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ANATOMIA II
Rafael Barão
Monitor de Anatomia I e II
2ª Edição - Ano lectivo 2016/2017
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Nota Introdutória
O Adolfo, depois de várias décadas a assistir às aulas teóricas de Anatomia, está pronto
para ensinar os incautos caloiros. Ávido escritor e inabalável pedagogo, vê-se, no entanto,
fisicamente incapaz de escrever por sua própria mão. Como tal, serviu-se de um solícito
quinto-anista para criar estes resumos, que nascem da necessidade de preencher um vazio
no canon anatómico da FMUC: um material de estudo, adequadamente conciso e
sistematizado (sebentiforme), que garanta o sucesso anatómico sem colocar em causa a
integridade das pestanas e da psyche do estimado colega.
Estes resumos não pretendem ser um manual de estudo. Pretendem sim, ser um humilde
resumo dos pontos-chave da anatomia – contando com informação compilada a partir dos
principais textos anatómicos disponíveis – sem, no entanto, dispensar a consulta dos
manuais recomendados pela Regência para uma explicação mais completa.
Naturalmente que, tendo em conta que um estudante de Medicina na UC não tem – nem
deve ter! – tempo para ler (todos) os manuais recomendados pelas regências, estes
resumos podem ser uma mais-valia para os mais atarefados, tunantes ou ociosos.
A expectativa d’O Adolfo e do seu servo dactilógrafo é que estes resumos ajudem a guiar,
sistematizar, e aprofundar o estudo da Anatomia Normal (e, ocasionalmente, da
Patológica), necessitando sempre do uso de um Atlas em paralelo, uma vez que a
transposição de demasiadas imagens para estes resumos encareceriam os mesmos e
emagreceriam a carteira do estimado colega. As imagens que, apesar do suprarreferido,
foram integradas nestes resumos são as que, sendo oriundas de outros Atlas, podem
adicionar informação à já disponível, com o cuidado de não serem redundantes
relativamente às presentes no Atlas obrigatório, o Netter.
Para terminar, é fundamental avisar que, em momento algum, estes resumos deverão
servir como fonte de contradição ou disputa – por mais fidedignas que sejam as fontes
bibliográficas em que se baseiam (mesmo estas divergem umas das outras) – face ao que é
dito em sede de aula pelos Docentes da cadeira. Estes últimos são e serão, sempre,
soberanos. Afinal de contas, O Adolfo não mais é que um ossudo espectador pré-graduado.
Do vosso colega,
Rafael Correia Barão
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Bibliografia usada e recomendada
Atlas de imagens:
Netter, Frank H., Atlas of Human Anatomy, 6ªEd., Elsevier 2014;
o O atlas mais completo e student-friendly: indispensável
o Todas as remissões para páginas do Netter referem-se à sua 6ª edição, a mais actualizada
Paulsen, F. & Waschke, J., Sobotta Atlas of Human Anatomy, 15ª Ed., Vol. 1-3, Urban &
Fischer 2011;
o Vantagem em relação ao Netter: tem imagens mais realistas, artisticamente mais apelativas,
caixas de texto explicativas, notas clínicas e imagens de variações anatómicas
o Desvantagem: tem as legendas em latim e não costuma ser usado nos testes práticos
Feneis, H. & Dauber, W., Pocket Atlas of Human Anatomy, 4ª Ed., Thieme 2000
o O livro ideal para esclarecer dúvidas sobre a nomenclatura anatómica actual
o Particularmente importante na Osteologia, Artrologia, Miologia e Angiologia
o Apresenta apenas imagens, muito detalhadas, a preto e branco, com legendas explicativas
Multimédia
Vídeos do Acland’s DVD of Human Anatomy (disponíveis no youtube e outros locais)
http://www.anatomyzone.com
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Índice
Osteologia do Membro Inferior…………………………….…………………………………………………………pg. 8
o Pélvis…………………………………………………………………………………………………………………..pg. 5
o Fémur……………………………………………………………………….…………………………………………pg. 8
o Patela e tíbia…………………………………………………………….…………………………………………pg. 10
o Fíbula e ossos do pé………………………………………………….…………………………………………pg. 11
Artrologia do Membro Inferior………………………………………………………………………………………..pg. 19
o Anca…………………………………………………………….…………………..…………………………………pg. 15
o Joelho e tíbio-fibular superior……………….…………………………………………………………….pg. 17
o Tornozelo e tíbio-fibular inferior …………………….…………………………………………………..pg. 21
o Pé………………………………………………………………………………………………………………………..pg. 25
Miologia do Membro Inferior…………………………………………………………………………………..………pg. 28
o Dorso e Anca..……………………………………………………………………………………………………..pg. 28
o Coxa…………………………………………………………….………………………………………………………pg. 30
o Perna…….…………………………………………………………………………………………………………….pg. 35
o Pé…….……………………………………………………………………………………………………………..…..pg. 40
Tecidos moles (bainhas fibrosas, sinoviais e aponevroses)…………………………………………………pg. 43
Artérias do Membro Inferior ……………………………………………………………………………………………pg. 47
Veias do Membro Inferior ………………………………….……………………………………………………………pg. 56
Linfáticos do Membro Inferior …………………………………………………………………………………………pg. 59
Nervos do Membro Inferior…………………………….……………………………………………………………….pg. 60
o Sistematização da inervação motora, sensitiva e articular……………………………………pg. 68
Osteologia do Membro Superior …………………………….……………………………………………………….pg. 73
o Clavícula e escápula……………………………………………………………………………………………..pg. 73
o Úmero……………………………………………………………………….…………………………………………pg. 75
o Ulna e rádio…………..………………………………………………….…………………………………………pg. 77
o Carpo e ossos da mão……………………………………………….………………………………………….pg. 80
Artrologia do Membro Superior………………………………………………………………………………………..pg. 81
o Cintura escapular…………………………………………….…………………..………………………………pg. 81
o Ombro…………………………………………………………….……………………………………………………pg. 84
o Cotovelo………………………………….……………….………………………………………………………….pg. 89
o Punho…….…..………………………………………………….……………………………………………………pg. 92
o Mão……………………………………………………………………………………………………………………..pg. 94
Miologia do Membro Superior …………………………………………………………………………………..…….pg. 96
o Ombro..………………………………………………………………………………………………………………..pg. 96
o Braço…………………………………………………………….……………………………………………………..pg. 99
o Antebraço…….………………………………………………………………………………………………………pg. 103
o Mão…….……………………………………………………………………………………………………………….pg. 110
Tecidos moles (bainhas fibrosas, sinoviais e aponevroses)………………………………………………….pg. 113
Artérias do Membro Superior…………...……………………………………………………………………………..pg. 119
Veias do Membro Superior……………….……………………….…………………………………………………….pg. 127
Linfáticos do Membro Superior…….………………………………………………………………………………….pg. 129
Nervos do Membro Superior …………………………….……………………………………………………………..pg. 132
o Sistematização da inervação motora, sensitiva e articular……………………………………pg. 139
o Lesões comuns dos nervos do MS………………………………………………………………………..pg. 144
Sistema Urinário………………………………….…………………………………………………………………………..pg. 147
Glândulas suprarrenais………………………………….………………………….………………….………………...pg. 160
Sistema Reprodutor Masculino………………………………………………………………………………………..pg. 161
Sistema Reprodutor Feminino………………………………………………………………………………………….pg. 176
Períneo…………….………………………………….………………………………………………………………………….pg. 189
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Osteologia do Membro Inferior
Pélvis (osso coxal e aberturas): (NETTER pp. 330 e 473)
Osso Coxal (fusão do ílion, púbis e ísquion):
Ílion (superiormente ao acetábulo)
Asa e Corpo
Púbis (inferiormente ao acetábulo, anteriormente ao foramen obturador)
Corpo, ramo superior e ramo inferior (este último forma o ramo ísquio-púbico)
Ísquion (inferiormente ao acetábulo, posteriormente ao foramen obturador)
Corpo e Ramo (forma ramo ísquio-púbico)
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Bordo superior do Osso Coxal (sentido póstero-anterior)
Espinha ilíaca póstero-superior (EIPS)
Crista ilíaca:
o Lábios externo (M. Ob. externo), intermédio (M. Ob. interno) e interno (M. transverso abdominal)
o Tubérculo da crista ilíaca: a 5cm da EIAS, perto da união da linha glútea anterior com a crista ilíaca
Espinha ilíaca ântero-superior (EIAS)
Ângulos: EIAS, EIPS, ângulo do púbis (margem superior da superfície sinfiseal), tuberosidade isquiática
Vista medial
in Sobotta e Gray
Vista ântero-superior
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Fémur (NETTER pp. 474-478) ROUVIÈRE T3 p. 328)
Considerações gerais
Osso longo, par, orientado com obliquidade ínfero-medial, que articula com o osso coxal, tíbia e patela
Apresenta 2 extremidades, as epífises, e um corpo, a diáfise, com 3 faces e 3 bordos
Extremidade superior:
Cabeça: 2/3 de uma esfera de 20-25mm de raio; apresenta, póstero-inferiormente ao seu eixo central, a
fóvea da cabeça do fémur, desprovida de cartilagem hialina, onde se insere o lig. da cabeça do fémur
Colo do fémur (anatómico): estrutura cilíndrica, estreita na porção média, de 5cm entre cabeça e trocânteres
o O seu maior eixo forma ângulo de cerca de 126º (125-140º) com eixo da diáfise do fémur
o O seu maior eixo forma ângulo anterior de 12-14º em relação a uma linha que une os côndilos da ext.
inferior: é o ângulo de torsão do fémur, que se > 14º, força o MI a rodar medialmente, e se se < 12º,
força o MI a rodar lateralmente
o Extremidade medial ligada à cabeça do fémur
o Extremidade lateral coincide com a linha (anterior) e crista intertrocantérica (posterior)
o Face anterior: apresenta vários foramina vasculares e é sede de variantes anatómicas com importância
antropológica (faceta de Poirer, fossa cervical de Allen, impressão ilíaca de Bertaux e Poirer, etc.)
o Face posterior, bordos superior e inferior côncavos
in Sobotta e Gray
9
Patela (NETTER p. 494): osso discóide/triangular achatado, anexo (sesamóide) ao tendão do quadricípite femoral
Face anterior: é estriada pela passagem de fibras superficiais do tendão do M. quadricípite femoral para se
continuarem com o ligamento patelar
Face posterior: 3/4 superiores articulam com a tróclea femoral e o 1/4 inferior é rugosa e não-articular
o Facetas articulares lateral e medial, separadas por crista patelar
Margens lateral e medial: inserção dos retináculos patelares, estruturas ligamentosas formadas por fibras dos
M. vasto lateral e medial e da cápsula articular do joelho (ver Artrologia e Miologia)
Base (superior): inserção do tendão do M. quadricípite femoral
Ápex (inferior): inserção do ligamento patelar
Extremidade superior (mais volumosa que a inferior): composta pelos côndilos tibiais
Côndilos medial e lateral separados atrás mas unidos à frente através de superfície triangular cujo vértice
inferior forma a tuberosidade tibial, que dá inserção ao ligamento patelar, e é contínua com a crista tibial
Côndilos tibiais apresentam faces articulares superiores, os pratos tibiais, articulam com os côndilos femorais
As faces articulares estão separadas pela área intercondilar, que é composta por:
o Eminência intercondilar: formado por dois tubérculos intercondilares e uma incisura que os separa
o Áreas intercondilares anterior e posterior: áreas à frente e atrás da eminência intercondilar
Dão inserção aos ligamentos cruzados anterior e posterior do joelho, respectivamente
Côndilo medial: inserção, em área rugosa da sua face posterior, do tendão directo do M. semi-membranoso
Côndilo lateral: apresenta faceta articular para a cabeça da fíbula no seu ângulo póstero-lateral e, na sua
face anterior, o tubérculo da tíbia (de Gerdy), que dá inserção ao M. tibial anterior e ao tracto ílio-tibial
o Linha oblíqua da tíbia: desde a tuberosidade tibial ao tubérculo de Gerdy
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Fíbula (NETTER pp. 500-502)
Considerações gerais
Osso longo, par, orientado verticalmente, em posição lateral na perna, que articula com a tíbia e com o tálus
Apresenta 2 extremidades, as epífises, e um corpo, a diáfise, com 3 faces e 3 bordos
Extremidade inferior (mais afilada que a superior): denominada maléolo fibular ou lateral (NETTER pp. 513-514)
Face medial: faceta articular para a face lateral do tálus e para a incisura fibular da tíbia
o Superiormente à faceta articular para o tálus, existe superfície rugosa para o lig. tibiofibular interósseo
o Inferior e posteriormente à faceta para o tálus, existe uma depressão para o lig. talofibular posterior
Face lateral: sulco para os M. peroneais longo e curto (contínuo com o sulco da face lateral do corpo)
Bordo anterior: superiormente, insere-se o lig. tibiofibular anterior e, inferiormente, insere-se o lig. talofibular
anterior
Bordo posterior: insere-se o lig. tibiofibular posterior
Vértice: insere-se o lig. calcaneofibular
Face superior
Tróclea, assente no corpo, é a superfície articular para a tíbia, é a porção mais superior e posterior desta face
o Separada das facetas maleolares lateral e medial por duas cristas ântero-posteriores semi-circulares
Colo, inferior e anteriormente à tróclea, é porção estreita que liga o corpo à cabeça
Face inferior
Facetas calcaneana anterior, média e posterior, que articulam com as facetas talares do calcâneo
Sulco do tálus, goteira que separa as facetas articulares média e posterior e complementa o sulco do calcâneo
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Face lateral
Faceta maleolar lateral, de forma triangular, articula com o maléolo fibular
Processo lateral do tálus, procidência inferiormente à faceta supra-descrita
Face medial: faceta maleolar medial, em forma de vírgula, articula com o maléolo tibial
Face anterior: corresponde à cabeça do tálus, apresentando face articular para o navicular
Face posterior
Corresponde ao processo posterior do tálus
Apresenta um sulco para o tendão do M. longo flexor do hálux, ladeado pelos tubérculos medial e lateral
O tubérculo lateral pode, ocasionalmente, formar um osso independente supranumerário, o osso trígono
in Gray
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Calcâneo
Considerações gerais
Osso cubóide (descrevem-se 6 faces), mais volumoso posteriormente e largo superiormente
Articula com tálus e cubóide
Face superior
Facetas talares anterior, média e posterior, que articulam com as facetas calcaneanas do tálus
Sulco do calcâneo, goteira que separa as facetas articulares média e posterior, complementa o sulco do tálus
o Os sulcos do tálus e do calcâneo formam o seio do tarso, ocupado pelo lig. talo-calcaneano interósseo
Corpo do tálus, posteriormente à faceta talar posterior, é uma superfície rugosa, crivada, não-articular
o Coberto por tecido conjuntivo laxo e adiposo, separando a articulação talo-crural do tendão de Aquiles
Face anterior: apresenta a faceta cuboideia, que articula com o osso cubóide
Face posterior: constitui a tuberosidade do calcâneo, rugosidade que dá inserção ao tendão de Aquiles
Cubóide
Considerações gerais
Tem forma cubóide, descrevendo-se 6 faces
Osso mais lateral do mesotarso, sendo anterior ao calcâneo e posterior aos 4º e 5º metatársicos
Articula com o calcâneo, navicular, cuneiforme lateral e 4º e 5º metatársicos
Face superior: inserção do M. curto extensor dos dedos
Face inferior:
Tuberosidade do cubóide
Sulco transversal para o tendão do M. longo peroneal
Processo calcaneano, projecção oblíqua para medial, da parte inferior da superfície articular, para o calcâneo
Face anterior: duas facetas articulares para os 4º e 5º metatársicos, separadas por crista vertical
Face posterior: faceta articular para o calcâneo, assente no processo calcaneano
Face medial: faceta articular para o cuneiforme medial (anterior) e para o navicular (posterior; faceta inconstante)
Face lateral: forma margem lateral do pé e apresenta a porção inicial do sulco para o tendão do M. longo peroneal
Navicular
Considerações gerais:
Paralelepípedo quadrangular de maior eixo transversal
Situado entre o tálus e os cuneiformes, medialmente ao cubóide, articulando-se com estes ossos
Face anterior: facetas articulares para os três cuneiformes
Face posterior: faceta articular para a cabeça do tálus
Bordos superior e inferior: inserção de ligamentos
Extremidade medial: apresenta a tuberosidade do navicular, local de inserção do tendão do M. tibial posterior
Extremidade lateral: faceta articular (inconstante) para o cubóide
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Cuneiformes
Considerações gerais: 3 ossos em forma de cunha, entre o navicular e os 1º-3º metatársicos, mediais ao cubóide
Cuneiforme medial: cunha com vértice superior
Facetas articulares para o navicular (posterior), 1º meta (anterior), 2º meta e cuneiforme intermédio (lateral)
Face medial apresenta rugosidade para inserção do tendão do M. tibial anterior
Cuneiforme intermédio: cunha com vértice inferior
Facetas articulares para o navicular (posterior), 2º meta (anterior), cuneiformes lateral e medial (lat. e med.)
Cuneiforme lateral: cunha com vértice inferior
Facetas articulares para o navicular (posterior), 3º meta (anterior), cuneiforme intermédio (medial), cubóide
e 4º metatársico (lateral)
Metatársicos
Considerações gerais: ossos longos, formados por um corpo, a diáfise, e duas extremidades, as epífises anterior
(cabeça) e posterior (base)
Corpo em forma de prisma triangular de base superior e vértice inferior, côncavo inferiormente
Cabeça, anterior: é condilar e articula com a respectiva falange proximal
Base, posterior: articula com ossos do mesotarso e com os metatársicos vizinhos
Considerações particulares
1º meta: mais curto mas mais volumoso
o Base com apenas uma faceta articular lateral, para o 2º meta
o Base apresenta tuberosidade para inserção do tendão do M. longo peroneal
o Cabeça apresenta, inferiormente, duas ranhuras para os ossos sesamóides
5º meta: é o 2º mais curto e o menos volumoso
o Base com apenas uma faceta articular lateral (no caso, é medial, para o 4º meta)
o Base apresenta tuberosidade para inserção do tendão do M. curto peroneal
Falanges
Considerações gerais: 3 falanges por dedo denominadas falanges proximal, média e distal
Constituídas por um corpo (diáfise) e duas extremidades (epífises): a cabeça (anterior) e a base (posterior)
Hálux (1º dedo) só tem falange proximal e distal, assim denominadas pela conformação das extremidades
Falange proximal (1ª): concavidade inferior; base com cavidade glenóide; cabeça com tróclea
Falange média (2ª): concavidade inferior; base com dupla cavidade glenóide; cabeça com tróclea
Falange distal (3ª): plana inferiormente; base com dupla cavidade glenóide; cabeça em crescente rugoso,
suportando a unha
in Gray
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Artrologia do Membro Inferior
Descrição articular:
1. Classificação
2. Superfícies articulares
o Cartilagem articular (hialina, elástica ou fibrosa)
o Debrum articular (anca e ombro)
3. Menisco (incompleto) ou Disco (completo)
4. Meios de união (cápsula e ligamentos)
5. Membrana sinovial
6. Movimentos
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Meios de união: ligamentos
Lig. ílio-femoral ou lig. em Y de Bigelow: é um ligamento anterior, triangular de vértice superior
o Inserção coxal: na espinha ilíaca ântero-inferior
o Trajecto: distribui-se em leque ou em Y, formando feixes superior e inferior
o Inserção femoral, de lateral a medial: grande trocânter, linha intertrocantérica e pequeno trocânter
Feixe superior ou transverso: o mais forte dos dois, insere-se no grande trocânter, cobrindo o
tubérculo pré-trocantérico, e na porção superior da linha intertrocantérica, sendo reforçado por:
Lig. ílio-tendino-trocantérico (vestígio de um feixe ilíaco do M. vasto lateral): parte do
tendão reflexo do M. recto femoral e funde-se com feixe superior do lig. ílio-femoral
Expansão aponevrótica do M. pequeno glúteo, que também se insere no grande trocânter
Feixe inferior ou descedente: desce quase verticalmente para se inserir porção inferior da linha
intertrocantérica, fosseta pré-trocantérica e no pequeno trocânter
Lig. pubo-femoral: ligamento anterior, que em conjunto com o lig. ílio-femoral forma o lig. em N de Welcker
o Inserção coxal: na eminência ílio-púbica, superfície pectínea e lábio anterior da crista obturadora
o Trajecto: obliquidade póstero-ínfero-lateral
o Inserção femoral: na fosseta pré-trocantérica, a depressão anterior ao pequeno trocânter
o Relaciona-se, anteriormente, com o M. psoas-ilíaco, separados pela bursa ílio-pectínea
Lig. da cabeça do fémur: cordão fibroso, de 3cm, subdivisível em feixes anterior, médio e posterior
o Inserção femoral: na fóvea da cabeça do fémur
o Inserção coxal: nas extremidades anterior e posterior da incisura acetabular (feixes anterior e
posterior), no lig. transverso acetabular (feixe médio), e algumas fibras inserem-se na fossa acetabular
o Função: conduzir, no seu interior, um ramo nutritivo da A. obturadora para a cabeça femoral, não
tendo função mecânica significativa
in Gray
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Membrana sinovial
Sinovial propriamente dita: duplo folheto que reveste, internamente, a cápsula articular e o colo do fémur
o Insere-se no vértice livre do debrum, reveste a face interna da cápsula, reflecte-se medialmente às
inserções femorais da cápsula, reveste o colo (irregularmente levantada, anteriormente, por fascículos
recortantes, oriundos da cápsula) e insere-se na margem articular da cabeça do fémur
Sinovial do lig. da cabeça do fémur: bainha completa, independente da propriamente dita
o Insere-se no rebordo da fóvea da cabeça femoral e no contorno da fossa acetabular
o Reveste o tecido adiposo que preenche a fossa acetabular e reveste o lig. da cabeça do fémur
Movimentos (recordar a classificação articular)
Flexão e extensão
Abdução e adução
Rotação medial e lateral
Circundação: combinação dos movimentos acima
Meniscos: fibrocartilagens cuja função é aumentar a complementaridade articular entre o fémur e a tíbia
Não ocupam a totalidade da interface articular e a sua espessura diminui da periferia para o centro
o O menisco medial tem forma de C aberto; O menisco lateral tem forma de O interrompido
o O menisco lateral é mais móvel por aderir pouco à cápsula e não aderir ao lig. colateral fibular
Face superior: côncava, adaptada ao côndilo femoral
Face inferior: plana, adaptada à superfície articular do côndilo tibial
Bordo lateral: aderente à face interna da cápsula articular do joelho
o Esta adesão é mais forte no menisco medial
Bordo medial: de espessura reduzida; olha para dentro da articulação
Extremidades anterior e posterior: cornos, fixos às áreas intercondilares anterior e posterior por freios
meniscais anterior e posterior, respectivamente
Meios de fixação: além da adesão à cápsula articular e dos freios meniscais
o Lig. menisco-femoral posterior de Wrisberg: do corno posterior do menisco lateral até à face lateral
do côndilo femoral medial, ascendendo com obliquidade súpero-medial atrás do lig. cruzado posterior
o Lig. menisco-femoral anterior de Humphry (inconstante): do corno posterior do menisco lateral até ao
lig. cruzado anterior, passando à frente do lig. cruzado posterior
o Lig. transverso do joelho de Winslow: fixa os dois meniscos unindo os respectivos cornos anteriores
o Tendão do M. poplíteo: insere-se, parcialmente, no bordo lateral do menisco lateral
o Lig. menisco-fibular: do bordo externo posterior do menisco lateral ao ápex fibular
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Meios de união: cápsula articular (manga fibrosa com soluções de continuidade)
Inserção femoral: desde o contorno da fossa supra-troclear, desce pelas faces lateral do côndilo lateral e
medial do côndilo medial, inferiormente aos epicôndilos (junto à margem articular condilar), contornando-os
em direcção à face posterior, alcançando a fossa intercondilar, insinuando-se para a profundidade,
confundindo-se com os ligamentos cruzados
Inserção tibial: contorna as margens articulares das superfícies articulares dos côndilos tibiais, desde a
margem anterior da área intercondilar anterior até homónima posterior, e alcançando a eminência
intercondilar, confundindo-se com os lig. cruzados
Inserção meniscal: adere ao bordo lateral de cada menisco, mais fortemente ao menisco medial
Soluções de continuidade (interrupções):
o Anterior: interrupção para a patela (tipo janela), inserindo-se a cápsula em todo o seu contorno
o Posterior: na fossa intercondilar, por se confundir com os lig. cruzados
Lig. colateral fibular (lateral): independente da cápsula e dos meniscos; facilmente individualizável
o Inserção femoral: no epicôndilo lateral do côndilo lateral
o Inserção fibular: ápex e porção ântero-lateral da cabeça da fíbula
o Função: limita extensão e rotação lateral do joelho, tal como o lig. colateral tibial
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in Gray for Students
in Gray
Plano fibroso posterior: composto pelos ligamentos poplíteo oblíquo, poplíteo arqueado e poplíteo-fibular
o Lig. poplíteo oblíquo: é uma extensão do tendão recorrente do M. semi-membranoso, com trajecto
súpero-lateral que reforça a cápsula posteriormente
Inserção femoral: face póstero-medial do côndilo lateral, fundido com a cápsula in Gray for Students
Inserção tibial: face posterior do côndilo medial
o Lig. poplíteo arqueado: forma um arco tendinoso sobre o M. poplíteo
Inserção tibial: face posterior do côndilo lateral
Inserção fibular: ápex da cabeça da fíbula
o Lig. poplíteo-fibular: fibras da origem do tendão do M. poplíteo para a cabeça da fíbula
É um estabilizador importante da porção póstero-lateral do joelho, estática e dinamicamente,
tendo como função resistir à rotação externa da tíbia
Também chamado lig. curto lateral do joelho (Vallois) ou feixe lateral do lig. poplíteo arqueado
o Lig. fabelo-fibular (inconstante): da fabela (um osso inconstante, sesamóide) para a cabeça fibular
A fabela é um osso que pode ser encontrado interposto no tendão do M. gastrocnemius lateral
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Ligg. cruzados do joelho: “anterior” e “posterior” quanto à sua inserção tibial; são muito resistentes
o Lig. cruzado anterior: 38mm de comprimento e 11mm de largura
Inserção femoral: porção posterior da face medial do côndilo lateral
Inserção tibial: na área intercondilar anterior
De superior a inferior, é inicialmente lateral e depois anterior ao lig. cruzado posterior
Funcionalmente composto por três feixes: ântero-medial, intermédio e póstero-lateral
Função: impede rotação medial da tíbia e o seu deslocamento anterior em relação ao fémur
o Lig. cruzado posterior: 38mm de comprimento e 13mm de largura; mais resistente que o anterior
Inserção femoral: porção anterior da face lateral do côndilo medial
Inserção tibial: na área intercondilar posterior
De superior a inferior, é inicialmente medial e depois posterior ao lig. cruzado anterior
Funcionalmente composto por dois feixes: ântero-lateral (estica em flexão) e póstero-medial
(estica em extensão)
Função: estabiliza a articulação em flexão e impede o deslocamento posterior da tíbia
Membrana sinovial
Anteriormente: insere-se na margem articular da tróclea femoral, reveste a fossa supra-troclear e a face
anterior do fémur numa extensão de 5cm; reflecte-se anteriormente em contacto com a face profunda do
M. quadricípite femoral e desce até à patela, contornando-a, e desce até ao bordo externo dos meniscos,
interrompendo-se, terminando aí a porção supra-meniscal da membrana sinovial;
Posteriormente: de anterior para posterior, a sinovial reveste a face anterior dos ligg. cruzados, depois as
suas faces laterais e, caminhando para posterior, atapeta a face interior da cápsula articular e dos ligg. do
plano posterior, continuando-se, lateral e medialmente, com as porções lateral e medial da sinovial
Lateral e medialmente: reveste a face interior da cápsula articular, continuando-se anterior e
posteriormente com as respectivas porções da sinovial; dada a aderência da cápsula articular ao bordo
externo dos meniscos, ao nível destes, a membrana sinovial interrompe-se, separando as porções supra-
meniscal e infra-meniscal
Prolongamentos:
o Supra-patelar (fundo de saco sub-quadricipital): o espaço entre o M. quadricípite femoral e o fémur
O M. articular do joelho, devido à inserção próxima, impede o colapso deste prolongamento
o Poplíteo: prolongamento que reveste a porção inicial do tendão do M. poplíteo
Este prolongamento pode comunicar com a sinovial da Art. tíbio-fibular proximal
o Corpo adiposo infra-patelar de Hoffa: massa de tecido adiposo situada posteriormente ao 1/4 inferior
da face posterior da patela e do lig. patelar, revestido por membrana sinovial
Prolonga-se lateralmente pelas pregas alares
o Prega sinovial infra-patelar: tecido adiposo revestido por sinovial que liga o corpo adiposo infra-
patelar de Hoffa à sinovial da fossa intercondilar
Pode ser um cordão ou uma lâmina completa, com implicações óbvias na artroscopia
Bursas:
o Pré-patelar: subcutânea
o Infra-patelar: entre o lig. patelar e a tíbia
o Do gastrocnémio: entre a extremidade proximal do M. gastrocnémio e a face posterior da cápsula
o Colateral fibular: entre o ligamento homónimo e a cápsula
o Do tendão do M. bicípite femoral; Do tendão do M. semi-membranoso; Da pata de ganso
Movimentos
Flexão (acompanhada de rotação medial da tíbia) e Extensão (acompanhada de rotação lateral da tíbia)
Rotação lateral e medial (limitada a 70º pelos ligg. cruzados e colaterais)
o Amplitude de rotação é máxima em semi-flexão e nula em extensão
20
in Gray for Students
Classificação: artrodia/plana
Superfícies articulares: revestidas por cartilagem A membrana sinovial,
hialina a cinzento, in Gray
Tibial: faceta articular no ângulo póstero-lateral
do côndilo lateral
Fibular: faceta articular da cabeça fibular
Meios de união
Cápsula: delgada e pouco resistente; insere-se
no rebordo das superfícies articulares
Lig. anterior da cabeça da fíbula: ligamento
anterior da articulação, sendo o mais resistente
o Insere-se na face ântero-lateral do
côndilo lateral da tíbia e na porção
anterior da cabeça fibular
Lig. posterior da cabeça da fíbula: ligamento posterior da articulação, sendo o menos resistente
o Insere-se na face posterior do côndilo lateral da tíbia e na porção posterior da cabeça fibular
Membrana sinovial: reveste a face interior da cápsula articular e pode comunicar com a sinovial do joelho através
prolongamento do poplíteo
Membrana interóssea: membrana fibrosa que une os ossos da perna em quase toda a sua extensão
o Desde o bordo interósseo do corpo da tíbia à crista interóssea da face medial do corpo da fíbula
o Dá inserção a diversos músculos anteriores e posteriores, e estabiliza a bifurcação maleolar
o As suas fibras são maioritariamente oblíquas ínfero-lateralmente (excepção relevante: lig. de Barkow)
o Continua-se, inferiormente, com o lig. tíbio-fibular interósseo, razão pelo qual a membrana interóssea
pode ser considerada um meio de união desta articulação, embora haja autores que a descrevem
separadamente
o Apresenta orifício superior para a passagem da A. tibial anterior
Limitado, superiormente, pelo lig. de Barkow, espessamento oblíquo da membrana interóssea
o Apresenta orifício interior para a passagem da A. fibular anterior
Membrana sinovial: sendo uma sindesmose não tem sinovial própria, embora receba uma extensão da sinovial da
articulação talo-crural
Meios de união
Cápsula articular: insere-se no contorno das superfícies articulares,
envolvendo toda a articulação
o Anteriormente alcança a face superior do colo do tálus
o Laxa anterior e posteriormente
o Lateralmente é reforçada pelos ligg. colaterais medial e lateral
in Gray for Students
Lig. colateral lateral: composto por 3 ligamentos independentes que
partem do maléolo fibular
o Lig. talo-fibular anterior: da margem anterior do maléolo fibular à face lateral do colo do tálus
o Lig. talo-fibular posterior: de uma fosseta na porção posterior da face medial do maléolo fibular ao
tubérculo lateral do processo posterior do tálus
o Lig. calcâneo-fibular: do ápex do maléolo fibular até à face lateral do corpo do calcâneo
Lig. colateral medial (deltóide): composto por 4 ligamentos que partem do ápex do maléolo tibial
o Lig. tíbio-talar anterior: insere-se na face medial do colo do tálus
o Lig. tíbio-talar posterior: insere-se no tubérculo medial do processo posterior do tálus
o Lig. tíbio-calcaneano: insere-se no sustentáculo tálico do calcâneo
o Lig. tíbio-navicular: insere-se na face superior do navicular e pode alcançar a sua tuberosidade
Movimentos: de torção medial (combina adução com rotação medial) e lateral (combina abdução com rotação
lateral), em conjunto com a Art. transversa do tarso
in Sobotta
23
in Gray
24
Articulação transversa do tarso (Chopart) (NETTER pp. 513-515)
Composta pelas articulações talo-calcâneo-navicular e calcâneo-cuboideia
Articulação talo-calcâneo-navicular
Classificação: enartrose/esferoideia
Superfícies articulares:
o Cabeça do tálus que, ântero-superiormente, articula com o navicular
o Faceta articular anterior e média do tálus, que articulam com as correspondentes calcaneanas
o Faceta articular anterior e média do calcâneo, que articulam com as correspondentes tálicas
o Face posterior do navicular, côncava, recebe a cabeça do tálus
o A face superior, fibrocartilagínea, do lig. calcaneo-navicular plantar contribui para formar o
receptáculo da cabeça do tálus, e que preenche o intervalo triangular entre o calcâneo e navicular
Meios de união:
o Cápsula articular: insere-se nas margens articulares, mais extensamente para posterior no colo do
tálus
o Lig. talo-calcaneano interósseo: o seu plano fibroso anterior
o Lig. talo-navicular dorsal: da face superior do colo do tálus para a margem superior do navicular
o Lig. calcâneo-navicular plantar: do sustentáculo tálico do calcâneo para a margem inferior e
tuberosidade do navicular
o Feixe calcâneo-navicular do lig. bifurcado de Chopart (ver adiante)
Articulação calcâneo-cuboideia
Classificação: efipiartrose/selar
Sup. articulares: faceta cuboideia da face anterior do calcâneo e faceta articular da face post. do cubóide
Meios de união:
o Cápsula articular: insere-se no rebordo das sup. articulares; mais laxa lateral que medialmente
o Lig. calcâneo-cuboideu dorsal: da face lateral do calcâneo para a face lateral do cubóide
o Lig. plantar longo: insere-se na face inferior do calcâneo, desde os processos lateral e medial da
tuberosidade do calcâneo até ao tubérculo do calcâneo; depois insere-se na face inferior e
tuberosidade do cubóide e na face inferior da extremidade proximal dos 4 últimos metatársicos
Suporta o arco longitudinal da planta do pé
o Lig. calcâneo-cuboideu plantar ou plantar curto: do tubérculo do calcâneo à tuberosidade do cubóide
Considerado uma porção profunda do ligamento plantar longo
o Lig. bifurcado (Y) de Chopart: parte da face súpero-lateral do calcâneo e bifurca-se em dois feixes
Feixe calcâneo-navicular: insere-se na face superior da extremidade lateral do navicular
É meio de união, também, da Art. talo-calcâneo-navicular
Feixe calcâneo-cuboideu: insere-se na face súpero-lateral do cubóide
Membrana sinovial: independente
Movimentos da Art. transversa do tarso: de torção medial e lateral em conjunto com a Art. sub-talar
25
Articulações mesotársicas (NETTER pp. 514-515): dá-se entre os ossos do mesotarso
Composta pelas articulações cuboideo-navicular, cúneo-navicular, cúneo-cuboideia e inter-cuneiformes
Todas são artrodias/planas e têm mobilidade muito limitada
Articulação cuboideo-navicular
Superfícies articulares: extremidade lateral do navicular e face medial do cubóide
Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos cuboideo-naviculares dorsal (nas faces superiores dos
ossos), interósseo e plantar (paralelo inferiormente)
o O ligamento cuboideo-navicular plantar suporta o arco transversal da planta do pé juntamente com o
ligamento calcâneo-navicular plantar
Sinovial: prolongamento da sinovial da Art. cúneo-navicular
Articulação cúneo-navicular
Superfícies articulares: face anterior do navicular e face posterior dos 3 cuneiformes
Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos cúneo-naviculares dorsal (3, nas faces superiores) e
plantar (paralelos, desde a tuberosidade navicular)
Sinovial: extensa; emite prolongamentos para todas as outras articulações mesotársicas
Articulação cúneo-cuboideia
Superfícies articulares: face medial do cubóide e face lateral do cuneiforme lateral
Meios de união: uma cápsula articular e ligamentos cúneo-cuboideus dorsal, interósseo e plantar
Sinovial: prolongamento da sinovial da art. cúneo-navicular
Meios de união: cápsulas articulares (3) e ligamentos tarso-metatársicos dorsais (7) e plantares (7) e ligamentos
cúneo-metatársicos interósseos (3)
O primeiro lig. cúneo-metatársico interósseo (de Lisfranc) une a superfície lateral do cuneiforme medial à
face plantar da base do 2º metatársico é o mais forte e mais importante na estabilização do complexo
articular tarso-metatársico
26
Articulações inter-metatársicas (NETTER p. 515)
Classificação: artrodias/planas
Superfícies articulares: facetas adjacentes das bases dos 4 últimos metatársicos (3 articulações)
Meios de união: cápsulas articulares e ligamentos metatársicos dorsais, interósseos e plantares
Os ligg. metatársicos plantares são mais fortes que os dorsais e podem formar uma fita contínua
Membrana sinovial: prolongamentos das sinoviais das Art. tarso-metatársicas
Meios de união:
Cápsulas articulares: inserem-se nas margens in Gray
articulares; fundidas com os ligg. colaterais e
plantares
o A sua fusão com a aponevrose plantar forma
as placas basais (fibrocartilagens de
ancoragem)
Ligg. colaterais medial e lateral: inserem-se nos
tubérculos dorsais das cabeças metatársicas e
espalham-se, em leque, para se inserirem nas bases
falângicas e nas placas basais
Ligg. metatarso-falângicos plantares:
espessamento da cápsula articular; mais
firmemente inseridos às falanges do que aos metas
Ligg. transverso metatársico profundo: quatro
bandas que unem os ligamentos plantares
adjacentes, formando fita única
Meios de união: cápsula articular, ligamentos colaterais medial e lateral e placas basais fibrocartilagíneas, também
chamadas de ligamentos plantares
27
Miologia do Membro Inferior
Músculos do dorso – Grupo Profundo (NETTER p. 258)
Psoas menor: músculo inconstante situado anteriormente ao psoas maior
Inserção proximal: na face lateral dos corpos vertebrais de T12 e L1
Inserção distal: na eminência ílio-púbica e crista pectínea
Acções: auxilia o psoas maior na flexão do tronco
Psoas maior
Inserção proximal:
o Porção principal: na face lateral dos corpos vertebrais e discos intervertebrais entre T12 e L5
Forma arcos tendinosos que se estendem desde o bordo superior ao inferior dos corpos, que
delimitam foramina por onde passam vasos lombares e ramos comunicantes simpáticos
o Porção acessória: na face anterior dos processos transversos de L1-L5
o Entre a porção principal, mais anterior, e a acessória, mais posterior, passam os ramos anteriores dos
nervos espinhais que formam o plexo lombar
Trajecto: desce com obliquidade ínfero-ântero-lateral, une-se ao M. ilíaco formando o psoas-ilíaco, passa
na incisura homónima, muda de orientação para uma obliquidade ínfero-póstero-lateral
Inserção distal: no pequeno trocânter do fémur
Acções: com o tronco fixo, faz a flexão e rotação lateral da coxa, com a coxa fixa: faz a flexão e rotação
contra-lateral do tronco
Ilíaco
Inserção proximal: na fossa ilíaca, lábio interno da crista ilíaca, ligg. sacro-ilíacos anteriores e ílio-lombar,
e porção anterior da asa do sacro
Trajecto: as suas fibras convergem ínfero-ântero-medialmente, fundindo-se com o psoas maior
Inserção distal: através do tendão do psoas-ilíaco, no pequeno trocânter do fémur
Acções: auxilia o psoas maior na flexão e na rotação lateral da coxa
Grande glúteo
Inserções proximais:
o 1/4 posterior do lábio externo da crista ilíaca, através da fáscia glútea
o Zona glútea posterior, posteriormente à linha glútea posterior
o Cristas sagradas lateral e média (nesta última através da fáscia tóraco-lombar)
o Margens laterais do sacro e cóccix e face posterior do lig. sacro-tuberoso
Trajecto: obliquidade ínfero-lateral
Inserções distais:
o Plano superficial: confunde-se com M. tensor da fáscia lata inserindo-se no tracto ílio-tibial
o Plano profundo: na tuberosidade glútea e lábio lateral da linha áspera
o Forma-se bursa sinovial entre o músculo e o grande trocânter
Acções: extensão, rotação lateral, abdução (feixes superiores) e adução (feixes inferiores) da coxa
28
Médio glúteo
Inserções proximais:
o 3/4 anteriores do lábio externo da crista ilíaca, podendo atingir a EIAS
o Zona glútea média, entre as linhas glúteas anterior e posterior
o Face profunda da fáscia glútea, que cobre a sua face ântero-superior
Trajecto: obliquidade ântero-inferior
Inserções distais: na crista do grande trocânter, na face lateral do mesmo
o Forma-se bursa sinovial entre o tendão e a margem superior do grande trocânter
Acções: abdução, extensão, rotação lateral (feixes posteriores) e medial (feixes anteriores) da coxa
Pequeno glúteo
Inserções proximais:
o Metade anterior do lábio externo da crista ilíaca
o Zona glútea anterior, entre as linhas glúteas anterior e inferior
Trajecto: obliquidade ínfero-lateral
Inserções distais: margem anterior do grande trocânter
o Expansão aponevrótica pode fundir-se com a cápsula articular da Art. coxo-femoral
o Costuma formar-se bursa sinovial entre o tendão e o grande trocânter
Acções: abdução, extensão, rotação lateral (feixes posteriores) e medial (feixes anteriores) da coxa
Piriforme
Inserções proximais: face anterior de S2, S3 e S4
o Digitações separadas pelos foramina sagrados segundo e terceiro
o Pode ter inserção, também, na zona glútea posterior, próximo da EIPI e do lig. sacro-tuberoso
Trajecto: obliquidade ântero-ínfero-lateral, saindo da pélvis pelo grande foramen ciático
Relações: situado entre os M. pequeno glúteo e gémeo superior
o Superiormente: com os vasos e nervos glúteos superiores, no foramen supra-piriforme
o Inferiormente: com os vasos e nervos glúteos inferiores, N. cutâneo femoral posterior e N. grande
ciático, no foramen infra-piriforme
o Anteriormente: dentro da pélvis, com o plexo sagrado, com o recto e com ramos da A. ilíaca interna
Inserções distais: porção medial da margem superior do grande trocânter
Acções: abdução, extensão e rotação lateral da coxa
Obturador interno
Inserções proximais:
o Face interna da membrana obturadora e contorno do foramen obturador (face interna do ramo
púbico inferior e do ramo ísquio-púbico)
o Parte da superfície plana e quadrilátera do coxal que, externamente, corresponde ao acetábulo
o Processo falciforme do lig. sacro-tuberoso, contínuo com a margem inferior da membrana obturadora
Trajecto: sai da pélvis pelo pequeno foramen ciático, separado do osso por uma bursa sinovial
o O trajecto inicial é posterior, mudando de direcção para ínfero-lateral no pequeno foramen ciático,
descrevendo um ângulo de 90º em direcção ao grande trocânter
Relações: entre os M. gémeos superior e inferior
Inserções distais: ântero-superiormente à fossa trocantérica, na face medial do grande trocânter
Acções: faz abdução e rotação lateral da coxa
29
Obturador externo
Inserções proximais: face externa da membrana obturadora e contorno do foramen obturador (face
externa do corpo do púbis, ramo púbico inferior e do ramo ísquio-púbico)
Trajecto: com obliquidade póstero-súpero-lateral, passando posteriormente à Art. coxo-femoral
Inserções distais: na fossa trocantérica, na face medial do grande trocânter
Acções: faz a rotação lateral da coxa
Quadrado femoral
Inserções proximais: face lateral da tuberosidade isquiática
o A sua inserção faz-se lateralmente aos tendões dos músculos posteriores da coxa (adiante descritos)
Inserções distais: no tubérculo quadrado da crista intertrocantérica
Acções: faz a rotação lateral e adução da coxa
Tensor da fáscia lata: há autores que consideram que pertence à região glútea (Gray e Rouvière)
Inserções proximais:
o Lábio externo dos 5cm anteriores da crista ilíaca, juntamente com a fáscia glútea
o EIAS e incisura fémuro-cutânea, lateralmente ao M. sartorius
Trajecto: obliquidade póstero-inferior percorrendo apenas o 1/4 ou 1/3 superior da face lateral da coxa
30
Inserções distais: continua-se com o tracto ílio-tibial (espessamento da fáscia lata e fáscia glútea) para o
qual contribuem as fibras superficiais do M. grande glúteo
o O tracto ílio-tibial (Maissiat) desce verticalmente até ao joelho e tem as seguintes inserções:
Principal: no tubérculo de Gerdy, situado na face anterior do côndilo lateral da tíbia, e também
se insere na linha oblíqua da tíbia
Fibras posteriores: no septo intermuscular lateral e linha supra-condilar lateral
Fibras anteriores: nas margens patelares laterais, reforçando o retináculo patelar lateral
Acções: faz a flexão, abdução e rotação medial da coxa, e faz a extensão rotação lateral da perna
Quadricípite femoral
Inserções proximais: diferem consoante as porções
o Recto femoral: o único com inserção no osso coxal
Tendão directo: insere-se na face lateral da EIAI
Tendão reflexo: no sulco supra-acetabular, cápsula articular e, ocasionalmente, na eminência
ílio-púbica, e emite fibras que reforçam o lig. ílio-femoral da Art. coxo-femoral
o Vasto lateral:
Crista do vasto lateral, localizada na na face anterior e inferior do grande trocânter, mais
especificamente na porção superior da linha intertrocantérica
Lábio lateral da tuberosidade glútea
Lábio lateral da linha áspera na sua metade superior ou até mais inferior
o Vasto medial
Porção inferior da linha intertrocantérica
Crista do vasto medial, localizada no ramo medial de trifurcação da linha áspera
Lábio medial da linha áspera
Linha supra-condilar medial
Algumas fibras inserem-se no próprio tendão do M. adutor magno
A porção inferior do vasto medial, quase horizontal, é chamada vasto medial oblíquo, cuja
função principal é estabilizar a patela
o Vasto intermédio:
3/4 superiores das faces anterior e póstero-lateral e bordo lateral do corpo femoral
Lábio lateral da linha áspera, confundindo-se com as fibras profundas do M. vasto lateral
Inserções distais: através do tendão conjunto do M. quadricípite femoral, em vários planos fibrosos
o Plano superficial: tendão do recto femoral, cujas fibras superficiais se continuam com o lig. patelar,
passando anteriormente à patela, terminando na tuberosidade tibial, e cujas fibras profundas se
inserem na margem anterior da base da patela
o Plano médio: fibras dos vastos lateral e medial, que se inserem na base e margens laterais da patela
o Plano profundo: tendão do vasto intermédio que se insere na base da patela
Acções: extensão da perna (todo o músculo) e flexão da coxa (só o M. recto femoral)
o Em ortostatismo, só o M. recto femoral está activo, puxando a patela para cima, por ter uma inserção
anterior a esta; o “M. vasto medial oblíquo” torna-se importante ao contrariar este movimento; é uma
porção muscular fundamental na estabilização da art. patelo-femoral
M. articular do joelho: músculo inconstante composto por fascículos aberrantes do vasto intermédio,
embora seja independente deste
o Inserções proximais: no 1/4 inferior da face anterior do fémur
o Inserções distais: na cápsula articular do joelho e prolongamento supra-patelar da sinovial
o Acções: impede o colapso do prolongamento supra-patelar da sinovial durante a extensão da perna
31
32
in Sobotta
Pectíneo, no plano superficial dos adutores, o mesmo que o M. adutor longo
Inserções proximais: superfície e crista pectínea, desde a eminência ílio-púbica até ao tubérculo púbico
o A fáscia pectínea, que cobre o músculo, insere-se e reforça o ligamento pectíneo (Cooper)
o Feixes profundos podem inserir-se na crista obturadora (limite anterior da superfície pectínea)
Trajecto: obliquidade póstero-ínfero-lateral
Relações:
o A sua fáscia forma o limite posterior do anel femoral, relacionando-se com os vasos femorais
o O corpo muscular forma o fundo do triângulo femoral (Scarpa)
Inserções distais: na linha pectínea, o ramo médio de trifurcação da linha áspera
Acções: faz a adução, flexão e rotação lateral da coxa
Gracillis, o único do grupo medial cuja inserção distal ultrapassa a articulação do joelho
Inserções proximais: face anterior do corpo e ramo inferior do púbis, medialmente à inserção dos
adutores curto e magno
Trajecto: descendente vertical
Inserções distais: na porção superior da face ântero-medial do corpo tibial como tendão médio da pata de
ganso, entre os tendões do sartorius (à frente) e do semitendinoso (atrás)
Acções: faz a adução da coxa e a flexão e rotação medial da perna
33
Adutor magno, o mais profundo dos adutores
Inserções proximais:
o Face ântero-lateral do ramo ísquio-púbico, inferiormente à inserção do M. obturador externo
o Tuberosidade isquiática, inferiormente à inserção do M. quadrado femoral
Trajecto: obliquidade ínfero-lateral, distribuindo-se em leque (forma triangular)
Relações:
o O tendão de inserção (a base femoral do triângulo), ao longo da sua extensão, delimita vários
foramina para ramos perfurantes da A. femoral profunda, sendo que o último destes buracos, o anel
do adutor magno, marca a transição entre A. femoral e A. poplítea
o Os M. adutores (e o pectíneo) formam a face posterior do sulco ou canal femoral ou dos adutores
(Hunter), que se relaciona com os vasos femorais
A parede ântero-lateral do canal femoral é formada pelos M. psoas-ilíaco e vasto medial
A parede ântero-medial do canal femoral é formada por um septo fibroso desde o M. vasto
medial e adutor magno, denominado septo intermuscular vasto-adutor
Inserções distais:
o Feixe superior, também chamado M. adutor mínimo: insere-se na porção medial da tuberosidade
glútea e lábio lateral da linha áspera
o Feixe médio: interstício da linha áspera, entre as inserções do M. adutor longo e da curta porção do
M. bicípite femoral, alcançando a porção proximal da linha supra-condilar medial
o Feixe inferior: no tubérculo do adutor magno, na porção superior da face medial do côndilo medial do
medial
Acções: faz a adução, extensão e rotação lateral da coxa
Semitendinoso
Inserções proximais: porção posterior da tuberosidade isquiática, num tendão conjunto com a longa
porção do M. bicípite femoral
Trajecto: com obliquidade ínfero-medial
o Contorna póstero-medialmente o côndilo medial do fémur para atingir a face ântero-medial do corpo
tibial, medialmente à tuberosidade tibial (pode ter intersecção tendinosa a meio do trajecto)
Inserções distais: na porção superior da face ântero-medial do corpo tibial como tendão posterior da pata
de ganso, atrás dos tendões do sartorius e do gracillis
Acções: faz a extensão e rotação medial da coxa, e a faz a flexão e rotação medial da perna
34
Semimembranoso, o mais medial e mais profundo do grupo posterior
Inserções proximais: face lateral da tuberosidade isquiática, profundamente à inserção do tendão
conjunto dos dois músculos anteriores
Trajecto: com obliquidade ínfero-medial em direcção à face posterior do côndilo medial do fémur,
separado deste pela bursa sinovial do semi-membranoso
Inserções distais:
o Tendão directo: continua a direcção do eixo muscular e insere-se num tuberculum tendinis na face
posterior do côndilo tibial medial; algumas das fibras descem até ao bordo medial da tíbia
o Tendão reflectido: contorna, profundamente ao lig. colateral tibial, de forma quase horizontal, a face
medial do côndilo tibial medial, através de um sulco horizontal, inserindo-se na sua face anterior
o Tendão recorrente: expansão tendinosa que se dirige súpero-lateralmente, constituindo o lig. poplíteo
oblíquo, que faz parte do plano fibroso posterior dos ligg. da articulação do joelho, reforçando a
cápsula articular
Acções: faz a extensão e rotação medial da coxa, a flexão e rotação medial da perna, e tem ainda a função
de tensionar a cápsula articular
in Gray
35
Músculos da perna
Região anterior (NETTER pp. 507-508 e 517) de medial para lateral:
M. tibial anterior, longo extensor do hálux, longo extensor dos dedos e terceiro peroneal
Região lateral (NETTER p. 506 e 516): M. longo (plano superficial) e curto (plano profundo) peroneais
Região posterior (NETTER pp. 503-505, 520-521):
Plano superficial: o M. tricípite sural, composto por M. sural e gastrocnémios, e o M. plantar
Plano profundo, de medial para lateral: os M. poplíteo, longo flexor dos dedos, tibial posterior e longo
flexor do hálux
36
Terceiro peroneal/fibular ou peroneal anterior, inconstante, é o mais lateral da região anterior
Inserções proximais: fibras frequentemente fundidas com as do 5º tendão do M. longo extensor dos dedos
o 1/3 inferior da face medial do corpo da fíbula e porção adjacente da membrana interóssea
o Septo intermuscular anterior, que o separa dos músculos da região lateral
Trajecto: forma tendão oblíquo ínfero-lateralmente, que passa inferiormente aos retináculos dos extensores
Inserções distais: face superior da base e metade posterior do corpo do 5º metatársico
Acções: faz a dorsiflexão e pronação do pé
Tricípite sural, músculo composto por 3 porções individuais reunidas num tendão terminal
Inserções proximais:
o Solear: anteriormente aos M. gastrocnemius, insere-se na arcada do solear
1/4 superior da face posterior do corpo da fíbula e porção posterior da cabeça fibular
Linha do solear, no 1/3 superior da face posterior da tíbia
A porção que une as inserções tíbio-fibulares forma um uma arcada fibrosa, a arcada do solear
por onde passam os vasos poplíteos e o N. tibial
o Gastrocnemius lateral (menos volumoso e com mais fibras tendinosas que o medial):
Insere-se na face lateral (superiormente ao epicôndilo) e porção póstero-superior do côndilo
femoral lateral, incluindo o denominado tubérculo supra-condilar lateral (ver Osteologia)
Na espessura do seu tendão proximal pode existir um osso sesamóide chamado fabela, que
emite um lig. fabelo-fibular para a face medial da cabeça fibular (ver Artrologia)
o Gastrocnemius medial (mais volumoso e com mais fibras musculares que o lateral):
Insere-se na face medial (superiormente ao epicôndilo) e porção póstero-superior do côndilo
femoral medial, incluindo o tubérculo supra-condilar medial
37
Trajecto: os corpos musculares dos gastrocnemius, que formam os limites inferiores da fossa poplítea,
convergem, formando o sulco da V. pequena safena, e juntam-se com as fibras do solear que também
convergem para uma lâmina tendinosa terminal
o Na metade inferior da perna, o M. solear é mais largo que os M. gastrocnemius, sendo palpável
Inserção terminal (comum): tendão calcaneano ou de Aquiles, que se insere na tuberosidade do calcâneo
o O tendão de Aquiles está separado do corpo do calcâneo por uma bursa sinovial e tecido adiposo
o Tem 15cm de comprimento e as suas fibras são espiraladas
Acções: faz a extensão e supinação acessória (gastrocnemius medial) do pé, a flexão da perna (M.
gastrocnemius) e contribui para o equilíbrio postural (solear)
Plantar, inconstante e vestigial (ausente em 10% dos casos) é análogo ao M. longo plantar do antebraço,
estando bem desenvolvido noutros mamíferos
Inserções proximais: na porção inferior da linha supra-condilar lateral e no lig. poplíteo oblíquo
Trajecto: tem um trajecto oblíquo ínfero-medialmente, sendo muscular durante 7-10cm, tornando-se
tendinoso a nível da arcada do solear, descendo entre o M. gastrocnemius medial e o solear até se colocar
medialmente ao tendão de Aquiles
Inserções distais: funde-se com o tendão de Aquiles ou insere-se na tuberosidade calcaneana juntamente
com este ou, por vezes, termina fundindo-se com a fáscia da perna
Acções: auxiliar do M. gastrocnemius na flexão da perna
Longo flexor dos dedos, o mais medial dos músculos do plano profundo loca posterior
Inserções proximais:
o Metade medial do lábio inferior da linha do solear
o 1/3 médio da face posterior do corpo da tíbia
o Também se insere num septo intermuscular que o separa do M. tibial posterior
Trajecto:
o A porção muscular é medial ao M. tibial posterior, mas o seu tendão cruza o do M. tibial posterior
posteriormente para lateral, passa num sulco na face posterior do maléolo tibial e atinge a face medial
do calcâneo no canal calcaneano depois de passar dentro do retináculo dos flexores
o Atinge a planta do pé e cruza, inferiormente, o tendão do M. longo flexor do hálux e depois divide-se
em 4 tendões para os 4 últimos dedos
o Os tendões digitais são profundos aos tendões análogos do M. curto flexor dos dedos e perfuram-nos
ao nível da Art. inter-falângica proximal, pelo que se designam “tendões perfurantes”
Inserções distais: na face inferior da base da falange distal dos 4 últimos dedos
Acções: faz a extensão e supinação do pé, e faz a flexão dos 4 últimos dedos
38
Tibial posterior, situado entre o M. longo flexor dos dedos e o M. longo flexor do hálux
Inserções proximais:
o Metade lateral do lábio inferior da linha do solear
o 2/3 superiores da metade lateral da face posterior do corpo da tíbia
o Na porção adjacente da membrana interóssea
o 2/3 superiores da face medial do corpo da fíbula
o Nos septos intermusculares que o separam dos dois flexores referidos
Trajecto:
o A porção muscular é lateral ao M. longo flexor dos dedos, mas depois o tendão cruza-o anteriormente,
passa no sulco da face posterior do maléolo tibial e atinge a face medial do calcâneo no canal
calcaneano, depois de passar dentro do retináculo dos flexores
o Atinge o bordo medial e planta do pé
Inserções distais: tendão bifurca-se em duas porções na planta do pé
o Porção medial: continua a direcção do tendão original e insere-se na tuberosidade navicular e
cuneiforme medial, e envia fibras para a margem distal do sustentáculo tálico
o Porção lateral: insere-se nos cuneiformes médio e lateral, bases dos 2º, 3º e 4º metatársicos, e
ocasionalmente no cubóide
Acções: faz a extensão e supinação do pé
39
in Gray
Músculos do pé
Região dorsal (NETTER pp. 517-518): M. curto extensor dos dedos
Região plantar medial (NETTER pp. 519-522), músculos do hálux: M. abdutor, curto flexor e adutor
Região plantar lateral (NETTER pp. 519-522), músculos do mínimo: M. abdutor, curto flexor e oponente
Região plantar intermédia (NETTER pp. 519-522): num plano superficial, M. curto flexor dos dedos e num
plano profundo, M. quadrado plantar e lombricóides
Região interóssea (NETTER pp. 523-524): M. interósseos dorsais e plantares
40
Curto extensor dos dedos
Inserções proximais:
o Face súpero-lateral da porção anterior do calcâneo, anteriormente à tróclea fibular e ao seio do tarso
o No lig. talo-calcaneano interósseo
o Na face profunda do retináculo inferior dos extensores
Trajecto: origina quatro tendões profundos (inferiores) aos tendões do M. longo extensor dos dedos
Inserções distais:
o 1º tendão: face superior da base da falange proximal do hálux (feixe curto extensor do hálux)
o Restantes: fundem-se com os tendões do longo extensor dos dedos ao nível da Art. metatarso-
falângica
Acções: faz a extensão dos 4 primeiros dedos
Adutor do hálux
Inserções proximais:
o Feixe oblíquo: na tuberosidade do cubóide, no cuneiforme lateral, na base do 2º e 3º metatársicos e
no lig. plantar longo
o Feixe transverso: nas placas basais fibrocartilagíneas e ligg. transverso metatársico profundo das 3
últimas Art. metatarso-falângicas
Trajecto: as porções convergem para a art. metatarso-falângica do hálux
Inserções distais: margem lateral da base da falange proximal do hálux e no sesamóide lateral
o Confunde-se com o tendão do M. curto flexor do hálux
Acções: faz a flexão e adução do hálux, e estabiliza os arcos longitudinal e transversal da planta do pé
41
Curto flexor do mínimo
Inserções proximais: na face inferior da base do 5º metatársico
o Também na bainha fibrosa do M. longo peroneal e no lig. plantar longo
Inserções distais: margem lateral da base da falange proximal do mínimo
Acções: faz a flexão do mínimo
Oponente do mínimo, é inconstante e pode ser considerado feixe lateral do M. curto flexor do mínimo
Inserções proximais: fundido com a origem do curto flexor do mínimo + face inferior do cubóide
Inserções distais: margem lateral do corpo do 5º metatársico
Acções: faz a flexão e adução do mínimo
Curto flexor dos dedos, o mais superficial dos plantares médios
Inserções proximais: processo medial da tuberosidade do calcâneo
o Também na face profunda da aponevrose plantar
Trajecto:
o Divide-se em 4 tendões que acompanham inferiormente os tendões do longo flexor dos dedos
o Cada tendão é perfurado pelos tendões do longo flexor, ao nível da Art. metatarso-falângica proximal
Inserções distais: As linguetas laterais, que se formam com a perfuração descrita, inserem-se nos bordos
respectivos da base da falange média dos 4 últimos dedos
Acções: faz a flexão dos 4 últimos dedos
Lombricóides
Inserções proximais: nos bordos adjacentes entre os tendões do M. longo flexor dos dedos
o O 1º lombricóide insere-se somente no bordo medial do tendão para o 2º dedo
Trajecto: contornam medialmente a Art. metatarso-falângica em direcção ao dorso do pé
Inserções distais: na margem medial da base da falange proximal do 2º ao 5º dedos
o Também se insere, por uma expansão tendinosa, nos respectivos tendões do longo extensor dos dedos
Acções: faz a flexão da falange proximal e extensão das falanges distais
Interósseos plantares
Inserções proximais: margem medial do corpo dos 3º, 4º e 5º metatársicos
Trajecto: ocupam apenas metade do espaço interósseo, acompanhando o bordo medial do dedo
correspondente ao metatársico de inserção
Inserções distais: margem medial da base da falange proximal dos 3º, 4º e 5º dedos
o Tal como os lombricóides, enviam expansão tendinosa para o tendão do M. longo extensor dos dedos
Acções: aproximam os dedos por adução e fazem a flexão da falange proximal e extensão das distais
Interósseos dorsais
Inserções proximais: margens adjacentes do corpo dos metatársicos
o Só na metade posterior no caso do 1º meta
Trajecto: ocupam todo o espaço interósseo, acompanhando o dedo em que a respectiva inserção
metatársica é mais extensa, de forma que se orientem para o eixo médio do pé, que passa no 2º dedo
Inserções distais: no bordo lateral (2º-4º) ou medial (1º) da base da falange proximal dos 4 últimos dedos
Acções: afastam os dedos por abdução e fazem a flexão da falange proximal e extensão das distais
42
Interósseos dorsais Interósseos plantares
in Gray
Retináculo superior dos fibulares: formam uma bainha ósteo-fibrosa comum para os músculos fibulares
o Desde os lábios do sulco retro-maleolar do maléolo fibular para a face lateral do calcâneo
Retináculo inferior dos fibulares: formam bainhas ósteo-fibrosas separadas, uma superior para o M. longo
peroneal e outra inferior para o curto peroneal
o Desde a origem do retináculo inferior dos extensores aos sulcos dos músculos fibulares acima e
abaixo da tróclea fibular na face lateral do calcâneo
43
Retináculo dos flexores: do bordo posterior e ápex do maléolo tibial partem duas lâminas (superficial e
profunda) que, após trajecto póstero-inferior, se inserem na face medial do calcâneo até ao processo medial
da sua tuberosidade, na aponevrose plantar
o Condicionam, através de septos, quatro bainhas ósteo-fibrosas, organizadas céfalo-caudalmente:
Superior: tendão do M. tibial posterior
Média: tendão do M. longo flexor dos dedos
Neurovascular: para os vasos tibiais posteriores e nervo tibial
Inferior: tendão do M. longo flexor do hálux
o Mnemónica: TOM, DICK AND HARRY
T: tibial posterior
D: longo flexor dos dedos
AN: artéria (e veia) tibial posterior e nervo tibial
H: longo flexor do hálux
in Gray
45
in Sobotta
Fáscia plantar profunda (fáscia dos interósseos): separa a loca muscular média dos M. interósseos plantares
Fáscia dorsal superficial: contínua com os retináculos e fáscia crural
Fáscia dorsal intermédia: reveste o M. curto extensor dos dedos
Fáscia dorsal profunda (dos interósseos): reveste os M. interósseos dorsais
in Gray
46
Artérias do Membro Inferior
Artéria ilíaca interna (NETTER pp. 376, 383, 486, 489):
Ramos extra-pélvicos: A. glútea superior, glútea inferior, obturadora e pudenda interna
A. obturadora: relaciona-se com a fáscia do M. obturador interno e atravessa o canal obturador
Terminação: bifurca-se no canal obturador em ramo anterior e posterior
Ramo anterior: anteriormente ao M. curto adutor, vasculariza o M. obturador externo e os músculos mediais
da coxa, e vasculariza o escroto e os grandes lábios
o Termina anastomosando com o seu ramo posterior e a A. circunflexa femoral medial
Ramo posterior: posteriormente ao M. curto adutor, vasculariza os mesmos músculos que o r. anterior
o Ramo acetabular: atravessa a incisura acetabular e percorre o lig. da cabeça do fémur
o Termina anastomosando com o r. anterior, e com A. glútea inferior e circunflexa femoral medial
Colaterais (intra-pélvicos):
o Ramos musculares: para o M. ilíaco e obturador interno
o Ramo vesical: pode substituir a A. vesical inferior
o Ramo púbico: anastomosa com o homónimo da A. epigástrica inferior atrás do púbis
A. glútea superior: 1º colateral da A. ilíaca interna, dirige-se posteriormente para o foramen grande ciático
superiormente ao M. piriforme (foramen supra-piriforme), e termina por bifurcação na região glútea
Ramo superficial: entre os M. médio e grande glúteos, vascularizando-os
o Termina anastomosando com a A. glútea inferior
Ramo profundo: entre os M. médio e pequeno glúteos, vascularizando-os
o Ramo superior: dirige-se lateralmente até ao M. tensor da fáscia lata, anastomosando com as A.
circunflexas ilíacas profunda e superficial
o Ramo inferior: até ao grande trocânter do fémur, anastomosando com as A. circunflexas femorais
A. glútea inferior: sai pelo foramen grande ciático inferiormente ao piriforme (foramen infra-piriforme)
Terminação: ramos musculares para os músculos da região glútea superficial e profunda, que anastomosam
com ramos das A. glútea superior, obturadora e as circunflexas femorais
Colateral: A. comitativa do nervo ciático, que acompanha e nutre este nervo
A. pudenda interna: sai pelo foramen grande ciático inferiormente ao M. piriforme, contorna a espinha isquiática,
volta a entrar na pélvis pelo foramen pequeno ciático e dirige-se ântero-medialmente para o períneo no canal de
Alcock, uma dependência da fáscia do M. obturador
Terminação: A. dorsal do pénis/clitóris e A. dorsal profunda do pénis/clitóris
Colaterais: A. rectal inferior, A. perineal (dá ramos escrotais e labiais), A. bulbar e uretral, pode dar uma A.
