
falângicas e nas placas basais
 Ligg. metatarso-falângicos plantares:
espessamento da cápsula articular; mais
firmemente inseridos às falanges do que aos metas
 Ligg. transverso metatársico profundo: quatro
bandas que unem os ligamentos plantares
adjacentes, formando fita única

Membrana sinovial: independente para cada articulação


Movimentos: flexão, extensão, abdução e adução

Articulações inter-falângicas (NETTER p. 515)


Classificação: trocleartrose
Superfícies articulares: cabeça de uma falange (tróclea) e
base da falange seguinte (dupla cavidade glenóide)
 No hálux há apenas 1 articulação inter-falângica, enquanto que nos restantes dedos há 2 articulações

Meios de união: cápsula articular, ligamentos colaterais medial e lateral e placas basais fibrocartilagíneas, também
chamadas de ligamentos plantares

Membrana sinovial: uma para cada articulação, revestindo interiormente a cápsula


Movimentos: flexão e extensão

27
Miologia do Membro Inferior
Músculos do dorso – Grupo Profundo (NETTER p. 258)
Psoas menor: músculo inconstante situado anteriormente ao psoas maior
 Inserção proximal: na face lateral dos corpos vertebrais de T12 e L1
 Inserção distal: na eminência ílio-púbica e crista pectínea
 Acções: auxilia o psoas maior na flexão do tronco

Psoas maior
 Inserção proximal:
o Porção principal: na face lateral dos corpos vertebrais e discos intervertebrais entre T12 e L5
 Forma arcos tendinosos que se estendem desde o bordo superior ao inferior dos corpos, que
delimitam foramina por onde passam vasos lombares e ramos comunicantes simpáticos
o Porção acessória: na face anterior dos processos transversos de L1-L5
o Entre a porção principal, mais anterior, e a acessória, mais posterior, passam os ramos anteriores dos
nervos espinhais que formam o plexo lombar
 Trajecto: desce com obliquidade ínfero-ântero-lateral, une-se ao M. ilíaco formando o psoas-ilíaco, passa
na incisura homónima, muda de orientação para uma obliquidade ínfero-póstero-lateral
 Inserção distal: no pequeno trocânter do fémur
 Acções: com o tronco fixo, faz a flexão e rotação lateral da coxa, com a coxa fixa: faz a flexão e rotação
contra-lateral do tronco
Ilíaco
 Inserção proximal: na fossa ilíaca, lábio interno da crista ilíaca, ligg. sacro-ilíacos anteriores e ílio-lombar,
e porção anterior da asa do sacro
 Trajecto: as suas fibras convergem ínfero-ântero-medialmente, fundindo-se com o psoas maior
 Inserção distal: através do tendão do psoas-ilíaco, no pequeno trocânter do fémur
 Acções: auxilia o psoas maior na flexão e na rotação lateral da coxa

Músculos da anca (NETTER pp. 480-482)


Grupo dos ílio-femorais: M. grande glúteo, médio glúteo e pequeno glúteo
Grupo dos pelvi-femorais: são estabilizadores da pélvis e art. coxo-femoral em ortostatismo
 Intra-pélvicos: M. piriforme e obturador interno
 Extra-pélvicos: M. obturador externo, gémeos superior e inferior, e M. quadrado femoral

Grande glúteo
 Inserções proximais:
o 1/4 posterior do lábio externo da crista ilíaca, através da fáscia glútea
o Zona glútea posterior, posteriormente à linha glútea posterior
o Cristas sagradas lateral e média (nesta última através da fáscia tóraco-lombar)
o Margens laterais do sacro e cóccix e face posterior do lig. sacro-tuberoso
 Trajecto: obliquidade ínfero-lateral
 Inserções distais:
o Plano superficial: confunde-se com M. tensor da fáscia lata inserindo-se no tracto ílio-tibial
o Plano profundo: na tuberosidade glútea e lábio lateral da linha áspera
o Forma-se bursa sinovial entre o músculo e o grande trocânter
 Acções: extensão, rotação lateral, abdução (feixes superiores) e adução (feixes inferiores) da coxa

28
Médio glúteo
 Inserções proximais:
o 3/4 anteriores do lábio externo da crista ilíaca, podendo atingir a EIAS
o Zona glútea média, entre as linhas glúteas anterior e posterior
o Face profunda da fáscia glútea, que cobre a sua face ântero-superior
 Trajecto: obliquidade ântero-inferior
 Inserções distais: na crista do grande trocânter, na face lateral do mesmo
o Forma-se bursa sinovial entre o tendão e a margem superior do grande trocânter
 Acções: abdução, extensão, rotação lateral (feixes posteriores) e medial (feixes anteriores) da coxa

Pequeno glúteo
 Inserções proximais:
o Metade anterior do lábio externo da crista ilíaca
o Zona glútea anterior, entre as linhas glúteas anterior e inferior
 Trajecto: obliquidade ínfero-lateral
 Inserções distais: margem anterior do grande trocânter
o Expansão aponevrótica pode fundir-se com a cápsula articular da Art. coxo-femoral
o Costuma formar-se bursa sinovial entre o tendão e o grande trocânter
 Acções: abdução, extensão, rotação lateral (feixes posteriores) e medial (feixes anteriores) da coxa

Piriforme
 Inserções proximais: face anterior de S2, S3 e S4
o Digitações separadas pelos foramina sagrados segundo e terceiro
o Pode ter inserção, também, na zona glútea posterior, próximo da EIPI e do lig. sacro-tuberoso
 Trajecto: obliquidade ântero-ínfero-lateral, saindo da pélvis pelo grande foramen ciático
 Relações: situado entre os M. pequeno glúteo e gémeo superior
o Superiormente: com os vasos e nervos glúteos superiores, no foramen supra-piriforme
o Inferiormente: com os vasos e nervos glúteos inferiores, N. cutâneo femoral posterior e N. grande
ciático, no foramen infra-piriforme
o Anteriormente: dentro da pélvis, com o plexo sagrado, com o recto e com ramos da A. ilíaca interna
 Inserções distais: porção medial da margem superior do grande trocânter
 Acções: abdução, extensão e rotação lateral da coxa

Obturador interno
 Inserções proximais:
o Face interna da membrana obturadora e contorno do foramen obturador (face interna do ramo
púbico inferior e do ramo ísquio-púbico)
o Parte da superfície plana e quadrilátera do coxal que, externamente, corresponde ao acetábulo
o Processo falciforme do lig. sacro-tuberoso, contínuo com a margem inferior da membrana obturadora
 Trajecto: sai da pélvis pelo pequeno foramen ciático, separado do osso por uma bursa sinovial
o O trajecto inicial é posterior, mudando de direcção para ínfero-lateral no pequeno foramen ciático,
descrevendo um ângulo de 90º em direcção ao grande trocânter
 Relações: entre os M. gémeos superior e inferior
 Inserções distais: ântero-superiormente à fossa trocantérica, na face medial do grande trocânter
 Acções: faz abdução e rotação lateral da coxa

29
Obturador externo
 Inserções proximais: face externa da membrana obturadora e contorno do foramen obturador (face
externa do corpo do púbis, ramo púbico inferior e do ramo ísquio-púbico)
 Trajecto: com obliquidade póstero-súpero-lateral, passando posteriormente à Art. coxo-femoral
 Inserções distais: na fossa trocantérica, na face medial do grande trocânter
 Acções: faz a rotação lateral da coxa

Gémeos superior e inferior


 Inserções proximais:
o Superior: na face externa da espinha isquiática, inferiormente à inserção do lig. sacro-espinhoso
o Inferior: na tuberosidade isquiática e lig. sacro-tuberoso
 Inserções distais: na fossa trocantérica e fundem-se parcialmente com o tendão do M. obturador interno
 Trajecto e relações: dirigem-se para lateral, com o M. obturador interno entre eles
 Acções: faz a rotação lateral da coxa

Quadrado femoral
 Inserções proximais: face lateral da tuberosidade isquiática
o A sua inserção faz-se lateralmente aos tendões dos músculos posteriores da coxa (adiante descritos)
 Inserções distais: no tubérculo quadrado da crista intertrocantérica
 Acções: faz a rotação lateral e adução da coxa

Músculos da coxa (NETTER pp. 479-482 e 493-494)


Região ântero-lateral: M. sartorius e tensor da fáscia lata
(ílio-tibiais); M. quadricípite femoral (ílio-fémuro-tibial) e
articular do joelho (derivado do M. vasto intermédio)
Região medial: M. pectíneo, adutores curto, longo e magno
(pubo-femorais); M. gracillis (pubo-tibial)
Região posterior: M. bicípite femoral (ísquio-fémuro-
fibular); M. semi-tendinoso e semi-membranoso (ísquio-tibiais)

Sartorius, antigamente denominado costureiro, é o


músculo mais comprido do corpo
in Gray
 Inserções proximais: na EIAS e incisura fémuro-
cutânea
 Trajecto:
o Inicialmente oblíquo póstero-ínfero-medialmente, cruza anteriormente o M. quadricípite femoral
o Depois, verticalmente, contorna posteriormente o côndilo femoral medial e torna-se tendinoso
o O tendão dirige-se com obliquidade ântero-inferior e distribui-se, em leque, como aponevrose, em
direcção à pata de ganso
 Inserções distais: porção superior da face ântero-medial do corpo tibial como tendão anterior da pata de
ganso, anteriormente aos tendões dos M. gracillis e semi-tendinoso, e separado destes pela bursa sinovial
do sartorius
 Acções: faz a flexão, rotação lateral e abdução da coxa, e faz flexão e rotação medial da perna

Tensor da fáscia lata: há autores que consideram que pertence à região glútea (Gray e Rouvière)
 Inserções proximais:
o Lábio externo dos 5cm anteriores da crista ilíaca, juntamente com a fáscia glútea
o EIAS e incisura fémuro-cutânea, lateralmente ao M. sartorius
 Trajecto: obliquidade póstero-inferior percorrendo apenas o 1/4 ou 1/3 superior da face lateral da coxa
30
 Inserções distais: continua-se com o tracto ílio-tibial (espessamento da fáscia lata e fáscia glútea) para o
qual contribuem as fibras superficiais do M. grande glúteo
o O tracto ílio-tibial (Maissiat) desce verticalmente até ao joelho e tem as seguintes inserções:
 Principal: no tubérculo de Gerdy, situado na face anterior do côndilo lateral da tíbia, e também
se insere na linha oblíqua da tíbia
 Fibras posteriores: no septo intermuscular lateral e linha supra-condilar lateral
 Fibras anteriores: nas margens patelares laterais, reforçando o retináculo patelar lateral
 Acções: faz a flexão, abdução e rotação medial da coxa, e faz a extensão rotação lateral da perna

Quadricípite femoral
 Inserções proximais: diferem consoante as porções
o Recto femoral: o único com inserção no osso coxal
 Tendão directo: insere-se na face lateral da EIAI
 Tendão reflexo: no sulco supra-acetabular, cápsula articular e, ocasionalmente, na eminência
ílio-púbica, e emite fibras que reforçam o lig. ílio-femoral da Art. coxo-femoral
o Vasto lateral:
 Crista do vasto lateral, localizada na na face anterior e inferior do grande trocânter, mais
especificamente na porção superior da linha intertrocantérica
 Lábio lateral da tuberosidade glútea
 Lábio lateral da linha áspera na sua metade superior ou até mais inferior
o Vasto medial
 Porção inferior da linha intertrocantérica
 Crista do vasto medial, localizada no ramo medial de trifurcação da linha áspera
 Lábio medial da linha áspera
 Linha supra-condilar medial
 Algumas fibras inserem-se no próprio tendão do M. adutor magno
 A porção inferior do vasto medial, quase horizontal, é chamada vasto medial oblíquo, cuja
função principal é estabilizar a patela
o Vasto intermédio:
 3/4 superiores das faces anterior e póstero-lateral e bordo lateral do corpo femoral
 Lábio lateral da linha áspera, confundindo-se com as fibras profundas do M. vasto lateral

 Inserções distais: através do tendão conjunto do M. quadricípite femoral, em vários planos fibrosos
o Plano superficial: tendão do recto femoral, cujas fibras superficiais se continuam com o lig. patelar,
passando anteriormente à patela, terminando na tuberosidade tibial, e cujas fibras profundas se
inserem na margem anterior da base da patela
o Plano médio: fibras dos vastos lateral e medial, que se inserem na base e margens laterais da patela
o Plano profundo: tendão do vasto intermédio que se insere na base da patela

 Acções: extensão da perna (todo o músculo) e flexão da coxa (só o M. recto femoral)
o Em ortostatismo, só o M. recto femoral está activo, puxando a patela para cima, por ter uma inserção
anterior a esta; o “M. vasto medial oblíquo” torna-se importante ao contrariar este movimento; é uma
porção muscular fundamental na estabilização da art. patelo-femoral

 M. articular do joelho: músculo inconstante composto por fascículos aberrantes do vasto intermédio,
embora seja independente deste
o Inserções proximais: no 1/4 inferior da face anterior do fémur
o Inserções distais: na cápsula articular do joelho e prolongamento supra-patelar da sinovial
o Acções: impede o colapso do prolongamento supra-patelar da sinovial durante a extensão da perna

31
32
in Sobotta
Pectíneo, no plano superficial dos adutores, o mesmo que o M. adutor longo
 Inserções proximais: superfície e crista pectínea, desde a eminência ílio-púbica até ao tubérculo púbico
o A fáscia pectínea, que cobre o músculo, insere-se e reforça o ligamento pectíneo (Cooper)
o Feixes profundos podem inserir-se na crista obturadora (limite anterior da superfície pectínea)
 Trajecto: obliquidade póstero-ínfero-lateral
 Relações:
o A sua fáscia forma o limite posterior do anel femoral, relacionando-se com os vasos femorais
o O corpo muscular forma o fundo do triângulo femoral (Scarpa)
 Inserções distais: na linha pectínea, o ramo médio de trifurcação da linha áspera
 Acções: faz a adução, flexão e rotação lateral da coxa

Gracillis, o único do grupo medial cuja inserção distal ultrapassa a articulação do joelho
 Inserções proximais: face anterior do corpo e ramo inferior do púbis, medialmente à inserção dos
adutores curto e magno
 Trajecto: descendente vertical
 Inserções distais: na porção superior da face ântero-medial do corpo tibial como tendão médio da pata de
ganso, entre os tendões do sartorius (à frente) e do semitendinoso (atrás)
 Acções: faz a adução da coxa e a flexão e rotação medial da perna

Adutor longo, o mais superficial dos adutores


 Inserções proximais: face anterior do corpo do púbis, desde a face inferior do tubérculo púbico à margem
da superfície sinfiseal, superiormente à inserção do M. adutor curto
 Trajecto: obliquidade póstero-ínfero-lateral, irradiando em leque (forma triangular)
 Relações: posteriormente, relaciona-se com os M. adutores curto e magno
o Forma o limite medial do triângulo femoral
 Inserções distais: no interstício da linha áspera, entre as inserções dos M. vasto medial e adutor magno,
o Há quem considere que se insere na porção lateral do lábio medial da linha áspera, unido à inserção
do M. vasto medial, deixando o interstício para ser a inserção apenas dos adutores curto e magno
 Acções: faz adução, flexão e rotação lateral da coxa

Adutor curto, no plano intermédio dos adutores


 Inserções proximais: face anterior do corpo do púbis, entre as inserções dos obturador externo e gracillis
 Trajecto: obliquidade póstero-ínfero-lateral
 Relações: situado posteriormente à porção superior do M. adutor longo
 Inserções distais:
o Feixe superior: no ramo médio de trifurcação da linha áspera (a linha pectínea) ou ligeiramente lateral
a este, formando a linha do adutor curto, situada entre a linha pectínea e a tuberosidade glútea
o Feixe inferior: porção superior do interstício da linha áspera
 Acções: faz a adução, flexão e rotação lateral da coxa

33
Adutor magno, o mais profundo dos adutores
 Inserções proximais:
o Face ântero-lateral do ramo ísquio-púbico, inferiormente à inserção do M. obturador externo
o Tuberosidade isquiática, inferiormente à inserção do M. quadrado femoral
 Trajecto: obliquidade ínfero-lateral, distribuindo-se em leque (forma triangular)
 Relações:
o O tendão de inserção (a base femoral do triângulo), ao longo da sua extensão, delimita vários
foramina para ramos perfurantes da A. femoral profunda, sendo que o último destes buracos, o anel
do adutor magno, marca a transição entre A. femoral e A. poplítea
o Os M. adutores (e o pectíneo) formam a face posterior do sulco ou canal femoral ou dos adutores
(Hunter), que se relaciona com os vasos femorais
 A parede ântero-lateral do canal femoral é formada pelos M. psoas-ilíaco e vasto medial
 A parede ântero-medial do canal femoral é formada por um septo fibroso desde o M. vasto
medial e adutor magno, denominado septo intermuscular vasto-adutor

 Inserções distais:
o Feixe superior, também chamado M. adutor mínimo: insere-se na porção medial da tuberosidade
glútea e lábio lateral da linha áspera
o Feixe médio: interstício da linha áspera, entre as inserções do M. adutor longo e da curta porção do
M. bicípite femoral, alcançando a porção proximal da linha supra-condilar medial
o Feixe inferior: no tubérculo do adutor magno, na porção superior da face medial do côndilo medial do
medial
 Acções: faz a adução, extensão e rotação lateral da coxa

Bicípite femoral, o mais lateral do grupo posterior


 Inserções proximais:
o Longa porção: porção posterior da tuberosidade isquiática, num tendão conjunto com o
semitendinoso
o Curta porção:
 Metade inferior e lateral do interstício da linha áspera, entre as inserções dos M. vasto lateral e
adutor magno (há quem considere que se insere no lábio lateral)
 Linha supra-condilar lateral, ficando a 5cm do côndilo femoral lateral
 Trajecto e relações: com obliquidade ínfero-lateral
o A longa porção e o M. semi-tendinoso são contíguos durante 7.5cm e após se afastarem formam
ambos os limites superiores da fossa poplítea; o bordo medial tem aderente o N. peroneal comum
 Inserções distais: tendão comum no ápex fibular e, por fibras superficiais, na face lateral do côndilo lateral
da tíbia, separado do lig. colateral fibular por uma bursa sinovial sub-tendinosa
 Acções: faz a extensão e rotação lateral da coxa, e faz a flexão e rotação lateral da perna

Semitendinoso
 Inserções proximais: porção posterior da tuberosidade isquiática, num tendão conjunto com a longa
porção do M. bicípite femoral
 Trajecto: com obliquidade ínfero-medial
o Contorna póstero-medialmente o côndilo medial do fémur para atingir a face ântero-medial do corpo
tibial, medialmente à tuberosidade tibial (pode ter intersecção tendinosa a meio do trajecto)
 Inserções distais: na porção superior da face ântero-medial do corpo tibial como tendão posterior da pata
de ganso, atrás dos tendões do sartorius e do gracillis
 Acções: faz a extensão e rotação medial da coxa, e a faz a flexão e rotação medial da perna

34
Semimembranoso, o mais medial e mais profundo do grupo posterior
 Inserções proximais: face lateral da tuberosidade isquiática, profundamente à inserção do tendão
conjunto dos dois músculos anteriores
 Trajecto: com obliquidade ínfero-medial em direcção à face posterior do côndilo medial do fémur,
separado deste pela bursa sinovial do semi-membranoso
 Inserções distais:
o Tendão directo: continua a direcção do eixo muscular e insere-se num tuberculum tendinis na face
posterior do côndilo tibial medial; algumas das fibras descem até ao bordo medial da tíbia
o Tendão reflectido: contorna, profundamente ao lig. colateral tibial, de forma quase horizontal, a face
medial do côndilo tibial medial, através de um sulco horizontal, inserindo-se na sua face anterior
o Tendão recorrente: expansão tendinosa que se dirige súpero-lateralmente, constituindo o lig. poplíteo
oblíquo, que faz parte do plano fibroso posterior dos ligg. da articulação do joelho, reforçando a
cápsula articular
 Acções: faz a extensão e rotação medial da coxa, a flexão e rotação medial da perna, e tem ainda a função
de tensionar a cápsula articular

in Gray

35
Músculos da perna
Região anterior (NETTER pp. 507-508 e 517) de medial para lateral:
 M. tibial anterior, longo extensor do hálux, longo extensor dos dedos e terceiro peroneal

Região lateral (NETTER p. 506 e 516): M. longo (plano superficial) e curto (plano profundo) peroneais
Região posterior (NETTER pp. 503-505, 520-521):
 Plano superficial: o M. tricípite sural, composto por M. sural e gastrocnémios, e o M. plantar
 Plano profundo, de medial para lateral: os M. poplíteo, longo flexor dos dedos, tibial posterior e longo
flexor do hálux

Tibial anterior, o mais medial da região anterior


 Inserções proximais:
o Tubérculo de Gerdy e linha oblíqua da tíbia
o 2/3 superiores da face ântero-lateral do corpo tibial
o Porção súpero-medial da membrana interóssea
o 1/4 superior da face profunda da fáscia crural
 Trajecto: com obliquidade ínfero-medial, torna-se tendinoso no 1/3 inferior da perna, passa inferiormente
aos retináculos superior e inferior dos extensores, e atinge o bordo medial do pé, à frente do maléolo tibial
 Inserções distais:
o Face medial (rugosidade própria) e inferior do cuneiforme medial
o Face inferior da base do 1º metatársico
 Acções: faz a dorsiflexão e supinação do pé (combinação de rotação medial com adução e inversão)

Longo extensor do hálux


 Inserções proximais: no 1/3 médio da face medial da fíbula e metade adjacente (lateral) da m. interóssea
 Trajecto: tem obliquidade ínfero-medial, torna-se superficial no 1/3 inferior da perna e passa inferiormente
aos retináculos dos extensores
 Inserções distais: face superior da base da falange distal do hálux
 Acções: faz a dorsiflexão e rotação medial do pé, e ainda a extensão do hálux

Longo extensor dos dedos


 Inserções proximais:
o Face ântero-inferior do côndilo lateral da tíbia
o 2/3 superiores da face medial e bordo anterior do corpo da fíbula
o Porção adjacente da membrana interóssea, superiormente ao M. longo extensor do hálux
o Porção superior da face profunda da fáscia crural
 Trajecto: desce verticalmente, torna-se tendinoso na metade inferior da perna, passa inferiormente aos
retináculos dos extensores e divide-se em 4 tendões para os 4 últimos dedos
 Inserções distais: cada tendão trifurca-se em 2 linguetas laterais e 1 lingueta média
o Linguetas laterais inserem-se na face superior da base da falange distal
o Linguetas médias inserem-se na face superior da base da falange média
 Acções: faz a dorsiflexão e pronação do pé (combinação de rotação lateral com abdução e eversão), e faz a
extensão dos 4 últimos dedos

36
Terceiro peroneal/fibular ou peroneal anterior, inconstante, é o mais lateral da região anterior
 Inserções proximais: fibras frequentemente fundidas com as do 5º tendão do M. longo extensor dos dedos
o 1/3 inferior da face medial do corpo da fíbula e porção adjacente da membrana interóssea
o Septo intermuscular anterior, que o separa dos músculos da região lateral
 Trajecto: forma tendão oblíquo ínfero-lateralmente, que passa inferiormente aos retináculos dos extensores
 Inserções distais: face superior da base e metade posterior do corpo do 5º metatársico
 Acções: faz a dorsiflexão e pronação do pé

Longo peroneal, o mais lateral dos músculos da perna


 Inserções proximais: Entre o tendão de origem e o colo da fíbula passa o n. peroneal comum
o Porção ântero-lateral da cabeça fibular e 1/3 a 2/3 superiores da face lateral do corpo da fíbula
o Septos intermusculares anterior e posterior, separando a loca lateral das locas anterior e posterior
 Trajecto:
o Tendão desce, passa posteriormente ao maléolo fibular, num sulco partilhado anteriormente com o
tendão do M. curto peroneal; este sulco é transformado em canal pelo retináculo fibular superior
o Desliza na face lateral do calcâneo, no sulco inferior da tróclea fibular e dentro do retináculo fibular
inferior, e ao atingir o bordo lateral do pé, passa num sulco na face inferior do cubóide, cruzando a
planta do pé para medial
o É posterior e depois inferior ao M. congo peroneal ao longo do trajecto
 Inserções distais: tuberosidade da face inferior da base do 1º meta e face inferior do cuneiforme medial
 Acções: faz extensão e pronação do pé, e suporta os arcos longitudinal e transversal da planta do pé

Curto peroneal (plano profundo da loca muscular lateral)


 Inserções proximais: nos 2/3 inferiores da face lateral do corpo da fíbula e nos septos intermusculares
anterior e posterior
 Trajecto:
o Tendão desce, passa posteriormente ao maléolo fibular, num sulco partilhado posteriormente com o
tendão do M. longo peroneal; este sulco é transformado em canal pelo retináculo fibular superior
o Desliza na face lateral do calcâneo, num sulco superior da tróclea fibular e dentro do retináculo fibular
inferior, sendo anterior e superior ao M. longo peroneal ao longo do trajecto
 Inserções distais: na tuberosidade da base do 5º metatársico
 Acções: faz a pronação do pé

Tricípite sural, músculo composto por 3 porções individuais reunidas num tendão terminal
 Inserções proximais:
o Solear: anteriormente aos M. gastrocnemius, insere-se na arcada do solear
 1/4 superior da face posterior do corpo da fíbula e porção posterior da cabeça fibular
 Linha do solear, no 1/3 superior da face posterior da tíbia
 A porção que une as inserções tíbio-fibulares forma um uma arcada fibrosa, a arcada do solear
por onde passam os vasos poplíteos e o N. tibial
o Gastrocnemius lateral (menos volumoso e com mais fibras tendinosas que o medial):
 Insere-se na face lateral (superiormente ao epicôndilo) e porção póstero-superior do côndilo
femoral lateral, incluindo o denominado tubérculo supra-condilar lateral (ver Osteologia)
 Na espessura do seu tendão proximal pode existir um osso sesamóide chamado fabela, que
emite um lig. fabelo-fibular para a face medial da cabeça fibular (ver Artrologia)
o Gastrocnemius medial (mais volumoso e com mais fibras musculares que o lateral):
 Insere-se na face medial (superiormente ao epicôndilo) e porção póstero-superior do côndilo
femoral medial, incluindo o tubérculo supra-condilar medial

37
 Trajecto: os corpos musculares dos gastrocnemius, que formam os limites inferiores da fossa poplítea,
convergem, formando o sulco da V. pequena safena, e juntam-se com as fibras do solear que também
convergem para uma lâmina tendinosa terminal
o Na metade inferior da perna, o M. solear é mais largo que os M. gastrocnemius, sendo palpável
 Inserção terminal (comum): tendão calcaneano ou de Aquiles, que se insere na tuberosidade do calcâneo
o O tendão de Aquiles está separado do corpo do calcâneo por uma bursa sinovial e tecido adiposo
o Tem 15cm de comprimento e as suas fibras são espiraladas
 Acções: faz a extensão e supinação acessória (gastrocnemius medial) do pé, a flexão da perna (M.
gastrocnemius) e contribui para o equilíbrio postural (solear)

Plantar, inconstante e vestigial (ausente em 10% dos casos) é análogo ao M. longo plantar do antebraço,
estando bem desenvolvido noutros mamíferos
 Inserções proximais: na porção inferior da linha supra-condilar lateral e no lig. poplíteo oblíquo
 Trajecto: tem um trajecto oblíquo ínfero-medialmente, sendo muscular durante 7-10cm, tornando-se
tendinoso a nível da arcada do solear, descendo entre o M. gastrocnemius medial e o solear até se colocar
medialmente ao tendão de Aquiles
 Inserções distais: funde-se com o tendão de Aquiles ou insere-se na tuberosidade calcaneana juntamente
com este ou, por vezes, termina fundindo-se com a fáscia da perna
 Acções: auxiliar do M. gastrocnemius na flexão da perna

Poplíteo, o mais superior dos músculos do plano profundo da loca posterior


 Inserções proximais: na face lateral do côndilo femoral lateral, póstero-inferiormente ao epicôndilo
lateral, parcialmente no bordo externo do menisco lateral, e ainda recebendo fibras da cápsula articular
o Do tendão de origem parte o lig. poplíteo-fibular, que desce para a face medial da cabeça da fíbula
 Trajecto: obliquidade ínfero-medial, sendo que na porção inicial é coberto pelo lig. poplíteo arqueado
 Relações: forma o fundo da porção inferior da fossa poplítea
 Inserções distais: no lábio superior da linha do solear e face posterior do corpo da tíbia superior à linha
 Acções: faz a flexão e rotação medial da perna, e resiste à rotação lateral da tíbia, estabilizando a
articulação, quer por acção directa quer pela tensão exercida no lig. poplíteo-fibular

Longo flexor dos dedos, o mais medial dos músculos do plano profundo loca posterior
 Inserções proximais:
o Metade medial do lábio inferior da linha do solear
o 1/3 médio da face posterior do corpo da tíbia
o Também se insere num septo intermuscular que o separa do M. tibial posterior
 Trajecto:
o A porção muscular é medial ao M. tibial posterior, mas o seu tendão cruza o do M. tibial posterior
posteriormente para lateral, passa num sulco na face posterior do maléolo tibial e atinge a face medial
do calcâneo no canal calcaneano depois de passar dentro do retináculo dos flexores
o Atinge a planta do pé e cruza, inferiormente, o tendão do M. longo flexor do hálux e depois divide-se
em 4 tendões para os 4 últimos dedos
o Os tendões digitais são profundos aos tendões análogos do M. curto flexor dos dedos e perfuram-nos
ao nível da Art. inter-falângica proximal, pelo que se designam “tendões perfurantes”
 Inserções distais: na face inferior da base da falange distal dos 4 últimos dedos
 Acções: faz a extensão e supinação do pé, e faz a flexão dos 4 últimos dedos

38
Tibial posterior, situado entre o M. longo flexor dos dedos e o M. longo flexor do hálux
 Inserções proximais:
o Metade lateral do lábio inferior da linha do solear
o 2/3 superiores da metade lateral da face posterior do corpo da tíbia
o Na porção adjacente da membrana interóssea
o 2/3 superiores da face medial do corpo da fíbula
o Nos septos intermusculares que o separam dos dois flexores referidos
 Trajecto:
o A porção muscular é lateral ao M. longo flexor dos dedos, mas depois o tendão cruza-o anteriormente,
passa no sulco da face posterior do maléolo tibial e atinge a face medial do calcâneo no canal
calcaneano, depois de passar dentro do retináculo dos flexores
o Atinge o bordo medial e planta do pé
 Inserções distais: tendão bifurca-se em duas porções na planta do pé
o Porção medial: continua a direcção do tendão original e insere-se na tuberosidade navicular e
cuneiforme medial, e envia fibras para a margem distal do sustentáculo tálico
o Porção lateral: insere-se nos cuneiformes médio e lateral, bases dos 2º, 3º e 4º metatársicos, e
ocasionalmente no cubóide
 Acções: faz a extensão e supinação do pé

Longo flexor do hálux


 Inserções proximais:
o Nos 3/4-2/3 inferiores da face posterior do corpo da fíbula
o Na porção inferior da membrana interóssea
o Também se insere no septo intermuscular que o separa do M. tibial posterior
 Trajecto:
o Desce com obliquidade ínfero-medial, passa no sulco próprio na face posterior da extremidade
inferior da tíbia, depois no sulco entre os tubérculos medial e lateral do processo posterior do tálus
o Atinge o seu sulco próprio imediatamente inferior ao sustentáculo tálico na face medial do calcâneo
após passar profundamente ao retináculo dos flexores (que transforma os sulcos sucessivos do tálus e
calcâneo num canal contínuo)
 Em ambos os sulcos, o tendão é posterior à A. tibial posterior e ao N. tibial
o Atinge a planta do pé, cruzando superiormente (profundamente) o tendão do M. longo flexor dos
dedos (dando-lhe uma forte expansão fibrosa para os seus dois tendões mediais), e continua o trajecto
em direcção ao hálux, passando entre os ossos sesamóides
 O cruzamento entre os tendões dos M. longo flexor dos dedos e do hálux é o nó de Henry, um
ponto que, devido à sua espessura e à sua relação superior com o N. plantar medial, pode
comprimir este nervo e causar dor (joggers e runners)
 Inserções distais: face inferior da base da falange distal do hálux
 Acções: faz a flexão do hálux e também a extensão e supinação do pé

39
in Gray

Músculos do pé
Região dorsal (NETTER pp. 517-518): M. curto extensor dos dedos
Região plantar medial (NETTER pp. 519-522), músculos do hálux: M. abdutor, curto flexor e adutor
Região plantar lateral (NETTER pp. 519-522), músculos do mínimo: M. abdutor, curto flexor e oponente
Região plantar intermédia (NETTER pp. 519-522): num plano superficial, M. curto flexor dos dedos e num
plano profundo, M. quadrado plantar e lombricóides
Região interóssea (NETTER pp. 523-524): M. interósseos dorsais e plantares
40
Curto extensor dos dedos
 Inserções proximais:
o Face súpero-lateral da porção anterior do calcâneo, anteriormente à tróclea fibular e ao seio do tarso
o No lig. talo-calcaneano interósseo
o Na face profunda do retináculo inferior dos extensores
 Trajecto: origina quatro tendões profundos (inferiores) aos tendões do M. longo extensor dos dedos
 Inserções distais:
o 1º tendão: face superior da base da falange proximal do hálux (feixe curto extensor do hálux)
o Restantes: fundem-se com os tendões do longo extensor dos dedos ao nível da Art. metatarso-
falângica
 Acções: faz a extensão dos 4 primeiros dedos

Abdutor do hálux, o mais superficial dos plantares mediais


 Inserções proximais:
o No processo medial da tuberosidade do calcâneo
o Face profunda da aponevrose plantar e porção inferior do retináculo dos flexores
o Recebe fascículo acessório que se insere na tuberosidade navicular
 Trajecto: obliquidade ântero-medial
 Inserções distais: margem medial da base da falange proximal do hálux e no sesamóide medial
 Acções: faz a flexão e abdução do hálux, em relação a um plano que passa pelo 2º dedo

Curto flexor do hálux


 Inserções proximais: face inferior do cubóide e cuneiforme lateral e no lig. calcaneo-cuboideu plantar
o Também na face profunda da aponevrose plantar
 Trajecto: obliquidade ântero-medial, originando duas porções musculares
 Inserções distais:
o Feixe medial: insere-se na margem medial da base da falange proximal do hálux e sesamóide medial
 Confunde-se com o tendão do M. abdutor do hálux
o Feixe lateral: insere-se na margem lateral da base da falange proximal do hálux e sesamóide lateral
 Confunde-se com o tendão do M. adutor do hálux
 Acções: faz a flexão do hálux

Adutor do hálux
 Inserções proximais:
o Feixe oblíquo: na tuberosidade do cubóide, no cuneiforme lateral, na base do 2º e 3º metatársicos e
no lig. plantar longo
o Feixe transverso: nas placas basais fibrocartilagíneas e ligg. transverso metatársico profundo das 3
últimas Art. metatarso-falângicas
 Trajecto: as porções convergem para a art. metatarso-falângica do hálux
 Inserções distais: margem lateral da base da falange proximal do hálux e no sesamóide lateral
o Confunde-se com o tendão do M. curto flexor do hálux
 Acções: faz a flexão e adução do hálux, e estabiliza os arcos longitudinal e transversal da planta do pé

Abdutor do mínimo, o mais superficial dos plantares laterais


 Inserções proximais: no processo lateral e medial da tuberosidade do calcâneo
o Inconstantemente, da tuberosidade da base do 5º metatársico
o Também na face profunda da aponevrose plantar
 Inserções distais: margem lateral da base da falange proximal do mínimo
 Acções: faz a flexão e adução do mínimo

41
Curto flexor do mínimo
 Inserções proximais: na face inferior da base do 5º metatársico
o Também na bainha fibrosa do M. longo peroneal e no lig. plantar longo
 Inserções distais: margem lateral da base da falange proximal do mínimo
 Acções: faz a flexão do mínimo
Oponente do mínimo, é inconstante e pode ser considerado feixe lateral do M. curto flexor do mínimo
 Inserções proximais: fundido com a origem do curto flexor do mínimo + face inferior do cubóide
 Inserções distais: margem lateral do corpo do 5º metatársico
 Acções: faz a flexão e adução do mínimo
Curto flexor dos dedos, o mais superficial dos plantares médios
 Inserções proximais: processo medial da tuberosidade do calcâneo
o Também na face profunda da aponevrose plantar
 Trajecto:
o Divide-se em 4 tendões que acompanham inferiormente os tendões do longo flexor dos dedos
o Cada tendão é perfurado pelos tendões do longo flexor, ao nível da Art. metatarso-falângica proximal
 Inserções distais: As linguetas laterais, que se formam com a perfuração descrita, inserem-se nos bordos
respectivos da base da falange média dos 4 últimos dedos
 Acções: faz a flexão dos 4 últimos dedos

Quadrado plantar ou M. flexor acessório, é profundo ao M. curto flexor dos dedos


 Inserções proximais:
o Porção medial: maior e mais muscular, insere-se no processo medial da tuberosidade do calcâneo e na
face medial do canal calcaneano, inferiormente ao sulco do tendão do M. longo flexor do hálux
o Porção lateral: mais tendinosa, insere-se no processo lateral da tuberosidade do calcâneo e no
ligamento plantar longo
 Inserções distais: margem lateral do arco tendinoso do tendão do M. longo flexor dos dedos
 Acções: faz a flexão dos 4 últimos dedos e suporta o arco longitudinal do pé

Lombricóides
 Inserções proximais: nos bordos adjacentes entre os tendões do M. longo flexor dos dedos
o O 1º lombricóide insere-se somente no bordo medial do tendão para o 2º dedo
 Trajecto: contornam medialmente a Art. metatarso-falângica em direcção ao dorso do pé
 Inserções distais: na margem medial da base da falange proximal do 2º ao 5º dedos
o Também se insere, por uma expansão tendinosa, nos respectivos tendões do longo extensor dos dedos
 Acções: faz a flexão da falange proximal e extensão das falanges distais

Interósseos plantares
 Inserções proximais: margem medial do corpo dos 3º, 4º e 5º metatársicos
 Trajecto: ocupam apenas metade do espaço interósseo, acompanhando o bordo medial do dedo
correspondente ao metatársico de inserção
 Inserções distais: margem medial da base da falange proximal dos 3º, 4º e 5º dedos
o Tal como os lombricóides, enviam expansão tendinosa para o tendão do M. longo extensor dos dedos
 Acções: aproximam os dedos por adução e fazem a flexão da falange proximal e extensão das distais
Interósseos dorsais
 Inserções proximais: margens adjacentes do corpo dos metatársicos
o Só na metade posterior no caso do 1º meta
 Trajecto: ocupam todo o espaço interósseo, acompanhando o dedo em que a respectiva inserção
metatársica é mais extensa, de forma que se orientem para o eixo médio do pé, que passa no 2º dedo
 Inserções distais: no bordo lateral (2º-4º) ou medial (1º) da base da falange proximal dos 4 últimos dedos
 Acções: afastam os dedos por abdução e fazem a flexão da falange proximal e extensão das distais
42
Interósseos dorsais Interósseos plantares

in Gray

Tecidos moles do membro inferior


 Bainhas fibrosas da perna
 Bainhas sinoviais da perna e pé
 Aponevroses da coxa, perna e pé

Bainhas fibrosas da perna (NETTER pp. 516-517)


 Retináculo superior dos extensores: 1/4 inferior da face anterior da perna, reforça a fáscia da perna
o Insere-se da margem anterior do maléolo fibular até bordo anterior da tíbia, no 1/4 inferior da perna
o Cobre os tendões de todos os músculos da região anterior
o Fibras superficiais envolvem o tendão do M. tibial anterior, formando a bainha ósteo-fibrosa medial
o Fibras profundas (lig. frondiforme) envolvem, primeiro, o M. longo extensor do hálux e seguidamente,
os longo extensor dos dedos e terceiro peroneal, formando as bainhas ósteo-fibrosas média e lateral

 Retináculo inferior dos extensores: inferiormente ao retináculo superior dos extensores


o Proximalmente insere-se na face súpero-lateral do calcâneo e no seio do tarso
o Tem trajecto súpero-medial, dividindo-se em lâmina superior e lâmina inferior
 Lâmina superior: cruza o tornozelo anteriormente aos tendões dos extensores e insere-se na
margem anterior do maléolo tibial
 Lâmina inferior: cruza o dorso do pé anteriormente aos tendões dos extensores e insere-se na
tuberosidade navicular, na face medial do cuneiforme medial, e na margem medial da
aponevrose plantar

 Retináculo superior dos fibulares: formam uma bainha ósteo-fibrosa comum para os músculos fibulares
o Desde os lábios do sulco retro-maleolar do maléolo fibular para a face lateral do calcâneo

 Retináculo inferior dos fibulares: formam bainhas ósteo-fibrosas separadas, uma superior para o M. longo
peroneal e outra inferior para o curto peroneal
o Desde a origem do retináculo inferior dos extensores aos sulcos dos músculos fibulares acima e
abaixo da tróclea fibular na face lateral do calcâneo

43
 Retináculo dos flexores: do bordo posterior e ápex do maléolo tibial partem duas lâminas (superficial e
profunda) que, após trajecto póstero-inferior, se inserem na face medial do calcâneo até ao processo medial
da sua tuberosidade, na aponevrose plantar
o Condicionam, através de septos, quatro bainhas ósteo-fibrosas, organizadas céfalo-caudalmente:
 Superior: tendão do M. tibial posterior
 Média: tendão do M. longo flexor dos dedos
 Neurovascular: para os vasos tibiais posteriores e nervo tibial
 Inferior: tendão do M. longo flexor do hálux
o Mnemónica: TOM, DICK AND HARRY
 T: tibial posterior
 D: longo flexor dos dedos
 AN: artéria (e veia) tibial posterior e nervo tibial
 H: longo flexor do hálux

in Gray for Students

Bainhas sinoviais da perna e pé (NETTER pp. 516-517)


 Região anterior: existem as bainhas sinoviais medial, média e lateral
o Medial: (M. tibial anterior) começa superiormente ao retináculo superior dos extensores
o Média: (M. longo extensor do hálux) desde o bordo superior do retináculo inferior dos extensores e
termina na primeira art. metatarso-falângica
o Lateral: (M. longo extensor dos dedos e terceiro peroneal) desde o bordo superior do retináculo
inferior dos extensores até ao osso navicular
 Região lateral: começa atrás do maléolo fibular, inicialmente comum mas torna-se própria de cada tendão
de cada fibular após o retináculo superior dos fibulares;
o O M. longo peroneal ainda possui uma bainha sinovial plantar independente, desde o seu sulco na
face inferior do cubóide até à sua inserção terminal
 Região medial (músculos da região posterior): existem as bainhas sinoviais superior, média e inferior,
começando todas atrás do maléolo tibial
o Superior: (M. tibial posterior) termina antes da inserção navicular
o Média: (M. longo flexor dos dedos) termina na Art. cúneo-navicular
o Inferior: (M. longo flexor do hálux) termina na primeira Art. metatarso-falângica
 Região plantar: cinco bainhas sinoviais digitais para os tendões dos M. flexores dos dedos, longo e curto
o Porção anular: entre articulações
o Porção cruciforme: sobreposto às articulações
44
Aponevroses da coxa (NETTER p. 492)
 Fáscia glútea: insere-se no lábio lateral da crista ilíaca, servindo de inserção dos M. grandes e médio glúteos,
revestindo estes músculos
o Reforça, ao nível do bordo anterior do M. médio glúteo, a fáscia lata e o tracto ílio-tibial
 Fáscia lata: envolve toda a coxa como uma manga, e tem um espessamento lateral denominado tracto ílio-
tibial, e, que serve de inserção ao M. tensor da fascia lata
o Contínua, superiormente, com a fáscia glútea, lig. inguinal e fáscia subcutânea abdominal de Scarpa
o Contínua, inferiormente, ao nível dos côndilos tibiais, com a fáscia crural
o Emite dois septos intermusculares que separa as locas musculares anterior, medial e posterior
 Septo intermuscular medial: insere-se ao longo da linha pectínea, lábio medial da linha áspera e
linha supra-condilar medial, separando as locas anterior e medial
 Septo intermuscular lateral: insere-se ao longo da tuberosidade glútea, lábio lateral da linha
áspera e linha supra-condilar lateral, separando as locas anterior e posterior
o Emite folhetos que envolvem os vasos e nervos femorais, constituindo a bainha dos vasos femorais ao
longo do canal femoral ou dos adutores (Hunter), que superiormente se continua com o anel femoral
o A porção ântero-medial proximal denomina-se fascia cribiforme e tem abertura para a V. grande
safena, limitado pelo bordo falciforme
o O triângulo femoral está limitado, lateralmente, pelo M. sartorius, superiormente pelo lig. inguinal,
medialmente pelo M. longo adutor, com vértice inferior no septo intermuscular vasto-adutor

Aponevroses e locas da coxa

in Gray

Aponevroses da perna (NETTER p. 510)


 Fáscia crural: envolve a perna como uma manga
o Continua-se, superiormente, com a fáscia lata, e inferiormente, com os diversos retináculos
o Emite três septos intermusculares:
 Septo intermuscular transverso: desde o bordo medial da tíbia ao bordo posterior da fíbula
 Separa os planos superficial e profundo da loca muscular posterior da perna
 Septo intermuscular anterior: desde o tecido subcutâneo até ao bordo anterior da fíbula,
separa as locas anterior e lateral
 Septo intermuscular posterior: desde o tecido subcutâneo até ao bordo posterior da fíbula,
separa a loca lateral da posterior

45
in Sobotta

Aponevroses do pé (SOBOTTA V1 p. 369)


 Fáscia plantar superficial: três porções separadas por dois septos
o Porção média: central, triangular de base anterior, desde os processos da tuberosidade calcaneana
 Mais densa e fibrosa, serve de inserção muscular a vários músculos plantares
 Divide-se, anteriormente, em cinco bandas digitais, que emitem septos que envolvem os
tendões dos M. flexores e se inserem na fáscia dos interósseos e no lig. transverso metatársico
profundo
o Porções medial e lateral: desde a porção média até aos respectivos bordos do pé, continuando-se
com a fáscia dorsal superficial
o Septos medial e lateral: separam as referidas porções de acordo com os planos dos 1º e 5º
metatársicos, respectivamente, originando as locas musculares descritas

 Fáscia plantar profunda (fáscia dos interósseos): separa a loca muscular média dos M. interósseos plantares
 Fáscia dorsal superficial: contínua com os retináculos e fáscia crural
 Fáscia dorsal intermédia: reveste o M. curto extensor dos dedos
 Fáscia dorsal profunda (dos interósseos): reveste os M. interósseos dorsais

in Gray

46
Artérias do Membro Inferior
Artéria ilíaca interna (NETTER pp. 376, 383, 486, 489):
 Ramos extra-pélvicos: A. glútea superior, glútea inferior, obturadora e pudenda interna
A. obturadora: relaciona-se com a fáscia do M. obturador interno e atravessa o canal obturador
 Terminação: bifurca-se no canal obturador em ramo anterior e posterior
 Ramo anterior: anteriormente ao M. curto adutor, vasculariza o M. obturador externo e os músculos mediais
da coxa, e vasculariza o escroto e os grandes lábios
o Termina anastomosando com o seu ramo posterior e a A. circunflexa femoral medial
 Ramo posterior: posteriormente ao M. curto adutor, vasculariza os mesmos músculos que o r. anterior
o Ramo acetabular: atravessa a incisura acetabular e percorre o lig. da cabeça do fémur
o Termina anastomosando com o r. anterior, e com A. glútea inferior e circunflexa femoral medial
 Colaterais (intra-pélvicos):
o Ramos musculares: para o M. ilíaco e obturador interno
o Ramo vesical: pode substituir a A. vesical inferior
o Ramo púbico: anastomosa com o homónimo da A. epigástrica inferior atrás do púbis

