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UNIDADE I

Treinamento Personalizado
e Musculação

Prof. Emerson Teixeira


Fisiologia do músculo esquelético e mecanismos da contração muscular

Fonte: https://pixabay.com/pt/fax-homem-branco-modelo-3d-isolado-1920894/

Fonte: https://pixabay.com/pt/m%C3%BAsculos-
esqueleto-metade-do-corpo-2277447/
Classificação do músculo esquelético

 Origem e inserção;
Trapézio
(estabilizador) Lateral
- Deltoide (abdução e flexão

 Forma e arranjo; de ombro)


Anterior (flexão de ombro)
Posterior (extensão de
ombro)
Bíceps
 Função. braquial
(sinergista) Posterior Anterior
- Tríceps braquial - Córacobraquial
Braquial Cabeça longa, medial (flexão de ombro)
(agonista) Tríceps e lateral (extensão de - Bíceps braquial
braquial cotovelo) (flexão de cotovelo,
(antagonista) ombro e supinação)
- Braquial (flexão de
cotovelo)

Fonte: Adaptado de: Delavier (2000)


Estrutura do músculo esquelético

Músculo esquelético
Músculo esquelético
Nervos e vasos
Tendão
sanguíneos
Fascículo muscular Tecido conectivo

Fascículo muscular
(feixe de fibras)
Fibra muscular Tecido conectivo

Núcleo

Fibra muscular

Fonte: Adaptado de: Silverthon (2010)


Estrutura da fibra muscular

Músculo esquelético Mitocôndrias

Retículo
sarcoplasmático
Fascículo muscular Filamento Filamento
Núcleo
grosso fino

Fibra muscular
Túbulos T

Miofibrilas
Miofibrila
Sarcolema

Fonte: Adaptado de: Silverthon (2010)


Estrutura das Miofibrilas

Banda A
Músculo esquelético Disco Z
Sarcômero
Disco Z

Miofibrila
Fascículo muscular
Linha M
Banda I Zona H
Fibra muscular
Titina
Miofibrilas
Disco Z Pontes cruzadas Disco Z
Linha M
da miosina
Sarcômeros Linha M
Filamentos grossos Filamentos finos

Proteínas estruturais
e contráteis Titina

Troponina Nebulina
Cabeças de miosina
Região
Cauda da miosina flexível

Molécula de actina G
Tropomiosina
Molécula de miosina Cadeia de actina

Fonte: Adaptado de: Silverthon (2010)


Etapas iniciais da contração muscular

1. Liberação de acetilcolina; Neurônio motor

2. Propagação do
impulso elétrico; Fibra Muscular 1 ACh

2 Na+

RyR Placa motora terminal


Fonte: Adaptado de: Silverthon (2010) Túbulo T
Retículo
sarcoplasmático
Disco Z DHP
Actina Troponina
Tropomiosina Linha M
Cabeça de miosina
Filamento grosso de miosina
Etapas iniciais da contração muscular

3. Despolarização do canal de Ca2+;


4. Saída de Ca2+ do retículo sarcoplasmático;

5. Ligação do Ca2+ na
troponina/tropomiosina; 4
3
6. Interação entre actina e
miosina. Ca2+ liberado
5
6
Filamento grosso de miosina

Fonte: Adaptado de: Silverthon (2010)


Etapas finais da contração muscular

1. ATP se liga à miosina,


desligando actina/miosina;

Sítios de
ligação ATP
para a
miosina

Filamento de miosina

Fonte: Silverthon (2010)


Etapas finais da contração muscular

2. ATP quebra, ligando


novamente actina/miosina;

ADP
Pi

Fonte: Silverthon (2010)


Etapas finais da contração muscular

3. Saída de Pi, movimenta


a miosina, movendo a actina;

Pi

Fonte: Silverthon (2010)


Etapas finais da contração muscular

4. Saída de ADP e Ca2+.

ADP

Fonte: Silverthon (2010)


Finalização da contração muscular

 Aproximação das linhas Z em direção à linha M, pelo deslizamento de actina sobre


a miosina.
Banda I
Miosina Banda A
Actina

Músculo
relaxado

Fonte: Silverthon (2010)


Finalização da contração muscular

 Aproximação das linhas Z Metade


em direção à linha M, Metade Zona H da
da banda I
pelo deslizamento de actina banda I
sobre a miosina.
Encurta
concentração H
Banda A constante Z
Z

Músculo
contraído

H
Zona H e banda I encurtam
Fonte: Silverthon (2010)
Interatividade

No processo de contração muscular, quando a molécula de ATP é hidrolisada na


cabeça da miosina, é apenas correto afirmar que ocorre:

a) Ligação da cabeça da miosina nos sítios de ligação da actina.


b) Liberação de energia para movimentar a actina sobre a miosina.
c) Relaxamento muscular pelo desligamento das proteínas actina e miosina.
d) Saída do cálcio em direção ao seu local de origem no retículo sarcoplasmático.
e) Saída do Pi e do ADP, gerando a movimentação de actina sobre a miosina.
Resposta

No processo de contração muscular, quando a molécula de ATP é hidrolisada na


cabeça da miosina, é apenas correto afirmar que ocorre:

a) Ligação da cabeça da miosina nos sítios de ligação da actina.