vesical anterior, e dá ramos musculares no seu curto trajecto extra-pélvico para os M. grande glúteo, piriforme,
obturador interno, gémeos superior e inferior
47
Triângulo femoral:
o Superiormente com o lig. inguinal e posteriormente com os M. psoas-ilíaco e pectíneo
o Medialmente com os M. longo adutor e gracillis e lateralmente com o M. sartorius
o Coloca-se entre a veia e o nervo femoral, estando envolvida pela bainha dos vasos femorais
Canal femoral ou dos adutores:
o Anteriormente com o M. sartorius e posteriormente com os M. longo adutor e adutor magno
o Ântero-medialmente com o septo intermuscular vasto-adutor e lateralmente com M. vasto medial
o Cruza a veia femoral anteriormente
Anel do adutor magno:
o Anteriormente com o M. sartorius e posteriormente com o tendão do M. adutor magno
o Ântero-medialmente com o septo intermuscular vasto-adutor e lateralmente com M. vasto medial
o Coloca-se medialmente à veia femoral
Ramos colaterais (de superior a inferior): A. epigástrica superficial, circunflexa ilíaca superficial, pudendas externas
superficial e profunda, ramos musculares, A. femoral profunda (descrita separadamente) e genicular descendente
A. epigástrica superficial: tem origem 1cm distalmente ao lig. inguinal
o Trajecto: atravessa a fáscia cribiforme (porção da fáscia lata), ascende com obliquidade súpero-medial
até ao umbigo, superficialmente à fáscia de Scarpa (camada membranosa da tela subcutânea)
o Terminação: anastomosando-se com ramos das A. epigástrica inferior, circunflexa ilíaca superficial e
homónima contra-lateral
A. circunflexa ilíaca superficial: origem lateralmente à origem da A. epigástrica superficial, por vezes por
tronco comum
o Trajecto: torna-se subcutânea atravessando a fáscia cribiforme e acompanha, com obliquidade súpero-
lateral, o lig. inguinal, vascularizando a parede abdominal ântero-lateral
o Terminação: anastomosando-se com ramos das A. epigástrica superficial, circunflexa ilíaca profunda e
glútea superior
Ramos musculares: ao longo do trajecto para os M. sartorius, vasto medial, pectíneo e adutores
A. genicular descendente: origem dentro do canal femoral, superiormente ao anel do adutor magno
o Trajecto e terminação: ou se trifurca imediatamente após a origem em ramo safeno, muscular e
articular, ou origina o ramo safeno dentro do canal dos adutores, perfura as fibras do M. vasto medial
e só depois se bifurca nos restantes ramos muscular e articular
Ramo safeno (pode ser colateral ou terminal): perfura o septo intermuscular vasto-adutor com
o nervo safeno, vasculariza o M. sartorius, gracillis e os tegumentos da região medial da coxa, e
termina anastomosa com a A. genicular inferior medial
Ramo muscular: vasculariza o M. vasto medial e adutor magno
Ramo articular: vasculariza a articulação do joelho e participa na rede anastomótica peri-patelar,
anastomosando inicialmente com a A. genicular superior medial e formando arco supra-patelar
com a A. genicular superior lateral
48
49
in Sobotta
A. femoral
profunda
in Gray
Artéroa femoral profunda (NETTER pp. 488-489, 491 e 499): é o colateral mais volumoso da A. femoral, razão
pela qual após a sua origem a A. femoral pode passar a chamar-se A. femoral superficial
Origem: no flanco lateral da A. femoral, 3.5-4cm inferiormente ao lig. inguinal
Trajecto:
Desce com obliquidade póstero-inferior, espiralando à volta da A. femoral para se colocar atrás desta
Inicialmente entre o M. psoas-ilíaco, ântero-lateralmente, e o M. pectíneo, póstero-medialmente, e depois
com o M. longo adutor, anteriormente, e os M. curto adutor e adutor magno posteriormente, sucessivamente
Terminação: originando a última artéria perfurante, podendo esta ser a terceira ou quarta
Ramos colaterais:
A. circunflexa femoral medial: do flanco medial da A. femoral, contorna o colo femoral entre o tendão do
M. psoas-ilíaco e o M. pectíneo, acompanhando o M. obturador externo, e ramifica-se:
o Ramo superficial: para os M. pectíneo e longo adutor
o Ramo acetabular: anastomosa com o ramo acetabular da A. obturadora para o lig. da cabeça do fémur
o Ramo profundo ou transverso: para os M. quadrado femoral, adutor magno e músculos ísquio-crurais,
anastomosando com as A. glúteas superior e inferior ao nível do pequeno trocânter
o Ramo ascendente: para a Art. coxo-femoral, dando ramos sub-sinoviais e anastomosando com o ramo
ascendente da A. circunflexa femoral lateral na fossa trocantérica
o Ramo descendente: para os M. quadrado femoral, adutores e posteriores da coxa
50
A. circunflexa femoral lateral: do flanco lateral da A. femoral, contorno o colo femoral anteriormente, atrás
do M. recto femoral
o Ramo ascendente: vasculariza os M. sartorius, recto femoral e tensor da fáscia lata, lig. ílio-femoral, dá
ramos sub-sinoviais para a Art. coxo-femoral, e anastomosa-se ramos da A. glútea superior e com o
ramo ascendente da A. circunflexa femoral medial na fossa trocantérica, formando um anel vascular em
redor do colo anatómico do fémur
o Ramo transverso: penetra e vasculariza o M. vasto lateral, anastomosando-se com ramos da A. glútea
inferior e com o ramo transverso da A. circunflexa femoral medial ao nível do pequeno trocânter, no
colo cirúrgico
o Ramo descendente: acompanha e nutre o recto femoral e vasto medial, podendo ir até à Art. do joelho
Ramos musculares: para M. adutores, quadricípite femoral (ramo mais volumoso) e posteriores da coxa
A. perfurantes: habitualmente 3, perfuram o M. adutor magno junto à sua inserção femoral na linha áspera,
através de hiatos ósteo-tendinosos do seu tendão terminal, alcançando os músculos da região posterior
o A primeira anastomosa-se com a A. glútea inferior e ramos das A. circunflexas femorais
o Habitualmente, a segunda perfurante dá a A. nutritiva do fémur
o Outras vezes há duas A. nutritivas a partir das primeira e terceira perfurantes
o Estas artérias formam anastomoses umas com as outras
Ramos colaterais: A. geniculares superiores e inferiores, genicular média, A. surais superficiais e A. surais
A. geniculares superiores (2): contornam o joelho superiormente aos côndilos femorais até à face anterior
o Ramos musculares: M. adutor magno e vasto medial (medial) e bicípite femoral e vasto lateral (lateral)
A. geniculares inferiores (2): contornam para anterior os côndilos tibiais, profundamente aos ligamentos
colaterais do joelho
A. genicular média: penetra o lig. poplíteo oblíquo, a cápsula articular e vasculariza os ligamentos cruzados
e a membrana sinovial da Art. do joelho
A. surais superficiais (3): descem no sulco entre os gastrocnemius, perfuram a fáscia e nutrem os
tegumentos, sendo que a artéria mediana, de maior calibre, é chamada A. pequena safena, e acompanha a
veia homónima e o N. sural
Ramos musculares (surais) (2): para as porções proximais dos M. gastrocnemius medial e lateral
Rede articular do joelho: anastomose arterial extensa, peri-articular e peri-patelar
A. geniculares superiores e inferiores, mediais e laterais (4)
Ramo articular da genicular descendente e ramo descendente da circunflexa femoral lateral
A. circunflexa fibular
A. tibiais recorrentes anterior e posterior
Vasculariza os tegumentos, os côndilos, a cápsula articular e a membrana sinovial
51
in Sobotta
in Gray
52
Artéria tibial anterior (NETTER pp. 505, 508-509)
Origem: bifurcação da A. poplítea em A. tibial anterior e posterior ao nível da arcada do solear (5% superiormente)
Trajecto: dirige-se anteriormente, atravessando o orifício superior da membrana interóssea, alcançando a loca
muscular anterior da perna, que percorre descendo com obliquidade ântero-medial
Terminação: continua-se como A. dorsal do pé ao nível da face profunda do bordo inferior do retináculo inferior dos
extensores
Relações (progressão de superior a inferior): acompanha em todo o trajecto, medialmente, o N. peroneal profundo
Anteriormente: o M. tibial anterior e, depois, os retináculos dos extensores, aproximando-se da superfície
o No tornozelo, atrás dos retináculos dos extensores, o tendão do M. longo extensor do hálux
Posteriormente: a membrana interóssea e, depois, a face ântero-lateral da tíbia
Lateralmente: o M. longo extensor dos dedos e, depois, M. longo extensor do hálux até cruzá-la no tornozelo
Medialmente: o M. tibial anterior e, depois, o respectivo tendão
o No tornozelo, atrás dos retináculos dos extensores, o tendão do M. longo extensor do hálux
Ramos colaterais:
A. recorrente tibial posterior (inconstante): ascende posteriormente ao joelho, antes da A. tibial anterior
atravessar a membrana interóssea, e nutre o M. poplíteo dirigindo-se obliquamente para lateral em direcção
à Art. tíbio-fibular proximal, abraçando a cabeça fibular
o Terminação: anastomosando-se com a A. genicular inferior lateral
A. recorrente tibial anterior: sobe anteriormente ao joelho, depois da A. tibial anterior atravessar a
membrana interóssea, entre o côndilo tibial lateral e o M. tibial anterior
o Terminação: por anastomose com as A. geniculares inferiores e circunflexa fibular
A. circunflexa fibular ou recorrente fibular: pode ter origem na A. tibial anterior, tibial posterior ou poplítea
o Ascende, anterior ou posteriormente, consoante a origem, em direcção à ao colo da fíbula e articulação
tíbio-fibular proximal, anastomosando-se com as A. genicular inferior lateral e A. recorrentes tibiais
anterior e posterior
Ramos musculares: para os músculos da região anterior da perna
A. maleolar anterior medial: com origem no tornozelo, atrás ou acima do retináculos dos extensores,
passando atrás dos tendões dos M. longo extensor do hálux e tibial posterior, e abraça o maléolo tibial
terminando na rede maleolar medial
A. maleolar anterior lateral: com origem no tornozelo, atrás do retináculos dos extensores, passando atrás
dos tendões dos M. longo extensor dos dedos e terceiro peroneal e abraça o maléolo fibular, anastomosa-se
com o ramo perfurante da A. peroneal e com a A. lateral do tarso e terminando na rede maleolar lateral
53
A. medial do tarso (2 ou 3 pequenos ramos): dirigem-se ântero-medialmente para o bordo medial do pé
A. arqueada: tem origem ao nível do 1º espaço interósseo
o Trajecto: dirige-se para o bordo lateral do pé, descrevendo curva côncava posteriormente
o Terminação: por anastomose com a A. plantar lateral e A. lateral do tarso
o Relações: inferiormente, com a base dos metatársicos e, superiormente, com o curto ext. dos dedos
o Colaterais: cede as 2º-4º A. metatársicas dorsais, que se bifurcam em A. digitais dorsais
Recebem ramos perfurantes proximais do arco plantar profundo, e ramos perfurantes distais das
A. metatársicas plantares
1º A. metatársica dorsal: tem origem ao nível da ext. posterior do 1º espaço interósseo e
o Dá meio do corpo do 1º metatársico, a A. digital dorsal medial do 1º dedo
o Bifurca-se na ext. anterior do 1º espaço interósseo em A. digital dorsal lateral do hálux e digital dorsal
medial do 2º dedo
Artéria peroneal
Origem: surge 3-4 cm inferiormente à origem da A. tibial posterior, embora possa ter origem directa numa trifurcação
da A. poplítea
Trajecto: desce verticalmente entre os M. tibial posterior e longo flexor do hálux, atrás da membrana interóssea
Terminação: na margem posterior da Art. tíbio-fibular distal, por ramos calcaneanos laterais que se anastomosam
com os ramos calcaneanos mediais e pela A. maleolar posterior lateral que abraça o maléolo fibular e contribui para
a rede maleolar lateral através de anastomoses com a A. maleolar anterior lateral
Ramos colaterais:
A. nutritiva da fíbula
Ramos musculares para os músculos da loca posterior (excepto M. longo flexor dos dedos) e lateral
Ramo comunicante: em posição supra-maleolar, anastomosa-se medialmente com o ramo homónimo da A.
tibial posterior
Ramo perfurante, também denominada A. peroneal anterior: atravessa a membrana interóssea pelo
seu orifício inferior e anastomosa-se com a A. maleolar anterior lateral e com a A. lateral do tarso
54
A rede arterial do tornozelo
in Gray
Ramos colaterais:
Plantar medial: dá ramos musculares para os músculos plantares mediais, e 2 ou 3 ramos digitais plantares
que anastomosa com as 2 ou 3 primeiras A. metatársicas plantares
Plantar lateral:
o Porção oblíqua: dá ramos musculares para os restantes músculos plantares
o Porção transversa: origina a A. digital plantar lateral do 5º dedo e 4 A. metatársicas plantares
A. metatársicas plantares: bifurcam-se em A. digitais plantares medial e lateral de cada dedo
Emitem ramos perfurantes proximais e distais nas respectivas extremidades dos espaços
interósseos que anastomosam com as A. metatársicas dorsais
55
in Gray
56
Veias superficiais (NETTER pp. 470-471)
As redes venosas superficial e profunda comunicam através de veias perfurantes, de fluxo unidireccional das
superficiais para as profundas, mantido pela presença de válvulas, que impede o retorno do sangue
A disfunção das veias perfurantes é a base fisiopatológica da insuficiência venosa crónica, responsável pelas
frequentes veias varicosas (vulgo varizes)
As mais importantes são as veias grande e pequena safena, com origem nas veias do pé
Veias do pé
Plantares: formam uma extensa rede venosa denominada palmilha venosa (o “coração plantar”), iniciada
pelo arco venoso plantar, côncavo posteriormente, que recebe as V. metatársicas e digitais plantares
o Drenam em veias profundas, as plantares medial e lateral
o Drenam no arco venoso dorsal através de V. intercapitulares, que atravessam os espaços interósseos
o Drenam nas veias marginais
Dorsais: forma arco venoso dorsal, que recebe as V. metatársicas dorsais e drena nas V. marginais
V. marginal medial: no bordo medial do pé, recebe V. dorsais e plantares e dá origem à V. grande safena
V. marginal lateral: no bordo lateral do pé, recebe V. dorsais e plantares e dá origem à V. pequena safena
Veia grande safena, é a veia mais longa do corpo, e tem 10-20 válvulas
Origem: continuação da V. marginal medial no bordo medial do pé, próximo do maléolo tibial
Trajecto:
Passa anteriormente ao maléolo tibial, ascendendo no bordo medial da perna e da coxa
Na região do joelho descreve flexão para a face posterior do mesmo, retornando ao bordo medial da coxa
Alcança a região inguinal e descreve arco póstero-lateral, a croça da grande safena, que perfura a fáscia
cribiforme e no orifício da grande safena, limitado ínfero-lateralmente pelo bordo falciforme deste orifício e
pelos seus cornos superior e inferior
o O orifício da grande safena é 4-5cm inferior ao lig. inguinal e 3cm ínfero-lateral ao tubérculo púbico
Acompanha, ao longo do trajecto, o N. safeno, o ramo safeno da A. genicular descendente e ramos do N.
cutâneo femoral medial
Terminação: na face ântero-medial da V. femoral
Afluentes: drena o dorso do pé, a face ântero-medial da perna e da coxa através de diversas veias póstero-mediais e
ântero-laterais
Recebe comunicante da V. pequena safena e/ou V. safena acessória (uma das V. póstero-mediais), que
drenam na coxa a uma distância variável da sua terminação
Recebe as V. epigástrica superficial, circunflexa ilíaca superficial e pudendas externas, próximo da sua
terminação, assim como V. dorsais superficiais do pénis/clitóris e V. escrotais/labiais anteriores
Emite 4 perfurantes para as V. tibiais posteriores, relativamente constantes, entre o maléolo tibial e joelho
o O conhecimento da anatomia destas perfurantes é importante no exame físico para a pesquisa de qual
perfurante está doente, no contexto de insuficiência venosa crónica do membro inferior
57
in Sobotta
58
in Sobotta
Nota clínica: a insuficiência venosa do membro inferior é uma das patologias vasculares mais comuns, e traduz-se pela insuficiência
funcional das veias perfurantes, com dilatação, afastamento dos folhetos das válvulas e inversão do sentido do fluxo sanguíneo das veias
profundas para as superficiais (ao invés do contrário, que seria normal). Esta inversão resulta em dilatação das veias superficiais, as veias
varicosas ou varizes, que causam sensação de peso, dor, edema, cãibras, cansaço, alterações cutâneas e, eventualmente, complicam com
a inflamação das veias superficiais (tromboflebite) e/ou trombose venosa profunda, que por sua vez pode enviar um êmbolo para os
pulmões (tromboembolia pulmonar), uma situação potencialmente fatal.
59
in Sobotta
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N. génito-femoral (L1, 2): misto
o Trajecto: oblíquo ântero-inferiormente, perfura o M. psoas major e acompanha-o na sua face anterior
e bordo medial e, antes de alcançar os vasos ilíacos externos, bifurca-se em dois ramos:
Genital: cruza, anteriormente os vasos ilíacos externos, alcança o orifício inguinal profundo e
percorre o trajecto inguinal, inervando o M. cremáster e a pele do escroto/grandes lábios
Femoral: caminha lateralmente à A. ilíaca externa saindo da cavidade abdominal entre o arco
ílio-pectíneo e a A. femoral, dá um ramo para a A. femoral e A. epigástrica inferior, torna-se
superficial lateralmente ao anel femoral ou orifício da grande safena, perfurando a fáscia lata e
cribiforme, inervando pele da porção superior do triângulo femoral
o Função: inervação motora do M. cremáster e inervação sensitiva do escroto/grandes lábios e da pele
da porção superior do triângulo femoral, ou seja, face ântero-medial da raiz da coxa
Nervo obturador (L2-L4, divisão anterior): nervo misto (NETTER pp. 488 e 526)
Trajecto: inicialmente posterior, depois medial ao M. psoas major, cruza a Art. sacro-ilíaca e linha arqueada do ílion
posteriormente aos vasos ilíacos comuns e lateralmente aos vasos ilíacos internos, junto à fáscia do M. obturador
interno, alcançando o canal obturador, bifurcando-se dentro deste, em dois ramos:
Ramo anterior: desce à frente dos M. obturador externo e adutor curto, coberto pelos M. pectíneo e adutor
longo, torna-se superficial no 1/3 médio da região medial da coxa à frente do M. gracillis e comunica com o
N. safeno e com o N. cutâneo femoral anterior medial, formando um plexo sub-sartório
o Função:
Inervação motora dos M. pectíneo (inconstante), curto e longo adutores, e gracillis
Inervação sensitiva para a metade ou o terço inferior da região interna da coxa
Pode dar ramo articular da anca no trajecto inicial
Ramo posterior: perfura o M. obturador externo para posterior e desce à frente do adutor magno, atrás dos
curto e longo adutores, terminando com um ramo articular do joelho que perfura o adutor magno
o Função:
Inerva os M. obturador externo, curto adutor, adutor magno
Inervação sensitiva para articulação do joelho
Pode dar ramo articular da anca no trajecto inicial
N. obturador acessório (em 10% dos casos; L3, 4):
Trajecto semelhante, embora passe superiormente ao ramo superior do púbis, para inervar o M. pectíneo e
dá um ramo articular da anca
Termina unindo-se ao ramo anterior do N. obturador
Nervo femoral (L2-L4, divisão posterior): nervo misto (NETTER pp. 488 e 525)
Trajecto: oblíquo ântero-ínfero-lateralmente, inicialmente atrás do M. psoas major, contorna-o pelo seu bordo
lateral, e desce no sulco entre os M. psoas major e ilíaco, profundamente à fáscia ilíaca e passa inferiormente ao lig.
inguinal, lateralmente ao arco ílio-pectíneo, que o separa do anel femoral, ramificando-se assim que entra na coxa
Ramos colaterais: dá ramos musculares para o M. psoas major, ilíaco, pectíneo, sartorius e ramo da A. femoral
Ramos terminais: divididos em divisão anterior e divisão posterior pela A. circunflexa femoral lateral
61
N. cutâneo femoral anterior medial: cruza anteriormente a A. femoral, dá ramos cutâneos mediais que
perfuram a fáscia lata, e divide-se em ramo anterior e posterior ao nível do ápex do triângulo femoral
o Ramo anterior: acompanha o bordo anterior do M. sartorius, perfura a fáscia lata a meio da coxa e
alcança a região ântero-medial do joelho, comunicando com o ramo infra-patelar do N. safeno
o Ramo posterior: acompanha o bordo posterior do M. sartorius, perfura a fáscia lata, comunica com o
N. safeno e alcança o bordo medial do joelho
o Ambos os ramos formam o plexo sub-sartório com um ramo do N. safeno e ramo anterior do obturador
o Função: dá a inervação sensitiva da região ântero-medial e o 1/3 médio da região medial da coxa
N. cutâneo femoral anterior lateral: perfura a fáscia lata 8cm abaixo do ligamento inguinal e distribui-se
na face anterior de toda a coxa, até ao joelho, formando o plexo peri-patelar
o Pode dar ramo muscular para o M. sartorius
o Forma o plexo peri-patelar com o ramo infra-patelar do N. safeno, ramo anterior do N. obturador e
ramo anterior do N. cutâneo femoral lateral
o Função: dá a inervação sensitiva da região anterior da coxa até ao joelho
N. do quadricípite femoral:
o Ramo para o M. recto femoral e articular da anca
o Ramo para o M. vasto lateral acompanha o ramo descendente da A. circunflexa femoral lateral e dá
ramo articular do joelho, assim como para o M. vasto intermédio
o Ramo para o M. vasto medial acompanha o N. safeno e também dá ramo articular do joelho e para o
M. vasto intermédio, que por vezes perfura até ao M. articular do joelho
o Ramos (3-4) para o M. vasto intermédio e um ramo para o M. articular do joelho que dá ramo articular
do joelho
o Função:
Inervação motora do M. quadricípite femoral
Inervação sensitiva da Art. coxo-femoral e do joelho
N. safeno: no triângulo femoral é lateral aos vasos femorais, desce com obliquidade ínfero-medial
acompanhado do ramo para o M. vasto medial, entra no canal dos adutores, cruza anteriormente os vasos
femorais, perfura o septo vasto-adutor com o ramo safeno da A. genicular descendente e torna-se superficial
entre os tendões dos M. sartorius e gracillis, acompanhando a V. grande safena até ao bordo medial do pé e
hálux
o Ramo infra-patelar: forma o plexo peri-patelar com o ramo anterior do N. cutâneo femoral anterior
lateral, ramo anterior do N. cutâneo femoral lateral e ramo anterior do N. obturador
o N. cutâneos crurais mediais: distribuem-se na pele da região ântero-medial da perna
o Função: dá a inervação sensitiva da região pré-patelar, ântero-medial da perna e medial do pé
62
N. glúteo inferior (L5-S2): motor
o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático infra-piriforme e inerva o M. grande glúteo
N. para o M. pirifome (S1-S2), motor: perfura o músculo na sua face anterior inervando-o
N. cutâneo femoral posterior (S1-S3): sensitivo
o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático infra-piriforme e dirige-se verticalmente, medialmente ao N.
ciático, distribui-se pela face posterior da coxa até à região poplítea, onde se torna superficial,
acompanha a V. pequena safena até meio da perna e comunica com o N. cutâneo sural medial
o Ramos colaterais:
N. cluniais inferiores: contornam o bordo inferior do M. grande glúteo e inervam a pele da região
glútea inferior
Ramo perineal: segue o sulco génito-femoral, inervando a região súpero-medial da coxa, períneo
e genitais externos
o Função: inerva a face posterior da coxa e região poplítea
Nervo ciático (L4-S3, divisão posterior): nervo misto (NETTER pp. 489-490, 527)
Trajecto: sai com 1.5-2cm de largura pelo foramen grande ciático infra-piriforme, desce no quadrante ínfero-medial
da região glútea, entre a tuberosidade isquiática e o grande trocânter, descendo depois, na vertical, na região
posterior da coxa, acompanhado pela A. comitativa do N. ciático (colateral da A. glútea inferior), e termina antes de
alcançar a região poplítea
Terminação: proximalmente à região poplítea, por bifurcação em N. tibial e N. peroneal comum (descritos
separadamente), quando os músculos posteriores da coxa divergem para formar os lados superiores do losango
poplíteo, embora a bifurcação possa acontecer em qualquer nível da coxa
Relações:
No foramen grande ciático:
o Superiormente: o M. piriforme
o Inferiormente: o M. gémeo superior
o Medialmente: os vasos glúteos inferiores, vasos pudendos internos, N. pudendo e N. para o M.
obturador interno
o Posteriormente: os N. glúteo inferior, cutâneo femoral posterior e N. para o quadrado femoral e o M.
grande glúteo
Na região glútea:
o Medialmente: A. glútea inferior, N. cutâneo femoral posterior
o Anteriormente: M. gémeos, obturador interno e quadrado femoral
o Posteriormente: M. grande glúteo e à longa porção do M. bicípite femoral
63
Na região posterior da coxa:
o Anteriormente: o M. adutor magno
o Posteriormente e depois lateralmente: o M. bicípite femoral
o Medialmente: os M. semi-tendinoso e semi-membranoso
Ramos colaterais: dá ramos musculares para M. adutor magno e músculos posteriores da coxa, e dá ramos
articulares da anca e joelho
Nota clínica: a noção da posição do N. ciático na região glútea é importante, nomeadamente, quando se pretende administrar uma
injecção intra-muscular no M. grande glúteo. Uma vez que o N. ciático ocupa o quadrante ínfero-medial desta região, a injecção deve
ser dada, preferencialmente, no quadrante súpero-lateral. Uma abordagem mais precisa é possível se se colocar o indicador na EIAS,
repousando a palma da mão no grande trocânter, e introduzindo a agulha no espaço entre os dedos indicador e médio.
in Sobotta
64
Nervo peroneal comum (NETTER pp. 527-529): nervo misto
Origem: por bifurcação terminal do N. ciático acima do vértice superior da região poplítea
Trajecto e relações: oblíquo ínfero-lateralmente, acompanha o bordo medial do M. bicípite femoral até à cabeça
fibular, passando entre o colo fibular e a inserção fibular do M. longo peroneal
Terminação: bifurcando-se nos N. peroneais profundo e superficial
Ramos colaterais:
Ramo muscular do M. tibial anterior que dá ramo articular da art. tíbio-fibular proximal
Ramos articulares directos (acompanham as A. geniculares laterais) e recorrente (pode vir do N. peroneal
profundo, acompanha A. recorrente tibial anterior) para a Art. do joelho e art. tíbio-fibular proximal
N. cutâneo sural lateral: sensitivo
o Origem na região poplítea, com trajecto desce oblíquo para lateral na margem lateral da perna,
inervando a pele desta zona
Ramo comunicante sural: sensitivo
o Origem ao nível da cabeça fibular, e tem um trajecto oblíquo ínfero-medialmente, unindo-se ao N.
cutâneo sural medial para formar o N. sural
o Pode ser colateral do N. cutâneo sural lateral ou nascer directamente do N. peroneal comum
Função: inervação sensitiva daa pele dos 2/3 proximais da metade lateral da face posterior e da face lateral da perna,
daa Art. do joelho, e inervação motora do M. tibial anterior
65
Ramos colaterais:
Ramos musculares para os M. longo e curto peroneais, podendo dar um ramo para o M. terceiro peroneal
Ramos cutâneos para a 1/2 inferior da face ântero-lateral da perna
Função:
Inervação motora dos M. longo e curto peroneais
Inervação sensitiva da a 1/2 inferior da face lateral da perna, do dorso do pé, o bordo medial do hálux a pele
adjacente aos 2º, 3º, 4º e 5º dedos
66
Nervo plantar medial (NETTER pp. 521 e 528): nervo misto
Origem: ao nível do canal calcaneano por bifurcação do N. tibial
Trajecto: percorre a planta do pé lateralmente à A. plantar medial, profundamente ao M. abdutor do hálux e
superficialmente ao M. longo flexor dos dedos, acompanhando o seu tendão e terminando por bifurcação
Ramos terminais:
Ramo medial: dá o N. digital plantar medial do hálux, que dá o ramo muscular do M. curto flexor do hálux
Ramo lateral: trifurca-se nos 3 primeiros N. digitais plantares comuns que se bifurcam em:
o N. digitais plantares mediais dos 2º, 3º e 4º dedos e N. digitais plantares laterais dos 1º, 2º e 3º dedos
Dão ramos articulares para as Art. inter-falângicas e ramos para o perioníquio (rodeia a unha)
o O 1º N. digital plantar comum dá ramo muscular para o 1º lombricóide
Ramos colaterais:
Ramos musculares para M. abdutor e curto flexor do hálux (inconstante), curto flexor dos dedos e quadrado
plantar
Ramos articulares para Art. tarsais e metatarsais
Ramos cutâneos plantares mediais para a pele da porção medial da planta do pé
Função:
Inervação motora dos M. abdutor e curto flexor do hálux, curto flexor dos dedos, quadrado plantar e 1º
lombricóide
Inervação sensitiva da planta do pé e face plantar dos dedos medialmente a um plano que passa no 4º dedo
Nota clínica: nos corredores e joggers, o N. plantar medial pode ser comprimido no nó de Henry, o cruzamento dos
tendões dos M. longo flexor do hálux (profundamente) e M. longo flexor dos dedos, causando dor e parestesias
67
Sistematização da Inervação Motora do Membro Inferior
Músculos da anca
M. grande glúteo: N. glúteo inferior, colateral do Plexo sagrado
M. médio glúteo e pequeno glúteo: N. glúteo superior, colateral do Plexo sagrado
M. piriforme: N. para o M. piriforme, colateral do Plexo sagrado
M. obturador externo: ramo posterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
M. obturador interno e gémeo superior: N. para o obturador interno, colateral do Plexo sagrado
M. quadrado femoral e gémeo inferior: N. para o quadrado femoral, colateral do Plexo sagrado
Músculos da coxa
Região anterior:
M. tensor da fáscia lata: ramo inferior do N. glúteo superior, colateral do Plexo sagrado
M. sartorius: colateral directo do N. femoral ou ramo colateral do N. cutâneo femoral anterior lateral,
colateral do N. femoral, terminal do Plexo lombar
M. quadricípite femoral e articular do joelho: ramos individuais do N. do quadricípite femoral,
terminal do N. femoral, terminal do Plexo lombar
Região medial:
M. pectíneo: dupla inervação pelo ramo anterior do N. obturador ou o N. obturador acessório e
colateral do N. femoral, todos terminais do Plexo lombar
M. gracillis: ramo anterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
M. longo adutor: ramo anterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
M. curto adutor: ramos anterior e posterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
M. adutor magno: dupla inervação pelo ramo posterior do N. obturador e pelo colateral do N. ciático
Região posterior: M. bicípite femoral, semi-tendinoso e semi-membranoso: colaterais do N. ciático
Músculos da perna
Região anterior:
M. tibial anterior, longo extensor do hálux e longo extensor dos dedos: colaterais do
N. peroneal profundo, terminal do N. peroneal comum, terminal do N. ciático
M. terceiro peroneal: dupla inervação por colateral do N. peroneal profundo (constante) e colateral
do N. peroneal superficial (inconstante)
Região lateral: M. longo e curto peroneais: N. peroneal superficial, terminal do N. peroneal comum
Região posterior: M. tricípite sural, plantar, poplíteo, longo flexor dos dedos, tibial posterior e longo flexor
do hálux: colaterais do N. tibial, terminal do N. ciático
Músculos do pé
Região dorsal: M. curto extensor dos dedos: ramo lateral, terminal, do N. peroneal profundo
Região plantar medial:
M. abdutor e curto flexor do hálux: colaterais do N. plantar medial, terminal do N. tibial
M. adutor do hálux: ramo profundo, terminal, do N. plantar lateral, terminal do N. tibial
Região plantar lateral:
M. abdutor, curto flexor e oponente do mínimo: ramo superficial, terminal, do N. plantar lateral
Região plantar média:
M. curto flexor dos dedos e 1º lombricóide: colateral e terminal do N. plantar medial
M. 2º-4º lombricóides e interósseos (D e L): ramo profundo do N. plantar lateral
M. quadrado plantar: dupla inervação por colaterais dos N. plantares medial e lateral
68
in Gray
69
Sistematização da Inervação Sensitiva do Membro Inferior
Região glútea
Região súpero-lateral: ramo lateral do N. ílio-hipogástrico, colateral do Plexo lombar
Região ínfero-lateral: ramo posterior do N. cutâneo femoral lateral, colateral do Plexo lombar
Região média superior: N. cluniais superiores, ramos dorsais dos N. espinhais de L1-L3
Região média inferior: N. cluniais inferiores, colaterais do N. cutâneo femoral posterior
Região medial: N. cluniais mediais, ramos dorsais dos N. espinhais de S1-S3
Região peri-anal: N. perfurante cutâneo, colateral do Plexo sagrado, ou do N. pudendo ou N. cutâneo
femoral posterior
Coxa
Região ântero-externa: N. cutâneo femoral lateral, colateral do Plexo lombar
Região ântero-medial:
1/3 superior médio: ramo femoral do N. génito-femoral, colateral do Plexo lombar
1/3 superior medial: N. ílio inguinal
2/3 inferiores: N. cutâneo femoral anterior medial e lateral, terminais do N. femoral
Região medial:
1/3 superior (raíz da coxa): N. ílio inguinal, colateral do Plexo lombar e ramo perineal do N. cutâneo
femoral posterior, colateral do P. sagrado
1/3 médio ou 2/3 inferiores: ramo anterior do N. obturador, terminal do Plexo lombar
1/3 inferior ou região medial do joelho: ramo posterior do N. cutâneo femoral anterior medial
Região posterior e região poplítea: N. cutâneo femoral posterior, colateral do Plexo sagrado
Joelho: Plexo peri-patelar com o ramo anterior do N. cutâneo femoral lateral, N. cutâneo femoral anterior
lateral, o ramo infra-patelar do N. safeno e ramo anterior do N. obturador
Perna
Região ântero-medial: N. crurais mediais, colaterais do N. safeno, terminal do N. femoral
Região ântero-lateral:
1/2 superior: N. cutâneo sural lateral, colateral do N. peroneal comum, terminal do N. ciático
1/2 inferior: N. peroneal superficial, terminal do N. peroneal comum
Região posterior:
1/2 medial: N. crurais mediais, colaterais do N. safeno, terminal do N. femoral
1/2 lateral, 1/3 superior: N. cutâneo sural medial, colateral do N. tibial, terminal do N. ciático
1/2 lateral, 2/3 inferior: N. sural, combinação de colaterais dos N. peroneal comum e tibial
Tornozelo e pé
Região maleolar tibial: N. safeno, terminal do N. femoral
Bordo medial: N. safeno, terminal do N. femoral
Região maleolar fibular: N. sural e N. cutâneo dorsal intermédio, terminal do N. peroneal superficial
Bordo lateral: N. cutâneo dorsal lateral, terminal do N. sural
Face dorsal: N. cutâneos dorsais medial e intermédio, terminais do N. peroneal superficial
1º espaço interdigital: ramo medial do N. peroneal profundo, terminal do N. peroneal comum
Face plantar: dividida por plano que vai desde o calcâneo ao ápex do 4º dedo
Medialmente: ramos cutâneos plantares do N. plantar medial, terminal do N. tibial
Lateralmente: ramos cutâneos plantares do N. plantar lateral, terminal do N. tibial
Calcâneo: N. calcaneanos mediais e laterais, colaterais dos N. tibial e sural, respectivamente
70
in Gray
71
Sistematização da Inervação Articular do Membro Inferior
Articulação coxo-femoral
Anteriormente, pelo Plexo lombar:
Ramo anterior e/ou posterior do N. obturador, ou N. obturador acessório, terminais do P. lombar
Ramo para o M. recto femoral do N. do quadricípite femoral, terminal do N. femoral
Posteriormente, pelo Plexo sagrado:
N. para o quadrado femoral, colateral do Plexo sagrado
Colaterais do N. ciático, terminal do Plexo sagrado
Articulação do joelho
Ramo posterior do N. obturador
Ramos do N. do quadricípite femoral (excepto do ramo do M. recto femoral)
Colaterais do N. ciático (inconstantes)
2 ramos colaterais do N. tibial, que acompanham as A. geniculares mediais
2 ramos articulares directos do N. peroneal comum, que acompanham as A. geniculares laterais
1 ramo articular recorrente do N. peroneal comum ou profundo, que acompanha a A. recorrente
tibial anterior
Articulações tíbio-fibulares
Proximal:
o Ramo muscular do M. tibial anterior do N. peroneal comum
o 1 ramo articular recorrente do N. peroneal comum, acompanha A. recorrente tibial anterior
o Ramo muscular do M. poplíteo, colateral do N. tibial
Distal:
o N. interósseo da perna, colateral do N. para o poplíteo
o Ramos ocasionais dos N. peroneal profundo e N. sural
Articulação talo-crural
Colateral final do N. tibial
Colateral do N. peroneal profundo
Colateral ocasional do N. sural, combinação de colaterais dos N. peroneal comum e tibial
Articulações inter-falângicas
N. digitais plantares, terminais dos N. plantares medial e lateral
72
Osteologia do Membro Superior
Clavícula (NETTER p. 404)
Considerações gerais:
Osso par, longo, em forma de S itálico, oblíquo ântero-ínfero-medialmente
Articula com a escápula, com o esterno e com a 1ª cartilagem costal
Curvaturas: uma medial, côncava posteriormente, e uma lateral, côncava anteriormente
Descrição: um corpo com duas faces e duas margens, e duas extremidades, uma medial e uma lateral
Corpo
Face superior: superficial, relaciona-se com o M. platisma e com a pele
Face inferior: apresenta sulco para a inserção do M. subclávio e fáscia clavi-peitoral na porção média
o As porções medial e lateral da face inferior do corpo são descritas junto com as extremidades
Margem anterior: inserção do M. deltóide, no 1/3 lateral, e do M. grande peitoral nos 2/3 mediais
Margem posterior: inserção do M. trapézio no 1/3 lateral e do feixe clavicular do M. ECM, no 1/3 medial
Extremidades
Lateral ou acromial, mais achatada: apresenta face articular ovalar para o acrómio da escápula
o Na face inferior: linha do trapezóide e o tubérculo conóide, para a inserção dos ligamentos homónimos
O tubérculo conóide está no início do1/4 lateral junto à margem posterior
A linha do trapezóide parte do tubérculo conóide e corre ântero-lateralmente
Medial ou esternal, mais cilíndrica: apresenta face articular complexa para o esterno e 1ª cartilagem costal
o Na face inferior: impressão para inserção do lig. costo-clavicular
o A sua porção superior é rugosa pela inserção do lig. interclavicular, cápsula e disco articular
Face anterior ou costal: por ser côncava, forma a fossa subescapular, que dá inserção ao M. subescapular
Margem medial: por ter espessura apreciável, é subdivisível em três porções, de anterior para posterior
Lábio anterior: inserção do M. serratus anterior
Interstício, de superior para inferior, dá inserção a:
o M. elevador da escápula: desde o ângulo superior da escápula até à raiz da espinha da escápula
o M. pequeno rombóide: junto à raiz da espinha da escápula
o M. grande rombóide: restante interstício até ao ângulo inferior da escápula
Lábio posterior, de superior para inferior: inserção dos M. supra-espinhoso e infra-espinhoso
74
Ângulo lateral: o ângulo mais volumoso, facilmente identificável pela presença da cavidade glenóide
Cavidade glenóide: recebe a cabeça do úmero
o Colo escapular: depressão circunferencial que separa a cavidade glenóide da restante escápula
o Tubérculo supra-glenoideu: no rebordo superior, dá inserção à longa porção do bicípite braquial
o Tubérculo infra-glenoideu: saliência do rebordo inferior, já descrito na margem lateral
Processo coracóide: saliência em gancho, com porção inicial vertical e depois horizontal, que se dirige ântero-
lateralmente, estando situada entre o tubérculo supra-glenoideu (marca a sua base) e a incisura escapular
o Base: da sua margem lateral parte o lig. córaco-glenoideu
o Bordo medial: inserção do M. pequeno peitoral
o Bordo lateral: inserção dos ligg. córaco-umeral, inferiormente, e córaco-acromial, superiormente
o Ângulo ou porção posterior da face superior: inserção do lig. conóide (parte do lig. córaco-clavicular)
o Face superior do segmento horizontal: inserção do lig. trapezóide (parte do lig. córaco-clavicular)
o Ápex: inserção do tendão comum à curta porção do M. bicípite braquial, mais lateralmente, e do
córaco-braquial, mais medialmente
Corpo: porção longa, diafisária, que em secção transversal tem forma triangular, definindo-se assim as faces
Face ântero-lateral: apresenta, na porção média, a tuberosidade deltóide
o A tuberosidade forma com as margens lateral e anterior os ramos posterior e anterior do V deltoideu
o Na tuberosidade insere-se o M. deltóide e, abaixo desta, em toda a restante face, o M. braquial
Face ântero-medial: na porção média insere-se o M. córaco-braquial, e na metade inferior o M. braquial
o O seu 1/3 superior continua-se com o sulco intertubercular
o No seu 1/3 médio, próximo da margem medial, insere-se o M. córaco-braquial
o Inferiormente à inserção do M. córaco-braquial, apresenta o foramen nutritivo do úmero
o Na sua 1/2 inferior insere-se o M. braquial
Face posterior: percorrido, com obliquidade ínfero-lateral, no seu 1/3 superior, pelo sulco radial ou espiral
o O sulco radial contém o N. radial e a A. braquial profunda
o O sulco continua-se em direcção à face ântero-lateral, atingindo-a inferiormente à tuberosidade deltóide
o Nos lábios do sulco inserem-se, respectivamente, os vastos lateral e medial do M. tricípite braquial
Margem anterior: forma, na porção média, com a tuberosidade glútea, o V deltóide
o Superiormente: continua-se com a crista do grande tubérculo (ou lábio lateral do sulco intertubercular)
o Inferiormente: bifurca-se para constituir os limites da fossa coronóide
Margens lateral: dá inserção ao septo intermuscular lateral
o Interrompida na união do seu 1/3 médio com o 1/3 inferior pelo sulco radial, vindo da face posterior
o Continua-se, inferiormente, como crista supra-condilar lateral, que termina no epicôndilo lateral, e dá
inserção aos M. bráquio-radial e longo extensor radial do carpo
Margem medial: dá inserção ao septo intermuscular medial
o Superiormente: continua-se com a crista do pequeno tubérculo (lábio medial do sulco intertubercular)
o Na sua porção média apresenta a inserção do M. córaco-braquial
o Inferiormente: continua-se como crista supra-condilar medial, que termina no epicôndilo medial
o Em 1-2% dos casos, no 1/3 inferior da margem medial, 5cm acima do epicôndilo medial, existe um
processo supra-condilar, curvo ântero-inferiormente em gancho, cujo ápex emite uma corda fibrosa, o
ligamento de Struthers, para a margem superior do epicôndilo medial, que delimita um foramen que
dá passagem ao N. mediano (onde pode sofrer compressão) e para a A. braquial
75
Extremidade superior: mais volumosa, com aspecto esferóide, apresenta uma cabeça, dois tubérculos e um sulco
Cabeça: 1/3 de esfera com 30mm de raio, orientada medialmente, articula com a cav. glenóide da escápula
o Forma com o eixo do corpo um ângulo de 130º, aberto medialmente
Colo anatómico: sulco circunferencial entre a cabeça e os tubérculos
o Superiormente ao peq. tubérculo apresenta a fossa supra-tubercular para o lig. gleno-umeral superior
Grande tubérculo (troquiter): saliência póstero-lateral, volumosa, que se continua inferiormente com a crista
do grande tubérculo (ou lábio lateral do sulco intertubercular), e apresenta 3 facetas:
o Faceta superior: inserção do M. supra-espinhoso
o Faceta média: em posição póstero-inferior à superior, dá inserção ao M. infra-espinhoso
o Faceta inferior: em posição inferior à média, dá inserção ao M. teres minor
Pequeno tubérculo (troquino): saliência ântero-medial que se continua inferiormente com a crista do
pequeno tubérculo (ou lábio medial do sulco intertubercular), e dá inserção ao M. sub-escapular
Sulco intertubercular: sulco com orientação vertical inferior, ladeado pelas cristas dos tubérculos, os lábios
o Lábio lateral (crista do GT): inserção do M. grande peitoral
o Lábio medial (crista do PT): inserção do M. teres major
o Fundo do sulco: inserção do M. latissimus dorsal, profundamente às estruturas que correm no sulco
o O sulco aloja as seguintes estruturas: o tendão da longa porção do M. bicípite braquial, a bursa do
tendão referido e o ramo ascendente da A. circunflexa umeral anterior
Colo cirúrgico: área metafisária, distal aos tubérculos, que une a extremidade superior ao corpo do úmero
in Sobotta
76
Extremidade inferior: constituído por dois côndilos, um medial, cuja superfície articular é a tróclea, e um lateral,
cuja superfície articular é o capítulo, cada um dos quais com epicôndilos
Capítulo: sup. articular lateral e anterior, de forma semi-hemisférica, articula com a fóvea articular do rádio
o Apenas apreciável no aspecto anterior e inferior da extremidade inferior
o Limitado ântero-superiormente pela fossa radial, que recebe a cabeça radial, em flexão
o Separado da tróclea pelo sulco capítulo-troclear, biselado e orientado súpero-lateralmente
Tróclea: superfície articular medial, em forma de roldana, articula com a incisura troclear da ulna
o Continua-se com os aspectos inferior e posterior da ext. inferior, alargando da frente para trás
o Limitada ântero-superiormente pela fossa coronóide, que recebe o proc. coronóide da ulna, em flexão
o Limitada póstero-superiormente pela fossa olecraneana, que recebe o olecrânio da ulna, em extensão
Epicôndilo lateral: saliência lateral do côndilo lateral, dá inserção a ligamentos e músculos
Epicôndilo medial (+ proeminente): saliência medial do côndilo medial, dá inserção a ligamentos e músculos
o Póstero-inferiormente, forma um sulco para o N. ulnar, chamado sulco epitrócleo-olecraneano
in Gray for Students
Corpo: porção longa, diafisária, que em secção transversal tem forma triangular, definindo-se assim as faces
Face anterior: dá inserção, nos 2/3 superiores, ao M. flexor profundo dos dedos, e no 1/3 inferior, ao
quadrado pronador, e apresenta o foramen nutritivo da ulna proximalmente ao seu ponto médio
Face posterior:
o Tem uma crista longitudinal, paralela e muito próxima da crista interóssea, que parte do ramo posterior
da superfície sub-sigmoideia e divide a face posterior em porção medial e lateral (esta muito estreita)
o Porção lateral: inserção dos M. longo abdutor, longo extensor (por vezes o curto) do polegar e o
extensor do indicador
o Porção medial: inserção, no 1/3 superior, numa superfície triangular, o M. ancónio, e no 1/3 médio,
insere-se o M. extensor ulnar do carpo, até junto da margem posterior
Face medial: inserção do M. flexor profundo dos dedos nos 2/3 superiores
77
Margem anterior: nos 2/3 superiores, insere-se o M. flexor profundo dos dedos, e no 1/3 inferior insere-se o
quadrado pronador
o Esta margem prolonga-se, inferiormente, até à base do processo estilóide
Margem posterior: de medial para lateral, dá inserção aos M. flexor e extensor ulnar do carpo
o Superiormente bifurca-se em duas cristas que vão formar as margens laterais do olecrânio
o A superfície entre estas cristas faz parte das inserções do M. ancónio
Margem lateral ou crista interóssea: dá inserção à membrana interóssea do antebraço nos seus 3/4 inferiores
o A extremidade superior (1/4 sup.) bifurca-se, delimitando a superfície sub-sigmoideia para inserção do
M. supinador, sendo o ramo posterior desta bifurcação, rugoso, chamado crista do supinador
o Os ramos da bifurcação superior vão formar os limites anterior e posterior da incisura radial
o No 1/4 inferior esta crista interóssea deixa de existir, uma vez que o corpo se torna cilindróide
Extremidade superior: volumosa e apresenta incisuras radial e troclear, esta formada pelo olecrânio e pr. coronóide
Incisura troclear (lembra uma cadeira): cavidade articular orientada ântero-superiormente que articula com
a tróclea umeral
o Apresenta uma saliência longitudinal que divide a incisura em metade medial e lateral
o O limite posterior é o olecrânio (costas da cadeira), projecção vertical cujo ápex se relaciona com a fossa
olecraneana do úmero em extensão completa do antebraço, e recebe o tendão do M. tricípite braquial
o O limite anterior é o processo coronóide (assento da cadeira), projecção horizontal cujo bico se
relaciona com a fossa coronóide do úmero, em flexão do antebraço
Incisura radial: pequena faceta articular na margem lateral do processo coronóide, que recebe a
circunferência articular do rádio
Tuberosidade ulnar: saliência rugosa anterior, inferior e lateral ao processo coronóide, que dá inserção ao
tendão do M. braquial
Corpo: porção longa, diafisária, que em secção transversal tem forma triangular, definindo-se assim as faces
Face anterior: nos 2/3 sup. dá inserção ao M. longo flexor do polegar e no 1/3 inferior ao quadrado pronador
o Apresenta o foramen nutritivo do rádio proximalmente à sua porção média
Face posterior: dá inserção nos 2/4 médios ao M. longo abdutor (sup.) e curto extensor do polegar (inf.)
