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20 Cirurgia Torácica
a) volumoso derrame pleural à esquerda a) tuberculose no lobo superior esquerdo e existe fratura
b) fraturas de costelas à esquerda costal também à esquerda devido ao trauma
c) pneumotórax à direita tomando metade do hemitórax b) pneumonia em lobo superior esquerdo e existe fra-
d) atelectasia de pulmão esquerdo tura costal à direita devido ao trauma
e) lesão das primeiras vértebras torácicas c) atelectasia por obstrução de brônquio do lobo supe-
rior esquerdo e existe fratura costal patológica tam-
158
ACERTEI ERREI DÚVIDA bém à esquerda
Residência
Médica 2014
d) fibrose no ápice esquerdo e fratura costal também à mostrou derrame pleural bilateral volumoso. Foi so-
esquerda licitada a avaliação do cirurgião, que indicou toraco-
e) comprometimento pleural no ápice do hemitórax centese. Em relação a este caso e ao derrame pleural
esquerdo, com elevação de cúpula diafragmática es- de modo geral, assinale a afirmativa ERRADA:
querda, além de fratura de costela a) a presença de líquido citrino não exclui o diagnósti-
co de derrame secundário a neoplasia
ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) caso seja indicada, a pleurodese não deve ser feita
bilateralmente, em um mesmo momento
UNESP – R3 Cirurgia – 2013 c) deve ser realizada toracocentese, com cuidado para
não esvaziá-lo rapidamente, pelo risco de edema
d) o desbridamento cirúrgico por bitoracotomia (incisão d) o quadro clínico é caracterizado por fraqueza mus-
de Clamshell) deve ser evitado, pela alta morbidade cular predominantemente em região proximal de
e) a bitoracotomia, associada a cervicotomia ampla, membros, sendo o acometimento bulbar muito raro
deve ser reservada exclusivamente para os pacientes e) o mecanismo fisiopatológico principal é a redução dos
que não respondam à antibioticoterapia de amplo receptores pré-sinápticos de acetilcolina, que diminuem
espectro sua biodisponibilidade na junção neuromuscular
UFPR – 2007
107. Em relação ao empiema pleural em crianças de idade
escolar, é INCORRETO afirmar que:
a) o uso de fibrinolíticos é uma opção terapêutica
b) a primeira opção terapêutica é a drenagem fechada
c) o nível de glicose baixa no líquido pleural é critério
de empiema
d) trata-se de uma patologia com grande morbidade e
baixa mortalidade Diante desse quadro clínico e radiográfico, podemos
e) o pneumococo é o agente etiológico mais frequente afirmar que:
a) trata-se de um abscesso pulmonar crônico. Deve-se
ACERTEI ERREI DÚVIDA iniciar clindamicina 600 mg EV 6/6 h por, pelo me-
nos, 4 semanas
b) o aspecto da lesão associada à história clínica sugere
USP-RP – 2007
neoplasia abscedada
108. Homem, 27 anos de idade, alcoólatra, apresenta há
c) trata-se de tuberculose pulmonar complicada com
uma semana tosse com expectoração amarelada, febre
micetoma
e dispneia progressiva. Fez uso irregular de antibiótico d) trata-se de um abscesso pulmonar crônico. Deve-
prescrito na farmácia por 5 dias, sem melhora. O qua- -se iniciar penicilina cristalina 20.000.000 U/dia por
dro radiográfico está apresentado na figura a seguir. duas semanas
e) trata-se de abscesso agudo, e devemos iniciar peni-
cilina cristalina 20.000.000 U/dia por 72 horas. Caso
não ocorra melhora clínica nesse período, deve-se
associar clindamicina na dose 600 mg 6/6 horas
ACERTEI ERREI DÚVIDA
c) brônquios lobares, interlobulares e ductos alveolares d) a característica bioquímica não é condizente com
d) brônquios lobares, intralobulares e bronquíolos res- derrame parapneumônico
piratórios e) somente o crescimento de bactérias na cultura deste lí-
e) brônquios fontes, lobares e intralobulares quido pleural autorizaria a inserção de um dreno pleural