Comentário:
A contração muscular só ocorrerá após a saída do Pi da cabeça da miosina.
Portanto, a hidrólise de ATP só resulta na ligação das proteínas actina e miosina.
Fatores que influenciam a contração muscular

Fonte: https://pixabay.com/pt/levantador-de-
peso-peso-fitness-312254//

Fonte: https://pixabay.com/pt/m%C3%BAsculo-sistema-muscular-anatomia-3120521/
Características das fibras musculares

Aspectos funcionais Tipo I Tipo IIA Tipo IIX


Produção de força Baixa Alta Alta
Velocidade de contração Lenta Rápida Rápida
Resistência à fadiga Alta Média Baixa
Caráter metabólico predominante Oxidativo Oxidativo/glicolítico Glicolítico
Fonte: Adaptado de: Ide; Lopes (2008)

Limiar excitatório das fibras musculares (BOTTINELLI;


REGGIANI, 2000):

Tipo I: -85mV Tipo IIA: -92,7 mV Tipo IIX: -94,6 mV


Tipos de ações musculares

 Concêntrica: encurtamento muscular;


 Excêntrica: alongamento muscular;
 Isométrica: manutenção do músculo
no mesmo comprimento.

encurtamento

Fonte: Adaptado
de: Kraemer,
Fleck e
Deschenes (2012)
Curva força-comprimento

 Nas ações concêntrica e isométrica, a força muscular


é dependente de um comprimento “ótimo”.

 A tensão muscular depende da interação entre as


proteínas e da movimentação das pontes cruzadas.

Fonte: Barroso, Tricoli e Ugrinowitsch (2005)


Curva força-comprimento

 A ação excêntrica possibilita maior produção de


força mesmo com menor recrutamento de
fibras musculares.

 Elementos elásticos determinam essa vantagem


para a ação muscular excêntrica.

Fonte: Barroso, Tricoli e Ugrinowitsch (2005)


Curva força-velocidade

 Relação inversamente
proporcional entre força
e velocidade para
ação concêntrica.

Fonte: Autoria própria


Ciclo alongamento-encurtamento

 Alongamento seguido de encurtamento resulta em maior produção de força e/ou


potência muscular (Hall, 2016).

Fonte: Autoria própria


a) Salto; b) Aterrisagem; c) Alongamento do músculo; d)
Encurtamento do músculo; e) Produção de potência de salto.
Interatividade

Mesmo com a diminuição da formação de pontes cruzadas (ligação de actina com


miosina), a ação muscular excêntrica produz mais força que as ações musculares
concêntrica e isométrica. Isso é explicado porque:
a) A ação excêntrica resulta em maior recrutamento de fibras musculares rápidas.
b) A ação excêntrica é a favor da ação da gravidade, gerando maior força muscular.
c) A proteína titina resiste ao alongamento, elevando a força muscular excêntrica.
d) A proteína actina resiste ao alongamento, elevando a força muscular excêntrica.
e) Diminuir a ligação entre actina e miosina aumenta o recrutamento muscular.
Resposta

Mesmo com a diminuição da formação de pontes cruzadas (ligação de actina com


miosina), a ação muscular excêntrica produz mais força que as ações musculares
concêntrica e isométrica. Isso é explicado porque:
c) A proteína titina resiste ao alongamento, elevando a força muscular excêntrica.
Comentário:
A característica elástica da titina gera resistência contrária ao alongamento do
músculo, possibilitando que a ação excêntrica produza mais força que as outras
ações musculares.
Manifestações e formas de avaliação da força muscular

Fonte: https://pixabay.com/pt/homem-pessoa-
poder-for%C3%A7a-strong-1282232/

Fonte: https://pixabay.com/pt/placas-de-peso-fitness-vigor-299537/
Conceitos fundamentais

 Força muscular: capacidade de se opor ou vencer uma resistência mediante a


ação muscular (PLATONOV, 1999).
 Treinamento de força: treinamento realizado contra
uma determinada resistência externa (elástico, halteres,
aparelhos de musculação etc.).

 Manifestações da força muscular: formas que a


Fonte: Autoria própria capacidade física de força se manifesta no treinamento.