Face lateral: dá inserção na metade superior ao M. supinador e, na porção média, através da tuberosidade
do pronador, dá inserção ao M. pronador teres
Margem anterior: dá inserção, na metade superior, ao feixe radial do M. flexor superficial dos dedos
o Esta margem parte da tuberosidade radial e prolonga-se até à base do processo estilóide
o Tem orientação oblíqua ínfero-lateral na porção superior, e vertical inferior na porção inferior
Margem posterior: romba nas extremidades, pelo que a transição entre faces lateral e posterior é mal definida
78
Margem medial ou crista interóssea: inserção da membrana interóssea em quase toda a extensão
o Parte da tuberosidade radial e bifurca-se distalmente para formar a face medial da extremidade inferior,
o A membrana interóssea acompanha a bifurcação, dividindo-se em folhetos anterior e posterior para
limitar essa face
o 4-5cm abaixo da tuberosidade radial apresenta o tubérculo interósseo para inserção de feixes da
membrana interóssea
in Gray
79
Carpo (NETTER pp. 439-443) Some Lovers Try Positions
They Truly Can’t Handle
Considerações gerais:
Duas fileiras de 8 ossos curtos de forma cuboideia, em que as faces anterior e posterior não articulam
Procarpo, de lateral para medial: escafóide, lunatum, triquetrum, pisiforme
Mesocarpo, de lateral para medial: trapézio, trapezóide, capitatum e hamatum
A sua disposição forma a goteira cárpica, côncava anteriormente, que dá passagem a tendões, vasos e nervos:
o Limite lateral: proximalmente o tubérculo do escafóide e distalmente o tubérculo do trapézio
o Limite medial: proximalmente o pisiforme e distalmente o hamulus do hamatum
o Limite anterior: o retináculo dos flexores
Procarpo: para orientação serve que a maior face não articular é a anterior
Escafóide, o mais volumoso do procarpo:
o Face superior: articula com a faceta articular lateral da extremidade inferior do rádio
o Face inferior: articula com o trapézio e trapezóide
o Face lateral: apresenta a incisura da A. radial para esse vaso no seu trajecto palmo-dorsal
o Face medial: articula com o capitatum, distalmente, e com o lunatum, proximalmente
o Face anterior: apresenta o tubérculo do escafóide, para o lig. colateral radial e retináculo dos flexores
Lunatum ou semi-lunar:
o Face superior: articula com a faceta articular medial da extremidade inferior do rádio
o Face inferior: articula com o capitatum e hamatum
o Face lateral: articula com o escafóide
o Face medial: articula com o triquetrum
Triquetrum ou piramidal: pirâmide com base súpero-lateral e ápex ínfero-medial
o Face superior: relacionada com o disco articular do punho e, através deste, com a cabeça ulnar
o Face inferior: articula com o hamatum
o Face lateral ou base: articula com o lunatum
o Face anterior e ápex: articula com pisiforme
o Face posterior apresenta crista do triquetrum: dá inserção a feixe do lig. colateral ulnar do carpo
Pisiforme (forma de ervilha), o menos volumoso do carpo: forma esférica, dá inserção ao ret. dos flexores
o Face posterior: articula com o triquetrum
o Face lateral: sulco para a artéria e nervo ulnar
o Face anterior: distalmente insere-se o M. abdutor do mínimo e proximalmente o flexor ulnar do carpo
Mesocarpo: para orientação serve que a maior face não articular é a posterior
Trapézio:
o Face superior: articula com o escafóide
o Face inferior: articula com a base do 1º metacárpico
o Face medial: articula distalmente com a base do 2º metacárpico, e proximalmente com o trapezóide
o Face anterior: apresenta sulco medial para o tendão do flexor radial do carpo e, lateralmente, o
tubérculo do trapézio, que dá inserção ao retináculo dos flexores e limita lateralmente o sulco descrito
Trapezóide:
o Face superior: articula com o escafóide
o Face inferior: articula com a base do 2º metacárpico
o Face lateral: articula com o trapézio
o Face medial: articula com o capitatum
Capitatum, o mais volumoso do carpo, é dividido em cabeça (origem do nome), colo e corpo:
o Cabeça, a porção superior: articula com o lunatum
o Face inferior do corpo: articula com o 2º, 3º e 4º metacárpicos
o Face lateral do corpo: articula distalmente com o trapezóide, e proximalmente com o escafóide
o Face medial do corpo: articula com o hamatum
o Face posterior do corpo: prolonga-se inferiormente pelo processo do capitatum
80
Hamatum: pirâmide de base inferior e ápex superior
o Ápex: relaciona-se com o lunatum
o Face inferior ou base: articula com 4º e 5º metacárpicos
o Face lateral: articula com o capitatum
o Face medial: articula com o triquetrum
o Face anterior: com processo em forma de gancho, o hamulus, que dá inserção ao retináculo dos flexores
Ossos sesamóides: são ossos pequenos, com forma de sementes de sésamo, na espessura de tendões ou
ligamentos, sendo que, na mão, os mais constantes são palmares à 1ª articulação metacarpo-falângica, um medial e
um lateral
Meios de união
Cápsula articular: insere-se no rebordo articular de todas as superfícies articulares, reforçada por ligamentos
Lig. esterno-clavicular anterior: da face anterior da ext. esternal da clavícula à face anterior do manúbrio
Lig. esterno-clavicular posterior: da face posterior da ext. esternal da clavícula à face posterior do manúbrio
Lig. superior, que contempla duas porções:
o Esterno-clavicular: fibras curtas do rebordo superior da ext. esternal da clavícula à incisura jugular
o Interclavicular: fibras longas, superiores, que se fundem com as contralaterais na incisura jugular
Lig. costo-clavicular: da face inferior da ext. esternal da clavícula à face superior da 1ª cartilagem costal
o Na face inferior da extremidade esternal da clavícula forma uma rugosidade
o Lâmina anterior: fibras ântero-laterais continuam-se com a fáscia do M. subclávio
o Lâmina posterior: fibras póstero-mediais que se fundem com a cápsula articular
Membrana sinovial (dupla): a medial reveste a cavidade disco-esternal e a lateral reveste a disco-clavicular
Movimentos: permite movimentos de projecção/deslizamento superior, inferior, anterior e posterior
in Gray
82
Disco articular: em 1/3 a 2/3 dos casos existe um disco articular, normalmente parcial
Normalmente, é prismático triangular e ocupa a metade superior da articulação, tendo bordo inferior livre
Excepcionalmente, o disco é completo e divide a cavidade articular em duas porções independentes
Meios de união
Cápsula articular: insere-se nos rebordos articulares das superfícies articulares
Lig. acrómio-clavicular: reforço capsular no seu aspecto superior
o Plano profundo: espessamento de fibras capsulares
o Plano superficial: fibras com obliquidade póstero-medial, sendo individualizável da cápsula
Derivam da transformação fibrosa de algumas fibras musculares do M. trapézio
Lig. córaco-claviculares: não pertencem à articulação mas são importantes fixadores da articulação
o Lig. trapezóide (ântero-lateral): lâmina quadrilátera, quase horizontal, com direcção súpero-lateral
Parte da face superior do segmento horizontal do processo coracóide da escápula
Insere-se na linha do trapezóide da face inferior da extremidade acromial da clavícula
o Lig. conóide (póstero-medial): é triangular em leque, quase vertical, de direcção póstero-superior
Parte do ângulo do processo coracóide (posterior ao lig. trapezóide) da escápula
Insere-se no tubérculo do cubóide, junto à margem posterior da clavícula
o O ângulo entre os ligamentos está preenchido por tecido adiposo ou bursa sinovial
o Por vezes, com o deslizamento directo, em alguns movimentos, do processo coracóide sob face inferior
da clavícula, forma-se uma Art. córaco-clavicular, cujas sup. articulares podem corresponder às
inserções ligamentares, ou formar-se capa fibrocartilaginosa na face súpero-medial do lig. trapezóide
o A fáscia clavi-peitoral, na sua porção subclávia, pode emitir espessamentos para a margem medial do
processo coracóide, constituindo os lig. córaco-claviculares lateral e medial, muito inconstantes
Sinovial: reveste internamente a cápsula, podendo ser dupla em caso de disco completo
Movimentos: deslizamento anterior e posterior
vin Sobotta
83
Articulação do ombro ou gleno-umeral (NETTER pp. 408)
Classificação: enartrose ou esferoideia
Superfícies articulares: a cabeça do úmero e cavidade glenóide da escápula, auxiliados por debrum articular
Cabeça do úmero: 1/3 de uma esfera orientada póstero-súpero-medialmente, com 30mm de raio
o Revestida por cartilagem hialina com 2mm de espessura, mais espessa centralmente
o A sua superfície articular está limitada à periferia pelo colo anatómico que, logo acima do pequeno
tubérculo apresenta a fossa supra-tubercular para o lig. gleno-umeral superior
Cavidade glenóide: cavidade oval, mais larga e profunda inferiormente, no ângulo lateral da escápula
o Centralmente apresenta uma eminência denominada tubérculo glenóide
o Revestida por cartilagem hialina, mais espessa na metade inferior
Debrum glenóide: fibrocartilagem periférica que expande a superfície de contacto da cavidade glenóide
o Base: adere ao rebordo da cavidade glenóide, mais fortemente na metade inferior que na superior
Pode, por vezes, ter aderência ténue superiormente e insinuar-se entre a cabeça umeral e a
cavidade glenóide, entrando na cavidade articular e funcionando como menisco
o Face capsular: face externa, que dá inserção à cápsula articular
o Face articular: face interna, lisa e livre, que é a verdadeira porção articular do debrum
o As suas fibras estão reforçadas por fibras das longas porções dos M. bicípite e tricípite braquiais, que
se inserem, respectivamente, nos tubérculos supra e infra-glenoideus
Meios de união: cápsula articular, laxa (ossos podem ser separados 2-3cm) e incompleta (ver foramen oval adiante)
Inserção umeral: diferente na porção superior e porção inferior da cápsula
o Superiormente: insere-se no colo anatómico, que limita a periferia da superfície articular
o Inferiormente: insere-se na metade medial do colo cirúrgico, distando 1cm da superfície articular
o A inserção anterior faz-se segundo uma linha oblíqua ântero-ínfero-medialmente
o A cápsula é mais espessa inferiormente por não estar reforçada com tendões musculares
Inserção escapular: na face externa do debrum e rebordo glenóide, podendo ir até ao colo escapular, sendo
que a extensão da inserção define o tipo de cápsula:
o Tipo I: inserção apenas na face externa do debrum e rebordo glenóide
o Tipo II: inserção intermédia entre os tipos I e III
o Tipo III: inserção a mais de 1cm distante do rebordo glenóide, já no colo escapular
o Superiormente: passa por cima e para medial do tendão da longa porção do M. bicípite braquial,
podendo estender-se até à base do processo coracóide (tipo III)
o Inferiormente: funde-se com o tendão da longa porção do M. tricípite braquial
84
Lig. transverso umeral: compõe-se de fibras que unem os dois feixes córaco-umerais, cruzando e fechando
anteriormente o sulco intertubercular, actuando como retináculo do tendão da longa porção do M. bicípite
braquial, fixando-o ao dito sulco
Lig. córaco-glenoideu: parte da margem lateral da base do p. coracóide sendo posterior ao lig. córaco-umeral
o Insere-se no tubérculo supra-glenoideu e face capsular do debrum glenoideu, póstero-superiormente
o Pode ser considerado feixe profundo e curto do lig. córaco-umeral, com a mesma origem embriológica
Lig. gleno-umerais (LGU): três ligamentos da metade anterior da articulação que reforçam a cápsula articular
o LGU superior: parte da face capsular do debrum, tubérculo supra-glenoideu e colo escapular
Insere-se, com o feixe inferior do lig. córaco-umeral, na pequena depressão entre o colo
anatómico e o pequeno tubérculo, a já descrita fossa supra-tubercular
o LGU médio: parte da face capsular do debrum com orientação ínfero-lateral
Funde-se com o tendão do M. sub-escapular e insere-se na porção inferior do pequeno tubérculo
o LGU inferior: parte da face capsular do debrum até ao seu pólo inferior com orientação horizontal lateral
Insere-se no terço mais medial do colo cirúrgico do úmero
o Foramen oval de Weitbrecht: está entre os LGU superior e médio, é espaço triangular de base medial
em que desaparece totalmente a cápsula articular, razão pela qual se considera que esta é incompleta
Oferece comunicação da sinovial articular com a bursa sinovial sub-tendinosa do M. sub-escapular
o Foramen sub-coracóide de Rouvière: entre os LGU médio e inferior, é o verdadeiro ponto fraco da art.
Oferece comunicação da sinovial articular com a bursa sinovial sub-coracóide
in Gray
85
in Sobotta
Lig. córaco-glenoideu
adaptado de Sobotta
86
Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular e emite alguns prolongamentos
A sua inserção escapular é na margem livre do debrum, e a umeral no contorno da sua superfície articular
Prolongamento bicipital: manga que acompanha e envolve o tendão da longa porção do M. bicípite braquial
ao longo do sulco intertubercular
o Por vezes este prolongamento pode não ser um túnel completo e cobri-lo só na face inferior, pelo que
o tendão fica directamente fixo/aposto à face interna da porção superior da cápsula articular
Prolongamento sub-escapular: através do foramen oval de Weitbrecht, forma a bursa sub-escapular
Prolongamento sub-coracóide: através do foramen sub-coracóide de Rouvière, forma a bursa sub-coracóide
As bursas sub-deltoideia, sub-acromial e a do supra-espinhoso são bursas com ou sem comunicação patente
com a membrana sinovial através de hiatos capsulares
Movimentos: sendo uma enartrose, permite flexão/extensão, abdução/adução, rotação medial/lateral e ainda o
complexo e composto movimento de circundação
Flexão de 170º, com movimentos da clavícula e escápula; limitada pelo lig. córaco-umeral
Extensão de 40º, limitada pelo lig. córaco-umeral e cápsula articular anterior
Abdução de 180º, com movimentos da clavícula e escápula; limitada pelo lig. gleno-umeral inferior
o A partir dos 120º é necessário que a escápula deslize sobre o tórax, rodando, para que o movimento de
abdução seja completo, pelo que se fala numa pseudo-articulação escápulo-torácica
Adução de 40º, limitada pelos lig. córaco-umerais e M. supra-espinhoso
Rotação de 90º (L) a 100º (M), limitada pelos ligamentos activos antagonistas
in Gray
87
in Gray
88
Ligamentos intrínsecos da escápula (NETTER pp. 408, 411 e 413)
Lig. córaco-acromial: ligamento triangular que parte da margem lateral do processo coracóide (acima do lig.
córaco-umeral) e insere-se no ápex do acrómio, inferiormente à Art. acrómio-clavicular
o Completa, com o acrómio e processo coracóide, a abóbada ósteo-fibrosa do ombro ou arco córaco-
acromial, que funciona como tecto da articulação do ombro
o O espaço entre o arco córaco-acromial e a cabeça do úmero pode ser tão reduzido que esforços
repetidos causam tendinite do M. supra-espinhoso (ou bursite) por conflito sub-acromial
Lig. transverso escapular superior: une as duas extremidades da incisura escapular
o Transforma a incisura num foramen supra-escapular que oferece passagem ao N. supra-escapular
o A A. supra-escapular passa sobre este ligamento, ou seja, não passa no foramen supra-escapular
Lig. transverso escapular inferior: da porção lateral da raiz da espinha da escápula para a porção posterior do
colo da escápula
o Transforma a incisura espinho-glenoideia num foramen para vasos e nervo supra-escapulares
Superfícies articulares
Úmero: revestidas por cartilagem hialina com 1-2mm de espessura
o Tróclea: roldana assimétrica, com eixo maior ínfero-medial
o Sulco capítulo-troclear: sulco biselado com orientação súpero-lateral, separa a tróclea do capítulo
o Capítulo: côndilo de forma hemisférica com orientação ântero-inferior
Ulna: revestidas por cartilagem hialina contínua às duas incisuras
o Incisura troclear: limitada posteriormente pelo olecrânio e anteriormente pelo processo coronóide
Apresenta crista longitudinal mediana que se insere na garganta da tróclea umeral
o Incisura radial: face articular na margem lateral do proc. coronóide, contínua com a incisura troclear
Tem 15-20mm de largura e 8-10mm de altura
Rádio: revestidas por cartilagem hialina
o Fóvea articular ou prato radial: depressão caliciforme da face superior da cabeça radial
Cartilagem de 1mm de espessura no centro e 2mm na periferia
o Circunferência articular: superfície lisa, mais alta medialmente (7-8mm) que lateralmente
Ligamento anular: forma de 3/4 de uma circunferência que participa como superfície articular nos
movimentos de prono-supinação e fixa a Art. rádio-ulnar proximal como uma cinta (ver meios de união)
in Sobotta
89
Meios de união: cápsula articular
Inserção umeral: contorna, anteriormente, os limites das fossas coronóide e radial, insere-se nos epicôndilos
e no fundo da goteira epitrócleo-olecraneana, e posteriormente contorna os limites da fossa olecraneana
Inserção radial: insere-se nos 3/4 laterais do contorno do colo radial, 0.5cm abaixo da cabeça radial
Inserção ulnar: insere-se no ápex e margens do olecrânio (lateralmente “salta” para o colo radial) e,
medialmente, acompanha o rebordo medial da incisura troclear até ao seu bico, afasta-se da superfície
articular para se inserir na face ântero-ínfero-lateral do processo coronóide, descendo ínfero-lateralmente
para se inserir abaixo do limite anterior da incisura radial
Membrana sinovial: reveste a face interna da cápsula articular e forma recessos pelas suas reflexões peri-articulares
Recesso anterior: corresponde às fossas coronóide e radial do úmero, e está preenchido por corpo adiposo
Recesso posterior: corresponde à fossa olecraneana do úmero, e está preenchido por corpo adiposo
Recesso inferior ou anular: corresponde ao espaço em torno do colo radial
o Recesso rádio-ulnar: extensão do recesso inferior, situada abaixo da incisura radial
91
Membrana interóssea do antebraço (NETTER p. 425)
Membrana fibrosa que se insere nos 3/4 inferiores das cristas interósseas do rádio e ulna e, portanto, ocupa
apenas os 3/4 inferiores do espaço interósseo
o O seu bordo superior insere-se, no lado radial, 2cm abaixo da tuberosidade radial
o No seu 1/3 superior da sua face posterior, é possível distinguir um feixe destacado:
Lig. oblíquo interósseo rádio-ulnar, com obliquidade ínfero-lateral, cuja inserção radial é saliente
e denomina-se o tubérculo interósseo
o Nos seus 2/3 superiores é espessa e resistente, enquanto no 1/3 inferior é delgada e mais membranosa
o O seu bordo inferior divide-se em lâmina anterior e posterior para acompanhar a crista interóssea radial
Deixa abertura oval inferiormente para a passagem dos vasos interósseos anteriores
o As suas fibras têm direcção ínfero-medial, à excepção do lig. oblíquo interósseo rádio-ulnar
No 1/4 superior do espaço interósseo existe a corda oblíqua:
o Parte da margem ínfero-lateral do processo coronóide, lateralmente à tuberosidade ulnar, e dirige-se
com direcção ínfero-lateral para se inserir inferiormente à tuberosidade radial
o Delimita com o bordo superior da membrana interóssea um foramen que dá passagem aos vasos e
nervo interósseos posteriores
Meios de união
Disco articular do punho: não se interpõe directamente entre as superfícies articulares mas é intra-articular
e tem inserção em ambos os ossos, apresentando uma forma triangular à secção, pelo que se descrevem:
o Base: insere-se no rebordo medial da superfície articular do rádio
o Vértice: insere-se no ângulo entre a face articular inferior da cabeça ulnar e a face lateral do processo
estilóide ulnar
o Face superior: relaciona-se com a superfície articular da ulna
o Face inferior: relaciona-se com os ossos lunatum e triquetrum
Cápsula articular: insere-se nos rebordos das superfícies articulares e nas margens anterior e posterior do
disco articular
Lig. rádio-ulnar palmar e dorsal: reforçam as faces anterior e posterior da cápsula articular, respectivamente
Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular e emite um recesso saciforme proximal que
acompanha a porção proximal da cápsula em direcção ao espaço interósseo
92
Meios de união
Cápsula articular: fixa-se nos rebordos das sup. articulares e margens anterior e posterior do disco articular
Lig. rádio-cárpico palmar: complexo ligamentar formado por dois grupos de ligamentos principais
o Ligg. rádio-cárpicos: partem do lábio palmar da extremidade inferior do rádio, podendo subdividir-se
em três feixes, descritos de lateral a medial:
Lig. rádio-escafo-capitatum: também tem inserção no processo estilóide radial
Fibras laterais (com inserção no escafóide) formam o lig. colateral radial
Fibras mediais são longas e chegam ao capitatum e fundem-se com fibras do lig. ulno-
lunatum formando o lig. arqueado
Separado do lig. rádio-lunatum longo pelo sulco interligamentoso ou espaço de Poirier
Lig. rádio-lunatum longo: adjacente ao lig. rádio-escafo-capitatum, pode chegar ao triquetrum
Lig. rádio-lunatum curto: trajecto muito curto, medialmente ao longo
o Ligg. ulno-cárpicos: partem do lábio palmar da cabeça da ulna, podendo subdividir-se em três feixes:
Lig. ulno-lunatum: as suas fibras laterais fundem-se com fibras do lig. rádio-escafo-capitatum
para formar o lig. arqueado
Lig. ulno-triquetrum ou colateral ulnar (também tem inserção no processo estilóide ulnar):
algumas das suas fibras podem atingir o hamatum e/ou o capitatum
Lig. ulno-capitatum: ligamento inconstante ou feixe do ulno-triquetrum
Lig. rádio-cárpico dorsal: desde o lábio dorsal da extremidade inferior do rádio às faces posteriores dos
lunatum e triquetrum, podendo dar um feixe escafoideu formando um lig. rádio-escafóide dorsal
in Gray
93
Articulação do carpo (NETTER pp. 440-443)
Art. inter-cárpicas proximais: artrodias entre os ossos do procarpo
O escafóide, lunatum e triquetrum articulam-se por faces laterais e mediais adjacentes
O pisiforme assenta na face anterior do triquetrum
Estão unidos por ligamentos interósseos, palmares e dorsais
o O escafóide emite um longo lig. escafo-triquetrum que ultrapassa o lunatum na face dorsal dos ossos
O pisiforme emite ligamentos laterais e mediais para o triquetrum e ligamentos à distância que o fixam ao
mesmo, como o lig. piso-hamato para o hamulus do hamatum, e piso-metacárpico para a base do 5º meta
Membrana sinovial: corresponde a dois prolongamentos proximais da sinovial da Art. médio-cárpica
Art. inter-metacárpicas: artrodias entre as faces laterais das bases dos últimos 4 metacárpicos
Unidos por ligamentos interósseos, palmares e dorsais entre os ossos adjacentes
Membrana sinovial: correspondem a prolongamentos da sinovial carpo-metacárpica
94
Art. metacarpo-falângicas: condilartroses
Entre os côndilos metacárpicos e as cavidades glenóides das falanges proximais
o Os côndilos têm ranhura mediana, formando quase bicôndilos
o A sup. articular das falanges proximais está aumentada anteriormente por um ligamento palmar que:
Adere fixamente às bases falângicas mas fracamente aos côndilos metacárpicos
Tem face articular cartilaginosa, formando as placas basais/volares
Tem face palmar que se relaciona com o lig. metacárpico transverso profundo (LMTP) os tendões
do flexor profundo dos dedos
Tem margens laterais que se unem aos lig. colaterais acessórios
Unidas por cápsula articular e ligamentos palmares, colaterais medial e lateral, e LMTP
o Os lig. colaterais são grossos e resistentes, e inserem-se proximalmente nos tubérculos das cabeças
metatársicas, divergem em leque com orientação ínfero-anterior/disto-palmar
Fibras posteriores: inserem-se nos tubérculos colaterais das bases falângicas
Fibras anteriores (lig. colateral acessório): inserem-se nas margens laterais dos lig. palmares
o Lig. metacárpico transverso profundo (LMTP): une as placas basais/volares adjacentes das quatro
últimas articulações
o O lig. palmar da 1ª articulação tem, na sua espessura, dois ossos sesamóides
Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular
Movimentos: faz flexão/extensão, abdução/adução e circundação
Art. inter-falângicas: trocleartroses
Entre a tróclea da cabeça de uma falange e a dupla cavidade glenóide da base da falange seguinte
o Da mesma forma que nas Art. metacarpo-falângicas, a superfície articular da base da falange
média/distal está aumentada por um ligamento palmar, com a mesma disposição
Unidas por cápsula articular, ligamentos palmares e colaterais medial e lateral semelhantes aos homólogos
das Art. metacarpo-falângicas
Membrana sinovial: reveste internamente a cápsula articular
Movimentos: apenas de flexão e extensão
in Gray
95
Miologia do Membro Superior
Músculos do ombro (NETTER pp. 405-413)
Grupo anterior, já descrito na Miologia do Tronco: M. grande e pequeno peitoral e M. subclávio
Grupo medial, já descrito na Miologia do Tronco: M. serratus anterior
Grupo lateral: M. deltóide
Grupo posterior: M. sub-escapular, supra-espinhoso, infra-espinhoso, teres minor e major
in Gray
96
Sub-escapular, tem forma triangular de base medial e vértice lateral
Inserção proximal: na fossa sub-escapular da face anterior da escápula
Trajecto: fibras convergem súpero-lateralmente
Inserção distal: no pequeno tubérculo do úmero
Acções: é um dos ligamentos activos da Art. gleno-umeral e faz a rotação medial do braço
Bursas sinoviais: bursa sub-coracóide, ântero-superior, e a bursa sub-tendinosa sub-escapular, posterior
97
Vista anterior
Vista posterior
in Gray
98
Músculos do braço (NETTER pp. 405-406, 417-419)
Grupo anterior: M. bicípite braquial, córaco-braquial e braquial
Grupo posterior: M. tricípite braquial
Bicípite braquial, é escápulo-radial, e está constituído por duas porções, ou cabeças, proximais
Inserções proximais:
o Longa porção: intra-capsularmente, no tubérculo supra-glenoideu da escápula e no debrum glenoideu
o Curta porção: na 1/2 lateral do ápex do pr. coracóide, num tendão comum com o M. córaco-braquial
o Em 10% dos casos nasce uma terceira cabeça/porção da face súpero-medial do M. braquial
Trajecto:
o Longa porção: trajecto curvo ínfero-lateral intra-articular, cruza a cabeça umeral de medial a lateral e
aloja-se no sulco intertubercular, coberto pelo lig. umeral transverso e tendão do M. grande peitoral
o Curta porção: fibras com obliquidade ínfero-lateral
o Porção conjunta: desce verticalmente em direcção à fossa ulnar
Inserções distais: o tendão bicipital insere-se na tuberosidade radial
o Emite expansão fibrosa medial, a aponevrose bicipital, que se prolonga ínfero-medialmente para cobrir
os M. epicondilianos mediais e que se funde com a fáscia ante-braquial, com a função de transmitir à
ulna a força supinadora
o A ocasional terceira cabeça insere-se na aponevrose bicipital e face medial do tendão bicipital
Acções: faz a flexão e a supinação do antebraço
Bursas sinoviais: a longa porção está envolvida na bursa sinovial bicipital no sulco intertubercular
M. tricípite braquial, é escápulo-úmero-ulnar e está constituído por três porções, ou cabeças, proximais
Inserções proximais:
o Longa porção: insere-se no tubérculo infra-glenoideu da escápula e no debrum glenoideu
o Porção lateral: no 1/3 superior da face posterior do úmero, súpero-lateralmente ao sulco radial
o Porção medial: nos 2/3 inferiores da face posterior do úmero, ínfero-medialmente ao sulco radial
Trajecto: convergentes no tendão tricipital, mediano em relação ao eixo umeral
o Longa porção: oblíqua ínfero-lateralmente, cruzando atrás o tendão do M. teres major
o Porção lateral: oblíqua ínfero-medialmente cobrindo o sulco radial, transformando-o num canal ósteo-
muscular
o Porção medial: num plano profundo, coberto pelas porções longa e lateral, tem fibras mediais que
descem ínfero-lateralmente, fibras médias que descem verticalmente e fibras laterais a descer ínfero-
medialmente
As fibras mediais profundas inserem-se no aspecto póstero-medial da cápsula articular do
cotovelo formando o M. articular cubital cuja função é tensionar ou retrair a cápsula em extensão
99
Inserção distal: o tendão tricipital, achatado, insere-se no ápex e face posterior do olecrânio
Acções: faz a extensão do antebraço (+++) e a adução e extensão do braço pela sua porção longa
Triângulo escápulo-umeral
Espaço triangular, de base lateral e ápex medial, formado por músculos do ombro e do braço
Limite superior: margem inferior do M. teres minor
Limite inferior: margem superior do M. teres major
Limite lateral: o colo cirúrgico do úmero
Atravessado pelo tendão da longa porção do M. tricípite braquial, que divide o TEU em dois espaços
o Triângulo escápulo-tricipital, medial: tem, profundamente, sem o atravessar, a A. circunflexa escapular
o Quadrilátero úmero-tricipital, lateral: atravessado por A. circunflexa umeral posterior e N. axilar
Compressão do N. axilar dá o Síndrome do espaço quadrilátero
in Sobotta
100
Vista póstero-
101
Vista anterior lateral superficial
profunda
in Sobotta
Vista posterior
Triângulo
profunda
escápulo-umeral
102
in Sobotta in Gray
Músculos do antebraço (NETTER pp. 426-438)
mediais
M. epicondilianos
Grupo anterior (GA): 8 músculos, divididos em 4 planos de acordo com as fáscias do antebraço
Plano superficial (PS) (4), de lateral a medial: M. pronador teres, FRC, longo palmar e FUC
2º Plano (1): M. flexor superficial dos dedos
3º Plano (2), de medial a lateral: M. flexor profundo dos dedos e longo flexor do polegar
Plano profundo (PP) (1): M. quadrado pronador
Grupo lateral (GL), 4 músculos, de lateral a medial e de anterior a posterior: M. bráquio-radial, LERC, CERC e supinador
Grupo posterior (GP), 8 músculos, divididos em 2 planos de acordo com as fáscias do antebraço
Plano superficial (PS) (4), de lateral a medial: M. extensor dos dedos, extensor do mínimo, EUC e ancónio
o Estes músculos e o CERC são os músculos epicondilianos laterais
Plano profundo (PP) (4), de lateral a medial: M. longo abdutor, curto e longo extensor do polegar e extensor
do indicador
103
superficial
Vista anterior
in Sobotta
104
Longo flexor do polegar (GA, 3ºP)
Inserções proximais: nos 2/3 superiores da face anterior do corpo do rádio e na porção da membrana
interóssea adjacente
o Pode receber feixe acessório de Gantzer que se insere no processo coronóide, face anterior da ulna e
epicôndilo medial
Trajecto: forma tendão que se dirige ínfero-lateralmente para o 1º dedo
Inserções distais: insere-se na face ventral da base da falange distal do polegar
Acções: faz a flexão do polegar, ou seja, das suas falanges
Quadrado pronador (GA, PP), quadrangular e profundo, situa-se no 1/3 distal do antebraço
Inserções proximais: 1/3 distal da margem anterior e face anterior do corpo da ulna
Trajecto: oblíquo ínfero-lateral
Inserções distais: 1/3 distal da face anterior do corpo e extremidade distal do rádio
Acções: faz a pronação
média
Vista anterior
in Sobotta
105
profunda
Vista anterior
in Sobotta
106
Vista lateral
in Sobotta
Extensor do mínimo (GP, PS), pode ser encarado com feixe suplementar do M. extensor dos dedos
Inserções proximais: na margem póstero-inferior do epicôndilo lateral (tendão comum dos epic. laterais)
Trajecto: paralelamente medial aos tendões do M. extensor dos dedos
Inserções distais: o seu tendão funde-se com o tendão lateral do M. extensor dos dedos
Acções: faz a extensão do dedo mínimo
108
Vista posteriores
superficial e média
109
in Sobotta
profunda
Vista posterior
in Sobotta
Abdutor do mínimo
Inserções proximais: na face dorsal do pisiforme, podendo estender-se ao triquetrum e hamatum
o Também na expansão tendinosa do tendão do M. flexor ulnar do carpo
Trajecto: vertical descendente ao longo do bordo medial da mão
Inserções distais: na base da falange proximal do mínimo
Acções: faz a abdução do mínimo (eixo da mão é a referência) e auxilia a flexão
Oponente do mínimo
Inserções proximais: no hamulus do hamatum e no retináculo dos flexores
Trajecto: obliquidade ínfero-medial, sendo o músculo mais profundo e lateral deste grupo
Inserções distais: ao longo da margem medial do 5º meta
Acções: faz a oponência do mínimo, ou seja, trá-lo para anterior e lateral, encontrando o polegar
Lombricóides, 4 músculos fusiformes para os 4 últimos dedos, designados de 1º-4º, de lateral para medial
Inserções proximais: nos tendões adjacentes do M. flexor profundo dos dedos (o 1º lombricóide insere-se
apenas no bordo lateral do 1º tendão)
Trajecto: dirigem-se para cada espaço interdigital e os seus tendões contornam lateralmente a respectiva Art.