ACERTEI ERREI DÚVIDA ACERTEI ERREI DÚVIDA
UFF – 2006
112. Traumatopneia significa: UNIFESP – 2006
a) estridor traqueal após trauma cervical 116. Os exames indicados para confirmação diagnóstica
b) dispneia associada a fraturas múltiplas de costelas do quadro acima descrito são:
c) dispneia associada a contusão pulmonar a) deglutograma com raio X contrastado de esôfago,
d) ruído produzido pela entrada e saída do ar em uma estômago e duodeno
b) raio X de tórax e dosagem de IgE
ferida aberta do tórax
c) cintilografia gastroesofágica e tomografia de tórax
e) nenhuma das respostas acima
d) raio X de tórax e endoscopia respiratória
ACERTEI ERREI DÚVIDA e) nasofaringolaringoscopia e raio X de tórax
ACERTEI ERREI DÚVIDA
USP-RP – 2006
113. O exame radiográfico de rotina de um homem com 22
anos de idade, não tabagista, assintomático e sem his- UNIFESP – 2006
tória pregressa de doença pulmonar, revela a presença 117. Paciente do sexo masculino, 24 anos, procura o pron-
de um nódulo pulmonar de 1,0 cm sem calcificação, to-socorro com quadro de dor torácica à direita, ven-
situado cerca de 4 cm distante da pleura visceral, no tilatório dependente, com início súbito, acompanha-
lobo superior direito. A tomografia computadorizada da de dispneia temporária.
mostra que o nódulo tem bordas lisas, regulares e ne- Exame físico mostra murmúrio vesicular diminuído
nhuma calcificação. O próximo passo seria: à direita e timpanismo à percussão.
a) toracotomia exploradora
Indique o diagnóstico mais provável, o exame com-
b) broncofibroscopia
plementar mais apropriado e seu achado:
c) observação com radiografias de tórax a cada 3-6 me-
a) pneumonia/tomografia computadorizada de tórax/
ses durante pelo menos 2 anos
opacidade local
d) biópsia transtorácica por agulha b) atelectasia pulmonar/radiografia de tórax/opacida-
e) iniciar tratamento para tuberculose de local
ACERTEI ERREI DÚVIDA c) pneumotórax espontâneo secundário/ultrassono-
grafia de tórax/hiperecoica
d) pneumotórax espontâneo primário/radiografia de
USP-RP – 2006 tórax/hipertransparência
114. Homem, com 63 anos de idade, etilista crônico, é ad- e) derrame pleural/tomografia computadorizada de
mitido com febre, tosse e expectoração amarelada. A tórax/opacidade local
radiografia de tórax revela condensação pulmonar
com derrame pleural ipsilateral, de volume mode- ACERTEI ERREI DÚVIDA
rado a grande. O líquido pleural obtido pela toraco-
centese revela-se turvo e com a seguinte bioquímica: UNIFESP – 2006
LDH= 1.100 ma/dL, pH= 7,22 e glicose= 37 mg/dL. 118. Quanto ao derrame pleural associado a pneumonia,
Qual das seguintes afirmações é a correta? pode-se afirmar que:
a) o derrame deve ser descrito como um transudato, a) uma das complicações comuns do empiema pleural
até que bactérias sejam isoladas é a osteomielite, tanto de costela quanto de corpo
b) o derrame deve ser descrito como um transudato, já vertebral
que o pH não é menor do que 7,2 b) a fase de organização tem na drenagem pleural em
171
c) um dreno pleural dever ser inserido selo d’água o método de escolha no tratamento
Cirurgia | Torácica
c) o diagnóstico durante a fase exsudativa permite um damente após a remoção cirúrgica. Existe uma pe-
tratamento menos invasivo, com boa resposta quena melhora quando as bolhas ocupam menos de
d) na fase crônica, a análise bioquímica do líquido um terço do hemitórax e quando existem evidências
pleural representa um marco importante na defini- de enfisema generalizado. Qual dos seguintes estudos
ção da conduta pré-operatórios é o melhor exame prognóstico de re-
e) a pleurostomia representa a opção de escolha no ma- sultados após a bulectomia?
