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ANAIS DO

I CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO


AGRÁRIO

I SIMPÓSIO SOBRE O DIREITO AO


ETNODESENVOLVIMENTO PARA OS POVOS E
COMUNIDADES TRADICIONAIS

I SEMINÁRIO SOBRE REGULARIZAÇÃO


FUNDIÁRIA KALUNGA E OS SEUS DESAFIOS

CADERNO DE RESUMOS
2

I CONGRESSO INTERNACIONAL DE DIREITO AGRÁRIO

I SIMPÓSIO SOBRE O DIREITO AO ETNODESENVOLVIMENTO PARA OS


POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

I SEMINÁRIO SOBRE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA KALUNGA E OS SEUS


DESAFIOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM DIREITO AGRÁRIO


UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Praça Universitária, S/N, Setor Universitário, Goiânia-Go – CEP: 74.605-220


Data: 27, 28 e 29 de novembro de 2020 e 04, 05 e 06 de dezembro de 2020
Site do evento: https://direitoagrarioppgda.com.br/
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Reitor Comitê Científico


Edward Madureira Brasil Adegmar José Ferreira
André Felipe Soares de Arruda
Vice-Reitora Andrew Toshio Hayama
Sandramara Matias Chaves Bruce Gilbert
Carlos Frederico Marés de Souza Filho
Pró-Reitor de Pós-Graduação Cláudio Lopes Maia
Laerte Guimarães Ferreira Júnior Emiliano Lôbo de Godoi
Eriberto Francisco Bevilaqua Marin
Coordenadora do Programa de Pós- Eric Millard
Graduação em Direito Agrário Flávia Donini Rossito
Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega Helga Maria Martins de Paula
Isabelle Maria C.Vasconcelos Chehab
Comissão Organizadora:
Andréa Gonçalves Silva José do Carmo Alves Siqueira
Juliete Prado de Faria Joaquim Shiraishi Neto
Maria Cristiana Vidotte Blanco Tárrega Liana Amin Lima da Silva
Mayron Damasceno Manuel Munhoz Caleiro
Rabah Beiladi Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega
Resigno Barros Neto Pablo Malheiros da Cunha Frota
Rabah Belaidi
Rosembert Ariza Santamaria
Salvador Morales Ferrer

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


GPT/BC/UFG

C749 Congresso Internacional de Direito Agrário (1. : 2020 : Goiânia, GO).


Anais da I Congresso Internacional de Direito Agrário. E, Anais [do] I Simpósio Sobre o Direito do
Etnodesenvolvimento para os Povos e Comunidades Tradicionais. E, Anais do I Seminário sobre a
Regularização Fundiária Kalunga : caderno de resumos [recurso eletrônico / Comissão organizadora,
Andréa Gonçalves Silva ...[…]. – Dados eletrônicos (1 arquivo : PDF). - Goiânia : o Programa de Pós-
Graduação em Direito Agrário da UFG, Goiás, 2020.

ISSN: 2764-264X
Evento realizado nos dias :27, 28 e 29 de novembro e 04, 05 e 06 de dezembro de 2020.

1. Direito agrário. 2. Direito e desenvolvimento econômico. 3. Quilombolas – Direitos fundamentais


- Goiás (GO). I. Silva, Andréa Gonçalves. II. Título.
CDU: 349.42
4

APRESENTAÇÃO

O caderno de anais de resumos do I Congresso Internacional de Direito Agrário, I


Simpósio Sobre o Direito do Etnodesenvolvimento para os Povos e Comunidades Tradicionais
e I Seminário sobre a Regularização Fundiária Kalunga e seus desafios é o resultado da
submissão e apresentação de 76 resumos dos trabalhos científicos desenvolvidos dentro das
linhas de pesquisa propostas nos Grupos de Trabalho da primeira edição do evento, promovido
pelo Programa de Pós Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás.

O Programa de Pós-graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás –


UFG, primeiro Programa de Pós-Graduação, a nível de mestrado, em direito agrário do Brasil,
foi criado em 1977 e instalado em 1985, em consonância com a vocação agrária da região
Centro-Oeste. O Programa se constitui em um espaço acadêmico de reflexões sobre o Direito
Agrário Contemporâneo, e se propõe a capacitar e aperfeiçoar profissionais destinados a
compor os quadros para a docência e a pesquisa de instituições de estudos superiores da Região
Centro-oeste do Brasil e, em perspectiva mais ampla, Latinoamericana e Global. Sua finalidade
é estimular a atividade acadêmica, voltada para a reflexão, o uso e a construção de instrumentos
jurídicos com o fito de promover o desenvolvimento socioeconômico associado ao uso racional
da terra, a preservação das territorialidades e dos recursos naturais e sua função socioambiental.

E foi neste sentido que, o evento organizado por um comitê científico formado por
professores de diversas regiões do Brasil e do exterior, pretendeu promover debates e
intercâmbio de ideias e conhecimentos a partir de temas do Direito Agrário Contemporâneo,
tais como: os direitos dos Povos Indígenas, Quilombolas e demais Povos e Comunidades
Tradicionais; o direito à alimentação, soberania alimentar e agroecologia; a violência e
criminalidade no campo; os feminismos; a reforma agrário e assuntos afins.
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SUMÁRIO

GRUPO DE TRABALHO 01
PARA UMA NOVA TEORIA DO DIREITO AGRÁRIO
CONTEMPORÂNEO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI) 5547: UMA DECISÃO DE


FUNDAMENTOS OU FUNDAMENTOS ENCONTRADOS PARA UMA DECISÃO?
Amaury Domingues Camilo Júnior
Kleber Souza Silva
Rabah Belaidi............................................................................................................................18

A CONSTRUÇÃO DE UM CONHECIMENTO EMANCIPADOR A PARTIR DA


IDENTIFICAÇÃO DO PODER SIMBÓLICO NA ATUAÇÃO DO JUDICIÁRIO NOS
CONFLITOS AGRÁRIOS
Andréa Figueredo Pereira
Adegmar José Ferreira
Alysson Maia Fontenele............................................................................................................19

A DESFUNDAMENTAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA COMO FUNDAMENTO


JUSFILOSÓFICO PARA AS OCUPAÇÕES CAMPESINAS E RETOMADAS DE
TERRAS PELOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
Carlos Eduardo Lemos Chaves
José do Carmo Alves Siqueira..................................................................................................20

A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO DO


DIREITO AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO
Miguel Maksud Hanna Neto......................................................................................................21

O GENOCÍDIO DE UM POVO PELA LETRA DA LEI


Resigno Barros Lima Neto
Juliana Adono da Silva
Emilia Santos Cardoso
Nallionay Cardoso Coutinho.....................................................................................................22

POR UM NOVO DIREITO AGRÁRIO: AGROECOLÓGICO E DECOLONIAL


Vanessa de Castro Rosa.............................................................................................................23

TENTATIVAS DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO NA RESOLUÇÃO DOS


CONFLITOS AGRÁRIOS GOIANOS
Andréa Figueredo Pereira
Adegmar José Ferreira..............................................................................................................24
6

A IGREJA, A PROPRIEDADE E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS MEDIEVAIS


Andréa Figueredo Pereira
Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega.....................................................................................25

GRUPO DE TRABALHO 02
DIREITO AO ETNODESENVOLVIMENTO PARA OS POVOS E
COMUNIDADES TRADICIONAIS

A PROMOÇÃO DO ETNODESENVOLVIMENTO PARA AS COMUNIDADES


QUILOMBOLAS UMA REFLEXÃO DA RELAÇÃO DIALÉTICA ENTRE O
DESENVOLVIMENTO NA ERA MODERNA E A TRADIÇÃO LOCAL
Andrea Gonçalves Silva
Maria Cristina Blanco Vidotte Tárrega.....................................................................................27

DESAFIOS DO ETNODESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA


Graziella Barros Azevedo
Carlos Eduardo Marques Silva.................................................................................................28

MARCO TEMPORAL PARA DEMARCAÇÃO DE TERRAS E DIREITO AO


ETNODESENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS: grandezas
inversamente proporcionais
Thaymara Rodrigues Garcez.....................................................................................................29

GRUPO DE TRABALHO 03
DESAFIOS PARA CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS
TERRITORIAIS QUILOMBOLAS

OS PROCESSOS DE REGULARIZAÇÃO TERRITORIAL QUILOMBOLA NO


ESTADO DO PIAUÍ
Liliane Pereira de Amorim........................................................................................................31

SISTEMA DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS GEOGRÁFICAS SOBRE QUILOMBOS


(SIPGQ): CONSOLIDAÇÃO DE INFORMAÇÕES PARA A DEFESA TERRITORIAL
Girolamo Domenico Treccani
Aianny Naiara Gomes Monteiro
Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva
Tatiane Rodrigues de Vasconcelos............................................................................................32
7

A UTILIZAÇÃO DE GEORREFERENCIAMENTO E NOVAS METODOLOGIAS NO


COMBATE À GRILAGEM: O RESPEITO AOS DIREITOS TERRITORIAIS DOS
POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
Tatiane Rodrigues de Vasconcelos
Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva
Aianny Naiara Gomes Monteiro
Girolamo Domenico Treccani
José Heder Benatti....................................................................................................................33

OS RETROCESSOS SOCIOAMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS NAS


COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO CONTEXTO DE DESDEMOCRATIZAÇÃO
(2016-2019)
Maria Luiza Cavalcante Fernandes
Thaisa Maira Rodrigues Held....................................................................................................34

DIREITOS TERRITORIAIS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS EM


LITÍGIOS COLETIVOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PROCESSO CIVIL
ESTRUTURAL
Tatiane Rodrigues de Vasconcelos
Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva
Aianny Naiara Gomes Monteiro
Girolamo Domenico Treccani
José Heder Benatti.....................................................................................................................35

GRUPO DE TRABALHO 04 - DIREITO À ALIMENTAÇÃO,


SOBERANIA ALIMENTAR E AGROECOLOGIA

O DIREITO CONSTITUCIONAL À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E O PLANO


NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE
Lucineia do Prado Faria
Juliete Prado de Faria................................................................................................................37

AGROECOLOGIA URBANA: SEMEANDO PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE E


BEM VIVER
Cleusa Maria Rossini
Daniel Rubens Cenci
Fernanda Gewehr de Oliveira
Leonir Terezinha Uhde
Márcia Sostmeyer Jung
José Antônio Gonzalez da Silva................................................................................................38
8

SEMENTES DE RESISTÊNCIA: CAMPONESAS, SABERES TRADICIONAIS E


AGROBIODIVERSIDADE
Daiane dos Santos Possamai....................................................................................................39
REFLEXÕES SOBRE A SOBERANIA ALIMENTAR EM PIRENÓPOLIS/GO
João Guilherme da Trindade Curado
Erica Danielle de Mesquita
Samara Benedita Lôbo
Ricardo Pereira de Andrade......................................................................................................40

O DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO E O USO


DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
Lorena Fávero Pacheco da Luz.................................................................................................41

A AGROECOLOGIA COMO INSTRUMENTO NA BUSCA DE JUSTIÇA SOCIAL E


AMBIENTAL
Lucas Guimarães Silva dos Santos
Renata Martins Vasconcelos.....................................................................................................42

A NOVA ROTULAGEM NUTRICIONAL DOS ALIMENTOS EMBALADOS E SUAS


CONSEQUÊNCIAS: UMA ANÁLISE DAS CRÍTICAS DA RDC N° 429 DA ANVISA
Maria Goretti dal Bosco
João Pedro Uchoa de Azevedo..................................................................................................43

ÓBICES JURÍDICO-POLÍTICOS À TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA NO BRASIL


Paula Cristina Santos Pireneus..................................................................................................44

GRUPO DE TRABALHO 05 - POVOS TRADICIONAIS, CULTURA,


DIREITOS, SABERES E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS

CADASTRO AMBIENTAL RURAL PARTICIPATIVO MANSO E PACÍFICO:


ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE PONTA DE PEDRAS, NO MARAJÓ,
ESTADO DO PARÁ
Carlos Augusto Pantoja Ramos
Michely Mesquita Santos
Loyanne Lima Feitosa
Girolamo Domenico Treccani
Fernanda Ferreira Senra Antelo................................................................................................46
9

A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL NA DISPUTA PELA


MANUTENÇÃO DE UM TERRITÓRIO TRADICIONALMENTE OCUPADO NA APA
DA BARRA DO RIO MAMANGUAPE (PARAÍBA)
Inafran Francisco de Souza Ribeiro...........................................................................................47

A LEGISLAÇÃO PROTETIVA AOS DIREITOS DOS POVOS DE TERREIRO EM:


ENTRE AS LEIS DE POVOS OU COMUNIDADES TRADICIONAIS E DE
LIBERDADE RELIGIOSA
Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos
Manoel Rufino David de Oliveira
Amaiama Lamarão Josaphat
Lara Cristina Cardoso de Sousa................................................................................................48

A ADI N.º 5.783 COMO DENÚNCIA DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI


ESTADUAL N. º 12.910/13: QUAIS OS DIREITOS E AS VOZES DAS COMUNIDADES
DE FUNDOS DE PASTO?
Jaqueline Pereira de Andrade
Katya Regina Isaguirre-Torres .................................................................................................49

A TERRA MAU DITA


Resigno Barros Lima Neto
Eriberto Francisco Bevilaqua Marin.........................................................................................50

VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS ENVOLVENDO CONHECIMENTOS


TRADICIONAIS ASSOCIADOS AO LUME DO ARTIGO 25 DA LEI Nº 13.123/2015
Gabriel Cavalcante Cortez
Pholiane Segatelli Tubaki.........................................................................................................51

PSA COMO ALTERNATIVA AO DESENVOLVIMENTO HUMANO


SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NA AMAZÔNIA
BRASILEIRA
Roberta Almeida Gomes...........................................................................................................52

GRUPO DE TRABALHO 06 – CONSULTA PRÉVIA E A CONSTRUÇÃO


DE PROTOCOLOS AUTÔNOMOS

O DIREITO DOS POVOS TRADICIONAIS À CONSULTA PRÉVIA E OS


PROTOCOLOS AUTÔNOMOS
Juliete Prado de Faria
José do Carmo Alves Siqueira.................................................................................................54
10

POVOS CIGANOS E A CONSTRUÇÃO DE PROTOCOLOS DE CONSULTA


PRÉVIA: NA BUSCA PELO DIREITO DE SER QUEM SE É!
Luciana de Assiz Garcia...........................................................................................................55

RESPONSABILIDADE DO ESTADO BRASILEIRO REFERENTE A


INOBSERVÂNCIA NA REALIZAÇÃO DA CONSULTA PRÉVIA, LIVRE E
INFORMADA NA CONSTRUÇÃO DA UHE DE BELO MONTE: CASO DO
TERRITÓRIO INDÍGENA ARARA DA VOLTA GRANDE E PAQUIÇAMBA.
Bruna dos Santos Trindade
Bruna Vitória Queiroz de Moura
Sthefany Caroline Nascimento Silva........................................................................................56

PROTOCOLOS INDÍGENAS DE CONSULTA E CONSENTIMENTO PRÉVIO,


LIVRE E INFORMADO NO BRASIL E SEU RECONHECIMENTO JURÍDICO
Ana Júlia Gonçalves Oliveira
Liana Amin Lima da Silva........................................................................................................57

JURIDICIDADE DOS PROTOCOLOS AUTÔNOMOS DE CONSULTA: AVANÇOS E


DESAFIOS PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DOS POVOS E
COMUNIDADES TRADICIONAIS NO BRASIL
Ana Júlia Gonçalves Oliveira
Gabrielle Rios Rodrigues
Luana Caroline Rocha Silva
Liana Amin Lima da Silva........................................................................................................58

CRIMINOLOGIA VERDE E A RESPONSABILIDADE PENAL DA


HYDRO/ALUNORTE PELO DESPEJO DE REJEITOS DE PRODUÇÃO DE
ALUMINA NA BACIA DO RIO PARÁ
Bruna dos Santos Trindade
Bruna Vitória Queiroz de Moura..............................................................................................59

GRUPO DE TRABALHO 07 – REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA,


REFORMA AGRÁRIA E DESAPROPRIAÇÃO

A CONFLITUOSA TRANSFORMAÇÃO DA TERRA EM PROPRIEDADE PRIVADA


NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO
Andréa Figueredo Pereira
Adegmar José Ferreira..............................................................................................................61
11

30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 FRENTE AO DEBATE SOBRE A


REFORMA AGRÁRIA: HÁ O QUE COMEMORAR?
Daniel Júnior Rodrigues Alvarenga
Camila de Almeida Miranda ....................................................................................................62

A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL E A NECESSIDADE DE UM


ESTADO COMPROMETIDO COM A JUSTIÇA SOCIAL NO CAMPO
Elenice Silverio de Souza
Emiliano Lobo de Godoi...........................................................................................................63

EVOLUÇÃO DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NA ANTIGUIDADE ORIENTAL


AO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: FUNÇÃO SOCIAL AO LUME DA
REFORMA AGRÁRIA
Gabriel Cavalcante Cortez
Cristina Maiko Oishi do Amaral Campos Okuma......................................................................64

MATA VELHA, EM PIRENÓPOLIS, GOIÁS: FRONTEIRA ENTRE O URBANO E O


RURAL
Ísis Lôbo de Oliveira
Tereza Caroline Lôbo
João da Cruz Gonçalves Neto...................................................................................................65

A GESTÃO INTEGRADA DO ESPAÇO TERRITORIAL RURAL COMO POLÍTICA


PÚBLICA NECESSÁRIA AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICOSOCIAL LOCAL
Katia Borges dos Santos...........................................................................................................66

O DISTRITO DE LAGOLÂNDIA NO MUNICÍPIO DE PIRENÓPOLIS/GO, EM SEU


PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
Leiliane Alves Trindade............................................................................................................67

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E RESISTÊNCIA POPULAR EM ALAGOAS


Rikartiany Cardoso teles...........................................................................................................68

A VENDA ILEGAL DE LOTES DE ASSENTAMENTOS: A (NÃO) DA REFORMA


AGRÁRIA
Verônica Fávero Pacheco da Luz..............................................................................................69

A AUSÊNCIA DE REGISTRO DE IMÓVEIS DE TERREIROS EM BELÉM DO PARÁ:


ENTRAVE PARA A CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL À
LIBERDADE RELIGIOSA
Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos
Manoel Rufino David de Oliveira
12

Amaiama Lamarão Josaphat


Lara Cristina Cardoso de Sousa.................................................................................................70

GRUPO DE TRABALHO 08 – VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE NO


CAMPO

A (DES)CRIMINALIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO DE TERRA À LUZ DO ESTADO


DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Francielle Ferreira Silva...........................................................................................................72

O DESASTRE DE MARIANA RESPONSABILIDADES E DIREITOS


Amanda Henrique Pires
Juliana Fogaça Kiaulenas:
Katya Regina Isaguirre.............................................................................................................73

MOURÃO DE CARABINA AO LADRÃO DE TERRA: A VIOLÊNCIA NA


FRONTEIRA
Andréa Figueredo Pereira
Adegmar José Ferreira..............................................................................................................74

GRUPO DE TRABALHO 09 -
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS DO DIREITO
AGRÁRIO

IDOSOS NO CAMPO E A IMPORTÂNCIA DO PROJETO CONVIVER NA CIDADE


DE GOIÁS
Dienifer Duarte Cardoso
Camila Ponciano Duarte
Juliete Prado de Faria................................................................................................................76
O IDOSO NO CAMPO E A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO
DOMICILIAR DE SAÚDE
Elenice Gomes Prado
Juliete Prado de Faria.................................................................................................................77

O ROMPIMENTO DA BARRAGEM EM MARIANA SOB A PERSPECTIVA


ECOSSOCIALISTA: UMA ANÁLISE SOBRE OS ASPECTOS ECONÔMICOS DA
IMPUNIDADE EM CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS
Daniela Scholze Montes
Gustavo de oliveira Correa
Katya Regina Isaguirre-Torres..................................................................................................78
13

TIME-SHARING, A LEI DA MULTIPROPRIEDADE (LEI Nº 13.777/2018) E SUA


POSSÍVEL APLICAÇÃO NOS IMÓVEIS RURAIS DECORRENTES DOS
CONTRATOS TÍPICOS DE ARRENDAMENTO AGRÁRIO
Elton de Vargas de Oliveira
Ana Paula Torres.......................................................................................................................79

ANÁLISE DA EFICÁCIA DA LEI KANDIR NA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTOS


SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (IMCS) NO
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Heloísa Borges Nascimento
Isabel Christina Gonçalves Oliveira........................................................................................80

GRUPO DE TRABALHO 10 - OS FEMINISMOS E A LUTA CONTRA O


PATRIARCADO

ANÁLISE SOBRE A MARCHA DAS MARGARIDAS E SEUS REFLEXOS NO


DESENVOLVIMENTO DA AGROECOLOGIA EM GOIÁS ENTRE OS ANOS DE
2015-2019
Cláudia Cristina do Nascimento
Helga Maria Martins De Paula..................................................................................................82

AGRICULTURA FAMILIAR, DESIGUALDADE DE GÊNERO E AGROECOLOGIA


NO SUL CATARINENSE
Daiane dos Santos Possamai
Viviane Kraieski de Assunção..................................................................................................83

A INTERSEÇÃO DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS ÀS POLÍTICAS (PÚBLICAS)


DE COMBATE À VIOLÊNCIA NO CAMPO: A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI MARIA
DA PENHA NO CAMPO.
Jessana da Silva
Renata Martins Vasconcelos.....................................................................................................84

EMPREENDEDORISMO FEMININO NA AGROECOLOGIA: O PAPEL DAS


CAMPANHAS
Francielle Ferreira Silva............................................................................................................85

O CONTRATO SEXUAL DA MULHER NO CAMPO


Juliana da Costa Nascimento
Luiz Otávio Corrêa Pereira........................................................................................................86
14

VIOLÊNCIA, RUPTURA E RESISTÊNCIA: O PROTAGONISMO DAS MULHERES


PARA UM PRODUZIR AGROECOLÓGICO
Julyana Macedo Rego
Helga Maria Martins De Paula..................................................................................................87

MARCHA DAS MARGARIDAS, A EXPRESSÃO DO ECOFEMINISMO NA


AMÉRICA LATINA
Manoel Rufino David de Oliveira
Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos
Amaiama Lamarão Josaphat
Lara Cristina Cardoso de
Sousa........................................................................................................................................88

NORMAS AMBIENTAIS NA SOCIEDADE MODERNA E A A ECOLOGIA HUMANA


DOS POVOS TRADICIONAIS
Manuel Munhoz Caleiro
Marcela Dias Bueno
Mariana Oliveira Bucinsky Fontes...........................................................................................89

O CAPITALISMO E OS DIREITOS DAS MULHERES TRANS


Manuel Munhoz Caleiro
Viviane da Silva Mendes..........................................................................................................90

A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS NA CONSTRUÇÃO DE


POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EMANCIPAÇÃO DAS MULHERES DO CAMPO.
Maria Luiza Caires Lente
Airel Rodrigues Alves...............................................................................................................91

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DO CAMPO: PERPECTIVAS POLÍTICAS,


SOCIAIS E JURÍDICAS DE UMA PAUTA FEMINISTA
Mariana Machado Rezende
Renata Martins Vasconcelos
José do Carmo Alves Siqueira..................................................................................................92

O FEMINISMO E A LUTA CONTRA O PATRIARCADO NA PERSPECTIVA


INTERSECCIONAL
Virgínia Valeiro Borges Freitas
Renata Martins Vasconcelos.....................................................................................................93

A AGRICULTURA COMO SEMENTE DE EMPODERAMENTO DE MULHERES


NO CONTEXTO SOCIAL
15

Luana Nogueira Ramos Garcia Costa


Renata Martins Vasconcelos.....................................................................................................94

O DIREITO CONSTITUCIONAL À IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES


E A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA
NO ESTADO DE GOIÁS: DO PATRIARCADO À AGROECOLOGIA.
Lorena Cristina Moreira............................................................................................................95

A HISTÓRIA DO FEMINISMO E AS RELAÇÕES INTERGÊNERO DE IGUALDADE


Virgínia Valeiro Borges Freitas
Renata Martins Vasconcelos.....................................................................................................96

GRUPO DE TRABALHO 11 - AS RELACÕES ENTRE A DEVASTAÇÃO


E EXPROPRIAÇÃO DA NATUREZA E O GENOCÍDIO DOS POVOS
INDÍGENAS NO BRASIL E AMÉRICA LATINA

AILTON KRENAK E O PENSAMENTO INDÍGENA CONTRA A COLONIALIDADE:


UMA ANÁLISE ANTIECONÔMICA DO DIREITO
Pedro Henrique Correa Guimaraes............................................................................................98

A SAÚDE INDÍGENA E O ESTADO BRASILEIRO: GARANTIA DE DIREITOS EM


MEIO À CRISE SANITÁRIA DA COVID-19
Ana Maria Heeren Falkiewicz
Katya Regina Isaguirre-Torres..................................................................................................99

A TERRA INDÍGENA VALE DO JAVARI: O PRÓXIMO ALVO DO FÚNEBRE


PROGRESSO CAPITALISTA, POVOS E A MÃE TERRA SOB ATAQUES
Ana Gabrieli Reis
Matheus Antunes Riguete.......................................................................................................100

NECROPOLÍTICA DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL SOB ENFOQUE DA


TEORIA DE ACHILLE MBEMBE
Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos
Amaiama Lamarão Josaphat
Lara Cristina Cardoso de Sousa...............................................................................................101

NORMAS AMBIENTAIS NA SOCIEDADE MODERNA E A ECOLOGIA DOS POVOS


TRADICIONAIS
Manuel Munhoz Caleiro
Marcela Dias Bueno
Mariana Oliveira Bucinsky Fontes..........................................................................................102
16

GENOCÍDIO INDÍGENA E A NOÇÃO DE MASSACRE CONTINUADO: UM


ESTUDO DOS CASOS OCORRIDOS NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2010 A
2015.
Sthefany Fernanda da Silva
Aldo Almeida Brito
Maycon Douglas Pereira Lemes
Juliana da Silva Matos............................................................................................................103
17

GRUPO DE TRABALHO 01
PARA UMA NOVA TEORIA DO DIREITO AGRÁRIO
CONTEMPORÂNEO

Coordenação:

José do Carmo Alves Siqueira (PPGDA/UFG)


Thiago Botelho (UFGD)
18

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI) 5547: UMA DECISÃO DE


FUNDAMENTOS OU FUNDAMENTOS ENCONTRADOS PARA UMA DECISÃO?