A. glútea superior: 1º colateral da A. ilíaca interna, dirige-se posteriormente para o foramen grande ciático
superiormente ao M. piriforme (foramen supra-piriforme), e termina por bifurcação na região glútea
 Ramo superficial: entre os M. médio e grande glúteos, vascularizando-os
o Termina anastomosando com a A. glútea inferior
 Ramo profundo: entre os M. médio e pequeno glúteos, vascularizando-os
o Ramo superior: dirige-se lateralmente até ao M. tensor da fáscia lata, anastomosando com as A.
circunflexas ilíacas profunda e superficial
o Ramo inferior: até ao grande trocânter do fémur, anastomosando com as A. circunflexas femorais

A. glútea inferior: sai pelo foramen grande ciático inferiormente ao piriforme (foramen infra-piriforme)
 Terminação: ramos musculares para os músculos da região glútea superficial e profunda, que anastomosam
com ramos das A. glútea superior, obturadora e as circunflexas femorais
 Colateral: A. comitativa do nervo ciático, que acompanha e nutre este nervo

A. pudenda interna: sai pelo foramen grande ciático inferiormente ao M. piriforme, contorna a espinha isquiática,
volta a entrar na pélvis pelo foramen pequeno ciático e dirige-se ântero-medialmente para o períneo no canal de
Alcock, uma dependência da fáscia do M. obturador
 Terminação: A. dorsal do pénis/clitóris e A. dorsal profunda do pénis/clitóris
 Colaterais: A. rectal inferior, A. perineal (dá ramos escrotais e labiais), A. bulbar e uretral, pode dar uma A.
vesical anterior, e dá ramos musculares no seu curto trajecto extra-pélvico para os M. grande glúteo, piriforme,
obturador interno, gémeos superior e inferior

Artéria femoral (NETTER pp. 487-488, 499)


Origem: continuação da A. ilíaca externa ao nível do anel femoral
Trajecto: oblíquo póstero-ínfero-medialmente no triângulo femoral (Scarpa) e canal femoral (Hunter)
 A sua direcção respeita um vector desde o lig. inguinal ao bordo posterior do côndilo medial do fémur

Terminação: continuação com a A. poplítea ao nível do anel do adutor magno


Relações:
 Anel femoral:
o Anteriormente com lig. ílio-púbico e posteriormente com a fáscia do M. pectíneo e lig. pectíneo
o Medialmente com a veia femoral e lig. lacunar e lateralmente com o tracto ílio-pectíneo

47
 Triângulo femoral:
o Superiormente com o lig. inguinal e posteriormente com os M. psoas-ilíaco e pectíneo
o Medialmente com os M. longo adutor e gracillis e lateralmente com o M. sartorius
o Coloca-se entre a veia e o nervo femoral, estando envolvida pela bainha dos vasos femorais
 Canal femoral ou dos adutores:
o Anteriormente com o M. sartorius e posteriormente com os M. longo adutor e adutor magno
o Ântero-medialmente com o septo intermuscular vasto-adutor e lateralmente com M. vasto medial
o Cruza a veia femoral anteriormente
 Anel do adutor magno:
o Anteriormente com o M. sartorius e posteriormente com o tendão do M. adutor magno
o Ântero-medialmente com o septo intermuscular vasto-adutor e lateralmente com M. vasto medial
o Coloca-se medialmente à veia femoral

Ramos colaterais (de superior a inferior): A. epigástrica superficial, circunflexa ilíaca superficial, pudendas externas
superficial e profunda, ramos musculares, A. femoral profunda (descrita separadamente) e genicular descendente
 A. epigástrica superficial: tem origem 1cm distalmente ao lig. inguinal
o Trajecto: atravessa a fáscia cribiforme (porção da fáscia lata), ascende com obliquidade súpero-medial
até ao umbigo, superficialmente à fáscia de Scarpa (camada membranosa da tela subcutânea)
o Terminação: anastomosando-se com ramos das A. epigástrica inferior, circunflexa ilíaca superficial e
homónima contra-lateral

 A. circunflexa ilíaca superficial: origem lateralmente à origem da A. epigástrica superficial, por vezes por
tronco comum
o Trajecto: torna-se subcutânea atravessando a fáscia cribiforme e acompanha, com obliquidade súpero-
lateral, o lig. inguinal, vascularizando a parede abdominal ântero-lateral
o Terminação: anastomosando-se com ramos das A. epigástrica superficial, circunflexa ilíaca profunda e
glútea superior

 A. pudendas externas superficial e profunda: origem na face medial da A. femoral


o Trajecto: A superficial passa superiormente à croça da veia grande safena, enquanto a profunda passa
inferior e posteriormente
 Tornam-se subcutânea atravessando a fáscia cribiforme e dirigem-se para os genitais externos
 A profunda é paralela inferiormente e torna-se subcutânea à frente do M. pectíneo
o Terminação: vascularizam os genitais externos, anastomosando-se com ramos da A. pudenda interna

 Ramos musculares: ao longo do trajecto para os M. sartorius, vasto medial, pectíneo e adutores
 A. genicular descendente: origem dentro do canal femoral, superiormente ao anel do adutor magno
o Trajecto e terminação: ou se trifurca imediatamente após a origem em ramo safeno, muscular e
articular, ou origina o ramo safeno dentro do canal dos adutores, perfura as fibras do M. vasto medial
e só depois se bifurca nos restantes ramos muscular e articular
 Ramo safeno (pode ser colateral ou terminal): perfura o septo intermuscular vasto-adutor com
o nervo safeno, vasculariza o M. sartorius, gracillis e os tegumentos da região medial da coxa, e
termina anastomosa com a A. genicular inferior medial
 Ramo muscular: vasculariza o M. vasto medial e adutor magno
 Ramo articular: vasculariza a articulação do joelho e participa na rede anastomótica peri-patelar,
anastomosando inicialmente com a A. genicular superior medial e formando arco supra-patelar
com a A. genicular superior lateral

48
49
in Sobotta
A. femoral
profunda

in Gray

Artéroa femoral profunda (NETTER pp. 488-489, 491 e 499): é o colateral mais volumoso da A. femoral, razão
pela qual após a sua origem a A. femoral pode passar a chamar-se A. femoral superficial
Origem: no flanco lateral da A. femoral, 3.5-4cm inferiormente ao lig. inguinal
Trajecto:
 Desce com obliquidade póstero-inferior, espiralando à volta da A. femoral para se colocar atrás desta
 Inicialmente entre o M. psoas-ilíaco, ântero-lateralmente, e o M. pectíneo, póstero-medialmente, e depois
com o M. longo adutor, anteriormente, e os M. curto adutor e adutor magno posteriormente, sucessivamente
Terminação: originando a última artéria perfurante, podendo esta ser a terceira ou quarta
Ramos colaterais:
 A. circunflexa femoral medial: do flanco medial da A. femoral, contorna o colo femoral entre o tendão do
M. psoas-ilíaco e o M. pectíneo, acompanhando o M. obturador externo, e ramifica-se:
o Ramo superficial: para os M. pectíneo e longo adutor
o Ramo acetabular: anastomosa com o ramo acetabular da A. obturadora para o lig. da cabeça do fémur
o Ramo profundo ou transverso: para os M. quadrado femoral, adutor magno e músculos ísquio-crurais,
anastomosando com as A. glúteas superior e inferior ao nível do pequeno trocânter
o Ramo ascendente: para a Art. coxo-femoral, dando ramos sub-sinoviais e anastomosando com o ramo
ascendente da A. circunflexa femoral lateral na fossa trocantérica
o Ramo descendente: para os M. quadrado femoral, adutores e posteriores da coxa

50
 A. circunflexa femoral lateral: do flanco lateral da A. femoral, contorno o colo femoral anteriormente, atrás
do M. recto femoral
o Ramo ascendente: vasculariza os M. sartorius, recto femoral e tensor da fáscia lata, lig. ílio-femoral, dá
ramos sub-sinoviais para a Art. coxo-femoral, e anastomosa-se ramos da A. glútea superior e com o
ramo ascendente da A. circunflexa femoral medial na fossa trocantérica, formando um anel vascular em
redor do colo anatómico do fémur
o Ramo transverso: penetra e vasculariza o M. vasto lateral, anastomosando-se com ramos da A. glútea
inferior e com o ramo transverso da A. circunflexa femoral medial ao nível do pequeno trocânter, no
colo cirúrgico
o Ramo descendente: acompanha e nutre o recto femoral e vasto medial, podendo ir até à Art. do joelho

 Ramos musculares: para M. adutores, quadricípite femoral (ramo mais volumoso) e posteriores da coxa
 A. perfurantes: habitualmente 3, perfuram o M. adutor magno junto à sua inserção femoral na linha áspera,
através de hiatos ósteo-tendinosos do seu tendão terminal, alcançando os músculos da região posterior
o A primeira anastomosa-se com a A. glútea inferior e ramos das A. circunflexas femorais
o Habitualmente, a segunda perfurante dá a A. nutritiva do fémur
o Outras vezes há duas A. nutritivas a partir das primeira e terceira perfurantes
o Estas artérias formam anastomoses umas com as outras

Artéria poplítea (NETTER pp. 499, 504)


Origem: continuação da A. femoral após o anel do adutor magno
Trajecto: na fossa poplítea, posteriormente à Art. do joelho, descendo verticalmente
Terminação: bifurca-se em tibial anterior e posterior imediatamente abaixo da arcada do solear (5% superiormente)
Relações:
 Anteriormente: com o plano fibroso posterior da Art. do joelho e a fáscia do M. poplíteo
 Posteriormente: com a fáscia profunda da fossa poplítea e a flexura do joelho
 Lateralmente: com a V. poplítea e N. tibial, o M. bicípite femoral súpero-lateralmente e o M. gastrocnemius
lateral e plantar ínfero-lateralmente
o A artéria é profunda e medial, a veia é intermédia, e o nervo é superficial e lateral
 Medialmente: com os semi-tendinoso e semi-membranoso súpero-medialmente e com o M. gastrocnemius
medial ínfero-medialmente

Ramos colaterais: A. geniculares superiores e inferiores, genicular média, A. surais superficiais e A. surais
 A. geniculares superiores (2): contornam o joelho superiormente aos côndilos femorais até à face anterior
o Ramos musculares: M. adutor magno e vasto medial (medial) e bicípite femoral e vasto lateral (lateral)
 A. geniculares inferiores (2): contornam para anterior os côndilos tibiais, profundamente aos ligamentos
colaterais do joelho
 A. genicular média: penetra o lig. poplíteo oblíquo, a cápsula articular e vasculariza os ligamentos cruzados
e a membrana sinovial da Art. do joelho

 A. surais superficiais (3): descem no sulco entre os gastrocnemius, perfuram a fáscia e nutrem os
tegumentos, sendo que a artéria mediana, de maior calibre, é chamada A. pequena safena, e acompanha a
veia homónima e o N. sural

 Ramos musculares (surais) (2): para as porções proximais dos M. gastrocnemius medial e lateral
Rede articular do joelho: anastomose arterial extensa, peri-articular e peri-patelar
 A. geniculares superiores e inferiores, mediais e laterais (4)
 Ramo articular da genicular descendente e ramo descendente da circunflexa femoral lateral
 A. circunflexa fibular
 A. tibiais recorrentes anterior e posterior
 Vasculariza os tegumentos, os côndilos, a cápsula articular e a membrana sinovial
51
in Sobotta

A rede arterial do joelho

in Gray

52
Artéria tibial anterior (NETTER pp. 505, 508-509)
Origem: bifurcação da A. poplítea em A. tibial anterior e posterior ao nível da arcada do solear (5% superiormente)
Trajecto: dirige-se anteriormente, atravessando o orifício superior da membrana interóssea, alcançando a loca
muscular anterior da perna, que percorre descendo com obliquidade ântero-medial
Terminação: continua-se como A. dorsal do pé ao nível da face profunda do bordo inferior do retináculo inferior dos
extensores

Relações (progressão de superior a inferior): acompanha em todo o trajecto, medialmente, o N. peroneal profundo
 Anteriormente: o M. tibial anterior e, depois, os retináculos dos extensores, aproximando-se da superfície
o No tornozelo, atrás dos retináculos dos extensores, o tendão do M. longo extensor do hálux
 Posteriormente: a membrana interóssea e, depois, a face ântero-lateral da tíbia
 Lateralmente: o M. longo extensor dos dedos e, depois, M. longo extensor do hálux até cruzá-la no tornozelo
 Medialmente: o M. tibial anterior e, depois, o respectivo tendão
o No tornozelo, atrás dos retináculos dos extensores, o tendão do M. longo extensor do hálux

Ramos colaterais:
 A. recorrente tibial posterior (inconstante): ascende posteriormente ao joelho, antes da A. tibial anterior
atravessar a membrana interóssea, e nutre o M. poplíteo dirigindo-se obliquamente para lateral em direcção
à Art. tíbio-fibular proximal, abraçando a cabeça fibular
o Terminação: anastomosando-se com a A. genicular inferior lateral
 A. recorrente tibial anterior: sobe anteriormente ao joelho, depois da A. tibial anterior atravessar a
membrana interóssea, entre o côndilo tibial lateral e o M. tibial anterior
o Terminação: por anastomose com as A. geniculares inferiores e circunflexa fibular
 A. circunflexa fibular ou recorrente fibular: pode ter origem na A. tibial anterior, tibial posterior ou poplítea
o Ascende, anterior ou posteriormente, consoante a origem, em direcção à ao colo da fíbula e articulação
tíbio-fibular proximal, anastomosando-se com as A. genicular inferior lateral e A. recorrentes tibiais
anterior e posterior
 Ramos musculares: para os músculos da região anterior da perna
 A. maleolar anterior medial: com origem no tornozelo, atrás ou acima do retináculos dos extensores,
passando atrás dos tendões dos M. longo extensor do hálux e tibial posterior, e abraça o maléolo tibial
terminando na rede maleolar medial
 A. maleolar anterior lateral: com origem no tornozelo, atrás do retináculos dos extensores, passando atrás
dos tendões dos M. longo extensor dos dedos e terceiro peroneal e abraça o maléolo fibular, anastomosa-se
com o ramo perfurante da A. peroneal e com a A. lateral do tarso e terminando na rede maleolar lateral

Artéria dorsal do pé (NETTER pp. 517-518 e 523)


Origem: continuação da tibial anterior ao nível da face profunda do bordo inferior do retináculo inferior dos
extensores
Trajecto e relações:
 No dorso do pé, na face superior do navicular, entre o tendão do M. longo extensor do hálux e o feixe para o
hálux do M. curto extensor dos dedos, em direcção ao 1º espaço interósseo
 Perfura este espaço lateralmente à base do 1º metatársico, alcançando e terminando na face plantar do pé
Terminação: termina como A. plantar profunda, anastomosa com a plantar lateral e forma o arco plantar profundo
Ramos colaterais:
 A. lateral do tarso: dirige-se ântero-lateralmente para o bordo lateral do pé, profundamente ao M. curto
extensor dos dedos, que vasculariza
o Superiormente: anastomosa-se com o ramo perfurante da A. peroneal e A. maleolar anterior lateral
o Lateralmente: dá a A. do seio do tarso e anastomosa com a A. plantar lateral
o Anteriormente: termina anastomosando-se com a A. arqueada

53
 A. medial do tarso (2 ou 3 pequenos ramos): dirigem-se ântero-medialmente para o bordo medial do pé
 A. arqueada: tem origem ao nível do 1º espaço interósseo
o Trajecto: dirige-se para o bordo lateral do pé, descrevendo curva côncava posteriormente
o Terminação: por anastomose com a A. plantar lateral e A. lateral do tarso
o Relações: inferiormente, com a base dos metatársicos e, superiormente, com o curto ext. dos dedos
o Colaterais: cede as 2º-4º A. metatársicas dorsais, que se bifurcam em A. digitais dorsais
 Recebem ramos perfurantes proximais do arco plantar profundo, e ramos perfurantes distais das
A. metatársicas plantares
 1º A. metatársica dorsal: tem origem ao nível da ext. posterior do 1º espaço interósseo e
o Dá meio do corpo do 1º metatársico, a A. digital dorsal medial do 1º dedo
o Bifurca-se na ext. anterior do 1º espaço interósseo em A. digital dorsal lateral do hálux e digital dorsal
medial do 2º dedo

Artéria tibial posterior (NETTER pp. 505)


Origem: bifurcação da A. poplítea em A. tibial anterior e posterior ao nível da arcada do solear (5% superiormente)
Trajecto: desce na loca posterior, entre os planos musculares superficial e profundo, com obliquidade ínfero-medial
Terminação: no canal calcaneano por bifurcação em A. plantar medial e lateral
Relações na perna (progressão de superior a inferior): acompanhada em todo o trajecto, lateralmente, pelo N. tibial
 Anteriormente: o M. tibial posterior e, depois, M. longo flexor dos dedos
 Posteriormente: o M. solear e, indirectamente, os gastrocnemius
Relações no canal do calcâneo (lembrar TOM, DICK AND HARRY):
 Anteriormente: o tendão dos M. tibial posterior e longo flexor dos dedos
 Posteriormente: o N. tibial e o tendão do M. longo flexor do hálux
Ramos colaterais:
 A. peroneal (ver adiante)
 A. circunflexa fibular (só ocasional; já descrita)
 A. nutritiva da tíbia: tem origem proximal e é um dos maiores ramos
 A. maleolar posterior medial: tem origem antes de se atingir o canal calcaneano
o Contorna o maléolo tibial e anastomosa-se com a A. maleolar anterior medial, contribuindo para a
rede maleolar medial
 Ramos musculares para os músculos da loca posterior
 Ramo comunicante, 5cm acima da extremidade distal da tíbia, dirige-se para lateral anastomosando com
um ramo homónimo da A. peroneal
 Ramos calcaneanos mediais: anastomosam com ramos calcaneanos laterais da A. peroneal

Artéria peroneal
Origem: surge 3-4 cm inferiormente à origem da A. tibial posterior, embora possa ter origem directa numa trifurcação
da A. poplítea
Trajecto: desce verticalmente entre os M. tibial posterior e longo flexor do hálux, atrás da membrana interóssea
Terminação: na margem posterior da Art. tíbio-fibular distal, por ramos calcaneanos laterais que se anastomosam
com os ramos calcaneanos mediais e pela A. maleolar posterior lateral que abraça o maléolo fibular e contribui para
a rede maleolar lateral através de anastomoses com a A. maleolar anterior lateral

Ramos colaterais:
 A. nutritiva da fíbula
 Ramos musculares para os músculos da loca posterior (excepto M. longo flexor dos dedos) e lateral
 Ramo comunicante: em posição supra-maleolar, anastomosa-se medialmente com o ramo homónimo da A.
tibial posterior
 Ramo perfurante, também denominada A. peroneal anterior: atravessa a membrana interóssea pelo
seu orifício inferior e anastomosa-se com a A. maleolar anterior lateral e com a A. lateral do tarso
54
A rede arterial do tornozelo

in Gray

Artérias plantares medial e lateral (NETTER pp. 521-523)


Origem: por bifurcação da A. tibial posterior no bordo medial do pé
Trajecto:
 Plantar medial: acompanha os músculos plantares mediais em direcção ao hálux, colocando-se
profundamente ao M. abdutor do hálux
 Plantar lateral: mais volumosa e complexa
o Porção oblíqua: trajecto oblíquo ântero-lateral até à base do 5º metatársico, num plano entre os M.
curto flexor dos dedos e quadrado plantar
o Porção transversa: muda de direcção descrevendo arco plantar profundo, côncavo posteriormente,
que acompanha as bases dos metatársicos até ao 1º espaço interósseo, profundamente aos tendões
do M. longo flexor dos dedos e porção oblíqua do M. adutor do hálux
Terminação:
 Plantar medial: dá a A. digital plantar medial do hálux, que se anastomosa com ramo homónimo da 1º A.
metatársica plantar, vinda do arco plantar profundo
 Plantar lateral: forma o arco plantar profundo que, na ext. posterior do 1º espaço interósseo, anastomosa
com a A. plantar profunda, terminal da A. dorsal do pé

Ramos colaterais:
 Plantar medial: dá ramos musculares para os músculos plantares mediais, e 2 ou 3 ramos digitais plantares
que anastomosa com as 2 ou 3 primeiras A. metatársicas plantares
 Plantar lateral:
o Porção oblíqua: dá ramos musculares para os restantes músculos plantares
o Porção transversa: origina a A. digital plantar lateral do 5º dedo e 4 A. metatársicas plantares
 A. metatársicas plantares: bifurcam-se em A. digitais plantares medial e lateral de cada dedo
 Emitem ramos perfurantes proximais e distais nas respectivas extremidades dos espaços
interósseos que anastomosam com as A. metatársicas dorsais

55
in Gray

Veias do Membro Inferior


Veias Profundas (NETTER pp. 488-490, FENEIS p. 252, ROUVIÈRE T3 p. 490-491)
Há, habitualmente, duas veias por cada artéria, em rede paralela à arterial, com o mesmo nome, trajecto, e
aferentes homónimos aos colaterais arteriais.
As excepções são veias de grande calibre, as veias poplítea, femoral e femoral profunda, que são singulares

Veia Poplítea (NETTER p. 503) (1-4 válvulas)


Origem: união das V. tibiais anterior e posteriores, imediatamente abaixo da arcada do solear
Trajecto: ascendente na fossa poplítea, entre a A. poplítea e o N. tibial
Terminação: continua-se com a V. femoral ao nível do anel do adutor magno
Relações: a A. poplítea é ântero-medial e o N. tibial é póstero-lateral
Afluentes: a V. pequena safena (descrita adiante), ramos musculares surais e veias geniculares (5)

Veia Femoral (NETTER p. 487-488) (4-5 válvulas)


Origem: continuação da V. poplítea ao nível do anel do adutor magno
Trajecto: oblíquo súpero-lateral, no canal dos adutores e triângulo femoral até ao anel femoral
Terminação: continua-se com a V. ilíaca externa ao nível do anel femoral
Relações: inicialmente é lateral à A. femoral, depois posterior no canal dos adutores e medial no triângulo femoral
e anel femoral (cruza por trás a artéria)
Afluentes: a V. grande safena e veias satélites homónimas das colaterais da A. femoral, excepto as V. epigástrica
superficial, circunflexa ilíaca superficial e pudendas externas, que drenam na V. grande safena
 Costuma receber as V. circunflexas femorais, em vez de ser a V. femoral profunda a fazê-lo

56
Veias superficiais (NETTER pp. 470-471)
 As redes venosas superficial e profunda comunicam através de veias perfurantes, de fluxo unidireccional das
superficiais para as profundas, mantido pela presença de válvulas, que impede o retorno do sangue
 A disfunção das veias perfurantes é a base fisiopatológica da insuficiência venosa crónica, responsável pelas
frequentes veias varicosas (vulgo varizes)
 As mais importantes são as veias grande e pequena safena, com origem nas veias do pé

Veias do pé
 Plantares: formam uma extensa rede venosa denominada palmilha venosa (o “coração plantar”), iniciada
pelo arco venoso plantar, côncavo posteriormente, que recebe as V. metatársicas e digitais plantares
o Drenam em veias profundas, as plantares medial e lateral
o Drenam no arco venoso dorsal através de V. intercapitulares, que atravessam os espaços interósseos
o Drenam nas veias marginais
 Dorsais: forma arco venoso dorsal, que recebe as V. metatársicas dorsais e drena nas V. marginais
 V. marginal medial: no bordo medial do pé, recebe V. dorsais e plantares e dá origem à V. grande safena
 V. marginal lateral: no bordo lateral do pé, recebe V. dorsais e plantares e dá origem à V. pequena safena

Veia pequena safena (7-13 válvulas)


Origem: continuação da V. marginal lateral no bordo lateral do pé, próximo do maléolo fibular
Trajecto:
 Passa posteriormente ao maléolo fibular, sobe na face posterior da perna com obliquidade súpero-medial
 Alcança, no terço médio da perna, o sulco entre os M. gastrocnemius, que percorre verticalmente
 Perfura a fáscia crural na metade superior da perna, e descreve um arco anterior em direcção à V. poplítea
Terminação: drena na V. poplítea, na fossa poplítea, 3-7.5cm acima da interlinha articular da Art. do joelho
Afluentes: drena o tornozelo lateral e região posterior da perna
 Anastomosa com a V. grande safena emitindo um ramo anastomótico ao nível da fossa poplítea, que sobre
súpero-medialmente e forma ou confunde-se com a V. safena acessória

Veia grande safena, é a veia mais longa do corpo, e tem 10-20 válvulas
Origem: continuação da V. marginal medial no bordo medial do pé, próximo do maléolo tibial
Trajecto:
 Passa anteriormente ao maléolo tibial, ascendendo no bordo medial da perna e da coxa
 Na região do joelho descreve flexão para a face posterior do mesmo, retornando ao bordo medial da coxa
 Alcança a região inguinal e descreve arco póstero-lateral, a croça da grande safena, que perfura a fáscia
cribiforme e no orifício da grande safena, limitado ínfero-lateralmente pelo bordo falciforme deste orifício e
pelos seus cornos superior e inferior
o O orifício da grande safena é 4-5cm inferior ao lig. inguinal e 3cm ínfero-lateral ao tubérculo púbico
 Acompanha, ao longo do trajecto, o N. safeno, o ramo safeno da A. genicular descendente e ramos do N.
cutâneo femoral medial
Terminação: na face ântero-medial da V. femoral
Afluentes: drena o dorso do pé, a face ântero-medial da perna e da coxa através de diversas veias póstero-mediais e
ântero-laterais
 Recebe comunicante da V. pequena safena e/ou V. safena acessória (uma das V. póstero-mediais), que
drenam na coxa a uma distância variável da sua terminação
 Recebe as V. epigástrica superficial, circunflexa ilíaca superficial e pudendas externas, próximo da sua
terminação, assim como V. dorsais superficiais do pénis/clitóris e V. escrotais/labiais anteriores
 Emite 4 perfurantes para as V. tibiais posteriores, relativamente constantes, entre o maléolo tibial e joelho
o O conhecimento da anatomia destas perfurantes é importante no exame físico para a pesquisa de qual
perfurante está doente, no contexto de insuficiência venosa crónica do membro inferior

57
in Sobotta

58
in Sobotta

Nota clínica: a insuficiência venosa do membro inferior é uma das patologias vasculares mais comuns, e traduz-se pela insuficiência
funcional das veias perfurantes, com dilatação, afastamento dos folhetos das válvulas e inversão do sentido do fluxo sanguíneo das veias
profundas para as superficiais (ao invés do contrário, que seria normal). Esta inversão resulta em dilatação das veias superficiais, as veias
varicosas ou varizes, que causam sensação de peso, dor, edema, cãibras, cansaço, alterações cutâneas e, eventualmente, complicam com
a inflamação das veias superficiais (tromboflebite) e/ou trombose venosa profunda, que por sua vez pode enviar um êmbolo para os
pulmões (tromboembolia pulmonar), uma situação potencialmente fatal.

Linfáticos do Membro Inferior


Gânglios poplíteos (3-6 gânglios) (NETTER p. 472)
 1 gânglio superficial, lateral à terminação da V. pequena safena, que drena o território da veia
 1 gânglio profundo (denominado articular de Frohse), anterior aos vasos poplíteos, drena a Art. do joelho
 4 gânglios profundos que flanqueiam os vasos poplíteos, recebem troncos tibiais anteriores e posteriores
o Pode haver gânglios, inconstantes, ao longo do trajecto das A. tibial anterior, posterior e peroneal
 Eferentes: acompanham os vasos femorais em direcção aos gg. inguinais profundos

Gânglios inguinais (8-12 gânglios) (NETTER p. 472)


 Superficiais: organizados em dois grupos; todos lançam eferentes para os gg. ilíacos externos
o Grupo proximal: 5-6 gânglios inferiormente paralelos ao ligamento inguinal
 Gg. súpero-laterais: relacionam-se com os vasos circunflexos ilíacos superficiais
 Gg. súpero-mediais: relacionam-se com os vasos pudendos externos
 Aferentes: região glútea, abdominal inferior, genitais externos e ânus
o Grupo distal: 4-5 gânglios paralelos ao trajecto da V. grande safena
 Gg. ínfero-laterais e ínfero-mediais: flanqueiam a porção terminal da V. grande safena
 Gg. pré-safénicos de Quénu: anteriormente à V. grande safena
 Aferentes: toda a coxa e perna ântero-medial (o território da V. grande safena)
 Profundos: 3 gânglios mediais à veia femoral, organizados consoante a distância ao anel femoral
o O mais inferior, o gg. inguinal profundo distal, é inferior à croça da grande safena
o O intermédio, o gg. inguinal profundo intermédio, é o mais inconstante
o O mais volumoso e superior, o gg. inguinal profundo proximal é o gânglio de Cloquet e Rosenmüller,
é medial no anel femoral e pode ser confundido com hérnia inguinal, quando aumentado
 Corresponde ao gg. lacunar medial dos gg. ilíacos externos, sendo contínuo com esta cadeia
o Recebem aferentes que acompanham os vasos profundos, de todo o MI e alguns da região genital
o Enviam eferentes para os gânglios ilíacos externos

59
in Sobotta

Nervos do Membro Inferior


Plexo lombar (NETTER pp. 484-485)
 Origem: união dos ramos anteriores dos N. espinhais de L1 a L4
 Trajecto e relações: triangular, com obliquidade ântero-ínfero-lateral, entre os M. psoas major e os p.
transversos das vértebras lombares
 Ramos terminais: N. obturador (divisão anterior) e N. femoral (divisão posterior), descritos separadamente
 Ramos colaterais: N. ílio-hipogástrico, ílio-inguinal, cutâneo femoral lateral e génito-femoral e ramos para
os M. psoas e quadrado lombar

 N. ílio-hipogástrico (T12, L1): misto


o Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente, passa anteriormente ao M. quadrado lombar e posteriormente
ao pólo renal inferior, perfura o M. transverso abdominal acima da crista ilíaca, caminha entre os M.
transverso abdominal e oblíquo interno e dá dois ramos:
 Ramo anterior: perfura o oblíquo interno ao nível da EIAS, caminha ínfero-medialmente entre os
oblíquos interno e externo e torna-se superficial 3cm acima do orifício inguinal superficial
 Ramo lateral: torna-se superficial acima da crista ilíaca e distribui-se na região glútea
o Função: inervação motora dos M. oblíquo interno e transverso abdominal, e inervação sensitiva supra-
púbica e da região glútea súpero-lateral

 N. ílio-inguinal (L1): misto


o Trajecto: paralelo e semelhante ao trajecto do ílio-hipogástrico, perfurando o M. transverso abdominal
a nível da EIAS, e o M. oblíquo interno pouco depois, alcançando o trajecto inguinal, emergindo com
este no orifício superficial e distribuindo-se por ramos escrotais e labiais
o Função: inervação motora dos M. oblíquo interno e transverso abdominal, e inervação sensitiva da
região medial da raiz da coxa e porção anterior dos genitais externos;
o Pode ser anestesiado localmente ao nível da EIAS em cirurgias ao trajecto inguinal
o O tamanho e alcance do N. ílio-inguinal depende inversamente do N. ílio-hipogástrico, que pode tomar
o seu lugar na inervação genital, terminando o N. ílio-inguinal intra-parietal por anastomose

60
 N. génito-femoral (L1, 2): misto
o Trajecto: oblíquo ântero-inferiormente, perfura o M. psoas major e acompanha-o na sua face anterior
e bordo medial e, antes de alcançar os vasos ilíacos externos, bifurca-se em dois ramos:
 Genital: cruza, anteriormente os vasos ilíacos externos, alcança o orifício inguinal profundo e
percorre o trajecto inguinal, inervando o M. cremáster e a pele do escroto/grandes lábios
 Femoral: caminha lateralmente à A. ilíaca externa saindo da cavidade abdominal entre o arco
ílio-pectíneo e a A. femoral, dá um ramo para a A. femoral e A. epigástrica inferior, torna-se
superficial lateralmente ao anel femoral ou orifício da grande safena, perfurando a fáscia lata e
cribiforme, inervando pele da porção superior do triângulo femoral
o Função: inervação motora do M. cremáster e inervação sensitiva do escroto/grandes lábios e da pele
da porção superior do triângulo femoral, ou seja, face ântero-medial da raiz da coxa

 N. cutâneo femoral lateral (L2, 3): sensitivo


o Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente, entre o M. psoas major e o ilíaco, profundamente à fáscia ilíaca
até à incisura fémuro-cutânea do osso coxal 1cm medial à EIAS, saindo desta acima do M. sartorius ou
perfurando-o para bifurcar em ramo anterior e posterior para a coxa e região glútea
 Ramo anterior: torna-se superficial a 10cm da EIAS e inerva toda a região anterior da coxa,
comunicando com ramos do N. cutâneo femoral anterior lateral e ramo infra-patelar do N. safeno
 Ramo posterior: torna-se superficial mais proximalmente, inervando a região lateral da coxa
desde o grande trocânter até aos 2/3 proximais da coxa, incluindo a região glútea ínfero-lateral
o Função: inerva a peritoneu parietal da fossa ilíaca e a região ântero-lateral da coxa e glútea lateral

Nervo obturador (L2-L4, divisão anterior): nervo misto (NETTER pp. 488 e 526)
Trajecto: inicialmente posterior, depois medial ao M. psoas major, cruza a Art. sacro-ilíaca e linha arqueada do ílion
posteriormente aos vasos ilíacos comuns e lateralmente aos vasos ilíacos internos, junto à fáscia do M. obturador
interno, alcançando o canal obturador, bifurcando-se dentro deste, em dois ramos:
 Ramo anterior: desce à frente dos M. obturador externo e adutor curto, coberto pelos M. pectíneo e adutor
longo, torna-se superficial no 1/3 médio da região medial da coxa à frente do M. gracillis e comunica com o
N. safeno e com o N. cutâneo femoral anterior medial, formando um plexo sub-sartório
o Função:
 Inervação motora dos M. pectíneo (inconstante), curto e longo adutores, e gracillis
 Inervação sensitiva para a metade ou o terço inferior da região interna da coxa
 Pode dar ramo articular da anca no trajecto inicial
 Ramo posterior: perfura o M. obturador externo para posterior e desce à frente do adutor magno, atrás dos
curto e longo adutores, terminando com um ramo articular do joelho que perfura o adutor magno
o Função:
 Inerva os M. obturador externo, curto adutor, adutor magno
 Inervação sensitiva para articulação do joelho
 Pode dar ramo articular da anca no trajecto inicial
N. obturador acessório (em 10% dos casos; L3, 4):
 Trajecto semelhante, embora passe superiormente ao ramo superior do púbis, para inervar o M. pectíneo e
dá um ramo articular da anca
 Termina unindo-se ao ramo anterior do N. obturador

Nervo femoral (L2-L4, divisão posterior): nervo misto (NETTER pp. 488 e 525)
Trajecto: oblíquo ântero-ínfero-lateralmente, inicialmente atrás do M. psoas major, contorna-o pelo seu bordo
lateral, e desce no sulco entre os M. psoas major e ilíaco, profundamente à fáscia ilíaca e passa inferiormente ao lig.
inguinal, lateralmente ao arco ílio-pectíneo, que o separa do anel femoral, ramificando-se assim que entra na coxa

Ramos colaterais: dá ramos musculares para o M. psoas major, ilíaco, pectíneo, sartorius e ramo da A. femoral
Ramos terminais: divididos em divisão anterior e divisão posterior pela A. circunflexa femoral lateral
61
 N. cutâneo femoral anterior medial: cruza anteriormente a A. femoral, dá ramos cutâneos mediais que
perfuram a fáscia lata, e divide-se em ramo anterior e posterior ao nível do ápex do triângulo femoral
o Ramo anterior: acompanha o bordo anterior do M. sartorius, perfura a fáscia lata a meio da coxa e
alcança a região ântero-medial do joelho, comunicando com o ramo infra-patelar do N. safeno
o Ramo posterior: acompanha o bordo posterior do M. sartorius, perfura a fáscia lata, comunica com o
N. safeno e alcança o bordo medial do joelho
o Ambos os ramos formam o plexo sub-sartório com um ramo do N. safeno e ramo anterior do obturador
o Função: dá a inervação sensitiva da região ântero-medial e o 1/3 médio da região medial da coxa

 N. cutâneo femoral anterior lateral: perfura a fáscia lata 8cm abaixo do ligamento inguinal e distribui-se
na face anterior de toda a coxa, até ao joelho, formando o plexo peri-patelar
o Pode dar ramo muscular para o M. sartorius
o Forma o plexo peri-patelar com o ramo infra-patelar do N. safeno, ramo anterior do N. obturador e
ramo anterior do N. cutâneo femoral lateral
o Função: dá a inervação sensitiva da região anterior da coxa até ao joelho

 N. do quadricípite femoral:
o Ramo para o M. recto femoral e articular da anca
o Ramo para o M. vasto lateral acompanha o ramo descendente da A. circunflexa femoral lateral e dá
ramo articular do joelho, assim como para o M. vasto intermédio
o Ramo para o M. vasto medial acompanha o N. safeno e também dá ramo articular do joelho e para o
M. vasto intermédio, que por vezes perfura até ao M. articular do joelho
o Ramos (3-4) para o M. vasto intermédio e um ramo para o M. articular do joelho que dá ramo articular
do joelho
o Função:
 Inervação motora do M. quadricípite femoral
 Inervação sensitiva da Art. coxo-femoral e do joelho

 N. safeno: no triângulo femoral é lateral aos vasos femorais, desce com obliquidade ínfero-medial
acompanhado do ramo para o M. vasto medial, entra no canal dos adutores, cruza anteriormente os vasos
femorais, perfura o septo vasto-adutor com o ramo safeno da A. genicular descendente e torna-se superficial
entre os tendões dos M. sartorius e gracillis, acompanhando a V. grande safena até ao bordo medial do pé e
hálux
o Ramo infra-patelar: forma o plexo peri-patelar com o ramo anterior do N. cutâneo femoral anterior
lateral, ramo anterior do N. cutâneo femoral lateral e ramo anterior do N. obturador
o N. cutâneos crurais mediais: distribuem-se na pele da região ântero-medial da perna
o Função: dá a inervação sensitiva da região pré-patelar, ântero-medial da perna e medial do pé

Plexo sagrado (NETTER p. 486)


 Origem: união dos ramos anteriores dos N. espinhais de L4 e L5 (tronco lombo-sagrado) e de S1 a S3
 Trajecto: forma triangular, dirigindo-se lateralmente para o foramen grande ciático
 Terminação: termina como N. ciático
 Relações: anteriormente, a fáscia do piriforme, vasos ilíacos internos e o recto, posteriormente o M.
piriforme e medialmente a cadeia simpática LV
 Ramos colaterais: os N. glúteos (sup. e inf.), os nervos para o quadrado femoral e obturador interno, o
nervo para o piriforme, o N. cutâneo femoral posterior e o N. perfurante cutâneo

 N. glúteo superior (L4-S1): motor


o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático supra-piriforme, colocando-se entre os M. pequeno e médio
glúteos e bifurca-se em dois ramos:
 Ramo anterior: inerva os M. pequeno e médio glúteos
 Ramo lateral: dirige-se lateralmente para inervar o M. tensor da fáscia lata

62
 N. glúteo inferior (L5-S2): motor
o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático infra-piriforme e inerva o M. grande glúteo

 N. para o M. quadrado femoral (L4-S1): motor (pode ter componente sensitiva)


o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático infra-piriforme
o Função: inervação motora o M. quadrado femoral e o M. gémeo inferior, e inervação sensitiva da Art.
coxo-femoral por um ramo articular da anca

 N. para o M. obturador interno (L5-S2): motor


o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático infra-piriforme, dá um ramo para o M. gémeo superior,
contorna a espinha isquiática, reentra na pélvis pelo foramen pequeno ciático e cede o ramo para o M.
obturador interno

 N. para o M. pirifome (S1-S2), motor: perfura o músculo na sua face anterior inervando-o
 N. cutâneo femoral posterior (S1-S3): sensitivo
o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático infra-piriforme e dirige-se verticalmente, medialmente ao N.
ciático, distribui-se pela face posterior da coxa até à região poplítea, onde se torna superficial,
acompanha a V. pequena safena até meio da perna e comunica com o N. cutâneo sural medial
o Ramos colaterais:
 N. cluniais inferiores: contornam o bordo inferior do M. grande glúteo e inervam a pele da região
glútea inferior
 Ramo perineal: segue o sulco génito-femoral, inervando a região súpero-medial da coxa, períneo
e genitais externos
o Função: inerva a face posterior da coxa e região poplítea

 N. perfurante cutâneo (S2-S3): sensitivo


o Origem: pode ser colateral do N. pudendo (do plexo pudendo) ou do N. cutâneo femoral posterior
o Trajecto: perfura o lig. sacro-tuberoso, contorna o bordo inferior do M. grande glúteo e dá a inervação
sensitiva da pele da região peri-anal

Nervo ciático (L4-S3, divisão posterior): nervo misto (NETTER pp. 489-490, 527)
Trajecto: sai com 1.5-2cm de largura pelo foramen grande ciático infra-piriforme, desce no quadrante ínfero-medial
da região glútea, entre a tuberosidade isquiática e o grande trocânter, descendo depois, na vertical, na região
posterior da coxa, acompanhado pela A. comitativa do N. ciático (colateral da A. glútea inferior), e termina antes de
alcançar a região poplítea
Terminação: proximalmente à região poplítea, por bifurcação em N. tibial e N. peroneal comum (descritos
separadamente), quando os músculos posteriores da coxa divergem para formar os lados superiores do losango
poplíteo, embora a bifurcação possa acontecer em qualquer nível da coxa

Relações:
 No foramen grande ciático:
o Superiormente: o M. piriforme
o Inferiormente: o M. gémeo superior
o Medialmente: os vasos glúteos inferiores, vasos pudendos internos, N. pudendo e N. para o M.
obturador interno
o Posteriormente: os N. glúteo inferior, cutâneo femoral posterior e N. para o quadrado femoral e o M.
grande glúteo
 Na região glútea:
o Medialmente: A. glútea inferior, N. cutâneo femoral posterior
o Anteriormente: M. gémeos, obturador interno e quadrado femoral
o Posteriormente: M. grande glúteo e à longa porção do M. bicípite femoral

63
 Na região posterior da coxa:
o Anteriormente: o M. adutor magno
o Posteriormente e depois lateralmente: o M. bicípite femoral
o Medialmente: os M. semi-tendinoso e semi-membranoso

Ramos colaterais: dá ramos musculares para M. adutor magno e músculos posteriores da coxa, e dá ramos
articulares da anca e joelho

Nota clínica: a noção da posição do N. ciático na região glútea é importante, nomeadamente, quando se pretende administrar uma
injecção intra-muscular no M. grande glúteo. Uma vez que o N. ciático ocupa o quadrante ínfero-medial desta região, a injecção deve
ser dada, preferencialmente, no quadrante súpero-lateral. Uma abordagem mais precisa é possível se se colocar o indicador na EIAS,
repousando a palma da mão no grande trocânter, e introduzindo a agulha no espaço entre os dedos indicador e médio.

in Gray for Students

in Sobotta

64
Nervo peroneal comum (NETTER pp. 527-529): nervo misto
Origem: por bifurcação terminal do N. ciático acima do vértice superior da região poplítea
Trajecto e relações: oblíquo ínfero-lateralmente, acompanha o bordo medial do M. bicípite femoral até à cabeça
fibular, passando entre o colo fibular e a inserção fibular do M. longo peroneal
Terminação: bifurcando-se nos N. peroneais profundo e superficial
Ramos colaterais:
 Ramo muscular do M. tibial anterior que dá ramo articular da art. tíbio-fibular proximal
 Ramos articulares directos (acompanham as A. geniculares laterais) e recorrente (pode vir do N. peroneal
profundo, acompanha A. recorrente tibial anterior) para a Art. do joelho e art. tíbio-fibular proximal
 N. cutâneo sural lateral: sensitivo
o Origem na região poplítea, com trajecto desce oblíquo para lateral na margem lateral da perna,
inervando a pele desta zona
 Ramo comunicante sural: sensitivo
o Origem ao nível da cabeça fibular, e tem um trajecto oblíquo ínfero-medialmente, unindo-se ao N.
cutâneo sural medial para formar o N. sural
o Pode ser colateral do N. cutâneo sural lateral ou nascer directamente do N. peroneal comum
Função: inervação sensitiva daa pele dos 2/3 proximais da metade lateral da face posterior e da face lateral da perna,
daa Art. do joelho, e inervação motora do M. tibial anterior

N. peroneal profundo (NETTER p. 529): nervo misto


Origem: origem ao nível do colo fibular, por bifurcação do N. peroneal comum
Trajecto: oblíquo ínfero-medialmente, passa profundamente ao M. longo extensor dos dedos e acompanha a A. tibial
anterior anteriormente à membrana interóssea até ao dorso do pé, profundamente ao retináculo inferior dos
extensores onde termina por bifurcação em ramo lateral e medial
Ramos terminais:
 Ramo lateral: acompanha a A. lateral do tarso e inerva o M. curto extensor dos dedos
o Dá ramos articulares para Art. tarsais e metatarso-falângicas
 Ramo medial: acompanha A. dorsal do pé até ao 1º espaço interósseo e inerva a pele adjacente dos 1º e 2º
dedos através dos N. digital dorsal lateral do hálux e digital dorsal medial do 2º dedo
o Dá o ramo articular da 1ª Art. metatarso-falângica
Ramos colaterais: ramos musculares para os músculos da região anterior da perna e ramo articular talo-crural
Função:
 Inervação motora dos músculos da região anterior da perna, do M. curto extensor dos dedos
 Inervação sensitiva da pele adjacente dos 1º e 2º dedos, e das Art. talo-crural, do tarso e metatarso-falângicas

Nervo peroneal superficial (NETTER p. 529): nervo misto


Origem: origem ao nível do colo fibular, por bifurcação do N. peroneal comum
Trajecto: desce entre os M. longo e curto peroneais, lateralmente ao M. longo extensor dos dedos, tornando-se
superficial no 1/3 distal da face ântero-lateral da perna, terminando por bifurcando-se ao nível do tornozelo
Terminação:
 N. cutâneo dorsal medial: cruza o dorso do pé superficialmente aos retináculos dos extensores e inerva a pele
do dorso do pé, o bordo medial do hálux e a pele adjacente aos 2º e 3º dedos, através dos:
o N. digital dorsal medial do hálux, digital dorsal lateral do 2º dedo e digital dorsal medial do 3º dedo
 N. cutâneo dorsal intermédio: cruza superficialmente aos retináculos dos extensores e inerva a pele da
metade lateral do dorso do pé até à região maleolar lateral, e a pele adjacente aos 3º, 4º e 5º dedos pelos:
o N. digital dorsal medial do 4º e 5º dedos, e digital dorsal lateral do 3º e 4º dedos

65
Ramos colaterais:
 Ramos musculares para os M. longo e curto peroneais, podendo dar um ramo para o M. terceiro peroneal
 Ramos cutâneos para a 1/2 inferior da face ântero-lateral da perna
Função:
 Inervação motora dos M. longo e curto peroneais
 Inervação sensitiva da a 1/2 inferior da face lateral da perna, do dorso do pé, o bordo medial do hálux a pele
adjacente aos 2º, 3º, 4º e 5º dedos