nejo do empiema pleural, tanto na fase I como na II a) tomografia computadorizada com inspiração com-
pleta e expiração completa
ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) um grande volume pulmonar plestimográfico, em
comparação com o volume pulmonar, medido por
SES-PE – 2006 diluição de hélio
119. Em um paciente sadio, de 34 anos, no exame de to- c) raio X de tórax em PA, perfil e ápico lordótica
mografia computadorizada de tórax, que estruturas d) estudos da função pulmonar regional
anatômicas são identificadas no mediastino médio e) ventilação-minuto e consumo de oxigênio no limiar
em corte sagital mediano? anaeróbico ou exercício máximo
a) átrio direito, veia cava inferior, átrio esquerdo, arté-
ria pulmonar direita ACERTEI ERREI DÚVIDA
b) átrio direito, veia cava superior, átrio esquerdo, arté-
ria pulmonar direita SES-PE – 2006 – R3 Pneumologia
c) ventrículo direito, aorta ascendente, artéria pulmo- 123. Paciente de 50 anos de idade, sexo masculino, taba-
nar direita gista de 30 maços/ano, apresenta um nódulo perifé-
d) ventrículo direito, aorta ascendente, ventrículo es- rico de 3 cm no lobo superior direito, descoberto em
querdo, artéria pulmonar esquerda um exame de rotina. A aspiração por agulha fina re-
e) ventrículo direito, aorta ascendente, ventrículo es- vela um carcinoma de células não pequenas de pul-
querdo, artéria pulmonar direita mão. A tomografia computadorizada do tórax reve-
ACERTEI ERREI DÚVIDA la ausência de linfadenopatia hilar ou mediastinal e
é determinado que o estágio da doença do paciente
é IIA. O hemograma completo, as concentrações de
SES-PE – 2006 – R3 Pneumologia eletrólitos e os exames bioquímicos estão normais. A
120. Todas as opções a seguir são características da síndro- relação VEFL/CVF é de 3.51/4.51. Qual dos seguintes
me do sulco superior, exceto: tratamentos deve ser oferecido?
a) midríase a) cirurgia, seguida por um protocolo de quimiotera-
b) enoftalmia unilateral pia baseada em platina
c) ptose b) cirurgia seguida de radioterapia
d) anidrose ipsilateral c) cirurgia, radioterapia e quimioterapia
e) destruição na primeira e segunda costela d) cirurgia apenas
ACERTEI ERREI DÚVIDA e) radioterapia e quimioterapia
ACERTEI ERREI DÚVIDA
SES-PE – 2006 – R3 Pneumologia
121. Sobre a tomografia por emissão de pósitrons (PET) SES-PE – 2006 – R3 Pneumologia
no estadiamento do carcinoma pulmonar de células 124. Um paciente apresenta uma massa de 4,2 cm no lobo
não pequenas, assinale a alternativa correta: superior direito à radiografia do tórax de triagem. A
a) a sensibilidade e a especificidade do diagnóstico de tomografia computadorizada do tórax revela uma in-
metástases mediastinais são comparáveis às da to- vasão provável da parede torácica, linfonodos hilares
mografia computadorizada direitos aumentados, sem linfadenopatia mediasti-
b) o diagnóstico de metástases cerebrais é mais confiável nal. Nesse momento da avaliação, como se classifica
com a PET do que com a tomografia computadorizada esse tumor de acordo com o Sistema Internacional
c) uma tomografia por emissão de pósitrons positiva para Estadiamento do Câncer Pulmonar?
do mediastino abole a necessidade de confirmação a) T2N1M0, estágio IIA
histológica b) T4N1M0, estágio IIIB
d) metástases mediastinais com menos de 1 cm de diâ- c) T3N2M0, estágio IIIA
d) T4N2M0, estágio IIIA
metro estão abaixo dos limites de resolução do exame
e) T3N1M0, estágio IIIA
e) a tomografia por emissão de pósitrons é menos con-
fiável em pacientes com diabetes mellitus ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
SES-PE – 2006 – R3 Pneumologia
125. Qual das patologias abaixo citadas não deve fazer
SES-PE – 2006 - R3 Pneumologia parte do diagnóstico diferencial de um derrame pleu-
122. No enfisema pulmonar bolhoso, a decisão de remo- ral exsudativo com concentração de linfócitos maior
ver uma bolha pulmonar depende de sua contribui- do que 80%?