Amaury Domingues Camilo Júnior1


Kleber Souza Silva2
Rabah Belaidi3

RESUMO
Recentemente, em data de 22.09.2020, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao decidir o mérito
da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5547, julgou constitucional a Resolução
458/2013, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), ao qual autoriza a simplificação
de procedimentos para licenciamento ambiental em assentamentos de reforma agrária. Esta
decisão, além dos efeitos quanto a simplificação do licenciamento ambiental nos casos citados,
veio, também, confirmar as Resoluções editadas daquele Conselho como fontes normativas de
Direito. Em voto, o Ministro Edson Fachin, relator do caso, ressalta que este poder normativo
primário atribuído ao Conama, é dotado, inclusive, de generalidade e abstração suficiente a
permitir o controle concentrado de constitucionalidade. Portanto, há de se reconhecer que a
decisão contida na ADI 5547 constitui texto normativo importante em matéria de Direito
Agrário, tanto pelo teor do mérito (simplificação de licenciamento ambiental, mesmo que em
casos específicos) quanto pelas consequências da equiparação das Resoluções do Conama a
atos normativos abstratos e genéricos (similares à legislação em sentido estrito). Neste sentido,
se justifica, mediante uma postura analítica descritiva e ao prisma do realismo jurídico
escandinavo ao qual tem Alf Ross como um de seus precursores, um estudo que visa comparar,
catalogar e criticar a decisão debruçada, no fito de clarificar se esta foi posta de forma que possa
ser racionalmente explicada convincentemente ou justificada cientificamente via parecer
técnico-ambiental, uma vez que, conforme voto do relator, esta simplificação data ao
licenciamento “não beneficiaria atividades potencialmente causadoras de degradação do meio
ambiente”.

PALAVRAS-CHAVE: Meio ambiente. Licenciamento ambiental. Realismo jurídico.

1
Advogado. Especialista em Direito Civil e Processo Civil, pela Universidade Salgado de Oliveira. Mestrando no
Programa de Pós-graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás.
22
Gerente de relacionamento do Banco do Brasil. Especialista em Direito dos Contratos pela Faculdade Unyleya.
Mestrando no Programa de Pós-graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás.
3
Professor Titular e atual Vice Coordenador no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal
de Goiás. Doutor em Direito e Mestre em Direito do Trabalho pela Universidade Jean Monnet (Saint-Etienne,
França).
19

A CONSTRUÇÃO DE UM CONHECIMENTO EMANCIPADOR A PARTIR DA


IDENTIFICAÇÃO DO PODER SIMBÓLICO NA ATUAÇÃO DO JUDICIÁRIO NOS
CONFLITOS AGRÁRIOS

Alysson Maia Fontenele1


Adegmar José Ferreira2
Andréa Figueredo Pereira3

RESUMO
Em que medida a constatação da existência do Poder Simbólico na atuação do Poder Judiciário
na resolução de conflitos agrários pode contribuir para a formação de um conhecimento
emancipador? O objetivo deste trabalho é identificar na forma de atuação do Poder Judiciário
na resolução desses conflitos a manifestação do Poder Simbólico, de Pierre Bourdieu, e
compreender como a reconstrução de conceitos formulados pelos dominantes pode contribuir
para a construção de um conhecimento emancipatório que utilize o direito como ferramenta
para uma vida descente e inclusiva. Por meio do método de revisão bibliográfica, será analisada
como a forma de resolução dos conflitos tem favorecido uma situação de distribuição desigual
de riquezas no decorrer da história brasileira. A aplicação de um direito supostamente neutro e
universalizante tem sido utilizada para a manutenção da ordem e da propriedade privada de
modo a favorecer as classes dominantes. Para a teoria do Poder Simbólico essa forma de
discurso reproduz a explicação de mundo a partir de conceitos elaborados pelos dominadores
que passam a ser aceitos como verdades universais por toda a sociedade, gerando a resignação
dos dominados. Aqueles que tentam subverter essa imposição a partir da reconstrução desses
conceitos são marginalizados e excluídos inclusive pelo Poder Judiciário. Assim, se concluirá
de que forma a conscientização da existência dessa dominação e a reconstrução de conceitos
universalizantes a partir de um pensamento descolonial, elaborado sob o prisma dos dominados,
pode contribuir para a construção de um conhecimento emancipador.

PALAVRAS-CHAVE: Conflitos agrários. Poder judiciário. Poder simbólico. Pluralismo


jurídico.

1
Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Juiz Federal do Tribunal
Regional Federal da 1ª Região. Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da
Universidade Federal de Goiás.
2
Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Juiz de Direito no Tribunal de Justiça do
Estado de Goiás. Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal
de Goiás.
3
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Projeto de
pesquisa em desenvolvimento: Tentativas de mediação e conciliação na resolução dos conflitos agrários pelo Poder
Judiciário Goiano. Orientador: Prof. Dr. Adegmar José Ferreira.
20

A DESFUNDAMENTAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA COMO FUNDAMENTO


JUSFILOSÓFICO PARA AS OCUPAÇÕES CAMPESINAS E RETOMADAS DE
TERRAS PELOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

Carlos Eduardo Lemos Chaves1


José do Carmo Alves Siqueira 2

RESUMO
O presente trabalho resgata, a partir de revisão bibliográfica, proposições de Marés sobre a
função social da terra, enquanto grande provedora das necessidades humanas e da própria Vida,
traçando o histórico da sua apropriação privada e transformação em mercadoria. Na segunda
parte, segue uma abordagem quanto aos avanços da Constituição de 1988 na incorporação da
função social da propriedade rural e no reconhecimento dos direitos territoriais originários
indígenas, da propriedade quilombola e dos direitos culturais de povos e comunidades
tradicionais, que custam a deixar o papel de meros direitos-promessa e tornarem-se Direito com
efetividade, segundo Siqueira. A terceira parte apoia-se na proposta de Gilbert para a
desconstrução das raízes filosóficas do direito de propriedade, demonstrando que a propriedade
privada não é mais que uma forma de propriedade comum, já que somente pode existir pelo
reconhecimento de toda a comunidade. Em seguida, passa-se a uma análise das práticas
pluralistas comunitárias, identificadas por Wolkmer nas ocupações e retomadas de terras por
movimentos de luta por reforma agrária e povos e comunidades tradicionais, como práticas
jurídicas paraestatais. Para, por fim, considerando a terra como bem comum, ao qual a cada um
de nós cabe sua parte, na forma dos acordos firmados no grande diálogo plasmado na
Constituição, concluir que esses atores políticos são legítimos intérpretes pluralistas
constitucionais, na forma predita por Häberle, e, através da sua práxis, encontram na
desfundamentação da propriedade privada o fundamento jusfilosófico para as ações concretas
de ocupação e retomadas de terras como meios de realização de direitos.

PALAVRAS-CHAVE: Função social da terra. Comunidades tradicionais. Pluralismo jurídico.


Jusfilosofia.

1
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (Bolsista
CAPES). Especialista em Direitos Sociais do Campo pela Residência Agrária da UFG (Bolsista CNPq). Advogado
associado à Associação de Advogados (as) de Trabalhadores (as) Rurais no Estado da Bahia – AATR.
2
Doutor em Direito pela Universidade de Brasília – UnB. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Goiás.
Professor Adjunto do Curso de Direito da UFG - Regional Goiás e do Programa de Pós-Graduação em Direito
Agrário da UFG – Regional Goiânia. Advogado.
21

A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO DO


DIREITO AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO

Miguel Maksud Hanna Neto1

RESUMO

O presente resumo fez uso da revisão bibliografia e análise normativa para fundamentar a tese
em tela, se valendo do raciocínio lógico dedutivo para tecer considerações e conclusões. A
promoção da regularização fundiária tem demonstrado ser mecanismo eficiente na identificação
e punição de eventuais infrações ambientais ocorridas dentro da propriedade rural, isso ocorre
devido a identificação do possuidor da terra através da sua titulação, facilitando a coerção
estatal no cumprimento da legislação ambiental. As características da posse agrária também
demonstraram serem condutoras da proteção ambiental, visto que exige o respeito a sua função
social para o uso sustentável e legalmente correto da propriedade, segundo o Estatuto da Terra
e o art. 186 da Constituição Federal, sem a qual o proprietário incorre na sua má utilização,
concorrendo para as ações coercitivas do Estado para a sua utilização produtiva, a título de
exemplo, a expropriação da terra para fins de reforma agrária. Em termos de sustentabilidade,
a composição de ‘Áreas de Reserva Legal’ e ‘Áreas de Preservação Permanente’ como
exigíveis a estrutura das propriedades rurais, previstos no Código Florestal de 2012, é uma das
principais ferramentas para a promoção da função social da propriedade e do desenvolvimento
sustentável. O resumo conclui que a titulação das propriedades, por meio da ferramenta da
regularização fundiária, é uma das formas mais eficientes de, dentro da lógica de exploração da
terra e posse produtiva, estimular a promoção de práticas sustentáveis e de saudável exploração
do terreno.

PALAVRAS-CHAVE: Posse agrária. Reserva Legal. Área de Preservação Permanente.


Função social da propriedade.

1
Graduando em Direito pela UFPA.
22

O GENOCÍDIO DE UM POVO PELA LETRA DA LEI

Juliana Adono da Silva1


Resigno Barros Lima Neto2
Nallionay Cardoso Coutinho 3

RESUMO
Um povo reduzido a um terreno no município de Luciara – MT, o processo de demarcação
permanece em trâmite. Obrigados a se refugiarem em diversos Estados por conta dos grandes
massacres de sua população. O caos, e o medo foram instaurados, e por anos foram obrigados
a permanecerem no anonimato. Depois de muita luta, discriminação e violência, foram
reconhecidos frente ao Estado como povos indígenas. O processo demarcatório de suas terras
permanece na morosidade e omissão do Estado do Pará. Pretende-se demonstrar, por meio de
contextualização histórica, o processo de reconhecimento territorial e os mecanismos de luta e
resistência utilizados durante o mesmo, apresentar de que maneira o Estado contempla os
direitos territoriais indígenas internamente (Constituição da República Federativa do Brasil de
1988) e pelos instrumentos jurídicos internacionais que recepciona (Convenção n. 169 da
Organização Internacional do Trabalho), utilizando-se dos referenciais teóricos de Aníbal
Quijano (2005), Catherine Walsh (2017) Enrique Dussel (1993) e Ramón Grosfoguel (2013),
pretende-se correlacionar com a existência/ resistência do povo Kanela do Araguaia a
imposição do poder colonial, ainda existente, em detrimento da efetividade de seus direitos
territoriais enquanto coletividade indígena. Para análise do problema territorial, parte-se da
propositura crítica do direito, sendo a pesquisa de caráter qualitativo e inserida na linha crítico-
metodológica, de vertente jurídico-sociológica. O raciocínio que se desenvolve é do tipo
indutivo, parte-se da realidade específica da Aldeia Nova Pukanu, em que a existência e a
manutenção do poder colonial evidência que os indígenas continuam sendo dominados e
explorados pelas mãos do Estado.

PALAVRAS-CHAVE: Aldeia Nova Pukanu. Coletividade indígena. Colonialismo.

1
Mestra em Direito Agrário pelo Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de
Goiás (PPGDA/UFG). Especialista em Docência para Educação Profissional, Científica e Tecnológica pelo
Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS). Pós-graduanda em Direito Empresarial pela Universidade
Anhembi Morumbi (UAM) e em Direito Civil e Processo Civil pela Fundação Escola Superior do Ministério
Público (FMP).
2
Mestrando no Programa de Pós Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Goiás. Graduado em História pela Universidade Federal de Goiás.
3
Pertencente ao povo Kanela do Araguaia – Apãniekrá. Acadêmica em Direito pela Universidade Federal de
Goiás.
23

POR UM NOVO DIREITO AGRÁRIO: AGROECOLÓGICO E DECOLONIAL

Vanessa de Castro Rosa1

RESUMO
O Direito Agrário é um ramo recente do Direito, que já conta com autonomia – didática,
legislativa, jurisprudencial e científica – embora haja corrente que o entenda como mero ramo
do direito privado. Contudo, o Direito Agrário está em meio a uma forte disputa de poder,
classe, de narrativa e de aporte teórico científico que oscila entre reconhecer como objeto a
relação entre seres humanos e a terra, ou a pura e simples produtividade da terra; entre um
conceito de atividade agrária que conecte seres humanos, terra e equilíbrio ecológico ou
simplesmente a atividade produtiva e a lucratividade. Também a sua finalidade e natureza
jurídica são alvos de disputa conceitual entre um direito a serviço do agronegócio ou um direito
tutelar do polo mais fraco da relação econômica e social como o trabalhador rural, a pequena
empresa rural, a natureza e as comunidades tradicionais. Objetiva-se estudar a disputa científica
e política em torno da definição do conceito, objeto, natureza e objetivos do direito agrário, a
partir de uma pesquisa teórica, qualitativa e bibliográfica, sob o método crítico-descritivo, a
partir da contraposição entre agronegócio e agroecologia, especialmente, Miguel Altieri, como
forma de pensar o direito agrário de forma científica e comprometida com valores sociais de
transformação do horizonte político a partir da realidade concreta das necessidades vivenciadas
pelas pessoas no meio rural e urbano, calcados nos valores e princípios estabelecidos na
Constituição e nos Tratados de Direitos Humanos, na linha do reconhecimento da autonomia
científica do Sul e do pensamento decolonial.

PALAVRAS-CHAVE: Direito Agrário. Agronegócio. Agroecologia. Pensamento decolonial.

1
Professora efetiva de direito ambiental e agrário na Universidade do Estado de Minas Gerais (Frutal-MG).
Doutora em Direito Político (Mackenzie). Mestra em Direitos Humanos (Fieo). Especialista em Direito Ambiental
(UGF). Bacharela em Filosofia (Unisul). Bacharela em Direito (UNESP).
24

TENTATIVAS DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO NA RESOLUÇÃO DOS


CONFLITOS AGRÁRIOS GOIANOS

Andréa Figueiredo Pereira1


Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega2

RESUMO
Em que medida o pensamento pré-moderno pode contribuir com práticas de pluralismo jurídico
para a construção de um conhecimento emancipador de sociedades pós-modernas? O presente
trabalho pretende identificar o pensamento medieval em relação ao papel da igreja, da lógica
de propriedade da terra e da forma de resolução de conflitos e a influência desse pensamento
para a construção de um conhecimento emancipador pós-moderno. Por meio do método de
revisão bibliográfica será utilizado o referencial teórico de novos horizontes teóricos do
Feudalismo, de Alain Guerreau, que repensa os institutos da Idade Média para além de
conceitos firmados na modernidade. Se concluirá se as representações genuinamente medievais
podem explicar melhor os institutos da sociedade contemporânea que os próprios conceitos
firmados na modernidade. A relação entre sujeito e objeto nas comunidades tradicionais, com
suas ideias de uso coletivo do bem e ausência de delimitações territoriais precisas, bem como a
forma de resolução de conflitos baseada no pluralismo jurídico e em técnicas de obtenção de
acordos, se assemelham mais ao pensamento medieval que aos conceitos jurídicos formados a
partir da ciência moderna. Assim, é preciso superar a redução da diversidade de fenômenos
trazida pela modernidade ocidental e, a partir da reconstrução de conceitos históricos do
passado, entender algumas de nossas ricas experiências contemporâneas.

PALAVRAS-CHAVE: Igreja. Propriedade. Resolução de Conflitos. Feudalismo.


Modernidade. Povos tradicionais.

1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Projeto de
pesquisa em desenvolvimento: Tentativas de mediação e conciliação na resolução dos conflitos agrários pelo Poder
Judiciário Goiano. Orientador: Prof. Dr. Adegmar José Ferreira.
2
Mestra e Doutora em Direito pela PUC/SP. Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário
da Universidade Federal de Goiás. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq.
25

A IGREJA, A PROPRIEDADE E A RESOLUÇÃO DE CONFLITOS MEDIEVAIS

Andréa Figueiredo Pereira1


Maria Cristina Vidotte Blanco Tárrega2

RESUMO
Em que medida o pensamento pré-moderno pode contribuir com práticas de pluralismo jurídico
para a construção de um conhecimento emancipador de sociedades pós-modernas? O presente
trabalho pretende identificar o pensamento medieval em relação ao papel da igreja, da lógica
de propriedade da terra e da forma de resolução de conflitos e a influência desse pensamento
para a construção de um conhecimento emancipador pós-moderno. Por meio do método de
revisão bibliográfica será utilizado o referencial teórico de novos horizontes teóricos do
Feudalismo, de Alain Guerreau, que repensa os institutos da Idade Média para além de
conceitos firmados na modernidade. Se concluirá se as representações genuinamente medievais
podem explicar melhor os institutos da sociedade contemporânea que os próprios conceitos
firmados na modernidade. A relação entre sujeito e objeto nas comunidades tradicionais, com
suas ideias de uso coletivo do bem e ausência de delimitações territoriais precisas, bem como a
forma de resolução de conflitos baseada no pluralismo jurídico e em técnicas de obtenção de
acordos, se assemelham mais ao pensamento medieval que aos conceitos jurídicos formados a
partir da ciência moderna. Assim, é preciso superar a redução da diversidade de fenômenos
trazida pela modernidade ocidental e, a partir da reconstrução de conceitos históricos do
passado, entender algumas de nossas ricas experiências contemporâneas.

PALAVRAS-CHAVE: Igreja. Propriedade. Resolução de Conflitos. Feudalismo.


Modernidade. Povos tradicionais.

1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Projeto de
pesquisa em desenvolvimento: Tentativas de mediação e conciliação na resolução dos conflitos agrários pelo Poder
Judiciário Goiano. Orientador: Prof. Dr. Adegmar José Ferreira.
2
Mestra e Doutora em Direito pela PUC/SP. Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário
da Universidade Federal de Goiás. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq.
26

GRUPO DE TRABALHO 02
DIREITO AO ETNODESENVOLVIMENTO PARA OS POVOS E
COMUNIDADES TRADICIONAIS

Coordenação:

André Felipe Soares Arruda (PPGDA/UFG)


Manuel Munhoz Caleiro (UFMS; PPGDA/UFG)
27

A PROMOÇÃO DO ETNODESENVOLVIMENTO PARA AS COMUNIDADES


QUILOMBOLAS: UMA REFLEXÃO DA RELAÇÃO DIALÉTICA ENTRE O
DESENVOLVIMENTO NA ERA MODERNA E A TRADIÇÃO LOCAL.

Andréa Gonçalves Silva1


Maria Cristina Blanco Vidotte Tárrega2

RESUMO
Reflete sobre a possibilidade de desenvolvimento socioeconômico das comunidades
quilombolas sem que elas se descaracterizem ou se tornem integrantes de uma “ecologia de
mercado” adaptada ao sistema capitalista. Pretende apresentar a problemática do sistema
normativo referente à proteção patrimonial cultural; apontar o etnodesenvolvimento como uma
proposta alternativa para a emancipação sem a conformação com o modelo capitalista; e
abordar como a questão agrária pode ser repensada para os negros dentro da atual hegemônica.
O trabalho é subsidiado pela pesquisa bibliográfica e tem como aportes teóricos a teoria
desenvolvimentista/ Etnodesenvolvimento esposado por Guilherme Bonfil Batalla, e pós-
desenvolvimentista de Arturo Escobar. Embora os povos quilombolas estejam abertos a certas
formas de bens e comércios, ao mesmo tempo, resistem à excessiva valorização capitalista e
abstração da natureza provocada pela ciência moderna. Desde suas origens, por não terem se
associado ao progresso, eles mantêm uma constante interação metabólica com a terra, sem a
interrupção provocada pelos interstícios do capital. Portanto, projetos de emancipação que
envolva tais sujeitos de direitos, devem contemplar, sobretudo, as suas autonomias quanto aos
seus modos de ser e viver. O etnodesenvolvimento se mostra como o imaginário econômico
alternativo de emancipação, de democratização e de inclusão dos modelos locais da natureza.
Exsurge também como meio de se repensar a questão agrária para os negros à partir da
perspectiva histórica do escravismo colonial e sua perpetuação na estrutura socioeconômica
contemporânea, cujo Direito em vigor, nascido na Era moderno-capitalista, já nasceu
comprometido com a ordem burguesa e liberal em ascensão.

PALAVRAS-CHAVE: Etnodesenvolvimento. Economia Solidária. Comércio Justo e


Solidário; Pós-Desenvolvimento.

DESAFIOS DO ETNODESENVOLVIMENTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA

1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário na Universidade Federal de Goiás.
2
Mestre e Doutora em Direito pela PUC/SP. Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário
da Universidade Federal de Goiás. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq.
28

Carlos Eduardo Marques Silva1


Graziella Barros Azevedo Rodrigues2

RESUMO
A vulnerabilidade das comunidades tradicionais acaba por ser agravada diante da pandemia do
COVID-19, por questões multifatoriais e que acabam influindo em diversos setores, tais como:
educação, agricultura, segurança alimentar e saúde, afetando assim princípios basilares do
etnodesenvolvimento. O presente estudo tem como objetivo demonstrar quais são as saídas
encontradas para que os povos tradicionais sejam amparados nesse período complexo de
pandemia, bem como ressaltar a importante atuação do poder público para o enfrentamento das
adversidades no cerne das comunidades tradicionais, seja por meio das políticas públicas
assistenciais, ou da tutela coletiva promovida pelo Ministério Público Federal. Busca-se,
através dessa pesquisa, investigar sobre as seguintes indagações: como a pandemia tem afetado
as comunidades tradicionais? Quais têm sido as medidas implementadas para resolução desses
novos desafios? Como as comunidades e povos estão enfrentando a crise sanitária e qual é o
papel dos órgãos públicos nesse processo de enfrentamento? Para isso, no que diz a respeito à
metodologia, a pesquisa será concretizada a partir da revisão da literatura existente sobre os
povos tradicionais, etnodesenvolvimento e as recentes publicações que fazem referência à
pandemia do COVID-19. Nesse sentido os resultados parciais procuram observar, diante do
prolongamento do período de crise sanitária, como a atuação dos órgãos públicos são
importantes para o fortalecimento e manutenção dos povos e para o etnodesenvolvimento, e
como isso tem sido efetivado no contexto prático.

PALAVRAS CHAVES: Etnodesenvolvimento. Pandemia. Tutela coletiva. Comunidades


tradicionais. Políticas Públicas.