Nervo tibial (NETTER pp. 504-505, 527-528): nervo misto


Origem: por bifurcação terminal do N. ciático acima do vértice superior da região poplítea
Trajecto e relações:
 Desce verticalmente na fossa poplítea lateralmente aos vasos poplíteos, posteriormente ao M. poplíteo e
anteriormente aos M. gastrocnemius, até atravessar a arcada do solear
 Desce, com obliquidade ínfero-medial, entre os planos musculares profundo e superficial da região posterior
da perna, acompanhando primeiro medialmente a A. tibial posterior, cruzando-a posteriormente e colocando-
se no seu flanco lateral
 Ao alcançar o canal calcaneano, é posterior à A. tibial posterior e anterior ao tendão do longo flexor do hálux
bifurca-se nos r. terminais, N. plantares medial e lateral
Terminação: termina no canal calcaneano ao bifurcar-se nos seus ramos terminais, os N. plantares medial e lateral
Ramos colaterais:
 Ramos musculares para os músculos da região posterior da perna
 Ramos articulares para a Art. do joelho, acompanham as A. geniculares mediais e média, para a Art. tíbio-
fibular proximal (através do N. para o poplíteo) e para a Art. talo-crural e do tarso
 N. interósseo da perna: percorre a espessura da m. interóssea, inervando os ossos e a Art. tíbio-fibular distal
 N. cutâneo sural medial:
o Origem ainda na fossa poplítea, caminha verticalmente na face posterior da perna e torna-se superficial
na sua metade inferior acompanhando, lateralmente, a V. pequena safena
o Termina unindo-se ao ramo comunicante sural para formar o N. sural
o Função: inervação sensitiva da metade lateral do 1/3 superior da face posterior da perna
 N. calcaneanos mediais: inerva a pele do calcâneo formando plexo calcaneano com homólogos laterais

Nervo sural (NETTER p. 527): nervo sensitivo


Origem: união dos N. cutâneo sural medial e ramo comunicante sural, colateral do N. peroneal comum ou do N.
cutâneo sural lateral
Trajecto: é superficial na metade inferior da face posterior da perna, lateralmente à V. pequena safena e ao tendão
de Aquiles em direcção ao maléolo fibular, onde termina como N. cutâneo dorsal lateral
Ramos terminais: o N. cutâneo dorsal lateral inerva o bordo lateral do pé e termina como N. digital dorsal lateral
do 5º dedo, inervando o seu bordo lateral
Ramos colaterais: emite os N. calcaneanos laterais, inervam a pele do calcâneo formando plexo calcaneano com
homólogos mediais
Função: inervação sensitiva dos 2/3 inferiores da região posterior da perna

66
Nervo plantar medial (NETTER pp. 521 e 528): nervo misto
Origem: ao nível do canal calcaneano por bifurcação do N. tibial
Trajecto: percorre a planta do pé lateralmente à A. plantar medial, profundamente ao M. abdutor do hálux e
superficialmente ao M. longo flexor dos dedos, acompanhando o seu tendão e terminando por bifurcação
Ramos terminais:
 Ramo medial: dá o N. digital plantar medial do hálux, que dá o ramo muscular do M. curto flexor do hálux
 Ramo lateral: trifurca-se nos 3 primeiros N. digitais plantares comuns que se bifurcam em:
o N. digitais plantares mediais dos 2º, 3º e 4º dedos e N. digitais plantares laterais dos 1º, 2º e 3º dedos
 Dão ramos articulares para as Art. inter-falângicas e ramos para o perioníquio (rodeia a unha)
o O 1º N. digital plantar comum dá ramo muscular para o 1º lombricóide
Ramos colaterais:
 Ramos musculares para M. abdutor e curto flexor do hálux (inconstante), curto flexor dos dedos e quadrado
plantar
 Ramos articulares para Art. tarsais e metatarsais
 Ramos cutâneos plantares mediais para a pele da porção medial da planta do pé
Função:
 Inervação motora dos M. abdutor e curto flexor do hálux, curto flexor dos dedos, quadrado plantar e 1º
lombricóide
 Inervação sensitiva da planta do pé e face plantar dos dedos medialmente a um plano que passa no 4º dedo
Nota clínica: nos corredores e joggers, o N. plantar medial pode ser comprimido no nó de Henry, o cruzamento dos
tendões dos M. longo flexor do hálux (profundamente) e M. longo flexor dos dedos, causando dor e parestesias

Nervo plantar lateral (NETTER pp. 521 e 528): nervo misto


Origem: ao nível do canal calcaneano por bifurcação do N. tibial
Trajecto: percorre a planta do pé com obliquidade ântero-lateral em direcção ao bordo lateral do pé, num plano
entre os M. curto flexor dos dedos e M. quadrado plantar, medialmente à A. plantar lateral, terminando ao nível da
extremidade posterior do 4º espaço interósseo por bifurcação
Ramos terminais:
 Ramo superficial: continua o trajecto do N. plantar lateral e bifurca-se pouco depois em ramo lateral e
medial
o Ramo lateral: dirige-se para o 5º dedo
 Ramos musculares para os M. abdutor, curto flexor e oponente do mínimo
 N. digital plantar lateral do 5º dedo
o Ramo medial: percorre o 4º espaço interósseo
 N. digital plantar comum que se bifurca em digital plantar medial do 5º dedo e lateral do 4º
 Ramo profundo: acompanha a A. plantar lateral e arco plantar profundo
o Dá ramos musculares para os M. adutor do hálux, 3 últimos lombricóides e M. interósseos
Ramos colaterais:
 Ramos musculares para os M. abdutor do mínimo, quadrado plantar
 Ramos cutâneos plantares laterais para a pele da porção lateral da planta do pé
Função:
 Inervação motora dos M. quadrado plantar, adutor do hálux, M. abdutor, curto flexor e oponente do
mínimo, interósseos dorsais e plantares e 3 últimos lombricóides
 Inervação sensitiva da planta do pé e face plantar dos dedos lateralmente a um plano que passa no 4º dedo

67
Sistematização da Inervação Motora do Membro Inferior
Músculos da anca
 M. grande glúteo: N. glúteo inferior, colateral do Plexo sagrado
 M. médio glúteo e pequeno glúteo: N. glúteo superior, colateral do Plexo sagrado
 M. piriforme: N. para o M. piriforme, colateral do Plexo sagrado
 M. obturador externo: ramo posterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
 M. obturador interno e gémeo superior: N. para o obturador interno, colateral do Plexo sagrado
 M. quadrado femoral e gémeo inferior: N. para o quadrado femoral, colateral do Plexo sagrado

Músculos da coxa
Região anterior:
 M. tensor da fáscia lata: ramo inferior do N. glúteo superior, colateral do Plexo sagrado
 M. sartorius: colateral directo do N. femoral ou ramo colateral do N. cutâneo femoral anterior lateral,
colateral do N. femoral, terminal do Plexo lombar
 M. quadricípite femoral e articular do joelho: ramos individuais do N. do quadricípite femoral,
terminal do N. femoral, terminal do Plexo lombar
Região medial:
 M. pectíneo: dupla inervação pelo ramo anterior do N. obturador ou o N. obturador acessório e
colateral do N. femoral, todos terminais do Plexo lombar
 M. gracillis: ramo anterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
 M. longo adutor: ramo anterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
 M. curto adutor: ramos anterior e posterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
 M. adutor magno: dupla inervação pelo ramo posterior do N. obturador e pelo colateral do N. ciático
Região posterior: M. bicípite femoral, semi-tendinoso e semi-membranoso: colaterais do N. ciático

Músculos da perna
Região anterior:
 M. tibial anterior, longo extensor do hálux e longo extensor dos dedos: colaterais do
N. peroneal profundo, terminal do N. peroneal comum, terminal do N. ciático
 M. terceiro peroneal: dupla inervação por colateral do N. peroneal profundo (constante) e colateral
do N. peroneal superficial (inconstante)
Região lateral: M. longo e curto peroneais: N. peroneal superficial, terminal do N. peroneal comum
Região posterior: M. tricípite sural, plantar, poplíteo, longo flexor dos dedos, tibial posterior e longo flexor
do hálux: colaterais do N. tibial, terminal do N. ciático

Músculos do pé
Região dorsal: M. curto extensor dos dedos: ramo lateral, terminal, do N. peroneal profundo
Região plantar medial:
 M. abdutor e curto flexor do hálux: colaterais do N. plantar medial, terminal do N. tibial
 M. adutor do hálux: ramo profundo, terminal, do N. plantar lateral, terminal do N. tibial
Região plantar lateral:
 M. abdutor, curto flexor e oponente do mínimo: ramo superficial, terminal, do N. plantar lateral
Região plantar média:
 M. curto flexor dos dedos e 1º lombricóide: colateral e terminal do N. plantar medial
 M. 2º-4º lombricóides e interósseos (D e L): ramo profundo do N. plantar lateral
 M. quadrado plantar: dupla inervação por colaterais dos N. plantares medial e lateral
68
in Gray

69
Sistematização da Inervação Sensitiva do Membro Inferior
Região glútea
Região súpero-lateral: ramo lateral do N. ílio-hipogástrico, colateral do Plexo lombar
Região ínfero-lateral: ramo posterior do N. cutâneo femoral lateral, colateral do Plexo lombar
Região média superior: N. cluniais superiores, ramos dorsais dos N. espinhais de L1-L3
Região média inferior: N. cluniais inferiores, colaterais do N. cutâneo femoral posterior
Região medial: N. cluniais mediais, ramos dorsais dos N. espinhais de S1-S3
Região peri-anal: N. perfurante cutâneo, colateral do Plexo sagrado, ou do N. pudendo ou N. cutâneo
femoral posterior

Coxa
Região ântero-externa: N. cutâneo femoral lateral, colateral do Plexo lombar
Região ântero-medial:
 1/3 superior médio: ramo femoral do N. génito-femoral, colateral do Plexo lombar
 1/3 superior medial: N. ílio inguinal
 2/3 inferiores: N. cutâneo femoral anterior medial e lateral, terminais do N. femoral
Região medial:
 1/3 superior (raíz da coxa): N. ílio inguinal, colateral do Plexo lombar e ramo perineal do N. cutâneo
femoral posterior, colateral do P. sagrado
 1/3 médio ou 2/3 inferiores: ramo anterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
 1/3 inferior ou região medial do joelho: ramo posterior do N. cutâneo femoral anterior medial
Região posterior e região poplítea: N. cutâneo femoral posterior, colateral do Plexo sagrado

Joelho: Plexo peri-patelar com o ramo anterior do N. cutâneo femoral lateral, N. cutâneo femoral anterior
lateral, o ramo infra-patelar do N. safeno e ramo anterior do N. obturador

Perna
Região ântero-medial: N. crurais mediais, colaterais do N. safeno, terminal do N. femoral
Região ântero-lateral:
 1/2 superior: N. cutâneo sural lateral, colateral do N. peroneal comum, terminal do N. ciático
 1/2 inferior: N. peroneal superficial, terminal do N. peroneal comum
Região posterior:
 1/2 medial: N. crurais mediais, colaterais do N. safeno, terminal do N. femoral
 1/2 lateral, 1/3 superior: N. cutâneo sural medial, colateral do N. tibial, terminal do N. ciático
 1/2 lateral, 2/3 inferior: N. sural, combinação de colaterais dos N. peroneal comum e tibial

Tornozelo e pé
Região maleolar tibial: N. safeno, terminal do N. femoral
Bordo medial: N. safeno, terminal do N. femoral
Região maleolar fibular: N. sural e N. cutâneo dorsal intermédio, terminal do N. peroneal superficial
Bordo lateral: N. cutâneo dorsal lateral, terminal do N. sural
Face dorsal: N. cutâneos dorsais medial e intermédio, terminais do N. peroneal superficial
 1º espaço interdigital: ramo medial do N. peroneal profundo, terminal do N. peroneal comum
Face plantar: dividida por plano que vai desde o calcâneo ao ápex do 4º dedo
 Medialmente: ramos cutâneos plantares do N. plantar medial, terminal do N. tibial
 Lateralmente: ramos cutâneos plantares do N. plantar lateral, terminal do N. tibial
Calcâneo: N. calcaneanos mediais e laterais, colaterais dos N. tibial e sural, respectivamente
70
in Gray

71
Sistematização da Inervação Articular do Membro Inferior
Articulação coxo-femoral
Anteriormente, pelo Plexo lombar:
 Ramo anterior e/ou posterior do N. obturador, ou N. obturador acessório, terminais do P. lombar
 Ramo para o M. recto femoral do N. do quadricípite femoral, terminal do N. femoral
Posteriormente, pelo Plexo sagrado:
 N. para o quadrado femoral, colateral do Plexo sagrado
 Colaterais do N. ciático, terminal do Plexo sagrado

Articulação do joelho
 Ramo posterior do N. obturador
 Ramos do N. do quadricípite femoral (excepto do ramo do M. recto femoral)
 Colaterais do N. ciático (inconstantes)
 2 ramos colaterais do N. tibial, que acompanham as A. geniculares mediais
 2 ramos articulares directos do N. peroneal comum, que acompanham as A. geniculares laterais
 1 ramo articular recorrente do N. peroneal comum ou profundo, que acompanha a A. recorrente
tibial anterior

Articulações tíbio-fibulares
 Proximal:
o Ramo muscular do M. tibial anterior do N. peroneal comum
o 1 ramo articular recorrente do N. peroneal comum, acompanha A. recorrente tibial anterior
o Ramo muscular do M. poplíteo, colateral do N. tibial
 Distal:
o N. interósseo da perna, colateral do N. para o poplíteo
o Ramos ocasionais dos N. peroneal profundo e N. sural

Articulação talo-crural
 Colateral final do N. tibial
 Colateral do N. peroneal profundo
 Colateral ocasional do N. sural, combinação de colaterais dos N. peroneal comum e tibial

Articulações do tarso e metatarso-falângicas


 Ramos lateral e medial do N. peroneal profundo
 Colateral do N. tibial
 Colaterais do N. plantar medial
 Colaterais do N. plantar lateral

Articulações inter-falângicas
 N. digitais plantares, terminais dos N. plantares medial e lateral

72
Osteologia do Membro Superior
Clavícula (NETTER p. 404)
Considerações gerais:
 Osso par, longo, em forma de S itálico, oblíquo ântero-ínfero-medialmente
 Articula com a escápula, com o esterno e com a 1ª cartilagem costal
 Curvaturas: uma medial, côncava posteriormente, e uma lateral, côncava anteriormente
 Descrição: um corpo com duas faces e duas margens, e duas extremidades, uma medial e uma lateral

Corpo
 Face superior: superficial, relaciona-se com o M. platisma e com a pele
 Face inferior: apresenta sulco para a inserção do M. subclávio e fáscia clavi-peitoral na porção média
o As porções medial e lateral da face inferior do corpo são descritas junto com as extremidades
 Margem anterior: inserção do M. deltóide, no 1/3 lateral, e do M. grande peitoral nos 2/3 mediais
 Margem posterior: inserção do M. trapézio no 1/3 lateral e do feixe clavicular do M. ECM, no 1/3 medial

Extremidades
 Lateral ou acromial, mais achatada: apresenta face articular ovalar para o acrómio da escápula
o Na face inferior: linha do trapezóide e o tubérculo conóide, para a inserção dos ligamentos homónimos
 O tubérculo conóide está no início do1/4 lateral junto à margem posterior
 A linha do trapezóide parte do tubérculo conóide e corre ântero-lateralmente
 Medial ou esternal, mais cilíndrica: apresenta face articular complexa para o esterno e 1ª cartilagem costal
o Na face inferior: impressão para inserção do lig. costo-clavicular
o A sua porção superior é rugosa pela inserção do lig. interclavicular, cápsula e disco articular

Escápula (NETTER pp. 405-408)


Considerações gerais
 Osso par, achatado (shoulderblade, em inglês coloquial), com forma triangular
 Articula com a clavícula e com o úmero
 Orientação: o ângulo com a cavidade glenóide é lateral, e a face côncava é anterior
 Descrição: por ser triangular, apresenta duas faces, três margens e três ângulos

in Gray for Students 73


Face posterior ou dorsal:
 Espinha da escápula: crista horizontal, achatada transversalmente, na união do ¼ superior com os ¾ inferiores
o Divide a face posterior em fossas supra e infra-espinhosa
o O seu bordo posterior recebe a inserção dos M. deltóide (lábio inferior) e trapézio (lábio superior)
 Apresenta um espessamento elíptico, na sua porção média, o tubérculo deltóide
o Termina, lateralmente, com o acrómio, processo achatado que curva para medial, em gancho, e
apresenta face articular para a clavícula
o A projecção do acrómio forma a incisura espinho-glenóide:
 Contínua com a porção posterior do colo da escápula
 Transformada em foramen pelo lig. transverso inferior da escápula (ou lig. espinho-glenóide)
 Permite que haja uma comunicação lateral entre as fossas supra e infra-espinhosa
 Dá passagem ao ramo infra-espinhoso da A. supra-escapular e ao N. supra-escapular
 Fossa supra-espinhosa: inserção do M. supra-espinhoso nos seus 2/3 mediais
 Fossa infra-espinhosa: dividida em duas porções por crista que corre paralelamente à margem lateral
o Porção medial: os 2/3 súpero-mediais da superfície dão inserção ao M. infra-espinhoso
o Porção lateral: o 1/3 ínfero-lateral dá inserção aos M. teres minor e major, este último mais próximo
do ângulo inferior

Face anterior ou costal: por ser côncava, forma a fossa subescapular, que dá inserção ao M. subescapular

Margem medial: por ter espessura apreciável, é subdivisível em três porções, de anterior para posterior
 Lábio anterior: inserção do M. serratus anterior
 Interstício, de superior para inferior, dá inserção a:
o M. elevador da escápula: desde o ângulo superior da escápula até à raiz da espinha da escápula
o M. pequeno rombóide: junto à raiz da espinha da escápula
o M. grande rombóide: restante interstício até ao ângulo inferior da escápula
 Lábio posterior, de superior para inferior: inserção dos M. supra-espinhoso e infra-espinhoso

Margem lateral: tão espessa que toma o nome de pilar da escápula


 Inserção dos M. teres minor e teres major, este último junto
do ângulo inferior
o A meio da inserção do teres minor existe um sulco
para os vasos circunflexos escapulares
 Abaixo do ângulo lateral existe o tubérculo infra-glenoideu
onde se insere a longa porção do tricípite braquial

Margem superior: fina e oblíqua ínfero-lateralmente


 Apresenta, lateralmente, a incisura escapular, ou supra-
escapular, transformada em foramen pelo lig. transverso
superior da escápula, que dá passagem ao N. supra-
escapular em direcção à fossa supra-espinhosa

Ângulo superior: dá inserção do M. elevador da escápula

Ângulo inferior: projecta-se ao nível do 7º espaço intercostal


 Dá inserção aos M. latissimus dorsal e teres major, este
último mais lateralmente
 A projecção parietal deste ângulo é um marco topográfico
fundamental para qualquer clínico in Gray for Students

74
Ângulo lateral: o ângulo mais volumoso, facilmente identificável pela presença da cavidade glenóide
 Cavidade glenóide: recebe a cabeça do úmero
o Colo escapular: depressão circunferencial que separa a cavidade glenóide da restante escápula
o Tubérculo supra-glenoideu: no rebordo superior, dá inserção à longa porção do bicípite braquial
o Tubérculo infra-glenoideu: saliência do rebordo inferior, já descrito na margem lateral
 Processo coracóide: saliência em gancho, com porção inicial vertical e depois horizontal, que se dirige ântero-
lateralmente, estando situada entre o tubérculo supra-glenoideu (marca a sua base) e a incisura escapular
o Base: da sua margem lateral parte o lig. córaco-glenoideu
o Bordo medial: inserção do M. pequeno peitoral
o Bordo lateral: inserção dos ligg. córaco-umeral, inferiormente, e córaco-acromial, superiormente
o Ângulo ou porção posterior da face superior: inserção do lig. conóide (parte do lig. córaco-clavicular)
o Face superior do segmento horizontal: inserção do lig. trapezóide (parte do lig. córaco-clavicular)
o Ápex: inserção do tendão comum à curta porção do M. bicípite braquial, mais lateralmente, e do
córaco-braquial, mais medialmente

Úmero (NETTER pp. 405-406)


Considerações gerais
 Osso par, longo, orientável colocando a cabeça, esferóide e superior, virada para medial
 Articula com a escápula, com o rádio e com a ulna
 Descrição: um corpo com três faces e tantas margens, e duas extremidades, uma superior e uma inferior

Corpo: porção longa, diafisária, que em secção transversal tem forma triangular, definindo-se assim as faces
 Face ântero-lateral: apresenta, na porção média, a tuberosidade deltóide
o A tuberosidade forma com as margens lateral e anterior os ramos posterior e anterior do V deltoideu
o Na tuberosidade insere-se o M. deltóide e, abaixo desta, em toda a restante face, o M. braquial
 Face ântero-medial: na porção média insere-se o M. córaco-braquial, e na metade inferior o M. braquial
o O seu 1/3 superior continua-se com o sulco intertubercular
o No seu 1/3 médio, próximo da margem medial, insere-se o M. córaco-braquial
o Inferiormente à inserção do M. córaco-braquial, apresenta o foramen nutritivo do úmero
o Na sua 1/2 inferior insere-se o M. braquial
 Face posterior: percorrido, com obliquidade ínfero-lateral, no seu 1/3 superior, pelo sulco radial ou espiral
o O sulco radial contém o N. radial e a A. braquial profunda
o O sulco continua-se em direcção à face ântero-lateral, atingindo-a inferiormente à tuberosidade deltóide
o Nos lábios do sulco inserem-se, respectivamente, os vastos lateral e medial do M. tricípite braquial
 Margem anterior: forma, na porção média, com a tuberosidade glútea, o V deltóide
o Superiormente: continua-se com a crista do grande tubérculo (ou lábio lateral do sulco intertubercular)
o Inferiormente: bifurca-se para constituir os limites da fossa coronóide
 Margens lateral: dá inserção ao septo intermuscular lateral
o Interrompida na união do seu 1/3 médio com o 1/3 inferior pelo sulco radial, vindo da face posterior
o Continua-se, inferiormente, como crista supra-condilar lateral, que termina no epicôndilo lateral, e dá
inserção aos M. bráquio-radial e longo extensor radial do carpo
 Margem medial: dá inserção ao septo intermuscular medial
o Superiormente: continua-se com a crista do pequeno tubérculo (lábio medial do sulco intertubercular)
o Na sua porção média apresenta a inserção do M. córaco-braquial
o Inferiormente: continua-se como crista supra-condilar medial, que termina no epicôndilo medial
o Em 1-2% dos casos, no 1/3 inferior da margem medial, 5cm acima do epicôndilo medial, existe um
processo supra-condilar, curvo ântero-inferiormente em gancho, cujo ápex emite uma corda fibrosa, o
ligamento de Struthers, para a margem superior do epicôndilo medial, que delimita um foramen que
dá passagem ao N. mediano (onde pode sofrer compressão) e para a A. braquial

75
Extremidade superior: mais volumosa, com aspecto esferóide, apresenta uma cabeça, dois tubérculos e um sulco
 Cabeça: 1/3 de esfera com 30mm de raio, orientada medialmente, articula com a cav. glenóide da escápula
o Forma com o eixo do corpo um ângulo de 130º, aberto medialmente
 Colo anatómico: sulco circunferencial entre a cabeça e os tubérculos
o Superiormente ao peq. tubérculo apresenta a fossa supra-tubercular para o lig. gleno-umeral superior
 Grande tubérculo (troquiter): saliência póstero-lateral, volumosa, que se continua inferiormente com a crista
do grande tubérculo (ou lábio lateral do sulco intertubercular), e apresenta 3 facetas:
o Faceta superior: inserção do M. supra-espinhoso
o Faceta média: em posição póstero-inferior à superior, dá inserção ao M. infra-espinhoso
o Faceta inferior: em posição inferior à média, dá inserção ao M. teres minor
 Pequeno tubérculo (troquino): saliência ântero-medial que se continua inferiormente com a crista do
pequeno tubérculo (ou lábio medial do sulco intertubercular), e dá inserção ao M. sub-escapular
 Sulco intertubercular: sulco com orientação vertical inferior, ladeado pelas cristas dos tubérculos, os lábios
o Lábio lateral (crista do GT): inserção do M. grande peitoral
o Lábio medial (crista do PT): inserção do M. teres major
o Fundo do sulco: inserção do M. latissimus dorsal, profundamente às estruturas que correm no sulco
o O sulco aloja as seguintes estruturas: o tendão da longa porção do M. bicípite braquial, a bursa do
tendão referido e o ramo ascendente da A. circunflexa umeral anterior
 Colo cirúrgico: área metafisária, distal aos tubérculos, que une a extremidade superior ao corpo do úmero

in Sobotta

in Gray for Students

76
Extremidade inferior: constituído por dois côndilos, um medial, cuja superfície articular é a tróclea, e um lateral,
cuja superfície articular é o capítulo, cada um dos quais com epicôndilos
 Capítulo: sup. articular lateral e anterior, de forma semi-hemisférica, articula com a fóvea articular do rádio
o Apenas apreciável no aspecto anterior e inferior da extremidade inferior
o Limitado ântero-superiormente pela fossa radial, que recebe a cabeça radial, em flexão
o Separado da tróclea pelo sulco capítulo-troclear, biselado e orientado súpero-lateralmente
 Tróclea: superfície articular medial, em forma de roldana, articula com a incisura troclear da ulna
o Continua-se com os aspectos inferior e posterior da ext. inferior, alargando da frente para trás
o Limitada ântero-superiormente pela fossa coronóide, que recebe o proc. coronóide da ulna, em flexão
o Limitada póstero-superiormente pela fossa olecraneana, que recebe o olecrânio da ulna, em extensão
 Epicôndilo lateral: saliência lateral do côndilo lateral, dá inserção a ligamentos e músculos
 Epicôndilo medial (+ proeminente): saliência medial do côndilo medial, dá inserção a ligamentos e músculos
o Póstero-inferiormente, forma um sulco para o N. ulnar, chamado sulco epitrócleo-olecraneano
in Gray for Students

Ulna (NETTER pp. 422-425)


Considerações gerais
 Osso par, longo, em posição medial no antebraço, com extremidade superior volumosa
 Articula com o úmero, rádio e com o disco articular do punho
 Descrição: um corpo com três faces e tantas margens, e duas extremidades, uma superior e uma inferior

Corpo: porção longa, diafisária, que em secção transversal tem forma triangular, definindo-se assim as faces
 Face anterior: dá inserção, nos 2/3 superiores, ao M. flexor profundo dos dedos, e no 1/3 inferior, ao
quadrado pronador, e apresenta o foramen nutritivo da ulna proximalmente ao seu ponto médio
 Face posterior:
o Tem uma crista longitudinal, paralela e muito próxima da crista interóssea, que parte do ramo posterior
da superfície sub-sigmoideia e divide a face posterior em porção medial e lateral (esta muito estreita)
o Porção lateral: inserção dos M. longo abdutor, longo extensor (por vezes o curto) do polegar e o
extensor do indicador
o Porção medial: inserção, no 1/3 superior, numa superfície triangular, o M. ancónio, e no 1/3 médio,
insere-se o M. extensor ulnar do carpo, até junto da margem posterior
 Face medial: inserção do M. flexor profundo dos dedos nos 2/3 superiores

77
 Margem anterior: nos 2/3 superiores, insere-se o M. flexor profundo dos dedos, e no 1/3 inferior insere-se o
quadrado pronador
o Esta margem prolonga-se, inferiormente, até à base do processo estilóide
 Margem posterior: de medial para lateral, dá inserção aos M. flexor e extensor ulnar do carpo
o Superiormente bifurca-se em duas cristas que vão formar as margens laterais do olecrânio
o A superfície entre estas cristas faz parte das inserções do M. ancónio
 Margem lateral ou crista interóssea: dá inserção à membrana interóssea do antebraço nos seus 3/4 inferiores
o A extremidade superior (1/4 sup.) bifurca-se, delimitando a superfície sub-sigmoideia para inserção do
M. supinador, sendo o ramo posterior desta bifurcação, rugoso, chamado crista do supinador
o Os ramos da bifurcação superior vão formar os limites anterior e posterior da incisura radial
o No 1/4 inferior esta crista interóssea deixa de existir, uma vez que o corpo se torna cilindróide

Extremidade superior: volumosa e apresenta incisuras radial e troclear, esta formada pelo olecrânio e pr. coronóide
 Incisura troclear (lembra uma cadeira): cavidade articular orientada ântero-superiormente que articula com
a tróclea umeral
o Apresenta uma saliência longitudinal que divide a incisura em metade medial e lateral
o O limite posterior é o olecrânio (costas da cadeira), projecção vertical cujo ápex se relaciona com a fossa
olecraneana do úmero em extensão completa do antebraço, e recebe o tendão do M. tricípite braquial
o O limite anterior é o processo coronóide (assento da cadeira), projecção horizontal cujo bico se
relaciona com a fossa coronóide do úmero, em flexão do antebraço
 Incisura radial: pequena faceta articular na margem lateral do processo coronóide, que recebe a
circunferência articular do rádio
 Tuberosidade ulnar: saliência rugosa anterior, inferior e lateral ao processo coronóide, que dá inserção ao
tendão do M. braquial

Extremidade inferior: menos volumosa, apresenta uma cabeça e um processo estilóide


 Cabeça: duas faces articulares contínuas, embora separadas por crista ântero-posterior convexa lateralmente
o Faceta lateral: denominada circunferência articular, articula com a incisura ulnar do rádio
o Faceta inferior: está separada do osso piriforme pelo disco articular do punho (fibrocartilagem)
 Processo estilóide: saliência cilíndrica póstero-medial à cabeça, facilmente palpável à superfície
o Apresenta um sulco póstero-medial para o M. extensor ulnar do carpo
Rádio (NETTER pp. 422-425)
Considerações gerais
 Osso par, longo, em posição lateral no antebraço, com extremidade inferior volumosa
 Articula, superiormente, com o úmero e ulna, e inferiormente com o escafóide e lunatum
 Orientável uma vez que o processo que se destaca da extremidade inferior é lateral
 Descrição: um corpo com três faces e tantas margens, e duas extremidades, uma superior e uma inferior

Corpo: porção longa, diafisária, que em secção transversal tem forma triangular, definindo-se assim as faces
 Face anterior: nos 2/3 sup. dá inserção ao M. longo flexor do polegar e no 1/3 inferior ao quadrado pronador
o Apresenta o foramen nutritivo do rádio proximalmente à sua porção média
 Face posterior: dá inserção nos 2/4 médios ao M. longo abdutor (sup.) e curto extensor do polegar (inf.)
 Face lateral: dá inserção na metade superior ao M. supinador e, na porção média, através da tuberosidade
do pronador, dá inserção ao M. pronador teres
 Margem anterior: dá inserção, na metade superior, ao feixe radial do M. flexor superficial dos dedos
o Esta margem parte da tuberosidade radial e prolonga-se até à base do processo estilóide
o Tem orientação oblíqua ínfero-lateral na porção superior, e vertical inferior na porção inferior
 Margem posterior: romba nas extremidades, pelo que a transição entre faces lateral e posterior é mal definida

78
 Margem medial ou crista interóssea: inserção da membrana interóssea em quase toda a extensão
o Parte da tuberosidade radial e bifurca-se distalmente para formar a face medial da extremidade inferior,
o A membrana interóssea acompanha a bifurcação, dividindo-se em folhetos anterior e posterior para
limitar essa face
o 4-5cm abaixo da tuberosidade radial apresenta o tubérculo interósseo para inserção de feixes da
membrana interóssea

Extremidade superior: cilíndrica, com uma cabeça e um colo


 Cabeça: porção superior, a fóvea articular, e porção circunferencial
o Fóvea articular ou prato radial, é deprimida em forma de cálice e articula com o capítulo umeral
o Circunferência articular é lisa, tem 7-8mm de altura e articula com a incisura radial da ulna
 Colo: porção estreita e frágil, com 1cm de altura, que liga a cabeça ao corpo
 Tuberosidade radial: 2cm abaixo do colo, na face ântero-medial da união do colo com o corpo radial, é uma
rugosidade oval de maior eixo vertical que dá inserção ao tendão do M. bicípite braquial

Extremidade inferior: volumosa, em forma de prisma quadrangular


 Face inferior: duas superfícies articulares separadas por crista ântero-posterior
o A superfície lateral articula com o escafóide e a medial com o lunatum
 Face anterior: lisa, dá inserção do M. quadrado pronador
 Face posterior: dois sulcos separados por crista vertical
o Sulco medial: para os tendões dos M. extensor dos dedos e extensor do indicador
o Sulco lateral: para o tendão do M. longo extensor do polegar
o A separar a face posterior da face lateral está o tubérculo dorsal de Lister (ângulo póstero-lateral)
 Face lateral: apresenta dois sulcos separados por crista vertical e um prolongamento ósseo
o Sulco posterior: para os tendões dos M. longo e curto extensores radiais do carpo
o Sulco anterior: para os tendões dos M. longo abdutor do polegar e curto extensor do polegar
o Processo estilóide: saliência conóide póstero-medial, facilmente palpável à superfície, que parte da face
lateral e dá inserção ao tendão do M. bráquio-radial
 Face medial: triangular, limitada pela bifurcação da crista interóssea, apresenta a incisura ulnar

Vista ventral do carpo Vista dorsal do carpo

in Gray

79
Carpo (NETTER pp. 439-443) Some Lovers Try Positions
They Truly Can’t Handle
Considerações gerais:
 Duas fileiras de 8 ossos curtos de forma cuboideia, em que as faces anterior e posterior não articulam
 Procarpo, de lateral para medial: escafóide, lunatum, triquetrum, pisiforme
 Mesocarpo, de lateral para medial: trapézio, trapezóide, capitatum e hamatum
 A sua disposição forma a goteira cárpica, côncava anteriormente, que dá passagem a tendões, vasos e nervos:
o Limite lateral: proximalmente o tubérculo do escafóide e distalmente o tubérculo do trapézio
o Limite medial: proximalmente o pisiforme e distalmente o hamulus do hamatum
o Limite anterior: o retináculo dos flexores

Procarpo: para orientação serve que a maior face não articular é a anterior
 Escafóide, o mais volumoso do procarpo:
o Face superior: articula com a faceta articular lateral da extremidade inferior do rádio
o Face inferior: articula com o trapézio e trapezóide
o Face lateral: apresenta a incisura da A. radial para esse vaso no seu trajecto palmo-dorsal
o Face medial: articula com o capitatum, distalmente, e com o lunatum, proximalmente
o Face anterior: apresenta o tubérculo do escafóide, para o lig. colateral radial e retináculo dos flexores
 Lunatum ou semi-lunar:
o Face superior: articula com a faceta articular medial da extremidade inferior do rádio
o Face inferior: articula com o capitatum e hamatum
o Face lateral: articula com o escafóide
o Face medial: articula com o triquetrum
 Triquetrum ou piramidal: pirâmide com base súpero-lateral e ápex ínfero-medial
o Face superior: relacionada com o disco articular do punho e, através deste, com a cabeça ulnar
o Face inferior: articula com o hamatum
o Face lateral ou base: articula com o lunatum
o Face anterior e ápex: articula com pisiforme
o Face posterior apresenta crista do triquetrum: dá inserção a feixe do lig. colateral ulnar do carpo
 Pisiforme (forma de ervilha), o menos volumoso do carpo: forma esférica, dá inserção ao ret. dos flexores
o Face posterior: articula com o triquetrum
o Face lateral: sulco para a artéria e nervo ulnar
o Face anterior: distalmente insere-se o M. abdutor do mínimo e proximalmente o flexor ulnar do carpo

Mesocarpo: para orientação serve que a maior face não articular é a posterior
 Trapézio:
o Face superior: articula com o escafóide
o Face inferior: articula com a base do 1º metacárpico
o Face medial: articula distalmente com a base do 2º metacárpico, e proximalmente com o trapezóide
o Face anterior: apresenta sulco medial para o tendão do flexor radial do carpo e, lateralmente, o
tubérculo do trapézio, que dá inserção ao retináculo dos flexores e limita lateralmente o sulco descrito
 Trapezóide:
o Face superior: articula com o escafóide
o Face inferior: articula com a base do 2º metacárpico
o Face lateral: articula com o trapézio
o Face medial: articula com o capitatum
 Capitatum, o mais volumoso do carpo, é dividido em cabeça (origem do nome), colo e corpo:
o Cabeça, a porção superior: articula com o lunatum
o Face inferior do corpo: articula com o 2º, 3º e 4º metacárpicos
o Face lateral do corpo: articula distalmente com o trapezóide, e proximalmente com o escafóide
o Face medial do corpo: articula com o hamatum
o Face posterior do corpo: prolonga-se inferiormente pelo processo do capitatum
80
 Hamatum: pirâmide de base inferior e ápex superior
o Ápex: relaciona-se com o lunatum
o Face inferior ou base: articula com 4º e 5º metacárpicos
o Face lateral: articula com o capitatum
o Face medial: articula com o triquetrum
o Face anterior: com processo em forma de gancho, o hamulus, que dá inserção ao retináculo dos flexores

Metacarpo (NETTER pp. 439-443)


Considerações gerais
 5 ossos longos, com um corpo, uma base proximal e uma cabeça distal
 Corpo: prisma triangular de base posterior ou dorsal e vértice anterior ou palmar, côncavo anteriormente
o Comprimento por ordem crescente: 1º, 5º, 4º, 3º, 2º
o Espessura por ordem crescente: 5º, 4º, 3º, 2º, 1º
 Base: face articular superior para os ossos mesocárpicos e faces articulares laterais (1 ou 2) para os
metacárpicos adjacentes
o 1º meta: não apresenta faces articulares laterais
o 2º meta: base bifurcada em dois tubérculos; só apresenta face articular lateral para o 3º meta
 Do ângulo lateral da face dorsal parte um prolongamento, o processo estilóide do 2º meta
o 3º meta: Do ângulo lateral da face dorsal parte um prolongamento, o processo estilóide do 3º meta
o 5º meta: só apresenta face articular lateral para o 4º meta
 Do ângulo lateral da face dorsal parte um prolongamento, o processo estilóide do 5º meta
 Cabeça: forma condilar, articula com a cavidade glenóide da base das falanges proximais

Falanges (NETTER p. 443)


Considerações gerais
 14 ossos longos, com um corpo, uma base proximal e uma cabeça distal
 Falanges proximais (5): a base é uma cavidade glenóide e a cabeça é uma tróclea
 Falanges médias (4): a base é uma dupla cavidade glenóide e a cabeça é uma tróclea
o O polegar é o único dedo sem falange média
 Falanges distais (5): base é uma dupla cavidade glenóide e a cabeça é saliente, rugosa anteriormente e lisa
posteriormente
o A face dorsal da cabeça é o leito ungueal, recebendo a unha
o A face palmar da cabeça é a tuberosidade da falange distal, para a inserção das polpas dos dedos

Ossos sesamóides: são ossos pequenos, com forma de sementes de sésamo, na espessura de tendões ou
ligamentos, sendo que, na mão, os mais constantes são palmares à 1ª articulação metacarpo-falângica, um medial e
um lateral

Artrologia do Membro Superior


Articulação esterno-clavicular (NETTER p. 404)
Classificação: disco-efipiartrose/selar
Superfícies articulares: presentes na clavícula, esterno e 1ª cartilagem costal, revestidas por cartilagem hialina
 Clavicular: face articular da porção ântero-inferior (2/3 inferiores) da extremidade medial ou esternal
o Côncava ântero-posteriormente e convexa céfalo-caudalmente
o Continua-se uma pequena faceta articular (2-5mm) na face inferior, para a 1ª cartilagem costal
 Esternal: face articular da incisura clavicular do manúbrio, lateralmente à incisura jugular
o Convexa ântero-posteriormente e côncava céfalo-caudalmente
o Continua-se, lateralmente, com a faceta articular costo-condral
 Costo-condral (1ªCC): faceta articular na face superior da sua extremidade medial
81
Disco articular: fibrocartilagem que divide a cavidade articular em porções disco-esternal e disco-clavicular
 Insere-se, superiormente, na clavícula, acima da sua faceta articular, e inferiormente na 1ª cartilagem costal
 Insere-se, circunferencialmente, na face interna da cápsula articular e ligamentos que a reforçam
 É espesso perifericamente e mais fino no centro
 Tem a função de melhorar a coaptação das superfícies articulares que, como visto, têm curvaturas opostas
 Sujeito a variações inter-individuais, podendo ser perfurado ou incompleto (menisco)

Meios de união
 Cápsula articular: insere-se no rebordo articular de todas as superfícies articulares, reforçada por ligamentos
 Lig. esterno-clavicular anterior: da face anterior da ext. esternal da clavícula à face anterior do manúbrio
 Lig. esterno-clavicular posterior: da face posterior da ext. esternal da clavícula à face posterior do manúbrio
 Lig. superior, que contempla duas porções:
o Esterno-clavicular: fibras curtas do rebordo superior da ext. esternal da clavícula à incisura jugular
o Interclavicular: fibras longas, superiores, que se fundem com as contralaterais na incisura jugular
 Lig. costo-clavicular: da face inferior da ext. esternal da clavícula à face superior da 1ª cartilagem costal
o Na face inferior da extremidade esternal da clavícula forma uma rugosidade
o Lâmina anterior: fibras ântero-laterais continuam-se com a fáscia do M. subclávio
o Lâmina posterior: fibras póstero-mediais que se fundem com a cápsula articular

Membrana sinovial (dupla): a medial reveste a cavidade disco-esternal e a lateral reveste a disco-clavicular
Movimentos: permite movimentos de projecção/deslizamento superior, inferior, anterior e posterior

in Gray

Articulação acrómio-clavicular (NETTER pp. 408 e 411)


Classificação: artrodia ou discartrose (2/3 dos casos)
Superfícies articulares: a face articular da porção terminal e medial do acrómio, e a face articular da extremidade
acromial da clavícula
 Revestidas por fibrocartilagem irregular, podendo ser especialmente espessa na ausência de disco
 A face acromial é talhada em bisel e olha súpero-medialmente, enquanto a face clavicular assenta sobre esta

82
Disco articular: em 1/3 a 2/3 dos casos existe um disco articular, normalmente parcial
 Normalmente, é prismático triangular e ocupa a metade superior da articulação, tendo bordo inferior livre
 Excepcionalmente, o disco é completo e divide a cavidade articular em duas porções independentes

Meios de união
 Cápsula articular: insere-se nos rebordos articulares das superfícies articulares
 Lig. acrómio-clavicular: reforço capsular no seu aspecto superior
o Plano profundo: espessamento de fibras capsulares
o Plano superficial: fibras com obliquidade póstero-medial, sendo individualizável da cápsula
 Derivam da transformação fibrosa de algumas fibras musculares do M. trapézio
 Lig. córaco-claviculares: não pertencem à articulação mas são importantes fixadores da articulação
o Lig. trapezóide (ântero-lateral): lâmina quadrilátera, quase horizontal, com direcção súpero-lateral
 Parte da face superior do segmento horizontal do processo coracóide da escápula
 Insere-se na linha do trapezóide da face inferior da extremidade acromial da clavícula
o Lig. conóide (póstero-medial): é triangular em leque, quase vertical, de direcção póstero-superior
 Parte do ângulo do processo coracóide (posterior ao lig. trapezóide) da escápula
 Insere-se no tubérculo do cubóide, junto à margem posterior da clavícula
o O ângulo entre os ligamentos está preenchido por tecido adiposo ou bursa sinovial
o Por vezes, com o deslizamento directo, em alguns movimentos, do processo coracóide sob face inferior
da clavícula, forma-se uma Art. córaco-clavicular, cujas sup. articulares podem corresponder às
inserções ligamentares, ou formar-se capa fibrocartilaginosa na face súpero-medial do lig. trapezóide
o A fáscia clavi-peitoral, na sua porção subclávia, pode emitir espessamentos para a margem medial do
processo coracóide, constituindo os lig. córaco-claviculares lateral e medial, muito inconstantes

Sinovial: reveste internamente a cápsula, podendo ser dupla em caso de disco completo
Movimentos: deslizamento anterior e posterior

vin Sobotta

83
Articulação do ombro ou gleno-umeral (NETTER pp. 408)
Classificação: enartrose ou esferoideia
Superfícies articulares: a cabeça do úmero e cavidade glenóide da escápula, auxiliados por debrum articular
 Cabeça do úmero: 1/3 de uma esfera orientada póstero-súpero-medialmente, com 30mm de raio
o Revestida por cartilagem hialina com 2mm de espessura, mais espessa centralmente
o A sua superfície articular está limitada à periferia pelo colo anatómico que, logo acima do pequeno
tubérculo apresenta a fossa supra-tubercular para o lig. gleno-umeral superior
 Cavidade glenóide: cavidade oval, mais larga e profunda inferiormente, no ângulo lateral da escápula
o Centralmente apresenta uma eminência denominada tubérculo glenóide
o Revestida por cartilagem hialina, mais espessa na metade inferior
 Debrum glenóide: fibrocartilagem periférica que expande a superfície de contacto da cavidade glenóide
o Base: adere ao rebordo da cavidade glenóide, mais fortemente na metade inferior que na superior
 Pode, por vezes, ter aderência ténue superiormente e insinuar-se entre a cabeça umeral e a
cavidade glenóide, entrando na cavidade articular e funcionando como menisco
o Face capsular: face externa, que dá inserção à cápsula articular
o Face articular: face interna, lisa e livre, que é a verdadeira porção articular do debrum
o As suas fibras estão reforçadas por fibras das longas porções dos M. bicípite e tricípite braquiais, que
se inserem, respectivamente, nos tubérculos supra e infra-glenoideus

Meios de união: cápsula articular, laxa (ossos podem ser separados 2-3cm) e incompleta (ver foramen oval adiante)
 Inserção umeral: diferente na porção superior e porção inferior da cápsula
o Superiormente: insere-se no colo anatómico, que limita a periferia da superfície articular
o Inferiormente: insere-se na metade medial do colo cirúrgico, distando 1cm da superfície articular
o A inserção anterior faz-se segundo uma linha oblíqua ântero-ínfero-medialmente
o A cápsula é mais espessa inferiormente por não estar reforçada com tendões musculares
 Inserção escapular: na face externa do debrum e rebordo glenóide, podendo ir até ao colo escapular, sendo
que a extensão da inserção define o tipo de cápsula:
o Tipo I: inserção apenas na face externa do debrum e rebordo glenóide
o Tipo II: inserção intermédia entre os tipos I e III
o Tipo III: inserção a mais de 1cm distante do rebordo glenóide, já no colo escapular
o Superiormente: passa por cima e para medial do tendão da longa porção do M. bicípite braquial,
podendo estender-se até à base do processo coracóide (tipo III)
o Inferiormente: funde-se com o tendão da longa porção do M. tricípite braquial

Meios de união: ligamentos activos e passivos


Ligamentos activos (os mais importantes): descritos de anterior para superior e para posterior
 Tendões dos M. sub-escapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso e teres minor
o Fundem-se em maior ou menor extensão com a cápsula articular (+ o sub-escapular e supra-espinhoso)
o Formam, em redor da articulação, a coifa dos rotadores, uma estrutura funcional que por inflamação e
impingement de estruturas subjacentes ao arco córaco-acromial, com ou sem tendinopatia, torna-se
origem frequente de “dores no ombro” (+ em abdução), que se podem tornar incapacitantes
 O tendão da longa porção do M. bicípite braquial é profundo à cápsula e atravessa a cavidade articular
segundo uma linha desde o tubérculo supra-glenoideu até ao sulco intertubercular, contribuindo também
para a estabilização articular, embora com menor importância que a coifa dos rotadores
Ligamentos passivos:
 Lig. córaco-umeral: parte da margem lateral do pr. coracóide, inferiormente ao lig. córaco-acromial, e bifurca:
o Feixe superior: insere-se próximo do grande tubérculo e funde-se com o tendão do M. supra-espinhoso
o Feixe inferior: insere-se próximo do pequeno tubérculo e funde-se com o lig. gleno-umeral superior
o Ligamento independente da cápsula proximalmente mas funde-se com esta distalmente
o Separado do lig. córaco-acromial por bursa sinovial sub-acromial