metacarpo-falângica para alcançarem a margem dorso-lateral de cada um dos 4 últimos dedos
Inserções distais: inserem-se nas bandas laterais, do lado radial, da aponevrose dorsal dos 4 últimos dedos
Acções: fazem a flexão da falange proximal e extensão das falanges média e distal
Interósseos palmares, 3 músculos (1º-3, de L a M) que ocupam metade dos 3 últimos espaços interósseos
Inserções proximais: na face interna do 2º meta e na face externa dos 3º e 4º meta
o Inserem-se na metade anterior da face que olha o eixo da mão, que passa no 3º dedo
Trajecto: dirigem-se para a respectiva falange proximal, afastando-se do eixo da mão (5º dedo)
Inserções distais: inserem-se nas bandas laterais da aponevrose dorsal dos 2º, 4º e 5º dedos
o A inserção distal é no mesmo dedo que a inserção proximal
Acções: fazem a flexão da falange proximal e extensão das falanges média e distal dos dedos em que se
inserem e aproximam os dedos do eixo da mão
111
Interósseos dorsais, 4 músculos (1º-4º, de lateral a medial) que ocupam a totalidade dos 4 espaços interósseos
Inserções proximais: nas faces adjacentes de todos os metacárpicos
Trajecto: dirigem-se para a respectiva falange proximal, convergindo para o eixo da mão (5º dedo)
Inserções distais: divide-se em feixe superficial e feixe profundo
o Feixe superficial: inserem-se nas bandas laterais da aponevrose dorsal dos 2º, 3º e 4º dedos
o Feixe profundo: na base da falange proximal dos 2º, 3º e 4º dedos
o As inserções distais são no dedo cujo metacárpico dá a inserção mais extensa ao músculo
Acções: flexão da falange proximal e extensão das falanges média e distal e afastam os dedos do eixo da mão
in Gray
112
Bainhas fibrosas e sinoviais dos flexores (NETTER pp. 447-450)
Retináculo dos flexores, ligamento que fixa os tendões da maioria dos flexores à goteira cárpica, formando o
canal cárpico:
Tem uma forma quadrangular, com medindo 2.5-3cm de lado
Lateralmente: insere-se segundo uma lâmina superficial no tubérculo do escafóide e no tubérculo do
trapézio e, segundo uma lâmina profunda, no lábio medial do sulco na face anterior do trapézio
o Determina a divisão do canal cárpico em duas porções, uma medial, extensa, e uma lateral, estreita
Medialmente: insere-se no pisiforme e no hamulus do hamatum
Recebe fibras do M. longo palmar (superficial) e dos músculos da mão
No canal cárpico passam vários tendões, organizados da seguinte forma:
o Centralmente, num andar superficial: tendões do flexor superficial dos dedos para os 3º e 4º dedos
Porção o Centralmente, num andar intermédio: tendões do flexor superficial dos dedos para os 2º e 5º dedos
medial o Centralmente, num andar profundo: tendões do M. flexor profundo dos dedos, todos lado a lado
o Lateralmente, junto à face medial do rádio: N. mediano e tendão do M. longo flexor do polegar
Porção
lateral o Lateralmente, isolado dos restantes tendões na porção lateral, o tendão do M. flexor radial do carpo
Os flexores que não passam no canal cárpico são o longo palmar, superficial e anterior, e o FUC,
medialmente, relacionado com a face anterior da extremidade inferior da ulna, contido num canal próprio
Anteriormente à extremidade medial do canal cárpico, o retináculo emite o lig. palmar do carpo, uma fina
lâmina fibrosa superficial que se insere no pisiforme, formando o canal de Guyon, que contém o rolo
vásculo-nervoso ulnar (artéria e nervo ulnares)
113
in Sobotta
Bainhas fibrosas digitais, fibras que envolvem as sinoviais e impedem que, na flexão, os tendões se separem
das falanges
Compostas por 5 pares de porções anulares e cruciformes que se sucedem umas às outras desde a Art.
metacarpo-falângica até à inserção distal do tendão flexor de cada dedo
o A1/C1, A3/C3, A5/C5 anteriores às articulações
o A2/C2, A4/C4 anteriores aos corpos das falanges proximal e média
o No polegar só existe A1, C1, C2, sendo que as anulares são dorsais à Art. metacarpo-falângica e inter-
falângica e a cruciforme interposta
Os tendões estão fixos às faces palmares das falanges por mesotendões, pregas sinoviais, cuja função é
carregar vasos aos tendões de forma extensível, adaptando-se ao movimento de deslizamento que estes
sofrem ao longo das bainhas
o Vínculo longo: feixe longo da face profunda do tendão à face palmar da falange anterior à em que se
insere
o Vínculo curto: feixe curto da face profunda do tendão à face palmar da falange junto à inserção terminal
in Netter 5E
114
Bainhas sinoviais dos flexores, mangas membranosas cuja função é reduzir o atrito durante o movimento
dos tendões
Bainhas sinoviais digitais: envolvem os tendões para os 2º, 3º e 4º dedos, e pode existir uma própria do 5º
dedo em 5% dos casos
o Desde a inserção distal dos M. flexores dos dedos (sup. e prof.) à Art. metacarpo-falângica
o Envoltas pelas bainhas fibrosas dos dedos, que fixam os tendões e sinoviais à face palmar das
falanges
Bainhas sinoviais cárpicas e digito-cárpicas:
o Lateral: envolve o tendão do M. flexor radial do carpo, sendo apenas cárpica
o Média: envolve o tendão do M. longo flexor do polegar, sendo digito-cárpica
Desde a inserção distal até 2.5cm acima da margem superior do retináculo dos flexores
o Medial: envolve os tendões dos M. flexores superficial e profundo dos dedos, podendo ser cárpica ou
digito-cárpica
95% dos casos: inicia-se na inserção distal do tendão do 5º dedo
5% dos casos: inicia-se no carpo, deixando o 5º dedo envolto numa bainha digital
Termina 2.5cm acima da margem superior do retináculo dos flexores
Ocasionalmente, as bainhas digito-cárpicas média e lateral têm comunicação no punho
in Gray
115
Bainhas sinoviais dos extensores, mangas membranosas cuja função é reduzir o atrito durante o
movimento dos tendões
Estendem-se desde a margem superior do retináculo dos extensores até às Art. metacarpo-falângicas
1: incompletamente dividida para os dois tendões
2: comum proximalmente mas dividida distalmente para cada tendão
3: na face dorsal do carpo cruza as bainhas do compartimento posterior/superficialmente em direcção ao
polegar
4: larga e comum aos 5 tendões
5: estreita e comprida
6: estreita e curta
in Gray
116
Fáscias do membro superior (NETTER pp. 447-450)
Fáscia escapular: envolve superficialmente os músculos do ombro
Fáscia braquial (NETTER p. 421): envolve superficialmente os músculos do braço, sendo contínua com a fáscia
escapular e antebraquial
Emite septos intermusculares que separam as locas musculares anterior e posterior
Septo intermuscular lateral: insere-se no lábio lateral do sulco intertubercular, funde-se com o tendão do M.
deltóide ao nível da tuberosidade deltoideia, continua-se pela margem lateral até à crista supra-condilar e
epicôndilo lateral
o Serve de inserção aos M. tricípite braquial e braquial
o No 1/3 médio é perfurado pelo N. radial e A. colateral radial
Septo intermuscular medial: insere-se no lábio medial do sulco intertubercular, continua-se pela margem
lateral, funde-se com o tendão do M. córaco-braquial e segue até à crista supra-condilar e epicôndilo medial
o Serve de inserção aos M. tricípite braquial, braquial, bráquio-radial e LERC
o É perfurado pelo N. ulnar e A. colateral ulnar superior e ramo posterior da A. colateral ulnar inferior
Origina expansões que revestem profundamente os M. bicípite braquial, córaco-braquial e braquial,
delimitando um espaço prismático triangular, o canal braquial, onde corre o feixe vásculo-nervoso do braço
o Limite anterior: face profunda dos M. bicípite braquial e córaco-braquial
o Limite posterior: face anterior do M. braquial e o septo intermuscular medial
o Limite medial: face profunda da fáscia braquial
o Conduz os N. mediano, ulnar e radial (inicialmente), as A. braquial e ulnar e as V. basílica e braquial
profunda
Fáscia antebraquial (NETTER p. 436): tem três dependências, descritas da superfície para a profundidade
Fáscia antebraquial superficial: envolve superficialmente os músculos dos primeiros dois planos do
antebraço e emite vários septos que revestem os músculos e separam as locas musculares
Fáscia antebraquial profunda: envolve os músculos do 3º plano do antebraço
o Corresponde à porção profunda da fáscia do M. flexor superficial dos dedos
Fáscia do M. quadrado pronador: envolve apenas o M. quadrado pronador
Fáscias da mão: composta pela fáscia palmar, fáscia dorsal, fáscia interóssea palmar e interóssea dorsal
Fáscia palmar: subdivide-se em porções contínuas, a aponevrose palmar e as fáscias tenar e hipotenar
o Aponevrose palmar: mediana em relação ao eixo da mão e triangular de base distal e vértice proximal
Base superficialmente às Art. metacarpo-falângicas e vértice contínuo com o tendão do M.
longo palmar e com o retináculo dos flexores; é formada por fibras longitudinais, transversais
e verticais
Fibras longitudinais: continuam as fibras do tendão do M. longo palmar e formam os feixes pré-
tendinosos, acompanhando superficialmente os tendões do flexor superficial dos dedos
Fibras superficiais: inserem-se na pele entre a prega palmar distal e a prega digital
proximal
Fibras intermédias: inserem-se na pele interdigital e continuam-se com a fáscia digital
lateral
Fibras profundas: perfuram o lig. MTP, contornam as Art. metacarpo-falângicas e
inserem-se nas margens dos metas, falange proximal e tendão dos extensores
Fibras transversais: entre os feixes pré-tendinosos das fibras longitudinais
Lig. metacárpico transverso superficial (MTS) ou lig. natatório: une os ápex da pele
interdigital e fundem-se com as fáscias digitais dorsais
o O primeiro feixe chama-se o lig. comissural distal, para fáscia do polegar
Fibras de Skoog: fibras profundas e proximais ao LMTS que unem as bainhas fibrosas dos
tendões dos flexores uns aos outros e às fáscias tenar e hipotenar
o O primeiro feixe chama-se o lig. comissural proximal para a região tenar
117
Lig. metacárpico transverso profundo (MTP): une as Art. metacarpo-falângicas inserindo-
se nas placas volares
Fibras verticais: são septos sagitais que formam os túneis tendinosos digitais inserindo-se e
separando as bainhas fibrosas dos tendões dos flexores
Destacam-se os septo lateral, que se insere na margem anterior do 3º meta e septo
medial para o 5º meta, que separam a loca musculares média das tenar e hipotenar
Septos de Legeu e Juvara são os septos mais distais, ao nível das Art. metacarpo-
falângicas
o Fáscia tenar: insere-se lateralmente na margem lateral do 1º meta e medialmente no septo lateral
o Fáscia hipotenar: insere-se medialmente na margem medial do 5º meta e lateralmente no septo
medial
Fáscia interóssea palmar: reveste os M. interósseos palmares e continua-se com lig. metacárpico
transverso profundo (MTP)
Fáscia dorsal: cobre os tendões extensores e é contínua, proximalmente, com o retináculo dos extensores
o Insere-se na margem lateral do 1º meta e margem medial do 5º meta
Fáscia interóssea dorsal: reveste os M. interósseos dorsais, sendo mais delgada que a palmar
in Gray
118
Artérias do Membro Superior
in Gray
119
Artéria axilar (NETTER pp. 412-418)
Origem: continuação da A. subclávia ao nível do bordo lateral da 1ª costela
Trajecto: oblíquo ântero-ínfero-lateral, passando inferiormente à clavícula e posteriormente ao M. pequeno peitoral
1ª porção: entre a clavícula e a margem medial do M. pequeno peitoral
2ª porção: atrás do M. pequeno peitoral
3ª porção: entre a margem lateral do M. pequeno peitoral e a margem inferior do M. grande peitoral
Terminação: continua-se com a A. braquial ao nível da margem inferior do M. teres major
Relações:
1ª porção: anteriormente, com o M. subclávio, M. grande peitoral, a membrana costo-coracóide e a veia
cefálica; posteriormente com o M. serratus anterior, o 1º espaço intercostal (EIC) e com os fascículos do plexo
braquial; ântero-medialmente com a V. axilar
2ª porção (situada entre as duas raízes do N. mediano): anteriormente, com o M. pequeno e grande peitorais;
posteriormente com o M. sub-escapular; ântero-medialmente com a V. axilar
3ª porção: anteriormente, com o M. grande peitoral e lig. suspensor da axila; posteriormente com os M. sub-
escapular, teres major, latissimus dorsal e com os N. radial e axilar; lateralmente com o M. córaco-braquial
e com os N. mediano e músculo-cutâneo; medialmente com a V. axilar, N. ulnar e cutâneo braquial e
antebraquial mediais
Ramos colaterais:
1ª porção: A. torácica superior: vasculariza o M. subclávio, grande e pequeno peitorais, intercostais do 1º e
2º EIC, e serratus anterior
o Pode ter origem na A. tóraco-acromial
2ª porção: A. tóraco-acromial: origina-se na margem medial do M. pequeno peitoral e ramifica-se em:
o Ramo peitoral ou torácico: irriga os M. serratus anterior, grande e pequeno peitorais e a porção
súpero-lateral da mama
o Ramo acromial: dirige-se para o acrómio, irriga o M. deltóide e anastomosa com ramos da A. supra-
escapular e ramo ascendente da A. circunflexa umeral posterior, formando a rede acromial
o Ramo clavicular: para a face inferior da clavícula, irrigando o M. subclávio
o Ramo deltóide: mais lateral, para M. deltóide e grande peitoral, localizável no triângulo delto-peitoral
2ª porção: A. torácica lateral: origina-se na margem lateral do M. pequeno peitoral e desce verticalmente
até ao 5º espaço interósseo
o Ramos musculares: para os M. grande e pequeno peitorais, serratus anterior e M. intercostais
o Ramos mamários laterais: contornam a margem inf. do grande peitoral para a porção lateral da mama
o Anastomosa com as A. torácica interna, intercostais e tóraco-dorsal
3ª porção: A. sub-escapular: desce 4cm à frente do M. sub-escapular, vascularizando-o, e bifurca-se
o A. tóraco-dorsal: desce verticalmente, entre os M. latissimus dorsal e serratus anterior,
posteriormente à A. torácica lateral, e termina entrando no latissimus dorsal com o nervo homónimo
Vasculariza os M. latissimus dorsal, sub-escapular, serratus anterior e intercostais
o A. circunflexa escapular: contorna a margem lateral da escápula profundamente ao triângulo escápulo-
tricipital, perfurando as inserções de origem do M. teres minor em direcção à fossa infra-espinhosa
Ramo anterior: para o M. sub-escapular
Ramo posterior: para os M. teres minor, teres major e infra-espinhoso anastomosando com o
ramo infra-espinhoso da A. supra-escapular
Ramo descendente: desce ao longo da margem lateral até ao ângulo inferior e anastomosa com
ramos da A. escapular dorsal
Ramo cutâneos: importantes na colheita de enxertos cutâneos
Ramo horizontal: para a pele sobre a espinha da escápula
Ramo para-escapular: ao longo da margem lateral, superficialmente ao ramo descendente
120
3ª porção: A. circunflexa umeral anterior: contorna anteriormente o colo cirúrgico do úmero, passando
posteriormente aos M. córaco-braquial e a curta porção do bicípite braquial e ramifica-se uma vez alcançado
o sulco intertubercular:
o Ramos musculares: para os M. córaco-braquial e bicípite braquial
o Ramo ascendente: sobe no sulco intertubercular e vasculariza a Art. gleno-umeral
o Ramo lateral: continua a direcção da circunflexa umeral anterior, vascularizando o M. deltóide e
anastomosa com a A. circunflexa umeral posterior
3ª porção: A. circunflexa umeral posterior (com maior calibre que a anterior): contorna posteriormente o colo
cirúrgico do úmero, atravessando o quadrilátero úmero-tricipital, com o N. axilar, e ramifica-se:
o Ramos musculares: para o deltóide, teres minor e major e porções longa e lateral do tricípite braquial
o Ramo ascendente ou acromial: anastomosa com a A. supra-escapular e ramos acromiais da tóraco-
acromial
o Ramo descendente: anastomosa com o ramo lateral da A. circunflexa umeral anterior e ramo deltóide
da A. braquial profunda, vascularizando este músculo
in Gray
121
Artéria braquial (NETTER pp. 415, 418-420)
Origem: continuação da A. axilar ao nível da margem inferior do M. teres major
Trajecto: desce junto ao bordo medial do braço com obliquidade ântero-ínfero-lateral até se tornar anterior ao úmero
Terminação: por bifurcação 2cm abaixo da linha bi-condilar ou ao nível do colo radial, embora possa haver bifurcação
alta em troncos radial, ulnar e interósseo comum
Relações: diferentes ao longo do comprido trajecto
No braço: corre no canal braquial, espaço dependente da fáscia braquial (ver Miologia)
o Anteriormente: com a margem medial dos M. córaco-braquial e bicípite braquial, e com pele e fáscia
braquial;
o Posteriormente: na metade superior, com a longa porção do tricípite braquial e na metade inferior com
a porção medial do tricípite braquial; de superior a inferior, com o N. radial, A. braquial profunda, e
com o M. braquial
o Lateralmente: com o M. córaco-braquial, e depois com o interstício entre os M. bicípite braquial e
braquial;
o Medialmente: com os N. ulnar e cutâneo antebraquial medial, com a V. basílica e com pele e fáscia
braquial
o No 1/3 superior, o N. mediano é lateral, no 1/3 médio é anterior e no 1/3 inferior é medial à A. braquial
o Acompanhada por duas V. braquiais, uma medial e uma lateral
Na fossa ulnar: anteriormente, a aponevrose bicipital; posteriormente, o M. braquial; lateralmente, o tendão
bicipital; medialmente, o M. pronador teres e N. mediano
Ramos colaterais:
Ramos musculares: para os M. deltóide, córaco-braquial, bicípite braquial, braquial e tricípite braquial (a sua
longa porção), sendo que o ramo deltóide pode ter origem proximal na A. braquial ou na braquial profunda
A. braquial profunda: o mais volumoso colateral, com origem na face póstero-medial da artéria,
acompanhando o N. radial entre as porções longa e medial do M. tricípite braquial e depois no seu trajecto
através do sulco radial, e termina por bifurcação nas A. colaterais radial e média a uma distância variável do
epicôndilo medial, tipicamente no 1/3 médio do úmero
o A. deltóide: colateral, ascende entre as porções longa e medial do tricípite braquial e anastomosa com
ramo descendente da A. circunflexa umeral posterior
o A. nutritiva do úmero: colateral, alcança o foramen presente na face ântero-medial do úmero
Pode ter origem proximal na A. braquial
o A. colateral radial: terminal, continua o trajecto ao acompanhar o N. radial anteriormente ao epicôndilo
lateral até à goteira lateral da fossa ulnar e anastomosa-se com a A. recorrente radial, colateral da A.
radial
o A. colateral média: terminal, desce verticalmente entre as porções medial e lateral do tricípite braquial
e anastomosa-se com a A. interóssea recorrente, contribuindo para a rede arterial do cotovelo
o Ramos tricipitais, colaterais, ao longo do seu trajecto
A colateral ulnar superior: nasce abaixo da inserção do M. córaco-braquial, perfura o septo intermuscular
medial e passa a acompanhar o N. ulnar até, atrás do epicôndilo medial, se anastomosar com a A. recorrente
ulnar posterior, colateral da A. ulnar
A. colateral ulnar inferior: origem 5cm superior ao cotovelo, com trajecto ínfero-medial curto, bifurca em:
o Ramo anterior: anastomosa com a A. recorrente ulnar anterior, colateral da A. ulnar
o Ramo posterior: anastomosa com a A. recorrente ulnar posterior, colateral da A. ulnar, e emite ramo
transversal que anastomosa com a colateral média formando arcada acima da fossa olecraneana,
pertencente à rede arterial do cotovelo
122
in Gray
Relações: no antebraço e no canal do pulso (entre os tendões do M. bráquio-radial e flexor radial do carpo)
Anteriormente: com o M. bráquio-radial, proximalmente, e com a pele e fáscia antebraquial, distalmente
Posteriormente: de superior a inferior, com os M. supinador, flexor superficial dos dedos, pronador teres,
longo flexor do polegar e quadrado pronador
Lateralmente: com o M. bráquio-radial e respectivo tendão, e com o ramo superficial do N. radial
Medialmente: com o M. pronador teres e o tendão do M. flexor radial do carpo
123
Relações: na extremidade distal do antebraço e no carpo
Dirige-se posteriormente, contornando o bordo lateral do antebraço, passando profundamente aos tendões
dos M. longo abdutor do polegar e curto extensor do polegar, sulcando a face lateral do escafóide para
entrar na tabaqueira anatómica, onde passa profundamente ao tendão do M. longo extensor do polegar e
penetra o a porção proximal do 1º M. interósseo dorsal
Ramos colaterais:
A. recorrente radial: ascende com obliquidade súpero-lateral, atravessa a goteira lateral da fossa ulnar,
medialmente ao N. radial, e anastomosa-se com a A. colateral radial
Ramos musculares: para os músculos com os quais a A. radial se relaciona ao longo do seu trajecto
A. palmar do carpo: ramo transversal, com origem na margem inferior do M. quadrado pronador, passa
profundamente aos tendões do M. flexor profundo dos dedos, anastomosa-se com a homónima colateral da
A. ulnar, e recebe anastomoses por vasos recorrentes da arcada palmar profunda e também por vasos
longitudinais da A. interóssea anterior
A. palmar superficial: origem ao nível do processo estilóide do rádio, penetra os músculos tenares e
anastomosa-se com a A. ulnar, ventralmente aos ossos metacárpicos, formando a arcada palmar superficial
A. dorsal do carpo: ramo transversal, com origem na tabaqueira anatómica, passa profundamente aos
tendões dos extensores e anastomosa com a homónima colateral da ulnar, formando a arcada dorsal do carpo
A. 1ª metacárpica dorsal: origem no 1º espaço interósseo, bifurca-se em A. digital dorsal medial do hálux e
digital dorsal lateral do indicador
A. principal do polegar: inconstante, tem origem na profundidade do 1º espaço interósseo, entre as fibras do
1º M. interósseo dorsal, colocando-se na face palmar do 1º meta e da falange proximal do polegar,
profundamente à porção oblíqua do M. adutor do polegar e lateralmente ao 1º M. interósseo palmar, e
bifurca em:
o A. digital palmar comum do polegar, que bifurca em A. digitais palmares lateral e medial
o A. radial do indicador, que acompanha a margem lateral do 2º meta e forma a A. digital palmar
lateral do indicador
124
Ramos colaterais:
A. recorrente ulnar anterior: pode ter origem em tronco comum com a posterior; ascende com obliquidade
súpero-medial, anteriormente ao epicôndilo medial e anastomosa-se com o ramo anterior da A. colateral
ulnar inferior
A. recorrente ulnar posterior: pode ter origem em tronco comum com a anterior; ascende com obliquidade
súpero-medial, posteriormente ao epicôndilo medial e anastomosa-se com a A. colateral ulnar superior e
ramo inferior da colateral ulnar inferior
A. interóssea comum: desce com obliquidade póstero-ínfero-lateral até ao bordo superior da membrana
interóssea, bifurcando:
o A. interóssea anterior: desce, anteriormente à membrana interóssea, até ao carpo, acompanhada do
N. interósseo anterior, forma anastomoses com as A. palmares do carpo e atravessa distalmente a
membrana interóssea em direcção ao dorso do antebraço (ou seja, atravessa para posterior),
anastomosando com a A. interóssea posterior e arcada dorsal do carpo
Emite ramos musculares para as locas musculares anterior e posterior (ramos perfurantes)
Emite, inconstantemente, a A. comitativa do N. mediano, que acompanha e nutre o dito nervo
A sua presença está associada à presença frequente de um N. mediano bífido
o A. interóssea posterior (menos volumosa): atravessa o hiato entre o bordo superior da membrana
interóssea e corda oblíqua e desce até ao carpo, posteriormente à membrana interóssea, entre os dois
planos musculares da loca posterior, acompanhada do N. interósseo posterior, e forma anastomoses
com as A. dorsais do carpo
Emite, proximalmente, a A. recorrente interóssea, que ascende atrás do cotovelo e se
anastomosa com a A. colateral média, contribuindo para a rede arterial do cotovelo
Emite ramos musculares para a loca muscular posterior
Ramos musculares: para os músculos com os quais a A. ulnar se relaciona ao longo do seu trajecto
A. palmar do carpo: segue a descrição anterior da homónima radial com a qual se anastomosa
A. dorsal do carpo: segue a descrição anterior da homónima radial com a qual se anastomosa
A. palmar profunda: perfura os músculos hipotenares e anastomosa-se com a A. radial, formando a arcada
palmar profunda
in Gray
125
in Gray
Artérias da mão (NETTER pp. 453, 454 e 456)
Arcada palmar superficial: de concavidade superior ou de ângulo aberto superiormente
Forma-se por anastomose da A. ulnar com a A. palmar superficial, colateral da A. radial, e origina:
A. digitais palmares comuns (3) que se bifurcam-se em A. digitais palmares próprias para as faces adjacentes
dos 4 últimos dedos
o Antes da bifurcação, recebem as A. metacárpicas palmares vindas da arcada palmar profunda
A. digital palmar própria medial do 5º dedo
Arcada palmar profunda: anastomose da A. radial com a A. palmar profunda, colateral da A. ulnar
Emite ramos perfurantes proximais para as A. metacárpicas dorsais
Emite ramos ascendentes que anastomosam com as A. palmares do carpo
Origina as A. metacárpicas palmares (3), que se anastomosam distalmente com as A. digitais palmares
comuns e que emitem ramos perfurantes distais para as A. metacárpicas dorsais
Arcada dorsal do carpo: anastomose das A. dorsais do carpo, colaterais das A. radial e ulnar
Recebe anastomoses com as A. interósseas anterior e posterior
Origina 3 A. metacárpicas dorsais (a 1ª é colateral da A. radial), que se bifurcam em A. digitais dorsais para
as faces adjacentes dos 4 últimos dedos, e origina directamente a A. digital dorsal medial do 5º dedo
Polegar
Dorsal: vascularizado pela A. digital dorsal medial, terminal da 1º A. metacárpica dorsal, colateral da A. radial
Palmar: vascularizado pela A. principal do polegar, colateral da A. radial
o Esta assegura a vascularização da margem lateral do 2º dedo, através da A. radial do indicador
in Gray
126
Veias do Membro Superior
in Gray
127
Veias Profundas
2 por cada artéria, em rede paralela à arterial, com o mesmo nome, trajecto, e aferentes homónimos aos
colaterais arteriais
Excepção é a veia axilar, que tem origem nas duas veias braquiais, tem 1cm de calibre, e acompanha a
artéria sendo, inicialmente, medial a esta, e depois anterior
o Recebe os afluentes homónimos aos colaterais arteriais e ainda as veias basílica e cefálica
Veias Superficiais
Veias palmares da mão
V. digitais palmares: acompanham os flancos palmares dos dedos e, na palma da mão, formam plexo
venoso palmar
o Drena lateral e medialmente para as V. cefálica do polegar e salvatela (do mínimo), respectivamente
o Drena distalmente para as V. metacárpicas dorsais através das V. intercapitulares, que passam entre
as cabeças dos metacárpicos em direcção ao dorso da mão (atravessam a mão da frente para trás)
Veia cefálica
Origem: na tabaqueira anatómica, continuando a V. cefálica do polegar no extremo lateral da rede venosa dorsal
da mão
Trajecto: acompanha o bordo lateral do antebraço, inicialmente dorsal, depois ventral até à fossa ulnar, após a qual
corre no sulco bicipital lateral do braço e no sulco delto-peitoral, perfura a fáscia clavi-peitoral no triângulo delto-
peitoral
Terminação: na Veia axilar após ter descrito o arco da veia cefálica no triângulo delto-peitoral
Afluentes: a V. cefálica acessória e a V. mediana cefálica (30%)
Colaterais: origina a V. cubital mediana (70%), que cruza a fossa ulnar com obliquidade súpero-medial e drena na
V. basílica
in Gray
Gânglios profundos
Antebraço e braço: inconstantemente, há gg. ulnares, radiais e braquiais, que são satélites dos vasos
homónimos
Axila (20-30) (NETTER p. 181): os mais importantes clinicamente, por receberem a linfa do MS e da mama;
drenam nos respectivos ângulos júgulo-subclávios, ou no canal linfático direito ou no canal torácico;
dividem-se em 5 grupos:
o Gg. axilares laterais ou braquiais (4-5): relacionam-se com a transição das V. braquiais para V. axilar
o Gg. axilares anteriores ou peitorais (4-5): relacionam-se com os M. peitorais e vasos torácicos laterais
Os mais comumente envolvidos em caso de neoplasia mamária
Os gânglios entre os M. grande e pequeno peitorais são os gg. inter-peitorais de Rotter
o Gg. axilares posteriores ou sub-escapulares (6-7): relacionam-se com a parede posterior da axila e
com os vasos sub-escapulares
o Gg. axilares centrais (3-4): relacionam-se com o flanco anterior da V. axilar
o Gg. axilares apicais ou subclávios (6-12): é o grupo terminal, que se relaciona, superiormente, com o
músculo homónimo e com a face inferior da clavícula, e emite os linfáticos eferentes
129
in Sobotta
130
in Gray
131
Nervos do Membro Inferior
Plexo braquial (NETTER pp. 415-416 e 461)
Origem: formação nervosa resultante da união dos ramos ventrais dos N. espinhais C5-T1, com contribuição de C4
Plexo pré-fixado: contribuição volumosa de C4 sem a participação de T1
Plexo pós-fixado: sem o ramo ventral de C5 mas com contribuição de T2
Constituição: formam-se troncos, cada um dos quais se bifurca em divisão anterior e posterior que se unem em
fascículos (chords), denominados de acordo com a sua relação com a A. axilar e com o grupo muscular que inervam
(flexor ou extensor)
Tronco superior: formado por C5 (com a contribuição de C4) e C6
Tronco médio: formado por C7
Tronco inferior: formado por C8 e T1
Fascículo posterior: formado pelas 3 divisões posteriores dos 3 troncos, dá ramos posteriores
o Ramos terminais: N. axilar e N. radial, inervando os músculos extensores
Fascículo lateral: formado pelas divisões anteriores dos troncos superior e médio, dá ramos anteriores
o Ramos terminais: N. músculo-cutâneo e a raiz lateral do N. mediano, inervando músculos flexores
Fascículo medial: formado pela divisão anterior do tronco inferior, dá ramos anteriores
o Ramos terminais: N. cutâneos braquial e antebraquial mediais, N. ulnar e a raiz medial do N. mediano,
inervando músculos flexores
Forma: triangular de base medial, relacionando-se com as vértebras cervicais, e vértice ântero-ínfero-lateral na axila
Relações no pescoço: está entre os M. escalenos anterior e médio, relacionando-se ântero-inferiormente com a A.