1
Graduando em Direito Pela Universidade Federal de Goiás. Pesquisador inscrito no CNPq no projeto “Direito
ao etnodesenvolvimento e políticas públicas para os povos e comunidades tradicionais do cerrado goiano”.
2
Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Goiás. Pesquisadora inscrita no CNPq no projeto
“Direito ao etnodesenvolvimento e políticas públicas para os povos e comunidades tradicionais do cerrado
goiano”.
29

MARCO TEMPORAL PARA DEMARCAÇÃO DE TERRAS E DIREITO AO


ETNODESENVOLVIMENTO DAS COMUNIDADES INDÍGENAS: GRANDEZAS
INVERSAMENTE PROPORCIONAIS

Thaymara Rodrigues Garcez1

RESUMO
O trabalho proposto traz a seguinte problemática: Como o entendimento do Supremo Tribunal
Federal acerca do marco temporal para demarcação de terras indígenas influencia e impacta o
direito dessas comunidades ao etnodesenvolvimento? O objetivo é analisar como o
entendimento do Supremo quanto à limitação temporal para demarcação dessas terras à data da
promulgação da Constituição impacta o direito dessas comunidades ao desenvolvimento
autônomo de sua organização política, jurídica e social, respeitando sua história e cultura a
partir de seus valores e aspirações. A pesquisa está embasada na metodologia exploratória,
iniciando pela análise bibliográfica de autores como Guillermo Bonfil Batalla (1982), Rodolfo
Stavenhagenr (1984), Deborah Macedo Duprat de Britto Pereira (2018) e Thiago Leandro
Vieira (2016), que apresentam o conceito de etnodesenvolvimento e tratam do procedimento
demarcatório, bem como da análise jurisprudencial de decisões do STF sobre o tema. Da análise
da relação entre os objetos relacionados (marco temporal e direito ao etnodesenvolvimento), a
resposta a que se chegou é a de que tais fatores são inversamente proporcionais, uma vez que
admitir o marco temporal como fato limitador à demarcação de terras indígenas implica, por
outro lado, a relativização do direito ao etnodesenvolvimento dessas comunidades, já que o
território de um povo está intrinsecamente vinculado à sua capacidade de desenvolvimento
histórico e cultural, não sendo possível distingui-los sem a referência precisa de seu território,
recurso atualmente ameaçado pela teoria do marco temporal.

PALAVRAS-CHAVE: Etnodesenvolvimento. Demarcação indígena. Marco temporal.

1
Graduada em Direto pelo Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. Pós-graduanda em Direito e Economia
dos Sistemas Agroindustriais pela Faculdade CNA em convênio com Instituto Brasileiro do Direito do
Agronegócio (IBDA). Advogada.
30

GRUPO DE TRABALHO 03 - DESAFIOS PARA


CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS TERRITORIAIS
QUILOMBOLAS

Coordenação:

André Felipe Soares Arruda (PPGDA/UFG)


Manuel Munhoz Caleiro (UFMS; PPGDA/UFG)
31

OS PROCESSOS DE REGULARIZAÇÃO TERRITORIAL QUILOMBOLA NO


ESTADO DO PIAUÍ

Liliane Pereira de Amorim1

RESUMO
O presente artigo, em andamento, tem como objeto analisar os processos de regularização
territorial quilombola no Estado do Piauí com o intuito de compreender seus desafios e
perspectivas. O Estado do Piauí foi um dos primeiros a ter comunidades quilombolas tituladas
e, nos últimos anos o Estado por meio do Instituto de Terras do Piauí-INTERPI, tem criado
esforços para a efetivação do Direito Constitucional, previsto no art. 68 da ADCT, a exemplo
da criação de uma gerência para tratar da regularização territorial dos povos tradicionais.
Entretanto, necessário é, questionar em que medida tem se efetivado o direito constitucional a
terra quilombola no Piauí? Neste sentindo, temos como objetivos: observar o contexto
quilombola no Piauí, identificar os processos em curso no INTERPI; investigar os entraves para
regularização de territórios quilombolas no Piauí. Na construção teórica de referências temos
autores como MOURA (2019), ALMEIDA (2008), GOMES (2015), CARVALHO (2020) e
TÁRREGA (2016). Para a construção da pesquisa o caminho metodológico adotado foi por
meio da pesquisa bibliográfica e documental. Por fim, como resultados parciais, foi possível
compreender que ainda há um logo caminho para concretização do direito territorial, mas que
nos últimos dois anos tem se avançado neste sentido.

PALAVRAS-CHAVE: INTERPI. Direitos territoriais quilombolas. Regularização fundiária.

1
Doutoranda em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília-UnB. Mestra em Direito Agrário
pela Universidade Federal de Goiás-UFG. Bacharela em Direito pela Universidade Estadual do Piauí-UESPI.
32

SISTEMA DE INFORMAÇÕES PÚBLICAS GEOGRÁFICAS SOBRE QUILOMBOS


(SIPGQ): CONSOLIDAÇÃO DE INFORMAÇÕES PARA A defesa territorial

Girolamo Domenico Treccani1


Aianny Naiara Gomes Monteiro 2
Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva 3
Tatiane Rodrigues de Vasconcelos4

RESUMO
O reconhecimento formal dos direitos dos Remanescentes das Comunidades de Quilombos,
consagrado no Artigo 68 do ADCT da CF 1988, tem mais de trinta anos, mas pouquíssimos
territórios foram titulados. Apesar do STF ter reconhecido a constitucionalidade do Decreto
4.887/2003, permanecem muitas dificuldades. Enquanto alguns órgãos responsáveis pela
divulgação dos dados não facilitam o acompanhamento dos processos, entidades da sociedade
civil publicam informações que merecem ser sistematizadas. Neste contexto se enquadra a
pesquisa realizada pela Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA/PPGD/ICJ/UFPA).
Objetivos: Analisar a contribuição do Sistema de Informações Públicas Geográficas sobre
Quilombos (SIPGQ), elaborado pela CIDHA, em parceria com o Integradata Amazônia, para
favorecer o acompanhamento dos processos pelos quilombolas e auxiliar na formulação de
pautas e na participação da “mesa quilombola”. Metodologia: O SIPGQ aglutina no mesmo
banco de dados documental e espacial as informações dos processos de reconhecimento de
domínio em tramitação no Brasil e visa divulgá-las num sistema de acesso livre. As informações
contidas nos sites do ISA, CPI-SP, Cartografia Social, INCRA, FCP, IBGE, ITERPA, ITERMA
e INTERPI e as do Diário Oficial da União e de alguns Estados foram inicialmente inseridas
em planilhas e posteriormente no SIPGQ elaborado pela nossa equipe de TI. Referencial
teórico: Serão utilizados, entre outros, trabalhos de Treccani (2006), Almeida (2011), Anjos
(2014), Andrade (2015) e Pereira (2020), de modo a resgatar o processo de reconhecimento de
direitos destas populações. Resultados parciais: Sistematização das informações relativas a
7.704 comunidades e 2.908 territórios.

PALAVRAS-CHAVE: Brasil. Direitos territoriais. Processos. Quilombos. Reconhecimento.


Titulação.

1
Advogado. Doutorado em Ciência e desenvolvimento socioambiental. Pós-doutorado pela Universidade de
Trento (Itália) e Universidade Federal de Goiás (UFG). Professor da Graduação e da Pós-Graduação em Direito
da Universidade Federal do Pará (PPGD/UFPA). Membro da Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA). Consultor jurídico da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Estado do Pará e
da Malungu.
2
Advogada, Doutoranda no PPGD/UFPA), Mestra em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável pelo
Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAAUFPA. Desenvolve pesquisas na
CIDHA/UFPA.
3
Advogada, Doutoranda e Mestre em Direito pelo PPGD/UFPA. Desenvolve pesquisas na CIDHA/UFPA.
4
Advogada, Mestranda no PPGD/UFPA. Desenvolve pesquisas na CIDHA/UFPA.
33

A UTILIZAÇÃO DE GEORREFERENCIAMENTO E NOVAS METODOLOGIAS NO


COMBATE À GRILAGEM: O RESPEITO AOS DIREITOS TERRITORIAIS DOS
POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS
Girolamo Domenico Treccani1
José Heder Benatti2
Aianny Naiara Gomes Monteiro 3
Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva 4
Tatiane Rodrigues de Vasconcelos5
RESUMO
Problema de pesquisa: A concentração de terra no Brasil tem como característica a expansão
das grandes propriedades individuais em detrimento das pequenas propriedades e de posses
coletivas. A luta pelo acesso à terra de Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) tem como
particularidade a satisfação de direitos vulnerados pela ausência de políticas públicas
(ARENHARDT, 2015) que desencadeiam em processo de litígios estruturais com a
possibilidade de participação pública (VITORELLI, 2020). Desse modo, é possível a aplicação
do processo civil estrutural para garantir direitos territoriais dos PCT em litígios coletivos? Ou
seja, a possibilidade de concretização do direito fundamental ao acesso à terra é temática
complexa e tem natureza heterógena em matéria de direito processual e material, dificultando
a tutela dos diretos coletivos de PCT, por isso, justifica -se a temática ao direito agrário
contemporâneo. Objetivos: Analisar a possiblidade de aplicação de modelo de Processo Civil
estrutural aos litígios coletivos envolvendo direitos territoriais de PCT. Metodologia: Pesquisa
descritiva, através de procedimento bibliográfico e documental. Utiliza-se o método de
abordagem dedutivo, partindo do caso geral (os processos estruturais) para o específico
(aplicado aos processos coletivos envolvendo PCT). Referencial teórico: Utiliza-se como
referencial teórico principal os autores Arenhardt (2015), Vitorelli (2020), Benatti et al (2007)
e Rocha et al (2019). Resultados parciais: O Código de Processo Civil (CPC) tem uma estrutura
uniforme que privilegia demandas individuas, dificultando a tutela dos diretos coletivos de
PCT. Sob a perspectiva do processo estrutural, o juiz pode intervir visando resolver um litígio
complexo com a aplicação de políticas públicas, identificada como “cláusulas gerais
executivas” (artigos 139 e 536 do CPC).

PALAVRAS-CHAVE: Código de Processo Civil. Direitos coletivos. Grilagem.

1
Advogado, Doutor em Ciência e desenvolvimento socioambiental, Pós-doutorado pela Universidade de Trento
(Itália) e Universidade Federal de Goiás (UFG). Professor da Graduação e da Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Pará (UFPA), Amazônia, Brasil. Membro da Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA).
2
Advogado, Doutor em Ciência e desenvolvimento socioambiental, Professor da Graduação e da Pós-Graduação
em Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA), Amazônia, Brasil. Membro da Clínica de Direitos Humanos
da Amazônia (CIDHA/UFPA). Pesquisador do CNPq.
3
Advogada, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD), Mestra em Agricultura Familiar e
Desenvolvimento Sustentável pelo Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA), ambos
pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Desenvolve pesquisas na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA).
4
Advogada, Doutoranda e Mestre em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Pará (PPGD/UFPA). Desenvolve pesquisas na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA).
5
Advogada, Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito pela Universidade Federal do Pará
(PPGD/UFPA). Desenvolve pesquisas na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA/UFPA).
34

OS RETROCESSOS SOCIOAMBIENTAIS E SEUS IMPACTOS NAS


COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO CONTEXTO DE DESDEMOCRATIZAÇÃO
(2016-2019)

Maria Luiza Cavalcante Fernandes1


Thaisa Maira Rodrigues Held 2

RESUMO
A luta pelo reconhecimento do direito ao território quilombola, teve seu início séculos atrás,
desde o período pós-abolição, quando os ex-escravizados foram deixados à margem da
sociedade, devido ao intenso preconceito estrutural, o qual se manteve mesmo após a abolição
da escravatura. Tem-se que os territórios quilombolas só foram reconhecidos como direito em
1988, por meio da Constituição Federal. No entanto, esse direito só está assegurado no âmbito
formal, pois na prática as titulações não acontecem. Nesse sentido, na conjuntura atual, é
possível dizer que o direito humano ao território quilombola está sendo efetivado.? Este
trabalho tem por objetivos analisar do ponto de vista do Direito Internacional dos Direitos
Humanos, da Constituição Federal e da legislação infraconstitucional o reconhecimento
jurídico dos territórios quilombolas, bem como abordar a situação da implementação do direito
humano ao território quilombola e suas consequências. A pesquisa é baseada no método de
abordagem dedutivo e as técnicas de pesquisa empregadas apoiam-se na documentação direta,
por meio da pesquisa bibliográfica. No atual panorama, das 3000 comunidades quilombolas,
apenas 181 terras foram tituladas (CPISP, 2020). Dessa forma, tendo em vista o reconhecimento
do território como um direito humano e, sobretudo no texto constitucional, a titulação dos
territórios quilombolas deve ser expressa com maior efetividade pelo Estado, por meio do
processo de regularização fundiária. Portanto, percebe-se que com a ausência da titulação, não
há garantia jurídica eficaz, a fim de manter os territórios quilombolas, os quais são condenados
a manter-se à margem do mundo legal. (ALMEIDA, 2011).

PALAVRAS-CHAVE: Quilombolas, Direito à terra, Regularização fundiária.

1
Graduanda do curso de Direito pela Universidade Federal da Grande Dourados-UFGD.
2
Doutora em Direito: Área de Concentração em Direitos Humanos (2014/2017) pela Universidade Federal do
Pará. Mestra em Direito Agroambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso (2011/2013). Coordenadora
do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal de Mato Grosso, ICHS-CUA (setembro 2014/2015).
Docente na Faculdade de Direito e Relações Internacionais (FADIR) da Universidade Federal da Grande Dourados
(2018/atual).
35

DIREITOS TERRITORIAIS DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS EM


LITÍGIOS COLETIVOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PROCESSO CIVIL
ESTRUTURAL
Girolamo Domenico Treccani1
José Heder Benatti2
Aianny Naiara Gomes Monteiro 3
Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva 4
Tatiane Rodrigues de Vasconcelos5

RESUMO
Problema de pesquisa: A concentração de terra no Brasil tem como característica a expansão
das grandes propriedades individuais em detrimento das pequenas propriedades e de posses
coletivas. A luta pelo acesso à terra de Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) tem como
particularidade a satisfação de direitos vulnerados pela ausência de políticas públicas
(ARENHARDT, 2015) que desencadeiam em processo de litígios estruturais com a
possibilidade de participação pública (VITORELLI, 2020). Desse modo, é possível a aplicação
do processo civil estrutural para garantir direitos territoriais dos PCT em litígios coletivos? Ou
seja, a possibilidade de concretização do direito fundamental ao acesso à terra é temática
complexa e tem natureza heterógena em matéria de direito processual e material, dificultando
a tutela dos diretos coletivos de PCT, por isso, justifica -se a temática ao direito agrário
contemporâneo. Objetivos: Analisar a possiblidade de aplicação de modelo de processo civil
estrutural aos litígios coletivos envolvendo direitos territoriais de PCT. Metodologia: Pesquisa
descritiva, através de procedimento bibliográfico e documental. Utiliza-se o método de
abordagem dedutivo, partindo do caso geral (os processos estruturais) para o específico
(aplicado aos processos coletivos envolvendo PCT).Referencial teórico: Utiliza-se como
referencial teórico principal os autores Arenhardt (2015), Vitorelli (2020), Benatti et al (2007)
e Rocha et al (2019). Resultados parciais: O Código de Processo Civil (CPC) tem uma estrutura
uniforme que privilegia demandas individuas, dificultando a tutela dos diretos coletivos de
PCT. Sob a perspectiva do processo estrutural, o juiz pode intervir visando resolver um litígio
complexo com a aplicação de políticas públicas, identificada como “cláusulas gerais
executivas” (artigos 139 e 536 do CPC).
PALAVRAS-CHAVE: Direitos Coletivos. Código de Processo Civil. Povos e Comunidades
Tradicionais.

1
Advogado, Doutor em Ciência e desenvolvimento socioambiental, Pós-doutorado pela Universidade de Trento
(Itália) e Universidade Federal de Goiás (UFG). Professor da Graduação e da Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal do Pará (UFPA), Amazônia, Brasil. Membro da Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA).
2
Advogado, Doutor em Ciência e desenvolvimento socioambiental, Professor da Graduação e da Pós-Graduação
em Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA), Amazônia, Brasil. Membro da Clínica de Direitos Humanos
da Amazônia (CIDHA/UFPA). Pesquisador do CNPq.
3
Advogada, Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD), Mestra em Agricultura Familiar e
Desenvolvimento Sustentável pelo Programa de Pós-Graduação em Agriculturas Amazônicas (PPGAA), ambos
pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Desenvolve pesquisas na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA).
4
Advogada, Doutoranda e Mestre em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade
Federal do Pará (PPGD/UFPA). Desenvolve pesquisas na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia
(CIDHA/UFPA).
5
Advogada, Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito pela Universidade Federal do Pará
(PPGD/UFPA). Desenvolve pesquisas na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA/UFPA).
36

GRUPO DE TRABALHO 04 - DIREITO À ALIMENTAÇÃO,


SOBERANIA ALIMENTAR E AGROECOLOGIA

Coordenação:

Isabelle Maria Campos Vasconcelos Chehab (PPGDA/UFG)


Anne Geraldi Pimentel (CEPEDIS)
Adegmar José Ferreira (PPGDA/UFG)
Juliete Prado de Faria (PPGDA/UFG)
37

O DIREITO CONSTITUCIONAL À ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E O PLANO


NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR – PNAE

Lucineia do Prado Faria1


Juliete Prado de Faria2

RESUMO
Essa pesquisa irá tratar do direito constitucional à alimentação adequada e o Programa Nacional
de Alimentação Escolar (PNAE). O direito à alimentação está previsto no artigo 6 da
Constituição Federal de 1988. Especificamente, ao tratar do direito à educação, o artigo 208,
inciso VII, da mesma normativa, estabelece o direito à alimentação no âmbito das escolas
públicas de ensino básico como um dever do Estado. Além disso, o PNAE estabelece como um
de seus objetivos proporcionar alimentação saudável e sustentável. No entanto, o valor
repassado para a merenda escolar é insuficiente para que esse objetivo seja cumprido. Diante
disso, o objetivo geral do trabalho é demonstrar os desafios para a concretização do direito à
alimentação adequada na escola. Como objetivos específicos, pretende-se: a) fazer uma revisão
história sobre o direito à alimentação no Brasil; b) Compreender os desafios para a
concretização do direito à alimentação mas escolas de ensino básico utilizando como Uma
escola de tempo integral denominada Alcides Jubé na Cidade de Goiás e; c) Apresentar
alternativas para a concretização do direito à alimentação adequada nas escolas públicas de
ensino básico. O método utilizado na pesquisa será a observação-participante, por meio de visita
ao CEPI Alcides Jubé, na Cidade de Goiás.

PALAVRAS-CHAVE: Direito à alimentação. Almoço escolar. PNAE. Educação.

1
Graduanda em Pedagogia pela UNILINS.
2
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/PR. Mestra em Direito Agrário pela UFG.
Advogada.
38

AGROECOLOGIA URBANA: SEMEANDO PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE E


BEM VIVER

Cleusa Maria Rossini1


Leonir Terezinha Uhde2
Daniel Rubens Cenci3
Fernanda Gewehr de Oliveira 4
Márcia Sostmeyer Jung 5

RESUMO
O sistema alimentar mundial no atual contexto requer novos arranjos para produzir alimentos
de qualidade, bem como, promover a sua distribuição de maneira mais justa e equitativa para
toda a população, reduzir o problema da fome e, concomitantemente, respeitar os limites
ambientais do planeta, promovendo melhores condições de vida nas cidades. Neste cenário, as
práticas de agroecologia urbana têm se intensificado em diversos países, com a preocupação da
sustentabilidade e fortalecimento da segurança e soberania alimentar. Neste contexto a presente
pesquisa objetiva fazer a análise de referências sobre o tema, refletindo conceitos, base de dados
e demais informações sobre a amplitude e a realidade com que a agroecologia é utilizada em
diversos espaços urbanos para o cultivo de alimentos de forma mais sustentável. Desenvolve-
se a pesquisa mediante estudo bibliográfico e documental, na construção de uma abordagem
sistêmica do tema, sob a ótica dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a
Agenda 2030, consolidada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo
com Leff (2015) a produção sustentável parte do saber e da participação das comunidades, na
apropriação e transformação de seus recursos ambientais, com suas formações simbólicas e o
sentido de suas práticas sociais. Deste modo, a agroecologia se apresenta como uma experiência
que contribui para o desenvolvimento sustentável, capaz de reduzir os impactos ambientais,
garantir a segurança alimentar e bem-estar da população, tornando-se uma ferramenta eficaz
para se concretizar os Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável na promoção do bem viver.

PALAVRAS-CHAVE: Agenda 2030. Espaços urbanos. Soberania alimentar.

1
Mestranda em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade – UNIJUÍ. Especialista em Gestão do Trabalho
Pedagógico: Supervisão e Orientação Escolar e Graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional
(UNINTER). Graduada em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUÍ).
2
Professora Agronomia – UNIJUI. Doutora em Ciência do Solo - UFSM.
3
Professor no Mestrado e Doutorado em Direitos Humanos e Mestrado Sistemas Ambientais e Sustentabilidade –
UNIJUÍ. Pós-Doutorado em Geopolítica Ambiental Latino-americana – USACH, Doutorado em Meio Ambiente
e Desenvolvimento Universidade Federal do Paraná.

Advogada. Mestranda em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade – UNIJUÍ. Grupo de Pesquisa Direitos


4

Humanos, Justiça Social e Sustentabilidade CNPq.


5
Engenheira Química. Mestranda em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade – UNIJUÍ.
39

SEMENTES DE RESISTÊNCIA: CAMPONESAS, SABERES TRADICIONAIS E


AGROBIODIVERSIDADE

Daiane dos Santos Possamai1

RESUMO
O presente trabalho parte do seguinte problema: o Movimento de Mulheres Camponesas
(MMC) contribui para a conservação da agrobiodiversidade? Deste modo, o objetivo geral é
analisar se o MMC contribui para a conservação da agrobiodiversidade. A pesquisa tem
abordagem qualitativa, contando com revisão bibliográfica, pesquisa documental em
documentos elaborados e publicados pelo MMC e consultas ao site do Movimento. A
agrobiodiversidade envolve os elementos da biodiversidade que interagem na produção
agrícola (SANTILLI, 2012). O modelo da Revolução Verde, com as sementes modificadas e
os monocultivos, gera a perda da agrobiodiversidade e dos saberes tradicionais camponeses
(BEVILAQUA et. al., 2014). O Movimento de Mulheres Camponesas, organizado a nível
nacional desde 2004, discute essa problemática e defende a agroecologia em contraponto ao
modelo da Revolução Verde. Nesse contexto surgem, desde o início do Movimento, debates e
ações práticas relacionadas às sementes crioulas. O MMC busca resgatar os saberes tradicionais
relacionados a conservação dessas sementes, principalmente os saberes das mulheres do campo
(MMC, 2018). A partir da formação política, estimula trocas de sementes entre as mulheres.
Um dos objetivos do resgate das sementes crioulas é assegurar a segurança alimentar. Em 2020,
o MMC lançou a campanha nacional “Sementes de resistência: camponesas semeando
esperança, tecendo transformação”, com o objetivo de multiplicar as variedades de sementes
crioulas em todo o Brasil (MMC, 2020). Portanto, verifica-se que o MMC, a partir da formação
política e de ações práticas, contribui para a conservação da agrobiodiversidade e, indo além,
luta pela ampliação dessa diversidade.

PALAVRAS-CHAVE: Agrobiodiversidade. Movimento das Mulheres Camponesas.


Sementes Crioulas. Agroecologia.

1
Mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Pós-graduanda
em Direito Urbanístico, Ambiental e Agrário pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Graduada em
Direito pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC).
40

REFLEXÕES SOBRE A SOBERANIA ALIMENTAR EM PIRENÓPOLIS/GO

João Guilherme da Trindade Curado1


Erica Danielle de Mesquita 2
Samara Benedita Lôbo 3
Ricardo Pereira de Andrade 4

RESUMO
A alimentação é vital ao ser humano, por isso passou a compor diversas legislações mundo
afora, conforme histórico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (2014). No Brasil, a Emenda Constitucional nº 64/2010, introduziu a alimentação
como direito social. Nosso problema de pesquisa parte da contradição entre a soberania
alimentar e as interferências do agronegócio nos processos produtivos, tendo por recorte
espacial o município de Pirenópolis/Goiás. Os objetivos propostos são: a) analisar o êxodo rural
no município acentuado na década de 1990, que trouxe para a cidade muitos pequenos
agricultores, diminuindo, sobremaneira, a pequena produção familiar de alimentos por meio
dos saberes, fazeres e dos conhecimentos tradicionais; b) investigar como algumas propriedades
destinadas à agricultura orgânica têm se sobressaído junto ao mercado, adaptando-se às
tendências agroecológicas, ao controle de sementes e à alimentação saudável.
Metodologicamente a pesquisa é bibliográfica com estudos de leis, artigos, capítulos de livros
e ainda estudo de caso em uma pequena propriedade que desenvolve produção orgânica, aberta
a vivências — buscamos assim aliar teoria à prática. Para tanto, recorremos, inicialmente, a
instrumentos mundiais e/ou nacionais sobre o direito à alimentação (FAO, 2014), Lei nº
11.346/2006 e o II Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN, 2018).
Vieira et al (2019) abordam a geopolítica do alimento, corroborando no entendimento de
alterações produção/consumo alimentares. A agricultura familiar em Pirenópolis é pensada a
partir de Curado e Cardoso Júnior (2018). Alguns resultados, ainda empíricos, foram
observados pelo aumento do consumo de produtos orgânicos no município.