84
 Lig. transverso umeral: compõe-se de fibras que unem os dois feixes córaco-umerais, cruzando e fechando
anteriormente o sulco intertubercular, actuando como retináculo do tendão da longa porção do M. bicípite
braquial, fixando-o ao dito sulco
 Lig. córaco-glenoideu: parte da margem lateral da base do p. coracóide sendo posterior ao lig. córaco-umeral
o Insere-se no tubérculo supra-glenoideu e face capsular do debrum glenoideu, póstero-superiormente
o Pode ser considerado feixe profundo e curto do lig. córaco-umeral, com a mesma origem embriológica
 Lig. gleno-umerais (LGU): três ligamentos da metade anterior da articulação que reforçam a cápsula articular
o LGU superior: parte da face capsular do debrum, tubérculo supra-glenoideu e colo escapular
 Insere-se, com o feixe inferior do lig. córaco-umeral, na pequena depressão entre o colo
anatómico e o pequeno tubérculo, a já descrita fossa supra-tubercular
o LGU médio: parte da face capsular do debrum com orientação ínfero-lateral
 Funde-se com o tendão do M. sub-escapular e insere-se na porção inferior do pequeno tubérculo
o LGU inferior: parte da face capsular do debrum até ao seu pólo inferior com orientação horizontal lateral
 Insere-se no terço mais medial do colo cirúrgico do úmero
o Foramen oval de Weitbrecht: está entre os LGU superior e médio, é espaço triangular de base medial
em que desaparece totalmente a cápsula articular, razão pela qual se considera que esta é incompleta
 Oferece comunicação da sinovial articular com a bursa sinovial sub-tendinosa do M. sub-escapular
o Foramen sub-coracóide de Rouvière: entre os LGU médio e inferior, é o verdadeiro ponto fraco da art.
 Oferece comunicação da sinovial articular com a bursa sinovial sub-coracóide

in Gray

85
in Sobotta

Lig. córaco-glenoideu

adaptado de Sobotta

86
Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular e emite alguns prolongamentos
 A sua inserção escapular é na margem livre do debrum, e a umeral no contorno da sua superfície articular
 Prolongamento bicipital: manga que acompanha e envolve o tendão da longa porção do M. bicípite braquial
ao longo do sulco intertubercular
o Por vezes este prolongamento pode não ser um túnel completo e cobri-lo só na face inferior, pelo que
o tendão fica directamente fixo/aposto à face interna da porção superior da cápsula articular
 Prolongamento sub-escapular: através do foramen oval de Weitbrecht, forma a bursa sub-escapular
 Prolongamento sub-coracóide: através do foramen sub-coracóide de Rouvière, forma a bursa sub-coracóide
 As bursas sub-deltoideia, sub-acromial e a do supra-espinhoso são bursas com ou sem comunicação patente
com a membrana sinovial através de hiatos capsulares

Movimentos: sendo uma enartrose, permite flexão/extensão, abdução/adução, rotação medial/lateral e ainda o
complexo e composto movimento de circundação
 Flexão de 170º, com movimentos da clavícula e escápula; limitada pelo lig. córaco-umeral
 Extensão de 40º, limitada pelo lig. córaco-umeral e cápsula articular anterior
 Abdução de 180º, com movimentos da clavícula e escápula; limitada pelo lig. gleno-umeral inferior
o A partir dos 120º é necessário que a escápula deslize sobre o tórax, rodando, para que o movimento de
abdução seja completo, pelo que se fala numa pseudo-articulação escápulo-torácica
 Adução de 40º, limitada pelos lig. córaco-umerais e M. supra-espinhoso
 Rotação de 90º (L) a 100º (M), limitada pelos ligamentos activos antagonistas

in Gray

87
in Gray

in Gray for Students

88
Ligamentos intrínsecos da escápula (NETTER pp. 408, 411 e 413)
 Lig. córaco-acromial: ligamento triangular que parte da margem lateral do processo coracóide (acima do lig.
córaco-umeral) e insere-se no ápex do acrómio, inferiormente à Art. acrómio-clavicular
o Completa, com o acrómio e processo coracóide, a abóbada ósteo-fibrosa do ombro ou arco córaco-
acromial, que funciona como tecto da articulação do ombro
o O espaço entre o arco córaco-acromial e a cabeça do úmero pode ser tão reduzido que esforços
repetidos causam tendinite do M. supra-espinhoso (ou bursite) por conflito sub-acromial
 Lig. transverso escapular superior: une as duas extremidades da incisura escapular
o Transforma a incisura num foramen supra-escapular que oferece passagem ao N. supra-escapular
o A A. supra-escapular passa sobre este ligamento, ou seja, não passa no foramen supra-escapular
 Lig. transverso escapular inferior: da porção lateral da raiz da espinha da escápula para a porção posterior do
colo da escápula
o Transforma a incisura espinho-glenoideia num foramen para vasos e nervo supra-escapulares

Articulação do cotovelo (NETTER pp. 422-424)


Classificação: trócleo-côndilo-trocartrose
 Composta por 3 articulações que partilham a mesma cápsula articular, aparelho ligamentoso e sinovial
o Art. úmero-ulnar: trocleartrose entre tróclea do úmero e incisura troclear da ulna
o Art. úmero-radial: condilartrose entre capítulo do úmero e prato radial do rádio
o Art. rádio-ulnar proximal: trocartrose entre incisura radial da ulna e circunferência articular do rádio

Superfícies articulares
 Úmero: revestidas por cartilagem hialina com 1-2mm de espessura
o Tróclea: roldana assimétrica, com eixo maior ínfero-medial
o Sulco capítulo-troclear: sulco biselado com orientação súpero-lateral, separa a tróclea do capítulo
o Capítulo: côndilo de forma hemisférica com orientação ântero-inferior
 Ulna: revestidas por cartilagem hialina contínua às duas incisuras
o Incisura troclear: limitada posteriormente pelo olecrânio e anteriormente pelo processo coronóide
 Apresenta crista longitudinal mediana que se insere na garganta da tróclea umeral
o Incisura radial: face articular na margem lateral do proc. coronóide, contínua com a incisura troclear
 Tem 15-20mm de largura e 8-10mm de altura
 Rádio: revestidas por cartilagem hialina
o Fóvea articular ou prato radial: depressão caliciforme da face superior da cabeça radial
 Cartilagem de 1mm de espessura no centro e 2mm na periferia
o Circunferência articular: superfície lisa, mais alta medialmente (7-8mm) que lateralmente
 Ligamento anular: forma de 3/4 de uma circunferência que participa como superfície articular nos
movimentos de prono-supinação e fixa a Art. rádio-ulnar proximal como uma cinta (ver meios de união)

in Sobotta
89
Meios de união: cápsula articular
 Inserção umeral: contorna, anteriormente, os limites das fossas coronóide e radial, insere-se nos epicôndilos
e no fundo da goteira epitrócleo-olecraneana, e posteriormente contorna os limites da fossa olecraneana
 Inserção radial: insere-se nos 3/4 laterais do contorno do colo radial, 0.5cm abaixo da cabeça radial
 Inserção ulnar: insere-se no ápex e margens do olecrânio (lateralmente “salta” para o colo radial) e,
medialmente, acompanha o rebordo medial da incisura troclear até ao seu bico, afasta-se da superfície
articular para se inserir na face ântero-ínfero-lateral do processo coronóide, descendo ínfero-lateralmente
para se inserir abaixo do limite anterior da incisura radial

Meios de união: ligamentos


 Lig. anterior: parte da linha de inserção anterior da cápsula articular, fundindo-se com esta
o Fibras convergem e inserem-se desde a superfície externa do ligamento anular, lateralmente, até ao
vértice e margem medial do processo coronóide, medialmente
o Podem destacar-se feixes oblíquos mais salientes, nomeadamente:
 Feixe oblíquo medial, o mais constante: do epicôndilo medial à sup. externa do lig. anular
 Feixe oblíquo lateral, inconstante: do epicôndilo lateral ao vértice/bico do processo coronóide
 Lig. posterior, pouco desenvolvido: decompõe-se em vários feixes
o Feixes úmero-olecraneanos verticais: mais profundos, perdidos no tecido adiposo da fossa
olecraneana, partem da margem superior desta para se inserirem na face superior do ápex do olecrânio
o Feixes úmero-olecraneanos oblíquos: mais superficiais, partem das margens lateral e medial da fossa
olecraneana para se inserem nos respectivos bordos do ápex do olecrânio
o Feixes transversais: continuação superior dos oblíquos, unem as margens laterais da fossa olecraneana
 Lig. colateral ulnar ou medial, o mais desenvolvido: decompõe-se em quatro feixes
o Feixe anterior: do epicôndilo medial para a margem ântero-medial do processo coronóide
o Feixe médio: do epicôndilo medial para a face medial do processo coronóide e tuberosidade ulnar
o Feixe posterior de Bardinet: do epicôndilo medial para a face medial do olecrânio
o Feixes arciformes: da face medial da base do olecrânio à face medial da base do processo coronóide
 Lig. colateral radial ou lateral, em leque, partindo os seus três feixes do epicôndilo lateral:
o Feixe anterior: reforça o lig. anular, inserindo-se nele e com ele na margem anterior da incisura radial
 Trajecto longo oblíquo e curvo ântero-medialmente, acompanhando o trajecto do lig. anular
o Feixe médio: reforça o lig. anular, inserindo-se nele e com ele na margem posterior da incisura radial
 Trajecto curto oblíquo póstero-medialmente
o Feixe posterior: insere-se na face lateral do olecrânio
 Lig. quadrado de Denucé: lâmina quadrilátera desde a margem inferior da incisura radial até ao colo radial
o Com o lig. anular, fixa a aposição das superfícies articulares da Art. rádio-ulnar proximal
 Lig. anular: anel fibroso com 1cm de altura que se insere nas margens anterior e posterior da incisura radial
da ulna e forma 3/4 de uma circunferência, em torno da cabeça radial
o A superfície interna está revestida por cartilagem hialina (relembrar que é uma superfície articular)
o A superfície externa está reforçada pelos feixes anterior e médio do lig. colateral radial e pelo feixe
oblíquo medial do lig. anterior
o Superiormente: é contínuo com a cápsula articular
o Inferiormente: alcança o colo radial

Membrana sinovial: reveste a face interna da cápsula articular e forma recessos pelas suas reflexões peri-articulares
 Recesso anterior: corresponde às fossas coronóide e radial do úmero, e está preenchido por corpo adiposo
 Recesso posterior: corresponde à fossa olecraneana do úmero, e está preenchido por corpo adiposo
 Recesso inferior ou anular: corresponde ao espaço em torno do colo radial
o Recesso rádio-ulnar: extensão do recesso inferior, situada abaixo da incisura radial

Movimentos: faz flexão/extensão (Art. úmero-antebraquial) e pronação/supinação (Art. rádio-ulnar proximal)


 Flexão de 150º e extensão de 10º
 Pronação e supinação de 90º
90
in Gray
in Gray

91
Membrana interóssea do antebraço (NETTER p. 425)
 Membrana fibrosa que se insere nos 3/4 inferiores das cristas interósseas do rádio e ulna e, portanto, ocupa
apenas os 3/4 inferiores do espaço interósseo
o O seu bordo superior insere-se, no lado radial, 2cm abaixo da tuberosidade radial
o No seu 1/3 superior da sua face posterior, é possível distinguir um feixe destacado:
 Lig. oblíquo interósseo rádio-ulnar, com obliquidade ínfero-lateral, cuja inserção radial é saliente
e denomina-se o tubérculo interósseo
o Nos seus 2/3 superiores é espessa e resistente, enquanto no 1/3 inferior é delgada e mais membranosa
o O seu bordo inferior divide-se em lâmina anterior e posterior para acompanhar a crista interóssea radial
 Deixa abertura oval inferiormente para a passagem dos vasos interósseos anteriores
o As suas fibras têm direcção ínfero-medial, à excepção do lig. oblíquo interósseo rádio-ulnar
 No 1/4 superior do espaço interósseo existe a corda oblíqua:
o Parte da margem ínfero-lateral do processo coronóide, lateralmente à tuberosidade ulnar, e dirige-se
com direcção ínfero-lateral para se inserir inferiormente à tuberosidade radial
o Delimita com o bordo superior da membrana interóssea um foramen que dá passagem aos vasos e
nervo interósseos posteriores

Articulação rádio-ulnar distal (NETTER pp. 425 e 441-442)


Classificação: trocartrose
Superfícies articulares: revestidas por cartilagem hialina
 Rádio: a incisura ulnar da face medial da extremidade inferior
 Ulna: a circunferência articular, face articular lateral da cabeça da ulna

Meios de união
 Disco articular do punho: não se interpõe directamente entre as superfícies articulares mas é intra-articular
e tem inserção em ambos os ossos, apresentando uma forma triangular à secção, pelo que se descrevem:
o Base: insere-se no rebordo medial da superfície articular do rádio
o Vértice: insere-se no ângulo entre a face articular inferior da cabeça ulnar e a face lateral do processo
estilóide ulnar
o Face superior: relaciona-se com a superfície articular da ulna
o Face inferior: relaciona-se com os ossos lunatum e triquetrum
 Cápsula articular: insere-se nos rebordos das superfícies articulares e nas margens anterior e posterior do
disco articular
 Lig. rádio-ulnar palmar e dorsal: reforçam as faces anterior e posterior da cápsula articular, respectivamente

Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular e emite um recesso saciforme proximal que
acompanha a porção proximal da cápsula em direcção ao espaço interósseo

Movimentos: permite fazer pronação/supinação

Articulação do punho ou rádio-cárpica (NETTER pp. 440-442)


Classificação: condilartrose composta
Superfícies articulares: várias estruturas formam uma cavidade glenóide antebraquial e um côndilo cárpico
 A face inferior da extremidade distal do rádio forma os 2/3 laterais da cavidade glenóide antebraquial
o Apresenta duas facetas articulares: a lateral para o escafóide e a medial para o lunatum, separadas por
crista ântero-posterior
 A face inferior do disco articular do punho forma o 1/3 medial da cavidade glenóide antebraquial
o Relaciona-se inferiormente com o lunatum e triquetrum inferiormente
 As faces superiores dos escafóide, lunatum e triquetrum e os seus lig. interósseos formam o côndilo cárpico

92
Meios de união
 Cápsula articular: fixa-se nos rebordos das sup. articulares e margens anterior e posterior do disco articular
 Lig. rádio-cárpico palmar: complexo ligamentar formado por dois grupos de ligamentos principais
o Ligg. rádio-cárpicos: partem do lábio palmar da extremidade inferior do rádio, podendo subdividir-se
em três feixes, descritos de lateral a medial:
 Lig. rádio-escafo-capitatum: também tem inserção no processo estilóide radial
 Fibras laterais (com inserção no escafóide) formam o lig. colateral radial
 Fibras mediais são longas e chegam ao capitatum e fundem-se com fibras do lig. ulno-
lunatum formando o lig. arqueado
 Separado do lig. rádio-lunatum longo pelo sulco interligamentoso ou espaço de Poirier
 Lig. rádio-lunatum longo: adjacente ao lig. rádio-escafo-capitatum, pode chegar ao triquetrum
 Lig. rádio-lunatum curto: trajecto muito curto, medialmente ao longo
o Ligg. ulno-cárpicos: partem do lábio palmar da cabeça da ulna, podendo subdividir-se em três feixes:
 Lig. ulno-lunatum: as suas fibras laterais fundem-se com fibras do lig. rádio-escafo-capitatum
para formar o lig. arqueado
 Lig. ulno-triquetrum ou colateral ulnar (também tem inserção no processo estilóide ulnar):
algumas das suas fibras podem atingir o hamatum e/ou o capitatum
 Lig. ulno-capitatum: ligamento inconstante ou feixe do ulno-triquetrum
 Lig. rádio-cárpico dorsal: desde o lábio dorsal da extremidade inferior do rádio às faces posteriores dos
lunatum e triquetrum, podendo dar um feixe escafoideu formando um lig. rádio-escafóide dorsal

Membrana sinovial: insere-se nos rebordos articulares e tem vários prolongamentos


 Prolongamento pré-estiloideu é profundo ao lig. colateral ulnar do carpo

Movimentos: com as restantes articulações do carpo, fazem flexão/extensão, abdução/adução

in Gray

93
Articulação do carpo (NETTER pp. 440-443)
Art. inter-cárpicas proximais: artrodias entre os ossos do procarpo
 O escafóide, lunatum e triquetrum articulam-se por faces laterais e mediais adjacentes
 O pisiforme assenta na face anterior do triquetrum
 Estão unidos por ligamentos interósseos, palmares e dorsais
o O escafóide emite um longo lig. escafo-triquetrum que ultrapassa o lunatum na face dorsal dos ossos
 O pisiforme emite ligamentos laterais e mediais para o triquetrum e ligamentos à distância que o fixam ao
mesmo, como o lig. piso-hamato para o hamulus do hamatum, e piso-metacárpico para a base do 5º meta
 Membrana sinovial: corresponde a dois prolongamentos proximais da sinovial da Art. médio-cárpica

Art. médio-cárpica: bicondilartrose recíproca entre o procarpo (excluindo o pisiforme) e mesocarpo


 Condilartrose lateral
o Côndilo lateral: face inferior do escafóide
o Cavidade glenóide lateral: face superior do trapézio e trapezóide
 Condilartrose medial:
o Côndilo medial: face superior do capitatum e hamatum
o Cavidade glenóide medial: face inferior do lunatum e triquetrum
 Unidos por cápsula articular e vários ligamentos interósseos, palmares, dorsais e laterais
o O principal lig. palmar é o lig. radiado do carpo: parte da cabeça do capitatum
 Irradia para o escafóide, lunatum, triquetrum, trapezóide e hamatum
o O principal lig. dorsal irradia do escafóide para os ossos do mesocarpo
o Os ligamentos laterais e mediais unem os ossos que ladeiam a goteira cárpica
 Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula e emite prolongamentos inter-cárpicos proximais (2) e
distais (3)

Art. inter-cárpicas distais: artrodias entre os ossos do mesocarpo


 O trapézio, trapezóide, capitatum e hamatum articulam-se por faces laterais e mediais adjacentes
 Estão unidos por ligamentos interósseos, palmares e dorsais
 Membrana sinovial: corresponde a três prolongamentos distais da sinovial da Art. médio-cárpica

Articulação do metacarpo e dedos (NETTER pp. 441-445)


Art. carpo-metacárpicas: 1ª é efipiartrose/selar, as restantes são artrodias
 1ª: face inferior do trapézio, convexa ântero-posteriormente e côncava transversalmente, e base do 1º meta,
côncava ântero-posteriormente e convexa transversalmente
o É considerada uma articulação de carga, sede frequente de artrose, denominada rizartrose
 2ª: face inferior do trapézio, trapezóide e capitatum com a base do 2º meta
 3ª: face inferior do capitatum com a base do 3º meta
 4ª: face inferior do capitatum e hamatum com a base do 4º meta
 5ª: face inferior do hamatum com a base do 5º meta
 Unidas por cápsula articular e ligamentos interósseos, palmares (7-8) e dorsais
o A 1ª tem apenas um lig. dorso-medial
 Membrana sinovial: a 1ª é independente; as restantes comunicam com a sinovial médio-cárpica e emitem
prolongamentos para as quatro últimas art. inter-metacárpicas
 Movimentos: 1ª executa todos os movimentos clássicos e ainda o de oponência
o As restantes fazem flexão/extensão e abdução/adução de amplitude limitada

Art. inter-metacárpicas: artrodias entre as faces laterais das bases dos últimos 4 metacárpicos
 Unidos por ligamentos interósseos, palmares e dorsais entre os ossos adjacentes
 Membrana sinovial: correspondem a prolongamentos da sinovial carpo-metacárpica

94
Art. metacarpo-falângicas: condilartroses
 Entre os côndilos metacárpicos e as cavidades glenóides das falanges proximais
o Os côndilos têm ranhura mediana, formando quase bicôndilos
o A sup. articular das falanges proximais está aumentada anteriormente por um ligamento palmar que:
 Adere fixamente às bases falângicas mas fracamente aos côndilos metacárpicos
 Tem face articular cartilaginosa, formando as placas basais/volares
 Tem face palmar que se relaciona com o lig. metacárpico transverso profundo (LMTP) os tendões
do flexor profundo dos dedos
 Tem margens laterais que se unem aos lig. colaterais acessórios
 Unidas por cápsula articular e ligamentos palmares, colaterais medial e lateral, e LMTP
o Os lig. colaterais são grossos e resistentes, e inserem-se proximalmente nos tubérculos das cabeças
metatársicas, divergem em leque com orientação ínfero-anterior/disto-palmar
 Fibras posteriores: inserem-se nos tubérculos colaterais das bases falângicas
 Fibras anteriores (lig. colateral acessório): inserem-se nas margens laterais dos lig. palmares
o Lig. metacárpico transverso profundo (LMTP): une as placas basais/volares adjacentes das quatro
últimas articulações
o O lig. palmar da 1ª articulação tem, na sua espessura, dois ossos sesamóides
 Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular
 Movimentos: faz flexão/extensão, abdução/adução e circundação
Art. inter-falângicas: trocleartroses
 Entre a tróclea da cabeça de uma falange e a dupla cavidade glenóide da base da falange seguinte
o Da mesma forma que nas Art. metacarpo-falângicas, a superfície articular da base da falange
média/distal está aumentada por um ligamento palmar, com a mesma disposição
 Unidas por cápsula articular, ligamentos palmares e colaterais medial e lateral semelhantes aos homólogos
das Art. metacarpo-falângicas
 Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular
 Movimentos: apenas de flexão e extensão

in Gray

95
Miologia do Membro Superior
Músculos do ombro (NETTER pp. 405-413)
Grupo anterior, já descrito na Miologia do Tronco: M. grande e pequeno peitoral e M. subclávio
Grupo medial, já descrito na Miologia do Tronco: M. serratus anterior
Grupo lateral: M. deltóide
Grupo posterior: M. sub-escapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso, teres minor e major

in Gray

Deltóide, tem forma triangular de base superior e vértice inferior


 Inserções proximais: no lábio inferior da margem posterior/livre da espinha da escápula (inclui tubérculo
deltóide), seguido da margem lateral do acrómio e no 1/3 lateral da margem anterior da clavícula
 Trajecto: composto por fibras espinhais, acromiais e claviculares, que convergem na inserção distal
o Fibras espinhais ou posteriores são oblíquas ântero-ínfero-lateralmente
o Fibras acromiais ou laterais são verticais ínfero-laterais
o Fibras claviculares ou anteriores são oblíquas póstero-ínfero-lateralmente
 Separadas, na sua margem anterior, das fibras do M. grande peitoral, pelo espaço delto-peitoral,
percorrido pelo ramo deltóide da A. tóraco-acromial e pela V. cefálica
 Inserção distal: na tuberosidade deltóide (e V deltóide) da face ântero-lateral do úmero
 Acções: abdução do braço por todas as fibras (+ as acromiais)
o Fibras espinhais ou posteriores: extensão e rotação lateral do braço
o Fibras claviculares ou anteriores: flexão e rotação medial do braço
 Bursas sinoviais: o seu tendão está separado, inferiormente, da Art. gleno-umeral e do tendão do M. supra-
espinhoso pela bursa sub-deltóide, junta ou não à bursa sub-acromial

96
Sub-escapular, tem forma triangular de base medial e vértice lateral
 Inserção proximal: na fossa sub-escapular da face anterior da escápula
 Trajecto: fibras convergem súpero-lateralmente
 Inserção distal: no pequeno tubérculo do úmero
 Acções: é um dos ligamentos activos da Art. gleno-umeral e faz a rotação medial do braço
 Bursas sinoviais: bursa sub-coracóide, ântero-superior, e a bursa sub-tendinosa sub-escapular, posterior

Supra-espinhoso, tem forma triangular piramidal, ocupando a fossa supra-espinhosa da escápula


 Inserção proximal: na fossa supra-espinhosa da face dorsal da escápula
 Trajecto: obliquidade ântero-ínfero-lateral
 Inserção distal: faceta superior do grande tubérculo do úmero
 Acções: é um dos ligamentos activos da Art. gleno-umeral e faz a abdução do braço

Infra-espinhoso, tem forma triangular achatada, ocupando a fossa infra-espinhosa da escápula


 Inserção proximal: nos 2/3 súpero-mediais da fossa infra-espinhosa da face dorsal da escápula
 Trajecto: fibras convergem ântero-lateralmente
 Inserção distal: faceta média do grande tubérculo do úmero
 Acções: é um dos ligamentos activos da Art. gleno-umeral e faz a rotação lateral (+++) e abdução do braço

Teres minor, tem forma cilíndrica e é superior ao teres major


 Inserção proximal: no 1/3 ínfero-lateral da fossa infra-espinhosa e na metade superior da margem lateral
da escápula
 Trajecto: com obliquidade súpero-lateral
 Inserção distal: faceta inferior do grande tubérculo do úmero
 Acções: é um dos ligamentos activos da Art. gleno-umeral e faz a rotação lateral (+++) e adução do braço

Teres major, tem forma cilíndrica e é inferior ao teres minor


 Inserção proximal: no 1/3 ínfero-lateral da fossa infra-espinhosa, junto do ângulo inferior e na porção
inferior da margem lateral da escápula
 Trajecto: com obliquidade ântero-súpero-lateral, cruzando anteriormente o tendão da longa porção do M.
tricípite braquial
o Forma, com o M. teres minor e com o úmero formam o triângulo escápulo-umeral (ver adiante)
 Inserção distal: no lábio medial (ou crista do pequeno tubérculo) do sulco intertubercular do úmero
 Acções: faz a rotação medial, adução e extensão do braço, assim como elevação da escápula com o braço
fixo

97
Vista anterior

Vista posterior

in Gray

98
Músculos do braço (NETTER pp. 405-406, 417-419)
Grupo anterior: M. bicípite braquial, córaco-braquial e braquial
Grupo posterior: M. tricípite braquial

Bicípite braquial, é escápulo-radial, e está constituído por duas porções, ou cabeças, proximais
 Inserções proximais:
o Longa porção: intra-capsularmente, no tubérculo supra-glenoideu da escápula e no debrum glenoideu
o Curta porção: na 1/2 lateral do ápex do pr. coracóide, num tendão comum com o M. córaco-braquial
o Em 10% dos casos nasce uma terceira cabeça/porção da face súpero-medial do M. braquial
 Trajecto:
o Longa porção: trajecto curvo ínfero-lateral intra-articular, cruza a cabeça umeral de medial a lateral e
aloja-se no sulco intertubercular, coberto pelo lig. umeral transverso e tendão do M. grande peitoral
o Curta porção: fibras com obliquidade ínfero-lateral
o Porção conjunta: desce verticalmente em direcção à fossa ulnar
 Inserções distais: o tendão bicipital insere-se na tuberosidade radial
o Emite expansão fibrosa medial, a aponevrose bicipital, que se prolonga ínfero-medialmente para cobrir
os M. epicondilianos mediais e que se funde com a fáscia ante-braquial, com a função de transmitir à
ulna a força supinadora
o A ocasional terceira cabeça insere-se na aponevrose bicipital e face medial do tendão bicipital
 Acções: faz a flexão e a supinação do antebraço
 Bursas sinoviais: a longa porção está envolvida na bursa sinovial bicipital no sulco intertubercular

Córaco-braquial ou M. perfurado, é escápulo-umeral e é medial ao M. bicípite braquial


 Inserção proximal: na 1/2 medial do ápex do pr. coracóide, num tendão comum com o M. bicípite braquial
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente, sendo perfurado de posterior para anterior pelo N. músculo-cutâneo
 Inserção distal: na porção média da face ântero-medial do úmero, junto da margem medial
 Acções: faz a flexão (+++) e adução do braço
Braquial, é úmero-ulnar, e é posterior ao M. bicípite braquial
 Inserção proximal: na metade inferior das faces ântero-lateral (abaixo da tuberosidade deltóide) e ântero-
medial do úmero
 Trajecto: ligeira obliquidade ínfero-medial
 Inserção distal: na face inferior do processo coracóide e na tuberosidade da ulna
o Emite expansão aponevrótica que cobre os M. epicondilianos laterais e se funde com a fáscia ante-
braquial
 Acções: faz a flexão do antebraço

M. tricípite braquial, é escápulo-úmero-ulnar e está constituído por três porções, ou cabeças, proximais
 Inserções proximais:
o Longa porção: insere-se no tubérculo infra-glenoideu da escápula e no debrum glenoideu
o Porção lateral: no 1/3 superior da face posterior do úmero, súpero-lateralmente ao sulco radial
o Porção medial: nos 2/3 inferiores da face posterior do úmero, ínfero-medialmente ao sulco radial
 Trajecto: convergentes no tendão tricipital, mediano em relação ao eixo umeral
o Longa porção: oblíqua ínfero-lateralmente, cruzando atrás o tendão do M. teres major
o Porção lateral: oblíqua ínfero-medialmente cobrindo o sulco radial, transformando-o num canal ósteo-
muscular
o Porção medial: num plano profundo, coberto pelas porções longa e lateral, tem fibras mediais que
descem ínfero-lateralmente, fibras médias que descem verticalmente e fibras laterais a descer ínfero-
medialmente
 As fibras mediais profundas inserem-se no aspecto póstero-medial da cápsula articular do
cotovelo formando o M. articular cubital cuja função é tensionar ou retrair a cápsula em extensão
99
 Inserção distal: o tendão tricipital, achatado, insere-se no ápex e face posterior do olecrânio
 Acções: faz a extensão do antebraço (+++) e a adução e extensão do braço pela sua porção longa

Triângulo escápulo-umeral
 Espaço triangular, de base lateral e ápex medial, formado por músculos do ombro e do braço
 Limite superior: margem inferior do M. teres minor
 Limite inferior: margem superior do M. teres major
 Limite lateral: o colo cirúrgico do úmero
 Atravessado pelo tendão da longa porção do M. tricípite braquial, que divide o TEU em dois espaços
o Triângulo escápulo-tricipital, medial: tem, profundamente, sem o atravessar, a A. circunflexa escapular
o Quadrilátero úmero-tricipital, lateral: atravessado por A. circunflexa umeral posterior e N. axilar
 Compressão do N. axilar dá o Síndrome do espaço quadrilátero

Vista anterior superficial

in Sobotta

100
Vista póstero-

101
Vista anterior lateral superficial
profunda
in Sobotta
Vista posterior
Triângulo
profunda
escápulo-umeral

102
in Sobotta in Gray
Músculos do antebraço (NETTER pp. 426-438)

mediais
M. epicondilianos
Grupo anterior (GA): 8 músculos, divididos em 4 planos de acordo com as fáscias do antebraço
 Plano superficial (PS) (4), de lateral a medial: M. pronador teres, FRC, longo palmar e FUC
 2º Plano (1): M. flexor superficial dos dedos
 3º Plano (2), de medial a lateral: M. flexor profundo dos dedos e longo flexor do polegar
 Plano profundo (PP) (1): M. quadrado pronador
Grupo lateral (GL), 4 músculos, de lateral a medial e de anterior a posterior: M. bráquio-radial, LERC, CERC e supinador
Grupo posterior (GP), 8 músculos, divididos em 2 planos de acordo com as fáscias do antebraço
 Plano superficial (PS) (4), de lateral a medial: M. extensor dos dedos, extensor do mínimo, EUC e ancónio
o Estes músculos e o CERC são os músculos epicondilianos laterais
 Plano profundo (PP) (4), de lateral a medial: M. longo abdutor, curto e longo extensor do polegar e extensor
do indicador

Pronador teres (GA, PS)


 Inserções proximais: feixe umeral e ulnar
o Feixe umeral: na margem ântero-superior do epicôndilo medial
o Feixe ulnar: na margem medial do processo coronóide
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente
o A sua margem súpero-lateral forma o limite medial da goteira medial da fossa ulnar, cujos limites são:
o Limite lateral: tendão bicipital
o Limite posterior ou pavimento: face anterior do M. braquial
o Limite anterior: aponevrose bicipital
o Atravessada pelo N. mediano, medialmente, e pela A. braquial, lateralmente
 Inserções distais: na porção média da face lateral do corpo do rádio, na tuberosidade do pronador
 Acções: faz a pronação e, através do seu feixe umeral, auxilia a flexão do antebraço

Flexor radial do carpo, FRC (GA, PS)


 Inserções proximais: face anterior do epicôndilo medial
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente
 Inserções distais: face ventral da base do 2º meta
 Acções: faz flexão da mão e do antebraço; acessoriamente, faz a abdução da mão e pronação do antebraço

Longo palmar, LP (GA, PS)


 Inserções proximais: na face anterior do epicôndilo medial
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente
 Inserções distais: as suas fibras inserem-se na, distribuem-se e reforçam a aponevrose palmar
 Acções: faz a flexão da mão e tensiona a aponevrose palmar, provocando a flexão dos 4 últimos dedos na
Art. metacarpo-falângica

Flexor ulnar do carpo, FUC (GA, PS)


 Inserções proximais: feixe umeral e ulnar
o Feixe umeral: no vértice e margem inferior do epicôndilo medial
o Feixe ulnar: na margem medial do olecrânio e 2/3 superiores da margem posterior da ulna
o Estes feixes formam arcada fibrosa para a passagem do N. ulnar e A. colateral ulnar superior
 Trajecto: dirige-se inferiormente na vertical
 Inserções distais: na face anterior do pisiforme
o Pode continuar-se pelo lig. piso-hamatum até ao hamulus do hamatum e piso-metacárpico até à base
do 5º meta
 Acções: faz a flexão da mão e do antebraço, e a adução da mão

103
superficial
Vista anterior
in Sobotta

Flexor superficial dos dedos, ou flexor perfurado (GA, 2ºP)


 Inserções proximais: feixes úmero-ulnar e radial
o Feixe úmero-ulnar: na margem inferior do epicôndilo medial e margem medial do processo coronóide
o Feixe radial: na metade superior da margem anterior do corpo radial
o Feixes formam arcada fibrosa profundamente à qual passam o N. mediano e A. ulnar
 Trajecto: fibras convergem e, inferiormente, formam 4 tendões para os 4 últimos dedos
 Inserções distais: cada tendão digital, na face ventral das falanges proximais, bifurca-se em 2 linguetas que
se inserem na face ventral dos tubérculos da base das falanges médias, sendo perfuradas pelos tendões do
M. flexor profundo
 Acções: faz a flexão das falanges proximal e média e, acessoriamente, da mão

Flexor profundo dos dedos, ou flexor perfurante (GA, 3ºP)


 Inserções proximais: nos 2/3 superiores da face anterior do corpo da ulna e na porção da membrana
interóssea adjacente
 Trajecto: dirige-se verticalmente para inferior formando 4 tendões para os 4 últimos dedos
 Inserções distais: os tendões perfuram as linguetas dos tendões do M. flexor superficial dos dedos e
inserem-se face ventral da base das falanges distais
o Anexamente aos seus tendões estão os M. lombricóides, descritos adiante
 Acções: faz a flexão de todas as falanges e, acessoriamente, da mão

104
Longo flexor do polegar (GA, 3ºP)
 Inserções proximais: nos 2/3 superiores da face anterior do corpo do rádio e na porção da membrana
interóssea adjacente
o Pode receber feixe acessório de Gantzer que se insere no processo coronóide, face anterior da ulna e
epicôndilo medial
 Trajecto: forma tendão que se dirige ínfero-lateralmente para o 1º dedo
 Inserções distais: insere-se na face ventral da base da falange distal do polegar
 Acções: faz a flexão do polegar, ou seja, das suas falanges

Quadrado pronador (GA, PP), quadrangular e profundo, situa-se no 1/3 distal do antebraço
 Inserções proximais: 1/3 distal da margem anterior e face anterior do corpo da ulna
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateral
 Inserções distais: 1/3 distal da face anterior do corpo e extremidade distal do rádio
 Acções: faz a pronação

Bráquio-radial (GL), é úmero-radial, não chega à mão


 Inserções proximais: no 1/3 inferior da margem lateral – crista supra-condilar lateral – do corpo do úmero
 Trajecto: fibras dirigem-se inferiormente na vertical
o A sua margem súpero-medial forma o limite lateral da goteira lateral da fossa ulnar, cujos limites são:
o Limite medial: tendão bicipital
o Limite posterior ou pavimento: face anterior dos M. braquial e supinador, de proximal a distal
o Atravessada pelo N. radial (onde se bifurca) e A. recorrente radial
 Inserções distais: base do processo estilóide do rádio
 Acções: faz a flexão e supinação do antebraço

média
Vista anterior
in Sobotta

105
profunda
Vista anterior
in Sobotta

Longo extensor radial do carpo, LERC (GL)


 Inserções proximais: na porção terminal da margem lateral – crista supra-condilar lateral – do corpo do
úmero, imediatamente inferior à inserção do M. bráquio-radial
 Trajecto: fibras dirigem-se inferiormente na vertical, póstero-medialmente ao tendão do M. bráquio-radial
 Inserções distais: insere-se na face dorsal da base do 2º meta
 Acções: faz a extensão e abdução da mão, e acessoriamente a flexão do antebraço

Curto extensor radial do carpo, CERC (GL)


 Inserções proximais: no epicôndilo lateral num tendão comum dos músculos epicondilianos laterais
(excepto ancónio)
 Trajecto: fibras dirigem-se inferiormente na vertical, póstero-medialmente ao tendão do LERC
 Inserções distais: insere-se na face dorsal da base do 3º meta
 Acções: faz a extensão (+++) e abdução da mão

Supinador (GL), é um músculo ulno-radial, relacionado com a Art. do cotovelo


 Inserções proximais: composta por dois feixes, um umeral e um ulnar
o Feixe umeral: insere-se no vértice do epicôndilo lateral e estende-se ao lig. colateral radial do cotovelo
o Feixe ulnar: na crista do supinador (ramo posterior da sup. sub-sigmoideia) e na superfície sub-
sigmoideia, formada pela bifurcação proximal (1/4 superior) da crista interóssea da ulna
o Os dois feixes formam ângulo (fibroso, a arcada de Frohse) por onde passa o ramo profundo do N. radial
 Trajecto: dirige-se com obliquidade ínfero-lateral, contornando posteriormente o 1/3 superior do rádio
 Inserções distais: insere-se na metade superior da face lateral do corpo do rádio
 Acções: faz a supinação

106
Vista lateral
in Sobotta

Extensor dos dedos (GP, PS)


 Inserções proximais: na margem póstero-inferior do epicôndilo lateral (tendão comum dos epic. laterais)
 Trajecto: fibras descem verticalmente com ligeira obliquidade medial e separam-se em três tendões:
o Tendão lateral para o 2º dedo, médio para o 3º dedo e medial para os 4º e 5º dedos
o No dorso da mão, estes tendões emitem, uns para os outros, conexões inter-tendinosas
 Inserções distais: cada tendão, ao nível da Art. metacarpo-falângicas, emite uma expansão tendinosa
(aponevrose dorsal dos dedos), em forma de capuz, que cobre o dorso da falange proximal e recebe
expansões dos tendões dos M. interósseos e lumbricóides, e trifurca-se em bandas laterais e central, que na
sua face profunda são apresentam fibrocartilagem:
o As bandas laterais inserem-se na base da falange distal e a banda central insere-se na da falange média
 Acções: faz a extensão dos dedos e da mão

Extensor do mínimo (GP, PS), pode ser encarado com feixe suplementar do M. extensor dos dedos
 Inserções proximais: na margem póstero-inferior do epicôndilo lateral (tendão comum dos epic. laterais)
 Trajecto: paralelamente medial aos tendões do M. extensor dos dedos
 Inserções distais: o seu tendão funde-se com o tendão lateral do M. extensor dos dedos
 Acções: faz a extensão do dedo mínimo

Extensor ulnar do carpo, EUC (GP, PS)


 Inserções proximais: feixe umeral e feixe ulnar
o Feixe umeral: na margem póstero-inferior do epicôndilo lateral (tendão comum dos epicondilianos
laterais), estendendo-se ao lig. colateral radial do cotovelo
o Feixe ulnar: no 1/3 médio da porção medial da face posterior do corpo da ulna (abaixo da inserção do
M. ancónio) e porção média da margem posterior, lateralmente ao M. flexor ulnar do carpo
 Trajecto: com obliquidade ínfero-medial, cruzando a face dorsal do antebraço
 Inserções distais: face dorsal da base do 5º meta
 Acções: faz a extensão e adução da mão
107
Ancónio (GP, PS), pode ser considerado extensão distal das fibras laterais da porção medial do M. tricípite braquial
 Inserções proximais: insere-se na face póstero-superior do epicôndilo lateral
 Trajecto: distribui-se em leque, com obliquidade ínfero-medial, cobrindo a porção proximal do supinador
 Inserções distais: na face posterior do olecrânio e numa superfície triangular no 1/3 superior da porção
medial da face posterior do corpo da ulna
 Acções: faz a extensão do antebraço

Longo abdutor do polegar (GP, PP)


 Inserções proximais: na porção média da face posterior do corpo do rádio e ulna (porção lateral desta) e
na membrana interóssea adjacente
o Na membrana interóssea insere-se no lig. oblíquo interósseo rádio-ulnar, acima do curto extensor
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente
 Inserções distais: na face dorsal da base do 1º meta
 Acções: faz a abdução do polegar, e supinação acessória do antebraço

Curto extensor do polegar (GP, PP)


 Inserções proximais: na porção média da face posterior do corpo do rádio (por vezes ulna) e membrana
interóssea adjacente
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateralmente
 Inserções distais: na face dorsal da base da falange proximal do polegar
 Acções: faz a extensão e abdução do polegar

Longo extensor do polegar (GP, PP)


 Inserções proximais: na porção média da face posterior do corpo da ulna (porção lateral desta) e membrana
interóssea adjacente
 Trajecto: tendão desce verticalmente e, após o retináculo dos extensores, toma obliquidade ínfero-lateral,
cruzando superficialmente os tendões dos curto e longo extensores radiais do carpo (CERC e LERC)
o Forma o limite medial da tabaqueira anatómica, espaço ovalar cujos restantes limites são:
o Limite lateral: tendões dos M. curto extensor e longo abdutor do polegar
o Pavimento: aspecto dorsal da base do 1º meta, trapézio e escafóide
o Atravessada por tendão do LERC e A. radial, ramo digital dorsal do N. radial e afluentes da V. cefálica
 Inserções distais: insere-se na face dorsal da base da falange distal do polegar
 Acções: faz a extensão e abdução do polegar

Extensor do indicador (GP, PP)


 Inserções proximais: porção inferior da face posterior do corpo da ulna (porção lateral desta) e membrana
interóssea adjacente
 Trajecto: desce inferiormente na vertical
 Inserções distais: funde-se com o tendão lateral do M. extensor dos dedos, profundamente a este
 Acções: faz a extensão do dedo indicador

108
Vista posteriores
superficial e média

109
in Sobotta
profunda
Vista posterior
in Sobotta

Músculos da mão (NETTER pp. 447-452)


Grupo da eminência tenar ou palmar lateral: M. curto abdutor, curto flexor, oponente e adutor do polegar
Grupo da eminência hipotenar ou palmar medial: M. palmar curto, abdutor, flexor e oponente do mínimo
Grupo palmar médio: M. lombricóides
Grupo interósseo: M. interósseos palmares e dorsais

Curto abdutor do polegar


 Inserções proximais: no tubérculo do escafóide e face anterior do retináculo dos flexores
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateral, sendo o músculo mais lateral e superficial deste grupo
 Inserções distais: tubérculo lateral da base da falange proximal do polegar e no osso sesamóide lateral
 Acções: faz a abdução do polegar e auxilia a flexão
Curto flexor do polegar
 Inserções proximais: divide-se em porção superficial e profunda, consoante a sua relação com o tendão do
longo flexor do polegar
o Porção superficial: insere-se no trapézio e retináculo dos flexores, e é inervada pelo N. mediano
o Porção profunda: insere-se no trapezóide e capitatum, e é inervada pelo N. ulnar
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateral, superficial mas mais profundo e medial que o curto abdutor do polegar
 Inserções distais: no tubérculo lateral da base da falange proximal do polegar e no osso sesamóide lateral
 Acções: faz a flexão do polegar, auxilia na oponência e é capaz de fazer a abdução e adução
Oponente do polegar
 Inserções proximais: no trapézio e retináculo dos flexores
 Trajecto: oblíquo ínfero-lateral, situado profundamente ao curto abdutor do polegar
 Inserções distais: ao longo da margem lateral do 1º meta
 Acções: faz a oponência e auxilia a adução
110
Adutor do polegar
 Inserções proximais: por ser triangular de base medial extensa, divide-se em porção oblíqua e transversa
o Porção oblíqua cárpica: insere-se na face anterior do trapezóide e capitatum e lig. radiado do carpo
o Porção transversa metacárpica: insere-se na margem anterior do 3º meta
 Trajecto: fibras convergem com direcção quase transversal lateral, sendo o músculo mais profundo e medial
do grupo
 Inserções distais: no tubérculo medial da base da falange proximal do polegar e osso sesamóide medial
 Acções: faz a adução do polegar e auxilia na oponência

Palmar curto, músculo subcutâneo de forma quadrangular


 Inserções medial: na margem medial da aponevrose palmar
 Inserções lateral: na face profunda da pele da eminência hipotenar
 Acção: preguear a pele da eminência hipotenar

Abdutor do mínimo
 Inserções proximais: na face dorsal do pisiforme, podendo estender-se ao triquetrum e hamatum
o Também na expansão tendinosa do tendão do M. flexor ulnar do carpo
 Trajecto: vertical descendente ao longo do bordo medial da mão
 Inserções distais: na base da falange proximal do mínimo
 Acções: faz a abdução do mínimo (eixo da mão é a referência) e auxilia a flexão

Flexor do mínimo (chamam-lhe curto, mas há algum longo?)