ção para o comprometimento funcional e capacidade a) linfoma
172
pulmonar remanescente global de funcionar adequa- b) pleurite tuberculosa
Residência
Médica 2014
c) realizar uma punção torácica esquerda com agulha d) subcarinais e do ligamento triangular
grossa, para descomprimir o pneumotórax hiper- e) laterotraqueais ipsilaterais ao tumor
tensivo
ACERTEI ERREI DÚVIDA
d) colher sangue para realização de gasometria arterial,
no sentido de avaliar a necessidade de ventilação
mecânica UFF – 2006 Grupo C
e) devido à alta sensibilidade e especificidade, realizar 154. Com relação ao traumatismo do parênquima pulmo-
a dosagem de troponina sérica, e curva enzimática nar ocasionado por projétil de arma de fogo, o proce-
(CKMB), para afastar ou confirmar o diagnóstico de dimento denominado tratotomia consiste na:
infarto ou angina. Medicar com analgésicos e oxigê- a) abertura da trajetória comunicando a entrada e a sa-
nio por máscara ou cateter para alívio dos sintomas ída para obtenção da hemostasia
ACERTEI ERREI DÚVIDA b) traqueostomia para adequar melhor a prótese venti-
latória
c) cricotireostomia para acesso rápido à via respiratória
SES-PE – 2006 R3 – CIRURGIA d) toracostomia com dreno para casos de pneumotórax
150. Em um paciente sadio, de 34 anos, no exame de To- volumoso
mografia computadorizada de tórax, que estruturas e) abertura do diafragma para redução das vísceras ab-
anatômicas são identificadas no mediastino médio dominais
em corte sagital mediano?
a) átrio direito, veia cava inferior, átrio esquerdo, arté- ACERTEI ERREI DÚVIDA
ria pulmonar direita
b) átrio direito, veia cava superior, átrio esquerdo, arté- UFF – 2006 Grupo C
ria pulmonar direita 155. A doença mais comumente associada ao timoma é:
c) ventrículo direito, aorta ascendente, artéria pulmo- a) hiperparatireoidismo
nar direita b) síndrome de Pierre Marie
d) ventrículo direito, aorta ascendente, ventrículo es- c) miastenia gravis
querdo, artéria pulmonar esquerda d) macroglobulinemia
e) ventrículo direito, aorta ascendente, ventrículo es-
e) linfoma
querdo, artéria pulmonar direita
ACERTEI ERREI DÚVIDA
ACERTEI ERREI DÚVIDA
UERJ – 2001
UERJ – 2001 172. Em relação aos traumatismos torácicos, é correto
168. No decorrer de exames rotineiros em um homem de afirmar que:
55 anos de idade, tabagista de um maço de cigarros
a) o pneumotórax hipertensivo deve ser diagnosticado
por dia, foi descoberta uma lesão numular com depó-
clinicamente, pois o tempo gasto com uma radiogra-
sito de cálcio na periferia do lobo superior esquerdo
fia pode resultar em agravamento significativo das
na radiografia do tórax. A radiografia de tórax feita
no ano anterior nada mostrava de anormal. Neste condições do paciente
caso, a certeza diagnóstica é obtida indicando-se: b) feridas penetrantes abertas do tórax podem compro-
a) cintigrafia óssea meter a ventilação pulmonar quando seu diâmetro
b) TCs seriadas semestrais corresponder a, pelo menos, duas a três vezes o diâ-
c) biópsia aberta do nódulo metro da traqueia
d) broncoscopia com lavado brônquico c) em casos de tamponamento cardíaco, para que haja
e) biópsia percutânea com agulha do nódulo resposta hemodinâmica adequada, torna-se neces-
sário remover do saco pericárdico volumes de san-
ACERTEI ERREI DÚVIDA gue não inferiores a 100 mL
d) o diagnóstico de rotura da aorta pode ser suspeita-
UERJ – 2001 do com base no quadro clínico e diagnosticado, na
169. A radiografia do tórax de um menino de 10 anos de maioria dos casos através da radiografia simples de
idade mostra, na incidência em perfil, uma lesão tu- tórax, não sendo necessária a aortografia
moral próxima ao diafragma e à coluna vertebral, de e) em grandes séries de necropsia, a rotura do hemi-