PALAVRAS-CHAVE: Êxodo rural. Agricultura familiar. Saberes tradicionais.

1
Doutor em Geografia. Professor SEDUC/GO.
2
Graduada em Tecnologia em Gestão de Turismo.
3
Graduada em Tecnologia em Gestão de Turismo.
4
Graduando em Matemática.
41

O DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO E O USO


DE AGROTÓXICOS NO BRASIL

Lorena Fávero Pacheco da Luz1

RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo verificar a regulação e o uso de agrotóxicos no Brasil e o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. No Brasil, a legislação ambiental iniciou
na era Getúlio Vargas com a edição do Código de Águas, o Código Florestal e o Código de
Mineração, todos no ano de 1934. Em 1981, foi editada a Lei 6.938 que instituiu uma Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA). A Lei 7.802, de 11 de julho de 1989, versa sobre
assuntos relacionados aos agrotóxicos, seus componentes e afins. No entanto, por imposição de
ideias capitalistas, o que se verifica é uma busca incessante por maiores lucros e produtividade
agrícola, assim, o uso extensivo de agrotóxicos é implementado e, até mesmo, incentivado pelo
Poder Executivo, o que afronta a disposição do artigo 225 da Constituição Federal, que prevê
o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, com a utilização dos métodos
de pesquisa bibliográfico e documental, objetiva-se realizar uma revisão histórica sobre o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sob a ótica da Teoria do Bem Viver, de
Alberto Acosta, fazer um levantamento do processo histórico do uso de agrotóxicos, discutir
sobre o processo regulatório da liberação de uso de agrotóxicos no Brasil e, a partir de visões
alternativas, compreender as possibilidades para a produção rural sustentável e os meios de se
efetivar esse importante direito.

PALAVRAS-CHAVE: Meio Ambiente. Agrotóxicos. Produção rural sustentável; Teoria do


Bem Viver.

1
Graduada em Direito pelo Centro Universitário Curitiba. Especializanda em Direito Civil pela Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais. Especializanda em Direito e Negócios Imobiliários pelo Damásio
Educacional. Possui graduação em Turismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso. Especialização em
Gestão de Marketing e Turismo pela Faculdades Cathedral. Mestrado em Turismo e Hotelaria pela Universidade
do Vale do Itajaí.
42

A AGROECOLOGIA COMO INSTRUMENTO NA BUSCA DE JUSTIÇA SOCIAL E


AMBIENTAL

Lucas Guimarães Silva dos Santos1


Renata Martins Vasconcelos2

RESUMO
O objeto desta pesquisa é analisar como a agroecologia contribui na busca pela justiça social e
na preservação do meio ambiente. O objetivo geral, deste estudo, é levantar questionamentos
quanto ao papel do Estado como agente responsável por fomentar o desenvolvimento de uma
agricultura limpa, e, na elaboração de leis ambientais mais severas, bem como na sua
fiscalização, vez que, é notável a situação privilegiada em que os grandes monocultores se
encontram no país. A Agroecologia se firma na sociedade por meio de acepções, como, a
conservação dos recursos naturais, e, é um “movimento social que mobiliza atores envolvidos
na prática e teoricamente no desenvolvimento da Agroecologia” (ALTIERI, Miguel. 2012, p.8).
Ademais, A temática se torna pertinente, não apenas quanto a preservação do meio ambiente,
vez que essa abrange importantes questões sociais dos produtores que aderem a referida
agricultura. Quando ocorre a valorização do trabalho dos produtores que, de forma sustentável,
retiram seu sustento do campo, traz autonomia aos mesmos, possibilitando, assim, que se
alcance uma justiça social. A metodologia utilizada para a realização deste presente estudo foi
a pesquisa bibliográfica, buscando correlacionar a disciplina de direito agrário com a
agroecologia em seu âmbito social e ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Direito Agrário. Agroecologia. Meio ambiente. Sustentabilidade.


Justiça social.

1
Graduando em Direito na UNIFIMES.
2
Mestra em Direito Agrário pela UFG. Pós-Graduada (lato sensu) em Direito e Processo Tributário pela PUC-
GO. Pós-Graduada (lato sensu) em Direito e Processo do Trabalho pela ATAME-GO. Advogada.
43

A NOVA ROTULAGEM NUTRICIONAL DOS ALIMENTOS EMBALADOS E SUAS


CONSEQUÊNCIAS: UMA ANÁLISE DAS CRÍTICAS DA RDC N° 429 DA ANVISA

Maria Goretti Dal Bosco 1


João Pedro Uchôa de Azevedo 2

RESUMO
O Direito Humano à Alimentação Adequada e a Segurança Alimentar Nutricional vêm
ganhando destaque nos últimos anos, principalmente no que tange aos alimentos
industrializados e à qualidade de vida. Desde 2014, com a criação do Grupo de Trabalho da
Rotulagem Nutricional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as entidades e
especialistas na área no país esperavam uma inovação na embalagem dos alimentos no tocante
à informação nutricional e segurança dos consumidores. Em outubro de 2020, a Diretoria
Colegiada da ANVISA aprovou as novas normas sobre a rotulagem dos alimentos embalados
na ausência dos compradores (ANVISA, 2020). Entretanto, as diretrizes trazidas pela RDC N°
429 foram alvo de diversas críticas por entidades ligadas ao Direito à Alimentação e à
Segurança Alimentar e Nutricional (VEJA, 2020). Esse trabalho tem por objetivo analisar as
discordâncias e consequências da nova rotulagem de produtos alimentícios, bem como explorar
os diferentes pontos alvos de controvérsia da RDC N° 429. Para isso será utilizado o método
dialético, baseando-se em uma pesquisa documental dos relatórios, ofícios, notas à imprensa e
posicionamentos da ANVISA, instituições e órgãos relevantes nessa temática. Parcialmente já
se observou que a rotulagem adotada pela agência reguladora não era a mais recomendada pelas
organizações de Segurança Alimentar e Nutricional, nem pelas associações de Direito do
Consumidor. Exemplo disso foi o posicionamento do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor que afirmou que os modelos aprovados não possuem evidência científica de
eficácia comunicativa (IDEC, 2020).

PALAVRAS-CHAVE: ANVISA. Rotulagem de Alimentos. Segurança Alimentar e


Nutricional. Direito do Consumidor.

1
Professora associada do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba Mestre em Direito
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa
Catarina.
2
Graduando do curso de Direito da Universidade Federal da Paraíba.
44

ÓBICES JURÍDICO-POLÍTICOS À TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA NO BRASIL

Paula Cristina Santos Pireneus 1

RESUMO
A agroecologia, enquanto viés de produção agrícola e bandeira de luta social, tem se mostrado
uma opção viável de modelo socioeconômico em prol de uma sociedade mais sustentável.
Assim, a despeito dos incentivos percebidos a seu favor nas últimas duas décadas, a presente
pesquisa visa vislumbrar alguns obstáculos de caráter jurídico e político a uma efetiva transição
agroecológica no país. Em outras palavras, a pesquisa visa responder se o referido movimento
sofre resistências – associadas à racionalização jurídica e à atuação política brasileira – para seu
desenvolvimento, tido como alicerce para um Estado de Direito Ecológico. Desse modo,
objetiva-se demonstrar oposições históricas, como a verificada entre a racionalização do direito
eminentemente positivista e a agroecologia (que se aproxima de saberes pós-modernos); no
direcionamento da política nacional à promessa de desenvolvimento com base no agronegócio;
na questão agrária e na concentração fundiária que caracteriza o país desde o período colonial.
Nesse processo, a metodologia utilizada baseou-se em uma revisão bibliográfica, tendo por
referenciais teóricos as bases da agroecologia apontadas por Miguel Altieri e a demonstração
da tutela jurídica da agroecologia dissertada por Marina Venâncio. Além disso, a pesquisa fez
uso da própria legislação federal e da análise de dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) e pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Enfim,
confirmando a hipótese inicial, foram observados alguns óbices a uma efetiva transição
agroecológica no Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Direito Ecológico. Agronegócio. Racionalização Jurídica.

1
Mestranda em Direito Agrário pela Universidade Federal de Goiás (UFG / GO). Bacharela em Direto pela
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD/MS); participante de dois grupos de pesquisa
"Ecofenomenologia, Ciência da Sustentabilidade e Direito" e "Luta pela terra: perspectivas contra hegemônicas
na América Latina", da mesma instituição; com interesses de investigação especialmente em gestão ambiental e
agroalimentar, ecologia e sustentabilidade.
45

GRUPO DE TRABALHO 05 - POVOS TRADICIONAIS, CULTURA,


DIREITOS, SABERES E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS

Coordenação:

André Felipe Soares Arruda (PPGDA/UFG)

Manuel Munhoz Caleiro (UFMS; PPGDA/UFG)


46

CADASTRO AMBIENTAL RURAL PARTICIPATIVO MANSO E PACÍFICO:


ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE PONTA DE PEDRAS, NO MARAJÓ,
ESTADO DO PARÁ

Carlos Augusto Pantoja Ramos1


Eymmy Gabrielly Rodrigues da Silva
Michely Mesquita Santos2
Loyanne Lima Feitosa3
Girolamo Domenico Treccani4
Fernanda Ferreira Senra Antelo 5
RESUMO
Problema de pesquisa: No Marajó, a busca pelas informações referentes ao Cadastro Ambiental
Rural (CAR) aumentou nos últimos anos diante das denúncias de intimidação de famílias e
tentativas de grilagem de terras por empresas ou pessoas não moradoras na terra. A partir do
caso das famílias dos rios Laranjeiras e Arari, localizadas entre os municípios de Ponta de
Pedras e Cachoeira do Arari, no Marajó, como a metodologia do CAR Participativo Manso e
Pacífico pode contribuir com a gestão ambiental das comunidades? Objetivos: Apresentar a
metodologia do CAR Participativo aplicado na região do Baixo Rio Arari, no Marajó de modo
a possibilitar o protagonismo das comunidades e contribuir com o aperfeiçoamento das
ferramentas de gestão ambiental atualmente utilizadas pelos Governos Federal e Estadual.
Metodologia: Pesquisa qualitativa, utilizando o método de estudo de caso, aplicado com 13
famílias agroextrativistas, localizadas na comunidade Boa União. Referencial teórico: Utiliza-
se como referencial principal Ramos (2012, 2015, 2016), Moreira (2016), Barcelos e Barros
(2016a, 2016b). Resultados parciais: Constatou-se a necessidade de desenvolver abordagens
simples e participativas para a aplicação e emissão do CAR que transformassem o cadastro
numa tecnologia social que expressa o respeito entre as posses. A partir da experiência
adquirida nos processos de mapeamento participativo e construção dos planos de uso dos
recursos naturais (RAMOS, 2012), a equipe adaptou a emissão do CAR em duas fases: a) Pré-
CAR; b) CAR. A partir dessa experiência, verifica-se a necessidade do aperfeiçoamento do
sistema CAR concebido atualmente.

PALAVRAS-CHAVE: CAR Participativo. Comunidades tradicionais. Marajó. Posse mansa e


pacífica.

1
Engenheiro florestal e mestre em Ciências Florestais pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
Consultor socioambiental da Estuário Serviços Ltda.
2
Engenheira Agrônoma pela UFRA. Consultora socioambiental da Estuário Serviços Ltda.
3
Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Consultora socioambiental da Estuário
Serviços Ltda.
4
Advogado, Doutor em Ciência e desenvolvimento socioambiental, Pós-doutorado pela Universidade de Trento
(Itália) e Universidade Federal de Goiás. Professor da Graduação e da Pós-Graduação em Direito da UFPA,
Amazônia, Brasil. Membro da Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA/UFPA). Consultor jurídico
da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Estado do Pará e da Malungu.
5
Doutora e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e
Sociedade na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ). Especialista em Produção Familiar
Rural e Ciências Sociais pela UFPA e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Bacharel e Licenciada Plena em
Geografia pela UFPA.
47

A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL NA DISPUTA PELA


MANUTENÇÃO DE UM TERRITÓRIO TRADICIONALMENTE OCUPADO NA
APA DA BARRA DO RIO MAMANGUAPE (PARAÍBA)

Inafran Francisco de Souza Ribeiro1

RESUMO

O trabalho objetiva analisar o papel desempenhado pelo Ministério Público Federal na


configuração de uma disputa territorial e avaliar criticamente as estratégias dos seus membros.
O conflito enfocado tem lugar na Área de Preservação Ambiental da Barra do Rio
Mamanguape, litoral norte da Paraíba, e é polarizado por uma comunidade de ribeirinhos e
pequenos agricultores, estabelecida na localidade denominada Ilha do Aritingui, e pela empresa
Miriri Alimentos e Bioenergia S/A. Além do empreendimento canavieiro na região, essa
empresa passou a desenvolver, desde 2002, atividades de carcinicultura. Intentando ampliar
essas atividades para áreas da comunidade, a empresa adquiriu, em 2004, posses de alguns
moradores, contudo parcela majoritária da população local passou a se opor a essas vendas. Tal
oposição gerou uma ação possessória, movida em 2005, contra parcela dos moradores na qual
a empresa alega ter posse e domínio da área por eles ocupada. A comunidade buscou, então, a
intervenção do MPF que, por sua vez, sustentou que a área objeto do conflito pertenceria ao
domínio da União e que os indivíduos réus na reintegração de posse seriam membros de uma
comunidade tradicional. A partir daí, o conflito entre a comunidade e a empresa passou a
compor uma teia complexa na qual, além dos sujeitos diretamente ligados ao conflito territorial,
estão também situadas diversas instituições e agentes estatais, organizações de movimentos
sociais, atores ligados à universidade, experts que se posicionam sobre aspectos da disputa etc.
Nossa hipótese é de que a teia sociojurídica na qual se situa o conflito se configura sob forte
influência da atuação do MPF que, por meio de Ações Civis Públicas, questiona as autorizações
administrativas para os empreendimentos de carcinicultura na unidade de conservação, pleiteia
o reconhecimento da tradicionalidade da ocupação territorial da área litigada e demanda o
provimento de políticas públicas específicas à comunidade.

PALAVRAS-CHAVE: Conflito territorial. Comunidades Tradicionais. Ministério Público


Federal.

1
Mestre em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e
Mestrando em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Especialista em Direitos
Humanos, Econômicos e Sociais, pelo Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba
(CCJ/UFPB); Bacharel em Direito, pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); Bacharel em Ciências Sociais,
pela pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
48

A LEGISLAÇÃO PROTETIVA AOS DIREITOS DOS POVOS DE TERREIRO EM:


ENTRE AS LEIS DE POVOS OU COMUNIDADES TRADICIONAIS E DE
LIBERDADE RELIGIOSA

Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos1


Manoel Rufino David de Oliveira2
Amaiama Lamarão Josaphat3
Lara Cristina Cardoso de Sousa4

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo geral abordar a legislação protetiva aos direitos dos povos de
terreiro como povos ou comunidades tradicionais, mas também a que envolve a sua liberdade
religiosa, tendo como objetivos específicos: a) Tratar da diáspora negra da África em direção
ao Brasil; b) Caracterizar os povos de terreiro como povos ou comunidades tradicionais; c)
Analisar a liberdade religiosa dos povos de terreiro com base na legislação. O referencial teórico
parte de que pensar em povos de terreiro no Brasil deve transitar entre as ideias de povos ou
comunidades tradicionais, bem como de liberdade religiosa, haja vista que as religiões de
matrizes africanas e afro-brasileiras são as espinhas dorsais dos povos de terreiro.
Metodologicamente, recorreram-se a fontes bibliográficas primárias, secundárias e
documentais, bem como do método dedutivo. Como resultados parciais, se tratou da história da
diáspora negra do continente africano em direção ao Brasil. Foram caracterizados os povos de
terreiro como comunidades tradicionais tendo como base argumentos doutrinários e
legislativos. Também se abordou a história brasileira de relação entre direito e religião, com
foco na lei e no tratamento pelo Estado das religiões não hegemônicas. Se tratou da liberdade
religiosa como um direito fundamental para os povos de terreiro professarem livremente a sua
fé, passando pelas legislações internacionais e nacionais. Como referências bibliográficas se
foram utilizados Eliane Moreira, Alfredo Wagner Berno de Almeida, Joaquim Shiraishi Neto,
Klaus Hock, Jostein Gaarder, Anthony Giddens, etc.

PALAVRAS-CHAVE: Diáspora negra. Comunidades tradicionais. Povos de Terreiro.


Liberdade religiosa.

1
Professora Universitária e Advogada. Mestra e Doutoranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Pará.
2
Professor Universitário e Advogado. Mestre e Doutorando em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Pará.
3
Advogada. Especialista em Direito Ambiental e Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas.
4
Graduanda do 7º semestre em Direito pela Universidade Federal do Pará.
49

A ADI N.º 5.783 COMO DENÚNCIA DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI


ESTADUAL N. º 12.910/13: QUAIS OS DIREITOS E AS VOZES DAS
COMUNIDADES DE FUNDOS DE PASTO?

Jaqueline Pereira de Andrade 1


Katya Regina Isaguirre-Torres2

RESUMO
O artigo analisa a Lei n.º 12.910/2013 do estado da Bahia que trata da regularização fundiária
das comunidades Fundo de Pasto. Seu objetivo é verificar se essa legislação atende ao direito
ao território e à autodeterminação das comunidades enquanto povo tradicional. A metodologia
analisa a Constituição Federal de 1988 e a Convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho que tratam dos direitos das comunidades tradicionais, e se complementa com o estudo
da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 5783 e entrevistas semiestruturadas
realizadas em 2019. Os resultados apresentaram que, se por um lado a lei estadual foi
importante ao regularizar o território das comunidades de Fundo de Pasto, estabelecendo a
Concessão de Direito Real de Uso (CRDU) por 90 anos; por outro o governo não promoveu a
consulta, livre, prévia e informada com as comunidades e impôs um marco temporal, violando
preceitos fundamentais da Constituição Federal e da Convenção 169 da OIT. Além disso,
verificou-se que há um processo longínquo de expropriação das terras das comunidades
tradicionais, que se apresenta desde o uso da violência até a imposição de normativas e projetos
pelo estado, com o objetivo de servir ao latifúndio e ao agronegócio. Apesar disso, as
comunidades seguem reexistindo nos territórios com suas práticas comunitárias, produzindo
alimentos e preservando os biomas da caatinga e do cerrado. De tal modo, por mais que ADI
julgue constitucional o marco temporal, os Fundo de Pasto permanecerão existindo e resistindo
com o seu modo de ser e viver no sertão.

PALAVRAS-CHAVE: Comunidades tradicionais. Fundo de Pasto. ADI 5783. Convenção


169 da OIT. Consulta Livre, prévia e informada.

1
Graduada em Direito, mestranda em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade Federal do Paraná.

2
Mestra em Direito. Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná.
Professora da graduação e pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná.
50

A TERRA MAU DITA

Eriberto Francisco Bevilaqua Marin 1


Resigno Barros Lima Neto2

RESUMO
Como enfrentar a perspectiva da linguagem frente a obliteração do acesso aos direitos previstos
na CRFB/1988 aos autóctones e povos tradicionais? Quando se parte da premissa de que as
semânticas empregadas aos termos produzem ruídos, na linguagem, que objetivam a
inacessibilidade ou transmutação conceitual para práticas de violência. Não há de se falar em
possuir, comprar, vender terras. Quando se exige que para se proteger a terra é necessário
peticionar ações que objetivam justamente a subserviência do entendimento mítico que está
atrelado a compreensão da terra, inicia-se o processo de aniquilamento do outro. No
pensamento mítico não há divisão, o entendimento de origem está atrelado ao que se entende
por cotidiano e sagrado. Não se recorre a uma linearidade colonialista. Não se fraciona a sua
perspectiva de criação, com a sua realização imanente, através de um entendimento individual
frente ao coletivo. Objetivamos ao revisitar as estruturas semânticas da linguagem em suas
diversas perspectivas facilitem a construção de uma compreensão e aplicação eficaz nos
processos que envolvem a sociedade brasileira nas questões referentes a sua existência
primordial. A fim de dirimir os conflitos e evitar o uso das estruturas do Estado como formas
de aniquilação dos povos autóctones e tradicionais. O referencial teórico nesse caso deve estar
atrelado aos signos linguísticos, entender a linguagem para além da escrita. Compreender o que
Umberto Eco nos ensina sobre intencionalidade da linguagem. O direito quando não enfrenta
as variações polissêmicas, acaba por reforçar o ruído e provocar o desvirtuamento dos institutos
jurídicos, inclusive com a inserção de elementos violentos. Compreender as consequências do
círculo hermenêutico. O método a ser empregado é de revisão bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Linguagem. Colonialismo. Povos autóctones e tradicionais.


Aniquilamento.

1
Orientador - Professor Associado da Faculdade de Direito da UFG. Mestre em Teoria do Estado e Direito
Constitucional pela PUC/RJ. Doutor em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da UFMG.
2
Mestrando Programa de Pós Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Graduado em
Direito e em História pela UFG.
51

VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS ENVOLVENDO CONHECIMENTOS


TRADICIONAIS ASSOCIADOS AO LUME DO ARTIGO 25 DA LEI Nº 13.123/2015

Gabriel Cavalcante Cortez1


Pholiane Segatelli Tubaki2

RESUMO
O artigo 25 da Lei nº 13.123/2015, conhecida como Lei da Biodiversidade, inova ao permitir
que o Conhecimento Tradicional Associado seja objeto de negócio jurídico envolvendo a
pessoa jurídica interessada na exploração econômica e a União Federal, representada no ato
pelo Ministério do Meio Ambiente. Sabe-se, ainda, que os benefícios advindos da repartição
equitativa serão preferencialmente destinados ao local da pesquisa e do acesso. Neste caso, a
visão do ente federal pode ser discrepante daquela vivenciada por comunidades ribeirinhas,
indígenas, quilombolas, seringueiros etc., de modo que se faz necessário a consulta e a
representação dos beneficiados, com o objetivo de melhor atender os interesses locais. Com
isto, objetiva-se analisar os planos de existência e validade destes negócios jurídicos, além do
melhor interesse para a aplicação das benesses oriundas do acordo. Por meio do método
hipotético-dedutivo e do referencial bibliográfica, sobretudo através da revisão legislativa e
doutrinária, pretende-se a averiguação do dispositivo da lei em consonância com a finalidade a
que foi destinada. Deste modo, em que pese o caráter inovador da Lei da Biodiversidade,
entende-se ser imprescindível a consulta às populações a serem beneficiadas pela repartição dos
benefícios e a convalidação de suas representações nos termos do Código Civil ou do Estatuto
do Índio, no caso das populações indígenas.

PALAVRAS-CHAVE: Lei da Biodiversidade. Conhecimentos Tradicionais. Repartição de


benefícios.

1
Cursando Especialização em Direito Processual Penal pelo Damásio Educacional. Bacharel em Direito pela
Universidade Estadual de Londrina.