 Inserções proximais: no hamulus do hamatum e no retináculo dos flexores
 Trajecto: desce com alguma obliquidade medial, estando situado lateralmente ao M. abdutor do mínimo
 Inserções distais: na base da falange proximal do mínimo
 Acções: faz a flexão do dedo mínimo

Oponente do mínimo
 Inserções proximais: no hamulus do hamatum e no retináculo dos flexores
 Trajecto: obliquidade ínfero-medial, sendo o músculo mais profundo e lateral deste grupo
 Inserções distais: ao longo da margem medial do 5º meta
 Acções: faz a oponência do mínimo, ou seja, trá-lo para anterior e lateral, encontrando o polegar

Lombricóides, 4 músculos fusiformes para os 4 últimos dedos, designados de 1º-4º, de lateral para medial
 Inserções proximais: nos tendões adjacentes do M. flexor profundo dos dedos (o 1º lombricóide insere-se
apenas no bordo lateral do 1º tendão)
 Trajecto: dirigem-se para cada espaço interdigital e os seus tendões contornam lateralmente a respectiva Art.
metacarpo-falângica para alcançarem a margem dorso-lateral de cada um dos 4 últimos dedos
 Inserções distais: inserem-se nas bandas laterais, do lado radial, da aponevrose dorsal dos 4 últimos dedos
 Acções: fazem a flexão da falange proximal e extensão das falanges média e distal

Interósseos palmares, 3 músculos (1º-3, de L a M) que ocupam metade dos 3 últimos espaços interósseos
 Inserções proximais: na face interna do 2º meta e na face externa dos 3º e 4º meta
o Inserem-se na metade anterior da face que olha o eixo da mão, que passa no 3º dedo
 Trajecto: dirigem-se para a respectiva falange proximal, afastando-se do eixo da mão (5º dedo)
 Inserções distais: inserem-se nas bandas laterais da aponevrose dorsal dos 2º, 4º e 5º dedos
o A inserção distal é no mesmo dedo que a inserção proximal
 Acções: fazem a flexão da falange proximal e extensão das falanges média e distal dos dedos em que se
inserem e aproximam os dedos do eixo da mão

111
Interósseos dorsais, 4 músculos (1º-4º, de lateral a medial) que ocupam a totalidade dos 4 espaços interósseos
 Inserções proximais: nas faces adjacentes de todos os metacárpicos
 Trajecto: dirigem-se para a respectiva falange proximal, convergindo para o eixo da mão (5º dedo)
 Inserções distais: divide-se em feixe superficial e feixe profundo
o Feixe superficial: inserem-se nas bandas laterais da aponevrose dorsal dos 2º, 3º e 4º dedos
o Feixe profundo: na base da falange proximal dos 2º, 3º e 4º dedos
o As inserções distais são no dedo cujo metacárpico dá a inserção mais extensa ao músculo
 Acções: flexão da falange proximal e extensão das falanges média e distal e afastam os dedos do eixo da mão

in Gray

112
Bainhas fibrosas e sinoviais dos flexores (NETTER pp. 447-450)
Retináculo dos flexores, ligamento que fixa os tendões da maioria dos flexores à goteira cárpica, formando o
canal cárpico:
 Tem uma forma quadrangular, com medindo 2.5-3cm de lado
 Lateralmente: insere-se segundo uma lâmina superficial no tubérculo do escafóide e no tubérculo do
trapézio e, segundo uma lâmina profunda, no lábio medial do sulco na face anterior do trapézio
o Determina a divisão do canal cárpico em duas porções, uma medial, extensa, e uma lateral, estreita
 Medialmente: insere-se no pisiforme e no hamulus do hamatum
 Recebe fibras do M. longo palmar (superficial) e dos músculos da mão
 No canal cárpico passam vários tendões, organizados da seguinte forma:
o Centralmente, num andar superficial: tendões do flexor superficial dos dedos para os 3º e 4º dedos
Porção o Centralmente, num andar intermédio: tendões do flexor superficial dos dedos para os 2º e 5º dedos
medial o Centralmente, num andar profundo: tendões do M. flexor profundo dos dedos, todos lado a lado
o Lateralmente, junto à face medial do rádio: N. mediano e tendão do M. longo flexor do polegar
Porção
lateral o Lateralmente, isolado dos restantes tendões na porção lateral, o tendão do M. flexor radial do carpo
 Os flexores que não passam no canal cárpico são o longo palmar, superficial e anterior, e o FUC,
medialmente, relacionado com a face anterior da extremidade inferior da ulna, contido num canal próprio
 Anteriormente à extremidade medial do canal cárpico, o retináculo emite o lig. palmar do carpo, uma fina
lâmina fibrosa superficial que se insere no pisiforme, formando o canal de Guyon, que contém o rolo
vásculo-nervoso ulnar (artéria e nervo ulnares)

in Gray for Students

113
in Sobotta

Bainhas fibrosas digitais, fibras que envolvem as sinoviais e impedem que, na flexão, os tendões se separem
das falanges
 Compostas por 5 pares de porções anulares e cruciformes que se sucedem umas às outras desde a Art.
metacarpo-falângica até à inserção distal do tendão flexor de cada dedo
o A1/C1, A3/C3, A5/C5 anteriores às articulações
o A2/C2, A4/C4 anteriores aos corpos das falanges proximal e média
o No polegar só existe A1, C1, C2, sendo que as anulares são dorsais à Art. metacarpo-falângica e inter-
falângica e a cruciforme interposta
 Os tendões estão fixos às faces palmares das falanges por mesotendões, pregas sinoviais, cuja função é
carregar vasos aos tendões de forma extensível, adaptando-se ao movimento de deslizamento que estes
sofrem ao longo das bainhas
o Vínculo longo: feixe longo da face profunda do tendão à face palmar da falange anterior à em que se
insere
o Vínculo curto: feixe curto da face profunda do tendão à face palmar da falange junto à inserção terminal

in Netter 5E

114
Bainhas sinoviais dos flexores, mangas membranosas cuja função é reduzir o atrito durante o movimento
dos tendões
 Bainhas sinoviais digitais: envolvem os tendões para os 2º, 3º e 4º dedos, e pode existir uma própria do 5º
dedo em 5% dos casos
o Desde a inserção distal dos M. flexores dos dedos (sup. e prof.) à Art. metacarpo-falângica
o Envoltas pelas bainhas fibrosas dos dedos, que fixam os tendões e sinoviais à face palmar das
falanges
 Bainhas sinoviais cárpicas e digito-cárpicas:
o Lateral: envolve o tendão do M. flexor radial do carpo, sendo apenas cárpica
o Média: envolve o tendão do M. longo flexor do polegar, sendo digito-cárpica
 Desde a inserção distal até 2.5cm acima da margem superior do retináculo dos flexores
o Medial: envolve os tendões dos M. flexores superficial e profundo dos dedos, podendo ser cárpica ou
digito-cárpica
 95% dos casos: inicia-se na inserção distal do tendão do 5º dedo
 5% dos casos: inicia-se no carpo, deixando o 5º dedo envolto numa bainha digital
 Termina 2.5cm acima da margem superior do retináculo dos flexores
 Ocasionalmente, as bainhas digito-cárpicas média e lateral têm comunicação no punho

in Gray

Bainhas fibrosas e sinoviais dos extensores (NETTER p. 457)


Retináculo dos extensores, ligamento oblíquo ínfero-medialmente que fixa os tendões extensores à face
dorsal do punho
 Insere-se, lateralmente, no lábio ântero-lateral do sulco anterior da face lateral da extremidade distal do
rádio e no processo estilóide
 Insere, medialmente, na face dorsal do triquetrum e pisiforme e algumas fibras contornam o bordo medial
para se inserirem no retináculo dos flexores
 Emite septos para se subdividir em 6 canais ósteo-fibrosos numerados de 1 a 6 de lateral para medial
o 1: insere-se nos lábios do sulco dos tendões dos M. longo abdutor (anterior) e curto extensor do
Face lateral da ext.
distal radial polegar (posterior)
o 2: contem os tendões dos M. longo (medial) e curto (lateral) extensores radiais do carpo
 Insere-se nos lábios do respectivo sulco (ver Osteologia), incluindo tubérculo de Lister
o 3: para o tendão do M. longo extensor do polegar
Face posterior da ext.
distal radial  Insere-se nos lábios do respectivo sulco (ver Osteologia), incluindo tubérculo de Lister
o 4: para os tendões dos M. extensor dos dedos e extensor do indicador
 Insere-se nos lábios do respectivo sulco (ver Osteologia)
Face posterior da o 5: para o tendão do M. extensor do mínimo
cabeça da ulna o 6: para o tendão do M. extensor ulnar do carpo, inserindo-se nos lábios do respectivo sulco (ver
Osteologia)

115
Bainhas sinoviais dos extensores, mangas membranosas cuja função é reduzir o atrito durante o
movimento dos tendões
 Estendem-se desde a margem superior do retináculo dos extensores até às Art. metacarpo-falângicas
 1: incompletamente dividida para os dois tendões
 2: comum proximalmente mas dividida distalmente para cada tendão
 3: na face dorsal do carpo cruza as bainhas do compartimento posterior/superficialmente em direcção ao
polegar
 4: larga e comum aos 5 tendões
 5: estreita e comprida
 6: estreita e curta

in Gray

116
Fáscias do membro superior (NETTER pp. 447-450)
Fáscia escapular: envolve superficialmente os músculos do ombro
Fáscia braquial (NETTER p. 421): envolve superficialmente os músculos do braço, sendo contínua com a fáscia
escapular e antebraquial
 Emite septos intermusculares que separam as locas musculares anterior e posterior
 Septo intermuscular lateral: insere-se no lábio lateral do sulco intertubercular, funde-se com o tendão do M.
deltóide ao nível da tuberosidade deltoideia, continua-se pela margem lateral até à crista supra-condilar e
epicôndilo lateral
o Serve de inserção aos M. tricípite braquial e braquial
o No 1/3 médio é perfurado pelo N. radial e A. colateral radial
 Septo intermuscular medial: insere-se no lábio medial do sulco intertubercular, continua-se pela margem
lateral, funde-se com o tendão do M. córaco-braquial e segue até à crista supra-condilar e epicôndilo medial
o Serve de inserção aos M. tricípite braquial, braquial, bráquio-radial e LERC
o É perfurado pelo N. ulnar e A. colateral ulnar superior e ramo posterior da A. colateral ulnar inferior
 Origina expansões que revestem profundamente os M. bicípite braquial, córaco-braquial e braquial,
delimitando um espaço prismático triangular, o canal braquial, onde corre o feixe vásculo-nervoso do braço
o Limite anterior: face profunda dos M. bicípite braquial e córaco-braquial
o Limite posterior: face anterior do M. braquial e o septo intermuscular medial
o Limite medial: face profunda da fáscia braquial
o Conduz os N. mediano, ulnar e radial (inicialmente), as A. braquial e ulnar e as V. basílica e braquial
profunda

Fáscia antebraquial (NETTER p. 436): tem três dependências, descritas da superfície para a profundidade
 Fáscia antebraquial superficial: envolve superficialmente os músculos dos primeiros dois planos do
antebraço e emite vários septos que revestem os músculos e separam as locas musculares
 Fáscia antebraquial profunda: envolve os músculos do 3º plano do antebraço
o Corresponde à porção profunda da fáscia do M. flexor superficial dos dedos
 Fáscia do M. quadrado pronador: envolve apenas o M. quadrado pronador

Fáscias da mão: composta pela fáscia palmar, fáscia dorsal, fáscia interóssea palmar e interóssea dorsal
 Fáscia palmar: subdivide-se em porções contínuas, a aponevrose palmar e as fáscias tenar e hipotenar
o Aponevrose palmar: mediana em relação ao eixo da mão e triangular de base distal e vértice proximal
 Base superficialmente às Art. metacarpo-falângicas e vértice contínuo com o tendão do M.
longo palmar e com o retináculo dos flexores; é formada por fibras longitudinais, transversais
e verticais
 Fibras longitudinais: continuam as fibras do tendão do M. longo palmar e formam os feixes pré-
tendinosos, acompanhando superficialmente os tendões do flexor superficial dos dedos
 Fibras superficiais: inserem-se na pele entre a prega palmar distal e a prega digital
proximal
 Fibras intermédias: inserem-se na pele interdigital e continuam-se com a fáscia digital
lateral
 Fibras profundas: perfuram o lig. MTP, contornam as Art. metacarpo-falângicas e
inserem-se nas margens dos metas, falange proximal e tendão dos extensores
 Fibras transversais: entre os feixes pré-tendinosos das fibras longitudinais
 Lig. metacárpico transverso superficial (MTS) ou lig. natatório: une os ápex da pele
interdigital e fundem-se com as fáscias digitais dorsais
o O primeiro feixe chama-se o lig. comissural distal, para fáscia do polegar
 Fibras de Skoog: fibras profundas e proximais ao LMTS que unem as bainhas fibrosas dos
tendões dos flexores uns aos outros e às fáscias tenar e hipotenar
o O primeiro feixe chama-se o lig. comissural proximal para a região tenar
117
 Lig. metacárpico transverso profundo (MTP): une as Art. metacarpo-falângicas inserindo-
se nas placas volares
 Fibras verticais: são septos sagitais que formam os túneis tendinosos digitais inserindo-se e
separando as bainhas fibrosas dos tendões dos flexores
 Destacam-se os septo lateral, que se insere na margem anterior do 3º meta e septo
medial para o 5º meta, que separam a loca musculares média das tenar e hipotenar
 Septos de Legeu e Juvara são os septos mais distais, ao nível das Art. metacarpo-
falângicas
o Fáscia tenar: insere-se lateralmente na margem lateral do 1º meta e medialmente no septo lateral
o Fáscia hipotenar: insere-se medialmente na margem medial do 5º meta e lateralmente no septo
medial
 Fáscia interóssea palmar: reveste os M. interósseos palmares e continua-se com lig. metacárpico
transverso profundo (MTP)
 Fáscia dorsal: cobre os tendões extensores e é contínua, proximalmente, com o retináculo dos extensores
o Insere-se na margem lateral do 1º meta e margem medial do 5º meta
 Fáscia interóssea dorsal: reveste os M. interósseos dorsais, sendo mais delgada que a palmar

in Gray
118
Artérias do Membro Superior

in Gray

119
Artéria axilar (NETTER pp. 412-418)
Origem: continuação da A. subclávia ao nível do bordo lateral da 1ª costela
Trajecto: oblíquo ântero-ínfero-lateral, passando inferiormente à clavícula e posteriormente ao M. pequeno peitoral
 1ª porção: entre a clavícula e a margem medial do M. pequeno peitoral
 2ª porção: atrás do M. pequeno peitoral
 3ª porção: entre a margem lateral do M. pequeno peitoral e a margem inferior do M. grande peitoral
Terminação: continua-se com a A. braquial ao nível da margem inferior do M. teres major
Relações:
 1ª porção: anteriormente, com o M. subclávio, M. grande peitoral, a membrana costo-coracóide e a veia
cefálica; posteriormente com o M. serratus anterior, o 1º espaço intercostal (EIC) e com os fascículos do plexo
braquial; ântero-medialmente com a V. axilar
 2ª porção (situada entre as duas raízes do N. mediano): anteriormente, com o M. pequeno e grande peitorais;
posteriormente com o M. sub-escapular; ântero-medialmente com a V. axilar
 3ª porção: anteriormente, com o M. grande peitoral e lig. suspensor da axila; posteriormente com os M. sub-
escapular, teres major, latissimus dorsal e com os N. radial e axilar; lateralmente com o M. córaco-braquial
e com os N. mediano e músculo-cutâneo; medialmente com a V. axilar, N. ulnar e cutâneo braquial e
antebraquial mediais

Ramos colaterais:
 1ª porção: A. torácica superior: vasculariza o M. subclávio, grande e pequeno peitorais, intercostais do 1º e
2º EIC, e serratus anterior
o Pode ter origem na A. tóraco-acromial
 2ª porção: A. tóraco-acromial: origina-se na margem medial do M. pequeno peitoral e ramifica-se em:
o Ramo peitoral ou torácico: irriga os M. serratus anterior, grande e pequeno peitorais e a porção
súpero-lateral da mama
o Ramo acromial: dirige-se para o acrómio, irriga o M. deltóide e anastomosa com ramos da A. supra-
escapular e ramo ascendente da A. circunflexa umeral posterior, formando a rede acromial
o Ramo clavicular: para a face inferior da clavícula, irrigando o M. subclávio
o Ramo deltóide: mais lateral, para M. deltóide e grande peitoral, localizável no triângulo delto-peitoral
 2ª porção: A. torácica lateral: origina-se na margem lateral do M. pequeno peitoral e desce verticalmente
até ao 5º espaço interósseo
o Ramos musculares: para os M. grande e pequeno peitorais, serratus anterior e M. intercostais
o Ramos mamários laterais: contornam a margem inf. do grande peitoral para a porção lateral da mama
o Anastomosa com as A. torácica interna, intercostais e tóraco-dorsal
 3ª porção: A. sub-escapular: desce 4cm à frente do M. sub-escapular, vascularizando-o, e bifurca-se
o A. tóraco-dorsal: desce verticalmente, entre os M. latissimus dorsal e serratus anterior,
posteriormente à A. torácica lateral, e termina entrando no latissimus dorsal com o nervo homónimo
 Vasculariza os M. latissimus dorsal, sub-escapular, serratus anterior e intercostais
o A. circunflexa escapular: contorna a margem lateral da escápula profundamente ao triângulo escápulo-
tricipital, perfurando as inserções de origem do M. teres minor em direcção à fossa infra-espinhosa
 Ramo anterior: para o M. sub-escapular
 Ramo posterior: para os M. teres minor, teres major e infra-espinhoso anastomosando com o
ramo infra-espinhoso da A. supra-escapular
 Ramo descendente: desce ao longo da margem lateral até ao ângulo inferior e anastomosa com
ramos da A. escapular dorsal
 Ramo cutâneos: importantes na colheita de enxertos cutâneos
 Ramo horizontal: para a pele sobre a espinha da escápula
 Ramo para-escapular: ao longo da margem lateral, superficialmente ao ramo descendente

120
 3ª porção: A. circunflexa umeral anterior: contorna anteriormente o colo cirúrgico do úmero, passando
posteriormente aos M. córaco-braquial e a curta porção do bicípite braquial e ramifica-se uma vez alcançado
o sulco intertubercular:
o Ramos musculares: para os M. córaco-braquial e bicípite braquial
o Ramo ascendente: sobe no sulco intertubercular e vasculariza a Art. gleno-umeral
o Ramo lateral: continua a direcção da circunflexa umeral anterior, vascularizando o M. deltóide e
anastomosa com a A. circunflexa umeral posterior
 3ª porção: A. circunflexa umeral posterior (com maior calibre que a anterior): contorna posteriormente o colo
cirúrgico do úmero, atravessando o quadrilátero úmero-tricipital, com o N. axilar, e ramifica-se:
o Ramos musculares: para o deltóide, teres minor e major e porções longa e lateral do tricípite braquial
o Ramo ascendente ou acromial: anastomosa com a A. supra-escapular e ramos acromiais da tóraco-
acromial
o Ramo descendente: anastomosa com o ramo lateral da A. circunflexa umeral anterior e ramo deltóide
da A. braquial profunda, vascularizando este músculo

in Gray

121
Artéria braquial (NETTER pp. 415, 418-420)
Origem: continuação da A. axilar ao nível da margem inferior do M. teres major
Trajecto: desce junto ao bordo medial do braço com obliquidade ântero-ínfero-lateral até se tornar anterior ao úmero
Terminação: por bifurcação 2cm abaixo da linha bi-condilar ou ao nível do colo radial, embora possa haver bifurcação
alta em troncos radial, ulnar e interósseo comum
Relações: diferentes ao longo do comprido trajecto
 No braço: corre no canal braquial, espaço dependente da fáscia braquial (ver Miologia)
o Anteriormente: com a margem medial dos M. córaco-braquial e bicípite braquial, e com pele e fáscia
braquial;
o Posteriormente: na metade superior, com a longa porção do tricípite braquial e na metade inferior com
a porção medial do tricípite braquial; de superior a inferior, com o N. radial, A. braquial profunda, e
com o M. braquial
o Lateralmente: com o M. córaco-braquial, e depois com o interstício entre os M. bicípite braquial e
braquial;
o Medialmente: com os N. ulnar e cutâneo antebraquial medial, com a V. basílica e com pele e fáscia
braquial
o No 1/3 superior, o N. mediano é lateral, no 1/3 médio é anterior e no 1/3 inferior é medial à A. braquial
o Acompanhada por duas V. braquiais, uma medial e uma lateral
 Na fossa ulnar: anteriormente, a aponevrose bicipital; posteriormente, o M. braquial; lateralmente, o tendão
bicipital; medialmente, o M. pronador teres e N. mediano

Ramos colaterais:
 Ramos musculares: para os M. deltóide, córaco-braquial, bicípite braquial, braquial e tricípite braquial (a sua
longa porção), sendo que o ramo deltóide pode ter origem proximal na A. braquial ou na braquial profunda
 A. braquial profunda: o mais volumoso colateral, com origem na face póstero-medial da artéria,
acompanhando o N. radial entre as porções longa e medial do M. tricípite braquial e depois no seu trajecto
através do sulco radial, e termina por bifurcação nas A. colaterais radial e média a uma distância variável do
epicôndilo medial, tipicamente no 1/3 médio do úmero
o A. deltóide: colateral, ascende entre as porções longa e medial do tricípite braquial e anastomosa com
ramo descendente da A. circunflexa umeral posterior
o A. nutritiva do úmero: colateral, alcança o foramen presente na face ântero-medial do úmero
 Pode ter origem proximal na A. braquial
o A. colateral radial: terminal, continua o trajecto ao acompanhar o N. radial anteriormente ao epicôndilo
lateral até à goteira lateral da fossa ulnar e anastomosa-se com a A. recorrente radial, colateral da A.
radial
o A. colateral média: terminal, desce verticalmente entre as porções medial e lateral do tricípite braquial
e anastomosa-se com a A. interóssea recorrente, contribuindo para a rede arterial do cotovelo
o Ramos tricipitais, colaterais, ao longo do seu trajecto
 A colateral ulnar superior: nasce abaixo da inserção do M. córaco-braquial, perfura o septo intermuscular
medial e passa a acompanhar o N. ulnar até, atrás do epicôndilo medial, se anastomosar com a A. recorrente
ulnar posterior, colateral da A. ulnar
 A. colateral ulnar inferior: origem 5cm superior ao cotovelo, com trajecto ínfero-medial curto, bifurca em:
o Ramo anterior: anastomosa com a A. recorrente ulnar anterior, colateral da A. ulnar
o Ramo posterior: anastomosa com a A. recorrente ulnar posterior, colateral da A. ulnar, e emite ramo
transversal que anastomosa com a colateral média formando arcada acima da fossa olecraneana,
pertencente à rede arterial do cotovelo

122
in Gray

Artéria radial (NETTER pp. 420, 433-435 e 453-456)


Origem: ramo lateral da bifurcação terminal da A. braquial, tipicamente ao nível do colo radial
Trajecto: dirige-se, inicialmente, com obliquidade ínfero-lateral e depois verticalmente até ao processo estilóide
radial, alcança o dorso da mão depois de cruzar a tabaqueira anatómica, e perfura o 1º espaço interósseo
Terminação: por anastomose com a A. palmar profunda, colateral da A. ulnar, formando a arcada palmar profunda

Relações: no antebraço e no canal do pulso (entre os tendões do M. bráquio-radial e flexor radial do carpo)
 Anteriormente: com o M. bráquio-radial, proximalmente, e com a pele e fáscia antebraquial, distalmente
 Posteriormente: de superior a inferior, com os M. supinador, flexor superficial dos dedos, pronador teres,
longo flexor do polegar e quadrado pronador
 Lateralmente: com o M. bráquio-radial e respectivo tendão, e com o ramo superficial do N. radial
 Medialmente: com o M. pronador teres e o tendão do M. flexor radial do carpo
123
Relações: na extremidade distal do antebraço e no carpo
 Dirige-se posteriormente, contornando o bordo lateral do antebraço, passando profundamente aos tendões
dos M. longo abdutor do polegar e curto extensor do polegar, sulcando a face lateral do escafóide para
entrar na tabaqueira anatómica, onde passa profundamente ao tendão do M. longo extensor do polegar e
penetra o a porção proximal do 1º M. interósseo dorsal
Ramos colaterais:
 A. recorrente radial: ascende com obliquidade súpero-lateral, atravessa a goteira lateral da fossa ulnar,
medialmente ao N. radial, e anastomosa-se com a A. colateral radial
 Ramos musculares: para os músculos com os quais a A. radial se relaciona ao longo do seu trajecto
 A. palmar do carpo: ramo transversal, com origem na margem inferior do M. quadrado pronador, passa
profundamente aos tendões do M. flexor profundo dos dedos, anastomosa-se com a homónima colateral da
A. ulnar, e recebe anastomoses por vasos recorrentes da arcada palmar profunda e também por vasos
longitudinais da A. interóssea anterior
 A. palmar superficial: origem ao nível do processo estilóide do rádio, penetra os músculos tenares e
anastomosa-se com a A. ulnar, ventralmente aos ossos metacárpicos, formando a arcada palmar superficial
 A. dorsal do carpo: ramo transversal, com origem na tabaqueira anatómica, passa profundamente aos
tendões dos extensores e anastomosa com a homónima colateral da ulnar, formando a arcada dorsal do carpo
 A. 1ª metacárpica dorsal: origem no 1º espaço interósseo, bifurca-se em A. digital dorsal medial do hálux e
digital dorsal lateral do indicador
 A. principal do polegar: inconstante, tem origem na profundidade do 1º espaço interósseo, entre as fibras do
1º M. interósseo dorsal, colocando-se na face palmar do 1º meta e da falange proximal do polegar,
profundamente à porção oblíqua do M. adutor do polegar e lateralmente ao 1º M. interósseo palmar, e
bifurca em:
o A. digital palmar comum do polegar, que bifurca em A. digitais palmares lateral e medial
o A. radial do indicador, que acompanha a margem lateral do 2º meta e forma a A. digital palmar
lateral do indicador

Artéria ulnar (NETTER pp. 420, 433-435 e 453)


Origem: ramo medial da bifurcação terminal da A. braquial ao nível do colo radial
Trajecto: dirige-se, inicialmente, com obliquidade ínfero-medial e depois verticalmente até ao carpo, passando
lateralmente ao hamulus do hamatum ou contornando-o medialmente com o N. ulnar
Terminação: por anastomose com a A. palmar superficial, colateral da A. radial, formando arcada palmar superficial
Relações no 1/3 superior do antebraço:
 Anteriormente: M. pronador teres e flexor superficial dos dedos e todos os músculos epicondilianos mediais
 Posteriormente: M. flexor profundo dos dedos
 Inicialmente, o N. mediano é medial, depois cruza a artéria anteriormente e coloca-se lateralmente
Relações nos 2/3 inferiores do antebraço, em que se torna superficial e entra no canal de Guyon com o N. ulnar
 Anteriormente: com pele e fáscia antebraquial
 Posteriormente: com o M. quadrado pronador
 Lateralmente: com os tendões dos flexores superficial e profundo dos dedos e com o N. mediano
 Medialmente: com o tendão do M. flexor ulnar do carpo e com o N. ulnar
Relações no carpo:
 Anteriormente: com pele e fáscias
 Posteriormente: com o retináculo dos flexores
 Lateralmente: com o tendão do M. longo palmar
 Medialmente: com o N. ulnar, tendão do M. flexor ulnar do carpo e o pisiforme

124
Ramos colaterais:
 A. recorrente ulnar anterior: pode ter origem em tronco comum com a posterior; ascende com obliquidade
súpero-medial, anteriormente ao epicôndilo medial e anastomosa-se com o ramo anterior da A. colateral
ulnar inferior
 A. recorrente ulnar posterior: pode ter origem em tronco comum com a anterior; ascende com obliquidade
súpero-medial, posteriormente ao epicôndilo medial e anastomosa-se com a A. colateral ulnar superior e
ramo inferior da colateral ulnar inferior
 A. interóssea comum: desce com obliquidade póstero-ínfero-lateral até ao bordo superior da membrana
interóssea, bifurcando:
o A. interóssea anterior: desce, anteriormente à membrana interóssea, até ao carpo, acompanhada do
N. interósseo anterior, forma anastomoses com as A. palmares do carpo e atravessa distalmente a
membrana interóssea em direcção ao dorso do antebraço (ou seja, atravessa para posterior),
anastomosando com a A. interóssea posterior e arcada dorsal do carpo
 Emite ramos musculares para as locas musculares anterior e posterior (ramos perfurantes)
 Emite, inconstantemente, a A. comitativa do N. mediano, que acompanha e nutre o dito nervo
 A sua presença está associada à presença frequente de um N. mediano bífido
o A. interóssea posterior (menos volumosa): atravessa o hiato entre o bordo superior da membrana
interóssea e corda oblíqua e desce até ao carpo, posteriormente à membrana interóssea, entre os dois
planos musculares da loca posterior, acompanhada do N. interósseo posterior, e forma anastomoses
com as A. dorsais do carpo
 Emite, proximalmente, a A. recorrente interóssea, que ascende atrás do cotovelo e se
anastomosa com a A. colateral média, contribuindo para a rede arterial do cotovelo
 Emite ramos musculares para a loca muscular posterior
 Ramos musculares: para os músculos com os quais a A. ulnar se relaciona ao longo do seu trajecto
 A. palmar do carpo: segue a descrição anterior da homónima radial com a qual se anastomosa
 A. dorsal do carpo: segue a descrição anterior da homónima radial com a qual se anastomosa
 A. palmar profunda: perfura os músculos hipotenares e anastomosa-se com a A. radial, formando a arcada
palmar profunda

in Gray

125
in Gray
Artérias da mão (NETTER pp. 453, 454 e 456)
Arcada palmar superficial: de concavidade superior ou de ângulo aberto superiormente
 Forma-se por anastomose da A. ulnar com a A. palmar superficial, colateral da A. radial, e origina:
 A. digitais palmares comuns (3) que se bifurcam-se em A. digitais palmares próprias para as faces adjacentes
dos 4 últimos dedos
o Antes da bifurcação, recebem as A. metacárpicas palmares vindas da arcada palmar profunda
 A. digital palmar própria medial do 5º dedo

Arcada palmar profunda: anastomose da A. radial com a A. palmar profunda, colateral da A. ulnar
 Emite ramos perfurantes proximais para as A. metacárpicas dorsais
 Emite ramos ascendentes que anastomosam com as A. palmares do carpo
 Origina as A. metacárpicas palmares (3), que se anastomosam distalmente com as A. digitais palmares
comuns e que emitem ramos perfurantes distais para as A. metacárpicas dorsais

Arcada dorsal do carpo: anastomose das A. dorsais do carpo, colaterais das A. radial e ulnar
 Recebe anastomoses com as A. interósseas anterior e posterior
 Origina 3 A. metacárpicas dorsais (a 1ª é colateral da A. radial), que se bifurcam em A. digitais dorsais para
as faces adjacentes dos 4 últimos dedos, e origina directamente a A. digital dorsal medial do 5º dedo

Polegar
 Dorsal: vascularizado pela A. digital dorsal medial, terminal da 1º A. metacárpica dorsal, colateral da A. radial
 Palmar: vascularizado pela A. principal do polegar, colateral da A. radial
o Esta assegura a vascularização da margem lateral do 2º dedo, através da A. radial do indicador

in Gray
126
Veias do Membro Superior

in Gray

127
Veias Profundas
 2 por cada artéria, em rede paralela à arterial, com o mesmo nome, trajecto, e aferentes homónimos aos
colaterais arteriais
 Excepção é a veia axilar, que tem origem nas duas veias braquiais, tem 1cm de calibre, e acompanha a
artéria sendo, inicialmente, medial a esta, e depois anterior
o Recebe os afluentes homónimos aos colaterais arteriais e ainda as veias basílica e cefálica

Veias Superficiais
Veias palmares da mão
 V. digitais palmares: acompanham os flancos palmares dos dedos e, na palma da mão, formam plexo
venoso palmar
o Drena lateral e medialmente para as V. cefálica do polegar e salvatela (do mínimo), respectivamente
o Drena distalmente para as V. metacárpicas dorsais através das V. intercapitulares, que passam entre
as cabeças dos metacárpicos em direcção ao dorso da mão (atravessam a mão da frente para trás)

Veias dorsais da mão (NETTER p. 455)


 V. digitais dorsais: acompanham os flancos dorsais dos dedos e confluem para as V. metacárpicas dorsais
 V. metacárpicas dorsais (3): com origem nas V. digitais dorsais, formam a rede venosa dorsal da mão que é
irregular e variável, que pode constituir uma arcada venosa metacárpica dorsal, de concavidade superior
o Os extremos da rede venosa drenam nas V. basílica e cefálica, e a porção central emite uma veia que
também drena na V. cefálica distalmente
 V. salvatela: continuação da V. digital dorsal medial do mínimo, une-se ao extremo medial da rede venosa
dorsal da mão, no bordo medial da mão, e continua-se com a V. basílica
 V. cefálica do polegar: continuação da V. digital dorsal lateral do polegar, une-se ao extremo latera da rede
venosa dorsal da mão, no bordo lateral da mão, e continua-se com a V. cefálica

Veia antebraquial mediana, inconstante


Origem: no plexo venoso palmar da mão
Trajecto: corre verticalmente na face anterior do antebraço e termina no seu 1/3 superior
Terminação: em 70% dos casos, drena na V. cubital mediana ou na V. basílica; em 30% dos casos, bifurca em Y
para formar as:
 V. mediana basílica: oblíqua súpero-medialmente, drena na V. basílica na goteira medial da fossa ulnar
 V. mediana cefálica: oblíqua súpero-lateralmente, drena na V. cefálica na goteira medial da fossa ulnar

Veia cefálica
Origem: na tabaqueira anatómica, continuando a V. cefálica do polegar no extremo lateral da rede venosa dorsal
da mão
Trajecto: acompanha o bordo lateral do antebraço, inicialmente dorsal, depois ventral até à fossa ulnar, após a qual
corre no sulco bicipital lateral do braço e no sulco delto-peitoral, perfura a fáscia clavi-peitoral no triângulo delto-
peitoral
Terminação: na Veia axilar após ter descrito o arco da veia cefálica no triângulo delto-peitoral
Afluentes: a V. cefálica acessória e a V. mediana cefálica (30%)
Colaterais: origina a V. cubital mediana (70%), que cruza a fossa ulnar com obliquidade súpero-medial e drena na
V. basílica

Veia cefálica acessória


Origem: na porção central ou ulnar da rede venosa dorsal da mão
Trajecto: corre verticalmente na face posterior do antebraço e, no seu 1/3 superior, contorna-o lateralmente até à
fossa ulnar
Terminação: drena na V. cefálica ínfero-lateralmente à fossa ulnar
128
Veia basílica
Origem: no bordo medial do punho, continuando a V. salvatela no extremo medial da rede venosa dorsal da mão
Trajecto: acompanha o bordo medial do antebraço, inicialmente dorsal, depois ventral até à fossa ulnar, após a qual
tem um curto trajecto no sulco bicipital medial do braço e perfura a fáscia braquial a meio do braço, com os N.
cutâneos braquiais mediais, e continua a subir num curto trajecto apoiada no aspecto medial do bicípite braquial
Terminação: na V. braquial medial ou V. braquial comum
Afluentes: a V. cubital mediana (70%) ou V. mediana basílica (30%)
Variações da normalidade

in Gray

Linfáticos do Membro Superior


Gânglios superficias (NETTER p. 403)
 Gg. epicondilianos mediais ou epitrocleares: estão superiormente ao epicôndilo medial do úmero
o Inflamam em infecções distais dos membros, classicamente na doença da arranhadela do gato
(infeção por Bartonella sp.)
o Drenam o território da V. basílica e os seus eferentes acompanham-na para gg. profundos
 Gg. delto-peitorais: estão no sulco delto-peitoral, em relação com o arco da V. cefálica
o Drenam o território da V. cefálica e os seus eferentes acompanham-na para gg. profundos
 Gg. supra-escapulares: na fossa supra-espinhosa, em relação com os vasos supra-escapulares

Gânglios profundos
 Antebraço e braço: inconstantemente, há gg. ulnares, radiais e braquiais, que são satélites dos vasos
homónimos
 Axila (20-30) (NETTER p. 181): os mais importantes clinicamente, por receberem a linfa do MS e da mama;
drenam nos respectivos ângulos júgulo-subclávios, ou no canal linfático direito ou no canal torácico;
dividem-se em 5 grupos:
o Gg. axilares laterais ou braquiais (4-5): relacionam-se com a transição das V. braquiais para V. axilar
o Gg. axilares anteriores ou peitorais (4-5): relacionam-se com os M. peitorais e vasos torácicos laterais
 Os mais comumente envolvidos em caso de neoplasia mamária
 Os gânglios entre os M. grande e pequeno peitorais são os gg. inter-peitorais de Rotter
o Gg. axilares posteriores ou sub-escapulares (6-7): relacionam-se com a parede posterior da axila e
com os vasos sub-escapulares
o Gg. axilares centrais (3-4): relacionam-se com o flanco anterior da V. axilar
o Gg. axilares apicais ou subclávios (6-12): é o grupo terminal, que se relaciona, superiormente, com o
músculo homónimo e com a face inferior da clavícula, e emite os linfáticos eferentes

129
in Sobotta

130
in Gray

131
Nervos do Membro Inferior
Plexo braquial (NETTER pp. 415-416 e 461)
Origem: formação nervosa resultante da união dos ramos ventrais dos N. espinhais C5-T1, com contribuição de C4
 Plexo pré-fixado: contribuição volumosa de C4 sem a participação de T1
 Plexo pós-fixado: sem o ramo ventral de C5 mas com contribuição de T2
Constituição: formam-se troncos, cada um dos quais se bifurca em divisão anterior e posterior que se unem em
fascículos (chords), denominados de acordo com a sua relação com a A. axilar e com o grupo muscular que inervam
(flexor ou extensor)
 Tronco superior: formado por C5 (com a contribuição de C4) e C6
 Tronco médio: formado por C7
 Tronco inferior: formado por C8 e T1
 Fascículo posterior: formado pelas 3 divisões posteriores dos 3 troncos, dá ramos posteriores
o Ramos terminais: N. axilar e N. radial, inervando os músculos extensores
 Fascículo lateral: formado pelas divisões anteriores dos troncos superior e médio, dá ramos anteriores
o Ramos terminais: N. músculo-cutâneo e a raiz lateral do N. mediano, inervando músculos flexores
 Fascículo medial: formado pela divisão anterior do tronco inferior, dá ramos anteriores
o Ramos terminais: N. cutâneos braquial e antebraquial mediais, N. ulnar e a raiz medial do N. mediano,
inervando músculos flexores

Forma: triangular de base medial, relacionando-se com as vértebras cervicais, e vértice ântero-ínfero-lateral na axila
Relações no pescoço: está entre os M. escalenos anterior e médio, relacionando-se ântero-inferiormente com a A.
subclávia, depois passa posteriormente à clavícula
Relações na axila: os fascículos relacionam-se com a A. axilar de acordo com o seu nome
Terminação: atrás ou ligeiramente distal à margem lateral do M. pequeno peitoral
Ramos colaterais: são motores e organizam-se em ramos anteriores e posteriores ou supra-claviculares e infra-
claviculares

in Gray for Students

132
Anteriores Posteriores
Supra-claviculares N. escapular dorsal (C5)
Ramo para o N. frénico (C5)
(origem em raízes ou N. supra-escapular (C5-6)
N. subclávio (C5-6)
troncos) N. longo torácico (C5-C7)
N. sub-escapular superior (C5-6)
Infra-claviculares N. peitoral lateral (C5-C7)
N. tóraco-dorsal (C6-C8)
(origem nos fascículos) N. peitoral medial (C8-T1)
N. sub-escapular inferior (C5-6)
 Ramo para o N. frénico (C5): que ocasionalmente tem origem no N. subclávio (C5-C6)
 N. subclávio: com origem no tronco superior (C5-C6), inerva o músculo homónimo
 N. peitoral lateral: origem no fascículo lateral (C5-C7), inerva os M. peitorais, principalmente o grande
o Emite ramo comunicante que se une ao homónimo do N. peitoral medial, forma a ansa dos peitorais
que cruza anteriormente a A. axilar e leva fibras do N. peitoral lateral para M. pequeno peitoral
 N. peitoral medial: com origem no fascículo medial (C8-T1), inerva os M. peitorais, principalmente o pequeno
o Os ramos para o grande peitoral perfuram o pequeno peitoral e/ou contornam a sua margem inferior
 N. escapular dorsal (C5): acompanha a A. escapular dorsal e inerva os M. elevador da escápula e rombóides
 N. supra-escapular: com origem no tronco superior (C5-C6), acompanha a A. supra-escapular, passa no
foramen supra-escapular, inerva o M. supra-espinhoso, passa na incisura espinho-glenóide e inerva o M.
infra-espinhoso
o Pode sofrer compressão na incisura supra-escapular, causando amiotrofia neurálgica
o Dá ramo articular para a Art. gleno-umeral
o Pode ter ramo cutâneo que perfura o deltóide e inerva a pele do território do N. axilar
 N. longo torácico (C5-C7): acompanha a A. torácica lateral e inerva o M. serratus anterior
o Também chamado o nervo respiratório de Bell
o É nervo mais comumente afectado por amiotrofia neurálgica por compressão sob a clavícula (associado
a cargas pesadas), causando impossibilidade de elevação da escápula e o sinal de “escápula alada”
 N. sub-escapular superior: com origem no fascículo posterior (C5-C6), inerva os feixes superiores do M. sub-
escapular
 N. tóraco-dorsal ou sub-escapular médio: com origem no fascículo posterior (C6-C8), acompanha a A. tóraco-
dorsal e inerva os M. latissimus dorsal e teres major (segundo o Sobotta; o Gray, Feneis e Rouvière não fazem
referência ao último músculo)
 N. sub-escapular inferior, com origem no fascículo posterior (C5-C6), inerva os feixes médios e inferiores dos
músculos sub-escapular e teres major

Nervo músculo-cutâneo, misto (NETTER pp. 417 e 462)


Origem: ramo terminal do fascículo lateral [C5-C6 (7)]
Trajecto: dirige-se ínfero-lateralmente, perfura ântero-posteriormente o M. córaco-braquial, desce entre os
músculos braquial e bicípite braquial, até alcançar a goteira lateral da fossa ulnar, perfurando aí a fáscia braquial
Terminação: superficialmente, continuando-se como N. cutâneo antebraquial lateral
Ramos colaterais: ramos musculares, articular e diafisário
 Ramos musculares para os M. córaco-braquial, bicípite braquial e braquial, ou seja, todos os músculos da
loca anterior do braço
 Ramo articular do ombro, com origem antes de perfurar o M. córaco-braquial
 Ramo diafisário do úmero (pode ser ramo do N. mediano), que acompanha a A. nutritiva do úmero
 Ramo articular do cotovelo, normalmente vindo do ramo muscular para o M. braquial
Ramos terminais: o N. cutâneo antebraquial lateral, inerva a margem lateral do antebraço através dos ramos da sua
bifurcação
 Ramo anterior: inerva a 1/2 lateral da face anterior do antebraço e d um ramo articular para a Art. rádio-
cárpica
 Ramo posterior: inerva o 1/3 lateral da face posterior do antebraço
133
Nervo mediano, misto (NETTER pp. 419, 433-434, 460-461 e 463)
Origem: raiz lateral vinda do fascículo lateral (C5 inconstante; C6-C7) e raiz medial vinha do fascículo medial (C8-T1)
Trajecto: na axila é ântero-lateral aos vasos axilares, no braço corre no canal braquial ao longo do sulco bicipital
medial, acompanhando a A. braquial, e alcança a goteira medial da fossa ulnar onde passa entre as porções do M.
pronador teres e depois profundamente à arcada fibrosa das porções úmero-ulnar e radial do M. flexor superficial
dos dedos, desce verticalmente, em posição mediana, no antebraço, e atinge o canal cárpico ao passar
profundamente ao retináculo dos flexores, onde pode ser comprimido, originando a síndrome do túnel do carpo

Terminação: ramifica em 3 a 5 ramos ao nível da margem inferior do retináculo dos flexores


Relações:
 Axilares: anteriormente, os M. peitorais; posteriormente, a A. axilar e N. radial; lateralmente, o N. músculo-
cutâneo; medialmente, os N. ulnar e cutâneos braquial e antebraquial mediais, e a V. axilar
 Braquiais: ântero-lateralmente, o M. bicípite braquial; posteriormente, M. córaco-braquial e braquial
o No 1/3 superior, o N. mediano é lateral, no 1/3 médio anterior e no 1/3 inferior é medial à A. braquial
o Acompanhado, medialmente, pelos N. ulnar e cutâneos braquial e antebraquial mediais
 Na fossa ulnar: anteriormente, a aponevrose bicipital e a cabeça umeral do M. pronador teres;
posteriormente, a cabeça ulnar do M. pronador teres e o M. braquial
o Inicialmente anterior e medial à A. ulnar, cruza-a anteriormente e passa a correr lateralmente a esta
 Antebraquiais: anteriormente, o M. flexor superficial dos dedos; posteriormente, o M. flexor profundo dos
dedos; medialmente, a A. ulnar (cruza-a de medial a lateral) e o N. ulnar
 No punho, torna-se superficial 5cm proximalmente ao retináculo dos flexores: anteriormente, o retináculo
dos flexores; posteriormente, o M. quadrado pronador e os tendões do M. flexor profundo dos dedos;
lateralmente, o tendão do longo flexor do polegar; medialmente, o tendão do flexor superficial dos dedos
o As referências anatómicas para encontrar superficialmente o N. mediano são clinicamente muito
importantes: o nervo encontra-se entre os tendões dos M. flexor radial do carpo e longo palmar
 Este conhecimento anatómico permite o bloqueio anestésico local

Ramos colaterais:
 Ramo vascular: para a A. braquial, que pode dar ramo diafisário do úmero, na ausência de um ramo
homólogo do N. músculo-cutâneo
 Ramo articular: para a Art. do cotovelo, que acompanha a A. braquial
 Ramos musculares: para todos os músculos da loca anterior, excepto o M. flexor ulnar do carpo e os feixes
mediais do M. flexor profundo dos dedos
o N. superior do pronador teres: com origem ao nível do epicôndilo medial
o N. dos epicondilianos mediais: inerva os M. pronador teres, flexor radial do carpo, longo palmar e
flexor superficial dos dedos
o N. para os M. longo flexor do polegar e feixes laterais do M. flexor profundo dos dedos
o N. interósseo anterior: acompanha a artéria homónima, dando fibras para os M. longo flexor do
polegar e flexor profundo dos dedos, e termina ao inervar o M. pronador quadrado e as Art. rádio-
cárpica e do carpo
 Ramo palmar, sensitivo: tem origem 3cm proximal ao retináculo dos flexores e inerva a pele da eminência
tenar e da região média da palma da mão, lateralmente a uma linha que passa no 4º dedo

134
Ramos terminais: ramifica em 3 a 5 ramos
 N. muscular, tenar ou recorrente para os M. curto abdutor, oponente e porção superficial do curto flexor
do polegar
Ramo
 N. digital palmar lateral do polegar, acompanha a margem lateral do dedo e atinge o dorso da falange distal
lateral
 1º N. digital palmar comum, que se bifurca em N. digitais palmares das margens adjacentes dos 1º e 2º
dedos
o O N. digital palmar medial do indicador dá um ramo para o 1º M. lombricóide
o Atingem o dorso da falange distal do 1º dedo e das falanges média e distal do 2º dedo
 N. digitais palmares comuns dos 2º e 3º espaços interósseos, que se bifurcam em N. digitais palmares das
Ramos
mediais
margens adjacentes dos 2º, 3 e 4º dedos, atingem o dorso das falanges média e distal dos respectivos
dedos, dando ramos para os 2º e 3º M. lombricóides e um comunicante com o N. ulnar

Função: motor e sensitivo cutâneo


 Inervação motora dos músculos da loca anterior (excepto M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do M.
flexor profundo dos dedos) e dos músculos tenares (excepto M. adutor do polegar e porção profunda do M.
curto flexor do polegar)
 Inervação sensitiva da palma da mão e face palmar dos dedos e face dorsal das falanges médias e distais
dos dedos, lateralmente a uma linha que passa no 4º dedo
 Inervação articular da Art. do cotovelo, rádio-cárpica, cárpica, metacarpo-falângicas e inter-falângicas dos
1º-4º dedos

Comunicação de Martin-Gruber, presente em 17% das pessoas


 Ramos comunicantes, que passam entre os feixes M. flexores dos dedos, entre os N. mediano e o ulnar, que
justificam a imprevisibilidade da semiologia das lesões de cada um no que toca à distribuição das parésias
dos músculos da mão