 Testes de força muscular: testes realizados para


mensurar as manifestações da força muscular nas
ações musculares excêntrica, concêntrica e isométrica.
Manifestações da força muscular e testes de força

 Força máxima: quantidade máxima de força que um músculo pode mobilizar


durante uma contração voluntária com ou sem movimento (PLATONOV, 1999).
Etapas Procedimentos do teste de uma repetição máxima (1 RM)
1 Aquecimento geral de 5 minutos (9,0 km/h) na esteira.
Aquecimento específico de 8 repetições a 50% de 1 RM, após 2
2
minutos de intervalo, mais 3 repetições com 70% de 1 RM.
Após 3 minutos das séries de aquecimento, inicia-se as tentativas de 1
3 RM, utilizando 3 minutos de intervalo entre as tentativas e no máximo
Fonte: Autoria própria 5 tentativas.
Na 1ª tentativa, é colocado o peso estimado de 100% e o avaliado
4 deve realizar uma repetição. Caso ele consiga, é acrescentado peso,
ou se ele não conseguir, o peso é reduzido.
5 O 1 RM será a tentativa em que for levando o maior peso.

Fonte: Brown e Weir (2001)


Manifestações da força muscular e testes de força

Força explosiva (potência):


máximo de força produzida
na menor unidade de tempo
(força x distância/tempo).
(WEINECK, 1999)

Acervo próprio: teste de salto horizontal

Fonte: Autoria própria

Acervo próprio: teste de salto vertical


Manifestações da força muscular e testes de força

 Resistência de força: capacidade de manter a produção de força por um tempo


prolongado, resistindo à fadiga (FLECK; KRAEMER, 1999).

Testes inespecíficos Testes específicos


Exemplo: 1RM = 100 kg
Repetições máximas com um
60% de 1RM = 60 kg
percentual de 1RM
Total de repetições = 35 repetições

Fonte: Autoria própria Máximo de peso para um Exemplo: Zona de 8-12 RM


determinado número de < 8 repetições = diminui o peso
repetições > 12 repetições = aumenta o peso

Definir o teste de acordo com o objetivo


Manifestações da força muscular e testes de força

 Hipertrofia muscular: aumento da área de secção transversa muscular resultante


do acúmulo de sucessivos incrementos na taxa de síntese proteica miofibrilar
(DAMAS et al., 2015).

É uma adaptação e não


Fonte: https://pixabay.com/pt/b%C3%ADceps- uma manifestação da força
muscula%C3%A7%C3%A3o-m%C3%A3o-
m%C3%BAsculo-159681/ muscular.
Interatividade

Considerando que seu aluno realizará o treinamento de resistência de força com um


percentual de 1RM, qual a maneira correta de avaliar a melhora de resistência de
força após o treinamento?

a) Testar o 1RM e repetições máximas em um determinado percentual desse 1RM,


antes e depois do período de intervenção.

b) Testar o máximo de peso possível de ser levantado para uma determinada zona
de repetições, antes e depois do período de intervenção.

c) Testar 1RM antes da intervenção e o máximo de


repetições realizadas utilizando um determinado valor do
percentual de 1RM após a intervenção.
Interatividade

d) Testar 1RM antes e após a intervenção e o máximo de repetições realizadas


utilizando um determinado valor do percentual de 1RM após a intervenção.

e) Testar depois da intervenção o máximo de peso possível de ser levantado para


uma determinada zona de repetições.
Resposta

Considerando que seu aluno realizará o treinamento de resistência de força com um


percentual de 1RM, qual a maneira correta de avaliar a melhora de resistência de
força após o treinamento?
a) Testar o 1RM e repetições máximas em um determinado percentual desse 1RM,
antes e depois do período de intervenção.
Comentário:
A resistência de força é quantificada pela comparação do número de repetições
máximas obtido com o percentual de 1RM no pré-treinamento versus o número de
repetições máximas com o percentual de 1RM no pós-treinamento.
Exemplo:
Antes da intervenção: 1RM = 100 kg e 60% 1RM (60 kg) =
30 repetições máximas. Após a intervenção: 1RM = 120 kg
e 60% 1RM (72 kg) = 40 repetições máximas.
Adaptações neuromusculares ao treinamento de força

Fonte: https://pixabay.com/pt/fax-homem-branco-modelo-3d-isolado-1920894/

Fonte: https://pixabay.com/pt/levantador-de-peso-peso-fitness-312254//
Adaptações neuromusculares ao treinamento de força

Número, velocidade e frequência de disparo das unidades motoras (UMs) (SILVERTHON,


2010).

 Sincronização das Ums.


 Coordenação intra e intermuscular.
 Diminuição da co-contração.

Fonte: CARROL; RIEK; CARSON, 2001


Time course das adaptações neurais

Força muscular
Progresso

Hipertrofia muscular

Fonte: Autoria própria


Adaptações neurais

Tempo
Teoria das microlesões e hipertrofia muscular

 Dano muscular após a realização do exercício.