2
Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Londrina - PR. Auxiliar Jurídico no Escritório Vilas Boas
Advocacia em Londrina - PR.
52

PSA COMO ALTERNATIVA AO DESENVOLVIMENTO HUMANO


SUSTENTÁVEL DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NA AMAZÔNIA
BRASILEIRA

Roberta Almeida Gomes1

RESUMO
A Floresta Amazônica fornece bens e serviços fundamentais à manutenção e a continuidade da
vida no planeta, que estão vinculados ao bem-estar e a qualidade de vida da sociedade. Apesar
da abundância de serviços ecossistêmicos oferecidos, a região amazônica é marcada por fortes
desigualdades sociais. Isso porque as comunidades ribeirinhas e indígenas não recebem o
devido reconhecimento, apesar de cooperarem para conservação desse bioma no combate ao
desmatamento, gerando externalidades positivas a nível regional, nacional e até mundial.
Dentre os principais dilemas enfrentados por esses povos tradicionais, pode-se citar a pressão
exercida pelo agronegócio e expansão das fronteiras agrícolas além da dificuldade de acesso
igualitário a políticas públicas de educação, saúde e serviços básicos de saneamento. Nesse
cenário, o trabalho tem como principal objetivo analisar a contribuição do Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA) como política pública para a conservação do meio ambiente e de
combate à pobreza. De forma secundária, estudará o programa Bolsa Floresta, desenvolvido no
estado do Amazonas. A metodologia empregada é a revisão bibliográfica, legislativa e
documental. Conclui-se que esse novo instrumento econômico propõe uma recompensa
monetária ou não às ações positivas, complementando as normas de comando e controle. Além
disso, aposta na reconciliação do ser humano com a natureza, na superação da pobreza, na
promoção da cidadania aos guardiões da floresta e o aumento da distribuição de renda.

PALAVRAS-CHAVE: Floresta Amazônica. Pagamento por serviços ambientais. Bolsa


Floresta.

1
Bacharela em Direito, com especialização em Direito Ambiental.
53

GRUPO DE TRABALHO 06 – CONSULTA PRÉVIA E A


CONSTRUÇÃO DE PROTOCOLOS AUTÔNOMOS

Coordenação:

Liana Amin Lima da Silva (UFGD/ CEPEDIS)


Joaquim Shiraishi Neto (UFMA)
Flávia Donini Rossito (CEPEDIS)
Andrew Toshio Hayama (CEPEDIS/Defensoria Pública -SP)
Juliete Prado de Faria (UFG)
54

O DIREITO DOS POVOS TRADICIONAIS À CONSULTA PRÉVIA E OS


PROTOCOLOS AUTÔNOMOS

Juliete Prado de Faria1


José do Carmo Alves Siqueira 2

RESUMO
Essa pesquisa trata do direito dos Povos Tradicionais à consulta prévia, livre, informada e de
boa-fé, protegida pelo artigo 6º da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho –
OIT, ratificada pelo Brasil. Apesar de o Estado ter a obrigatoriedade de cumprir as
determinações da referida Convenção, vem constantemente desrespeitando o direito de consulta
prévia, o que acaba por violar diversos outros direitos desses Povos. Nesse sentido, o problema
dessa pesquisa gira em torno da violação do direito de consulta prévia pelos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário. Os Povos Tradicionais, como saída, vêm construindo os seus
Protocolos Autônomos de consulta, para dizer ao Estado como querem ser consultados, por
ocasião de alguma decisão que afete os seus direitos. O objetivo geral é compreender o contexto
de violação do direito de consulta prévia pelo Estado e a iniciativa dos Povos com a construção
de Protocolos Autônomos. Especificamente, pretende-se: a) fazer um breve histórico sobre o
direito dos Povos Tradicionais à consulta prévia e a construção dos Protocolos Autônomos; b)
Compreender a violação desse direito pelo Estado brasileiro e suas possíveis motivações; c)
Propor soluções para a problemática. O referencial teórico é a teoria da colonialidade do poder,
de Aníbal Quijano. A hipótese é que o Estado Brasileiro viola o direito de consulta prévia por
ainda ser colonial e estar sob o poder da elite latifundiária dominante. O método é o hipotético-
dedutivo, por meio da revisão bibliográfica.

PALAVRAS-CHAVE: Consulta prévia. Convenção 169 da OIT. Protocolos autônomos.


Povos tradicionais. Colonialidade.

1
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/PR. Mestra em Direito Agrário pela UFG.
Advogada.
2
Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da UFG. Doutor em Direito pela UnB.
Mestre em Direito Agrário pela UFG.
55

POVOS CIGANOS E A CONSTRUÇÃO DE PROTOCOLOS DE CONSULTA


PRÉVIA: NA BUSCA PELO DIREITO DE SER QUEM SE É!

Luciana de Assiz Garcia1

RESUMO
O direcionamento adotado pela Constituição Federal de 1988 impactou vários aspectos da
relação entre os povos de comunidades tradicionais e sociedade hegemônica. Neste sentido,
recepcionada pelo ordenamento jurídico brasileiro como um dos elementos fundamentais à
caracterização dos ideais de plurietnicidade, a Convenção 169 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) delineou imprescindíveis parâmetros para a construção de instrumentos
normativos. O presente trabalho é um recorte das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Grupo
de Pesquisa Conflitos Socioambientais (GPCONS) e tem como objetivo, explorar a aplicação
de tal normativa aos Povos Ciganos, sobretudo quanto a construção de protocolos de consulta
prévia. A partir da abordagem bibliográfica, buscou-se responder a problemática do estudo,
qual seja: as disposições previstas na Convenção 169, aplicam-se aos Povos Ciganos, como
acontecem? Constatou-se que os institutos de tais normativas incidem em tais grupos, porém
tal aplicabilidade é um fenômeno recente. Há documentos sobre Protocolos de consultas e
audiências públicas, todavia são insuficientes e a temática demanda urgente atenção, sobretudo
pelo fato de estar tramitando no congresso nacional o projeto de Lei que institui o Estatuto do
Cigano, documento que afetará todos os grupos ciganos brasileiros.

PALAVRAS-CHAVE: Plurietnicidade. Povos ciganos. Protocolos de consulta prévia.


Estatuto do Cigano.

1
Formação em Ciências Sociais (Licenciatura) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Graduanda do
curso de Direito pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
56

RESPONSABILIDADE DO ESTADO BRASILEIRO REFERENTE A


INOBSERVÂNCIA NA REALIZAÇÃO DA CONSULTA PRÉVIA, LIVRE E
INFORMADA NA CONSTRUÇÃO DA UHE DE BELO MONTE: CASO DO
TERRITÓRIO INDÍGENA ARARA DA VOLTA GRANDE E PAQUIÇAMBA.

Bruna dos Santos Trindade1

RESUMO
O trabalho em foco, pretende analisar e identificar as formas de responsabilização civil do
Estado no âmbito nacional e internacional, pelos impactos atinentes da Usina Hidrelétrica de
Belo Monte, aos Territórios Indígenas Paquiçamba e Arara da Volta Grande. Diante o exposto,
propõe-se a seguinte indagação que norteará a condução do presente trabalho: Há possibilidade
de responsabilização do estado devido ao descumprimento das condicionantes do parecer
técnico nº 21? O Brasil pode ser responsabilizado internacionalmente, a desrespeito da violação
das oitivas indígenas determinadas pela a convenção 169, OIT? Objetivando responder o
problema da pesquisa, o trabalho terá como objetivo geral, Discutir a possibilidade de
responsabilização do Estado Brasileiro a partir da não efetividade no cumprimento das
condicionantes de componente indígena do parecer técnico nº 21, FUNAI no território indígena
Arara da Volta Grande e Paquiçamba. O trabalho terá três objetivos específicos: Analisar o
procedimento do licenciamento ambiental do empreendimento, assim como, as violações a luz
da Convenção n. 169, OIT ocorridas ao território indígena Arara da Volta Grande e
Paquiçamba; Investigar as possibilidades de reparação dos impactos sofridos pelo território
indígena Paquiçamba, por conta da falta de cumprimento das metidas de prevenção e mitigação;
Determinar, se há a possibilidade de responsabilização do Estado Brasileiro, no âmbito nacional
e internacional, a luz da Convenção n. 169, OIT, referente a ausência de consulta livre, prévia
e informada/oitivas indígenas.

PALAVRAS-CHAVE: Licenciamento ambiental. Convenção 169 da OIT. Consulta prévia.


Componente Indígena.

1
Mestranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da
Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA). Especialista em Direito Ambiental pelo Centro Universitário do
Estado do Pará (CESUPA/ESA). Especialista em Direito Agroambiental pelo Centro Universitário do Estado do
Pará (CESUPA/ESA).
57

PROTOCOLOS INDÍGENAS DE CONSULTA E CONSENTIMENTO PRÉVIO,


LIVRE E INFORMADO NO BRASIL E SEU RECONHECIMENTO JURÍDICO

Ana Júlia Gonçalves Oliveira 1


Liana Amin Lima da Silva2

RESUMO
Os protocolos autônomos de consulta prévia são documentos construídos pelos povos
tradicionais por iniciativa própria para apresentar ao Estado a maneira como eles devem ser
consultados de acordo com suas especificidades, exigindo que os direitos à consulta prévia,
livre e informada e à autodeterminação dos povos, presentes na Convenção nº169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), sejam respeitados. No entanto, estaria o Estado
brasileiro reconhecendo a aplicabilidade desses direitos? Nessa perspectiva, pensando no
histórico de violações sofridas pelos povos, a presente pesquisa teve como escopo compreender
melhor esses direitos e entender a dinâmica dos protocolos indígenas, os quantificando, os
localizando dentro do território brasileiro e, por fim, buscando por jurisprudência que os
citassem. Para tanto, foram utilizados o método de abordagem dialético e o método de
procedimento comparativo, realizando levantamento documental dos protocolos, sentenças e
pesquisa bibliográfica, com Souza Filho e Lima da Silva como marcos teóricos. Com o
levantamento, identificou-se 24 protocolos indígenas concluídos e 18 publicados, de 2014 até
2020. Eles estão presentes em diversos estados brasileiros, com uma concentração ao norte do
país, em especial dentro do bioma amazônico, expondo não somente a grande presença de povos
indígenas na região, mas também de ameaças socioambientais. Como resultado, encontramos
três protocolos referenciados e reconhecidos pelo Judiciário brasileiro: o do povo Juruna (PA),
do povo Mura (AM) e do povo Manoki (MT). Ao estudar os casos, percebeu-se os desafios
para a aplicabilidade efetiva dos direitos estudados, considerando a omissão do Estado
brasileiro com seu dever de consultar os povos.

PALAVRAS-CHAVE: Povo Manoki. Povo Juruna. Povo Mura. Consulta prévia. Protocolos
indígenas.

1
Acadêmica do curso de Direito da Faculdade de Direito e Relações Internacionais (FADIR) da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD) e estagiária do Ministério Público Estadual do Estado de Mato Grosso do
Sul.
2
Professora de Direitos Humanos e Fronteiras da Faculdade de Direito e Relações Internacionais e do Programa
de Pós-Graduação em Fronteiras e Direitos Humanos (FADIR/PPGFDH/ UFGD). Pós-doutoranda em Direito e
Doutora em Direito Econômico e Socioambiental (PUCPR). Mestra em Direito Ambiental (UEA).
58

JURIDICIDADE DOS PROTOCOLOS AUTÔNOMOS DE CONSULTA: AVANÇOS


E DESAFIOS PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS DOS POVOS E
COMUNIDADES TRADICIONAIS NO BRASIL

Ana Júlia Gonçalves Oliveira 1


Gabrielle Rios Rodrigues2
Luana Caroline Rocha Silva 3
Liana Amin Lima da Silva4

RESUMO
O direito de Consulta Prévia está previsto na Convenção n° 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT). Apesar das conquistas obtidas pelos povos com o reconhecimento de seus
direitos coletivos por meio das históricas e constantes lutas pautadas pela autodeterminação, a
efetivação desses direitos está longe de se tornar realidade. Verifica-se o descumprimento dos
direitos, seja pela omissão estatal, seja em virtude dos conflitos socioambientais impulsionados
pelo modelo de desenvolvimento neoextrativista capitalista. Diante do cenário de violações, os
povos têm apresentado para o Estado, por meio de iniciativas próprias, os protocolos para
condução dos processos de consulta prévia, com respeito às especificidades culturais e
organizações sociais próprias. O presente trabalho tem como escopo analisar o reconhecimento
dos protocolos como instrumentos dotados de juridicidade, como exercício da livre
determinação e jusdiversidade. Para tanto, utilizar-se-á do método histórico-dialético e da
pesquisa-ação participante. Como marco teórico, temos: Souza Filho, Silva, Svampa e Quijano.
Os meios empregados serão pesquisas bibliográficas e fontes documentais (protocolos e
jurisprudência), notadamente utilizando-se do Banco de Protocolos Autônomos,
disponibilizado de modo colaborativo pelo Observatório de Protocolos Comunitários de
Consulta e Consentimento Livre, Prévio e Informado. Como resultados parciais, observa-se que
o reconhecimento dos protocolos de consulta tem se dado em casos em que os conflitos foram
judicializados. Contudo, o direito de consulta segue sistematicamente descumprido no país.
Neste contexto, a presente pesquisa busca compreender os avanços e desafios diante dos
Protocolos Autônomos de Consulta como mecanismos para concretização dos direitos
territoriais dos povos e comunidades tradicionais.
PALAVRAS-CHAVE: Consulta prévia. Protocolos autônomos de consulta. Conflitos
socioambientais.

1
Acadêmica do curso de Direito da Faculdade de Direito e Relações Internacionais (FADIR) da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD) e estagiária do Ministério Público Estadual do Estado de Mato Grosso do
Sul.
2
Faz parte do grupo de acadêmicos do curso superior em Direito da Universidade Federal da Grande Dourados -
UFGD.
3
Graduanda em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), integrante e pesquisadora do
Observatório de Protocolos Comunitários de Consulta Prévia Livre e Informada: Direitos Territoriais,
Autodeterminação e Jusdiversidade, e bolsista pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR),
vinculada e financiada pela Ford Foundation.
4
Professora de Direitos Humanos e Fronteiras da Faculdade de Direito e Relações Internacionais e do Programa
de Pós-Graduação em Fronteiras e Direitos Humanos (FADIR/PPGFDH/ UFGD). Pós-doutoranda em Direito e
Doutora em Direito Econômico e Socioambiental (PUCPR). Mestra em Direito Ambiental (UEA).
59

CRIMINOLOGIA VERDE E A RESPONSABILIDADE PENAL DA


HYDRO/ALUNORTE PELO DESPEJO DE REJEITOS DE PRODUÇÃO DE
ALUMINA NA BACIA DO RIO PARÁ

Bruna dos Santos Trindade 1


Bruna Vitória Queiroz de Moura2

RESUMO
O trabalho em evidência pretende identificar os impactos causados pelo despejo de rejeitos da
produção de alumina na bacia do rio Pará pela empresa Hydro/Alunorte no município de
Barcarena/PA e a sua responsabilização penal com base na teoria da criminologia verde nos
âmbitos nacionais e internacionais. Salienta-se a grande importância do trabalho em questão,
visto que a empresa, possui vasto currículo de crimes ambientais na região. O artigo em questão
focará no último grande vazamento de rejeitos ocorrido no ano 2018. O problema do trabalho
demonstrará cientificamente a possibilidade da holding Hydro/Alunorte, com base na teoria da
criminologia verde, ser responsabilizada penalmente por todos os impactos causados a
população do município paraense. A pergunta é, como responsabilizar penalmente um
complexo industrial que polui diariamente e causa crimes ambientais com frequência? E as
vítimas ambientais? A importância do tema é justificada pela ‘normalidade’ que a
Hydro/Alunorte veem tratando seus ‘acidentes’ de operacionalização, ‘queimando’ a legislação
brasileira. Objetivando responder o problema da pesquisa, o trabalho será dividido em três
objetivos específicos, o primeiro, será pautado em apresentar um contexto histórico do
empreendimento, seguindo por uma apresentação sobre a teoria da criminologia verde e uma
análise dos impactos causados pelo último grande crime ambiental da empresa as comunidades
ribeirinhas, por fim, no último tópico iremos discorrer sobre a responsabilidade penal ambiental
da empresa em ocorrência ao crime ambiental. Na presente pesquisa será adotado o método
dedutivo de pesquisa em conjunto com o metido de procedimento monográfico e da técnica de
documentação indireta.

PALAVRAS-CHAVE: Amazônia. Criminologia Verde. Alumínio. Impactos Ambientais.

1
Mestranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da
Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA). Especialista em Direito Ambiental pelo Centro Universitário do
Estado do Pará (CESUPA/ESA). Especialista em Direito Agroambiental pelo Centro Universitário do Estado do
Pará (CESUPA/ESA). Advogada. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3020-8326.
2
Bacharela em Direito pelo Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA). Bolsista do Programa de Iniciação
Cientifica e Tecnologia (PIBICT), orientada pela Prof.ª. Dra. Juliana Freitas Rodrigues. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-7609-4045.
60

GRUPO DE TRABALHO 07 – REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA,


REFORMA AGRÁRIA E DESAPROPRIAÇÃO

Coordenação:

José do Carmo Alves Siqueira (PPGDA/UFG)


Thiago Botelho (UFGD)
61

A CONFLITUOSA TRANSFORMAÇÃO DA TERRA EM PROPRIEDADE PRIVADA


NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO

Andréa Figueredo Pereira1


Adegmar José Ferreira2

RESUMO
Pretende-se analisar a atuação do Poder Judiciário Goiano, especialmente por meio do estudo
do caso da Fazenda Monjolo, e as dificuldades encontradas na resolução dos conflitos agrários
por meio da utilização das técnicas de mediação e conciliação previstas pelo CPC. Em que
medida a aplicação de regras processuais civis, com princípios como o da imparcialidade e da
autonomia de vontades, pode influenciar a obtenção de soluções consensuais nos conflitos
agrários e qual a participação do Poder Judiciário neste contexto? Será utilizado o método de
estudo de caso e revisão bibliográfica e o objetivo é conhecer, a partir da atuação do Judiciário
Goiano, a causa do pouco sucesso na obtenção de soluções consensuais nos conflitos agrários.
Será utilizado o referencial teórico do “Poder Simbólico” trazido por Bourdieu. A partir dessa
teoria, se buscará compreender a atuação do judiciário na resolução de conflitos agrários como
possível forma de perpetuação das relações de poder existentes na sociedade bem como a forma
do discurso jurídico utilizada nos princípios que regem a mediação e conciliação. Os resultados
parciais demonstram que os institutos de mediação e conciliação por meio dos princípios da
imparcialidade e da autonomia de vontades tratam igualmente as partes sem considerar a
especificidade dos conflitos agrários em que há desigualdade material dos envolvidos, o que
dificulta a obtenção de soluções consensuais em razão da imposição de poder da parte mais
forte.

PALAVRAS-CHAVE: Mediação. Conciliação. Conflitos agrários. Poder Judiciário. Poder


simbólico.

1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Tema do Projeto
de Pesquisa: O USO DE MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO GOIANO NA
RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS AGRÁRIOS. Orientador: Prof. Dr. Adegmar José Ferreira.
2
Professor Titular no Programa de Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da UFG. Juiz de Direito no
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Doutor em Educação pela PUC/GO.
62

30 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 FRENTE AO DEBATE SOBRE A


REFORMA AGRÁRIA: há o que comemorar?

Daniel Júnior Rodrigues Alvarenga 1


Camila de Almeida Miranda 2

RESUMO
O Brasil é um dos países com maior concentração de terras do mundo, o censo agropecuário de
2017 aponta que apenas 1% dos proprietários de terras controlam quase 50% da área rural do
país. Toda essa concentração de terras tem suas origens no processo de colonização portuguesa
no início do século XVI, e, diante desse cenário, a Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988 (CFRB/88) tratou dessa temática em seus artigos 184 a 191, que disciplinam
sobre a ordem econômica e financeira do País. Buscou-se através desse trabalho apresentar um
debate sobre a questão agrária pós CFRB/88. Utilizou-se como procedimento metodológico a
pesquisa descritiva qualitativa, bem como revisão de literatura pertinente a temática. Mesmo
que o texto constitucional assegure uma política redistributiva de terras, ele é omisso em relação
a etapas posteriores de consolidação da reforma agrária, em especial às políticas sociais
assistenciais. Um dos principais mecanismos para implantar a política de reforma agrária é a
desapropriação, prevista no artigo 184 da CFRB/88, trazendo à baila a desapropriação de
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, instituindo a prerrogativa do
proprietário de usar e usufruir da propriedade sem ferir a ordem social. A CFRB/88 consagrou
valores liberais de proteção à propriedade privada e também valores sociais a exemplo do
cumprimento da função social da propriedade. Aponta-se, como possível solução para este
quadro, uma reforma agrária popular, acompanhada de políticas sociais públicas que
contemplem grupos vulneráveis dependentes da agricultura família para subsistência.

PALAVRAS-CHAVE: Reforma Agrária. Desapropriação. Propriedade privada. Ordem


social.

1
Graduando em Direito pelo Centro Universitário Doctum de Teófilo Otoni-UniDoctum. Extensionista voluntário
do Projeto de Extensão Observatório de Execução Penal.
2
Advogada e professora universitária e em cursos preparatórios para concursos públicos/OAB. Possui experiência
em aulas presenciais (desde 2006) e em EaD (desde 2014). Mestra em Gestão Integrada do Território pela
UNIVALE.
63

A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL E A NECESSIDADE DE UM


ESTADO COMPROMETIDO COM A JUSTIÇA SOCIAL NO CAMPO

Elenice Silverio de Souza1


Emiliano Lobo de Godoi2

RESUMO
O presente trabalho aborda a injustiça social presente no campo, caracterizada pela intensa
concentração fundiária, pela disputa territorial e pelos conflitos violentos entre os sujeitos
envolvidos neste contexto. O principal objetivo é investigar o papel desempenhado pelo Estado
no processo de resolução desta questão fundiária, por meio do instituto da função social da
propriedade rural e da desapropriação, focando na atuação de agentes estatais — órgãos e
entidades — juridicamente competentes para o exercício da fiscalização e de outras atividades
que concretizam as normas previstas nos artigos 184 e 186 da Constituição Federal de 1988. A
metodologia empregada consistiu na revisão bibliográfica de obras especializadas e artigos
científicos que possibilitaram identificar dificuldades na efetivação das referidas normas. Na
fundamentação teórica adotou-se como referencial o constitucionalismo contemporâneo e a
teoria da força normativa da constituição, que aponta para a necessidade de comprometimento
dos atores participantes do processo constitucional, o que foi denominado por Hesse de
“vontade de constituição”. Ao final, concluiu-se que a atuação estatal brasileira é ineficaz no
combate à concentração fundiária e que o enfrentamento da questão agrária no Brasil perpassa
também por uma mudança na atuação dos órgãos e entidades estatais envolvidos no processo
de efetivação e fiscalização da função social da propriedade rural, de forma a permitir a
concretização do projeto constitucional e a implementação da reforma agrária.

PALAVRAS-CHAVE: Efetividade constitucional. Atividade estatal. Função social.

1
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Direito Agrário na Faculdade de Direito da Universidade Federal
de Goiás (PPGDA – UFG). Especialista em Direito Público pela Universidade Candido Mendes.

2
Mestre e Doutor em Agronomia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Professor do Programa de Pós
Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (PPGDA/UFG).
64

MATA VELHA, EM PIRENÓPOLIS, GOIÁS: FRONTEIRA ENTRE O URBANO E O


RURAL

Ísis Lôbo de Oliveira1


Tereza Caroline Lôbo 2
João da Cruz Gonçalves Neto3

RESUMO
O Direito brasileiro tem buscado normatizar as relações entre o rural e o urbano, exigindo que
atendam aos princípios da função social e do bem-estar social. A realidade, porém, desafia os
ditames da norma, cuja efetividade e eficácia vem sendo colocadas em xeque. Tal fenômeno é
observado no município de Pirenópolis, Goiás, onde a exploração turística, nos últimos vinte
anos, tem provocado a ocupação dos espaços urbanos, resultado da especulação imobiliária, e
no aumento do custo de vida para a comunidade local que, como consequência, foi afastada
para as áreas periféricas e rurais. O objetivo deste artigo é apresentar a atividade normativa que
amparou e incentivou esse fenômeno e as consequências para a população rural. Com base em
uma revisão narrativa de bibliografia, tomando como referencial a sociologia crítica
desenvolvida por Martins (2013, 2008b, 1996) e a proposta de humanização dos sujeitos sociais
marginalizados apontados por Lefèbvre (2008) nos seus estudos sobre a cidade. A pesquisa, em
sua natureza qualitativa e descritiva, propõe uma análise sob a perspectiva daquele que está no
limiar, para compreender a complexidade da dinâmica urbana descontínua e fragmentária e suas
transformações econômicas e sociais, assim como seus reflexos no espaço agrário.

PALAVRAS-CHAVE: Urbano. Rural. Fronteira. Função social. Mata Velha.