Nervo ulnar, misto (NETTER pp. 419, 430-434, 460-461 e 464)


Origem: vindo do fascículo medial (C7 inconstante; C8-T1)
Trajecto: na axila é ântero-medial à A. axilar, no braço corre no canal braquial ao longo do sulco bicipital medial,
acompanhando a A. braquial póstero-medialmente, dirige-se para posterior perfurando o septo intermuscular medial,
alcança a goteira epitrócleo-olecraneana, passa na arcada do M. flexor ulnar do carpo, após a qual desce verticalmente
ao longo do bordo medial do antebraço e atinge o canal de Guyon, com a A. ulnar, ao passar superficialmente ao
retináculo dos flexores
Terminação: por bifurcação na palma da mão, lateralmente ao pisiforme, em ramos superficial e profundo
Relações:
 Axilares: anteriormente, os M. peitorais e o sulco entre os vasos axilares; posteriormente, o M. sub-
escapular; lateralmente, a A. axilar e os N. mediano e radial; medialmente, a V. axilar e o N. cutâneo
braquial medial
 Braquiais proximais: ântero-lateralmente, os vasos braquiais e os N. mediano e cutâneo antebraquial
medial; medialmente, pele e fáscia braquial e o N. cutâneo braquial medial
 Braquiais distais: atravessa o septo intermuscular medial com a A. colateral ulnar superior e relaciona-se,
posteriormente, com a porção medial do M. tricípite braquial
 No cotovelo: atravessa a goteira epitrócleo-olecraneana, um sulco na face posterior do epicôndilo medial, e
atravessa a arcada do M. flexor ulnar do carpo, local de compressões nervosas (camionistas, taxistas, etc.)
 Antebraquiais: anteriormente, o M. flexor ulnar do carpo; posteriormente, o M. flexor profundo dos dedos;
lateralmente, a A. ulnar e o N. mediano
 No punho: anteriormente, o lig. palmar do carpo; posteriormente, o M. quadrado pronador e o retináculo
dos flexores; lateralmente, a A. ulnar; medialmente, o tendão do M. flexor ulnar do carpo e o pisiforme;

135
Ramos colaterais:
 Ramos articulares: para a Art. do cotovelo, nascem na goteira epitrócleo-olecraneana
 Ramos musculares: para os M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do M. flexor profundo dos dedos
 Ramos vascular: para a A. ulnar, que a acompanha e comunica, superficialmente, com o N. cutâneo
antebraquial medial
 Ramo dorsal: tem origem a 5cm do carpo e dirige-se com obliquidade póstero-ínfero-medial e trifurca-se:
o Ramo medial: origina o N. digital dorsal medial do 5º dedo, que o inerva até à falange proximal
o Ramo médio: origina os N. digitais dorsais lateral do 5º e medial do 4º dedo, até à falange proximal
o Ramo lateral: origina os N. digitais dorsais lateral do 4º e medial do 3º dedo, até à falange proximal
 Emite ramo comunicante para o ramo medial do ramo superficial do N. radial
o Colectivamente, inerva o dorso da mão e falanges proximais do dorso dos dedos medialmente a uma
linha que passa no 3º dedo, embora a disputa com o território do N. radial possa “empurrar” a linha
para o 4º dedo
 Ramo palmar, inconstante, inerva a pele proximal da eminência hipotenar e, por vezes, o M. curto palmar

Ramos terminais:
 Ramo superficial: pode dar um ramo para o M. palmar curto antes de se bifurcar
o Ramo medial: origina o N. digital palmar medial do mínimo, que inerva a metade medial da sua face
palmar e da face dorsal das falanges média e distal por ramos dorsais
o Ramo lateral: origina o N. digital palmar comum do 4º espaço interósseo, que se bifurca em:
 N. digital palmar lateral do mínimo, que inerva a metade lateral da sua face palmar e da face
dorsal das falanges média e distal por ramos dorsais
 N. digital palmar medial do anelar, que inerva a metade medial da sua face palmar e da face
dorsal das falanges média e distal por ramos dorsais
 Emite ramo comunicante para o terminal mais lateral do N. mediano
o Colectivamente, inerva a palma da mão, face palmar de todas as falanges e face dorsal das falanges
média e distal dos dedos, medialmente a uma linha que passa no 4º dedo
 Ramo profundo: acompanha a A. palmar profunda, ramifica-se na eminência hipotenar e atravessa a palma
profunda da mão transversalmente até à eminência tenar
o Inerva os M. abdutor, curto flexor e oponente do dedo mínimo (músculos hipotenares)
o Inerva os M. interósseos dorsais e palmares, e o 4º M. lombricóide (ocasionalmente o 3º)
o Inerva os M. adutor do polegar e a porção profunda do M. curto flexor do polegar
Função:
 Inervação motora dos M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do M. flexor profundo dos dedos, dos
músculos hipotenares, dos M. adutor do polegar e porção profunda do M. curto flexor do polegar, dos M.
interósseos (dorsais e palmares) e do 4º M. lombricóide
 Inervação sensitiva da palma da mão e face palmar dos dedos e face dorsal dos dedos, medialmente a uma
linha que passa no 4º dedo, e ainda da face dorsal adjacente das falanges proximais dos 4º e 3º dedos
 Inervação articular das Art. do cotovelo, metacarpo-falângicas e inter-falângicas dos 4º-5º dedos

Nervo axilar, misto (NETTER pp. 401, 410-411, 413, 418 e 465)
Origem: terminal do fascículo posterior (C5-C6)
Trajecto e relações: é lateral ao N. radial, posterior à A. axilar, anterior ao M. sub-escapular e descreve um trajecto
curto, com obliquidade póstero-ínfero-lateral, atravessando o quadrilátero úmero-tricipital com a A. circunflexa
umeral posterior para atingir o colo cirúrgico do úmero
Terminação: ramifica-se entre o colo cirúrgico do úmero e a face profunda do M. deltóide

136
Ramos colaterais:
 Ramos articular: habitualmente dois, dirigem-se para a Art. gleno-umeral
 Ramo para o M. sub-escapular: inconstante, inerva os seus feixes inferiores
 N. do teres minor: contorna o músculo inferiormente e inerva-o penetrando-o na sua face posterior ou
margem inferior
 N. cutâneo braquial lateral superior: contorna medialmente a longa porção do M. tricípite braquial, perfura
a fáscia braquial e inerva a 1/2 inferior da face posterior, lateral e ântero-lateral do ombro
o Corresponde à pele que cobre o M. deltóide

Ramos terminais: os N. do deltóide, normalmente dois, que ramificam e o perfuram na sua face profunda
Função:
 Inervação motora do teres minor e deltóide
 Inervação sensitiva da porção póstero-lateral infra-clavicular do ombro
 Inervação articular da Art. gleno-umeral

Nervo radial, misto (NETTER pp. 401-402, 410, 413, 415, 418, 433, 461 e 465-466)
Origem: terminal do fascículo posterior (C5-C8; T1 inconstante)
Trajecto: sai da axila anterior e inferiormente ao M. teres major e dirige-se com obliquidade póstero-ínfero-lateral
ao longo do sulco radial da face posterior do úmero, perfura o septo intermuscular lateral e atinge a goteira lateral da
fossa ulnar
Terminação: por bifurcação na goteira lateral da fossa ulnar, ao nível do colo radial
Relações:
 Axilares: anteriormente, a A. axilar; posteriormente, os M. sub-escapular, teres major e latissimus dorsal
 Braquiais: anteriormente, o fundo do sulco radial; posteriormente, as porções longa e lateral do M. tricípite
braquial; súpero-lateralmente, a porção lateral do M. tricípite braquial; ínfero-medialmente, a porção medial
do M. tricípite braquial
o Acompanhado, súpero-lateralmente, no sulco radial, pela A. braquial profunda
 Na fossa ulnar: lateralmente, o M. bráquio-radial; medialmente, a A. recorrente radial, o tendão bicipital e o
M. braquial

Ramos colaterais, céfalo-caudalmente:


 N. cutâneo braquial posterior: com origem na axila, inerva a porção média da face posterior do braço
o Inferiormente ao N. cutâneo braquial lateral superior e entre os N. cutâneo braquial medial e lateral
inferior
 Ramos musculares: para as porções do M. tricípite braquial (e ancóneo)
o Ramos proximais, com origem ainda na axila, para a longa porção do M. tricípite braquial
o Ramos ao longo do trajecto para as porções lateral e medial do M. tricípite braquial
o Ramo longo, com origem na porção inicial do sulco radial, corre verticalmente na espessura da porção
medial do M. tricípite braquial, que inerva, acompanhado pela A. colateral média até terminar no M.
ancóneo
 N. cutâneo braquial lateral inferior: com origem na porção média do sulco radial, por tronco comum ao N.
cutâneo antebraquial posterior, inerva a porção póstero-lateral do braço até ao cotovelo, inferiormente ao
território do N. cutâneo braquial lateral superior e lateralmente ao território do N. cutâneo braquial posterior
 N. cutâneo antebraquial posterior: com origem na porção média do sulco radial, por tronco comum ao N.
cutâneo braquial lateral inferior, atinge a superfície entre os M. tricípite braquial e bráquio-radial, inerva a
pele da porção média da face posterior do antebraço
 Ramos musculares para os M. braquial, bráquio-radial e longo extensor radial do carpo
o Emite ramos articulares para a Art. do cotovelo

137
Ramos terminais:
 Ramo superficial:
o 2/3 superiores do antebraço: desce verticalmente na face anterior do antebraço entre o M. bráquio-
radial, ântero-lateralmente, e os M. supinador e pronador teres e a A. radial, medialmente
o 1/3 inferior do antebraço: dirige-se póstero-lateralmente para o dorso do antebraço, profundamente
ao tendão do M. bráquio-radial (local de compressão, causando a D. Wartenberg) perfura a fáscia
antebraquial e ramifica-se proximal ao processo estilóide do rádio
 Ramo lateral: forma o N. digital dorsal lateral do polegar, inerva o seu dorso até à falange
proximal
 Ramo médio: corre no 1º espaço interósseo e forma os N. digitais dorsais para as metades
adjacentes do dorso das falanges proximais do 1º e 2º dedos
 Ramo medial: corre no 2º espaço interósseo e forma os N. digitais dorsais para as metades
adjacentes do dorso das falanges proximais do 2º e 3º dedos, e emite ramo comunicante para o
N. ulnar
o Colectivamente, inerva o dorso da mão e das falanges proximais dos 1º, 2º e 3º dedos, lateralmente a
uma linha que passa no 3º dedo, mas que pode ser “empurrada” para o 4º dedo na disputa desse
território o N. ulnar
 Ramo profundo: dirige-se póstero-lateralmente para a profundidade, correndo na região posterior do
antebraço depois de atravessar o M. supinador na chamada arcada de Frohse – local onde pode sofrer
compressão – e após o bordo inferior do M. supinador ramifica-se extensamente, apesar de continuar como
N. interósseo posterior
o Ramos anteriores para os músculos do plano profundo da loca posterior
o Ramos posteriores para os músculos do plano superficial da loca posterior e lateral, excepto o LERC
o Continua-se como N. interósseo posterior (o ramo terminal do ramo profundo) que corre verticalmente
entre os dois planos musculares, acompanhado da A. interóssea posterior
 1/3 médio da face posterior do antebraço: posteriormente aos M. longo abdutor e curto extensor
do polegar
 1/3 distal da face posterior do antebraço: anteriormente aos M. longo extensor do polegar e
extensor do indicador, assente na membrana interóssea, terminando por ramos articulares para
as Art. rádio-cárpica e do carpo
o Colectivamente, inerva todos os músculos da loca posterior e lateral (o longo extensor radial do carpo
(LERC) é inervado por colateral do N. radial) e as Art. rádio-cárpica e do carpo
Função:
 Inervação motora do tricípite braquial, e todos os músculos posteriores e laterais do antebraço
 Inervação sensitiva da porção média da face posterior do braço, a porção póstero-lateral do braço, o 1/3
médio da face posterior do antebraço, assim como do dorso da mão e das falanges proximais dos 1º, 2º e 3º
dedos, lateralmente a uma linha que passa no 3º dedo ou 4º dedo
 Inervação articular das Art. do cotovelo, rádio-cárpica e do carpo

Nervo cutâneo antebraquial medial, sensitivo (NETTER pp. 401-402, 419, 460)
Origem: terminal do fascículo medial (C8-T1)
Trajecto e relações: acompanha a A. braquial medialmente a esta, e depois anterior à V. braquial e N. ulnar ao longo
do braço, terminando ao perfurar a fáscia braquial junto com a V. basílica, na porção média da face medial do braço
Terminação: bifurca em ramo anterior e posterior acima do epicôndilo medial
 Ramo anterior: desce verticalmente na face anterior do antebraço, lateralmente à V. basílica
o Inerva a 1/2 medial da face anterior do antebraço e, inconstantemente, uma porção média fina da face
anterior do braço
 Ramo posterior: dirige-se ínfero-medialmente, passando sobre do epicôndilo medial, e descendo ao longo da
margem medial do antebraço, medialmente à V. basílica
o Inerva o 1/3 medial da face posterior do antebraço

138
Nervo cutâneo braquial medial, sensitivo (NETTER pp. 401, 419, 460)
Origem: terminal do fascículo medial (C8 inconstante; T1)
Trajecto e relações: nasce póstero-medialmente à A. axilar, dirige-se para medial e coloca-se póstero-medialmente
à V. axilar, une-se ao N. intercosto-braquial (ramo cutâneo lateral do 2º N. intercostal), desce medialmente à V.
braquial e perfura a fáscia braquial no seu 1/3 superior, correndo no bordo medial do braço até ao epicôndilo medial
Terminação: distribui-se nos tecidos da base da axila e face medial do braço e 1/3 medial da face posterior do braço

Sistematização da Inervação Motora do Membro Superior


Músculos da escápula
 M. supra-espinhoso e infra-espinhoso: N. supra-escapular, colateral do Plexo braquial
 M. sub-escapular: N. sub-escapular superior e inferior, colaterais
o Inconstantemente, ramos colaterais do N. axilar, terminal do Plexo braquial
 M. teres major: N. sub-escapular inferior e tóraco-dorsal (inconstante), colaterais do Plexo braquial
 M. teres minor: colateral do N. axilar, terminal do Plexo braquial
 M. deltóide: terminais do N. axilar, terminal do Plexo braquial

Músculos do braço
Região anterior: M. bicípite braquial, córaco-braquial e braquial: colaterais do N. músculo-cutâneo, terminal
 O M. braquial e o córaco-braquial podem receber colaterais do N. radial, terminal do Plexo braquial
Região posterior: M. tricípite braquial: colaterais do N. radial, terminal do Plexo braquial

Músculos do antebraço
Região anterior:
 M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do flexor profundo dos dedos: colaterais do N. ulnar
 Todos os restantes: colaterais do N. mediano, terminal do Plexo braquial
Região lateral:
 M. bráquio-radial e longo extensor radial do carpo: colaterais do N. radial, terminal
 M. curto extensor radial do carpo e supinador: colaterais do ramo profundo do N. radial
Região posterior: todos por colaterais do ramo profundo do N. radial

Músculos da mão
Região palmar lateral ou tenar:
 M. curto abdutor, oponente e porção superficial do curto flexor do polegar: ramo tenar, terminal,
do N. mediano
 M. adutor e porção profunda do curto flexor do polegar: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
Região palmar medial ou hipotenar:
 M. abdutor, curto flexor e oponente do mínimo: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
 M. curto palmar: ramo superficial, terminal, do N. ulnar, ou N. palmar, colateral o N. ulnar
Região palmar média:
 1º-3º M. lombricóide: N. digitais palmares, terminais do N. mediano
 4º M. lombricóide: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
Região interóssea: M. interósseos dorsais e palmares: ramo profundo, terminal, do N. ulnar

139
Sistematização da Inervação Sensitiva do Membro Superior (NETTER pp. 400, 459)
Ombro
Supra-clavicular ou metade superior: N. supra-claviculares, do plexo cervical
Infra-clavicular ou metade inferior: N. cutâneo braquial lateral superior, colateral do N. axilar

Braço
Região (ântero-)medial: N. cutâneo braquial medial (e N. intercosto-braquial), terminal do plexo braquial
Região anterior, inconstante e fina: N. cutâneo antebraquial medial, terminal do plexo braquial
Região lateral e póstero-lateral: N. cutâneo braquial lateral inferior, colateral do N. axilar
Região posterior média: N. cutâneo braquial posterior, colateral do N. axilar

Antebraço
Região ântero-medial: N. cutâneo antebraquial medial, terminal do plexo braquial
Região póstero-medial: N. cutâneo antebraquial medial, terminal do plexo braquial
Região ântero-lateral: N. cutâneo antebraquial lateral, terminal do N. músculo-cutâneo
Região póstero-lateral: N. cutâneo antebraquial lateral, terminal do N. músculo-cutâneo
Região posterior média: N. cutâneo antebraquial posterior, colateral do N. axilar

in Sobotta

140
in Gray

141
Mão
Região dorsal medial, medialmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
 Ramo dorsal, colateral do N. ulnar
 N. digitais dorsais do ramo dorsal, colateral do N. ulnar
Região dorsal lateral, lateralmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
 Ramo superficial, terminal do N. radial
 N. digitais dorsais do ramo superficial, terminal do N. radial
Dorso das falanges proximais medialmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
 N. digitais dorsais do ramo dorsal, colateral do N. ulnar
Dorso das falanges proximais lateralmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
 N. digitais dorsais do ramo superficial, terminal do N. radial
Dorso das falanges média e distais medialmente a linha que passa no 4º dedo:
 N. digitais palmares do ramo superficial, terminal do N. ulnar
Dorso das falanges média e distais lateralmente a linha que passa no 4º dedo:
 N. digitais palmares, terminais do N. mediano

Região palmar medial e palma dos dedos, medialmente a linha que passa no 4º dedo:
 Ramo palmar, colateral do N. ulnar
 N. digitais palmares do ramo superficial, terminal do N. ulnar
Região palmar lateral e palma dos dedos, lateralmente a linha que passa no 4º dedo:
 Ramo palmar, colateral do N. mediano
 N. digitais palmares, terminais do N. mediano

in Gray

142
in Gray

Sistematização da Inervação Articular do Membro Superior


Articulação gleno-umeral
 Ramo do N. supraescapular, colateral do Plexo braquial
 Ramo colateral do N. músculo-cutâneo, terminal do Plexo braquial
 Ramo colateral do N. axilar, terminal do Plexo braquial
 Ramo ocasional do N. peitoral lateral, colateral do Plexo braquial

Articulação do cotovelo
 Ramo do N. músculo-cutâneo (normalmente o muscular do M. braquial), terminal do P. braquial
 Ramo colateral do N. mediano, terminal do Plexo braquial
 Ramo colateral do N. ulnar, terminal do Plexo braquial
 Ramos articulares dos ramos musculares, colaterais, do N. radial, terminal do Plexo braquial

Articulação rádio-cárpica
 Ramo anterior do N. cutâneo antebraquial lateral, terminal do N. músculo-cutâneo
 N. interósseo anterior, colateral do N. mediano, terminal do Plexo braquial
 N. interósseo posterior, terminal do ramo profundo do N. radial, terminal do Plexo braquial

143
Articulação do carpo
 N. interósseo anterior, colateral do N. mediano, terminal do Plexo braquial
 N. interósseo posterior, terminal do ramo profundo do N. radial, terminal do Plexo braquial

Articulações metacarpo-falângicas e inter-falângicas


 1-4º dedos: N. digitais palmares, terminais do N. mediano, terminal do Plexo braquial
 4-5º dedos: N. digitais palmares, terminais do N. ulnar, terminal do Plexo braquial
 Ramo profundo do N. ulnar, terminal do Plexo braquial

Lesões Comuns dos Nervos do Membro Superior


Lesão superior do plexo braquial (C5-C6): paralisia de Erb-Duchenne
 Mecanismo: hiper-inclinação da cabeça com afastamento da cabeça em relação ao ombro, por tracção
descendente do braço do feto no parto ou quedas com traumatismo lateral do pescoço (de mota)
 Paralisia do M. deltóide e músculos escapulares posteriores, e dos músculos anteriores do braço
 Défice na abdução e rotação lateral do braço, flexão e supinação do antebraço (e hipoestesia lateral do ombro)
 Provoca membro em adução e rotação medial com antebraço em extensão

Lesão inferior do plexo braquial (C8-T1): paralisia de Klumpke


 Mecanismos: hiper-abdução do ombro com afastamento do ombro em relação ao tronco por tracção
ascendente do braço do neonato em partos com apresentação pélvica; pode existir infiltração maligna num
carcinoma apical do pulmão (tumor de Pancoast) ou ainda compressão em caso de costela cervical
 Paralisia dos músculos longos flexores e músculos intrínsecos da mão
 Défice na flexão da mão e dos dedos, e extensão das falanges distais (e hipoestesia medial do antebraço)
 Provoca mão em garra, sem afectar o ombro ou o cotovelo
 Associado a S. Horner (ptose, miose e enoftalmia) por lesão da cadeia simpática cervical

Lesão associada de C7: marcada por paralisia do M. tricípite braquial e dos extensores dos dedos

144
Lesão isolada do N. mediano:
 Proximal, fossa ulnar: fractura distal do úmero, lesão directa em punções ou por S. do pronador
o S. do pronador: uma compressão neurálgica pelo lig. Struthers, pelo tendão bicipital, pela porção
profunda do M. pronador ou pela arcada fibrosa entre as porções úmero-ulnar e radial do M. flexor
superficial dos dedos
o Défice dos flexores da mão e dedos, causando a benção papal (feixes mediais do M. FPD poupados)
o Défice dos músculos tenares, com atrofia tenar e incapacidade de oponência: mão de símio
o Polegar em adução pela acção do feixe profundo do M. curto flexor do polegar (N. ulnar)
o Défices sensitivos das porção média e lateral da face palmar da mão
 Distal, no punho: fractura distal do antebraço, gestos de intenção suicida ou compressão na S. túnel do
carpo
o S. túnel do carpo: por artrose, edema, obesidade, gravidez ou idiopática
o Não causa a benção papal porque os ramos para os flexores dos dedos têm origem no antebraço
o Causa dor, parestesias e parésia dos músculos tenares, piorando à noite e quando se tenta agarrar
objectos

Lesão isolada do N. ulnar:


 Proximal, na goteira epitrócleo-olecraneana: por compressão directa pela arcada do M. FUC (+ ocupacional)
 Distal, no canal de Guyon: por compressão crónica (computador, martelo pneumático), causando a S. do
túnel ulnar
o Causam mão em garra por défice dos M. interósseos, apresentando atrofia dos mesmos
o Défices motores na abdução e oponência do mínimo
o Défices sensitivos (hipoestesia e paraestesias) da porção medial da face palmar da mão

Lesão isolada do N. radial:


 Proximal, na axila: comummente causada por compressão axilar, pelo uso de muletas/canadianas
o Défice tricipital e hipoestesia posterior do braço
 Intermédia, no braço: contusão e/ou fractura do corpo umeral
o Défice dos extensores da mão e dedos, causando a mão pendente
o Hipoestesia posterior do antebraço e da metade radial do dorso da mão
 Intermédia, na fossa ulnar: compressão do r. profundo na arcada de Frohse, originando o S. do túnel radial
o Défice dos extensores dos dedos (LERC poupado), não causa mão pendente ou défices sensitivos
 Distal, no punho: por fractura distal do rádio (a fractura mais comum de todas)
o Défice sensitivo do dorso da mão na sua metade radial
 D. Wartenberg: compressão do ramo superficial entre os tendões dos M. bráquio-radial/CERC e o rádio, 6cm
proximalmente ao processo estilóide, causando dor e parestesias na metade radial do dorso da mão

Lesão isolada do N. axilar:


 Por luxação do ombro ou fractura do colo do úmero
 Paralisia do M. deltóide, com défice na abdução do braço
 Causa atrofia do deltóide e hipoestesia lateral do ombro

145
A arcada de Frohse

O ligamento de Struthers

146
Sistema Urinário
Rins (NETTER pp. 308-312, 315-318)
Introdução: localização, forma, orientação, dimensões e variações
 Localização retroperitoneal para-vertebral (T11-L3), sendo o direito mais inferior que o esquerdo
 Forma de feijão côncavo medialmente e convexo lateralmente
 Eixo longitudinal com obliquidade ínfero-lateral e transversal com obliquidade póstero-lateral
 Comprimento médio de 11-13cm (o esquerdo pode ser até 1.5cm maior), largura de 6cm e espessura de 3cm
 Peso aproximado de 150g no homem e 135g na mulher
 Rim ausente em 1/1200; Rim ectópico pélvico em 1/2500; Rim em ferradura em 1/400 (pode obstruir ureter)

Meios de fixação
 Pressão abdominal, peritoneu parietal e fáscia de coalescência (Toldt, “cola” que o une ao retroperitoneu)
 Pedículo renal: vasos renais e pélvis renal
 Fáscia (peri)renal de Gerota: folhetos ant. e post., unidos lateralmente, desdobram-se e formam loca renal
o Folheto anterior: reveste o rim anteriormente e une-se ao contralateral anteriormente aos vasos renais
e grandes vasos; abaixo do hilo renal este folheto forma, com o folheto posterior, a bainha do ureter
o Folheto posterior: reveste o fim posteriormente, passa à frente do quadrado lombar e psoas major,
funde-se com a fáscia deste último e insere-se no tecido conjuntivo que rodeia os grandes vasos
o GRAY: ao nível L3-L5 há comunicação entre as duas locas renais, embora este seja pouco significado
clínico por haver septação do espaço
o Superiormente, os folhetos rodeiam a glândula suprarrenal, fixam-se à face inferior do diafragma e aos
pilares diafragmáticos, fechados ou abertos (unidos ou não)
 Emite folheto inter-suprarreno-renal que separa o rim da glândula suprarrenal
 O folheto posterior une-se à fáscia frénica inferior e fáscias do M. quadrado lombar e psoas major
 À direita, o folheto anterior une-se ao lig. coronário direito e área nua do fígado
 À esquerda, o folheto anterior une-se ao lig. gastro-esplénico e espleno-renal
o Inferiormente, os folhetos unem-se em redor dos vasos ilíacos e ureter, rodeando o ureter para formar
a sua bainha, terminando na cavidade pélvica
o Posteriormente, a fáscia renal está separada do M. quadrado lombar pelo corpo adiposo para-renal
o Cápsula adiposa renal (gordura peri-renal) é tecido adiposo que separa rins das paredes da fáscia renal
o Por fora das paredes da fáscia renal está o corpo adiposo para-renal

in Gray

147
Conformação externa
 Faces: a anterior é convexa e lisa, olha ântero-lateralmente; a posterior é plana e lisa, olha póstero-
medialmente
 Margem lateral: convexa e sulcada, vestígio da lobulação fetal
 Margem medial: côncava e com fenda quadrangular, o hilo renal, e dois pólos, o superior (maior no rim
direito) e o inferior

Relações
 Anteriormente:
o Rim direito: com o fígado, lig. hepatorrenal (parte do lig. coronário), mesocólon transverso, ângulo
hepático do cólon e D2;
o Rim esquerdo: com o estômago, baço, ligg. gastro-esplénico e espleno-renal, ângulo esplénico do
cólon, cauda do pâncreas e cólon descendente
 Posteriormente: com o diafragma, 12ª costela (e 11ª costela à esquerda), M. psoas major e quadrado
lombar, aponevrose posterior do M. transverso abdominal, o corpo adiposo para-renal e os nervos subcostal,
ílio-inguinal e ílio-hipogástrico
 Lateralmente:
o Rim direito: com o fígado, cólon ascendente e ângulo hepático do cólon
o Rim esquerdo: com o baço, cólon descendente e ângulo esplénico do cólon
 Medialmente: através do hilo renal, com vasos renais e bacinete
o Tubérculo polar superior: com a gl. suprarrenal, diafragma e VCI/Aorta à direita/esquerda
o Tubérculo polar inferior: com ureter e lig. uretero-renal (Navarro) e VCI/Aorta à direita/esquerda

Constituição anatómica e conformação interna


 Cápsula renal: fibrosa e elástica, envolve o parênquima renal, separada da fáscia renal pela gordura peri-renal
 Parênquima renal: dividido em córtex e medula renais
o Córtex: é periférico, com 6mm de espessura, contém os lóbulos renais, constituídos por (Histologia):
 Labirinto cortical: corpúsculos renais e túbulos renais
 Raios medulares: tubo colector e ramos das ansas de Henle
o Medula: é central, contém as pirâmides renais (de Malpighi; contém as ansas de Henle), que terminam
nas papilas, e as colunas renais (de Bertin; prolongamentos do córtex), envolvendo o seio renal
o Nefrónio é a unidade fisiológica do rim o seu estudo pormenorizado estende-se para além do reino da
Anatomia; para introdução de conceitos histo-fisiológicos ver Gray pp. 1233-1238
 Seio renal é a cavidade de 3cm de profundidade cuja porta de entrada é o hilo renal
o As suas paredes estão cobertas por 8-12 papilas renais, saliências que correspondem às pirâmides
medulares, cada uma com uma área cribiforme, com 20-40 foramina papilares onde terminam os canais
colectores (de Bellini), e um colo a rodear a área cribiforme, onde se inserem os cálices

in Gray

148
Vascularização renal: A. renais
Origem: colaterais viscerais pares da Aorta, a um nível logo abaixo da origem da A. mesentérica superior
Trajecto e relações: perpendiculares à Aorta, têm um trajecto oblíquo póstero-lateralmente, posteriormente às V.
renais e, no caso da A. renal direita, posteriormente também à VCI e D2, sendo mais comprida
Variações: em 30% dos indivíduos há A. renais acessórias, normalmente A. polares superiores ou inferiores
Terminação: divide-se em 5 ramos, organizados em dois grupos:
 Ramos pré-piélicos: as A. segmentar superior, segmentar anterior superior e inferior, e a segmentar inferior
 Ramos retro-piélicos: a A. segmentar posterior (este ramo pode ser par com alguma frequência)
Colaterais: as A. suprarrenal inferior, uretérica superior e ramos capsulares para a cápsula renal

Microvascularização renal: parte de cada ramo segmentar, de forma sequencial


 A. interlobares situam-se entre os teóricos lobos renais, ou seja, correm entre as pirâmides
o A. interpapilar é a porção interlobar que se encontra entre as papilas renais, no seio renal
o A. interpiramidal é a porção verdadeiramente interlobar, correm na margem da pirâmide renal
 A. arciformes/arqueadas são a continuação da A. interlobar (da sua porção interpiramidal) e correm na base
das pirâmides renais
 A. interlobulares (ou corticais radiárias), delimitam os lóbulos renais (Histologia), no centro dos quais correm
os raios medulares, são perpendiculares em relação à A. arqueada e correm em direcção à cápsula
o Vasa rectae vera: ramos medulares das A. interlobulares ou das A. arqueadas
o A. aferente forma o tufo capilar/glomérulo do corpúsculo de Malpighi, do qual parte a A. eferente, que
emite os vasa rectae spuria
 Os vasos rectos (vera e spuria) formam o plexo capilar medular da ansa de Henle, nas pirâmides renais

Drenagem venosa
 Drenagem superficial, pelas V. estreladas e capsulares, formam V. interlobulares e drenam nas V. arqueadas
 Drenagem profunda, pelas venulae rectae ou veias ascendentes, que terminam nas V. arqueadas
 As V. arqueadas drenam em V. interlobares, segmentares e, por fim, renais
 As V. renais são anteriores às A. renais, sendo a V. renal esquerda 3x maior (7.5cm) que a direita,
relacionando-se anteriormente com a V. esplénica e corpo do pâncreas, e posteriormente com a Aorta
o Afluentes da V. renal esquerda: a V. suprarrenal, frénica inferior e V. testiculares/ováricas

in Sobotta

149
Drenagem linfática
 Rede linfática córtico-medular (intra-renal) converge para os vasos interlobares, acompanha a V. renal e
termina em gânglios látero-aórticos e pré e retro-cávicos
 Rede linfática subcapsular converge para a rede córtico-medular ao nível do hilo
 Rede linfática peri-renal drena directamente nos gânglios látero-aórticos e pré e retro-cávicos

Inervação
 Simpática: provém dos N. pequeno e último esplâncnicos torácicos e N. 1º esplâncnico lombar via gânglio e
plexo celíacos, gânglios aórtico-renais e renais
 Parassimpática: provém do N. vago via plexo celíaco e renal, e dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
ascendendo directamente via plexo uretérico ou pelo N. hipogástrico para plexos hipogástrico e
intermesentérico até plexo renal

150
Canais excretores do rim (revestidos pela reflexão hilar da cápsula renal)
 Pequenos cálices: 8-12 tubos que se inserem no colo das pirâmides renais, organizam-se em 3 ou 4 grupos
que drenam para os grandes cálices
 Grandes cálices: 3 cones músculo-membranosos que drenam para a pélvis renal ou bacinete
 Pélvis renal ou bacinete: funil membranoso achatado e triangular que drena para o ureter
o Porção intra-renal: no seio renal, rodeada de tecido adiposo e das A. interlobares
o Porção extra-renal: para fora do hilo renal e entre os vasos pré e retro-piélicos
 À direita, relaciona-se com D2 e à esquerda com a cauda do pâncreas

Ureter (NETTER pp. 311-314 e 362)


Introdução: localização, trajecto, orientação, forma e dimensões
 Órgão tubular retroperitoneal com localização lombar, ilíaca e pélvica, sucessivamente, ao longo de 25-35cm
 Orientação ântero-ínfero-medial, envolvido pela bainha ureteral, contínua com a loca renal
 Forma tubular com estreitamentos e curvaturas, com importância clínica na litíase renal
o Estreitamento renal, na união com a pélvis renal
o Estreitamento ilíaco, no cruzamento com os vasos ilíacos externos
o Estreitamento intramural, dentro da parede vesical, apresentando valva que impede refluxo vésico-
uretérico
o Curvatura lombar, acompanha o pólo inferior, sendo convexa medialmente
o Curvatura pélvica, côncava súpero-medialmente, acompanha a parede da escavação pélvica
 Divide o trajecto pélvico em porção parietal e porção transversal
Meios de fixação
 Pressão abdominal e peritoneu parietal (órgão retroperitoneal)
 Continuidade com a pélvis renal, superiormente, e com a bexiga, inferiormente
 Lig. uretero-renal (Navarro), fibras da fáscia renal, ao nível do polo inferior do rim

Relações
Lombares
 Anteriormente: com o peritoneu parietal posterior, vasos gonadais, vasos cólicos, D2 (à direita) e cauda do
pâncreas (à esquerda)
 Posteriormente: com o M. psoas major e minor, e N. génito-femoral
 Medialmente: o direito com a VCI e o esquerdo com a Aorta;
 Lateralmente: com o pólo inferior do rim, cólon ascendente (à direita) e cólon descendente (à esquerda)
Ilíacas
 Anteriormente: mesentério (à direita) e mesosigmóide (à esquerda)
 Posteriormente: com a Art. sacro-ilíaca, vasos ilíacos comuns (à esquerda), vasos ilíacos externos e junção
íleo-cecal e cego (à direita)
Pélvicas masculinas e femininas
 Parietal:
o Anteriormente: a bexiga no homem e os ovários na mulher
o Posteriormente: os vasos ilíacos internos, a A. obturadora, a A. vesical superior no homem e a uterina
na mulher;
o Medialmente: o recto
o Lateralmente: a parede pélvica, na espessura da fáscia endopélvica
 Transversal masculina: aborda a face posterior da bexiga e cruza, em gancho, posterior e inferiormente o
ducto deferente
 Transversal feminina: aborda a face posterior da bexiga depois de atravessar a base dos ligamentos largos do
útero a 1.5cm do colo uterino; inicialmente, a A. uterina era posterior e lateral, mas na espessura dos ligg.
largos torna-se superior e medial, cruzando o ureter por cima
Intramurais: percorrem 1.5-2cm obliquamente na parede vesical, rodeados por um anel muscular não-esfintérico
151
in Gray

Constituição anatómica
(1/125 indivíduos têm duplicação uretérica; 1/800 têm duplicação bilateral)
 Túnica mucosa, em que o epitélio é polimórfico ou de transição, denominado urotélio
 Túnica muscular: fibras circulares, oblíquas e longitudinais sem clara disposição
 Túnica adventícia ou bainha ureteral: contem vasos e nervos e é contínua com cápsula renal

Vascularização
 A. uretéricas superiores: colaterais da A. renal
 A. uretéricas médias: colaterais variáveis das A. gonadais, aorta e ilíacas comuns
 A. uretéricas inferiores: colaterais das A. vesical inferior, superior, A. uterina e A. gonadais

Drenagem venosa: paralela à vascularização arterial, drena sucessivamente para veias vesicais, uterina, ilíaca
interna, veias gonadais e renais

Drenagem linfática: sucessivamente, para gg. látero-aórticos e pré-cávicos, ilíacos comuns, internos
Inervação
 Porção lombar superior:
o S.N. Simpática: provém dos N. pequeno e último esplâncnicos torácicos e N. 1º esplâncnico lombar via
gânglios aórtico-renais e renais
o S.N. Parassimpática: provém dos N. vago via plexo celíaco e renal, e dos N. esplâncnicos pélvicos
(nervi erigentes) via plexo uretérico ou N. hipogástrico para plexos hipogástrico e intermesentérico
até plexo renal
 Porção lombar inferior e ilíaca: S.N. Parassimpática, por N. esplâncnicos pélvicos via plexo hipogástrico
superior e N. hipogástrico
 Porção pélvica:
o S.N. Simpática: provém dos N. esplâncnicos sagrados via plexo hipogástrico inferior
o S.N. Parassimpática: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)

152
Nota clínica: as cólicas renais são provocadas pelo encravamento de um cálculo renal (a litíase renal tem diversas causas e resulta
na formação de “pedras”, de composição e dimensões variadas, nos canais excretores intra-renais) no ureter, que por sua vez leva
a que este reaja com espasmos dolorosos. A dor da cólica renal é extremamente intensa ao nível do flanco e irradia comumente
para a região genital (inguinal, escroto/grandes lábios), em parte por ser uma projecção aproximada do trajecto do ureter na
parede abdominal e por este ter uma relação próxima com o ramo genital do N. génito-femoral.

Bexiga (NETTER pp. 344-348, 362)


Introdução: localização, posição, forma e dimensões
 Órgão ímpar, mediano e central da cavidade pélvica, entre a cavidade peritoneal e o pavimento pélvico
 É retro-púbica quando vazia, e retro-abdominal quando em repleção
 No homem, é superior à próstata, anterior ao recto e vesículas seminais, e é mais superior
 Na mulher, é anterior à vagina e ao útero, mais inferior devido à inexistência de próstata e existência de útero
 Em vacuidade é achatada de superior a inferior, enquanto em repleção é ovóide
 Em vacuidade tem 5cm de eixo ântero-posterior, e 7cm de eixo transversal
 Em repleção tem 8cm de eixo ântero-posterior e 9cm de eixo transversal
 Capacidade de 2 a 3 litros

Conformação externa e relações


 Face superior: é triangular, de vértice anterior (o ápex vesical), onde se insere o úraco
o Está coberta por peritoneu parietal e, através deste, relaciona-se com as ansas intestinais, cólon
sigmóide e, na mulher, com o útero e ligamentos largos
 Face ântero-inferior: triangular, de vértice superior (o ápex vesical), onde se insere o úraco
o Relaciona-se através do espaço retro-púbico de Retzius (que contém o plexo venoso pré-vesical de
Santorini) com a sínfise púbica, vasos e nervos obturadores
o As faces superior e ântero-inferior formam o corpo vesical
 Face póstero-inferior: triangular de vértice inferior (o colo vesical) correspondendo ao fundo da bexiga
o Homem: relaciona-se, posteriormente, com os ureteres, vesículas seminais e inferiormente com a
próstata e M. esfíncter da uretra
 Separada do recto pelo fundo de saco recto-vesical e fáscia recto-prostática de Denonvilliers
o Mulher: relaciona-se posteriormente com os ureteres, vagina e colo do útero
 Separada do útero pelo septo vésico-vaginal (condensação de fáscia endopélvica)
 Ápex: local de inserção do úraco, cordão fibroso que corresponde à involução da V. umbilical (fetal) e corre
até ao umbigo, formando o ligamento umbilical mediano, que condiciona a prega umbilical mediana
 Margens laterais: separa as faces superior da ântero-inferior
o Relações: com as ansas intestinais, A. umbilical e vesical superior, M. obturador interno e a fáscia
endopélvica parietal, e no homem com o ducto deferente e na mulher com os ligg largos do útero
o Reflexão lateral do peritoneu forma as fossas paravesicais (Waldeyer)
 Margem posterior: separa a face superior da póstero-inferior
o Separada do recto pelo fundo de saco recto-vesical (H) ou recto-vaginal de Douglas (M)

Meios de fixação: colocada na loca vesical, rodeado de espaço peri-vesical, preenchido por tecido conjuntivo, id
est, a porção viseral da fáscia endopélvica
 Superiormente: o peritoneu parietal da face superior, o úraco e cordões fibrosos das A. umbilicais
 Inferiormente (colo): a membrana perineal e o pavimento pélvico, os lig. pubo-vesicais anteriores e laterais
o No homem adiciona-se a próstata e a uretra prostática
 Lateralmente (colo): os lig. pubo-vesicais laterais, fazem parte das lâminas sacro-recto-génito-vésico-púbicas
da fáscia endopélvica

153
in Gray

in Gray

154
in Gray

No homem
Na mulher

in Gray

155
Conformação interna
 Ápex: porção mais ântero-superior, externamente é o vértice das faces superior e ântero-inferior
 Corpo: corresponde externamente às faces superior e ântero-inferior
 Fundo: corresponde à margem posterior e face póstero-inferior
 Trígono vesical: triângulo situado na porção inferior da parede póstero-inferior
o Vértices laterais são os óstios uretéricos, que são elípticos ínfero-medialmente, e estão unidos por crista
interuretérica, com o músculo de Bell profundamente
o Vértice inferior corresponde externamente ao colo vesical (ver adiante)
o O trígono tem mucosa lisa de origem mesodérmica, distinta da restante mucosa, que é pregueada
 Colo vesical: vértice inferior do trígono vesical, corresponde ao orifício interno da uretra e apresenta a úvula
vesical, uma saliência da parede posterior deste orifício

Constituição anatómica
 Mucosa: pregueada em quase toda a sua extensão, lisa no trígono
 Muscular (constituída pelo músculo detrusor): interna plexiforme, média circular e externa longitudinal
o A camada externa emite algumas fibras para os ligamentos pubo-vesicais e pubo-prostáticos
o A camada média forma um espessamento circular no colo vesical, o M. esfíncter interno da uretra
 Adventícia: tecido conjuntivo laxo, a fáscia vesical, no espaço peri-vesical, condensação da fáscia endopélvica
 Serosa: peritoneu parietal presente na face superior
o Na mulher reflecte-se para face anterior do útero: fundo de saco vésico-uterino
o No homem alcança a margem posterior e reflecte-se para o recto: fundo de saco recto-vesical

Vascularização:
 Principais: as A. vesicais inferior e superior (porção patente da umbilical), colaterais da A. ilíaca interna
o A A. vesical inferior, na mulher, pode ser substituída pela vaginal
 Secundárias: a A. vesical posterior, pode ser ramo da A. rectal média, uterina ou vaginal, e ainda a A. vesical
anterior, ramo inconstante da A. pudenda interna

Drenagem venosa: dá-se para plexos venosos pré-vesical (Santorini) e peri-prostático (no homem), que
acompanham as lâminas sacro-recto-vésico-génito-púbicas e/ou drenam para o plexo útero-vaginal, confluindo o
sangue nas V. ilíacas internas

Drenagem linfática: a linfa das várias faces conflui na região do ângulo póstero-lateral e drena para gânglios
obturadores, ilíacos externos (+++), internos, comuns e do promontório (colo vesical)

Inervação
 S.N. Simpático: provém dos N. 1º e 2º esplâncnicos lombares e N. esplâncnicos sagrados, via plexo
hipogástrico inferior
o Mantém o tónus (contracção basal) do esfíncter interno da uretra para prevenir incontinência
 S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pelvicos (nervi erigentes), via plexo hipogástrico inferior
o O detrusor é contraído e o esfíncter interno da uretra (liso, involuntário) relaxado por acção
parassimpática, ou seja, é o parassimpático que promove a micção, embora esta possa ser
voluntariamente suprimida por contracção do esfíncter externo da uretra (estriado, voluntário)

156
Uretra masculina (NETTER pp. 348, 362, 363)
Introdução: localização, dimensões, direcção, forma e trajecto
 Canal ímpar e mediano, de 16-20cm, com origem no colo vesical e término no meato urinário
 Forma de S itálico, descrevendo-se 3 porções e 2 curvaturas
 Trajecto ântero-inferior até à margem inferior da sínfise púbica, depois anterior até o corpo esponjoso se
dirigir ântero-inferiormente

Porções e curvaturas
 1ª porção, uretra prostática (3-4cm): atravessa a próstata
 2ª porção, uretra membranosa (1.2cm-2cm): na espessura da membrana perineal
o 1ª curvatura, infra-púbica: côncava superiormente, abaixo da margem inferior da sínfise púbica
 3ª porção, uretra esponjosa ou peniana (12-15cm): na espessura do corpo esponjoso
o 2ª curvatura, púbica ou peniana: côncava inferiormente, acompanha o corpo esponjoso, e inverte-se no
pénis erecto
 Divisões alternativas: 1ª e 2ª porções são intra-pélvicas e imóveis, 3ª é extra-pélvica e móvel

Variações no calibre (4 apertos e 3 dilatações interpostas)


 1º aperto, aperto vesical: ao nível do colo vesical, provocado pelo M. esfíncter interno da uretra
 1ª dilatação, dilatação prostática: toda a uretra prostática
 2ª aperto, aperto membranoso: na espessura do M. esfíncter externo da uretra e da membrana perineal
 2ª dilatação, dilatação bulbar: no bulbo do pénis, raiz do corpo esponjoso
 3º aperto, aperto esponjoso: na espessura da restante uretra esponjosa
 3ª dilatação, dilatação navicular: na glande peniana
 4º aperto, aperto meatal: condicionado pelo meato urinário

Conformação interna
 Uretra prostática: apresenta a crista uretral, o colículo seminal e os seios prostáticos
o Crista uretral: prega mediana que, superiormente, é contínua com a úvula vesical
 Pode estar ladeada pelos freios do colículo seminal, formando duas fossa prostáticas
o Colículo seminal ou verumontanum seminalis: saliência da sua parede posterior (15mm de
comprimento e 3mm de largura, apresenta o utrículo prostático e os orifícios dos 2 canais ejaculadores)
 Utrículo prostático: fundo de saco de 6mm que corresponde a vestígio dos canais de Müller
 Oifícios dos 2 canais ejaculadores: término dos canais ejaculadores que atravessam a próstata
o Seios prostáticos: sulcos lateralmente ao colículo seminal, crivados pelos orifícios das gl. prostáticos
 Uretra membranosa: pregueada pelo prolongamento inferior do colículo seminal (crista uretral distal)
 Uretra esponjosa:
o Porção bulbar: apresenta os orifícios das glândulas bulbo-uretrais de Cowper
o Restante: apresenta vários pequenos orifícios, as lacunas de Morgagni para as glândulas para-uretrais
de Littré, principalmente no parede ventral (superior)