Célula íntegra

CK
Célula MG PCr+ADP + H+ ↔ ATP + Cr

Sangue MG CK CK
MG
Fonte: Adaptado de: Ide, Lopes e Sarraipa (2010)
Teoria das microlesões e hipertrofia muscular

 Dano muscular após a realização do exercício.


Célula pós-atividade contrátil severa

CK
Fonte: Adaptado de: Ide, Lopes e
Célula MG PCr+ADP + H+ ↔ATP + Cr
Sarraipa (2010)

MG MG CK
Sangue MG CK MG CK MG
MG CK CK CK CK
CK CK MG
CK CK CK
CK MG MG
MG CK CK MG MG
CK MG
Hipertrofia muscular

 Sinalização Treinamento de Força


intracelular após (Estresse mecânico causado pela sobrecarga maior que o habitual)
o dano muscular.
Dano muscular
Extravasamento
das proteínas MG e
Linha z Sarcolema Túbulos T Miofibrilas CK para o sangue

Neutrófilos Macrófagos
Fonte: Adaptado de: Prestes et al. (2016) IL-6
Proliferação e diferenciação Fator de necrose
(células satélites) TUMORAL igf-1
Óxido nítrico
Formação de novos
mionúcleos Transcrição e
Hipertrofia
tradução
miofibrilar Aumento da síntese proteica
Hipertrofia muscular

Damas et al. (2016) A


15

Dano muscular
10 semanas TF
(Leg press e extensora) 10
2x/semana (10 semanas)
9-12 RM
5
Fonte: Adaptado de: Damas et al. (2016)

Símbolo * significa diferença da 3ª e 10ª semana


Hipertrofia muscular

Damas et al. (2016)


B

1,8

Síntese proteica
10 semanas TF
1,7
(Leg press e extensora)
2x/semana (10 semanas) 1,6
9-12 RM 1,5
Fonte: Adaptado de: Damas et al. (2016) 1,4
1,3
1,2

Símbolo † significa diferença da 3ª e 10ª semana; símbolo # representa


diferença de 24h.
Hipertrofia muscular

Damas et al. (2016) C 5500

5000

fibra muscular
Hipertrofia da
10 semanas TF
4500
(Leg press e extensora)
2x/semana (10 semanas) 4000
9-12 RM
Fonte: Adaptado de: Damas et al. (2016) 0

Símbolo † significa diferença apenas na 10ª semana


Hipertrofia muscular ocorre apenas quando o dano
muscular é inexistente.
Teoria da biologia molecular

INIBIÇÃO

Sinalização intracelular das Extracelular ATIVAÇÃO


enzimas quinases em resposta ao
estresse mecânico causado pelo Intracelular
treinamento de força.

Fonte: Adaptado de: Matsakas e Patel (2009)


Estresse metabólico e hipertrofia muscular

Estresse
Mecanismos
metabólico
sinalizados em
resposta ao estresse
metabólico causado
pelo treinamento de Produção de
Aumento do Aumento da Aumento da
força. espécies reativas Inchaço
recrutamento liberação liberação de
de oxigênio muscular
muscular hormonal miocinas
Fonte: Adaptado de: Schoenfeld (2013)

Músculo Músculo
esquelético esquelético

Hipertrofia muscular
Interatividade

Quanto aos mecanismos relacionados à hipertrofia muscular, é apenas correto


afirmar que:

a) O estresse metabólico ocasionado pelo treinamento de força é responsável


pelo dano muscular e consequentemente sinaliza vias que causam
a hipertrofia muscular.

b) O estresse mecânico em resposta ao treinamento


de força é responsável pelo dano muscular e
consequentemente sinaliza vias que causam
a hipertrofia muscular.
Interatividade

c) O dano muscular causado pelo treinamento de força é o principal responsável


pela hipertrofia muscular, sendo causado pelo elevado estresse mecânico do
treino.

d) Nas primeiras semanas, a síntese proteica é direcionada para a reparação do


dano muscular, ao passo que nas semanas de ausência do dano muscular é
direcionada para a hipertrofia muscular.

e) Tanto o estresse mecânico quanto o estresse


metabólico gerado pelo treinamento de força causam
dano muscular, sendo este último o mecanismo
responsável pela hipertrofia muscular.
Resposta

Quanto aos mecanismos relacionados à hipertrofia muscular, é apenas correto


afirmar que:

d) Nas primeiras semanas, a síntese proteica é direcionada para a reparação do


dano muscular, ao passo que nas semanas de ausência do dano muscular é
direcionada para a hipertrofia muscular.

Comentário:
 A hipertrofia muscular só ocorrerá quando o dano
muscular não for mais existente, uma vez que a síntese
proteica só acrescenta proteína ao músculo quando for
reparado todo o dano muscular.
ATÉ A PRÓXIMA!

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