1
Mestranda PPGDA/UFG.
2
Doutora em Geografia IESA/UFG.
3
Doutor em Filosofia PUCRS.
65

EVOLUÇÃO DA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NA ANTIGUIDADE ORIENTAL


AO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: FUNÇÃO SOCIAL AO LUME DA
REFORMA AGRÁRIA

Cristina Maiko Oishi do Amaral Campos Okuma 1


Gabriel Cavalcante Cortez2
RESUMO
Na Antiga Mesopotâmia, a terra era o principal bem jurídico tutelado pelos princípios de
normatização existentes à época. Diante da parca instrução tecnocientífica para lidar com as
intempéries naturais, o campo foi elevado a uma das categorias mais sofisticadas de proteção.
O Código de Hammurabi já preconizava a prevalência e a importância do Direito Agrário sobre
o Direito Privado. Destarte, busca-se realizar um paralelo entre as disposições do Código de
Hammurabi com a atual conjuntura da realidade agrária brasileira, bem como sua confirmação
perante na Constituição Federal de 1988. Objetiva-se, pois, analisar os pontos similares, de
modo a evidenciar disposições que não mudam, independente da sociedade e do espaço-tempo.
Através do método hipotético-dedutivo ancorado na pesquisa legislativa, doutrinária e
jurisprudencial, tem-se que a União Federal visa estimular a ocupação da propriedade rural para
fins de subsistência, dando forma aos contornos constitucionais referente à dignidade da pessoa
humana e à função social do imóvel rural, calcado, ainda, nos princípios da função social e da
boa-fé objetiva. Deste modo, a Reforma Agrária é uma realidade no país que apresenta
dificuldades e burocracias para sua plena efetivação, porém, configura nova destinação às terras
não cultivadas, promovendo a concretização de diversas garantias fundamentais perante a
sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Antiguidade Oriental. Boa-fé objetiva. Desapropriação. Função


social. Reforma Agrária.

1
Bacharela em Direito pela Faculdade Pitágoras. Pós-graduanda no curso de pós-graduação “lato sensu”,
especialização em Direito Previdenciário da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Advogada.
2
Acadêmico do 5º ano do curso de Direito pela UEL. Estagiário junto ao Gabinete do Juízo da 2ª Vara Cível, da
Fazenda Pública e de Competência Delegada da Comarca de Cambé/PR, vinculado ao Tribunal de Justiça do
Estado do Paraná. Ex-monitor no curso de pós-graduação “lato sensu”, especialização em Direito Previdenciário
da UEL. Colaborador e membro de diversos projetos de pesquisa, ensino, extensão e formação complementar
vinculados à UEL.
66

A GESTÃO INTEGRADA DO ESPAÇO TERRITORIAL RURAL COMO POLÍTICA


PÚBLICA NECESSÁRIA AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO-SOCIAL
LOCAL

Katia Borges dos Santos1

RESUMO
O presente artigo tem por objetivo destacar a gestão integrada do espaço territorial rural como
política pública necessária ao desenvolvimento econômico social local. Analisa os instrumentos
de gestão territorial utilizados no país. O estudo procura aferir se a implementação de ações
coordenadas de gestão administrativa pública e/ou privada confere eficácia aos direitos sociais
e a consolidação da justiça social prevista na implementação dos princípios da ordem
econômica consagrados na Constituição Federal e se essa construção normativa promove o
desenvolvimento local. Neste sentido, a pesquisa envolve três objetivos específicos. O primeiro
objetivo específico deste trabalho é identificar e mapear os instrumentos de gestão territorial
em vigência na legislação brasileira. O segundo objetivo específico apresenta uma sugestão de
integração dos sistemas identificados e correlaciona as informações de cunho ambiental e social
que ainda não possuem controle e acesso à sociedade civil. A metodologia empregada é
aplicada. Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, levantando-
se informações dos sistemas utilizados e sua legislação correlata. Para a discussão do tema, a
abordagem é qualitativa e pautada em fontes bibliográficas e documentais. Concluiu-se, ao
final, que a ausência de um Plano Nacional de Ordenamento Territorial afeta a construção de
um planejamento adequado a longo prazo do ordenamento territorial rural. E que os diversos
sistemas utilizados no país em relação aos cadastros de posses e propriedades rurais necessita
de unificação e de ferramentas inteligíveis de interoperabilidade.

PALAVRAS-CHAVE: Plano Nacional de Ordenamento Territorial. Ordem econômica.


Posse. Propriedade privada.

1
Mestranda em Direitos Humanos e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Pará. Mestranda em Direito,
Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional pelo Centro Universitário do Estado do Pará - CESUPA.
67

O DISTRITO DE LAGOLÂNDIA NO MUNICÍPIO DE PIRENÓPOLIS/GO EM SEU


PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

Leiliane Alves Trindade1

RESUMO
A expansão da área urbana do Distrito de Lagolândia, município de Pirenópolis/GO, vem
acontecendo de forma gradativa, acelerando nos últimos anos. O crescimento se deve a uma
festa de romaria que ocorre no mês de julho e pelo potencial turístico local. Como o Plano
Diretor do município não considera o Distrito como área urbana, não há fiscalização ou estudo
de impactos das áreas rurais que são incorporadas ao perímetro urbano do Distrito. O Poder
Público não vem demonstrando um interesse real em resolver e regularizar esses loteamentos,
que vão surgindo e por serem irregulares, transferem apenas a posse dos terrenos, fazendo com
que o imóvel não exerça sua função social. A própria normatização municipal não tutela as
referidas áreas como urbanas, para que seja possível a criação de loteamentos regularizados, ou
que se possa regularizar os já existentes, e toda a situação atual faz com que os interessados em
ter sua posse do imóvel regularizada, abarcando também a propriedade do imóvel, recorra ao
judiciário com ações de Usucapião, porém é necessário que se surja um política urbana
justamente para que se ordene e planeje os espaços, e que atenda esses locais, podendo agir na
tentativa de minimizar os impactos de uma expansão urbana desordenada, já que até o momento
nada vem sendo feito para regulamentar tais loteamentos, que são visíveis, ocorrendo uma
aceitação tácita do poder público de forma que os poucos serviços públicos ofertados nesses
núcleos urbanos sejam estendidos à área que foi anexada, como algo normal e corriqueiro.

PALAVRAS-CHAVE: Regularização fundiária. Turismo. Função social.

1
Graduada no Curso Tecnologia e Gestão em Turismo, pela Universidade Estadual de Goiás - Unidade de
Pirenópolis/GO. MBA em Gestão de Pessoas, pela Uni Anhanguera - Anápolis/GO. Graduada no Curso de Direito
da UniEvangélica - Anápolis/GO.
68

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E RESISTÊNCIA POPULAR EM ALAGOAS

Rikartiany Cardoso Teles1

RESUMO
A relação agrária e fundiária em Alagoas, com o caso prático da Fazenda São Sebastião é o
objeto de análise do presente trabalho. O MST por meio de ocupações da terra em questão
públicas pressiona o Poder Público à realização da tão almejada reforma agrária na região,
contudo lida com forte criminalização e ineficácia na efetivação de direitos constitucionalmente
assegurados. A metodologia utilizada foi a qualitativa- quantitativa, que engloba referenciais
teóricos como de Marx, Stédile, Pachukanis, Tarso de Melo, clássicos e atuais das teorias
críticas sociais e jurídicas, além de coleta de dados sobre o mapa da violência nacional e local,
que ratificam por meio dos dados as teorias apresentadas. A criminalização perpetrada contra
movimentos sociais, especificamente, aqueles que lutam por acesso à terra e a permanência
nela, bem como a efetivação de direitos para trabalhadores e trabalhadoras rurais. De um lado
desigualdade social no campo e na sociedade brasileira, tendo como um dos seus pilares a
concentração da terra e da renda, com 46% das terras nas mãos de 1% dos proprietários, esse
processo de violência por vários setores da sociedade alimentam uma lógica genocida e colonial
contra povos tradicionais, agricultores e todos e todas que lutam contra o agronegócio, a favor
da soberania alimentar , reforma agrária e direitos sociais para os que moram no campo,
contexto esse que em Alagoas se repete.

PALAVRAS-CHAVE: Regularização fundiária. Função social da propriedade. Marxismo.


Direitos sociais. Resistência.

1
Cursando Administração Pública pela Universidade Estadual de Alagoas. Mestranda em Direitos Humanos pela
Universidade Federal de Pernambuco.
69

A VENDA ILEGAL DE LOTES DE ASSENTAMENTOS: A (NÃO) DA REFORMA


AGRÁRIA

Verônica Fávero Pacheco da Luz1

RESUMO
O presente trabalho propõe por problema jurídico analisar a concretização da Reforma Agrária
no Brasil, tendo em vista que existe um percentual significativo de beneficiários em Projetos
de Assentamentos que desistem de seus ideais agrários e promovem a venda ou arrendamentos
de tais lotes, incidindo nas vedações do artigo 189 da CF/88 e artigo 18 da Lei 8.629/93. As
barreiras e influências internas e externas que impedem a efetivação da Reforma Agrária serão
analisadas como objetivo específico. A justificativa deste tema é o interesse social, porquanto
a reforma agrária implantada de modo efetivo, promove o desenvolvimento rural sustentável,
impede o êxodo do campo e realiza a justiça social de um país. O referencial teórico é baseado
na Teoria da Colonialidade desenvolvida por Anibal Quijano, que expõe que, na América
Latina ainda predomina a dependência de países tais como Europa e EUA, nos setores
econômicos e culturais, perpetuando o poder capitalista. A pesquisa será quantitativa e
qualitativa, predominando esta última, pois visa compreender o fenômeno descrito no problema
jurídico, cujo exame compreenderá a pesquisa bibliográfica, sites governamentais e coleta de
dados narrativos, dentre outros.

PALAVRAS-CHAVE: Reforma agrária. Assentamentos. Alienação de lotes. Teoria da


Colonialidade.

1
Possui graduação em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (1979). Especialização em Direito
Processual Civil pela Universidade Federal de Uberlândia - MG. Especialização em Ddireito Civil pela Univerdade
do Sul de Santa Catarina e Especialização em Direito Notarial e Registral pela Universidade do Sul de Santa
Catarina.
70

A AUSÊNCIA DE REGISTRO DE IMÓVEIS DE TERREIROS EM BELÉM DO


PARÁ: ENTRAVE PARA A CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL À
LIBERDADE RELIGIOSA

Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos 1


Manoel Rufino David de Oliveira 2
Amaiama Lamarão Josaphat 3
Lara Cristina Cardoso de Sousa4

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo geral analisar o porquê dos terreiros constantes na Nova
Cartografia Social da Amazônia sobre Afro-Religiosos na Cidade de Belém não aparecem com
os imóveis registrados no 1º Ofício de Registro de Imóveis da capital paraense, tendo como
objetivos específicos: a) Caracterizar os povos de terreiro como povos tradicionais com base na
doutrina e legislações cabíveis; b) Apresentar os dados coletados no projeto Nova Cartografia
Social da Amazônia e sobre os imóveis de matrizes religiosas registrados no 1º Ofício de
Registro de Imóveis; c) Triangular e estudar os dados supracitados. O referencial teórico parte
do Projeto “Nova Cartografia Social da Amazônia”, que espacializou os terreiros da cidade.
Contudo, no 1º Ofício de Registro de Imóveis, detectou-se que nenhum destes espaços de culto
constavam registrados, o que dificulta o acesso dos povos de terreiro a diversos direitos.
Metodologicamente, recorreram-se a fontes bibliográficas primárias, secundárias e
documentais, bem como do método dedutivo. Em termos de resultados parciais, os povos de
terreiro são tratados como comunidades tradicionais. Com base no projeto supracitado, se
detectaram terreiros nos bairros do Jurunas, Benguí, Guamá, Terra Firme, Pedreira, Marco,
Castanheira, Curió-Utinga, Coqueiro e Maracacuera, sendo destes bairros sob a circunscrição
do 1º Oficío de Registro de Imóveis apenas os dois primeiros. Como hipóteses, se acredita no
nomadismo dos terreiros, funcionamento oficioso, a burocracia estatal para registros e a
marginalização das religiões de matriz africana. Como referências bibliográficas se utilizarão
também Eliane Moreira, Alfredo Wagner Berno de Almeida, Joaquim Shiraishi Neto, etc.
PALAVRAS-CHAVE: Afro-religiosidade. Nova Cartografia Social da Amazônia. Povos de
Terreiro.

1
Possui graduação em Direito pela Universidade da Amazônia (2013) e mestrado em Direito pela Universidade
Federal do Pará (2017). Atualmente é Doutoranda em Direito pela Universidade Federal do Pará e Advogada.
2
Doutorando em Direitos Humanos pelo Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Universidade Federal
do Pará. Mestre em Direitos Humanos pelo Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da Universidade
Federal do Pará. Professor universitário na Universidade Federal do Pará (UFPA), na Faculdade Faci Devry Belém
e na Escola Superior Madre Celeste (ESMAC).
3
Graduada em Direito pela Faculdade Estácio do Pará, MBA em Direito Ambiental pela Fundação Getúlio Vargas
- FGV, mestranda do Programa de Pós Graduação em Direito e Desenvolvimento da Amazônia na Universidade
Federal do Pará - PPGDDA/UFPA.
4
Acadêmica do Curso de Direito, da Universidade Federal do Pará (UFPA). É estagiária do Ministério Público
Federal.
71

GRUPO DE TRABALHO 08 – VIOLÊNCIA E CRIMINALIDADE


NO CAMPO

Coordenação:

Isabelle Maria Campos Vasconcelos Chehab (PPGDA/UFG)


Anne Geraldi Pimentel (CEPEDIS)
Adegmar José Ferreira (PPGDA/UFG)
Juliete Prado de Faria (PPGDA/UFG)
72

A (DES)CRIMINALIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO DE TERRA À LUZ DO ESTADO


DEMOCRÁTICO DE DIREITO

Francielle Ferreira Silva 1

RESUMO
O problema da pesquisa consiste em responder se à luz do Estado Democrático de Direito a
ocupação de terra deveria ser descriminalizada ou não. Como objetivos tem-se o alcance da
segurança jurídica, a exposição e discussão sobre os direitos no Estado Democrático de Direito,
bem como sobre o abolicionismo penal na conduta de ocupação de terras. A metodologia
utilizada foi a revisão bibliográfica e, principalmente, o estudo de julgados que afastam a
criminalização da mera ocupação. Através da pesquisa é possível perceber a insegurança
jurídica do tema, tendo em vista que ocorrem denúncias de ocupações que, muitas vezes, ainda
são enquadradas em tipificações penais que não foram comprovadas. Nota-se a influência das
relações de poder sobre a propriedade na esfera política e jurídica, desencadeando um olhar
preconceituoso contra os movimentos sociais que logo são taxados de criminosos. Tudo isso
serve de desestímulo para que o poder permaneça da mesma forma. Nesse contexto, a pressão
popular seria natural no Estado Democrático de Direito e as manifestações representam o
exercício do direito coletivo que é uma expressão da cidadania. Ademais, imperioso expor que
a criminalização pode ser fruto de uma política ideológica, não encontrando amparo no Direito
Penal que é a última ratio. Assim, é preciso alcançar a segurança jurídica quanto ao julgamento
criminal de membros de movimentos sociais que lutam pela terra e, como forma de
manifestação, ocupam espaços alheios.

PALAVRAS-CHAVE: Estado democrático de direito. Ocupação de terra. Criminalização.


Segurança jurídica.

1
Pós-graduada em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário UniDBSCO. Pós-graduanda em
Direito Ambiental pela Faculdade Única. Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. Advogada.
73

O DESASTRE DE MARIANA, RESPONSABILIDADES E DIREITOS

Amanda Henrique Pires1


Juliana Fogaça Kiaulenas2
Katya Regina Isaguirre-Torres3

RESUMO
O presente resumo visa apresentar um estudo relacionando o projeto constitucional de
despatrimonialização do direito privado, tratando da função social dos institutos, como a posse
e propriedade, ou seja, retratando o princípio acerca da utilização dos bens, não mais a mera
titularidade, que tem um destino de natureza social. Esta pesquisa analisou dados econômicos,
sociais e jurídicos, partindo da análise de caso do município de Mariana, Minas Gerais, e sua
inevitável relação com a empresa Samarco, para compreender quais são os efeitos da relação
de dependência da comunidade com a mineradora, dos vínculos trabalhistas precários nesta
região com indicadores sociais insatisfatórios em especial referente à renda e pobreza da área
rural. Pela compreensão do tema, envolvendo toda uma amplitude de direitos, deveres e
consequências, é evidente que sempre haverá divergências quanto a diversas questões,
entretanto, há situações em que mesmo com a lei vigente indivíduos acabam conseguindo
driblar o sistema, o que não deveria ocorrer, e cabe à todos exigir que as devidas providências
sejam tomadas em todos os casos com base no ordenamento jurídico e princípios. Através da
pesquisa realizada até o momento, pode-se inferir opções que podem ser estudadas e
implementadas a fim de oferecer suporte a casos como esse.

PALAVRAS-CHAVE: Mariana; Regularização Fundiária; Função Social; Responsabilidade


Social Empresarial; Responsabilidade Ambiental.

1
Estudante da graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná. Participante do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) na modalidade voluntária.
2
Estudante da graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná. Bolsista junto ao Programa Institucional
de Apoio a Inclusão Social – Pesquisa e Extensão” (PIBIS) da Fundação Araucária.
3
Doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná. Professora das disciplinas
de direito ambiental e agrário junto ao departamento de direito público da Universidade Federal do Paraná. Líder
do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Direito Socioambiental – Ekoa.
74

MOURÃO DE CARABINA AO LADRÃO DE TERRA: A VIOLÊNCIA NA


FRONTEIRA

Andréa Figueredo Pereira1


Adegmar José Ferreira2

RESUMO
Como a atuação estatal, com a aplicação do direito, pode influenciar na violência ocorrida pela
posse de terra em situações de fronteira? A terra possui diversas especificidades que fazem com
que sua transformação em propriedade privada influencie diretamente na situação de exclusão
dos dominados e manutenção de poder dos dominantes, ocasionando violentos conflitos. O
objetivo deste trabalho é identificar como a consolidação da propriedade no Brasil originou a
violência na fronteira bem como a influência sofrida pelo modo de atuação estatal. Por meio de
revisão bibliográfica e do estudo de caso da canção sertaneja “Ladrão de Terra” pretende-se
analisar as causas dessa violência. Busca-se a investigação sobre a violência dos conflitos
agrários e atuação estatal por meio de dados coletados junto à Comissão Pastoral da Terra e ao
Observatório de Justiça Agrária da UFG. O referencial teórico será a noção de violência de
fronteira trazida por José de Souza Martins em “Fronteira: a degradação do outro nos confins
do humano”. Os resultados parciais permitem concluir que a arte pode exteriorizar aspectos
ligados à sociedade, especialmente, ao Direito. A música sertaneja faz parte da cultura
camponesa e pode expressar a forte ligação estabelecida entre homem e terra. A canção
analisada é um retrato da forma de consolidação da propriedade rural no Brasil e do modo como
o estado influencia na ocorrência da violência no campo. O estudo da arte tende a enriquecer a
cultura jurídica e contribuir com o grito de socorro dos camponeses.

PALAVRAS-CHAVE: Violência. Fronteira. Conflito. Arte.

1
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário. Universidade Federal de Goiás
2
Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás. Juiz de
Direito. Doutor em Educação pela PUC/GO. Mestre em Direito Agrário pela UFG.
75

GRUPO DE TRABALHO 09 -
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS DO DIREITO
AGRÁRIO

Coordenação:
José do Carmo Alves Siqueira (PPGDA/UFG)
Thiago Botelho (UFGD)
76

IDOSOS NO CAMPO E A IMPORTÂNCIA DO PROJETO CONVIVER NA CIDADE


DE GOIÁS

Dienifer Duarte Cardoso1


Camila Ponciano Duarte2
Juliete Prado de Faria3

RESUMO
Esse estudo procurou identificar e analisar a garantia dos direitos sociais dos idosos do campo
que frequentam o Projeto Conviver na Cidade de Goiás. Nesse sentido, a pesquisa buscou
conhecer os serviços e programas de Assistência Social ofertados aos idosos, e observar como
eles têm garantido seus direitos, em busca de uma reinserção social e autonomia nesse
município. Nesse sentido, a pesquisa tem como problema teórico responder a seguinte pergunta:
como é feita a garantia dos direitos dos idosos do campo pelo Serviço Social no Projeto
Conviver na cidade de Goiás? Neste percurso, delineou-se um estudo de natureza qualitativa,
tendo como procedimento metodológico, a pesquisa bibliográfica, documental e a pesquisa de
campo. O instrumento de coleta de dados utilizado foi a aplicação de questionários com
perguntas fechadas e abertas. Previamente foi estabelecida a entrevista com seis sujeitos
participantes do Projeto Conviver. Os resultados da pesquisa apontaram que, de modo geral,
não há a compreensão do Estatuto do Idoso pelos sujeitos estudados, reduzindo a compreensão
da política social, enquanto que o Projeto Conviver é um espaço que oportuniza garantir a
efetivação desse Estatuto. O estudo apontou, ainda, lacunas na atuação do Serviço Social no
Projeto Conviver, restringindo a sua atuação em palestras, orientações e divulgação de
informações.

PALAVRAS-CHAVE: Idosos. Rural. Projeto Conviver. Cidade de Goiás. Estatuto do Idoso.

1
Técnica em Enfermagem. Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Goiás.
2
Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Goiás.
3
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/PR. Mestra em Direito Agrário pela UFG.
Advogada.
77

O IDOSO NO CAMPO E A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO


DOMICILIAR DE SAÚDE

Elenice Gomes Prado1


Juliete Prado de Faria2

RESUMO
O atendimento domiciliar no contexto da atenção primária à saúde tem se configurado como
um importante instrumento para a operacionalização frente ao processo de cuidado do idoso
nos diferentes contextos sociais. Diante disso, o objetivo geral dessa pesquisa foi compreender,
como ocorre o apoio do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) aos pacientes Idosos do
campo, da cidade de Goiás, pois sabe–se que ele compreende ações sistematizadas, articuladas
e regulares; que tenham a intenção de garantir a integralidade das ações de promoção,
recuperação bem como, a reabilitação em saúde dos idosos. A metodologia usada deste trabalho
recorreu-se inicialmente a uma análise bibliográfica por meio da leitura de textos, teses, livros
que abordaram a temática estudada. Depois, foi realizada uma pesquisa de campo, com a
aplicação de uma entrevista para alguns cuidadores dos pacientes idosos que utilizam o (SAD),
com o fim de entender como consideram esse serviço na garantia e promoção de saúde. Após
o término deste, constatou-se que os entrevistados, de um modo geral, demonstraram satisfação
em relação ao serviço que é ofertado, garantindo que ele oportuniza o acolhimento dos idosos
com respeito, eficiência e dedicação.

PALAVRAS-CHAVE: Idosos. Serviço de atendimento domiciliar (SAD). Cidade de Goiás.


Estatuto do Idoso. Saúde.

1
Técnica em Enfermagem. Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Goiás.

2
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC/PR. Mestra em Direito Agrário pela UFG.
Advogada.
78

O ROMPIMENTO DA BARRAGEM EM MARIANA SOB A PERSPECTIVA


ECOSSOCIALISTA: UMA ANÁLISE SOBRE OS ASPECTOS ECONÔMICOS DA
IMPUNIDADE EM CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS

Daniela Scholze Montes1


Gustavo de Oliveira Correa2
Katya Regina Isaguirre-Torres3

RESUMO
O objetivo do trabalho é o de compreender como o desenvolvimento capitalista determina a
geração e o aprofundamento dos conflitos socioambientais no campo e na cidade e, em
consequência, mantém padrões que determinam a insuficiência da capacidade de resposta do
Estado. A metodologia se valerá da revisão bibliográfica da corrente do ecossocialismo, do
conceito de colonialidade do poder (Quijano) e da criação de uma linha do tempo do caso do
rompimento da barragem de rejeitos de mineração no município de Mariana (MG). Essa linha
do tempo procurará relacionar as denúncias da população atingida e sua repercussão na tentativa
de reparação dos danos e a propositura de ações judiciais. Como resultados pretendemos
demonstrar, de forma relacionada com a teoria, qual a relevância que a ação social possui para
movimentar o judiciário (enquanto campo de exercício do poder estatal) na busca de respostas
aos danos causados por conflitos socioambientais. A notória desigualdade nas respostas do
poder judiciário já é largamente explorada. No entanto essa análise é fundamental para entender
como os critérios intrínsecos à própria organização estrutural do capitalismo estão presentes no
sistema de justiça, na inter-relação que existe entre a desigualdade na distribuição dos espaços
ambientais com questões de raça, classe, gênero, o que acarreta que os danos mais graves sejam
sofridos pela população mais vulnerável. Por fim, pretendemos demonstrar a influência do
capitalismo nas relações do campo e da cidade e que as disputas no sistema de justiça são
elementos relevantes do estudo dos conflitos socioambientais.