subclávia, depois passa posteriormente à clavícula
Relações na axila: os fascículos relacionam-se com a A. axilar de acordo com o seu nome
Terminação: atrás ou ligeiramente distal à margem lateral do M. pequeno peitoral
Ramos colaterais: são motores e organizam-se em ramos anteriores e posteriores ou supra-claviculares e infra-
claviculares
132
Anteriores Posteriores
Supra-claviculares N. escapular dorsal (C5)
Ramo para o N. frénico (C5)
(origem em raízes ou N. supra-escapular (C5-6)
N. subclávio (C5-6)
troncos) N. longo torácico (C5-C7)
N. sub-escapular superior (C5-6)
Infra-claviculares N. peitoral lateral (C5-C7)
N. tóraco-dorsal (C6-C8)
(origem nos fascículos) N. peitoral medial (C8-T1)
N. sub-escapular inferior (C5-6)
Ramo para o N. frénico (C5): que ocasionalmente tem origem no N. subclávio (C5-C6)
N. subclávio: com origem no tronco superior (C5-C6), inerva o músculo homónimo
N. peitoral lateral: origem no fascículo lateral (C5-C7), inerva os M. peitorais, principalmente o grande
o Emite ramo comunicante que se une ao homónimo do N. peitoral medial, forma a ansa dos peitorais
que cruza anteriormente a A. axilar e leva fibras do N. peitoral lateral para M. pequeno peitoral
N. peitoral medial: com origem no fascículo medial (C8-T1), inerva os M. peitorais, principalmente o pequeno
o Os ramos para o grande peitoral perfuram o pequeno peitoral e/ou contornam a sua margem inferior
N. escapular dorsal (C5): acompanha a A. escapular dorsal e inerva os M. elevador da escápula e rombóides
N. supra-escapular: com origem no tronco superior (C5-C6), acompanha a A. supra-escapular, passa no
foramen supra-escapular, inerva o M. supra-espinhoso, passa na incisura espinho-glenóide e inerva o M.
infra-espinhoso
o Pode sofrer compressão na incisura supra-escapular, causando amiotrofia neurálgica
o Dá ramo articular para a Art. gleno-umeral
o Pode ter ramo cutâneo que perfura o deltóide e inerva a pele do território do N. axilar
N. longo torácico (C5-C7): acompanha a A. torácica lateral e inerva o M. serratus anterior
o Também chamado o nervo respiratório de Bell
o É nervo mais comumente afectado por amiotrofia neurálgica por compressão sob a clavícula (associado
a cargas pesadas), causando impossibilidade de elevação da escápula e o sinal de “escápula alada”
N. sub-escapular superior: com origem no fascículo posterior (C5-C6), inerva os feixes superiores do M. sub-
escapular
N. tóraco-dorsal ou sub-escapular médio: com origem no fascículo posterior (C6-C8), acompanha a A. tóraco-
dorsal e inerva os M. latissimus dorsal e teres major (segundo o Sobotta; o Gray, Feneis e Rouvière não fazem
referência ao último músculo)
N. sub-escapular inferior, com origem no fascículo posterior (C5-C6), inerva os feixes médios e inferiores dos
músculos sub-escapular e teres major
Ramos colaterais:
Ramo vascular: para a A. braquial, que pode dar ramo diafisário do úmero, na ausência de um ramo
homólogo do N. músculo-cutâneo
Ramo articular: para a Art. do cotovelo, que acompanha a A. braquial
Ramos musculares: para todos os músculos da loca anterior, excepto o M. flexor ulnar do carpo e os feixes
mediais do M. flexor profundo dos dedos
o N. superior do pronador teres: com origem ao nível do epicôndilo medial
o N. dos epicondilianos mediais: inerva os M. pronador teres, flexor radial do carpo, longo palmar e
flexor superficial dos dedos
o N. para os M. longo flexor do polegar e feixes laterais do M. flexor profundo dos dedos
o N. interósseo anterior: acompanha a artéria homónima, dando fibras para os M. longo flexor do
polegar e flexor profundo dos dedos, e termina ao inervar o M. pronador quadrado e as Art. rádio-
cárpica e do carpo
Ramo palmar, sensitivo: tem origem 3cm proximal ao retináculo dos flexores e inerva a pele da eminência
tenar e da região média da palma da mão, lateralmente a uma linha que passa no 4º dedo
134
Ramos terminais: ramifica em 3 a 5 ramos
N. muscular, tenar ou recorrente para os M. curto abdutor, oponente e porção superficial do curto flexor
do polegar
Ramo
N. digital palmar lateral do polegar, acompanha a margem lateral do dedo e atinge o dorso da falange distal
lateral
1º N. digital palmar comum, que se bifurca em N. digitais palmares das margens adjacentes dos 1º e 2º
dedos
o O N. digital palmar medial do indicador dá um ramo para o 1º M. lombricóide
o Atingem o dorso da falange distal do 1º dedo e das falanges média e distal do 2º dedo
N. digitais palmares comuns dos 2º e 3º espaços interósseos, que se bifurcam em N. digitais palmares das
Ramos
mediais
margens adjacentes dos 2º, 3 e 4º dedos, atingem o dorso das falanges média e distal dos respectivos
dedos, dando ramos para os 2º e 3º M. lombricóides e um comunicante com o N. ulnar
135
Ramos colaterais:
Ramos articulares: para a Art. do cotovelo, nascem na goteira epitrócleo-olecraneana
Ramos musculares: para os M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do M. flexor profundo dos dedos
Ramos vascular: para a A. ulnar, que a acompanha e comunica, superficialmente, com o N. cutâneo
antebraquial medial
Ramo dorsal: tem origem a 5cm do carpo e dirige-se com obliquidade póstero-ínfero-medial e trifurca-se:
o Ramo medial: origina o N. digital dorsal medial do 5º dedo, que o inerva até à falange proximal
o Ramo médio: origina os N. digitais dorsais lateral do 5º e medial do 4º dedo, até à falange proximal
o Ramo lateral: origina os N. digitais dorsais lateral do 4º e medial do 3º dedo, até à falange proximal
Emite ramo comunicante para o ramo medial do ramo superficial do N. radial
o Colectivamente, inerva o dorso da mão e falanges proximais do dorso dos dedos medialmente a uma
linha que passa no 3º dedo, embora a disputa com o território do N. radial possa “empurrar” a linha
para o 4º dedo
Ramo palmar, inconstante, inerva a pele proximal da eminência hipotenar e, por vezes, o M. curto palmar
Ramos terminais:
Ramo superficial: pode dar um ramo para o M. palmar curto antes de se bifurcar
o Ramo medial: origina o N. digital palmar medial do mínimo, que inerva a metade medial da sua face
palmar e da face dorsal das falanges média e distal por ramos dorsais
o Ramo lateral: origina o N. digital palmar comum do 4º espaço interósseo, que se bifurca em:
N. digital palmar lateral do mínimo, que inerva a metade lateral da sua face palmar e da face
dorsal das falanges média e distal por ramos dorsais
N. digital palmar medial do anelar, que inerva a metade medial da sua face palmar e da face
dorsal das falanges média e distal por ramos dorsais
Emite ramo comunicante para o terminal mais lateral do N. mediano
o Colectivamente, inerva a palma da mão, face palmar de todas as falanges e face dorsal das falanges
média e distal dos dedos, medialmente a uma linha que passa no 4º dedo
Ramo profundo: acompanha a A. palmar profunda, ramifica-se na eminência hipotenar e atravessa a palma
profunda da mão transversalmente até à eminência tenar
o Inerva os M. abdutor, curto flexor e oponente do dedo mínimo (músculos hipotenares)
o Inerva os M. interósseos dorsais e palmares, e o 4º M. lombricóide (ocasionalmente o 3º)
o Inerva os M. adutor do polegar e a porção profunda do M. curto flexor do polegar
Função:
Inervação motora dos M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do M. flexor profundo dos dedos, dos
músculos hipotenares, dos M. adutor do polegar e porção profunda do M. curto flexor do polegar, dos M.
interósseos (dorsais e palmares) e do 4º M. lombricóide
Inervação sensitiva da palma da mão e face palmar dos dedos e face dorsal dos dedos, medialmente a uma
linha que passa no 4º dedo, e ainda da face dorsal adjacente das falanges proximais dos 4º e 3º dedos
Inervação articular das Art. do cotovelo, metacarpo-falângicas e inter-falângicas dos 4º-5º dedos
Nervo axilar, misto (NETTER pp. 401, 410-411, 413, 418 e 465)
Origem: terminal do fascículo posterior (C5-C6)
Trajecto e relações: é lateral ao N. radial, posterior à A. axilar, anterior ao M. sub-escapular e descreve um trajecto
curto, com obliquidade póstero-ínfero-lateral, atravessando o quadrilátero úmero-tricipital com a A. circunflexa
umeral posterior para atingir o colo cirúrgico do úmero
Terminação: ramifica-se entre o colo cirúrgico do úmero e a face profunda do M. deltóide
136
Ramos colaterais:
Ramos articular: habitualmente dois, dirigem-se para a Art. gleno-umeral
Ramo para o M. sub-escapular: inconstante, inerva os seus feixes inferiores
N. do teres minor: contorna o músculo inferiormente e inerva-o penetrando-o na sua face posterior ou
margem inferior
N. cutâneo braquial lateral superior: contorna medialmente a longa porção do M. tricípite braquial, perfura
a fáscia braquial e inerva a 1/2 inferior da face posterior, lateral e ântero-lateral do ombro
o Corresponde à pele que cobre o M. deltóide
Ramos terminais: os N. do deltóide, normalmente dois, que ramificam e o perfuram na sua face profunda
Função:
Inervação motora do teres minor e deltóide
Inervação sensitiva da porção póstero-lateral infra-clavicular do ombro
Inervação articular da Art. gleno-umeral
Nervo radial, misto (NETTER pp. 401-402, 410, 413, 415, 418, 433, 461 e 465-466)
Origem: terminal do fascículo posterior (C5-C8; T1 inconstante)
Trajecto: sai da axila anterior e inferiormente ao M. teres major e dirige-se com obliquidade póstero-ínfero-lateral
ao longo do sulco radial da face posterior do úmero, perfura o septo intermuscular lateral e atinge a goteira lateral da
fossa ulnar
Terminação: por bifurcação na goteira lateral da fossa ulnar, ao nível do colo radial
Relações:
Axilares: anteriormente, a A. axilar; posteriormente, os M. sub-escapular, teres major e latissimus dorsal
Braquiais: anteriormente, o fundo do sulco radial; posteriormente, as porções longa e lateral do M. tricípite
braquial; súpero-lateralmente, a porção lateral do M. tricípite braquial; ínfero-medialmente, a porção medial
do M. tricípite braquial
o Acompanhado, súpero-lateralmente, no sulco radial, pela A. braquial profunda
Na fossa ulnar: lateralmente, o M. bráquio-radial; medialmente, a A. recorrente radial, o tendão bicipital e o
M. braquial
137
Ramos terminais:
Ramo superficial:
o 2/3 superiores do antebraço: desce verticalmente na face anterior do antebraço entre o M. bráquio-
radial, ântero-lateralmente, e os M. supinador e pronador teres e a A. radial, medialmente
o 1/3 inferior do antebraço: dirige-se póstero-lateralmente para o dorso do antebraço, profundamente
ao tendão do M. bráquio-radial (local de compressão, causando a D. Wartenberg) perfura a fáscia
antebraquial e ramifica-se proximal ao processo estilóide do rádio
Ramo lateral: forma o N. digital dorsal lateral do polegar, inerva o seu dorso até à falange
proximal
Ramo médio: corre no 1º espaço interósseo e forma os N. digitais dorsais para as metades
adjacentes do dorso das falanges proximais do 1º e 2º dedos
Ramo medial: corre no 2º espaço interósseo e forma os N. digitais dorsais para as metades
adjacentes do dorso das falanges proximais do 2º e 3º dedos, e emite ramo comunicante para o
N. ulnar
o Colectivamente, inerva o dorso da mão e das falanges proximais dos 1º, 2º e 3º dedos, lateralmente a
uma linha que passa no 3º dedo, mas que pode ser “empurrada” para o 4º dedo na disputa desse
território o N. ulnar
Ramo profundo: dirige-se póstero-lateralmente para a profundidade, correndo na região posterior do
antebraço depois de atravessar o M. supinador na chamada arcada de Frohse – local onde pode sofrer
compressão – e após o bordo inferior do M. supinador ramifica-se extensamente, apesar de continuar como
N. interósseo posterior
o Ramos anteriores para os músculos do plano profundo da loca posterior
o Ramos posteriores para os músculos do plano superficial da loca posterior e lateral, excepto o LERC
o Continua-se como N. interósseo posterior (o ramo terminal do ramo profundo) que corre verticalmente
entre os dois planos musculares, acompanhado da A. interóssea posterior
1/3 médio da face posterior do antebraço: posteriormente aos M. longo abdutor e curto extensor
do polegar
1/3 distal da face posterior do antebraço: anteriormente aos M. longo extensor do polegar e
extensor do indicador, assente na membrana interóssea, terminando por ramos articulares para
as Art. rádio-cárpica e do carpo
o Colectivamente, inerva todos os músculos da loca posterior e lateral (o longo extensor radial do carpo
(LERC) é inervado por colateral do N. radial) e as Art. rádio-cárpica e do carpo
Função:
Inervação motora do tricípite braquial, e todos os músculos posteriores e laterais do antebraço
Inervação sensitiva da porção média da face posterior do braço, a porção póstero-lateral do braço, o 1/3
médio da face posterior do antebraço, assim como do dorso da mão e das falanges proximais dos 1º, 2º e 3º
dedos, lateralmente a uma linha que passa no 3º dedo ou 4º dedo
Inervação articular das Art. do cotovelo, rádio-cárpica e do carpo
Nervo cutâneo antebraquial medial, sensitivo (NETTER pp. 401-402, 419, 460)
Origem: terminal do fascículo medial (C8-T1)
Trajecto e relações: acompanha a A. braquial medialmente a esta, e depois anterior à V. braquial e N. ulnar ao longo
do braço, terminando ao perfurar a fáscia braquial junto com a V. basílica, na porção média da face medial do braço
Terminação: bifurca em ramo anterior e posterior acima do epicôndilo medial
Ramo anterior: desce verticalmente na face anterior do antebraço, lateralmente à V. basílica
o Inerva a 1/2 medial da face anterior do antebraço e, inconstantemente, uma porção média fina da face
anterior do braço
Ramo posterior: dirige-se ínfero-medialmente, passando sobre do epicôndilo medial, e descendo ao longo da
margem medial do antebraço, medialmente à V. basílica
o Inerva o 1/3 medial da face posterior do antebraço
138
Nervo cutâneo braquial medial, sensitivo (NETTER pp. 401, 419, 460)
Origem: terminal do fascículo medial (C8 inconstante; T1)
Trajecto e relações: nasce póstero-medialmente à A. axilar, dirige-se para medial e coloca-se póstero-medialmente
à V. axilar, une-se ao N. intercosto-braquial (ramo cutâneo lateral do 2º N. intercostal), desce medialmente à V.
braquial e perfura a fáscia braquial no seu 1/3 superior, correndo no bordo medial do braço até ao epicôndilo medial
Terminação: distribui-se nos tecidos da base da axila e face medial do braço e 1/3 medial da face posterior do braço
Músculos do braço
Região anterior: M. bicípite braquial, córaco-braquial e braquial: colaterais do N. músculo-cutâneo, terminal
O M. braquial e o córaco-braquial podem receber colaterais do N. radial, terminal do Plexo braquial
Região posterior: M. tricípite braquial: colaterais do N. radial, terminal do Plexo braquial
Músculos do antebraço
Região anterior:
M. flexor ulnar do carpo e feixes mediais do flexor profundo dos dedos: colaterais do N. ulnar
Todos os restantes: colaterais do N. mediano, terminal do Plexo braquial
Região lateral:
M. bráquio-radial e longo extensor radial do carpo: colaterais do N. radial, terminal
M. curto extensor radial do carpo e supinador: colaterais do ramo profundo do N. radial
Região posterior: todos por colaterais do ramo profundo do N. radial
Músculos da mão
Região palmar lateral ou tenar:
M. curto abdutor, oponente e porção superficial do curto flexor do polegar: ramo tenar, terminal,
do N. mediano
M. adutor e porção profunda do curto flexor do polegar: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
Região palmar medial ou hipotenar:
M. abdutor, curto flexor e oponente do mínimo: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
M. curto palmar: ramo superficial, terminal, do N. ulnar, ou N. palmar, colateral o N. ulnar
Região palmar média:
1º-3º M. lombricóide: N. digitais palmares, terminais do N. mediano
4º M. lombricóide: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
Região interóssea: M. interósseos dorsais e palmares: ramo profundo, terminal, do N. ulnar
139
Sistematização da Inervação Sensitiva do Membro Superior (NETTER pp. 400, 459)
Ombro
Supra-clavicular ou metade superior: N. supra-claviculares, do plexo cervical
Infra-clavicular ou metade inferior: N. cutâneo braquial lateral superior, colateral do N. axilar
Braço
Região (ântero-)medial: N. cutâneo braquial medial (e N. intercosto-braquial), terminal do plexo braquial
Região anterior, inconstante e fina: N. cutâneo antebraquial medial, terminal do plexo braquial
Região lateral e póstero-lateral: N. cutâneo braquial lateral inferior, colateral do N. axilar
Região posterior média: N. cutâneo braquial posterior, colateral do N. axilar
Antebraço
Região ântero-medial: N. cutâneo antebraquial medial, terminal do plexo braquial
Região póstero-medial: N. cutâneo antebraquial medial, terminal do plexo braquial
Região ântero-lateral: N. cutâneo antebraquial lateral, terminal do N. músculo-cutâneo
Região póstero-lateral: N. cutâneo antebraquial lateral, terminal do N. músculo-cutâneo
Região posterior média: N. cutâneo antebraquial posterior, colateral do N. axilar
in Sobotta
140
in Gray
141
Mão
Região dorsal medial, medialmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
Ramo dorsal, colateral do N. ulnar
N. digitais dorsais do ramo dorsal, colateral do N. ulnar
Região dorsal lateral, lateralmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
Ramo superficial, terminal do N. radial
N. digitais dorsais do ramo superficial, terminal do N. radial
Dorso das falanges proximais medialmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
N. digitais dorsais do ramo dorsal, colateral do N. ulnar
Dorso das falanges proximais lateralmente a linha que passa no 3º ou 4º dedo:
N. digitais dorsais do ramo superficial, terminal do N. radial
Dorso das falanges média e distais medialmente a linha que passa no 4º dedo:
N. digitais palmares do ramo superficial, terminal do N. ulnar
Dorso das falanges média e distais lateralmente a linha que passa no 4º dedo:
N. digitais palmares, terminais do N. mediano
Região palmar medial e palma dos dedos, medialmente a linha que passa no 4º dedo:
Ramo palmar, colateral do N. ulnar
N. digitais palmares do ramo superficial, terminal do N. ulnar
Região palmar lateral e palma dos dedos, lateralmente a linha que passa no 4º dedo:
Ramo palmar, colateral do N. mediano
N. digitais palmares, terminais do N. mediano
in Gray
142
in Gray
Articulação do cotovelo
Ramo do N. músculo-cutâneo (normalmente o muscular do M. braquial), terminal do P. braquial
Ramo colateral do N. mediano, terminal do Plexo braquial
Ramo colateral do N. ulnar, terminal do Plexo braquial
Ramos articulares dos ramos musculares, colaterais, do N. radial, terminal do Plexo braquial
Articulação rádio-cárpica
Ramo anterior do N. cutâneo antebraquial lateral, terminal do N. músculo-cutâneo
N. interósseo anterior, colateral do N. mediano, terminal do Plexo braquial
N. interósseo posterior, terminal do ramo profundo do N. radial, terminal do Plexo braquial
143
Articulação do carpo
N. interósseo anterior, colateral do N. mediano, terminal do Plexo braquial
N. interósseo posterior, terminal do ramo profundo do N. radial, terminal do Plexo braquial
Lesão associada de C7: marcada por paralisia do M. tricípite braquial e dos extensores dos dedos
144
Lesão isolada do N. mediano:
Proximal, fossa ulnar: fractura distal do úmero, lesão directa em punções ou por S. do pronador
o S. do pronador: uma compressão neurálgica pelo lig. Struthers, pelo tendão bicipital, pela porção
profunda do M. pronador ou pela arcada fibrosa entre as porções úmero-ulnar e radial do M. flexor
superficial dos dedos
o Défice dos flexores da mão e dedos, causando a benção papal (feixes mediais do M. FPD poupados)
o Défice dos músculos tenares, com atrofia tenar e incapacidade de oponência: mão de símio
o Polegar em adução pela acção do feixe profundo do M. curto flexor do polegar (N. ulnar)
o Défices sensitivos das porção média e lateral da face palmar da mão
Distal, no punho: fractura distal do antebraço, gestos de intenção suicida ou compressão na S. túnel do
carpo
o S. túnel do carpo: por artrose, edema, obesidade, gravidez ou idiopática
o Não causa a benção papal porque os ramos para os flexores dos dedos têm origem no antebraço
o Causa dor, parestesias e parésia dos músculos tenares, piorando à noite e quando se tenta agarrar
objectos
145
A arcada de Frohse
O ligamento de Struthers
146
Sistema Urinário
Rins (NETTER pp. 308-312, 315-318)
Introdução: localização, forma, orientação, dimensões e variações
Localização retroperitoneal para-vertebral (T11-L3), sendo o direito mais inferior que o esquerdo
Forma de feijão côncavo medialmente e convexo lateralmente
Eixo longitudinal com obliquidade ínfero-lateral e transversal com obliquidade póstero-lateral
Comprimento médio de 11-13cm (o esquerdo pode ser até 1.5cm maior), largura de 6cm e espessura de 3cm
Peso aproximado de 150g no homem e 135g na mulher
Rim ausente em 1/1200; Rim ectópico pélvico em 1/2500; Rim em ferradura em 1/400 (pode obstruir ureter)
Meios de fixação
Pressão abdominal, peritoneu parietal e fáscia de coalescência (Toldt, “cola” que o une ao retroperitoneu)
Pedículo renal: vasos renais e pélvis renal
Fáscia (peri)renal de Gerota: folhetos ant. e post., unidos lateralmente, desdobram-se e formam loca renal
o Folheto anterior: reveste o rim anteriormente e une-se ao contralateral anteriormente aos vasos renais
e grandes vasos; abaixo do hilo renal este folheto forma, com o folheto posterior, a bainha do ureter
o Folheto posterior: reveste o fim posteriormente, passa à frente do quadrado lombar e psoas major,
funde-se com a fáscia deste último e insere-se no tecido conjuntivo que rodeia os grandes vasos
o GRAY: ao nível L3-L5 há comunicação entre as duas locas renais, embora este seja pouco significado
clínico por haver septação do espaço
o Superiormente, os folhetos rodeiam a glândula suprarrenal, fixam-se à face inferior do diafragma e aos
pilares diafragmáticos, fechados ou abertos (unidos ou não)
Emite folheto inter-suprarreno-renal que separa o rim da glândula suprarrenal
O folheto posterior une-se à fáscia frénica inferior e fáscias do M. quadrado lombar e psoas major
À direita, o folheto anterior une-se ao lig. coronário direito e área nua do fígado
À esquerda, o folheto anterior une-se ao lig. gastro-esplénico e espleno-renal
o Inferiormente, os folhetos unem-se em redor dos vasos ilíacos e ureter, rodeando o ureter para formar
a sua bainha, terminando na cavidade pélvica
o Posteriormente, a fáscia renal está separada do M. quadrado lombar pelo corpo adiposo para-renal
o Cápsula adiposa renal (gordura peri-renal) é tecido adiposo que separa rins das paredes da fáscia renal
o Por fora das paredes da fáscia renal está o corpo adiposo para-renal
in Gray
147
Conformação externa
Faces: a anterior é convexa e lisa, olha ântero-lateralmente; a posterior é plana e lisa, olha póstero-
medialmente
Margem lateral: convexa e sulcada, vestígio da lobulação fetal
Margem medial: côncava e com fenda quadrangular, o hilo renal, e dois pólos, o superior (maior no rim
direito) e o inferior
Relações
Anteriormente:
o Rim direito: com o fígado, lig. hepatorrenal (parte do lig. coronário), mesocólon transverso, ângulo
hepático do cólon e D2;
o Rim esquerdo: com o estômago, baço, ligg. gastro-esplénico e espleno-renal, ângulo esplénico do
cólon, cauda do pâncreas e cólon descendente
Posteriormente: com o diafragma, 12ª costela (e 11ª costela à esquerda), M. psoas major e quadrado
lombar, aponevrose posterior do M. transverso abdominal, o corpo adiposo para-renal e os nervos subcostal,
ílio-inguinal e ílio-hipogástrico
Lateralmente:
o Rim direito: com o fígado, cólon ascendente e ângulo hepático do cólon
o Rim esquerdo: com o baço, cólon descendente e ângulo esplénico do cólon
Medialmente: através do hilo renal, com vasos renais e bacinete
o Tubérculo polar superior: com a gl. suprarrenal, diafragma e VCI/Aorta à direita/esquerda
o Tubérculo polar inferior: com ureter e lig. uretero-renal (Navarro) e VCI/Aorta à direita/esquerda
in Gray
148
Vascularização renal: A. renais
Origem: colaterais viscerais pares da Aorta, a um nível logo abaixo da origem da A. mesentérica superior
Trajecto e relações: perpendiculares à Aorta, têm um trajecto oblíquo póstero-lateralmente, posteriormente às V.
renais e, no caso da A. renal direita, posteriormente também à VCI e D2, sendo mais comprida
Variações: em 30% dos indivíduos há A. renais acessórias, normalmente A. polares superiores ou inferiores
Terminação: divide-se em 5 ramos, organizados em dois grupos:
Ramos pré-piélicos: as A. segmentar superior, segmentar anterior superior e inferior, e a segmentar inferior
Ramos retro-piélicos: a A. segmentar posterior (este ramo pode ser par com alguma frequência)
Colaterais: as A. suprarrenal inferior, uretérica superior e ramos capsulares para a cápsula renal
Drenagem venosa
Drenagem superficial, pelas V. estreladas e capsulares, formam V. interlobulares e drenam nas V. arqueadas
Drenagem profunda, pelas venulae rectae ou veias ascendentes, que terminam nas V. arqueadas
As V. arqueadas drenam em V. interlobares, segmentares e, por fim, renais
As V. renais são anteriores às A. renais, sendo a V. renal esquerda 3x maior (7.5cm) que a direita,
relacionando-se anteriormente com a V. esplénica e corpo do pâncreas, e posteriormente com a Aorta
o Afluentes da V. renal esquerda: a V. suprarrenal, frénica inferior e V. testiculares/ováricas
in Sobotta
149
Drenagem linfática
Rede linfática córtico-medular (intra-renal) converge para os vasos interlobares, acompanha a V. renal e
termina em gânglios látero-aórticos e pré e retro-cávicos
Rede linfática subcapsular converge para a rede córtico-medular ao nível do hilo
Rede linfática peri-renal drena directamente nos gânglios látero-aórticos e pré e retro-cávicos
Inervação
Simpática: provém dos N. pequeno e último esplâncnicos torácicos e N. 1º esplâncnico lombar via gânglio e
plexo celíacos, gânglios aórtico-renais e renais
Parassimpática: provém do N. vago via plexo celíaco e renal, e dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
ascendendo directamente via plexo uretérico ou pelo N. hipogástrico para plexos hipogástrico e
intermesentérico até plexo renal
150
Canais excretores do rim (revestidos pela reflexão hilar da cápsula renal)
Pequenos cálices: 8-12 tubos que se inserem no colo das pirâmides renais, organizam-se em 3 ou 4 grupos
que drenam para os grandes cálices
Grandes cálices: 3 cones músculo-membranosos que drenam para a pélvis renal ou bacinete
Pélvis renal ou bacinete: funil membranoso achatado e triangular que drena para o ureter
o Porção intra-renal: no seio renal, rodeada de tecido adiposo e das A. interlobares
o Porção extra-renal: para fora do hilo renal e entre os vasos pré e retro-piélicos
À direita, relaciona-se com D2 e à esquerda com a cauda do pâncreas
Relações
Lombares
Anteriormente: com o peritoneu parietal posterior, vasos gonadais, vasos cólicos, D2 (à direita) e cauda do
pâncreas (à esquerda)
Posteriormente: com o M. psoas major e minor, e N. génito-femoral
Medialmente: o direito com a VCI e o esquerdo com a Aorta;
Lateralmente: com o pólo inferior do rim, cólon ascendente (à direita) e cólon descendente (à esquerda)
Ilíacas
Anteriormente: mesentério (à direita) e mesosigmóide (à esquerda)
Posteriormente: com a Art. sacro-ilíaca, vasos ilíacos comuns (à esquerda), vasos ilíacos externos e junção
íleo-cecal e cego (à direita)
Pélvicas masculinas e femininas
Parietal:
o Anteriormente: a bexiga no homem e os ovários na mulher
o Posteriormente: os vasos ilíacos internos, a A. obturadora, a A. vesical superior no homem e a uterina
na mulher;
o Medialmente: o recto
o Lateralmente: a parede pélvica, na espessura da fáscia endopélvica
Transversal masculina: aborda a face posterior da bexiga e cruza, em gancho, posterior e inferiormente o
ducto deferente
Transversal feminina: aborda a face posterior da bexiga depois de atravessar a base dos ligamentos largos do
útero a 1.5cm do colo uterino; inicialmente, a A. uterina era posterior e lateral, mas na espessura dos ligg.
largos torna-se superior e medial, cruzando o ureter por cima
Intramurais: percorrem 1.5-2cm obliquamente na parede vesical, rodeados por um anel muscular não-esfintérico
151
in Gray
Constituição anatómica
(1/125 indivíduos têm duplicação uretérica; 1/800 têm duplicação bilateral)
Túnica mucosa, em que o epitélio é polimórfico ou de transição, denominado urotélio
Túnica muscular: fibras circulares, oblíquas e longitudinais sem clara disposição
Túnica adventícia ou bainha ureteral: contem vasos e nervos e é contínua com cápsula renal
Vascularização
A. uretéricas superiores: colaterais da A. renal
A. uretéricas médias: colaterais variáveis das A. gonadais, aorta e ilíacas comuns
A. uretéricas inferiores: colaterais das A. vesical inferior, superior, A. uterina e A. gonadais
Drenagem venosa: paralela à vascularização arterial, drena sucessivamente para veias vesicais, uterina, ilíaca
interna, veias gonadais e renais
Drenagem linfática: sucessivamente, para gg. látero-aórticos e pré-cávicos, ilíacos comuns, internos
Inervação
Porção lombar superior:
o S.N. Simpática: provém dos N. pequeno e último esplâncnicos torácicos e N. 1º esplâncnico lombar via
gânglios aórtico-renais e renais
o S.N. Parassimpática: provém dos N. vago via plexo celíaco e renal, e dos N. esplâncnicos pélvicos
(nervi erigentes) via plexo uretérico ou N. hipogástrico para plexos hipogástrico e intermesentérico
até plexo renal
Porção lombar inferior e ilíaca: S.N. Parassimpática, por N. esplâncnicos pélvicos via plexo hipogástrico
superior e N. hipogástrico
Porção pélvica:
o S.N. Simpática: provém dos N. esplâncnicos sagrados via plexo hipogástrico inferior
o S.N. Parassimpática: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
152
Nota clínica: as cólicas renais são provocadas pelo encravamento de um cálculo renal (a litíase renal tem diversas causas e resulta
na formação de “pedras”, de composição e dimensões variadas, nos canais excretores intra-renais) no ureter, que por sua vez leva
a que este reaja com espasmos dolorosos. A dor da cólica renal é extremamente intensa ao nível do flanco e irradia comumente
para a região genital (inguinal, escroto/grandes lábios), em parte por ser uma projecção aproximada do trajecto do ureter na
parede abdominal e por este ter uma relação próxima com o ramo genital do N. génito-femoral.