formato triangular. O menino está assintomático no diafragma esquerdo é muito mais frequente que a
momento do exame. A lesão tumoral mais frequente rotura do hemidiafragma direito
nesta região do mediastino, nesse caso é:
ACERTEI ERREI DÚVIDA
a) neurilemoma
b) neurofibroma
c) neuroblastoma FESP – 2003
d) ganglioneuroma 173. Idoso com diagnóstico prévio de doença pulmonar
e) ganglioneuroblastoma obstrutiva crônica (VEF1 em 30% do previsto) refere
dor torácica súbita e dispneia. Raio X de tórax mostra
ACERTEI ERREI DÚVIDA pneumotórax moderado à direita. O tratamento indi-
cado para esse paciente, após a internação hospitalar, é:
UERJ – 2001 a) aspirar o pneumotórax com agulha
170. Após trauma torácico fechado, paciente chegou disp- b) colocar um tubo de toracostomia e instilar talco
neico ao pronto-socorro imediatamente após o início c) colocar máscara com 100% de oxigênio e reavaliar
de ventilação controlada, verificaram-se alta pressão em 12 horas
de insuflação, choque, enfisema subcutâneo e saída de d) nebulizar com broncodilatador e corticosteroide en-
dovenoso
material serossanguinolento pela sonda. A conduta
178
mais adequada é: ACERTEI ERREI DÚVIDA
Residência
Médica 2014
c) do ventrículo direito
d) do átrio direito
e) da artéria pulmonar
ACERTEI ERREI DÚVIDA
USP-R3 – 2003
183. Paciente com 46 anos de idade deu entrada no pronto-socorro há 5 dias, sendo trazido inconsciente por transeun-
tes. Vem apresentando tosse produtiva e febre alta (39ºC) desde então. A radiografia inicial evidencia condensação
em terço superior de hemitórax direito, ocasião na qual foi diagnosticada pneumonia lobar e iniciada antibiotico-
terapia com ceftriaxona e clindamicina. Subitamente, apresentou expectoração de grande quantidade de secreção
purulenta, esverdeada e fétida, coincidindo com a melhora da febre. No momento, apresenta-se afebril e a despeito
da melhora clínica, a radiografia apresenta interface líquido-ar associada à condensação mencionada. A tomografia
evidencia abscesso intraparenquimatoso de 4 cm de diâmetro. Assinale a alternativa correta.
a) o critério clínico para indicação de ressecção do abscesso é o tamanho e neste caso, a lobectomia superior direita
estaria indicada
b) nos abscessos maiores do que 3 cm, próximos à parede torácica, deve ser realizada drenagem percutânea já que o
tratamento clínico não é eficaz
c) o abscesso pulmonar deve ser tratado inicialmente com antibioticoterapia de amplo espectro, além de fisioterapia e
drenagem postural
d) os abscessos pulmonares, como este, devem ser tratados com antibioticoterapia localizada, através da injeção intraca-
vitária de gentamicina
e) abscessos pulmonares maiores que 3 cm requerem drenagens percutâneas, antibioticoterapia, além de fisioterapia
ACERTEI ERREI DÚVIDA
Se você acertou 75% ou mais, parabéns. Se você acertou menos de 50%, retome o texto e reveja as questões.
Caso persistam dúvidas, faça contato com o plantão de dúvidas em nosso site: www.sjtresidencia.com.br
180
Gabarito Comentado
21 Cirurgia Torácica
1. O nódulo solitário de pulmão é definido como uma lesão nódulo pulmonar está ligada ao seu valor preditivo negati-
arredondada ou ovalada, não escavada, menor que 3 cm e vo. Algumas limitações técnicas são observadas em lesões
circundada por parênquima pulmonar. É um dos achados menores que 1 cm, e a sua especificidade também é regio-
radiológicos mais comuns em pacientes assintomáticos e re- nalmente dependente, sendo menos em áreas de maior inci-
presenta um problema diagnóstico, uma vez que pode ser dência de doenças granulomatosas infecciosas, onde resul-
uma forma de apresentação do câncer do pulmão em cerca tados falso-positivos podem ocorrer com maior frequência.