PALAVRAS-CHAVE: Ecossocialismo. Mineração. Conflitos socioambientais.

1
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Paraná - UFPR.
2
Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Paraná - UFPR.
3
Graduação em Direito. Mestrado em Direito Empresarial e Cidadania. Doutora em Meio Ambiente e
Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná.
79

TIME-SHARING, A LEI DA MULTIPROPRIEDADE (LEI Nº 13.777/2018) E SUA


POSSÍVEL APLICAÇÃO NOS IMÓVEIS RURAIS DECORRENTES DOS
CONTRATOS TÍPICOS DE ARRENDAMENTO AGRÁRIO

Elton de Vargas de Oliveira 1


Ana Paula Torres2

RESUMO
Este trabalho se mostra de grande relevância e importância, pois trata da evolução do homem
do campo que se modernizou para atender a grande demanda do mercado global de alimentos,
e se adapta na tendência do mercado imobiliário, versando sobre o binômio que surgiu na fusão
dessas duas áreas, ao qual se faz essencial a empreendedores e operadores do direito, ou seja,
as possíveis implicações do instituto da Multipropriedade aos contratos típicos de arrendamento
agrário. O presente artigo impacta frontalmente a legislação agrária e também a nova lei nº
13.777/2018, a qual foi objeto de estudo sob os olhares atentos dos doutrinadores, junto com o
posicionamento jurisprudencial dos Tribunais, observando a legislação positivada no art. 1358-
B, do Código Civil, a qual fez surgir à possibilidade de uma nova oportunidade de aplicação do
instituto da Multipropriedade. Os métodos procedimentais operadores foram dedutivo e
dialético, fazendo assim surgir um caráter dialético e analítico, a qual transcorre por diversos
pontos importantes, para alguns dando maior destaque, devido a sua importância no contexto
da pesquisa, e para outros pontos (não menos importantes), mas no contexto, foi necessário
apenas pontuar e fazer menção. Diante do exposto é concluso, que a Lei da Multipropriedade
quando aplicada aos imóveis rurais produz múltiplas implicações jurídicas, que se não
observadas acabam por comprometer a eficácia dos negócios jurídicos.

PALAVRAS-CHAVE: Lei da Multipropriedade. Arrendamento agrário. Método Dialético.

1
Graduado em Direito e Especialista em LGPD, Direito Tributário e Processo Tributário pela Universidade da
Região da Campanha, São Gabriel/RS.
2
Coordenadora do curso de Direito da Urcamp São Gabriel - RS
80

ANÁLISE DA EFICÁCIA DA LEI KANDIR NA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTOS


SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (IMCS) NO
AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

Isabel Christina Gonçalves Oliveira 1


Heloísa Borges Nascimento2

RESUMO
A lei complementar 87/1996 (Lei Kandir), viabilizou significativas mudanças no agronegócio,
no que tange a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IMCS),
incentivando a exportação de produtos primários e semielaborados, objetivando maior
competitividade das mercadorias brasileiras no mercado internacional. Propõe-se analisar a Lei
Kandir sobre as perspectivas do processo de compensação dos estados pelos prejuízos sofridos
com a desoneração do IMCS, bem como a implementação do “seguro-receita” visando o
ressarcimento de possíveis percas da arrecadação dos tributos que visam consolidar o
agronegócio. Desta feita, objetivo é compreender a eficácia da Lei Kandir no processo de
compensação, utilizando o mecanismo do “seguro-receita”, a fim de estabilizar a economia
brasileira e, por conseguinte, consolidar o agronegócio como um dos principais setores da
economia nacional. Valeu-se da pesquisa bibliográfica interdisciplinar, dotada de dados
quantitativos e qualitativos, a fim de compreender o objetivo proposto, encontrando uma
solução para a problematização. Nesse sentido, o referencial teórico permite identificar
elementos coerentes para a análise das perdas de arrecadação ocasionadas pela desoneração do
ICMS sobre as exportações, norteando o estudo da Lei Kandir, a fim de compreender a
metodologia de compensação sob a ótica do “seguro-receita”, permitindo o alcance do objetivo
proposto. Como resultados parciais, este trabalho apresenta a desoneração do IMCS acerca do
processo de compensação e sua viabilidade econômica na criação do mecanismo de “seguro-
receita” e, por conseguinte, a análise crítica quanto ao referencial teórico e as alterações
legislativas em relação a Lei Kandir que impactaram o agronegócio brasileiro.

PALAVRAS-CHAVE: Lei Kandir. ICMS. Seguro-receita. Agronegócio.

1
Mestra em Direito Agrário pelo PPGDA/UFG, especialista em Direito e Processual Civil, Advogada, Professora
e Coordenadora de Curso na Faculdade Serra da Mesa.
2
Graduanda em Direito pela Faculdade Serra da Mesa.
81

GRUPO DE TRABALHO 10 - OS FEMINISMOS E A LUTA


CONTRA O PATRIARCADO

Coordenação:
Isabelle Maria Campos Vasconcelos Chehab (PPGDA/UFG)
Anne Geraldi Pimentel (CEPEDIS)
Adegmar José Ferreira (PPGDA/UFG)
Juliete Prado de Faria (PPGDA/UFG)
82

ANÁLISE SOBRE A MARCHA DAS MARGARIDAS E SEUS REFLEXOS NO


DESENVOLVIMENTO DA AGROECOLOGIA EM GOIÁS ENTRE OS ANOS DE
2015-2019

Helga Maria Martins de Paula 1


Cláudia Cristina do Nascimento2

RESUMO
A Marcha das Margaridas é um movimento social popular de rua que consiste em uma ação
estratégica e articulatória das mulheres do campo, das águas e das florestas na defesa de uma
sociedade justa, em que as mulheres possam exercer sua liberdade e autonomia política com
vistas a necessidade da superação da exploração e opressões para a emancipação humana. Esse
movimento feminista se orienta a partir de formulações político-educativas e organizativas de
caráter informativo, de denúncia, resistência, proposição, diálogo com pautas que priorizam a
luta pela terra. Na presente pesquisa busca-se investigar sobre as estratégias do MM e como o
movimento se organiza para garantir a eficácia de direitos que são frutos do próprio movimento
de luta e reivindicação das trabalhadoras na produção e distribuição de sementes. Os objetivos
estão concentrados em demonstrar as estratégias adotadas pela Marcha das Margaridas para a
promoção e construção do perfil de direitos reivindicados e construídos pela trabalhadora rural
em uma pauta atrelada ao enfrentamento do modelo hegemônico agrário e, também, por
investigar a influência dos eixos políticos lançados em 2015 e 2019 com ênfase no
desenvolvimento da agroecologia promovida pela Marcha no estado de Goiás. O presente
estudo se realizará em três fases. Primeiramente, pretende-se a consolidação do referencial
teórico por meio de referências jurídicas, sociológicas e geopolíticas e outros materiais
relacionados ao movimento da Marcha das Margaridas. Posteriormente, haverá uma coleta de
dados que se compreenderá na revisão documental obtida na Federação dos Trabalhadores
Rurais na Agricultura Familiar no Estado de Goiás e, também, na Confederação Nacional dos
Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares. O terceiro passo concentra-se na
investigação por meio de uma pesquisa de campo no sindicato das mulheres rurais participantes
da Marcha em Goiás.

PALAVRAS-CHAVE: Feminismo. Agricultura familiar. Marcha das Margaridas. FETAF.


CONTAG.

1
Doutora em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UnB), Professora Adjunta de Direito
da Universidade Federal de Jataí (UFJ) e do Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade
Federal de Goiás (UFG).
2
Mestranda em Direito Agrário no Programa de Mestrado em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás.
83

AGRICULTURA FAMILIAR, DESIGUALDADE DE GÊNERO E AGROECOLOGIA


NO SUL CATARINENSE

Daiane dos Santos Possamai1


Viviane Kraieski de Assunção 2

RESUMO
O presente trabalho parte do seguinte problema: a agroecologia pode contribuir para a equidade
de gênero no campo no sul catarinense? Nesse sentido, o objetivo geral é analisar se a
agroecologia pode ser uma alternativa nesse cenário. A pesquisa tem abordagem qualitativa,
contando com revisão bibliográfica. O sul de Santa Catarina tem a presença marcante da
agricultura familiar. Mudanças no modo de produção podem alterar a divisão sexual do
trabalho, mas isso não significa, necessariamente, a eliminação total das desigualdades de
gênero, que ainda estão muito presentes (SALVARO; ESTEVAM, 2017). Para o fim dessa
desigualdade, é preciso ir além da alteração de técnicas de trabalho. Verifica-se que a
agroecologia, além de ser um modo de produção, é um modo de vida que se preocupa com
questões ambientais, éticas, sociais e políticas (CAPORAL; COSTABEBER, 2004). Assim,
Siliprandi (2009) argumenta que a agroecologia deve discutir e enfrentar a desigualdade de
gênero. No sul catarinense, muitas famílias já estão trabalhando com base na agroecologia.
Destaca-se a atuação da Rede Ecovida de Agroecologia, que conta com um GT sobre gênero.
Chama atenção o protagonismo das mulheres no processo de transição da agricultura
convencional para a agroecológica. Percebe-se que a ampliação de formações políticas, em
temas como gênero e feminismos, pode contribuir de forma positiva nessa construção. Deste
modo, a agroecologia possui potencial para contribuir com o fim da desigualdade de gênero na
região, sendo a formação política um importante instrumento para tanto.

PALAVRAS-CHAVE: Desigualdade de gênero. Feminismos. Agroecologia. Rede Ecovida.

1
Graduada em Direito e mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense.
2
Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora do Programa de Pós-
Graduação em Ciências Ambientais.
84

A INTERSEÇÃO DOS MOVIMENTOS FEMINISTAS ÀS POLÍTICAS (PÚBLICAS)


DE COMBATE À VIOLÊNCIA NO CAMPO: A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI MARIA
DA PENHA NO CAMPO.

Jessana da Silva1
Renata Martins Vasconcelos2

RESUMO
O objeto desta pesquisa é analisar de forma crítica a influência dos movimentos feministas para
o âmbito jurídico. O objetivo geral deste estudo é analisar se o Estado tem desenvolvido
Políticas Públicas voltadas à proteção das mulheres do campo, a exemplo a Lei Maria da Penha.
A abordagem metodológica é dialético-reflexiva, para promover uma revisão bibliográfica, na
perspectiva do olhar crítico da realidade social. A partir da luta histórica feminista, surgiram
vários movimentos de mulheres do campo, a exemplo o Movimento de Mulheres Camponesas
(MMC), que lutam, pela garantia dos direitos humanos, para o combate à violência no campo,
para o fim das desigualdades de gênero, para o fim da impunidade dos agressores, assim, tendo
sua parcela de contribuição, no resultado de grandes marcos para o âmbito jurídico brasileiro,
como o surgimento da Lei Maria da Penha, o Pacto Nacional de Políticas Públicas para as
Mulheres, a Central de Atendimento à Mulher -180, dentre outros; A questão é: a Lei Maria da
Penha possui a efetiva implementação no Campo? Existem ações de Políticas Públicas e Planos
Nacionais para o enfrentamento da violência contra as Mulheres do Campo? A violência contra
as camponesas, é fruto de uma sociedade patriarcal, que se torna ainda mais crítica, em razão
da distância de um órgão especializado no combate à violência no campo. O tema é pertinente,
deixando notório a importância da força, do poder e das lutas das mulheres retratados em
movimentos sociais, para a construção de uma sociedade mais justa e humana.

PALAVRAS-CHAVE: Mulheres do campo. Lei Maria da Penha. Feminismo.

1
Pesquisadora. Estudante de Direito do Centro Universitário de Mineiros - UNIFIMES.

2
Pesquisadora. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás.
Advogada.
85

EMPREENDEDORISMO FEMININO NA AGROECOLOGIA: O PAPEL DAS


CAMPANHAS

Francielle Ferreira Silva 1

RESUMO
A pesquisa concentra-se em descobrir a eficácia do papel das campanhas para mulheres rurais
no empreendedorismo feminino na agroecologia. Como objetivos tem-se divulgar o
protagonismo da mulher rural no desenvolvimento de novas tecnologias na agroecologia, expor
as desigualdades e dificuldades das mulheres rurais frente ao patriarcado ainda presente na
contemporaneidade, bem como apresentar campanhas que estimulam o trabalho feminino no
campo. A metodologia usada na pesquisa foi a bibliográfica, com a seleção de livros e artigos
relevantes sobre o tema. Através do estudo, foi possível perceber como as mulheres ainda são
tratadas com indiferença, mesmo desempenhando papel de protagonistas e inserindo a
agroecologia que gera aumento de renda para sua família. Nesse cenário, emerge a necessidade
de políticas públicas por meio de campanhas que ajudem a mudar essa situação
progressivamente. Cabe mencionar uma das campanhas mais famosas, qual seja, #Mulheres
Rurais que foi iniciada no Brasil com a finalidade de dar visibilidade ao trabalho rural feminino,
afastando a condição de que mulheres são meras ajudantes. Essa campanha cresceu e já está
presente na América Latina e no Caribe. Frisa-se que a campanha foi muito positiva, sendo que
cada ano adota um tema. Existem outras campanhas que também têm papel relevante para esse
público alvo, além do Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia
(ANA).

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo feminino. Agroecologia. Desigualdade.


Patriarcado. Protagonismo. Políticas públicas. Campanhas.

1
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário UNIDOMBOSCO. Pós-graduanda
em Direito Ambiental pela Faculdade Única. Advogada.
86

O CONTRATO SEXUAL DA MULHER NO CAMPO

Juliana da Costa Nascimento1


Luiz Otávio Pereira2

RESUMO
A teoria contratualista busca explicar às mais diversas formas de interpretação das sociedades
contemporâneas, essa teoria enquadra o paradigma contratual como pressuposto fundamental
em uma sociedade regida por meio de um contrato social. Todavia, alguns autores levantam a
possibilidade de sua incompletude. E, nesse cotejo, pode-se observar o papel das mulheres nesse
processo, a partir da análise da Teoria do Contrato Sexual de Carole Paterman, a qual possibilita
o preenchimento dessas lacunas, explorando o patriarcado como fator determinante nas relações
de subordinação. Portanto, é necessário analisar a problemática do “Contrato sexual” e a
violência contra a mulher no campo. Diante desse contexto, o presente trabalho possui como
objetivos: fomentar uma consciência empática da situação das mulheres que são vítimas de
violência no campo e promover uma análise crítica dos atores sociojurídicos do patriarcado
enquanto sistema social predominante na contemporaneidade e suas implicações nas condições
materiais e existenciais de mulheres vitimam de modelo. Aspectos metodológicos apontaram a
realização da pesquisa qualitativa, na qual serão apresentados os dados referentes a essa
problemática, do desenvolvimento de argumentos para a melhor explicitação e compreensão
das causas e das consequências do patriarcado no Contrato Sexual no campo. Para tanto, tem-
se como referencial teórico os livros Contrato Sexual de Carole Pateman, O Contrato Social de
Jean- Jacques Rousseau e Empoderamento de Joice Berth.

PALAVRAS-CHAVE: Patriarcado. Teoria do Contrato Sexual. Feminismo. Contrato Social.


Empoderamento.

1
Discente regularmente matriculada no Curso de Graduação em Direito/Universidade Federal do Pará/ Faculdade
de Direito.
2
Professor do Curso de Graduação em Direito/ Universidade Federal do Pará/ Faculdade de Direito.
87

VIOLÊNCIA, RUPTURA E RESISTÊNCIA: O PROTAGONISMO DAS MULHERES


PARA UM PRODUZIR AGROECOLÓGICO

Julyana Macedo Rego1


Helga Maria Martins de Paula 2

RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo primário analisar a importância da mulher na luta por
um novo modo de produção que rompe com a lógica capitalista e respeita a natureza,
preocupando-se, ainda, em pensar as violências sofridas por esses corpos dentro desse campo
de batalha. Para tal, utilizou-se o método de revisão bibliográfica. Buscando alcançar os
objetivos propostos, adotou-se como referencial teórico as contribuições trazidas por Saffioti,
Federici, bem como por Paulilo e, ainda, pela Comissão Pastoral da Terra nos dossiês Conflitos
do Campo 2018 e 2019. O estudo se subdivide em duas partes principais, sendo a primeira a
análise sobre o estado da arte do debate sobre agroecologia, traçando breves considerações
sobre esse pensar. No segundo momento, cuidou-se de relacionar essa luta à necessária ruptura
com o capitalismo, que reforça a produção e reprodução de violências de gênero, quando da
luta pela terra. Ao final, foi possível verificar que há, dentro da lógica de produção exploratória
capitalista, uma tentativa de afastamento dos (as) camponeses (as) da terra, concluindo-se que
este fato é agravado pelo patriarcado, sendo impossível, portanto, deixar de pensar que a luta
das mulheres pela terra passa, antes de tudo, por uma ruptura com o patriarcado e o capitalismo.

PALAVRAS-CHAVE: Conflitos do campo. Agroecologia. Feminismos. Patriarcado.

1
Mestranda no Programa de Pós-graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (PPGDA –
UFG). Especialista em Direito Civil, Processo Civil (ATAME/GO) e Advocacia Pública (UCAM/RJ). Acadêmica
de Ciências Sociais (UFG).
2
Doutora em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília (UNB). Professora do Programa de Pós
Graduação em Direito Agrário da Universidade Federal de Goiás (PPGDA/UFG) e da Universidade Federal de
Jataí (UFJ).
88

MARCHA DAS MARGARIDAS, A EXPRESSÃO DO ECOFEMINISMO NA


AMÉRICA LATINA

Manoel Rufino David de Oliveira1


Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos2
Amaiama Lamarão Josaphat3
Lara Cristina Cardoso de Sousa4

RESUMO
O presente estudo objetiva averiguar em que medida a manifestação popular Marcha das
Margaridas incorpora os pressupostos do Ecofeminismo. Na primeira seção, intitulada
“Ecofeminismo, um novo nome para uma relação antiga” buscou-se analisar o relacionamento
existente entre mulheres e meio ambiente ao longo da história, com enfoque para o surgimento
do ecofeminismo enquanto nova abordagem ética ambiental. Na segunda seção, nomeada
“Marcha das Margaridas e a luta pela natureza e pelas mulheres”, investigou-se o surgimento
do movimento Marcha das Margaridas e discutiu-se como a manifestação agrega a demanda de
mulheres agricultoras, quilombolas, indígenas, pescadoras e extrativistas. Em terceiro lugar, na
seção chamada “Marcha das Margaridas e sua releitura ecofeminista”, analisou-se cinco
documentos oficiais produzidos pelo movimento, intitulados “Razões para marchar”, de forma
a compreender como o coletivo incorpora e reinterpreta os pressupostos ecofeministas. Adotou-
se como ferramentas metodológicas do trabalho a revisão bibliográfica, baseada em autoras
como Karren Warren, Alicia Puleo, Vandana Shiva, e a revisão documental, baseada em
documentos produzidos pela Marcha das Margaridas”. Ao final, concluiu-se que o movimento
incorpora diversos pressupostos clássicos do Ecofeminismo e propõe uma abordagem
ecofeminista que vai para além do que as autoras clássicas defendem. Os documentos
produzidos pela Marcha das Margaridas incorporam diversos pressupostos decoloniais,
atinentes às questões de gênero, classe e raça na América Latina.

PALAVRAS-CHAVE: Ecofeminismo. Pensamento decolonial. Povos e Comunidades


Tradicionais.

1
Professor Universitário e Advogado. Mestre e Doutorando em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Pará.

2
Professora Universitária e Advogada. Mestra e Doutoranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Pará.

3
Advogada. Especialista em Direito Ambiental e Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas.

4
Graduanda do 7o semestre em Direito pela Universidade Federal do Pará.
89

NORMAS AMBIENTAIS NA SOCIEDADE MODERNA E A ECOLOGIA HUMANA


DOS POVOS TRADICIONAIS

Manuel Munhoz Caleiro 1


Marcela Dias Bueno 2
Mariana Oliveira Bucinsky Fontes3

RESUMO
A modernidade transformou a relação do das sociedades ocidentais com a terra passando a vê-
la como espaço de reprodução capitalista, pela extração de ‘recursos naturais’. Os povos
indígenas inseridos na contextualização moderna, se encontraram em condições difíceis e
diversas. Na atualidade a sociedade apresenta a necessidade de normativa, para a proteção da
biodiversidade, mas essas normativas não se aplicam nas comunidades, pois, os povos têm uma
percepção de sobrevivência a partir da terra, diferente da sociedade moderna que visualiza os
recursos como meio de produção de capital para uma pequena parcela da população. O objetivo
principal desse artigo é a exposição de como os povos indígenas manejam e conservam seu
território, sem precisar necessariamente de normativas de preservação do meio ambiente.
Visualizar sua forma de tratar a terra e sua interpretação de qualidade de vida. Comparar essa
convivência com a atualidade moderna e por último concluir se a evolução do homem retroagiu.
Com o manuseio dos métodos dialético e indutivo, procedimentos monográficos e
comparativos e de pesquisa bibliográfica e documental.

PALAVRAS-CHAVE: Modernidade. Povos indígenas. Meio ambiente.

1
Professor Adjunto na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), no curso de Direito da Unidade
Universitária de Naviraí, curso no qual também atua como Coordenador Adjunto. Professor no Programa de Pós-
Graduação em Educação e Territorialidade, na Linha de Pesquisa Território e Sustentabilidade, da Faculdade
Intercultural Indígena (FAIND), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Professor no Programa
de Pós-Graduação em Direito Agrário (PPGDA), da Universidade Federal de Goiás (UFG).
2
Graduanda do Curso de Direito da Universidade Estadual de Naviraí - Pesquisadora vinculada ao Grupo de
Pesquisa de Conflitos Socioambientais (UEMS).
3
Graduanda do Curso de Direito da Universidade Estadual de Naviraí - Pesquisadora vinculada ao Grupo de
Pesquisa de Conflitos Socioambientais (UEMS).
90

O CAPITALISMO E OS DIREITOS DAS MULHERES TRANS

Manuel Munhoz Caleiro 1


Viviane da Silva Mendes2

RESUMO
É sabido que com o decorrer do desenvolvimento do capitalismo, a sociedade foi alterada em
todas suas esferas, transfigurando, assim, o mundo de forma nunca anteriormente vivenciada.
Neste ínterim, a forma de trabalho, os costumes e os pensamentos sofreram uma irremediável
metamorfose ao transitar dos resquícios de uma sociedade feudal para o sistema capitalista de
produção. Por conseguinte, é indubitável que a figura masculina adquiriu vantagens através
desta mudança, onde diversas regalias lhe são direcionadas unicamente por ser pertencente
biologicamente ao sexo masculino. Assim, a sociedade estabeleceu que, tal como o homem
capitalista detém o poder, a mulher deve ocupar a posição de fragilidade e submissão.
Concomitantemente, além do homem heterossexual, cisgênero e proprietário ter completa
noção de seus privilégios na sociedade, em determinado momento, passou a repudiar quem
renunciasse esta posição de poder para assumir uma inferior do que a que lhe fora
proporcionada por nascimento. A rejeição e o desprezo à figura da mulher transexual fazem
com que estes neguem os seus direitos mais básicos em detrimento do preconceito e
intolerância. À luz do que fora apresentado, o presente trabalho abordou o método hipotético-
dedutivo, seguindo um procedimento monográfico, onde se busca, questionar a posição do
patriarcado quanto à figura da mulher transexual, além de direcionar os olhares da sociedade,
expondo de que forma o capitalismo influenciou para o retrocesso em que a ideia de poder é
mais valiosa que a vida, liberdade e respeito a este grupo.

PALAVRAS-CHAVE: Transexualidade. Preconceito. Capitalismo.

1
Professor Adjunto na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), no curso de Direito da Unidade
Universitária de Naviraí, curso no qual também atua como Coordenador Adjunto. Professor no Programa de Pós-
Graduação em Educação e Territorialidade, na Linha de Pesquisa Território e Sustentabilidade, da Faculdade
Intercultural Indígena (FAIND), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Professor no Programa
de Pós-Graduação em Direito Agrário (PPGDA), da Universidade Federal de Goiás (UFG).

2
Graduanda do Curso de Direito da Universidade Estadual de Naviraí - Pesquisadora vinculada ao Grupo de
Pesquisa de Conflitos Socioambientais (UEMS).
91

A IMPORTÂNCIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS RURAIS NA CONSTRUÇÃO DE


POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EMANCIPAÇÃO DAS MULHERES DO CAMPO.