Meios de fixação: colocada na loca vesical, rodeado de espaço peri-vesical, preenchido por tecido conjuntivo, id
est, a porção viseral da fáscia endopélvica
Superiormente: o peritoneu parietal da face superior, o úraco e cordões fibrosos das A. umbilicais
Inferiormente (colo): a membrana perineal e o pavimento pélvico, os lig. pubo-vesicais anteriores e laterais
o No homem adiciona-se a próstata e a uretra prostática
Lateralmente (colo): os lig. pubo-vesicais laterais, fazem parte das lâminas sacro-recto-génito-vésico-púbicas
da fáscia endopélvica
153
in Gray
in Gray
154
in Gray
No homem
Na mulher
in Gray
155
Conformação interna
Ápex: porção mais ântero-superior, externamente é o vértice das faces superior e ântero-inferior
Corpo: corresponde externamente às faces superior e ântero-inferior
Fundo: corresponde à margem posterior e face póstero-inferior
Trígono vesical: triângulo situado na porção inferior da parede póstero-inferior
o Vértices laterais são os óstios uretéricos, que são elípticos ínfero-medialmente, e estão unidos por crista
interuretérica, com o músculo de Bell profundamente
o Vértice inferior corresponde externamente ao colo vesical (ver adiante)
o O trígono tem mucosa lisa de origem mesodérmica, distinta da restante mucosa, que é pregueada
Colo vesical: vértice inferior do trígono vesical, corresponde ao orifício interno da uretra e apresenta a úvula
vesical, uma saliência da parede posterior deste orifício
Constituição anatómica
Mucosa: pregueada em quase toda a sua extensão, lisa no trígono
Muscular (constituída pelo músculo detrusor): interna plexiforme, média circular e externa longitudinal
o A camada externa emite algumas fibras para os ligamentos pubo-vesicais e pubo-prostáticos
o A camada média forma um espessamento circular no colo vesical, o M. esfíncter interno da uretra
Adventícia: tecido conjuntivo laxo, a fáscia vesical, no espaço peri-vesical, condensação da fáscia endopélvica
Serosa: peritoneu parietal presente na face superior
o Na mulher reflecte-se para face anterior do útero: fundo de saco vésico-uterino
o No homem alcança a margem posterior e reflecte-se para o recto: fundo de saco recto-vesical
Vascularização:
Principais: as A. vesicais inferior e superior (porção patente da umbilical), colaterais da A. ilíaca interna
o A A. vesical inferior, na mulher, pode ser substituída pela vaginal
Secundárias: a A. vesical posterior, pode ser ramo da A. rectal média, uterina ou vaginal, e ainda a A. vesical
anterior, ramo inconstante da A. pudenda interna
Drenagem venosa: dá-se para plexos venosos pré-vesical (Santorini) e peri-prostático (no homem), que
acompanham as lâminas sacro-recto-vésico-génito-púbicas e/ou drenam para o plexo útero-vaginal, confluindo o
sangue nas V. ilíacas internas
Drenagem linfática: a linfa das várias faces conflui na região do ângulo póstero-lateral e drena para gânglios
obturadores, ilíacos externos (+++), internos, comuns e do promontório (colo vesical)
Inervação
S.N. Simpático: provém dos N. 1º e 2º esplâncnicos lombares e N. esplâncnicos sagrados, via plexo
hipogástrico inferior
o Mantém o tónus (contracção basal) do esfíncter interno da uretra para prevenir incontinência
S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pelvicos (nervi erigentes), via plexo hipogástrico inferior
o O detrusor é contraído e o esfíncter interno da uretra (liso, involuntário) relaxado por acção
parassimpática, ou seja, é o parassimpático que promove a micção, embora esta possa ser
voluntariamente suprimida por contracção do esfíncter externo da uretra (estriado, voluntário)
156
Uretra masculina (NETTER pp. 348, 362, 363)
Introdução: localização, dimensões, direcção, forma e trajecto
Canal ímpar e mediano, de 16-20cm, com origem no colo vesical e término no meato urinário
Forma de S itálico, descrevendo-se 3 porções e 2 curvaturas
Trajecto ântero-inferior até à margem inferior da sínfise púbica, depois anterior até o corpo esponjoso se
dirigir ântero-inferiormente
Porções e curvaturas
1ª porção, uretra prostática (3-4cm): atravessa a próstata
2ª porção, uretra membranosa (1.2cm-2cm): na espessura da membrana perineal
o 1ª curvatura, infra-púbica: côncava superiormente, abaixo da margem inferior da sínfise púbica
3ª porção, uretra esponjosa ou peniana (12-15cm): na espessura do corpo esponjoso
o 2ª curvatura, púbica ou peniana: côncava inferiormente, acompanha o corpo esponjoso, e inverte-se no
pénis erecto
Divisões alternativas: 1ª e 2ª porções são intra-pélvicas e imóveis, 3ª é extra-pélvica e móvel
Conformação interna
Uretra prostática: apresenta a crista uretral, o colículo seminal e os seios prostáticos
o Crista uretral: prega mediana que, superiormente, é contínua com a úvula vesical
Pode estar ladeada pelos freios do colículo seminal, formando duas fossa prostáticas
o Colículo seminal ou verumontanum seminalis: saliência da sua parede posterior (15mm de
comprimento e 3mm de largura, apresenta o utrículo prostático e os orifícios dos 2 canais ejaculadores)
Utrículo prostático: fundo de saco de 6mm que corresponde a vestígio dos canais de Müller
Oifícios dos 2 canais ejaculadores: término dos canais ejaculadores que atravessam a próstata
o Seios prostáticos: sulcos lateralmente ao colículo seminal, crivados pelos orifícios das gl. prostáticos
Uretra membranosa: pregueada pelo prolongamento inferior do colículo seminal (crista uretral distal)
Uretra esponjosa:
o Porção bulbar: apresenta os orifícios das glândulas bulbo-uretrais de Cowper
o Restante: apresenta vários pequenos orifícios, as lacunas de Morgagni para as glândulas para-uretrais
de Littré, principalmente no parede ventral (superior)
Relações
Uretra prostática: a relação mais importante, por definição, é com a própria próstata
o Anteriormente: com o M. esfíncter externo da uretra, V. dorsal do pénis, plexos venosos peri-prostático
e pré-vesical e sínfise púbica
o Posteriormente: com o recto através da fáscia recto-prostática de Denonvilliers
o Lateralmente: com os M. elevadores do ânus
Uretra membranosa: rodeada pela membrana perineal e M. esfíncter externo da uretra
o Anteriormente: com o lig. transverso perineal, V. dorsal do pénis e sínfise púbica
o Posteriormente: com as glândulas bulbo-uretrais de Cowper e com o corpo perineal
Uretra esponjosa: encontra-se numa bainha completa formada pelo corpo esponjoso, relacionando-se
através deste com os M. bulbo-esponjosos, corpos cavernosos, A. profunda do pénis e bolsas escrotais (inf.)
157
in Gray
Constituição anatómica
Túnica mucosa: epitélio varia sequencialmente de urotélio (característico da bexiga) para pseudoestratificado
ou estratificado cilíndrico e pavimentoso estratificado não queratinizado (semelhante à pele)
Túnica vascular: que dilata e forma o corpo esponjoso do pénis
Túnica muscular:
o Camada interna longitudinal (contínua com camada plexiforme da bexiga): ao longo de toda a uretra
o Camada externa circular (contínua com o M. esfíncter interno da uretra): só está presente na porção
superior da uretra prostática e membranosa
M. esfíncter interno da uretra (músculo liso, involuntário): condensação de fibras circulares da
camada média do detrusor, desde o colo da bexiga até à metade proximal da uretra prostática
M. esfíncter externo da uretra (músculo estriado esquelético, voluntário): situado em redor da
porção inferior da uretra prostática até à face profunda da membrana perineal; inicialmente é em
ferradura, côncavo posteriormente, mas distalmente forma anel completo
Vascularização:
Uretra prostática: ramos prostáticos da A. vesical inferior e ramos da A. rectal média
Uretra membranosa e esponjosa: ramos uretrais directos da A. pudenda interna e dos seus colaterais A. do
bulbo do pénis, dorsal do pénis e profunda do pénis
Drenagem venosa: da V. dorsal do pénis para plexos venosos pré-vesical e prostático, até às V. ilíacas internas
Drenagem linfática: acompanham os vasos até gânglios ilíacos internos e externos
Inervação (todos convergem no plexo prostático)
S.N. Simpático: provém dos N. 1º e 2º esplâncnicos lombares e N. esplâncnicos sagrados, via plexo
hipogástrico inferior (pélvico), até ao plexo prostático
S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
Somática sensitiva e muscular: através dos N. perineal e N. dorsal do pénis, ramos do N. pudendo
158
Uretra feminina (NETTER pp. 346 e 348)
Introdução: localização, dimensões, direcção, trajecto, calibre e porções
Canal ímpar e mediano, de 4cm, com origem no colo vesical e término no meato urinário na vulva
Trajecto ântero-inferior até à margem inferior da sínfise púbica, paralela e anterior à vagina
Tem 2 apertos, um em cada extremidade
A membrana perineal divide-a em porções intra-pélvica (pélvica) e extra-pélvica (perineal)
Conformação interna
Mucosa pregueada, salientando-se a crista uretral, prega mediana que, superiormente, é contínua com a
úvula vesical
Apresenta vários pequenos orifícios, as lacunas de Morgagni para as gl. para-uretrais de Littré, principalmente
no parede ventral (superior)
Na porção terminal, apresenta 2 orifícios para as gl. de Skene
Relações
Anteriormente: com a sínfise púbica, ligg. pubo-vesicais, V. dorsal do clitóris e plexo venoso pré-vesical
Posteriormente: com a vagina, através do septo uretro-vaginal e corpo perineal
Lateralmente: com o M. esfíncter externo da uretra (composto, na mulher, pelo M. uretro-vaginal e
compressor uretral) e com o M. elevador do ânus
Terminalmente, no meato urinário: 2cm posteriormente ao clitóris e anteriormente ao introitus vaginal
Constituição anatómica
Túnica mucosa: epitélio varia sequencialmente de urotélio (característico da bexiga) para pavimentoso
estratificado não queratinizado (semelhante à pele)
Túnica submucosa: com vasos e nervos
Túnica muscular:
o Camada interna longitudinal (contínua com camada plexiforme da bexiga): ao longo de toda a uretra
o Camada externa circular (contínua com o M. esfíncter interno da uretra): na metade inferior, é interno
ao músculo estriado do esfíncter externo da uretra
M. esfíncter interno da uretra (músculo liso, involuntário, mal organizado e indefinido):
Condensação de fibras circulares ao nível do colo vesical
M. esfíncter externo da uretra (músculo estriado esquelético, voluntário): inicialmente em anel
completo, e distalmente, no espaço perineal profundo, é composto pelas porções uretro-vaginal
(anel completo comum à uretra e vagina) e compressor da uretra, que se insere nos ramos ísquio-
púbicos e passa anteriormente à uretra
Ambas as porções condensam em redor da porção terminal da uretra para formar um anel
interno completo à volta desta
Vascularização:
Porção pélvica: ramos uretrais da A. vaginal e vesical inferior; a A. vesical anterior, colateral da pudenda int.
Porção perineal: ramos uretrais da A. pudenda interna e do seu colateral A. do bulbo vestibular
Drenagem venosa
Porção pélvica: através dos plexos venosos vaginal e pré-vesical para as V. ilíacas internas
Porção perineal: através da V. do bulbo vestibular para a V. pudenda interna
Drenagem linfática: acompanham vasos até gg. ilíacos internos e externos
Inervação
S.N. Simpático: provém dos N. 1º e 2º esplâncnicos lombares e N. esplâncnicos sagrados, via plexo
hipogástrico inferior (pélvico)
S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
Somática sensitiva e muscular: através do N. perineal, colateral do N. pudendo
159
Glândulas suprarrenais NETTER pp. 310, 319 e 320
Meios de fixação
Pedículos nervosos e vasculares que penetram na glândula
Fáscia renal de Gerota (explorada em Anatomia II): apresenta dois folhetos, um anterior e um posteiror que
revestem os rins anterior e posteriormente, estando separados destes pelo tecido adiposo peri-renal
o Inferiormente os folhetos rodeiam e acompanham os ureteres
o Superiormente os folhetos rodeiam as suprarrenais e fixam-se à face inferior do diafragma
Emite septo inter-suprarreno-renal que separa cada rim da suprarrenal
O folheto posterior une-se às fáscias frénica inferior, do M. quadrado lombar e psoas major
À direita, o folheto anterior une-se ao lig. coronário direito e área nua do fígado
À esquerda, o folheto anterior une-se ao lig. espleno-renal
Ligamento hepato-suprarrenal (à direita): reflexão do peritoneu ao nível do lig. triangular direito do fígado
Constituição anatómica e funções: constituída por uma porção periférica (córtex) e uma central (medula)
Córtex: estratificada em 3 camadas ou zonas, que se descrevem da superfície para a profundidade
o Zona glomerular: produz mineralocorticóides (aldosterona)
o Zona fasciculada: produz glicocorticóides (cortisol)
o Zona reticulada: produz androgénios (dihidroepiandrosterona, DHEA)
Medula: análogo a um gânglio simpático, produz catecolaminas (adrenalina e noradrenalina)
160
Drenagem venosa: para a V. suprarrenal, que emerge do sulco principal, terminando, à direita, na VCI (dir.) e à
esquerda na V. renal esquerda
Drenagem linfática: à esquerda para gg. pré-aórticos e látero-aórticos, e à direita para gg. pré e látero-cávicos
Inervação: N. grande esplâncnico torácico (inervação simpática) via plexo suprarrenal, entre o bordo medial da
glândula e os gg. celíacos e aórtico-renais
Eixo testicular
Sistema Reprodutor Masculino
Testículos (NETTER pp. 364-368)
Introdução: situação, forma, orientação, dimensões e desenvolvimento
Órgão par, situado na bolsa escrotal em posição infra-púbica ou perineal anterior
Forma oval, de eixo maior com obliquidade póstero-ínfero-medial (para baixo, para trás e para dentro)
Mede aproximadamente 4.5cm de comprimento, 3cm de largura e 2.5 de espessura, e pesa 11-14g
Desenvolvem-se em posição abdominal a partir das gónadas primitivas e descem, através do canal inguinal,
“puxados” pelo gubernáculo, para a bolsa escrotal, alcançando-a a partir do 7º mês gestacional
Nota clínica: caso haja falha na migração até ao nascimento, existe criptoorquida. Habitualmente aguarda-se até aos 6-12 meses de vida
do lactente para que possa ocorrer migração espontânea. Se esta não acontecer, existe a necessidade de correcção cirúrgica (orquiopexia,
de preferência entre os 12 e 24 meses), colocando os testículos no seu lugar de direito, fundamentalmente por duas razões: evitar a
esterilidade (os espermatozóides só conseguem formar-se e amadurecer a uma temperatura mais baixa que a corporal) e evitar o cancro
testicular (a criptoorquidia aumenta o risco desta patologia cerca de 40 vezes).
Conformação externa
Faces: a medial é plana e a lateral é convexa
Bordo anterior: liso e convexo
Bordo posterior: rectilíneo, apresenta o hilo testicular, local de passagem do pedículo testicular
o Relacionando-se com o corpo do epidídimo, separados pelo seio epididimário
Pólo superior: olha ântero-superiormente, relacionando-se com a cabeça do epidídimo; apresenta apêndice
testicular, vestígio embrionário dos canais de Müller (dariam origem aos órgãos reprodutivos femininos)
Pólo inferior: relaciona-se com a cauda do epidídimo e emite ligamento testicular (involução do gubernáculo)
para a túnica espermática interna da bolsa escrotal, fixando o testículo a esta
Constituição anatómica: o testículo encontra-se envolvido pela lâmina visceral da túnica vaginal excepto no
hilo testicular, onde esta se reflecte
Túnica albugínea: é uma cápsula branco-azulada do testículo que o reveste e se insinua para o seu interior ao
nível do bordo posterior, no hilo
Mediastino testicular: é um espaço formado pela continuação da túnica albugínea ao nível do hilo testicular,
contendo vasos, vias espermáticas e irradiando septos testiculares que dividem o testículo em lóbulos
Lóbulos testiculares: fracções parenquimatosas do testículo separadas pelos septos testiculares
Parênquima testicular: tecido funcional composto por tubos seminíferos (onde se formam os
espermatozóides, com ajuda das células de Sertoli) e células de Leydig dispersas (produzem testosterona)
Tubos seminíferos: são o local de formação e maturação estrutural e funcional dos gâmetas
o Confluem para tubos rectos, que convergem para rede testicular
Rede testicular: localiza-se no mediastino testicular e emite 10-12 canais eferentes testiculares de 15mm
para o epidídimo (também emite ductos aberrantes, cegos, que não chegam ao epidídimo)
Túnica vasculosa, internamente à túnica albugínea, contém delicada rede vascular que se prolonga nos septos
161
in Gray
162
Vias espermáticas (NETTER pp. 344, 362, 365, 368)
Epidídimo: órgão de 5cm de eixo, composto por tubo de 5-6m enrolado sobre si mesmo, o canal epididimário, em
relação com o bordo posterior do testículo, com a função de maturação, reservatório e condução dos gâmetas
Cabeça: adere ao testículo no seu pólo superior e pelos canais eferentes, que lhe dão origem
o Apresenta o paradídimo e apêndice epididimário, vestígios embrionários dos canais de Müller
Corpo: forma de vírgula, continua-se súpero-lateralmente com a cabeça e ínfero-medialmente com a cauda
o Bordo lateral: livre e coberto pela lâmina visceral da túnica vaginal
o Bordo medial: adere ao pedículo testicular (que entra no hilo)
o Separado do bordo posterior do testículo pelo seio do epidídimo, um recesso (reflexão) da lâmina
visceral da túnica vaginal
Cauda: adere ao testículo no seu pólo inferior e continua-se com o canal deferente
Canal deferente ou vas deferens: tubo de 35-45cm que conduz o sémen desde o epidídimo aos canais
ejaculadores formados pela união do canal deferente com os canais excretores das vesículas seminais
Porção testículo-epididimária: ascende, desde a cauda do epidídimo, ao longo margem medial do corpo do
epidídimo e face medial do testículo
Porção funicular: desde o pólo superior do testículo até ao orifício inguinal superficial
o Acompanhado pela A. testicular e deferencial, plexos nervosos e os plexos venosos pampiniforme e
testicular posterior
o Envolto pela túnica espermática externa (TEE), pelo M. cremáster e respectiva artéria e pela túnica
espermática interna (TEI), de fora para dentro, formando a bainha do funículo/cordão espermático
Porção inguinal: dentro do canal inguinal
Porção ilíaca: desde o orifício inguinal profundo ao cruzamento com os vasos ilíacos externos, durante 2.5cm
o A partir do orifício inguinal profundo os diversos constituintes do cordão espermático separam-se
Porção pélvica para-vesical: acompanha a margem lateral da bexiga, relacionando-se com os vasos
obturadores em direcção à face póstero-inferior da bexiga
Porção pélvica retro-vesical: alcança a face póstero-inferior da bexiga, dilata-se para formar a ampola do canal
deferente e termina unindo-se aos canais excretores das vesículas seminais
o Relaciona-se, anteriormente, com a face póstero-inferior da bexiga, lateralmente com a vesícula
seminal e posteriormente com a fáscia recto-prostática e recto
o Ao fundir-se com os canais excretores das vesículas seminais formam-se os canais ejaculadores, com
2cm de comprimento, que atravessam a próstata e abrem lateralmente no colículo seminal (uretra)
Constituição anatómica: mucosa (epitélio pseudo-estratificado cilíndrico com estereocílios), muscular
(longitudinal externa, média circular, longitudinal interna) e adventícia
Nota clínica: Uma vez que a pressão na V. renal esquerda é superior à pressão na VCI, o sangue tem mais dificuldade em ser
drenado pela V. testicular esquerda, o que pode justificar a maior frequência de varicocelos testiculares (dilatações venosas
palpáveis e que aumentam o volume testicular) à esquerda.
163
Drenagem linfática dos testículos e vias espermáticas
Testículos: para gg. látero-aórticos, pré-aórticos e pré-cávicos, via vasos que acompanham as V. testiculares
Ductos deferentes: para gg. ilíacos internos, via vasos vesicais
164
in Gray
Vascularização das bolsas escrotais
A. pudendas externas superficial e profunda, colaterais da A. femoral
A. escrotal posterior, colateral da A. perineal, ramo da A. pudenda interna
A. creamasteriana, colateral da A. epigástrica inferior
Drenagem linfática das bolsas escrotais: para gg. inguinais superficiais e profundos
Inervação das bolsas escrotais
1/3 anterior: ramo genital do N. génito-femoral e N. ílio-inguinal, colaterais do plexo lombar (L1, L3)
2/3 posteriores: ramos escrotais do N. perineal, colateral do N. pudendo, do plexo pudendo (S2-S4)
165
Vesículas seminais (NETTER p. 362)
Introdução: situação, dimensões, relações, constituição anatómica e função
Situado na face póstero-inferior da bexiga, lateralmente à porção retro-vesical do canal deferente e
superiormente à prostata
Com 5-10cm de maior eixo (oblíquo ínfero-medialmente), têm capacidade de 5-10cm3
Relações: anteriormente com a bexiga, posteriormente com a fáscia recto-prostática, medialmente com o
canal deferente, lateralmente com o plexo venoso peri-prostático e inferiormente com a próstata
Constituição anatómica: por mucosa, muscular igual à do canal deferente e adventícia
Função glandular (+++) e reservatório (+): principalmente de secreção de líquido seminal, e também
armazenamento do mesmo entre ejaculações
Conformação externa: piriformes irregulares, com obliquidade ínfero-medial, apresentam bossas e sulcos
A sua porção lateral, cega, é o fundo, que se continua com a porção maioritária, o corpo
A sua porção medial, afilada, é o colo, a que se segue o canal excretor
O canal excretor une-se à porção terminal do canal deferente formando o canal ejaculador
Conformação externa: pirâmide com eixo da base ao ápex de obliquidade ântero-inferior, de cerca de 25 graus
A base é superior e pode ser dividida em duas porções, a vesical e a seminal:
o Vesical (anterior): relaciona-se com a face póstero-inferior da bexiga e colo vesical, e recebe a uretra
o Seminal (posterior): relaciona-se com as v. seminais, canais deferentes, e recebe os canais ejaculadores
O ápex é ântero-inferior, 3-4cm anterior ao ânus, está aderente e rodeado pelo M. esfíncter externo da uretra
A face anterior, convexa, relaciona-se com o plexo venoso pré-vesical (Santorini)
o Está coberta por fibras do M. esfíncter externo uretra excepto na porção superior
o Na porção superior dá inserção aos ligg. pubo-prostáticos, que podem ter fibras musculares,
constituindo os M. pubo-prostáticos ou elevadores da próstata, podendo nesse caso ser considerados
feixes internos viscerais da porção pubo-rectal do M. elevador do ânus (ver Períneo)
A face posterior, convexa, apresenta sulco mediano vertical que divide a próstata em dois lobos
As faces laterais, convexas, têm obliquidade ínfero-medial e contactam, através do tecido da loca prostática
(a fáscia prostática), com a fáscia endopélvica (parietal) e com os M. elevadores do ânus
Relações
Anteriormente: plexo venoso pré-vesical (Santorini), ligg. pubo-vesicais, pubo-prostáticos e sínfise púbica
Posteriormente: fáscia recto-prostática (Denonvilliers) e recto
Lateralmente: M. elevador do ânus, M. obturador interno, plexo venoso peri-prostático e as lâminas sacro-
recto-génito-vésico-púbicas, condensações da fáscia endopélvica
Superiormente: o colo da bexiga e uretra prostática (esta também intrinsecamente), vesículas seminais,
ampolas dos canais deferentes e canais ejaculadores (também intrinsecamente)
Inferiormente: M. esfíncter externo da uretra e membrana perineal
166
Loca prostática: adventícia dependente de várias condensações da fáscia endopélvica (visceral), que envolve a
próstata e a separa das restantes estruturas que a rodeiam
Na parede anterior, a lâmina pré-prostática, contínua com a fáscia prostática lateral: une-se aos ligg. pubo-
prostáticos e separa a próstata do plexo venoso pré-vesical e da sínfise púbica
Nas paredes laterais, a fáscia prostática lateral, resultado da condensação das lâminas sacro-recto-génito-
vésico-púbicas: separa a próstata dos M. elevador do ânus e da restante fáscia endopélvica (parietal)
Na parede posterior, a fáscia recto-prostática de Denonvilliers: separa a próstata do recto
Na parede inferior, a membrana perineal: separa a próstata do períneo e genitais externos
Na parede superior, a própria bexiga e os lig. pubo-vesicais
Estas paredes delimitam o espaço peri-prostático, preenchido pelo plexo venoso peri-prostático e feixes
nervosos, principalmente junto da parte posterior das faces laterais (porção póstero-lateral da próstata)
in Gray
Nota clínica: com o avançar da idade, a próstata aumenta naturalmente de tamanho, principalmente à custa do seu lobo
médio/zona transicional. Este aumento de tamanho é denominado hiperplasia ou hipertrofia (ambos os fenómenos
acontecem) benigna da próstata (HBP). Este fenómeno causa uma compressão e diminuição do calibre da uretra prostática,
o que dá lugar a sintomas urinários. Torna-se mais difícil iniciar o jato urinário (disúria), a frequência das micções aumenta
(poliúria) e inclusivamente obrigam o homem a levantar-se durante a noite para urinar (um sintoma clássico, a nictúria).
Outro fenómeno que pode cursar com aumento do tamanho da próstata é o carcinoma da próstata, que normalmente se
localiza nos lobos laterais/zona periférica, que são facilmente palpáveis através do toque rectal. A identificação por palpação
de uma próstata aumenta com um nódulo irregular, de consistência dura (pétrea), acompanhado de poucos sintomas urinários
(os lobos laterais não têm relação directa com a uretra), num doente com perda de peso, perda de apetite e cansado, deve
fazer suspeitar de carcinoma da próstata.
167
Constituição anatómica: uma cápsula (falsa) a rodear tecido fibromuscular e glandular
Cápsula prostática: é uma falsa cápsula, apenas assim denominada por motivos didático-simplistas, uma vez
que não passa de tecido conjuntivo e músculo liso firmemente fundida ao parênquima
Estroma: é tecido de suporte com fibras musculares lisas e colagénicas cuja composição varia, sendo
subdivisível em 5 lobos anatómicos, dificilmente identificáveis no adulto (excepto os laterais e o médio)
o Lobo anterior ou pré-uretral: anterior à uretra prostática, é pouco glandular, contendo abundante
músculo liso, pelo que corresponde a zona do estroma fibromuscular
O músculo liso que o constitui predomina na sua porção adjacente à uretra, constituindo o istmo
prostático, cujo músculo liso se continua, superiormente, com o M. detrusor da bexiga
A sua porção mais ântero-inferior é contínua com fibras do M. esfíncter externo da uretra
o Lobo médio: limitado pela uretra, anteriormente, pelos canais ejaculadores, posteriormente, e pela face
póstero-inferior da bexiga, superiormente
o Lobo posterior: situado póstero-inferiormente aos canais ejaculadores
o Lobos laterais: os lobos mais desenvolvidos, laterais à uretra, unidos anteriormente pelo istmo
prostático do lobo anterior
Parênquima: é o tecido glandular, funcional, composto por 30-50 glândulas túbulo-alveolares peri-uretrais,
que drenam nos seios prostáticos da uretra prostática através de 15-30 foramina; o parênquima é subdivido
em zonas prostáticas (a divisão mais pertinente da próstata, do ponto de vista clínico e patológico), consoante
a distribuição das glândulas relativamente à uretra
o Zona central (25% do volume): rodeia os canais ejaculadores
o Zona transicional (5% do volume): rodeia a uretra próximo do ápex
o Zona periférica (70% do volume): em forma de concha, rodeia as outras zonas excepto na porção mais
anterior, em que o espaço é preenchido por estroma fibromuscular (o lobo anterior)
Os lobos prostáticos
1 – Lobo anterior
2 – Lobo médio
3 – Lobo posterior
Os lobos laterais não são
visíveis por ser um corte sagital
2
1
3
168
As zonas prostáticas
in Gray
169
Vascularização da próstata
A. prostática, colateral da A. vesical inferior ou, menos frequentemente, da ilíaca interna:
o Ramos uretrais penetram na próstata na zona do colo vesical, na junção prostático-vesical, às 5 e 7H
o Ramos capsulares perfuram a cápsula ao longo das faces laterais e posterior
Ramos prostáticos da A. rectal média são na sua maioria ramos capsulares perfurantes
Ramos prostáticos da A. pudenda interna podem ascender ao longo da uretra como ramos uretrais
Drenagem venosa da próstata: plexos drenam para V. vesicais, que conduzem às V. ilíacas internas
Plexo peri-prostático, mais desenvolvido junto às faces laterais, no espaço peri-prostático da loca prostática
Plexo pré-vesical de Santorini, no seu aspecto anterior, e o plexo seminal, no seu aspecto posterior
Drenagem linfática da próstata: rede peri-prostática drena para vários troncos colectores
Gg. ilíacos internos: acompanhando os vasos prostáticos e pudendos internos
Gg. ilíacos externos: por uma via anterior, pré-vesical, e por uma via posterior, por cima da bexiga,
acompanhando o canal deferente
Gg. obturadores: relação lateral e acompanhante do canal deferente
Gg. sagrados laterais e do promontório: acompanhando as lâminas sacro-recto-génito-vésico-púbicas
Inervação da próstata: via plexo hipogástrico inferior forma-se plexo peri-prostático no espaço peri-prostático
S.N. Simpático: provém dos N. esplâncnicos torácicos e lombares
S.N. Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
o O plexo peri-prostático, formado por fibras simpáticas e parassimpáticas, é mais denso nas margens
póstero-laterais da próstata, e se lesados durante cirurgia prostática podem conduzir a impotência
sexual por lesão das fibras parassimpáticas
Somática: os N. pudendos internos, inervam o M. esfíncter externo da uretra e entram inferiormente na
próstata às 5 e 7H no seu ápex
o Lesão cirúrgica durante cirurgia prostática causa incontinência urinária por disfunção do esfíncter
externo da uretra e pode causar anestesia peniana, com óbvias desvantagens
170
Pénis (NETTER pp. 344, 359-363)
Introdução: situação, porções, orientação, dimensões e função
No períneo anterior, ântero-inferior à sínfise púbica, ântero-superior ao escroto
A porção posterior ou perineal é a raiz, fixa ao períneo anterior com orientação ântero-superior
A porção anterior ou livre é o corpo e glande, móvel, com orientação vertical para inferior em estado de
repouso, ou oblíquo ântero-superiormente, formando curva de concavidade posterior, quando em erecção
Comprimento de 10-12cm em repouso (perímetro de 8-10cm), 14-18cm em erecção (perímetro de 10-12cm)
Função excretora, conduzindo a uretra peniana, e função sexual, como ferramenta de cópula
Invólucros (descritos de fora para dentro): camadas homólogas e contínuas com as descritas para as bolsas escrotais
Pele: fina e elástica, continua-se anteriormente com a mucosa do prepúcio
Dartos do pénis, ou fáscia superficial: com fibras musculares lisas
Túnica celular subcutânea: com tecido adiposo fino com vasos e nervos superficiais
Fáscia de Buck, ou fáscia profunda: reveste as formações erécteis e emite um septo intercavernoso,
separando os corpos cavernosos do corpo esponjoso
o É contínua com a TEE escrotal e, posteriormente, com o lig. fundiforme do pénis
Meios de fixação
Raízes das formações erécteis, pela sua fixação aos ramos ísquio-púbicos e membrana perineal
Lig. fundiforme do pénis: prolongamento inferior da aponevrose do M. oblíquo externo e linha branca, forma
uma cinta que contorna as formações erécteis até à linha média e se continua com o septo escrotal
Lig. suspensor do pénis: lâmina triangular que parte da sínfise púbica para a albugínea dos corpos cavernosos
in Gray
172
in Gray
Vascularização do pénis
Superficial: as A. pudendas externas, colaterais da A. femoral, e a A. perineal, colateral da A. pudenda interna
Profunda: ramos pares, terminais e colaterais, provenientes das A. pudendas internas
o A. dorsal do pénis: perfura a membrana perineal na sua extremidade anterior e percorre o sulco supra-
cavernoso, ladeando a V. dorsal do pénis, profundamente a fáscia de Buck
o A. profunda do pénis ou A. cavernosa: perfura o M. ísquio-cavernoso e penetra no corpo cavernoso,
percorrendo a sua profundidade e dando ramos denominados A. helicoidais que abrem nas cavernas
o A. uretral e do bulbo do pénis, colaterais da A. pudenda interna
173
Inervação do pénis
Autónoma: o plexo hipogástrico inferior (pélvico) emite os nervos cavernoso (com fibras simpáticas e
parassimpáticas), que têm relação íntima com a margem póstero-lateral da próstata e fáscia prostática
lateral, pelo que são sensíveis a lesões em cirurgia prostática que provocam impotência
o S.N. Simpático (vasoconstrição e ejaculação): provém dos N. esplâncnicos torácicos e lombares
Responsável por
o S.N. Parassimpático (vasodilatação e erecção): provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes)
Somática: através do N. perineal superficial, profundo e dorsal do pénis, todos ramos do N. pudendo,
podendo também o N. ílio-inguinal contribuir minimamente na raiz do pénis
in Gray
174
in Gray
175
Sistema Reprodutor Feminino
Ovários (NETTER pp. 340-342, 352-353)
Introdução: situação, projecção, forma, aspecto, orientação e dimensões
Órgão par, junto à parede lateral da cavidade pélvica, atrás do lig. largo uterino, à frente das Art. sacro-ilíacas
o Provoca depressão no peritoneu parietal, a fossa ovárica, limitada pelas relações da face lateral ovárica
Projectam-se na parede abdominal anterior a meio das linhas que unem a EIAS ao umbigo
Forma ovóide ou amendoada, com eixo maior oblíquo ínfero-medialmente, aspecto branco-rosado e irregular
Dimensões variáveis; comprimento entre 3 e 4cm, largura de 3 a 2cm e espessura de 0.5-1cm
Conformação externa e relações: apresenta duas faces, dois bordos e dois pólos
Após uma ou mais gravidezes, as relações do ovário sofrem algumas alterações uma vez que este se desloca
ínfero-posteriormente
Face lateral: convexa, orientada póstero-ínfero-lateralmente
o Relaciona-se superiormente com os vasos ilíacos externos e, posteriormente, com o ureter e vasos
ilíacos internos, incluindo origem das A. umbilical, uterina e obturadora
Face medial: convexa, orientada ântero-súpero-medialmente
o Pode ser coberta pelo infundíbulo da tuba ovárica
o Relaciona-se com as fímbrias da tuba uterina, com o lig. largo do útero e os vasos uterinos
o Também se relaciona com ansas intestinais e com o cego (à direita) e sigmóide (à esquerda)
Bordo anterior ou mesovárico: corresponde ao hilo ovárico, onde passam vasos ováricos
o Nele insere-se o mesovário, formando-se a linha de Farré-Waldeyer, que marca a transição do
mesovário para epitélio germinativo
Bordo posterior ou livre: relaciona-se com o ureter/asa do sacro (nul/multípara) e com a fímbria de Richard
Pólo tubar, superior: coberto pelas fímbrias tubares, dá inserção a ligg. tubo-ováricos e suspensor do ovário
o Relaciona-se súpero-lateralmente com os vasos ilíacos externos e com o apêndice vermiforme (dta.)