Relações
 Uretra prostática: a relação mais importante, por definição, é com a própria próstata
o Anteriormente: com o M. esfíncter externo da uretra, V. dorsal do pénis, plexos venosos peri-prostático
e pré-vesical e sínfise púbica
o Posteriormente: com o recto através da fáscia recto-prostática de Denonvilliers
o Lateralmente: com os M. elevadores do ânus
 Uretra membranosa: rodeada pela membrana perineal e M. esfíncter externo da uretra
o Anteriormente: com o lig. transverso perineal, V. dorsal do pénis e sínfise púbica
o Posteriormente: com as glândulas bulbo-uretrais de Cowper e com o corpo perineal
 Uretra esponjosa: encontra-se numa bainha completa formada pelo corpo esponjoso, relacionando-se
através deste com os M. bulbo-esponjosos, corpos cavernosos, A. profunda do pénis e bolsas escrotais (inf.)
157
in Gray

Constituição anatómica
 Túnica mucosa: epitélio varia sequencialmente de urotélio (característico da bexiga) para pseudoestratificado
ou estratificado cilíndrico e pavimentoso estratificado não queratinizado (semelhante à pele)
 Túnica vascular: que dilata e forma o corpo esponjoso do pénis
 Túnica muscular:
o Camada interna longitudinal (contínua com camada plexiforme da bexiga): ao longo de toda a uretra
o Camada externa circular (contínua com o M. esfíncter interno da uretra): só está presente na porção
superior da uretra prostática e membranosa
 M. esfíncter interno da uretra (músculo liso, involuntário): condensação de fibras circulares da
camada média do detrusor, desde o colo da bexiga até à metade proximal da uretra prostática
 M. esfíncter externo da uretra (músculo estriado esquelético, voluntário): situado em redor da
porção inferior da uretra prostática até à face profunda da membrana perineal; inicialmente é em
ferradura, côncavo posteriormente, mas distalmente forma anel completo
Vascularização:
 Uretra prostática: ramos prostáticos da A. vesical inferior e ramos da A. rectal média
 Uretra membranosa e esponjosa: ramos uretrais directos da A. pudenda interna e dos seus colaterais A. do
bulbo do pénis, dorsal do pénis e profunda do pénis

Drenagem venosa: da V. dorsal do pénis para plexos venosos pré-vesical e prostático, até às V. ilíacas internas
Drenagem linfática: acompanham os vasos até gânglios ilíacos internos e externos
Inervação (todos convergem no plexo prostático)
 S.N. Simpático: provém dos N. 1º e 2º esplâncnicos lombares e N. esplâncnicos sagrados, via plexo
hipogástrico inferior (pélvico), até ao plexo prostático
 S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
 Somática sensitiva e muscular: através dos N. perineal e N. dorsal do pénis, ramos do N. pudendo

158
Uretra feminina (NETTER pp. 346 e 348)
Introdução: localização, dimensões, direcção, trajecto, calibre e porções
 Canal ímpar e mediano, de 4cm, com origem no colo vesical e término no meato urinário na vulva
 Trajecto ântero-inferior até à margem inferior da sínfise púbica, paralela e anterior à vagina
 Tem 2 apertos, um em cada extremidade
 A membrana perineal divide-a em porções intra-pélvica (pélvica) e extra-pélvica (perineal)

Conformação interna
 Mucosa pregueada, salientando-se a crista uretral, prega mediana que, superiormente, é contínua com a
úvula vesical
 Apresenta vários pequenos orifícios, as lacunas de Morgagni para as gl. para-uretrais de Littré, principalmente
no parede ventral (superior)
 Na porção terminal, apresenta 2 orifícios para as gl. de Skene

Relações
 Anteriormente: com a sínfise púbica, ligg. pubo-vesicais, V. dorsal do clitóris e plexo venoso pré-vesical
 Posteriormente: com a vagina, através do septo uretro-vaginal e corpo perineal
 Lateralmente: com o M. esfíncter externo da uretra (composto, na mulher, pelo M. uretro-vaginal e
compressor uretral) e com o M. elevador do ânus
 Terminalmente, no meato urinário: 2cm posteriormente ao clitóris e anteriormente ao introitus vaginal

Constituição anatómica
 Túnica mucosa: epitélio varia sequencialmente de urotélio (característico da bexiga) para pavimentoso
estratificado não queratinizado (semelhante à pele)
 Túnica submucosa: com vasos e nervos
 Túnica muscular:
o Camada interna longitudinal (contínua com camada plexiforme da bexiga): ao longo de toda a uretra
o Camada externa circular (contínua com o M. esfíncter interno da uretra): na metade inferior, é interno
ao músculo estriado do esfíncter externo da uretra
 M. esfíncter interno da uretra (músculo liso, involuntário, mal organizado e indefinido):
 Condensação de fibras circulares ao nível do colo vesical
 M. esfíncter externo da uretra (músculo estriado esquelético, voluntário): inicialmente em anel
completo, e distalmente, no espaço perineal profundo, é composto pelas porções uretro-vaginal
(anel completo comum à uretra e vagina) e compressor da uretra, que se insere nos ramos ísquio-
púbicos e passa anteriormente à uretra
 Ambas as porções condensam em redor da porção terminal da uretra para formar um anel
interno completo à volta desta
Vascularização:
 Porção pélvica: ramos uretrais da A. vaginal e vesical inferior; a A. vesical anterior, colateral da pudenda int.
 Porção perineal: ramos uretrais da A. pudenda interna e do seu colateral A. do bulbo vestibular
Drenagem venosa
 Porção pélvica: através dos plexos venosos vaginal e pré-vesical para as V. ilíacas internas
 Porção perineal: através da V. do bulbo vestibular para a V. pudenda interna
Drenagem linfática: acompanham vasos até gg. ilíacos internos e externos
Inervação
 S.N. Simpático: provém dos N. 1º e 2º esplâncnicos lombares e N. esplâncnicos sagrados, via plexo
hipogástrico inferior (pélvico)
 S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
 Somática sensitiva e muscular: através do N. perineal, colateral do N. pudendo

159
Glândulas suprarrenais NETTER pp. 310, 319 e 320

Introdução: localização, forma, posição cor e dimensões


 Localização: retroperitoneal, por cima dos rins, apoiadas nos respectivos pólos superiores e bordos mediais
 Posição: a direita é lateral à VCI enquanto a esquerda é lateral à Aorta
o A direita é mais inferior à esquerda devido à presença do fígado à direita
 Forma: aproximada a uma vírgula cuja cabeça descansa sobre o pedículo renal, ao longo do bordo medial do
rim, e cuja cauda se apoia em cima do pólo superior de cada rim
 Cor amarelo-acastanhado e consistência firme
 Dimensões: órgãos pequenos com 6x3x0.8cm à direita e 8x3x1cm à esquerda

Meios de fixação
 Pedículos nervosos e vasculares que penetram na glândula
 Fáscia renal de Gerota (explorada em Anatomia II): apresenta dois folhetos, um anterior e um posteiror que
revestem os rins anterior e posteriormente, estando separados destes pelo tecido adiposo peri-renal
o Inferiormente os folhetos rodeiam e acompanham os ureteres
o Superiormente os folhetos rodeiam as suprarrenais e fixam-se à face inferior do diafragma
 Emite septo inter-suprarreno-renal que separa cada rim da suprarrenal
 O folheto posterior une-se às fáscias frénica inferior, do M. quadrado lombar e psoas major
 À direita, o folheto anterior une-se ao lig. coronário direito e área nua do fígado
 À esquerda, o folheto anterior une-se ao lig. espleno-renal
 Ligamento hepato-suprarrenal (à direita): reflexão do peritoneu ao nível do lig. triangular direito do fígado

Conformação externa e relações: descrevem-se, dificilmente, 3 faces e 2 bordos e 2 extremidades


 Face anterior: orientada ântero-lateralmente, apresenta um sulco ou hilo de onde nasce a V. suprarrenal
o À direita: com a face posterior do fígado, com D2 e directamente V. cava inferior
o À esquerda: cauda do pâncreas, bursa omental, face posterior do estômago e face renal do baço
 Face posterior: orientada póstero-medialmente
o Pilares do diafragma, faces laterais de T12, 10ª (esq.) e 11ª (dir.) costelas e N. esplâncnicos torácicos
 Face inferior ou renal ou base ou ainda bordo lateral: côncava e espessa, assenta no pólo superior do rim
 Bordo medial: é convexo e em relação próxima com a VCI e Aorta, consoante o lado
o Relação com o plexo celíaco e respectivos gânglios
o Recebe as A. suprarrenais superiores (colaterais das frénicas inferiores) e médias (colaterais aórticos)
 Bordo superior: continua o bordo medial
 Extremidade inferior recebe as A. suprarrenais inferiores (colaterais das renais) e a superior é livre

Constituição anatómica e funções: constituída por uma porção periférica (córtex) e uma central (medula)
 Córtex: estratificada em 3 camadas ou zonas, que se descrevem da superfície para a profundidade
o Zona glomerular: produz mineralocorticóides (aldosterona)
o Zona fasciculada: produz glicocorticóides (cortisol)
o Zona reticulada: produz androgénios (dihidroepiandrosterona, DHEA)
 Medula: análogo a um gânglio simpático, produz catecolaminas (adrenalina e noradrenalina)

Vascularização arterial: as A. suprarrenais emitem ramos capsulares e ramos perfurantes


 A. suprarrenais superiores, colaterais da A. frénicas inferiores
 A. suprarrenais médias, colaterais da Aorta
o A direita tem de passar atrás da VCI para atingir a gl. suprarrenal direita
 A. suprarrenais inferiores, colaterais das A. renais
o Emite ramos uretéricos superiores

160
Drenagem venosa: para a V. suprarrenal, que emerge do sulco principal, terminando, à direita, na VCI (dir.) e à
esquerda na V. renal esquerda
Drenagem linfática: à esquerda para gg. pré-aórticos e látero-aórticos, e à direita para gg. pré e látero-cávicos
Inervação: N. grande esplâncnico torácico (inervação simpática) via plexo suprarrenal, entre o bordo medial da
glândula e os gg. celíacos e aórtico-renais

Eixo testicular
Sistema Reprodutor Masculino
Testículos (NETTER pp. 364-368)
Introdução: situação, forma, orientação, dimensões e desenvolvimento
 Órgão par, situado na bolsa escrotal em posição infra-púbica ou perineal anterior
 Forma oval, de eixo maior com obliquidade póstero-ínfero-medial (para baixo, para trás e para dentro)
 Mede aproximadamente 4.5cm de comprimento, 3cm de largura e 2.5 de espessura, e pesa 11-14g
 Desenvolvem-se em posição abdominal a partir das gónadas primitivas e descem, através do canal inguinal,
“puxados” pelo gubernáculo, para a bolsa escrotal, alcançando-a a partir do 7º mês gestacional
Nota clínica: caso haja falha na migração até ao nascimento, existe criptoorquida. Habitualmente aguarda-se até aos 6-12 meses de vida
do lactente para que possa ocorrer migração espontânea. Se esta não acontecer, existe a necessidade de correcção cirúrgica (orquiopexia,
de preferência entre os 12 e 24 meses), colocando os testículos no seu lugar de direito, fundamentalmente por duas razões: evitar a
esterilidade (os espermatozóides só conseguem formar-se e amadurecer a uma temperatura mais baixa que a corporal) e evitar o cancro
testicular (a criptoorquidia aumenta o risco desta patologia cerca de 40 vezes).

Conformação externa
 Faces: a medial é plana e a lateral é convexa
 Bordo anterior: liso e convexo
 Bordo posterior: rectilíneo, apresenta o hilo testicular, local de passagem do pedículo testicular
o Relacionando-se com o corpo do epidídimo, separados pelo seio epididimário
 Pólo superior: olha ântero-superiormente, relacionando-se com a cabeça do epidídimo; apresenta apêndice
testicular, vestígio embrionário dos canais de Müller (dariam origem aos órgãos reprodutivos femininos)
 Pólo inferior: relaciona-se com a cauda do epidídimo e emite ligamento testicular (involução do gubernáculo)
para a túnica espermática interna da bolsa escrotal, fixando o testículo a esta

Constituição anatómica: o testículo encontra-se envolvido pela lâmina visceral da túnica vaginal excepto no
hilo testicular, onde esta se reflecte
 Túnica albugínea: é uma cápsula branco-azulada do testículo que o reveste e se insinua para o seu interior ao
nível do bordo posterior, no hilo
 Mediastino testicular: é um espaço formado pela continuação da túnica albugínea ao nível do hilo testicular,
contendo vasos, vias espermáticas e irradiando septos testiculares que dividem o testículo em lóbulos
 Lóbulos testiculares: fracções parenquimatosas do testículo separadas pelos septos testiculares
 Parênquima testicular: tecido funcional composto por tubos seminíferos (onde se formam os
espermatozóides, com ajuda das células de Sertoli) e células de Leydig dispersas (produzem testosterona)
 Tubos seminíferos: são o local de formação e maturação estrutural e funcional dos gâmetas
o Confluem para tubos rectos, que convergem para rede testicular
 Rede testicular: localiza-se no mediastino testicular e emite 10-12 canais eferentes testiculares de 15mm
para o epidídimo (também emite ductos aberrantes, cegos, que não chegam ao epidídimo)
 Túnica vasculosa, internamente à túnica albugínea, contém delicada rede vascular que se prolonga nos septos

161
in Gray

162
Vias espermáticas (NETTER pp. 344, 362, 365, 368)
Epidídimo: órgão de 5cm de eixo, composto por tubo de 5-6m enrolado sobre si mesmo, o canal epididimário, em
relação com o bordo posterior do testículo, com a função de maturação, reservatório e condução dos gâmetas
 Cabeça: adere ao testículo no seu pólo superior e pelos canais eferentes, que lhe dão origem
o Apresenta o paradídimo e apêndice epididimário, vestígios embrionários dos canais de Müller
 Corpo: forma de vírgula, continua-se súpero-lateralmente com a cabeça e ínfero-medialmente com a cauda
o Bordo lateral: livre e coberto pela lâmina visceral da túnica vaginal
o Bordo medial: adere ao pedículo testicular (que entra no hilo)
o Separado do bordo posterior do testículo pelo seio do epidídimo, um recesso (reflexão) da lâmina
visceral da túnica vaginal
 Cauda: adere ao testículo no seu pólo inferior e continua-se com o canal deferente

Canal deferente ou vas deferens: tubo de 35-45cm que conduz o sémen desde o epidídimo aos canais
ejaculadores formados pela união do canal deferente com os canais excretores das vesículas seminais
 Porção testículo-epididimária: ascende, desde a cauda do epidídimo, ao longo margem medial do corpo do
epidídimo e face medial do testículo
 Porção funicular: desde o pólo superior do testículo até ao orifício inguinal superficial
o Acompanhado pela A. testicular e deferencial, plexos nervosos e os plexos venosos pampiniforme e
testicular posterior
o Envolto pela túnica espermática externa (TEE), pelo M. cremáster e respectiva artéria e pela túnica
espermática interna (TEI), de fora para dentro, formando a bainha do funículo/cordão espermático
 Porção inguinal: dentro do canal inguinal
 Porção ilíaca: desde o orifício inguinal profundo ao cruzamento com os vasos ilíacos externos, durante 2.5cm
o A partir do orifício inguinal profundo os diversos constituintes do cordão espermático separam-se
 Porção pélvica para-vesical: acompanha a margem lateral da bexiga, relacionando-se com os vasos
obturadores em direcção à face póstero-inferior da bexiga
 Porção pélvica retro-vesical: alcança a face póstero-inferior da bexiga, dilata-se para formar a ampola do canal
deferente e termina unindo-se aos canais excretores das vesículas seminais
o Relaciona-se, anteriormente, com a face póstero-inferior da bexiga, lateralmente com a vesícula
seminal e posteriormente com a fáscia recto-prostática e recto
o Ao fundir-se com os canais excretores das vesículas seminais formam-se os canais ejaculadores, com
2cm de comprimento, que atravessam a próstata e abrem lateralmente no colículo seminal (uretra)
 Constituição anatómica: mucosa (epitélio pseudo-estratificado cilíndrico com estereocílios), muscular
(longitudinal externa, média circular, longitudinal interna) e adventícia

Vascularização dos testículos e vias espermáticas


 A. testicular: ramo colateral da Aorta
 A. deferencial: ramo da A. vesical superior (ou inferior), ramo da A. umbilical, ramo da A. ilíaca interna
 A. cremasteriana: ramo da A. epigástrica inferior, colateral da A. ilíaca externa

Drenagem venosa dos testículos e vias espermáticas


 Plexo pampiniforme, ou testicular anterior, sobe no funículo espermático e forma as V. testiculares
o A V. testicular direita drena na VCI, e a V. testicular esquerda na V. renal esquerda
o A maior pressão na V. renal esquerda justifica a maior frequência de varicocelos testiculares à esquerda
o A V. testicular esquerda é varicosa em 15% dos homens, embora possa não progredir para varicocelo
 Plexo venoso testicular posterior, afluente da V. epigástrica

Nota clínica: Uma vez que a pressão na V. renal esquerda é superior à pressão na VCI, o sangue tem mais dificuldade em ser
drenado pela V. testicular esquerda, o que pode justificar a maior frequência de varicocelos testiculares (dilatações venosas
palpáveis e que aumentam o volume testicular) à esquerda.

163
Drenagem linfática dos testículos e vias espermáticas
 Testículos: para gg. látero-aórticos, pré-aórticos e pré-cávicos, via vasos que acompanham as V. testiculares
 Ductos deferentes: para gg. ilíacos internos, via vasos vesicais

Inervação dos testículos e vias espermáticas


 S.N. Simpático: fibras que vêm do plexo celíaco formam um plexo testicular em torno dos vasos testiculares
e fibras do plexo hipogástrico inferior formando plexo deferencial em redor do vas deferens
 S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes) via plexo hipogástrico inferior
 Somática: provém do ramo genital do N. génito-femoral, colateral do plexo lombar

Bolsas testiculares ou escrotais (NETTER pp. 365 e 368)


As bolsas escrotais resulta da evaginação da parede abdominal provocada pela migração testicular
Situação: no períneo anterior, sendo livres excepto na porção superior, em que aderem à raiz do pénis e região
inguinal, e sendo a bolsa escrotal esquerda ligeiramente mais inferior
Função: envolver e proteger os testículos, o epidídimo e a porção inicial do canal deferente
Composição, de fora para dentro:
 Pele: fina, elástica e pilosa, apresenta diversas pregas e uma rafe mediana, sendo contínua às duas bolsas
 Dartos: fibras musculares lisas (involuntárias) cuja função é preguear a pele do escroto e auxiliar a retracção
testicular que acontece aquando da exposição a temperaturas baixas
o Insere-se, lateralmente, no ramo ísquio-púbico
o Condiciona, com o contra-lateral, o septo testicular, que separa as duas bolsas escrotais
o Contínuo com a fáscia de Scarpa (tela membranosa da fáscia abdominal) e com o dartos do pénis
 Túnica celular subcutânea: tecido adiposo muito fino (GRAY nega a sua existência) com vasos e nervos
superficiais
 Túnica espermática externa (TEE): contínua com a aponevrose do M. oblíquo externo
o Uma TEE individual para cada bolsa escrotal
o Continua-se com a fáscia de Buck do pénis
 Túnica do M. cremáster: principal efector da retracção testicular em resposta a temperaturas baixas
o Feixe lateral (alcança o testículo): fibras dos M. oblíquo interno, transverso abdominal e lig. inguinal
o Feixe medial (não alcança o testículo): com fibras próprias que partem do tubérculo púbico
o Envolve, também, o cordão espermático
o Graças à sua inervação motora pelo ramo genital do N. génito-femoral, é possível elicitar o reflexo
cremastérico estimulando a região medial da coxa, inervada pelo ramo femoral do mesmo nervo
 Túnica espermática interna (TEI): contínua com a fáscia transversalis
o Une-se ao pólo inferior do testículo através do ligamento escrotal
 Túnica vaginal: contínua com o peritoneu parietal
o Folheto parietal: reveste internamente a túnica espermática interna
o Folheto visceral: recobre a túnica albugínea até encontrar o bordo posterior e o epidídimo
 Póstero-medialmente reflecte-se para parietal no hilo testicular
 Póstero-lateralmente reflecte-se para o corpo do epidídimo, formando o seio do epidídimo
 No pólo superior, reflecte-se e reveste a cabeça do epidídimo e forma o lig. superior do epidídimo
 No pólo inferior, reflecte-se e reveste a cauda do epidídimo e forma o lig. inferior do epidídimo
o Recobre só os 0.5-2cm iniciais do funículo espermático, em resultado da obliteração do processo vaginal
Nota clínica: aquando da migração testicular para as bolsas escrotais, o testículo arrasta consigo diversas camadas da parede
abdominal. Uma das estruturas que arrasta é o peritoneu. O canal de peritoneu que se forma (como uma manga ou um túnel),
em resultado da migração, e que liga a bolsa escrotal ao peritoneu abdominal, é denominado o processo vaginal. Este deve
obliterar após a migração testicular, encerrando a comunicação. No entanto, por vezes, não encerra, pelo que se pode
acumular líquido peritoneal na bolsa escrotal, aumentando o volume destas, no que se denomina de hidrocelo.

164
in Gray
Vascularização das bolsas escrotais
 A. pudendas externas superficial e profunda, colaterais da A. femoral
 A. escrotal posterior, colateral da A. perineal, ramo da A. pudenda interna
 A. creamasteriana, colateral da A. epigástrica inferior

Drenagem venosa das bolsas escrotais


 V. pudendas externas superficial e profunda, afluentes da V. grande safena
 V. escrotais, afluentes da V. pudenda interna
 V. testiculares para os plexos venosos pampiniforme e testicular posterior do cordão espermático

Drenagem linfática das bolsas escrotais: para gg. inguinais superficiais e profundos
Inervação das bolsas escrotais
 1/3 anterior: ramo genital do N. génito-femoral e N. ílio-inguinal, colaterais do plexo lombar (L1, L3)
 2/3 posteriores: ramos escrotais do N. perineal, colateral do N. pudendo, do plexo pudendo (S2-S4)

165
Vesículas seminais (NETTER p. 362)
Introdução: situação, dimensões, relações, constituição anatómica e função
 Situado na face póstero-inferior da bexiga, lateralmente à porção retro-vesical do canal deferente e
superiormente à prostata
 Com 5-10cm de maior eixo (oblíquo ínfero-medialmente), têm capacidade de 5-10cm3
 Relações: anteriormente com a bexiga, posteriormente com a fáscia recto-prostática, medialmente com o
canal deferente, lateralmente com o plexo venoso peri-prostático e inferiormente com a próstata
 Constituição anatómica: por mucosa, muscular igual à do canal deferente e adventícia
 Função glandular (+++) e reservatório (+): principalmente de secreção de líquido seminal, e também
armazenamento do mesmo entre ejaculações

Conformação externa: piriformes irregulares, com obliquidade ínfero-medial, apresentam bossas e sulcos
 A sua porção lateral, cega, é o fundo, que se continua com a porção maioritária, o corpo
 A sua porção medial, afilada, é o colo, a que se segue o canal excretor
 O canal excretor une-se à porção terminal do canal deferente formando o canal ejaculador

Próstata (NETTER pp. 361-363)


Introdução: forma, situação e dimensões
 Forma piramidal ou cónica de vértice inferior
 Situada em posição mediana na cavidade pélvica, inferiormente à bexiga, superiormente à membrana
perineal, anteriormente ao recto e posteriormente à sínfise púbica, medialmente aos M. elevadores do ânus
 Relaciona-se, intrinsecamente, com a porção prostática da uretra, que a atravessa da base ao ápex, e com os
canais ejaculadores, que a atravessam com obliquidade ântero-medial, convergindo para o colículo seminal
 Tem 3cm de altura, 4cm de largura e 2cm de espessura ântero-posterior, com volume que aumenta com a
idade (hipertrofia benigna da próstata) e peso de 8-10g no adulto jovem e de 20-40g no adulto mais velho

Conformação externa: pirâmide com eixo da base ao ápex de obliquidade ântero-inferior, de cerca de 25 graus
 A base é superior e pode ser dividida em duas porções, a vesical e a seminal:
o Vesical (anterior): relaciona-se com a face póstero-inferior da bexiga e colo vesical, e recebe a uretra
o Seminal (posterior): relaciona-se com as v. seminais, canais deferentes, e recebe os canais ejaculadores
 O ápex é ântero-inferior, 3-4cm anterior ao ânus, está aderente e rodeado pelo M. esfíncter externo da uretra
 A face anterior, convexa, relaciona-se com o plexo venoso pré-vesical (Santorini)
o Está coberta por fibras do M. esfíncter externo uretra excepto na porção superior
o Na porção superior dá inserção aos ligg. pubo-prostáticos, que podem ter fibras musculares,
constituindo os M. pubo-prostáticos ou elevadores da próstata, podendo nesse caso ser considerados
feixes internos viscerais da porção pubo-rectal do M. elevador do ânus (ver Períneo)
 A face posterior, convexa, apresenta sulco mediano vertical que divide a próstata em dois lobos
 As faces laterais, convexas, têm obliquidade ínfero-medial e contactam, através do tecido da loca prostática
(a fáscia prostática), com a fáscia endopélvica (parietal) e com os M. elevadores do ânus

Relações
 Anteriormente: plexo venoso pré-vesical (Santorini), ligg. pubo-vesicais, pubo-prostáticos e sínfise púbica
 Posteriormente: fáscia recto-prostática (Denonvilliers) e recto
 Lateralmente: M. elevador do ânus, M. obturador interno, plexo venoso peri-prostático e as lâminas sacro-
recto-génito-vésico-púbicas, condensações da fáscia endopélvica
 Superiormente: o colo da bexiga e uretra prostática (esta também intrinsecamente), vesículas seminais,
ampolas dos canais deferentes e canais ejaculadores (também intrinsecamente)
 Inferiormente: M. esfíncter externo da uretra e membrana perineal

166
Loca prostática: adventícia dependente de várias condensações da fáscia endopélvica (visceral), que envolve a
próstata e a separa das restantes estruturas que a rodeiam
 Na parede anterior, a lâmina pré-prostática, contínua com a fáscia prostática lateral: une-se aos ligg. pubo-
prostáticos e separa a próstata do plexo venoso pré-vesical e da sínfise púbica
 Nas paredes laterais, a fáscia prostática lateral, resultado da condensação das lâminas sacro-recto-génito-
vésico-púbicas: separa a próstata dos M. elevador do ânus e da restante fáscia endopélvica (parietal)
 Na parede posterior, a fáscia recto-prostática de Denonvilliers: separa a próstata do recto
 Na parede inferior, a membrana perineal: separa a próstata do períneo e genitais externos
 Na parede superior, a própria bexiga e os lig. pubo-vesicais
 Estas paredes delimitam o espaço peri-prostático, preenchido pelo plexo venoso peri-prostático e feixes
nervosos, principalmente junto da parte posterior das faces laterais (porção póstero-lateral da próstata)

in Gray

Nota clínica: com o avançar da idade, a próstata aumenta naturalmente de tamanho, principalmente à custa do seu lobo
médio/zona transicional. Este aumento de tamanho é denominado hiperplasia ou hipertrofia (ambos os fenómenos
acontecem) benigna da próstata (HBP). Este fenómeno causa uma compressão e diminuição do calibre da uretra prostática,
o que dá lugar a sintomas urinários. Torna-se mais difícil iniciar o jato urinário (disúria), a frequência das micções aumenta
(poliúria) e inclusivamente obrigam o homem a levantar-se durante a noite para urinar (um sintoma clássico, a nictúria).
Outro fenómeno que pode cursar com aumento do tamanho da próstata é o carcinoma da próstata, que normalmente se
localiza nos lobos laterais/zona periférica, que são facilmente palpáveis através do toque rectal. A identificação por palpação
de uma próstata aumenta com um nódulo irregular, de consistência dura (pétrea), acompanhado de poucos sintomas urinários
(os lobos laterais não têm relação directa com a uretra), num doente com perda de peso, perda de apetite e cansado, deve
fazer suspeitar de carcinoma da próstata.

167
Constituição anatómica: uma cápsula (falsa) a rodear tecido fibromuscular e glandular
 Cápsula prostática: é uma falsa cápsula, apenas assim denominada por motivos didático-simplistas, uma vez
que não passa de tecido conjuntivo e músculo liso firmemente fundida ao parênquima
 Estroma: é tecido de suporte com fibras musculares lisas e colagénicas cuja composição varia, sendo
subdivisível em 5 lobos anatómicos, dificilmente identificáveis no adulto (excepto os laterais e o médio)
o Lobo anterior ou pré-uretral: anterior à uretra prostática, é pouco glandular, contendo abundante
músculo liso, pelo que corresponde a zona do estroma fibromuscular
 O músculo liso que o constitui predomina na sua porção adjacente à uretra, constituindo o istmo
prostático, cujo músculo liso se continua, superiormente, com o M. detrusor da bexiga
 A sua porção mais ântero-inferior é contínua com fibras do M. esfíncter externo da uretra
o Lobo médio: limitado pela uretra, anteriormente, pelos canais ejaculadores, posteriormente, e pela face
póstero-inferior da bexiga, superiormente
o Lobo posterior: situado póstero-inferiormente aos canais ejaculadores
o Lobos laterais: os lobos mais desenvolvidos, laterais à uretra, unidos anteriormente pelo istmo
prostático do lobo anterior
 Parênquima: é o tecido glandular, funcional, composto por 30-50 glândulas túbulo-alveolares peri-uretrais,
que drenam nos seios prostáticos da uretra prostática através de 15-30 foramina; o parênquima é subdivido
em zonas prostáticas (a divisão mais pertinente da próstata, do ponto de vista clínico e patológico), consoante
a distribuição das glândulas relativamente à uretra
o Zona central (25% do volume): rodeia os canais ejaculadores
o Zona transicional (5% do volume): rodeia a uretra próximo do ápex
o Zona periférica (70% do volume): em forma de concha, rodeia as outras zonas excepto na porção mais
anterior, em que o espaço é preenchido por estroma fibromuscular (o lobo anterior)

Os lobos prostáticos
1 – Lobo anterior
2 – Lobo médio
3 – Lobo posterior
Os lobos laterais não são
visíveis por ser um corte sagital

2
1
3

168
As zonas prostáticas
in Gray

in Gray for Students

169
Vascularização da próstata
 A. prostática, colateral da A. vesical inferior ou, menos frequentemente, da ilíaca interna:
o Ramos uretrais penetram na próstata na zona do colo vesical, na junção prostático-vesical, às 5 e 7H
o Ramos capsulares perfuram a cápsula ao longo das faces laterais e posterior
 Ramos prostáticos da A. rectal média são na sua maioria ramos capsulares perfurantes
 Ramos prostáticos da A. pudenda interna podem ascender ao longo da uretra como ramos uretrais

Drenagem venosa da próstata: plexos drenam para V. vesicais, que conduzem às V. ilíacas internas
 Plexo peri-prostático, mais desenvolvido junto às faces laterais, no espaço peri-prostático da loca prostática
 Plexo pré-vesical de Santorini, no seu aspecto anterior, e o plexo seminal, no seu aspecto posterior

Drenagem linfática da próstata: rede peri-prostática drena para vários troncos colectores
 Gg. ilíacos internos: acompanhando os vasos prostáticos e pudendos internos
 Gg. ilíacos externos: por uma via anterior, pré-vesical, e por uma via posterior, por cima da bexiga,
acompanhando o canal deferente
 Gg. obturadores: relação lateral e acompanhante do canal deferente
 Gg. sagrados laterais e do promontório: acompanhando as lâminas sacro-recto-génito-vésico-púbicas

Inervação da próstata: via plexo hipogástrico inferior forma-se plexo peri-prostático no espaço peri-prostático
 S.N. Simpático: provém dos N. esplâncnicos torácicos e lombares
 S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
o O plexo peri-prostático, formado por fibras simpáticas e parassimpáticas, é mais denso nas margens
póstero-laterais da próstata, e se lesados durante cirurgia prostática podem conduzir a impotência
sexual por lesão das fibras parassimpáticas
 Somática: os N. pudendos internos, inervam o M. esfíncter externo da uretra e entram inferiormente na
próstata às 5 e 7H no seu ápex
o Lesão cirúrgica durante cirurgia prostática causa incontinência urinária por disfunção do esfíncter
externo da uretra e pode causar anestesia peniana, com óbvias desvantagens

Glândulas bulbo-uretrais de Cowper (NETTER pp. 361-363)


 Glândulas de 1cm de diâmetro na espessura do M. esfíncter externo da uretra e M. transverso profundo do
períneo, lateralmente à uretra membranosa, posteriormente ao bulbo do pénis
 Emitem um ducto excretor, de 3-4cm, que perfura o bulbo do pénis e abre na parede inferior da uretra, 2.5cm
inferiormente ao plano da membrana perineal

170
Pénis (NETTER pp. 344, 359-363)
Introdução: situação, porções, orientação, dimensões e função
 No períneo anterior, ântero-inferior à sínfise púbica, ântero-superior ao escroto
 A porção posterior ou perineal é a raiz, fixa ao períneo anterior com orientação ântero-superior
 A porção anterior ou livre é o corpo e glande, móvel, com orientação vertical para inferior em estado de
repouso, ou oblíquo ântero-superiormente, formando curva de concavidade posterior, quando em erecção
 Comprimento de 10-12cm em repouso (perímetro de 8-10cm), 14-18cm em erecção (perímetro de 10-12cm)
 Função excretora, conduzindo a uretra peniana, e função sexual, como ferramenta de cópula

Conformação externa: subdivisível em raiz, corpo e glande


 Raiz: constituída pela raiz dos corpos cavernosos e corpo esponjoso no períneo uro-genital
o Corpos cavernosos: fixos ao aspecto ântero-medial do respectivo ramo ísquio-púbico
o Corpo esponjoso: o bulbo está fixo à membrana perineal
 Corpo: composto pela junção dos corpos cavernosos e esponjoso ao nível do bordo inferior da sínfise púbica
o Face superior ou dorso do pénis
o Face inferior ou uretral do pénis, que apresenta a raffe mediana do pénis
o Em repouso tem forma cilíndrica
o Em erecção, tem forma prismática triangular, de vértice inferior (a saliência longitudinal da uretra)
 Glande: saliência conóide correspondendo à porção anterior, dilatada, do corpo esponjoso
o O ápex apresenta o meato uretral, em forma de fenda vertical de 7mm de altura, que abre para a fossa
navicular
o A base é mais larga que o corpo do pénis, sendo a sua circunferência a coroa da glande
 A coroa da glande está separada do prepúcio pelo sulco balano-prepucial ou colo da glande
 Tanto a coroa como o colo contêm glândulas sebáceas que segregam esmegma
o O prepúcio é a prega muco-cutânea que recobre a glande
 A sua circunferência posterior adere ao colo da glande e, através do freio do prepúcio, adere à
própria glande posteriormente
 A sua circunferência anterior é aberta e, se estreita em demasia, origina fimose ou parafimose
Nota clínica: a fimose acontece quando a circunferência anterior do prepúcio não consegue alargar o suficiente para fazer
a retracção do prepúcio. A parafimose, uma situação bastante mais séria, acontece quando, após retracção, a circunferência
anterior do prepúcio “encrava” no sulco balano-prepucial ou atrás, no corpo do pénis, e não consegue avançar para cima
do prepúcio, para a posição normal, e pode comprometer o aporte sanguíneo do pénis por compressão do mesmo, levando
a gangrena e possível auto-amputação da porção distal do pénis. Por esta razão, é considerada uma emergência urológica.

Constituição anatómica: descrevem-se formações erécteis, os corpos cavernosos e esponjoso, e os invólucros


Corpos cavernosos: 2 cilindros unidos na linha média, formando o dorso peniano, cobertos por M. ísquio-cavernosos
 Fixos ao aspecto ântero-medial do respectivo ramo ísquio-púbico por lig. pubo-cavernosos
 Unem-se medianamente abaixo da sínfise púbica, estando separados pelo septo do pénis
 Formam sulco supra-cavernoso, percorrido pela V. dorsal do pénis, ladeada pelas A. e N. dorsais do pénis
 Formam sulco infra-cavernoso, que aloja o corpo esponjoso
 Terminam no colo da glande, emitindo prolongamentos anterior e laterais que limitam as cavernas da glande
 Conduzem, no seu interior, as A. profundas do pénis (uma por corpo), terminais da A. pudenda interna
 São constituídos por:
o Túnica albugínea: intimamente aderente, elástica, forma o septo do pénis (lacunar/cribiforme)
o Trabéculas: prolongamentos fibro-elásticos e musculares que partem da face interna da albugínea
o Cavernas: espaços vasculares dilatados e irregulares
Corpo esponjoso (+ expansível, - eréctil): 1 cilindro mediano, formando o aspecto ventral do pénis
 Bulbo ou raiz: está fixo à membrana perineal e recoberto pelo M. bulbo-esponjoso
o Perfurado pela uretra peniana e, mais anteriormente, pelos canais das gl. bulbo-uretrais de Cowper
 Corpo: ocupa o sulco infra-cavernoso e conduz a uretra peniana
171
 Glande: formada por duas lâminas laterais divergentes que delimitam uma fenda infra-uretral, fechada pelo
septo da glande, que dá inserção ao freio do prepúcio, e que se continuam até a coroa da glande
 É constituído por:
o Túnica albugínea: intimamente aderente, mais fina e elástica que a dos corpos cavernosos
o Trabéculas: homólogas mais finas que as descritas para os corpos cavernosos
o Cavernas: espaços vasculares dilatados e irregulares mais pequenos que os dos corpos cavernosos

Invólucros (descritos de fora para dentro): camadas homólogas e contínuas com as descritas para as bolsas escrotais
 Pele: fina e elástica, continua-se anteriormente com a mucosa do prepúcio
 Dartos do pénis, ou fáscia superficial: com fibras musculares lisas
 Túnica celular subcutânea: com tecido adiposo fino com vasos e nervos superficiais
 Fáscia de Buck, ou fáscia profunda: reveste as formações erécteis e emite um septo intercavernoso,
separando os corpos cavernosos do corpo esponjoso
o É contínua com a TEE escrotal e, posteriormente, com o lig. fundiforme do pénis

Meios de fixação
 Raízes das formações erécteis, pela sua fixação aos ramos ísquio-púbicos e membrana perineal
 Lig. fundiforme do pénis: prolongamento inferior da aponevrose do M. oblíquo externo e linha branca, forma
uma cinta que contorna as formações erécteis até à linha média e se continua com o septo escrotal
 Lig. suspensor do pénis: lâmina triangular que parte da sínfise púbica para a albugínea dos corpos cavernosos

in Gray

172
in Gray

Vascularização do pénis
 Superficial: as A. pudendas externas, colaterais da A. femoral, e a A. perineal, colateral da A. pudenda interna
 Profunda: ramos pares, terminais e colaterais, provenientes das A. pudendas internas
o A. dorsal do pénis: perfura a membrana perineal na sua extremidade anterior e percorre o sulco supra-
cavernoso, ladeando a V. dorsal do pénis, profundamente a fáscia de Buck
o A. profunda do pénis ou A. cavernosa: perfura o M. ísquio-cavernoso e penetra no corpo cavernoso,
percorrendo a sua profundidade e dando ramos denominados A. helicoidais que abrem nas cavernas
o A. uretral e do bulbo do pénis, colaterais da A. pudenda interna

Drenagem venosa do pénis


 Sistema superficial: a partir da túnica celular subcutânea
o V. dorsal superficial do pénis (a principal drenante): drena para uma das V. pudendas externas
(habitualmente para a esquerda), ou directamente para a V. grande safena esquerda
o V. perineal e V. escrotais (drenam a face ventral): afluentes da V. pudenda interna
 Sistema profundo: drena as formações erécteis
o V. dorsal profunda do pénis: a principal drenante
 Forma-se a partir de plexos junto à glande (retro-balânicos), percorre o sulco supra-cavernoso
ladeada pelas A. dorsais do pénis até à sínfise púbica
 Os corpos cavernosos e esponjoso emitem veias que perfuram as túnicas albugíneas destas
formações (são veias sub-tunicais ou perfurantes) para se juntarem à V. dorsal profunda do
pénis ao longo do seu trajecto
 As V. profundas do pénis, que nascem das raízes do corpos cavernosos e esponjoso drenam
também para a V. dorsal profunda do pénis
 A V. dorsal profunda na cavidade pélvica num espaço entre o lig. arqueado do púbis e o lig.
transverso perineal, drenando para o plexo venoso pré-vesical (Santorini) e peri-prostático
o As V. uretrais e do bulbo do pénis, menos importantes, são afluentes da V. pudenda interna

Drenagem linfática do pénis


 Sistema superficial: para gg. inguinais superficiais, acompanhando os vasos pudendos externos
 Sistema profundo: para gg. inguinais profundos e ilíacos externos, acompanhando a V. dorsal profunda do
pénis, e gg. ilíacos internos, acompanhando vasos pudendos internos

173
Inervação do pénis
 Autónoma: o plexo hipogástrico inferior (pélvico) emite os nervos cavernoso (com fibras simpáticas e
parassimpáticas), que têm relação íntima com a margem póstero-lateral da próstata e fáscia prostática
lateral, pelo que são sensíveis a lesões em cirurgia prostática que provocam impotência
o S.N. Simpático (vasoconstrição e ejaculação): provém dos N. esplâncnicos torácicos e lombares
 Responsável por
o S.N. Parassimpático (vasodilatação e erecção): provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
 Somática: através do N. perineal superficial, profundo e dorsal do pénis, todos ramos do N. pudendo,
podendo também o N. ílio-inguinal contribuir minimamente na raiz do pénis

in Gray

174
in Gray

175
Sistema Reprodutor Feminino
Ovários (NETTER pp. 340-342, 352-353)
Introdução: situação, projecção, forma, aspecto, orientação e dimensões
 Órgão par, junto à parede lateral da cavidade pélvica, atrás do lig. largo uterino, à frente das Art. sacro-ilíacas
o Provoca depressão no peritoneu parietal, a fossa ovárica, limitada pelas relações da face lateral ovárica
 Projectam-se na parede abdominal anterior a meio das linhas que unem a EIAS ao umbigo
 Forma ovóide ou amendoada, com eixo maior oblíquo ínfero-medialmente, aspecto branco-rosado e irregular
 Dimensões variáveis; comprimento entre 3 e 4cm, largura de 3 a 2cm e espessura de 0.5-1cm

Conformação externa e relações: apresenta duas faces, dois bordos e dois pólos
Após uma ou mais gravidezes, as relações do ovário sofrem algumas alterações uma vez que este se desloca
ínfero-posteriormente
 Face lateral: convexa, orientada póstero-ínfero-lateralmente
o Relaciona-se superiormente com os vasos ilíacos externos e, posteriormente, com o ureter e vasos
ilíacos internos, incluindo origem das A. umbilical, uterina e obturadora
 Face medial: convexa, orientada ântero-súpero-medialmente
o Pode ser coberta pelo infundíbulo da tuba ovárica
o Relaciona-se com as fímbrias da tuba uterina, com o lig. largo do útero e os vasos uterinos
o Também se relaciona com ansas intestinais e com o cego (à direita) e sigmóide (à esquerda)
 Bordo anterior ou mesovárico: corresponde ao hilo ovárico, onde passam vasos ováricos
o Nele insere-se o mesovário, formando-se a linha de Farré-Waldeyer, que marca a transição do
mesovário para epitélio germinativo
 Bordo posterior ou livre: relaciona-se com o ureter/asa do sacro (nul/multípara) e com a fímbria de Richard
 Pólo tubar, superior: coberto pelas fímbrias tubares, dá inserção a ligg. tubo-ováricos e suspensor do ovário
o Relaciona-se súpero-lateralmente com os vasos ilíacos externos e com o apêndice vermiforme (dta.)
 Pólo uterino, inferior: próximo do pavimento pélvico (toque rectal!), dá inserção do lig. próprio do ovário

Meios de fixação: devem permitir relativa mobilidade para poder acompanhar o útero durante a gestação
 Lig. suspensor do ovário, ou lombo-ovárico: condensação de fibras conjuntivas e musculares em redor dos
vasos ováricos, desde a sua origem lombar (Aorta/VCI), até ao pólo tubar e bordo mesovárico
o É possível individualizar feixes infundibulares, tubares e ováricos consoante a sua inserção
 Lig. tubo-ovárico: fibras pouco importantes, unem as fímbrias (+ a fímbria de Richard, por ser a maior) ao pólo
tubar e bordo livre do ovário
 Lig. próprio do ovário, ou útero-ovárico: cordão fibromuscular desde o ramo posterior do corno do útero até
ao pólo uterino
 Mesovário: dependência peritoneal que parte da porção posterior do lig. largo do útero e que permite
movimentos de charneira
o Contem, na sua espessura, os vasos ováricos internos e externos, conduzindo-os até ao hilo ovárico
o Insere-se e termina no hilo na linha de Farré-Waldeyer, para dar lugar ao epitélio germinativo do ovário

Constituição anatómica
 Epitélio germinativo: epitélio cúbico simples, derivado do epitélio celómico, origem comum com o peritoneu
o O título “germinativo” é falacioso, uma vez que este serve apenas de revestimento (não gametogénico)
 Túnica albugínea: tecido conjuntivo denso que envolve o parênquima ovárico
 Parênquima ovárico: divido em medula (vascular) e córtex (folicular)
o Os folículos situados no córtex sofrem modificações com o ciclo mensal das hormonas sexuais femininas

176
Vascularização
 A. ovárica, colateral aórtico, chega ao pólo tubar pelo lig. suspensor do ovário e termina por bifurcação:
o A. ovárica lateral, que percorrem o bordo mesovárico até alcançar e penetrar o hilo ovárico
o A. tubar lateral, que se anastomosam com homónimos da A. uterina (A. tubar medial)
 A. ovárica medial, terminal da A. uterina, com origem no lig. próprio do ovário, anastomosa-se com a A.
ovárica lateral no mesovário, formando uma arcada transversal

Drenagem venosa
 O ovário drena para várias vénulas que formam o plexo pampiniforme, que drena para a V. ovárica, com a
origem na espessura do mesovário e terminação na VCI (à direita) ou V. renal esquerda (à esquerda)
 Há ramos ováricos mediais que percorrem o mesovário e são afluentes da V. uterina, afluente da ilíaca interna

Drenagem linfática
 Via principal: acompanha vasos ováricos para gg. látero-aórticos, pré-aórticos e pré-cávicos
 Vias acessórias: por proximidade dos vasos ováricos drena para gg. ilíacos externos, por acompanhar os vasos
uterinos drena para gg. ilíacos internos e, raramente, para gg. inguinais acompanhando o lig. redondo uterino

Inervação
 Simpática: o plexo ovárico é um conjunto de fibras nervosas que se forma em torno dos vasos ováricos e que
recebe as fibras dos plexos celíaco e aórtico-renais acompanham os vasos ováricos e fibras que descem pelos
plexos intermesentérico e hipogástrico superior, convergindo também no plexo ovárico
 Parassimpática: a partir nervi erigentes ou esplâncnicos pélvicos, via plexo hipogástrico inferior

Tubas uterinas (NETTER pp. 340-341, 352-353)


Introdução: situação, orientação e dimensões
 Situa-se lateralmente ao útero, na asa superior (mesossalpinge) do lig. largo uterino, anteriormente ao ovário
 Partindo do vértice superior do corno uterino, o istmo tem direcção transversal para lateral
 Junto pólo uterino do ovário, a ampola dirige-se verticalmente para cima, acompanhando o bordo mesovárico
 No pólo tubar, o infundíbulo curva-se póstero-inferiormente sobre a porção superior da face medial do ovário
 As suas fímbrias podem percorrer a parte superior do bordo livre do ovário
 Têm um comprimento médio de 10-12cm (entre 7 e 14), aumentando com a multiparidade

Conformação externa e relações


 Porção intramural: com 1cm de comprimento, na espessura do corno uterino, contém o óstio uterino da
tuba, com diâmetro de 0.7mm
 Istmo: porção estreita, com 3-4cm de comprimento e 3-4mm de diâmetro, corresponde ao 1/3 medial da tuba
o Porção transversal entre o lig. redondo do útero (anterior) e o lig. próprio do ovário (posterior)
 Ampola: móvel, com 6-8cm de comprimento e 7-8mm de diâmetro, corresponde aos 2/3 laterais da tuba
o Tem direcção vertical superior, curvando-se póstero-inferiormente no pólo tubar do ovário
o Termina ao cruzar os vasos ováricos e o local onde ocorre habitualmente a fecundação
o Relaciona-se lateralmente com os vasos ilíacos externos, cego e apêndice/sigmóide, e superiormente
com ansas intestinais
 Infundíbulo: porção afunilada terminal que cobre o pólo tubar e porção superior da face medial do ovário
o Apresenta óstio abdominal da tuba, que capta o oócito libertado, e afunila até diâmetro de 2mm
o Apresenta prolongamentos, as fímbrias, com 10-15mm de comprimento, das quais se destaca a fímbria
de Richard, a mais comprida, podendo ter 2 a 3cm, que aborda o bordo livre do ovário e se une a este
pelo ténue lig. tubo-ovárico
 Aderente às fímbrias existe o apêndice vesiculoso ou hidátide de Morgagni, um resquício
embrionário resultante da involução dos canais de Wolff

177
Nota clínica: se ocorrer nidação e implantação do ovo na parede da ampola tubar, pode desenvolver-se uma gravidez ectópica, que é
uma gravidez não progressiva e que acarreta o risco de rotura da trompa, que é uma emergência cirúrgica. Antes de romper, no entanto,
pode dar um quadro de dor abdominal e irritação peritoneal em tudo semelhante ao da apendicite aguda (a confusão surge à direita).
Assim, a gravidez ectópico é um diagnóstico diferencial obrigatório numa mulher de idade fértil com suspeita de apendicite aguda.