de 10% dos casos. Outras possibilidades diagnósticas in- Resultados falso-negativos têm sido observados na presença
cluem tuberculose, fungos (aspergilose, coccidioilomatose) de hiperglicemia, em depósitos tumorais microscópicos, no
granulomatose de Wegener, pneumonite focal, hamartoma tumor carcinoide, no carcinoma bronquioloalveolar e nas
e anormalidades congênitas, como cistos e malformações pequenas lesões entre 5 e 7 cm.
vasculares. Nos centros em que se dispõe da videotoracoscopia, este é
O diagnóstico radiológico confiável estabelecendo a etiologia o método cirúrgico inicial de diagnóstico e tratamento no
benigna do nódulo pode algumas vezes ser feito se uma lesão NPS indeterminado. Definida a malignidade do nódulo, a
deste tipo apresentar certos padrões de calcificação. Padrões maioria dos cirurgiões prossegue com toracotomia.
do tipo laminar; difuso; em “pipoca” ou central podem clas- A acurácia diagnóstica da toracotomia é de 100%, além de per-
sificar confiavelmente uma lesão nodular como benigna. Por mitir tratamento adequado. A maioria dos serviços de cirurgia
outro lado, calcificações do tipo excêntrica ou pontilhada, torácica utiliza a toracotomia com preservações dos músculos.
quando identificadas no interior de um nódulo pulmonar, Os doentes enfisematosos com NPS maligno têm sido subme-
devem ser consideradas suspeitas de malignidade. tidos simultaneamente à cirurgia redutora e tratamento do
Embora não inteiramente específicos, existem alguns acha- nódulo com bons resultados. Segundo Cummings, usando a
dos morfológicos que podem sugerir malignidade, como: ta- teoria bayesiana para quando cálculo da probabilidade de cân-
manho maior que 3 cm, margens irregulares e espiculadas e cer for superior a 60%, a toracotomia imediata está indicada;
cavitações com paredes espessas. Lesões menores, regulares abaixo de 60% e superior a 5%, biópsia transtorácica; inferior a
e estáveis, sugerem benignidade. 5%, observação clínico-radiológica. Resposta d.
A identificação da presença de gordura no interior de um
nódulo pulmonar solitário sustenta o diagnóstico de ha- 2. O nódulo solitário de pulmão é definido como uma lesão
martoma. TC com cortes finos para avaliação densitomé- arredondada ou ovalada, não escavada, menor que 3 cm e cir-
trica do nódulo é mais sensível que o estudo radiológico na cundada por parênquima pulmonar. É um dos achados radio-
demonstração de calcificação e de distribuição de gordura. lógicos mais comuns em pacientes assintomáticos e representa
Nos casos indeterminados, informações adicionais podem um problema diagnóstico, uma vez que pode ser uma forma de
ser obtidas com TC com contraste venoso, para avaliação apresentação do câncer do pulmão em cerca de 10% dos casos.
dinâmica do realce do nódulo, com elevado valor preditivo O estudo do nódulo pulmonar solitário é uma das principais
negativo. Um realce maior que 15 UH (unidades Houns- indicações de PET-FDG. O método, na grande maioria das
field) tem sido utilizado como parâmetro de distinção entre vezes, permite definir a natureza benigna ou maligna de um
nódulos benignos e malignos. nódulo com sensibilidade e especificidade elevadas, sendo
O estudo do nódulo pulmonar solitário é uma das principais superior à TC. A maior utilidade da PET na avaliação de um
indicações de PET-FDG. O método, na grande maioria das nódulo pulmonar está ligada ao seu valor preditivo negati-
vezes, permite definir a natureza benigna ou maligna de um vo. Algumas limitações técnicas são observadas em lesões
nódulo com sensibilidade e especificidade elevadas, sendo menores que 1 cm, e a sua especificidade também é regio-
superior à TC. A maior utilidade da PET na avaliação de um nalmente dependente, sendo menos em áreas de maior inci-
Cirurgia | Torácica
dência de doenças granulomatosas infecciosas, onde resul- em sua porção central, ocorrência demonstrada em técnica
tados falso-positivos podem ocorrer com maior frequência. imunohistoquímica, com a utilização de anticorpos antifa-
Resultados falso-negativos têm sido observados na presença tor VIII. Feito sob padronização, o método divulgado por