Pólo uterino, inferior: próximo do pavimento pélvico (toque rectal!), dá inserção do lig. próprio do ovário
Meios de fixação: devem permitir relativa mobilidade para poder acompanhar o útero durante a gestação
Lig. suspensor do ovário, ou lombo-ovárico: condensação de fibras conjuntivas e musculares em redor dos
vasos ováricos, desde a sua origem lombar (Aorta/VCI), até ao pólo tubar e bordo mesovárico
o É possível individualizar feixes infundibulares, tubares e ováricos consoante a sua inserção
Lig. tubo-ovárico: fibras pouco importantes, unem as fímbrias (+ a fímbria de Richard, por ser a maior) ao pólo
tubar e bordo livre do ovário
Lig. próprio do ovário, ou útero-ovárico: cordão fibromuscular desde o ramo posterior do corno do útero até
ao pólo uterino
Mesovário: dependência peritoneal que parte da porção posterior do lig. largo do útero e que permite
movimentos de charneira
o Contem, na sua espessura, os vasos ováricos internos e externos, conduzindo-os até ao hilo ovárico
o Insere-se e termina no hilo na linha de Farré-Waldeyer, para dar lugar ao epitélio germinativo do ovário
Constituição anatómica
Epitélio germinativo: epitélio cúbico simples, derivado do epitélio celómico, origem comum com o peritoneu
o O título “germinativo” é falacioso, uma vez que este serve apenas de revestimento (não gametogénico)
Túnica albugínea: tecido conjuntivo denso que envolve o parênquima ovárico
Parênquima ovárico: divido em medula (vascular) e córtex (folicular)
o Os folículos situados no córtex sofrem modificações com o ciclo mensal das hormonas sexuais femininas
176
Vascularização
A. ovárica, colateral aórtico, chega ao pólo tubar pelo lig. suspensor do ovário e termina por bifurcação:
o A. ovárica lateral, que percorrem o bordo mesovárico até alcançar e penetrar o hilo ovárico
o A. tubar lateral, que se anastomosam com homónimos da A. uterina (A. tubar medial)
A. ovárica medial, terminal da A. uterina, com origem no lig. próprio do ovário, anastomosa-se com a A.
ovárica lateral no mesovário, formando uma arcada transversal
Drenagem venosa
O ovário drena para várias vénulas que formam o plexo pampiniforme, que drena para a V. ovárica, com a
origem na espessura do mesovário e terminação na VCI (à direita) ou V. renal esquerda (à esquerda)
Há ramos ováricos mediais que percorrem o mesovário e são afluentes da V. uterina, afluente da ilíaca interna
Drenagem linfática
Via principal: acompanha vasos ováricos para gg. látero-aórticos, pré-aórticos e pré-cávicos
Vias acessórias: por proximidade dos vasos ováricos drena para gg. ilíacos externos, por acompanhar os vasos
uterinos drena para gg. ilíacos internos e, raramente, para gg. inguinais acompanhando o lig. redondo uterino
Inervação
Simpática: o plexo ovárico é um conjunto de fibras nervosas que se forma em torno dos vasos ováricos e que
recebe as fibras dos plexos celíaco e aórtico-renais acompanham os vasos ováricos e fibras que descem pelos
plexos intermesentérico e hipogástrico superior, convergindo também no plexo ovárico
Parassimpática: a partir nervi erigentes ou esplâncnicos pélvicos, via plexo hipogástrico inferior
177
Nota clínica: se ocorrer nidação e implantação do ovo na parede da ampola tubar, pode desenvolver-se uma gravidez ectópica, que é
uma gravidez não progressiva e que acarreta o risco de rotura da trompa, que é uma emergência cirúrgica. Antes de romper, no entanto,
pode dar um quadro de dor abdominal e irritação peritoneal em tudo semelhante ao da apendicite aguda (a confusão surge à direita).
Assim, a gravidez ectópico é um diagnóstico diferencial obrigatório numa mulher de idade fértil com suspeita de apendicite aguda.
Meios de fixação
Continuidade da porção intramural da tuba com o útero ao nível do corno uterino
Lig. tubo-ovárico: facilita a proximidade do infundíbulo com o ovário
Mesossalpinge: a asa superior do lig. largo do útero (descrito na secção do Útero)
Inervação
Simpática: através do plexo ovárico, a partir dos plexos celíaco, aórtico-renais, intermesentérico e
hipogástrico superior
Parassimpática: provém dos nervi erigentes, para a metade medial da tuba, via plexo hipogástrico inferior, e
fibras do N. vago para a metade lateral da tuba, que a alcançam através dos plexos celíaco, aórtico-renais,
intermesentérico e hipogástrico superior
Estática uterina
Flexão: de acordo com o ângulo entre os eixos do corpo e do colo (o ponto central do útero é a intersecção)
o Pode estar em anteflexão (mais comum), retroflexão ou láteroflexão
o Este ângulo, normalmente, está entre 100-140º anteriormente
Versão: de acordo com a posição do eixo maior do útero em relação ao eixo maior da vagina
o Pode estar em anteversão (mais comum), retroversão ou láteroversão
Posição: de acordo com a posição do istmo em relação à linha umbilico-coccígea
o Pode estar em normoposição (posição habitual), anteposição, retroposição ou láteroposição
178
in Gray
179
Conformação externa e relações: o istmo, a porção estreita, divide o útero em corpo e colo
Corpo: a porção superior, o fundo, é achatada e triangular de base ântero-superior, e vértice inferior no istmo
o Face anterior: ligeiramente convexa, coberta por peritoneu, relaciona-se com a face superior da bexiga
Separada da bexiga pelo fundo de saco vésico-uterino
o Face posterior: mais convexa, completamente coberta por peritoneu, relaciona-se superiormente com
as ansas intestinais e posteriormente com sigmóide e com o recto
Separada do recto pelo fundo de saco recto-uterino ou recto-vaginal ou de Douglas
Pode apresentar uma ténue crista mediana resultante da fusão primitiva dos canais de Müller
o Margens laterais: convexas, unem as faces anterior e posterior
Os folhetos peritoneais das faces anterior e posterior ao reflectirem-se ao longo das margens
laterais, formam os ligamentos largos do útero, um de cada lado
Relacionam-se com o paramétrio e vasos uterinos, na espessura dos ligg. largos do útero
Apresentam os canais de Malpighi e Gartner, resquícios da porção terminal dos canais de Wolff
o Fundo: margem superior do corpo, é convexo no sentido ântero-posterior
No sentido transversal é plana na nulípara e convexa na multípara
Relaciona-se ântero-superiormente com as ansas intestinais e à esquerda com o sigmóide
o Cornos uterinos: ângulos laterais do corpo uterino, entre o fundo e as margens laterais, são triangulares
à secção para-sagital:
Vértice superior (1): continua-se com o istmo da tuba uterina 1
Vértice ântero-inferior (2): inserção do lig. redondo do útero
2 3
Vértice póstero-inferior (3): inserção do lig. próprio do ovário (útero-ováricos)
Istmo: porção intermédia do aspecto externo do útero, corresponde a sulco marcado ântero-lateralmente, e
tem aproximadamente 1cm de altura
o Na nulípara situa-se aproximadamente a meio do eixo maior do útero, mas na multípara desce para o
1/3 inferior, ou seja, com a multiparidade o corpo torna-se mais comprido e o colo mais curto
Colo ou cérvix: forma cilíndrica com 2-4cm de comprimento, sendo o 1/3 superior extra-vaginal, enquanto os
2/3 inferiores são vaginais e intra-vaginais, sendo esta divisão feita pela inserção da vagina, sendo que o
músculo da vagina se torna indissociável do músculo do colo uterino
o Porção extra-vaginal: 2cm de comprimento, contínuo com o corpo ao nível do istmo, relaciona-se com:
Anteriormente com a face póstero-inferior da bexiga, separadas pela fáscia pré-cervical
Lateralmente com a base dos ligg. largos do útero, com a A. uterina e a porção pélvica do ureter
Posteriormente separado do recto pelo fundo de saco recto-vaginal de Douglas
Rodeado por fáscia peri-cervical ou paracérvix, que é uma condensação da fáscia endopélvica e
de ligamentos cardinais, útero-sagrados, vésico-uterinos e fáscia pubo-cervical
o Porção Vaginal: porção estreita, com apenas 0.5cm, corresponde ao plano de inserção das parede
vaginais no colo uterino, tendo este plano uma obliquidade ântero-inferior, fazendo com que o fórnix
vaginal tenha profundidades diferentes consoante o quadrante (ver Vagina)
o Porção Intra-vaginal: 1-2cm de comprimento, denominado focinho de tenca pelo aspecto protuberante
Denominado de exocolo
Apresenta, no centro, o orifício externo do colo, com 4 a 7mm de diâmetro
Tem aspecto punctiforme na nulípara, em forma de fenda na primípara e irregularmente
fendido na multípara, e pode voltar a punctiforme ou obliterar-se após a menopausa
Apresenta um recesso anular periférico chamado fórnix vaginal, mais profundo posteriormente
Separado, anteriormente, da face póstero-inferior da bexiga pelo septo vésico-vaginal
Constituição anatómica
Mucosa ou endométrio: sofre modificações hormonais cíclicas, atravessando uma fase proliferativa, de
crescimento em espessura, e uma fase secretora (pós-ovulatória), sendo que após esta fase se dá
menstruação, que corresponde à descamação das suas camadas superficiais
Muscular ou miométrio: músculo muito desenvolvido (1.5-2.5 cm de espessura), com difícil função de dilatar
para acomodar o feto, posteriormente expulsá-lo, e de hemostase compressiva, para evitar o sangramento
uterino excessivo na menstruação e pós-parto, ao comprimir as artérias espiraladas que o penetram
o Camada externa, fina, formada por fibras longitudinais superficiais e circulares profundas
As fibras circulares profundas têm origem nos ligg. próprios do ovário, redondos do útero e
útero-sagrados, e continuam-se com a muscular da parede vaginal e das tubas uterinas
o Camada média, muito espessa, é plexiforme (fibras entrecruzam-se caoticamente)
o Camada interna, com fibras circulares
Serosa ou perimétrio: revestimento peritoneal do corpo e istmo
o Anteriormente reflecte-se sobre a bexiga formando o fundo de saco vésico-uterino
o Posteriormente reflecte-se sobre o recto formando o fundo de saco recto-uterino/vaginal (Douglas)
Normalmente chega a revestir 2cm da parede posterior da vagina antes de se reflectir
o Lateralmente constitui os ligamentos largos do útero
Nota clínica: A mucosa do colo, ao se continuar com a mucosa da vagina a nível intra-vaginal, forma uma zona de transição em que o
epitélio característico do útero (cilíndrico simples) se transforma (metaplasia) em epitélio vaginal (pavimentoso estratificado não-
queratinizado), um revestimento semelhante ao da pele, que lida melhor com a proximidade da mucosa vaginal face ao ambiente exterior.
Estas células em transformação são particularmente susceptíveis de originarem um tumor maligno, ainda mais se estiverem infectadas
com o HPV (papiloma vírus humano), que é oncogénico, e uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns. É esta a razão pela
qual o cancro do colo do útero é dos mais prevalentes nas mulheres.
in Gray
181
Meios de sustentação: sustenta o útero inferiormente, sem inserção uterina directa
Activo: músculos elevadores do ânus (MEA), com as suas porções pubo-rectal, pubo-coccígeo e ílio-coccígeo
o Insere-se no corpo do púbis, arco tendinoso do MEA (um espessamento da fáscia obturadora) e nas
espinhas isquiáticas
Passivo: por continuidade com a vagina (fusão das camadas musculares) e apoio indirecto no corpo perineal
Meios de suspensão: conjunto de ligamentos e condensações fasciais que ligam o útero às paredes pélvicas
Sistema sagital: lâminas sacro-recto-génito-vésico-púbicas
o Ligamentos pubo-cervicais ou fáscia pubo-cervical, partem do corpo do púbis e vão até ao:
Colo vesical: decomposição denominada lig. pubo-vesicais anteriores e laterais
Colo uterino: são os ligg. vésico-uterinos, a partir do colo vesical e face póstero-inferior da bexiga
o Ligamentos útero-sagrados: condensação fibromuscular que parte da face anterior do sacro
contornando lateralmente o recto
Fibras para o ligamento cardinal e para o istmo
Une-se ao contra-lateral formando o Torus uterino de J. L. Petit
Forma ferradura côncava posteriormente, abraçando o recto anteriormente
Feixe recorrente para a inserção sagrada contra-lateral
Conferem suporte para o plexo hipogástrico inferior
Inconstantemente algumas fibras sofrem extensão superior, acompanhando os N. hipogástricos
(do plexo hipogástrico sup. para o inf.), condicionando uma prega peritoneal, o lig. útero-lombar
Sistema transversal: ligamento cardinal de Mackenrodt, situado na base dos ligamentos largos do útero
o Tecido fibromuscular que rodeia os vasos uterinos, desde os vasos ilíacos internos até ao colo uterino
Meios de orientação
Ligamento redondo do útero: cordão fibromuscular de 10-15cm de comprimento e 2-5mm de diâmetro, com
um trajecto subdivisível em várias porções
o Porção pélvica: desde o vértice ântero-inferior dos cornos uterinos até ao cruzamento com os vasos
ilíacos externos
Relaciona-se posteriormente com as tubas uterinas e anteriormente com a bexiga
Responsável pela asa anterior do lig. largo do útero
o Porção ilíaca: desde o cruzamento com os vasos ilíacos externos até ao orifício inguinal profundo
o Porção inguinal: no canal inguinal, relaciona-se com os N. ílio-inguinal e ramo genital do génito-femoral
o Porção vulvar: insere-se no tubérculo e sínfise púbicos, tecido adiposo pré-púbico e grandes lábios
o A sua porção mais proximal é mais muscular, enquanto a sua porção mais distal é puramente fibrosa
Ligamento largo do útero: dependência peritoneal que se estende desde as margens laterais do útero às
paredes laterais da pélvis, a partir dos folhetos de peritoneu que revestem as faces do útero, relativamente
ao qual se podem descrever dois folhetos, três bordos e uma base, ou em alternativa, dois “andares” ou
mesos principais
o Folheto anterior: olha ântero-inferiormente, levantada pelo lig. redondo, que forma a asa anterior
A depressão do mesométrio entre a asa anterior e asa superior do lig. largo é a fossa pré-ovárica
o Folheto posterior: olha póstero-superiormente, mais extenso e irregular, sendo levantado por:
Lig. próprio do ovário, formando o mesovário ou asa posterior, que une o ligamento largo ao
Divisão descritiva
ou andar superior
Mesométrio
ou andar inferior
Paramétrio
ou base
in Gray
183
Vascularização
A. uterina, colateral da A. ilíaca interna, é longa, com 13-15cm de comprimento, tortuosa e de trajecto
complexo subdivisível em três porções:
o Parietal: na parede lateral da cavidade pélvica, junto ao arco tendinoso do MEA
o Transversal: muda de direcção, dirigindo-se horizontalmente para medial, na espessura dos ligamentos
cardinais, cruzando superiormente o ureter 1.5-2cm lateralmente ao cérvix, e dá ramos:
Ramos vesicais inferiores para a bexiga, cérvico-vaginais (5-6), para o cérvix e vagina, sendo que
os ramos vaginais se unem na linha média, anastomosando-se com as A. vaginais, à frente e atrás
da vagina, para formar as A. ázigos vaginais, que percorrem sagitalmente as paredes anterior e
posterior da vagina
O cruzamento da A. uterina por cima do ureter, lateralmente ao cérvix, é um marco anatómico
fundamental em qualquer cirurgia ginecológica, pélvica ou urológica, uma vez que a secção do
ureter é uma complicação a evitar
o Visceral: ascende ao longo das margens laterais do útero, num trajecto altamento tortuoso, em espiral,
e dá as A. radiais do útero, que penetram na muscular e se dividem em ramos anteriores e posteriores
que abraçam o corpo uterino, anastomosando-se com as contra-laterais na linha média
O carácter tortuoso e espiralado das A uterinas tem a importante função de acompanhar o
crescimento do útero com a gravidez sem colapsar ao esticar
As A. radiais enviam para o endométrio as A. espiraladas, que vascularizam o endométrio e que
são responsáveis pela menstruação aquando da descamação
o Terminação: nos cornos uterinos dando as A. tubar medial e A. ovárica medial (ambas estabelecem
anastomoses com ramos homónimos da A. ovárica) e o ramo do lig. redondo (que anastomosa com um
ramo homónimo colateral da A. epigástrica inferior)
Drenagem venosa: o sangue drena para plexos uterino e vaginal (útero-vaginal) e ovárico, em extensa
anastomose, que formam veias que correm paralelos às artérias homónimas
184
Drenagem linfática
Corpo: linfa acompanha os vasos uterinos e o tecido do paramétrio para gg. ilíacos externos, internos e
obturadores
o (Fundo): pode acompanhar as tubas e os vasos ováricos para gg. látero e pré-aórticos e pré-cávicos
o (Istmo): pode acompanhar os lig. redondos para gg. inguinais superficiais
Colo: além dos gg. ilíacos externos, internos e obturadores, também pode drenar para gg. pré-sagrados e do
promontório através dos ligamentos útero-sagrados
Inervação: nervos convergem no plexo útero-vaginal (na espessura dos ligamentos cardinais) com origem no plexo
hipogástrico inferior
Simpático: provém dos N. esplâncnicos lombares e sagrados, via plexos hipogástricos superior e inferior:
o Provocam contração do miométrio
Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (os nervi erigentes), via plexo hipogástrico inferior
o Provocam relaxamento do miométrio
Meios de fixação
Continuidade com o colo uterino e fixação deste pelos ligg. cardinais, útero-sagrado e fáscia pubo-cervical
M. elevador do ânus (activamente) e corpo perineal (passivamente)
Membrana perineal, que a vagina atravessa no períneo anterior
185
Conformação interna e constituição anatómica
Mucosa, fina e pregueada, continua-se com a mucosa do cérvix (na zona de transição) e com a da vulva
o Pregas transversais partem das colunas rugosas anterior e posterior, nas respectivas paredes
Muscular, espessa, dividida em camada longitudinal superficial e circular profunda
Adventícia, tecido conjuntivo e célulo-adiposo de suporte que toma o nome de paracólpio
o Continua-se com o paracérvix e paramétrio, formando, colectivamente, a fáscia útero-vaginal
o As suas condensações formam os septos vésico-vaginal, uretro-vaginal e recto-vaginal
Vascularização
Ramos cervicais e vaginais (5-6), colaterais da A. uterina, para a porção superior da vagina
A. vaginal, colateral da A. ilíaca interna, para a metade ou 2/3 inferiores
o Anastomose entre esta e os ramos vaginais da A. uterina formam as ázigos vaginais anterior e posterior
Ramos perineais da A. pudenda interna para a porção inferior
Ramos da rectal média, pouco importante, para a parede posterior da vagina na sua metade inferior
Drenagem venosa: converge directa ou indirectamente para a V. ilíaca interna
As veias vaginais formam um plexo vaginal que anastomosa com veias uterinas (plexo útero-vaginal)
pudendas internas e rectais médias
Inervação
Porção intra-pélvica (2/3 superiores): nervos convergem no plexo útero-vaginal
o Simpático: provém dos N. esplâncnicos lombares e sagrados via plexo hipogástrico inferior
o Parassimpático: provém dos N. esplâncnicos pélvicos (nervi erigentes) via plexo hipogástrico inferior
Porção perineal (1/3 inferior): N. pudendo (inervação somática)
Vulva (NETTER pp. 354-357): monte do púbis, grandes e pequenos lábios, vestíbulo, bulbos vestibulares e clitóris
Monte do púbis ou de Vénus
Saliência triangular ântero-superior à vulva, anterior à sínfise púbica e contínua com o hipogastro
Constituído por pele com pêlos púbicos e um estroma subcutâneo rico em tecido adiposo e fibras elásticas
Grandes lábios: pregas cutâneo-adiposas com comprimento de 7-8cm, espessura de 2-3cm e 1.5cm de altura
Pregas achatadas transversalmente e orientadas ântero-posteriormente, ladeiam a fenda vulvar ou pudenda
São análogos do escroto, e é na sua profundidade que termina o ligamento redondo do útero
Constituídos por pele, panículo adiposo subcutâneo (contínuo com a fáscia de Camper), dartos, fáscia
perineal superficial (Colles, contínua com a fáscia de Scarpa), e tecido fibroso vindo do lig. redondo do útero
Face lateral: convexa, separada da face medial da coxa pelo sulco génito-femoral/crural
Face medial: côncava, rica em glândulas sebáceas, voltada para a fenda vulvar, separada dos pequenos lábios
pelo sulco inter-labial ou pudendo
Margem superior ou aderente: fixa aos ramos ísquio-púbicos
Margem inferior ou livre: convexa ântero-posteriormente, coberta de pêlos púbicos
Extremidade anterior: une-se com o contra-lateral na comissura anterior dos grandes lábios, que se continua
ântero-superiormente com o monte do púbis
Extremidade posterior: confunde-se com a pele, embora se descreva, classicamente, uma ténue comissura
posterior dos grandes lábios
o Dista 2.5-3cm do ânus, sendo este espaço intervalar chamado o períneo ginecológico
186
Pequenos lábios: pregas cutâneas, finas e rosadas, com comprimento de 3cm, altura de 1cm
Pregas achatadas transversalmente e orientadas ântero-posteriormente, ladeiam o introitus/vestíbulo vulvar
Constituídos por pele fina e tecido conjuntivo rico em fibras elásticas e vasos, desprovido de tecido adiposo
Face lateral: separada da face medial dos grandes lábios pelo sulco inter-labial ou pudendo
Face medial: virada para a fenda vulvar, separada do vestíbulo vulvar pelo ténue sulco ninfo-himeneal
Margem superior ou aderente: relaciona-se com os bulbos vestibulares
Margem inferior ou livre: convexa e dentada
Extremidade anterior: ao aproximar-se do clitóris, divide-se em duas pregas
o Prega anterior: passa anteriormente ao clitóris e forma com a contralateral o prepúcio do clitóris
o Prega posterior: passa posteriormente o clitóris e forma com a contralateral o freio do clitóris
Extremidade posterior: une-se com o contra-lateral na comissura posterior dos pequenos lábios
o Pode formar uma prega, o freio dos pequenos lábios
o Forma-se uma depressão entre o orifício vaginal e a comissura posterior, chamada fossa vestibular
Vestíbulo ou introitus vulvar ou espaço inter-labial: espaço alongado entre os pequenos lábios
Limitado anteriormente pelo clitóris, lateralmente pelo sulco ninfo-himeneal e pequenos lábios, e
posteriormente pela fossa vestibular
O seu pavimento contém, na linha mediana, o orifício uretral e vaginal, e orifícios glandulares
Orifício uretral: 2.5cm abaixo do clitóris, tem 3-4mm de diâmetro, é procidente, formando a papila uretral
o Lateralmente às margens uretrais situa-se o par de orifícios das glândulas para-uretrais de Skene
Orifício vaginal: abertura inferior da vagina, parcialmente fechado pelo hímen
o Hímen: membrana mucocutânea normalmente incompleta que separa o introitus vaginal do vestíbulo
Pode ser anular, semilunar, septada, cribiforme, franjado, complacente ou completo
Se completo/imperfurado, a menstruação e outras secreção são retidas: hematocolpos
Após perfuração por coito ou parto, as dilacerações formam saliências, as carúnculas himeneais
Constituído por dupla prega mucosa e tecido conjuntivo elástico e vásculo-nervoso interposto
Orifício das gl. vestibulares de Bartholin abrem, de cada lado, na porção inferior dos sulcos ninfo-himeneais
Clitóris: estrutura eréctil ímpar, com 6-7cm de comprimento, homólogo do pénis, formado por 2 ramos e 1 corpo
Ramos: as raízes do clitóris, homólogas dos corpos cavernosos, são cilíndricas e fixam-se à face medial da
porção mais anterior dos ramos ísquio-púbicos, e dirigem-se para a margem inferior da sínfise púbica,
fundindo-se no corpo
o Relacionam-se ínfero-medialmente com os M. ísquio-cavernosos, que cobrem parcialmente os ramos
Corpo: originado pela fusão dos ramos, muda de direcção para póstero-inferior formando uma angulação
o O ângulo aberto para póstero-inferior é o joelho e está preenchido pela comissura dos bulbos
o Fixo, ao nível do seu joelho, pelo lig. suspensor do clitóris, que parte da sínfise púbica e linha alba
Tal como no pénis, há feixes que formam uma cinta à volta do corpo, unindo-se posteriormente
187
o Os corpos cavernosos, que formam o corpo, têm tecido eréctil e estão separados por um septo
pectiniforme
o Glande: porção terminal, cónica e dilatada do corpo
Revestida pelo prepúcio do clitóris, dependente da comissura anterior dos pequenos lábios
Presa posteriormente aos pequenos lábios pelo freio do clitóris
Não existindo corpo esponjoso, este está substituído pela comissura dos bulbos, que emite finas bandas de
tecido eréctil para o corpo
Revestido pela fáscia do clitóris, fibro-elástica, homóloga da fáscia de Buck do pénis
Vascularização da vulva
A. pudendas externas superficial e profunda: irrigam os grandes e pequenos lábios e o monte do púbis
A. pudenda interna: irriga os lábios, os músculos perineais, as formações erécteis, a uretra e a vagina
o Origem: colateral da A. ilíaca interna
o Trajecto: sai pelo foramen grande ciático inferiormente ao M. piriforme, contorna a espinha
isquiática, volta a entrar na pélvis pelo foramen pequeno ciático e dirige-se ântero-medialmente para
o períneo no canal pudendo ou de Alcock, uma dependência do desdobramento da fáscia do M.
obturador e e
o Terminação: caminha profundamente à membrana perineal, perfurando-a perto do clitóris
A. dorsal do clitóris: terminal com origem superficial à membrana perineal, contorna o joelho
do clitóris para caminhar no dorso do corpo
A. profunda do clitóris: terminal com origem superficial à membrana perineal, penetra na
espessura dos corpos cavernosos
o Colaterais:
A. perineal: com origem antes de alcançar à membrana perineal, perfura a fáscia perineal
superficial (Colles) para entrar no espaço perineal superficial e irrigar os M. bulbo-esponjosos e
ísquio-cavernosos
A. labiais posteriores: com origem superficial à membrana perineal, irriga os grandes e
pequenos lábios
A. vestibular: com origem profunda à membrana perineal, atravessa-a para irrigar os bulbos
Ramos vaginais: com origem profunda à membrana perineal, irrigam a porção perineal da
vagina
A. rectal inferior: com origem na fossa ísquio-anal, irriga o canal anal
Drenagem venosa: converge para a V. ilíaca interna, directa ou indirectamente, de forma paralela à rede
arterial, com excepção das V. pudendas externas que são afluentes da V. grande safena
Drenagem linfática:
Directamente para gg. inguinais superficiais e profundos
Para gg. ilíacos internos e obturadores, acompanhando os vasos pudendos internos,
Para gg. ilíacos externos, acompanhando o lig. redondo
Inervação: a somática sensitiva e motora, e provém de colaterais do plexo lombar e do N. pudendo, enquanto a
inervação vasomotora simpática (inibe erecção) e parassimpática (promove erecção) acompanha os vasos e provém
vem do plexo hipogástrico inferior e útero-vaginal em direcção às formações erécteis (bulbos e clitóris)
Monte do púbis, grandes e pequenos lábios (sensitiva):
o 1/3 anterior: N. ílio-inguinal (ramo labial anterior) e génito-femoral (ramo genital)
o 2/3 posteriores: N. cutâneo femoral posterior (ramo perineal) e N. perineal (r. labiais posteriores)
Músculos perineais (motora): pelo N. perineal, colateral do N. pudendo
Clitóris (sensitiva): N. dorsal do clitóris, terminal do N. pudendo
188
Períneo
Introdução: constituição, forma, divisão e limites
Constituição: o períneo é constituído pelo conjunto de músculos, fáscias, tecido adiposo, genitais externos,
vasos e nervos que encerram o orifício inferior da cavidade pélvica
Forma de losango, com vértices ântero-posteriores e laterais
Divisão pela linha bi-isquiática em períneo anterior (triângulo uro-genital) e posterior (triângulo anal)
Limites:
o Anterior: margem inferior da sínfise púbica
o Posterior: vértice do cóccix
o Laterais: as tuberosidades isquiáticas, unidas pela linha bi-isquiática (imaginária)
o Bordos anteriores: os ramos ísquio-púbicos
o Bordos posteriores: os lig. sacro-tuberosos
o Pavimento: a membrana perineal (períneo anterior) e o diafragma pélvico (períneo posterior)
Fossa ísquio-anal: espaço triangular, de base anterior, preenchido por tecido adiposo
Limite medial: o corpo perineal, M. esfíncter externo do ânus e lig. ano-coccígeo (profundamente ao qual
há comunicação entre fossa ísquio-anais de cada lado) e, profundamente ou superiormente, continua-se com
o pavimento, a fáscia inferior do M. elevador do ânus
Limite lateral: a fáscia do M. obturador interno e as tuberosidades isquiáticas
o O canal pudendo de Alcock é formado pelo desdobramento de fibras da fáscia do M. obturador
interno e contém o rolo vásculo-nervoso pudendo (artéria, veia e nervo, de superior para inferior),
situando-se 4cm acima da tuberosidade isquiática
Limite anterior: a linha bi-isquiática e o M. transverso profundo do períneo formam um limite fictício uma
vez que a fossa ísquio-anal emite um recesso anterior para o espaço pré-rectal, superior à membr. perineal
o Este recesso anterior vai diminuindo de calibre de posterior a anterior e acabar por fechar por fusão
da fáscia inferior do M. elevador do ânus com a fáscia endopélvica que cobre profundamente o plano
profundo do períneo anterior
o É neste recesso que o rolo vásculo-nervoso pudendo entra para depois perfurar a membrana
perineal da profundidade para a superfície
Limite posterior: o lig. sacro-tuberoso e a margem inferior do M. grande glúteo formam um limite fictício
uma vez que a fossa ísquio-anal emite um recesso posterior profundamente ao M. grande glúteo
Limite superficial ou inferior: é a pele do períneo
o O septo transverso da fossa, formado pelas fibras externas da camada longitudinal conjunta do
esfíncter externo do ânus, divide o corpo adiposo da fossa em porção profunda e superficial
Limite profundo ou superior: segue a fáscia inferior do M. elevador do ânus
189
Diafragma pélvico (NETTER pp. 335-339)
Composto pelo M. elevador do ânus e ísquio-coccígeo, em estreita relação com a fáscia pélvica
Perfurado pela uretra, vagina (M) e recto
M. ísquio-coccígeo, ou apenas coccígeo: insere-se na espinha isquiática e margens laterais do cóccix e sacro,
fundido-se com o lig. sacro-espinhoso
Fáscia pélvica: insere-se desde o púbis, arco tendinoso do MEA até à face anterior do sacro, e tem dois folhetos:
Folheto superior: cobre a face superior dos MEA e é indistinguível da porção parietal da fáscia endopélvica
Folheto inferior: cobre a face inferior, é o verdadeiro pavimento do períneo posterior e funde-se com o
folheto superior (a fáscia endopélvica) sobre os músculos do espaço perineal profundo
190
in Gray for Students
191
Triângulo uro-genital (NETTER pp. 355-361, ROUVIÈRE T2 pp. 671-678, 680-688, 691)
Dividido, pela membrana perineal, num plano superficial (inferior) e num plano profundo (superior)
in Gray
superficial
Plano
profundo
Plano
192
Plano superficial (descrito da superfície para a profundidade, ou seja, de inferior para superior)
Fáscia perineal superficial de Colles: lateralmente insere-se nos ramos ísquio-púbicos e, posteriormente
termina inserindo-se no limite posterior da membrana perineal
o É contínua anteriormente com a fáscia de Scarpa (a tela membranosa da fáscia abdominal superficial)
Espaço perineal subcutâneo: está preenchido por tecido conjuntivo, adiposo, vasos e nervos cutâneos
o É aberto anteriormente, contínuo com o espaço subcutâneo abdominal (entre a fáscia de Scarpa e as
aponevroses dos músculos da parede abdominal anterior), mas é fechado lateralmente e
posteriormente porque a fáscia perineal superficial tem inserções nessas posições
Fáscia perineal profunda de Gallaudet: é a fáscia que envolve os músculos perineais superficiais
Espaço perineal superficial: contém os músculos perineais superficiais e as formações erécteis genitais
o Espaço fechado que muitos autores ignoram, pelo que esses mesmos dão o nome superficial ao espaço
subcutâneo, apesar deste espaço perineal superficial ter relevância e dignidade clínicas
Músculos perineais superficiais: contidos no espaço perineal superficial
o M. ísquio-cavernosos: inserem-se na face medial dos ramos ísquio-púbicos e cobrem os corpos
cavernosos até ao dorso do pénis (H) ou os ramos do clitóris até ao seu joelho (M)
o M. transverso superficial do períneo: inconstante e delgado, insere-se na face medial dos ramos ísquio-
púbicos, posteriormente aos M. ísquio-cavernosos, e convergem medialmente para se inserirem no
corpo perineal, na linha média
o M. bulbo-esponjosos: inserem-se, posteriormente, no corpo perineal e lateralmente na mem. perineal
Homem: cobrem a raiz peniana até à sua flexura e abraçam o seu dorso com os ísquio-cavernosos
Medialmente, formam uma rafe mediana com as fibras do músculo contralateral
Função na erecção, controlo miccional, na ejaculação e é compressor das gl. bulbo-uretrais
Mulher: cobrem os bulbos vestibulares e inserem-se, anteriormente, no corpo do clitóris
Separados pela interposição mediana da vulva
Função de erecção do clitóris, constritor vaginal e compressor das gl. vestibulares
Corpo perineal: nódulo fibromuscular situado no centro do períneo, recebendo inserção dos músculos
perineais superficiais, da porção superficial do M. esfíncter externo do ânus e esfíncter externo da uretra
Plano profundo (descrito da superfície para a profundidade, ou seja, de inferior para superior)
Membrana perineal: membrana fibrosa resistente que encerra a metade anterior do orifício pélvico inferior
o Serve de apoio para a inserção de diversos músculos (profundos e superficiais) e estruturas genitais
o Limites laterais: inserem-se nos ramos ísquio-púbicos
o Limite anterior: condensação fascial, o lig. transverso do períneo que, com o lig. arqueado do púbis
limita espaço para a passagem da V. dorsal profunda do pénis em direcção ao plexo pré-vesical
Na mulher, o lig. transverso do períneo está substituído pelo lig. pubo-uretral
o Limite posterior: coincide com a linha bi-isquiática, insere-se no corpo perineal e reflecte-se para a face
profunda do M. transverso profundo do períneo, continuando-se com a fáscia endopélvica que o
reveste superiormente/profundamente
o Atravessada por diversas estruturas:
Homem: a uretra (2-3cm abaixo da sínfise púbica), os canais das gl. bulbo-uretrais de Cowper
(póstero-laterais à uretra), vasos e nervos do bulbo do pénis, vasos profundos do pénis e vasos
e nervos dorsais do pénis
Mulher: a uretra (2-3cm abaixo da sínfise púbica), os canais das gl. vestibulares de Bartholin
(póstero-laterais à uretra), a vagina, vasos do bulbo vestibular, vasos profundos e vasos e nervos
dorsais do clitóris
Espaço perineal profundo: contém os músculos perineais profundos, o pubo-uretral (fibras mais anteriores
do M. pubo-rectal), os vasos pudendos internos, e as gl. bulbo-uretrais (H)
o É um espaço aberto superiormente para a cavidade pélvica, revestido pela fáscia endopélvica
o O conjunto de membrana perineal e os músculos perineais profundos eram denominados de
diafragma uro-genital mas, devido à dispersão das fibras musculares, não constitui um verdadeiro
diafragma, e na mulher, está ainda mais fragilizado pela presença da vagina
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Músculos perineais profundos: contidos no espaço perineal profundo
o M. transverso profundo do períneo: músculo par, formando lâmina incompleta, que parte da face
medial dos ramos ísquio-púbicos e ocupa a metade posterior do espaço perineal profundo, inserindo-
se e decussando as suas fibras no corpo perineal
Homem: as suas fibras mais anteriores unem-se com as contralaterais na linha média e reforçam
o esfíncter externo da uretra
Mulher: terminam no M. esfíncter uretro-vaginal interposto medianamente em redor da vagina
o M. esfíncter externo da uretra: músculo estriado, voluntário, com disposição diferente nos dois sexos
Homem: tem início na metade inferior da face anterior da próstata, sendo que inicialmente é em
ferradura, côncava posteriormente, mas distalmente forma anel completo em redor da uretra
membranosa
Mulher: é um anel completo e, no espaço perineal profundo, está reforçado por:
M. compressor da uretra: insere-se nos ramos ísquio-púbicos, ocupa a metade anterior do
espaço perineal profundo, e une-se com o contralateral anterior e superficialmente à uretra
M. uretro-vaginal: insere-se no corpo perineal e forma um anel completo comum em
redor da uretra e vagina, unindo-se com fibras contralaterais anterior e superficialmente
ao M. compressor da uretra
in Gray
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♀
in Gray for Students
in Gray
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in Gray
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