Meios de fixação
 Continuidade da porção intramural da tuba com o útero ao nível do corno uterino
 Lig. tubo-ovárico: facilita a proximidade do infundíbulo com o ovário
 Mesossalpinge: a asa superior do lig. largo do útero (descrito na secção do Útero)

Conformação interna e constituição anatómica


 Mucosa, revestida de epitélio cilíndrico ciliado, apresneta pregas longitudinais no istmo, que na ampola e
infundíbulo se tornam mais arborizadas e franjadas
 Muscular, mais espessa ao nível do istmo e muito fina na ampola
o Circular profunda e plexiforme (fibras entrecruzam-se em várias direcções) superficial
 Serosa, dependente de dupla prega de peritoneu, a mesossalpinge
o Medialmente, continua-se com o peritoneu que recobre o útero
o Lateralmente, termina na superfície externa das fímbrias
o Inferiormente, os dois folhetos unem-se para formar um meso que contém vasos e tecido adiposo

Vascularização, drenagem venosa e linfática


 A. tubar medial, terminal da A. uterina, para os 2/3 mediais da tuba
 A. tubar lateral, terminal da A. ovárica, para o 1/3 lateral da tuba
o Anastomosam-se na espessura da mesossalpinge formando o arco infra-tubar
 Drenagem venosa é paralela à distribuição arterial
 Drenagem linfática é a mesma que para os ovários

Inervação
 Simpática: através do plexo ovárico, a partir dos plexos celíaco, aórtico-renais, intermesentérico e
hipogástrico superior
 Parassimpática: provém dos nervi erigentes, para a metade medial da tuba, via plexo hipogástrico inferior, e
fibras do N. vago para a metade lateral da tuba, que a alcançam através dos plexos celíaco, aórtico-renais,
intermesentérico e hipogástrico superior

Útero (NETTER pp. 340-343, 349-352)


Introdução: situação, forma, dimensões e estática
 Ímpar e mediano, situado na cavidade pélvica, atrás da bexiga, à frente do recto, acima da vagina e abaixo das
ansas intestinais
 Forma de pêra ou de cone truncado, com base superior e vértice inferior
 Comprimento de 6-8cm, largura de 4-5cm e peso de 40-60g não grávido e 60-80g na multípara

Estática uterina
 Flexão: de acordo com o ângulo entre os eixos do corpo e do colo (o ponto central do útero é a intersecção)
o Pode estar em anteflexão (mais comum), retroflexão ou láteroflexão
o Este ângulo, normalmente, está entre 100-140º anteriormente
 Versão: de acordo com a posição do eixo maior do útero em relação ao eixo maior da vagina
o Pode estar em anteversão (mais comum), retroversão ou láteroversão
 Posição: de acordo com a posição do istmo em relação à linha umbilico-coccígea
o Pode estar em normoposição (posição habitual), anteposição, retroposição ou láteroposição

178
in Gray

179
Conformação externa e relações: o istmo, a porção estreita, divide o útero em corpo e colo
 Corpo: a porção superior, o fundo, é achatada e triangular de base ântero-superior, e vértice inferior no istmo
o Face anterior: ligeiramente convexa, coberta por peritoneu, relaciona-se com a face superior da bexiga
 Separada da bexiga pelo fundo de saco vésico-uterino
o Face posterior: mais convexa, completamente coberta por peritoneu, relaciona-se superiormente com
as ansas intestinais e posteriormente com sigmóide e com o recto
 Separada do recto pelo fundo de saco recto-uterino ou recto-vaginal ou de Douglas
 Pode apresentar uma ténue crista mediana resultante da fusão primitiva dos canais de Müller
o Margens laterais: convexas, unem as faces anterior e posterior
 Os folhetos peritoneais das faces anterior e posterior ao reflectirem-se ao longo das margens
laterais, formam os ligamentos largos do útero, um de cada lado
 Relacionam-se com o paramétrio e vasos uterinos, na espessura dos ligg. largos do útero
 Apresentam os canais de Malpighi e Gartner, resquícios da porção terminal dos canais de Wolff
o Fundo: margem superior do corpo, é convexo no sentido ântero-posterior
 No sentido transversal é plana na nulípara e convexa na multípara
 Relaciona-se ântero-superiormente com as ansas intestinais e à esquerda com o sigmóide
o Cornos uterinos: ângulos laterais do corpo uterino, entre o fundo e as margens laterais, são triangulares
à secção para-sagital:
 Vértice superior (1): continua-se com o istmo da tuba uterina 1
 Vértice ântero-inferior (2): inserção do lig. redondo do útero
2 3
 Vértice póstero-inferior (3): inserção do lig. próprio do ovário (útero-ováricos)
 Istmo: porção intermédia do aspecto externo do útero, corresponde a sulco marcado ântero-lateralmente, e
tem aproximadamente 1cm de altura
o Na nulípara situa-se aproximadamente a meio do eixo maior do útero, mas na multípara desce para o
1/3 inferior, ou seja, com a multiparidade o corpo torna-se mais comprido e o colo mais curto
 Colo ou cérvix: forma cilíndrica com 2-4cm de comprimento, sendo o 1/3 superior extra-vaginal, enquanto os
2/3 inferiores são vaginais e intra-vaginais, sendo esta divisão feita pela inserção da vagina, sendo que o
músculo da vagina se torna indissociável do músculo do colo uterino
o Porção extra-vaginal: 2cm de comprimento, contínuo com o corpo ao nível do istmo, relaciona-se com:
 Anteriormente com a face póstero-inferior da bexiga, separadas pela fáscia pré-cervical
 Lateralmente com a base dos ligg. largos do útero, com a A. uterina e a porção pélvica do ureter
 Posteriormente separado do recto pelo fundo de saco recto-vaginal de Douglas
 Rodeado por fáscia peri-cervical ou paracérvix, que é uma condensação da fáscia endopélvica e
de ligamentos cardinais, útero-sagrados, vésico-uterinos e fáscia pubo-cervical
o Porção Vaginal: porção estreita, com apenas 0.5cm, corresponde ao plano de inserção das parede
vaginais no colo uterino, tendo este plano uma obliquidade ântero-inferior, fazendo com que o fórnix
vaginal tenha profundidades diferentes consoante o quadrante (ver Vagina)
o Porção Intra-vaginal: 1-2cm de comprimento, denominado focinho de tenca pelo aspecto protuberante
 Denominado de exocolo
 Apresenta, no centro, o orifício externo do colo, com 4 a 7mm de diâmetro
 Tem aspecto punctiforme na nulípara, em forma de fenda na primípara e irregularmente
fendido na multípara, e pode voltar a punctiforme ou obliterar-se após a menopausa
 Apresenta um recesso anular periférico chamado fórnix vaginal, mais profundo posteriormente
 Separado, anteriormente, da face póstero-inferior da bexiga pelo septo vésico-vaginal

Conformação interna: dividida, pelo istmo, em cavidade uterina e canal cervical


 Cavidade uterina: cavidade virtual, achatada, com 3-4cm3
o Faces anterior e posterior contactam uma com a outra
o Margens laterais e fundo convexos internamente na nulípara, rectilíneos na multípara
o Ângulos laterais apresentam óstio uterino da tuba
o Ângulo inferior, coincidente com o istmo, apresenta o orifício interno do colo uterino
180
 Canal cervical ou endocolo: achatado e fusiforme (apertado nas extremidades e dilatado na porção média)
o Orifício interno, superior, abre para a cavidade uterina e tem 4-5mm de diâmetro
o Orifício externo, inferior, abre para a cavidade vaginal e tem 4-7mm de diâmetro
o Faces anterior e posterior apresentam prega principal longitudinal e pregas secundárias transversais,
formando uma imagem icónica tipo palmeira (plicae palmatae), a chamada árvore da vida
o Entre as pregas abrem os canais das glândulas cervicais, que podem formar os quistos de Naboth
 Na multípara, devido à descida do istmo, a cavidade uterina (corpo) passa a ter maior diâmetro vertical (2.5
para 3.5cm), e o colo passa a ter menor diâmetro vertical, próximo dos 2-3cm

Constituição anatómica
 Mucosa ou endométrio: sofre modificações hormonais cíclicas, atravessando uma fase proliferativa, de
crescimento em espessura, e uma fase secretora (pós-ovulatória), sendo que após esta fase se dá
menstruação, que corresponde à descamação das suas camadas superficiais
 Muscular ou miométrio: músculo muito desenvolvido (1.5-2.5 cm de espessura), com difícil função de dilatar
para acomodar o feto, posteriormente expulsá-lo, e de hemostase compressiva, para evitar o sangramento
uterino excessivo na menstruação e pós-parto, ao comprimir as artérias espiraladas que o penetram
o Camada externa, fina, formada por fibras longitudinais superficiais e circulares profundas
 As fibras circulares profundas têm origem nos ligg. próprios do ovário, redondos do útero e
útero-sagrados, e continuam-se com a muscular da parede vaginal e das tubas uterinas
o Camada média, muito espessa, é plexiforme (fibras entrecruzam-se caoticamente)
o Camada interna, com fibras circulares
 Serosa ou perimétrio: revestimento peritoneal do corpo e istmo
o Anteriormente reflecte-se sobre a bexiga formando o fundo de saco vésico-uterino
o Posteriormente reflecte-se sobre o recto formando o fundo de saco recto-uterino/vaginal (Douglas)
 Normalmente chega a revestir 2cm da parede posterior da vagina antes de se reflectir
o Lateralmente constitui os ligamentos largos do útero
Nota clínica: A mucosa do colo, ao se continuar com a mucosa da vagina a nível intra-vaginal, forma uma zona de transição em que o
epitélio característico do útero (cilíndrico simples) se transforma (metaplasia) em epitélio vaginal (pavimentoso estratificado não-
queratinizado), um revestimento semelhante ao da pele, que lida melhor com a proximidade da mucosa vaginal face ao ambiente exterior.
Estas células em transformação são particularmente susceptíveis de originarem um tumor maligno, ainda mais se estiverem infectadas
com o HPV (papiloma vírus humano), que é oncogénico, e uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns. É esta a razão pela
qual o cancro do colo do útero é dos mais prevalentes nas mulheres.

in Gray

181
Meios de sustentação: sustenta o útero inferiormente, sem inserção uterina directa
 Activo: músculos elevadores do ânus (MEA), com as suas porções pubo-rectal, pubo-coccígeo e ílio-coccígeo
o Insere-se no corpo do púbis, arco tendinoso do MEA (um espessamento da fáscia obturadora) e nas
espinhas isquiáticas
 Passivo: por continuidade com a vagina (fusão das camadas musculares) e apoio indirecto no corpo perineal

Meios de suspensão: conjunto de ligamentos e condensações fasciais que ligam o útero às paredes pélvicas
 Sistema sagital: lâminas sacro-recto-génito-vésico-púbicas
o Ligamentos pubo-cervicais ou fáscia pubo-cervical, partem do corpo do púbis e vão até ao:
 Colo vesical: decomposição denominada lig. pubo-vesicais anteriores e laterais
 Colo uterino: são os ligg. vésico-uterinos, a partir do colo vesical e face póstero-inferior da bexiga
o Ligamentos útero-sagrados: condensação fibromuscular que parte da face anterior do sacro
contornando lateralmente o recto
 Fibras para o ligamento cardinal e para o istmo
 Une-se ao contra-lateral formando o Torus uterino de J. L. Petit
 Forma ferradura côncava posteriormente, abraçando o recto anteriormente
 Feixe recorrente para a inserção sagrada contra-lateral
 Conferem suporte para o plexo hipogástrico inferior
 Inconstantemente algumas fibras sofrem extensão superior, acompanhando os N. hipogástricos
(do plexo hipogástrico sup. para o inf.), condicionando uma prega peritoneal, o lig. útero-lombar
 Sistema transversal: ligamento cardinal de Mackenrodt, situado na base dos ligamentos largos do útero
o Tecido fibromuscular que rodeia os vasos uterinos, desde os vasos ilíacos internos até ao colo uterino

Meios de orientação
 Ligamento redondo do útero: cordão fibromuscular de 10-15cm de comprimento e 2-5mm de diâmetro, com
um trajecto subdivisível em várias porções
o Porção pélvica: desde o vértice ântero-inferior dos cornos uterinos até ao cruzamento com os vasos
ilíacos externos
 Relaciona-se posteriormente com as tubas uterinas e anteriormente com a bexiga
 Responsável pela asa anterior do lig. largo do útero
o Porção ilíaca: desde o cruzamento com os vasos ilíacos externos até ao orifício inguinal profundo
o Porção inguinal: no canal inguinal, relaciona-se com os N. ílio-inguinal e ramo genital do génito-femoral
o Porção vulvar: insere-se no tubérculo e sínfise púbicos, tecido adiposo pré-púbico e grandes lábios
o A sua porção mais proximal é mais muscular, enquanto a sua porção mais distal é puramente fibrosa
 Ligamento largo do útero: dependência peritoneal que se estende desde as margens laterais do útero às
paredes laterais da pélvis, a partir dos folhetos de peritoneu que revestem as faces do útero, relativamente
ao qual se podem descrever dois folhetos, três bordos e uma base, ou em alternativa, dois “andares” ou
mesos principais
o Folheto anterior: olha ântero-inferiormente, levantada pelo lig. redondo, que forma a asa anterior
 A depressão do mesométrio entre a asa anterior e asa superior do lig. largo é a fossa pré-ovárica
o Folheto posterior: olha póstero-superiormente, mais extenso e irregular, sendo levantado por:
 Lig. próprio do ovário, formando o mesovário ou asa posterior, que une o ligamento largo ao
Divisão descritiva

bordo mesovárico do ovário


 Lig. útero-sagrado, desde o sacro ao cérvix, inferiormente ao mesovário
o Bordo superior: corresponde à tuba uterina, formando a mesossalpinge ou asa superior
o Bordo medial: as margens laterais do útero, contém vasos uterinos, nervos e linfáticos do paramétrio
o Bordo lateral: contínuo com o peritoneu parietal abdominal ao nível da parede lateral da pélvis
o Base é o paramétrio, tecido conjuntivo e adiposo contínuo com a fáscia endopélvica
 Contínuo com o paracérvix (em torno do colo uterino) e paracólpio (em torno da vagina)
 Contém vasos uterinos, nervos do plexo hipogástrico inferior, ureter, ligamentos cardinais,
útero-sagrados, e fáscia pubo-cervical (estes 3 últimos são condensações da fáscia endopélvica)
182
o Mesométrio (andar inferior): duplo folheto denso e espesso que emerge da base do ligamento largo (o
paramétrio) e cujo bordo superior é contínuo com o mesossalpinge, tendo os restantes limites iguais
aos gerais do ligamento largo
o Mesossalpinge (andar superior): duplo folheto fino com forma triangular de vértice medial e base lateral
Divisão por andares ou mesos

 Vértice no corno uterino e base livre no lig. tubo-ovárico


 Bordo superior corresponde à tuba uterina e bordo inferior contínuo com o mesométrio
 Contém a anastomose entre os ramos tubares vindos da A. uterina e A. ovárica
 Contem o epóforo, junto ao ovário, composto por 10-20 canalículos, corresponde à porção
cefálica do mesonefros (canais de Wolff), um resquício embrionário
 Apêndice vesiculoso, aderente às fímbrias, são pequenas vesículas (canalículos mesonéfricos)
 Paróforo, próximo do corno uterino, corresponde à porção caudal do mesonefros
o Mesovário: prolongamento posterior do ligamento largo em direcção ao hilo ovárico
 Vértice, anterior, no corno uterino, e base é posterior e coincide com o hilo ovárico
 Bordo lateral: duplo folheto diverge na continuação entre mesométrio e mesossalpinge
 Bordo medial: corresponde ao ligamento próprio do ovário

ou andar superior

Mesométrio
ou andar inferior

Paramétrio
ou base
in Gray

183
Vascularização
 A. uterina, colateral da A. ilíaca interna, é longa, com 13-15cm de comprimento, tortuosa e de trajecto
complexo subdivisível em três porções:
o Parietal: na parede lateral da cavidade pélvica, junto ao arco tendinoso do MEA
o Transversal: muda de direcção, dirigindo-se horizontalmente para medial, na espessura dos ligamentos
cardinais, cruzando superiormente o ureter 1.5-2cm lateralmente ao cérvix, e dá ramos:
 Ramos vesicais inferiores para a bexiga, cérvico-vaginais (5-6), para o cérvix e vagina, sendo que
os ramos vaginais se unem na linha média, anastomosando-se com as A. vaginais, à frente e atrás
da vagina, para formar as A. ázigos vaginais, que percorrem sagitalmente as paredes anterior e
posterior da vagina
 O cruzamento da A. uterina por cima do ureter, lateralmente ao cérvix, é um marco anatómico
fundamental em qualquer cirurgia ginecológica, pélvica ou urológica, uma vez que a secção do
ureter é uma complicação a evitar
o Visceral: ascende ao longo das margens laterais do útero, num trajecto altamento tortuoso, em espiral,
e dá as A. radiais do útero, que penetram na muscular e se dividem em ramos anteriores e posteriores
que abraçam o corpo uterino, anastomosando-se com as contra-laterais na linha média
 O carácter tortuoso e espiralado das A uterinas tem a importante função de acompanhar o
crescimento do útero com a gravidez sem colapsar ao esticar
 As A. radiais enviam para o endométrio as A. espiraladas, que vascularizam o endométrio e que
são responsáveis pela menstruação aquando da descamação
o Terminação: nos cornos uterinos dando as A. tubar medial e A. ovárica medial (ambas estabelecem
anastomoses com ramos homónimos da A. ovárica) e o ramo do lig. redondo (que anastomosa com um
ramo homónimo colateral da A. epigástrica inferior)

Drenagem venosa: o sangue drena para plexos uterino e vaginal (útero-vaginal) e ovárico, em extensa
anastomose, que formam veias que correm paralelos às artérias homónimas

184
Drenagem linfática
 Corpo: linfa acompanha os vasos uterinos e o tecido do paramétrio para gg. ilíacos externos, internos e
obturadores
o (Fundo): pode acompanhar as tubas e os vasos ováricos para gg. látero e pré-aórticos e pré-cávicos
o (Istmo): pode acompanhar os lig. redondos para gg. inguinais superficiais
 Colo: além dos gg. ilíacos externos, internos e obturadores, também pode drenar para gg. pré-sagrados e do
promontório através dos ligamentos útero-sagrados

Inervação: nervos convergem no plexo útero-vaginal (na espessura dos ligamentos cardinais) com origem no plexo
hipogástrico inferior
 Simpático: provém dos N. esplâncnicos lombares e sagrados, via plexos hipogástricos superior e inferior:
o Provocam contração do miométrio
 Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (os nervi erigentes), via plexo hipogástrico inferior
o Provocam relaxamento do miométrio

Vagina (NETTER pp. 346 e 350)


Introdução: situação, orientação, forma e dimensões
 Canal muscular ímpar e mediano, situado na cavidade pélvica e no períneo anterior
 Situado atrás da bexiga e uretra, à frente do recto, abaixo do útero e acima da vulva
 O seu maior eixo tem obliquidade ântero-inferior (100º com o plano horizontal)
 Tem uma forma cilíndrica, embora normalmente esteja achatada ântero-posteriormente
 Comprimento médio de 8-10cm, de calibre maior proximalmente e menor distalmente, com paredes elásticas

Meios de fixação
 Continuidade com o colo uterino e fixação deste pelos ligg. cardinais, útero-sagrado e fáscia pubo-cervical
 M. elevador do ânus (activamente) e corpo perineal (passivamente)
 Membrana perineal, que a vagina atravessa no períneo anterior

Conformação externa e relações


 Face anterior (7cm de comprimento): relaciona-se, na porção superior com a face póstero-inferior da bexiga,
através do septo vésico-vaginal, e na porção inferior com a uretra através do septo uretro-vaginal
 Face posterior (9cm de comprimento): pode dividir-se em porções superior, média e inferior
o Porção superior (2cm superiores): relaciona-se com o fundo de saco recto-vaginal (Douglas)
o Porção média: relaciona-se com o septo recto-vaginal (peritóneo-perineal) na porção média
o Porção inferior: com o esfíncter uretro-vaginal e corpo perineal, separando-a do canal anal
 Margens laterais: convexas, rodeadas de fáscia útero-vaginal e paracólpio, relacionam-se com:
o 1/3 superior: base do lig. largo (paramétrio e paracérvix), contendo vasos, ligamentos e os ureteres
o 1/3 médio: fáscia superior do diafragma pélvico, M. elevador do ânus e membrana perineal
o 1/3 inferior: bulbos vestibulares e M. bulbo-esponjosos
 Extremidade superior ou fórnix vaginal: recesso anular em redor da porção intra-vaginal do cérvix, formado
pela inserção das paredes musculares vaginais no cérvix, apresentando com as seguintes relações:
o Fórnix anterior: menos profundo, relaciona-se com a face póstero-inferior da bexiga
o Fórnix laterais: com o paramétrio e paracérvix, ureter e A. uterina a 1.5-2cm lateralmente
o Fórnix posterior: mais profundo, relaciona-se posteriormente com o fundo de saco recto-vaginal
 Extremidade inferior: situada no períneo anterior
o O bordo anterior apresenta uma saliência, a carina uretral, formada pela relação terminal com a uretra
o Relação anterior com a uretra, posterior com o corpo perineal e lateral com os vasos e nervo pudendos
o O introitus/vestíbulo vaginal é a porção alargada mais distal do canal vaginal, antes do orifício vaginal
o O orifício vaginal é o orifício que abre para a vulva, externamente, e no qual se projecta uma membrana
muco-cutânea, o hímen, que separa o introitus vaginal do introitus vulvar

185
Conformação interna e constituição anatómica
 Mucosa, fina e pregueada, continua-se com a mucosa do cérvix (na zona de transição) e com a da vulva
o Pregas transversais partem das colunas rugosas anterior e posterior, nas respectivas paredes
 Muscular, espessa, dividida em camada longitudinal superficial e circular profunda
 Adventícia, tecido conjuntivo e célulo-adiposo de suporte que toma o nome de paracólpio
o Continua-se com o paracérvix e paramétrio, formando, colectivamente, a fáscia útero-vaginal
o As suas condensações formam os septos vésico-vaginal, uretro-vaginal e recto-vaginal

Vascularização
 Ramos cervicais e vaginais (5-6), colaterais da A. uterina, para a porção superior da vagina
 A. vaginal, colateral da A. ilíaca interna, para a metade ou 2/3 inferiores
o Anastomose entre esta e os ramos vaginais da A. uterina formam as ázigos vaginais anterior e posterior
 Ramos perineais da A. pudenda interna para a porção inferior
 Ramos da rectal média, pouco importante, para a parede posterior da vagina na sua metade inferior
Drenagem venosa: converge directa ou indirectamente para a V. ilíaca interna
 As veias vaginais formam um plexo vaginal que anastomosa com veias uterinas (plexo útero-vaginal)
pudendas internas e rectais médias

Drenagem linfática: satélite dos vasos e ligamentos


 Porção intra-pélvica: para gg. ilíacos internos, externos, obturadores e do promontório, acompanhando os
plexos venosos uterino e vaginal
 Porção perineal: para gg. inguinais superficiais, acompanhando os vasos pudendos

Inervação
 Porção intra-pélvica (2/3 superiores): nervos convergem no plexo útero-vaginal
o Simpático: provém dos N. esplâncnicos lombares e sagrados via plexo hipogástrico inferior
o Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes) via plexo hipogástrico inferior
 Porção perineal (1/3 inferior): N. pudendo (inervação somática)

Vulva (NETTER pp. 354-357): monte do púbis, grandes e pequenos lábios, vestíbulo, bulbos vestibulares e clitóris
Monte do púbis ou de Vénus
 Saliência triangular ântero-superior à vulva, anterior à sínfise púbica e contínua com o hipogastro
 Constituído por pele com pêlos púbicos e um estroma subcutâneo rico em tecido adiposo e fibras elásticas

Grandes lábios: pregas cutâneo-adiposas com comprimento de 7-8cm, espessura de 2-3cm e 1.5cm de altura
 Pregas achatadas transversalmente e orientadas ântero-posteriormente, ladeiam a fenda vulvar ou pudenda
 São análogos do escroto, e é na sua profundidade que termina o ligamento redondo do útero
 Constituídos por pele, panículo adiposo subcutâneo (contínuo com a fáscia de Camper), dartos, fáscia
perineal superficial (Colles, contínua com a fáscia de Scarpa), e tecido fibroso vindo do lig. redondo do útero

 Face lateral: convexa, separada da face medial da coxa pelo sulco génito-femoral/crural
 Face medial: côncava, rica em glândulas sebáceas, voltada para a fenda vulvar, separada dos pequenos lábios
pelo sulco inter-labial ou pudendo
 Margem superior ou aderente: fixa aos ramos ísquio-púbicos
 Margem inferior ou livre: convexa ântero-posteriormente, coberta de pêlos púbicos
 Extremidade anterior: une-se com o contra-lateral na comissura anterior dos grandes lábios, que se continua
ântero-superiormente com o monte do púbis
 Extremidade posterior: confunde-se com a pele, embora se descreva, classicamente, uma ténue comissura
posterior dos grandes lábios
o Dista 2.5-3cm do ânus, sendo este espaço intervalar chamado o períneo ginecológico

186
Pequenos lábios: pregas cutâneas, finas e rosadas, com comprimento de 3cm, altura de 1cm
 Pregas achatadas transversalmente e orientadas ântero-posteriormente, ladeiam o introitus/vestíbulo vulvar
 Constituídos por pele fina e tecido conjuntivo rico em fibras elásticas e vasos, desprovido de tecido adiposo

 Face lateral: separada da face medial dos grandes lábios pelo sulco inter-labial ou pudendo
 Face medial: virada para a fenda vulvar, separada do vestíbulo vulvar pelo ténue sulco ninfo-himeneal
 Margem superior ou aderente: relaciona-se com os bulbos vestibulares
 Margem inferior ou livre: convexa e dentada
 Extremidade anterior: ao aproximar-se do clitóris, divide-se em duas pregas
o Prega anterior: passa anteriormente ao clitóris e forma com a contralateral o prepúcio do clitóris
o Prega posterior: passa posteriormente o clitóris e forma com a contralateral o freio do clitóris
 Extremidade posterior: une-se com o contra-lateral na comissura posterior dos pequenos lábios
o Pode formar uma prega, o freio dos pequenos lábios
o Forma-se uma depressão entre o orifício vaginal e a comissura posterior, chamada fossa vestibular

Vestíbulo ou introitus vulvar ou espaço inter-labial: espaço alongado entre os pequenos lábios
 Limitado anteriormente pelo clitóris, lateralmente pelo sulco ninfo-himeneal e pequenos lábios, e
posteriormente pela fossa vestibular
 O seu pavimento contém, na linha mediana, o orifício uretral e vaginal, e orifícios glandulares
 Orifício uretral: 2.5cm abaixo do clitóris, tem 3-4mm de diâmetro, é procidente, formando a papila uretral
o Lateralmente às margens uretrais situa-se o par de orifícios das glândulas para-uretrais de Skene
 Orifício vaginal: abertura inferior da vagina, parcialmente fechado pelo hímen
o Hímen: membrana mucocutânea normalmente incompleta que separa o introitus vaginal do vestíbulo
 Pode ser anular, semilunar, septada, cribiforme, franjado, complacente ou completo
 Se completo/imperfurado, a menstruação e outras secreção são retidas: hematocolpos
 Após perfuração por coito ou parto, as dilacerações formam saliências, as carúnculas himeneais
 Constituído por dupla prega mucosa e tecido conjuntivo elástico e vásculo-nervoso interposto
 Orifício das gl. vestibulares de Bartholin abrem, de cada lado, na porção inferior dos sulcos ninfo-himeneais

Bulbos vestibulares: par de formações erécteis, homólogas ao corpo esponjoso do pénis


 Formações alongadas, com 3.5cm de comprimento, largas posteriormente e delgadas anteriormente,
situados no espaço perineal superficial
 Face lateral: coberta pelo M. bulbo-esponjoso, relaciona-se lateralmente com os M. ísquio-cavernosos
 Face medial: relaciona-se com os orifícios uretral e vaginal e com o M. esfíncter uretro-vaginal
 Margem superior: aderente à membrana perineal
 Margem inferior: corresponde à margem aderente dos pequenos lábios, que cobrem os bulbos
 Extremidade anterior: une-se à contra-lateral posteriormente ao clitóris, formando a comissura dos bulbos
o Também denominada pars intermedia dos bulbos
 Extremidade posterior: é ovóide e está relacionada com a glândula vestibular de Bartholin, análoga à
glândula bulbo-vestibular de Cowper, segrega muco que lubrifica o vestíbulo vulvar
o O respectivo canal excretor tem 2cm e abre no sulco ninfo-himeneal, às 5 e 7h em decúbito dorsal

Clitóris: estrutura eréctil ímpar, com 6-7cm de comprimento, homólogo do pénis, formado por 2 ramos e 1 corpo
 Ramos: as raízes do clitóris, homólogas dos corpos cavernosos, são cilíndricas e fixam-se à face medial da
porção mais anterior dos ramos ísquio-púbicos, e dirigem-se para a margem inferior da sínfise púbica,
fundindo-se no corpo
o Relacionam-se ínfero-medialmente com os M. ísquio-cavernosos, que cobrem parcialmente os ramos
 Corpo: originado pela fusão dos ramos, muda de direcção para póstero-inferior formando uma angulação
o O ângulo aberto para póstero-inferior é o joelho e está preenchido pela comissura dos bulbos
o Fixo, ao nível do seu joelho, pelo lig. suspensor do clitóris, que parte da sínfise púbica e linha alba
 Tal como no pénis, há feixes que formam uma cinta à volta do corpo, unindo-se posteriormente

187
o Os corpos cavernosos, que formam o corpo, têm tecido eréctil e estão separados por um septo
pectiniforme
o Glande: porção terminal, cónica e dilatada do corpo
 Revestida pelo prepúcio do clitóris, dependente da comissura anterior dos pequenos lábios
 Presa posteriormente aos pequenos lábios pelo freio do clitóris
 Não existindo corpo esponjoso, este está substituído pela comissura dos bulbos, que emite finas bandas de
tecido eréctil para o corpo
 Revestido pela fáscia do clitóris, fibro-elástica, homóloga da fáscia de Buck do pénis

Vascularização da vulva
 A. pudendas externas superficial e profunda: irrigam os grandes e pequenos lábios e o monte do púbis
 A. pudenda interna: irriga os lábios, os músculos perineais, as formações erécteis, a uretra e a vagina
o Origem: colateral da A. ilíaca interna
o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático inferiormente ao M. piriforme, contorna a espinha
isquiática, volta a entrar na pélvis pelo foramen pequeno ciático e dirige-se ântero-medialmente para
o períneo no canal pudendo ou de Alcock, uma dependência do desdobramento da fáscia do M.
obturador e e
o Terminação: caminha profundamente à membrana perineal, perfurando-a perto do clitóris
 A. dorsal do clitóris: terminal com origem superficial à membrana perineal, contorna o joelho
do clitóris para caminhar no dorso do corpo
 A. profunda do clitóris: terminal com origem superficial à membrana perineal, penetra na
espessura dos corpos cavernosos
o Colaterais:
 A. perineal: com origem antes de alcançar à membrana perineal, perfura a fáscia perineal
superficial (Colles) para entrar no espaço perineal superficial e irrigar os M. bulbo-esponjosos e
ísquio-cavernosos
 A. labiais posteriores: com origem superficial à membrana perineal, irriga os grandes e
pequenos lábios
 A. vestibular: com origem profunda à membrana perineal, atravessa-a para irrigar os bulbos
 Ramos vaginais: com origem profunda à membrana perineal, irrigam a porção perineal da
vagina
 A. rectal inferior: com origem na fossa ísquio-anal, irriga o canal anal

Drenagem venosa: converge para a V. ilíaca interna, directa ou indirectamente, de forma paralela à rede
arterial, com excepção das V. pudendas externas que são afluentes da V. grande safena

Drenagem linfática:
 Directamente para gg. inguinais superficiais e profundos
 Para gg. ilíacos internos e obturadores, acompanhando os vasos pudendos internos,
 Para gg. ilíacos externos, acompanhando o lig. redondo

Inervação: a somática sensitiva e motora, e provém de colaterais do plexo lombar e do N. pudendo, enquanto a
inervação vasomotora simpática (inibe erecção) e parassimpática (promove erecção) acompanha os vasos e provém
vem do plexo hipogástrico inferior e útero-vaginal em direcção às formações erécteis (bulbos e clitóris)
 Monte do púbis, grandes e pequenos lábios (sensitiva):
o 1/3 anterior: N. ílio-inguinal (ramo labial anterior) e génito-femoral (ramo genital)
o 2/3 posteriores: N. cutâneo femoral posterior (ramo perineal) e N. perineal (r. labiais posteriores)
 Músculos perineais (motora): pelo N. perineal, colateral do N. pudendo
 Clitóris (sensitiva): N. dorsal do clitóris, terminal do N. pudendo

188
Períneo
Introdução: constituição, forma, divisão e limites
 Constituição: o períneo é constituído pelo conjunto de músculos, fáscias, tecido adiposo, genitais externos,
vasos e nervos que encerram o orifício inferior da cavidade pélvica
 Forma de losango, com vértices ântero-posteriores e laterais
 Divisão pela linha bi-isquiática em períneo anterior (triângulo uro-genital) e posterior (triângulo anal)
 Limites:
o Anterior: margem inferior da sínfise púbica
o Posterior: vértice do cóccix
o Laterais: as tuberosidades isquiáticas, unidas pela linha bi-isquiática (imaginária)
o Bordos anteriores: os ramos ísquio-púbicos
o Bordos posteriores: os lig. sacro-tuberosos
o Pavimento: a membrana perineal (períneo anterior) e o diafragma pélvico (períneo posterior)

Triângulo anal ou períneo posterior (NETTER pp. 358-360, 373-374)


Composto, na linha média, pelo ânus, lateralmente pela fossa ísquio-anal, e o seu pavimento é o diafragma pélvico

Fossa ísquio-anal: espaço triangular, de base anterior, preenchido por tecido adiposo
 Limite medial: o corpo perineal, M. esfíncter externo do ânus e lig. ano-coccígeo (profundamente ao qual
há comunicação entre fossa ísquio-anais de cada lado) e, profundamente ou superiormente, continua-se com
o pavimento, a fáscia inferior do M. elevador do ânus
 Limite lateral: a fáscia do M. obturador interno e as tuberosidades isquiáticas
o O canal pudendo de Alcock é formado pelo desdobramento de fibras da fáscia do M. obturador
interno e contém o rolo vásculo-nervoso pudendo (artéria, veia e nervo, de superior para inferior),
situando-se 4cm acima da tuberosidade isquiática
 Limite anterior: a linha bi-isquiática e o M. transverso profundo do períneo formam um limite fictício uma
vez que a fossa ísquio-anal emite um recesso anterior para o espaço pré-rectal, superior à membr. perineal
o Este recesso anterior vai diminuindo de calibre de posterior a anterior e acabar por fechar por fusão
da fáscia inferior do M. elevador do ânus com a fáscia endopélvica que cobre profundamente o plano
profundo do períneo anterior
o É neste recesso que o rolo vásculo-nervoso pudendo entra para depois perfurar a membrana
perineal da profundidade para a superfície
 Limite posterior: o lig. sacro-tuberoso e a margem inferior do M. grande glúteo formam um limite fictício
uma vez que a fossa ísquio-anal emite um recesso posterior profundamente ao M. grande glúteo
 Limite superficial ou inferior: é a pele do períneo
o O septo transverso da fossa, formado pelas fibras externas da camada longitudinal conjunta do
esfíncter externo do ânus, divide o corpo adiposo da fossa em porção profunda e superficial
 Limite profundo ou superior: segue a fáscia inferior do M. elevador do ânus

M. esfíncter externo do ânus (músculo estriado, voluntário)


 Porção profunda: contínua com a porção pubo-rectal do M. elevador do ânus
 Porção superficial: relaciona-se internamente com a camada longitudinal conjunta e esfíncter interno
o Emite dois prolongamentos musculares:
 Anterior: insere-se no corpo perineal e M. bulbo-esponjoso e, ocasionalmente na mulher,
nos ramos ísquio-pubicos por fibras que divergem através do espaço perineal superficial
 Posterior: forma o lig. ano-coccígeo que se insere no vértice do cóccix
o Está separada da porção subcutânea pelo septo fibroso transverso da fossa ísquio-anal
 Porção subcutânea: com forma ovalar, situa-se inferiormente ao septo fibroso transverso

189
Diafragma pélvico (NETTER pp. 335-339)
 Composto pelo M. elevador do ânus e ísquio-coccígeo, em estreita relação com a fáscia pélvica
 Perfurado pela uretra, vagina (M) e recto

M. elevador do ânus (MEA): composto por 3 porções, descritas centrifugamente e ântero-posteriormente


 Puborectal: insere-se face posterior do corpo do púbis, forma ferradura aberta anteriormente ao enlaçar o
recto ao nível da transição ano-rectal, tendo inserções no M. esfíncter externo do ânus, continuando-se
como a porção profunda deste músculo (pars puboanalis)
o Emite fibras pré-rectais mais mediais e anteriores, que se distribuem em redor do corpo perineal
 Fibras para o corpo perineal e uretra: M. pubo-perineal ou pubo-uretral
 Fibras para a próstata ou vagina: M. pubo-prostático (ou elevador da próstata) ou pubo-vaginal
 Pubococcígeo: insere-se, anteriormente, na face posterior do corpo do púbis e, posteriormente, no corpo
perineal, cóccix
o Algumas fibras para a face anterior do cóccix continuam-se com os lig. sacro-coccígeos anteriores
 Íliococcígeo: insere-se, lateralmente, no arco tendinoso do M. elevador do ânus – que corresponde à
condensação de fibras das fáscias dos M. obturador interno e MEA –, na espinha isquiática e, medialmente,
no cóccix (e sacro, pars iliosacralis) e na rafe mediana do MEA (contínua com o lig. ano-coccígeo)

M. ísquio-coccígeo, ou apenas coccígeo: insere-se na espinha isquiática e margens laterais do cóccix e sacro,
fundido-se com o lig. sacro-espinhoso

Fáscia pélvica: insere-se desde o púbis, arco tendinoso do MEA até à face anterior do sacro, e tem dois folhetos:
 Folheto superior: cobre a face superior dos MEA e é indistinguível da porção parietal da fáscia endopélvica
 Folheto inferior: cobre a face inferior, é o verdadeiro pavimento do períneo posterior e funde-se com o
folheto superior (a fáscia endopélvica) sobre os músculos do espaço perineal profundo

Vascularização e drenagem venosa: A e V. glúteas inferiores, vesicais inferiores e pudendas internas


Inervação: N. pudendo e ramos do MEA vindos do plexo sagrado
Acções: reforça o M. esfíncter externo do ânus e da uretra, contribuindo para a continência fecal e urinária

in Gray for Students

190
in Gray for Students

191
Triângulo uro-genital (NETTER pp. 355-361, ROUVIÈRE T2 pp. 671-678, 680-688, 691)
Dividido, pela membrana perineal, num plano superficial (inferior) e num plano profundo (superior)

in Gray
superficial
Plano
profundo
Plano

192
Plano superficial (descrito da superfície para a profundidade, ou seja, de inferior para superior)
 Fáscia perineal superficial de Colles: lateralmente insere-se nos ramos ísquio-púbicos e, posteriormente
termina inserindo-se no limite posterior da membrana perineal
o É contínua anteriormente com a fáscia de Scarpa (a tela membranosa da fáscia abdominal superficial)
 Espaço perineal subcutâneo: está preenchido por tecido conjuntivo, adiposo, vasos e nervos cutâneos
o É aberto anteriormente, contínuo com o espaço subcutâneo abdominal (entre a fáscia de Scarpa e as
aponevroses dos músculos da parede abdominal anterior), mas é fechado lateralmente e
posteriormente porque a fáscia perineal superficial tem inserções nessas posições
 Fáscia perineal profunda de Gallaudet: é a fáscia que envolve os músculos perineais superficiais
 Espaço perineal superficial: contém os músculos perineais superficiais e as formações erécteis genitais
o Espaço fechado que muitos autores ignoram, pelo que esses mesmos dão o nome superficial ao espaço
subcutâneo, apesar deste espaço perineal superficial ter relevância e dignidade clínicas
 Músculos perineais superficiais: contidos no espaço perineal superficial
o M. ísquio-cavernosos: inserem-se na face medial dos ramos ísquio-púbicos e cobrem os corpos
cavernosos até ao dorso do pénis (H) ou os ramos do clitóris até ao seu joelho (M)
o M. transverso superficial do períneo: inconstante e delgado, insere-se na face medial dos ramos ísquio-
púbicos, posteriormente aos M. ísquio-cavernosos, e convergem medialmente para se inserirem no
corpo perineal, na linha média
o M. bulbo-esponjosos: inserem-se, posteriormente, no corpo perineal e lateralmente na mem. perineal
 Homem: cobrem a raiz peniana até à sua flexura e abraçam o seu dorso com os ísquio-cavernosos
 Medialmente, formam uma rafe mediana com as fibras do músculo contralateral
 Função na erecção, controlo miccional, na ejaculação e é compressor das gl. bulbo-uretrais
 Mulher: cobrem os bulbos vestibulares e inserem-se, anteriormente, no corpo do clitóris
 Separados pela interposição mediana da vulva
 Função de erecção do clitóris, constritor vaginal e compressor das gl. vestibulares
 Corpo perineal: nódulo fibromuscular situado no centro do períneo, recebendo inserção dos músculos
perineais superficiais, da porção superficial do M. esfíncter externo do ânus e esfíncter externo da uretra

Plano profundo (descrito da superfície para a profundidade, ou seja, de inferior para superior)
 Membrana perineal: membrana fibrosa resistente que encerra a metade anterior do orifício pélvico inferior
o Serve de apoio para a inserção de diversos músculos (profundos e superficiais) e estruturas genitais
o Limites laterais: inserem-se nos ramos ísquio-púbicos
o Limite anterior: condensação fascial, o lig. transverso do períneo que, com o lig. arqueado do púbis
limita espaço para a passagem da V. dorsal profunda do pénis em direcção ao plexo pré-vesical
 Na mulher, o lig. transverso do períneo está substituído pelo lig. pubo-uretral
o Limite posterior: coincide com a linha bi-isquiática, insere-se no corpo perineal e reflecte-se para a face
profunda do M. transverso profundo do períneo, continuando-se com a fáscia endopélvica que o
reveste superiormente/profundamente
o Atravessada por diversas estruturas:
 Homem: a uretra (2-3cm abaixo da sínfise púbica), os canais das gl. bulbo-uretrais de Cowper
(póstero-laterais à uretra), vasos e nervos do bulbo do pénis, vasos profundos do pénis e vasos
e nervos dorsais do pénis
 Mulher: a uretra (2-3cm abaixo da sínfise púbica), os canais das gl. vestibulares de Bartholin
(póstero-laterais à uretra), a vagina, vasos do bulbo vestibular, vasos profundos e vasos e nervos
dorsais do clitóris
 Espaço perineal profundo: contém os músculos perineais profundos, o pubo-uretral (fibras mais anteriores
do M. pubo-rectal), os vasos pudendos internos, e as gl. bulbo-uretrais (H)
o É um espaço aberto superiormente para a cavidade pélvica, revestido pela fáscia endopélvica
o O conjunto de membrana perineal e os músculos perineais profundos eram denominados de
diafragma uro-genital mas, devido à dispersão das fibras musculares, não constitui um verdadeiro
diafragma, e na mulher, está ainda mais fragilizado pela presença da vagina
193
 Músculos perineais profundos: contidos no espaço perineal profundo
o M. transverso profundo do períneo: músculo par, formando lâmina incompleta, que parte da face
medial dos ramos ísquio-púbicos e ocupa a metade posterior do espaço perineal profundo, inserindo-
se e decussando as suas fibras no corpo perineal
 Homem: as suas fibras mais anteriores unem-se com as contralaterais na linha média e reforçam
o esfíncter externo da uretra
 Mulher: terminam no M. esfíncter uretro-vaginal interposto medianamente em redor da vagina
o M. esfíncter externo da uretra: músculo estriado, voluntário, com disposição diferente nos dois sexos
 Homem: tem início na metade inferior da face anterior da próstata, sendo que inicialmente é em
ferradura, côncava posteriormente, mas distalmente forma anel completo em redor da uretra
membranosa
 Mulher: é um anel completo e, no espaço perineal profundo, está reforçado por:
 M. compressor da uretra: insere-se nos ramos ísquio-púbicos, ocupa a metade anterior do
espaço perineal profundo, e une-se com o contralateral anterior e superficialmente à uretra
 M. uretro-vaginal: insere-se no corpo perineal e forma um anel completo comum em
redor da uretra e vagina, unindo-se com fibras contralaterais anterior e superficialmente
ao M. compressor da uretra

Fáscia endopélvica: cobre superiormente/profundamente o espaço perineal profundo, sem o encerrar,


continuando-se com as restantes porções parietal (fáscia pélvica) e visceral da fáscia (loca prostática, paracólpio,
paramétrio, septos inter-viscerais, etc.), que atapetam todas as estruturas pélvicas

O esfíncter externo da uretra no sexo feminino


in Gray

in Gray for Students


194

in Gray for Students

in Gray

195

in Gray for Students

in Gray

196
in Gray

197

Você também pode gostar