Maria Luiza Caires Lentes1


Ariel Rodrigues Alves2

RESUMO
A necessidade de uma sociedade justa e democrática impulsiona a importância do papel
desempenhado pelas mulheres assentadas, trabalhadoras rurais e camponesas pautados nos
saberes existentes e na luta para a construção de novos direitos. Este artigo pretende analisar a
importância dos movimentos sociais rurais na elaboração de políticas públicas para as
trabalhadoras no campo e como este processo reflete, seja resgatando real identidade perdida
pela subjugação do patriarcado ou promovendo a emancipação feminina no meio rural. O
estudo se pautou na metodologia qualitativa, por meio de artigos, pesquisas bibliográficas e
dados estatísticos, formando um enredo para o entendimento da eficácia de políticas sociais
voltados para mulheres neste contexto. A construção de um sujeito igualitário, onde existe a
troca de saberes e reconhecimento da força de trabalho, se faz necessário para um verdadeiro
desenvolvimento agrário - voltado para a soberania alimentar, sustentabilidade e liberdade de
gênero - obtendo visibilidade pelas dificuldades enfrentadas em conjunto com a força de
movimentos sociais feministas, possuindo ferramentas capazes de reorientar o Estado e o
espaço fragilizado da mulher rural no mercado de trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: Mulheres camponesas. Emancipação feminina. Soberania alimentar.


Movimentos sociais rurais.

1
Graduanda em Direito pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Frutal.

2
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a
Inovação (PROFNIT) pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Frutal. Graduada em
Administração pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Unidade Frutal. Pós-graduada em Projeto
Sociais e Políticas Públicas pelo Centro Universitário Senac de São Paulo (SENAC-SP).
92

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER DO CAMPO: PERPECTIVAS POLÍTICAS,


SOCIAIS E JURÍDICAS DE UMA PAUTA FEMINISTA

Mariana Machado Rezende1


Renata Martins Vasconcelos2
José do Carmo Alves Siqueira 3

RESUMO
O objetivo da pesquisa é analisar a violência contra a mulher do campo, no Brasil, partindo das
Políticas Públicas e da influência do movimento feminista. O objetivo geral desse estudo é
desenvolver uma crítica às formas de agressão sofridas pelas mulheres nos âmbitos
psicológicos, físicos, sexuais, na realidade rural que possui aspectos singulares que o tornam
uma pauta tanto para o Feminismo quanto para o Estado. A abordagem metodológica é a
pesquisa bibliográfica, no panorama das ações políticas concebidas para combater a
problemática, sob a luz das relações reguladas pelo Direito Agrário.

PALAVRAS-CHAVE: Direito Agrário; Políticas Públicas. Mulheres do campo. Feminismo.


Violência.

1
Pesquisadora. Graduanda em Direito pela Unifimes/GO.
2
Pesquisadora. Mestra em Direito Agrário pela UFG/GO. Advogada.
3
Pesquisador. Doutor em Direito pela UnB/DF. Mestre em Direito Agrário pela UFG/GO. Advogado.
93

O FEMINISMO E A LUTA CONTRA O PATRIARCADO NA PERSPECTIVA


INTERSECCIONAL

Virgínia Valeiro Borges Freitas 1


Renata Martins Vasconcelos2

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o estudo da luta feminista contra o poder patriarcal. O objetivo
geral dedica-se ao questionamento quanto ao patriarcado, e o que foi essencial para alcançar a
mudança do cenário feminino a submissão ao homem. Será realizado um resgate quanto o
processo de colonização e o encobrimento das variáveis identidades latino-americanas. A luta
feminista segue, atualmente há demonstrativos que revelam resultados positivos com a
chamada “racionalidade, que por intermédio desta, foi possível alcançar os direitos humanos às
mulheres e o surgimento do feminismo” (MENEGON, 2016). A fomentação de leis às mulheres
foi fundamental para evolução do gênero feminino, o qual fora “concedido no período
degradante às mulheres e a sua luta contra o patriarcado” (LUGONES, 2014). Se assentando a
diminuição de maus tratos, indiferença econômica e social. Ademais deve ressaltar que esta
batalha não foi única e exclusivamente das negras ou das mulheres, a construção do movimento
feminista na América Latina, ocorreu de forma interseccional, com outras classes como: raça,
classe e sexualidade. O trabalho vem analisar o feminismo também na perspectiva
interseccional de forma comparativa. A metodologia de estudo foi a pesquisa bibliográfica,
dentro da perspectiva bibliográfica. Assim, o estudo será voltado à linha de pesquisa
relacionada ao âmbito do Direito Agrário com a luta feminista e o patriarcado no âmbito social
e ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Patriarcado. Feminismo. Colonialidade. Direito Agrário.

1
Graduanda do Curso de Direito da UNIFIMES.
2
Mestra em Direito Agrário pela UFG. Pós-Graduada (lato sensu) em Direito e Processo Tributário pela PUC-
GO; Pós-Graduada (lato sensu) em Direito e Processo do Trabalho pela ATAME-GO.
94

A AGRICULTURA COMO SEMENTE DE EMPODERAMENTO DE MULHERES


NO CONTEXTO SOCIAL

Luana Nogueira Ramos Garcia Costa1


Renata Martins Vasconcelos2

RESUMO
As raízes coloniais da nossa cultura, atreladas às próprias ramificações do patriarcado
distanciaram as mulheres de sua tradição ancestral de cultivo da terra. A instituição do
capitalismo ceifou das mulheres seu contato com a terra durante a acumulação primitiva
(FEDERICI, 2017). A colonização afastou africanas e indígenas da agricultura e de seus
conhecimentos ancestrais acerca da terra (LUGONES, 2010). Esse afastamento da mulher em
relação à terra resultou em um afastamento de si própria e em um dos pilares do patriarcado,
que junto ao capitalismo instituiu um modelo de agricultura que cultiva o lucro e a exploração
(ANMC, 2018). É importante fazer o caminho inverso, resgatando o contato da mulher com a
terra, protegendo as mulheres agricultoras, valorizando a agricultura familiar e os modelos
agroecológicos, de forma a possibilitar a construção de alternativas sociais para o futuro que
sejam regadas de sustentabilidade, igualdade e justiça social. A pesquisa pretende fazer uma
análise que perpassa a leitura da mulher dentro da agricultura sob a ótica de um feminismo
ecossocialista e descolonial, também da legislação que protege a mulher agricultora,
identificando medidas que possam resgatar a sua auto-estima e empoderá-la. A abordagem
metodológica é dialético-reflexiva, para promover uma revisão bibliográfica, na perspectiva do
olhar crítico dentro da realidade da agricultura atual. O referencial teórico abordado trouxe
resultados parciais, mas contundentes acerca do papel essencial da mulher campesina na
manutenção da agricultura familiar e da importância do seu empoderamento, fazendo brotar
mudanças sociais, econômicas e políticas no terreno fértil da vida das mulheres.

PALAVRAS-CHAVE: Direito agrário. Direitos das mulheres. Feminismo descolonial.


Agroecologia; Agricultura familiar.

1
Graduanda no Curso de Direito da UNIFIMES.
2
Mestra em Direito Agrário pela UFG. Pós-Graduada (lato sensu) em Direito e Processo Tributário pela PUC-
GO; Pós-Graduada (lato sensu) em Direito e Processo do Trabalho pela ATAME-GO.
95

O DIREITO CONSTITUCIONAL À IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES


E A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA
NO ESTADO DE GOIÁS: DO PATRIARCADO À AGROECOLOGIA

Lorena Cristina Moreira1

RESUMO
Atualmente, o problema da violência doméstica é conversado em vários círculos, da mídia de
massa à escola primária, que frequentemente se esquece que hooks, bell. O feminismo é para
todo mundo: Políticas arrebatadoras. A Violência Patriarcal em casa é baseada na crença de que
é aceitável que um indivíduo mais poderoso controle outros por meio de várias formas de força
coercitiva. Essa definição estendida de violência doméstica inclui violência de homens contra
mulheres, a violência em relacionamentos de pessoas entre o mesmo sexo e a violência de
adultos contra criança. O objetivo geral dessa pesquisa é compreender a violência simbólica
sofrida pelas mulheres rurais de assentamentos de Reforma Agrária no Estado de Goiás, sob as
influências do patriarcado e do ideal de agroecologia, diante da garantia/previsão constitucional
de igualdade entre homens e mulheres. Como objetivos específicos, pretende-se: Fazer uma
revisão teórica sobre a colonização do Brasil, com enfoque do patriarcado até as lutas
feministas. Descrever, a partir de uma pesquisa de campo, acerca das vivências de mulheres
rurais de assentamentos de Reforma Agrária no Estado de Goiás, com ênfase no direito
constitucional à igualdade. Como acontece movimentos feministas de acordo agroecologia. O
tipo de pesquisa a ser desenvolvida é a pesquisa (quantitativa, qualitativa, enfoque misto),
universo e amostra, tipo de amostra. Categorias de análise, variáveis e indicadores;
procedimentos (pesquisa bibliográfica, documental, empírica, levantamento, estudo de caso,
pesquisa expost-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etnografia, etc.), instrumentos e
técnicas de coleta (observação participante, entrevista, grupo focal, questionários/formulários,
amostras, testagem, etc.).

PALAVRAS-CHAVE: Patriarcado. Reforma Agrária. Feminismos. Agroecologia.

1
Graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2003), especialização em Direito Agrário
pela Universidade Federal de Goiás (2007) e Pós-Graduação em Direito Trabalho e Direito Processual Trabalho
com Habilitação em Docência do Ensino Superior pela Universidade Anhanguera – Uniderp.
96

A HISTÓRIA DO FEMINISMO E AS RELAÇÕES INTERGÊNERO DE


IGUALDADE

Virgínia Valeiro Borges Freitas 1


Renata Martins Vasconcelos2

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo o estudo da luta feminista contra o poder patriarcal. O objetivo
geral dedica-se ao questionamento quanto ao patriarcado, e o que foi essencial para alcançar a
mudança do cenário feminino a submissão ao homem. Será realizado um resgate quanto o
processo de colonização e o encobrimento das variáveis identidades latino-americanas. A luta
feminista segue, atualmente há demonstrativos que revelam resultados positivos com a
chamada “racionalidade, que por intermédio desta, foi possível alcançar os direitos humanos às
mulheres e o surgimento do feminismo” (MENEGON, 2016). A fomentação de leis às mulheres
foi fundamental para evolução do gênero feminino, o qual fora “concedido no período
degradante às mulheres e a sua luta contra o patriarcado” (LUGONES, 2014). Se assentando a
diminuição de maus tratos, indiferença econômica e social. Ademais deve ressaltar que esta
batalha não foi única e exclusivamente das negras ou das mulheres, a construção do movimento
feminista na América Latina, ocorreu de forma interseccional, com outras classes como: raça,
classe e sexualidade. O trabalho vem analisar o feminismo também na perspectiva
interseccional de forma comparativa. A metodologia de estudo foi a pesquisa bibliográfica,
dentro da perspectiva bibliográfica. Assim, o estudo será voltado à linha de pesquisa
relacionada ao âmbito do Direito Agrário com a luta feminista e o patriarcado no âmbito social
e ambiental.
Palavras-Chave: Direito Agrário. Feministas. Interseccional. Mulheres. Patriarcal.

1
Graduanda no curso de Direito do Centro Universitário de Mineiros – UNIFIMES.
2
Pesquisadora. Mestra em Direito Agrário pela Universidade Federal de Goiás. Advogada.
97

GRUPO DE TRABALHO 11 - AS RELACÕES ENTRE A


DEVASTAÇÃO E EXPROPRIAÇÃO DA NATUREZA E O
GENOCÍDIO DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL E AMÉRICA
LATINA

Coordenação:
Maria Sueli Rodrigues de Sousa (UFPI)
Fábio Henrique Barbalho Gomes (PPGDA/UFG)
98

AILTON KRENAK E O PENSAMENTO INDÍGENA CONTRA A


COLONIALIDADE: UMA ANÁLISE ANTIECONÔMICA DO DIREITO.
Pedro Henrique Correa Guimaraes1

RESUMO
Aílton Krenak (1953-) é uma das lideranças e vozes indígenas mais contundentes no Brasil na
contemporaneidade. Seus livros “Ideias para adiar o fim do mundo” e a “a vida não é útil” foram
sucessos de tiragem abrangendo grande público. Sua literatura, clara e pujante, levanta-se
contra os “povos da mercadoria” como ele chama o homem não indígena, deixando aparecer
nele também uma racionalidade jurídica além da colonização econômica. As análises de Krenak
são assim, essencialmente, decoloniais porque pensam um modo de existir para além da
espoliação extrativista traçado desde a ocupação europeia do território latino-americano.
Podemos assim, a partir de Krenak, fazer uma leitura a contrapelo da relação economia e direito
(law and economics), pelas inserções de R. Posner e das viradas jurisprudências da aplicação
consequencialista dos direitos fundamentais. A partir dessa pujança desse pensamento indígena
anticolonical analisaremos a dimensão existencial dos direitos fundamentais (para além de seus
custos) e a viabilidade jurídica de um modelo de decrescimento como denominou A. Acosta.
PALAVRAS-CHAVE: Povos indígenas. Povo Krenak. Anticolonialismo.

1
Doutorando em Direito Agrário (PPGDA/UFG).
99

SAÚDE INDÍGENA E O ESTADO BRASILEIRO: GARANTIA DE DIREITOS EM


MEIO À CRISE SANITÁRIA DA COVID-19

Ana Maria Heeren Falkiewicz1


Katya Regina Isaguirre-Torres2

RESUMO
O trabalho aborda como tema-problema as obrigações do Estado brasileiro perante os povos
indígenas, sobretudo no que se refere à garantia do direito à saúde em meio à crise sanitária
global da COVID-19. Sob o viés do Direito Socioambiental, da Constituição Federal de 1988
e da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, o objetivo geral é analisar quais
seriam estas obrigações e qual a importância de refletir como o Estado deve atendê-las e de que
forma o direito fundamental à saúde, observadas as condições específicas dos povos indígenas,
se liga com a perspectiva do etnodesenvolvimento. Por fim, a pesquisa investigará as
possibilidades de atendimento dando enfoque às políticas e planos de ação de enfrentamento à
COVID-19 e sua repercussão nos territórios indígenas. Para tanto, a metodologia utilizada será
a revisão bibliográfica, tendo como marco teórico os trabalhos de Carlos Frederico Marés de
Souza Filho, bem como a análise da legislação atinente à saúde dos povos indígenas. Como
resultados preliminares, espera-se elucidar de que forma as regulamentações existentes para o
enfrentamento à COVID-19 se contrapõem à autonomia e à reprodução sociocultural dos povos
indígenas ao tempo em que denunciam a importância do debate da saúde coletiva indígena
como um aspecto estruturante do direito de ser e de existir na discussão das alternativas ao
desenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: Povos indígenas. Saúde coletiva. Obrigações estatais. COVID-19.
Pandemia.

1
Graduação em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
2
Graduação em Direito. Mestrado em Direito Empresarial e Cidadania. Doutora em Meio Ambiente e
Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná.
100

A TERRA INDÍGENA VALE DO JAVARI: O PRÓXIMO ALVO DO FÚNEBRE


PROGRESSO CAPITALISTA, POVOS E A MÃE TERRA SOB ATAQUES

Ana Gabrieli Reis1


Matheus Antunes Riguete2

RESUMO
O modo de produção capitalista, norteado pelo ideal desenvolvimentista e expansionista, tem
se evidenciado como principal motor responsável pelo aprofundamento de crises humanas,
sociais e ambientais. Assim, o presente trabalho investiga a reprodução dessa lógica e seus
nefastos efeitos sob uma das áreas de maior relevância cultural, antropológica e ambiental do
Brasil: a Terra Indígena do Vale do Javari. Através do pensamento anticolonial de Daniel Iberê,
analisam-se os projetos provenientes das estratégias exploratórias que predominam nos países
periféricos, bem como os mecanismos neoimperailistas de domínio exercido pelo norte global
sobre os estados capitalistas dependentes. Ademais, contrapondo o “progresso”
desenvolvimentista, utilizam-se as contribuições de Alberto Acosta, que propõe um resgate dos
ensinamentos dos povos tradicionais, propagando a noção de “sumak kawsay” (bem viver),
defendendo a harmonia entre a humanidade e a “Pacha Mama” (mãe terra), inalcançável em
uma sociedade capitalista. Florestas são desmatadas, rios são contaminados e o meio ambiente
destruído numa sistematização e operação do genocídio, tanto físico quanto simbólico, dos
diversos povos que vivem na TI Vale do Javari, em prol dos interesses de petrolíferas e do
agronegócio. Dessa forma, pretende-se analisar a lógica capitalista de desenvolvimento como
principal agente de uma política genocida que submete a natureza e os povos indígenas a
interesses econômicos. Para tanto, realizar-se-ão estudos de casos, e revisão bibliográfica para
demonstrar como as estratégias de crescimento econômico foram, e continuam sendo,
instrumentos essenciais no processo sistêmico de extermínio dos indígenas, vistos como
empecilhos à exploração do Vale do Javari.

PALAVRAS-CHAVE: Bem-viver. Direito Ambiental-indigenista. Genocídio Indígena.


Neoextrativismo. Terra Indígena do Vale do Javari.

1
Acadêmica em Direito pela Universidade Federal do Paraná.
2
Acadêmico em Direito pela Universidade Federal do Paraná.
101

NECROPOLÍTICA DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL SOB ENFOQUE DA


TEORIA DE ACHILLE MBEMBE

Manoel Rufino David de Oliveira 1


Isadora Cristina Cardoso de Vasconcelos 2
Amaiama Lamarão Josaphat 3
Lara Cristina Cardoso de Sousa4

RESUMO
O presente estudo objetiva averiguar em que medida o genocídio dos povos indígenas e a
expropriação de suas terras representam uma necropolítica, conforme a teoria de Achille
Mbembe. Na primeira seção, intitulada “Necropolítica, uma chave-conceitual” será analisado
o conceito de necropolítica na teoria de Achille Mbembe, em diálogo com autores como Michel
Foucault e Carl Smith Na segunda seção, nomeada “Necropolítica dos povos indígenas no
Brasil”, será discutido como os povos indígenas foram exterminados quando da colonização do
Brasil e continuam sendo exterminados sob um paradigma de colonialidade. Em terceiro lugar,
na seção chamada “Ecocídio e expropriação como estratégia necropolítica”, analisou-se como
a destruição sistemática do meio ambiente e a expropriação das terras indígenas no Brasil são
uma estratégia essencial para o projeto necropolítico. Adotou-se como ferramentas
metodológicas do trabalho a revisão bibliográfica, baseada em autores como Achille Mbembe,
Michel Foucault, Carl Schmitt, e a revisão documental, baseada em documentos oficiais
produzidos por órgãos brasileiros acerca da destruição do meio ambiente e de expropriação de
terras indígenas. Ao final, concluiu-se que o genocídio dos povos indígenas no Brasil são parte
da necropolítica brasileira, que precisa do extermínio desses povos para manter o projeto
econômico de exploração do nosso país sob um paradigma de colonialidade. A destruição do
meio ambiente e a expropriação de terras indígenas são estratégias necropolíticas
indispensáveis, uma vez que o rearranjo do território e a produção de povos sem local reafirmam
a morte dos povos indígenas.

PALAVRAS-CHAVE: Necropolítica. Genocídio. Território. Povos indígenas

1
Professor Universitário e Advogado. Mestre e Doutorando em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Pará.
2
Professora Universitária e Advogada. Mestra e Doutoranda em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em
Direito da Universidade Federal do Pará.
3
Advogada. Especialista em Direito Ambiental e Sustentabilidade pela Fundação Getúlio Vargas.
4
Graduanda do 7o semestre em Direito pela Universidade Federal do Pará.
102

NORMAS AMBIENTAIS NA SOCIEDADE MODERNA E A ECOLOGIA DOS


POVOS TRADICIONAIS

Manuel Munhoz Caleiro1


Marcela Dias Bueno 2
Mariana Oliveira Bucinsky Fontes3

RESUMO
A modernidade transformou a relação do das sociedades ocidentais com a terra passando a vê-
la como espaço de reprodução capitalista, pela extração de ‘recursos naturais’. Os povos
indígenas inseridos na contextualização moderna, se encontraram em condições difíceis e
diversas. Na atualidade a sociedade apresenta a necessidade de normativa, para a proteção da
biodiversidade, mas essas normativas não se aplicam nas comunidades, pois, os povos tem uma
percepção de sobrevivência a partir da terra, diferente da sociedade moderna que visualiza os
recursos como meio de produção de capital para uma pequena parcela da população. Objetivo
principal desse artigo é a exposição de como os povos indígenas manejam e conservam seu
território, sem precisar necessariamente de normativas de preservação do meio ambiente.
Visualizar sua forma de tratar a terra e sua interpretação de qualidade de vida. Comparar essa
convivência com a atualidade moderna e por último concluir se a evolução do homem retroagiu.
Com o manuseio dos métodos dialético e indutivo, procedimentos monográficos e
comparativos e de pesquisa bibliográfica e documental.

PALAVRAS-CHAVE: Modernidade. Biodiversidade. Povos Indígenas. Recursos Naturais.

1
Professor Adjunto na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), no curso de Direito da Unidade
Universitária de Naviraí, curso no qual também atua como Coordenador Adjunto. Professor no Programa de Pós-
Graduação em Educação e Territorialidade, na Linha de Pesquisa Território e Sustentabilidade, da Faculdade
Intercultural Indígena (FAIND), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Professor no Programa
de Pós-Graduação em Direito Agrário (PPGDA), da Universidade Federal de Goiás (UFG).

2
Graduanda do Curso de Direito da Universidade Estadual de Naviraí - Pesquisadora vinculada ao Grupo de
Pesquisa de Conflitos Socioambientais (UEMS).

3
Graduanda do Curso de Direito da Universidade Estadual de Naviraí - Pesquisadora vinculada ao Grupo de
Pesquisa de Conflitos Socioambientais (UEMS).
103

GENOCÍDIO INDÍGENA E A NOÇÃO DE MASSACRE CONTINUADO: UM


ESTUDO DOS CASOS OCORRIDOS NO BRASIL ENTRE OS ANOS DE 2010 A
2015.

Sthefany Fernanda da Silva 1


Aldo Almeida Brito2
Maycon Douglas Pereira Lemes3
Juliana da Silva Matos4

RESUMO
A presente pesquisa orienta-se pela necessidade de se analisar a relação entre a devastação e
expropriação da natureza, entre os anos de 2010 a 2015, por meio dos relatos presentes na
comissão pastoral da terra CEDOC Dom Tomás Balduíno – CPT e demais publicações
científicas relacionadas aos conflitos no campo, à ocorrência de genocídio em terras indígenas
por meio de massacres continuados no Brasil. A perspectiva teórico-metodológica da pesquisa
se orienta pela concepção de Maria Tereza Fonseca Dias e Miracy Gustin. Assim, será realizado
um estudo de caso das ocorrências encontradas nos cadernos da CPT e demais fontes de
informação, de maneira qualitativa e quantitativa, buscando entender como se dá o genocídio
nessas terras via massacres continuados, por vezes, tidos como casos isolados nos territórios
indígenas do Brasil. Quanto aos resultados, vislumbra-se um significativo índice de casos
descontínuos de homicídios indígenas distribuídos nos estados, assim como chacinas contra
povos indígenas de diversas regiões do país. Ademais, o número de casos varia
consideravelmente de uma região para outra. Isso se deve, sobretudo, à quantidade de conflitos
em cada região e ao nível de devastação e expropriação dos recursos naturais
correspondentes. Destarte, acredita-se que ao final do presente trabalho haverá a conclusão
sobre a relação desses assassinatos com o avanço da frente de expansão capitalista sobre as
fronteiras naturais, seja para agricultura e pecuária ou demais atividades que se relacionem com
essas mortes, tais como a busca de recursos naturais nesses territórios.

PALAVRAS-CHAVE: Massacres indígenas. Expropriação. Expansão capitalista. Territórios


tradicionais.

1
Acadêmico do Curso de Direito na Faculdade de Inhumas - Facmais.

2
Acadêmico do Curso de Direito na Faculdade de Inhumas - Facmais.

3
Acadêmico do curso de Direito da Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Federal de Goiás - UAECSA/UFG.

4
Advogada. Mestra em Direito Agrário pelo Programa de Pós-Graduação em Direito Agrário. Professora e
Editora-chefe do Selo Acadêmico Lutz da Editora Mondru.

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