de hiperglicemia, em depósitos tumorais microscópicos, no Swensen e colaboradores, em 1996, mostrou, com um ponto
tumor carcinoide, no carcinoma bronquioloalveolar e nas de corte de 20 Unidades Hounsfield, uma sensibilidade de
pequenas lesões entre 5 e 7 cm. Entre as causas benignas a 98%, uma especificidade de 73% e uma acurácia de 85%.6
mais frequente é o granuloma tuberculoso principalmente Atualmente, considera-se, de modo geral, que um aumento
quando o nódulo solitário localiza-se em seguimentos api- de mais do que 15 a 25 unidades Hounsfield (HU), após uma
coposteriores de lobos superiores e apicais dos inferiores. O injeção padrão de contraste, sugere malignidade, mas algu-
tumor carcinoide do pulmão é neoplasia de baixa maligni- mas condições inflamatórias, como o granuloma tuberculo-
dade que se origina do epitélio brônquico e representa me- so e a pneumonia criptogênica, podem também aumentar a
nos de 2% de todos os tumores pulmonares. Obviamente o densidade radiológica. Na prática, o valor preditivo negativo
seu prognóstico é bem melhor do que o adenocarcinoma. é a mais útil característica do aumento de densidade após
a injeção de contraste, pois diminui muito a possibilidade
A broncoscopia tem valor limitado no diagnóstico das afec-
de malignidade. Estes conceitos encontram limitações em
ções benignas que se apresentam como NPS. Nos pacientes
nódulos menores do que 1 cm. Resposta d.
de risco para neoplasia maligna, apesar do baixo rendimen-
to em nosso meio é realizada como parte do estadiamento.
Existem dados divergentes na literatura em relação à sensi- 6. Todas as possibilidades terapêuticas devem ser almejadas
bilidade da broncoscopia no NPS maligno, variando de 25% neste paciente, exceto a opção D. A drenagem pleural ba-
a 78% a positividade, utilizando de levado, escovado e às lanceada à esquerda para este caso não tem finalidade tera-
vezes biópsia transbrônquica. Resposta e. pêutica. O procedimento seria realizado com o objetivo de
controlar o mediastino do paciente pós-pneumectomia. No
entanto, a maioria dos cirurgiões não advogam este procedi-
3. Jovem de 27 anos, não tabágico, com história de infec-
mento pois observaram que o mediastino pode ser controla-
ção pulmonar de repetição e escarros sanguíneos tem como
do com uma simples aspiração por agulha, ou deixando-se
diagnósticos diferenciais todas as situações expostas, exceto
um pequeno cateter intratoráxico durante o ato cirúrgico.
carcinoma broncogênico. Os dados epidemiológicos contra-
Entre os eventos apontados como preocupantes, encontram-
riam fortemente esta possibilidade que se tornaria real caso
-se a hemorragia pós-operatória, a possibilidade de ocorrer
a história fosse de um paciente com mais de 40 anos, espe-
contaminação do espaço pleural previamente ou durante o
cialmente fumante e que viesse apresentando pneumonias
ato cirúrgico e a deiscência do coto brônquico. Resposta d.
de repetição, com a mesma localização ou de resolução pro-
longada. Resposta b
7. A imagem do radiograma mostra o HTE com hipertrans-
parência, desvio do mediastino contralateral, dados que
4. O quadro corresponde a evolução de um tumor de Pancoast.
definem o diagnóstico de pneumotórax hipertensivo. Veja
Um tumor de Pancoast verdadeiro usualmente é um car-
abaixo imagem semelhante só que no hemitórax direito.
cinoma pulmonar de células não pequenas que, em razão
de suas relações anatômicas com as estruturas do estreito
torácico superior, pode invadir o tronco inferior do plexo
braquial (C8 e T1), o tronco simpático, incluindo o gânglio
estrelado, os arcos costais superiores, bem como vértebras
torácicas e vasos subclávios.
Os tumores de Pancoast representam menos de 5% dos carci-
nomas pulmonares de células não pequenas, e o seu compor-
tamento biológico não difere das demais neoplasias desse tipo.
A síndrome de Pancoast é caracterizada por uma apresen-
tação clínica que inclui dor no ombro e irradiação para o
membro superior, podendo vir acompanhada de perda de
força e de atrofia muscular na mão decorrente da invasão do
ramo inferior do plexo braquial, síndrome de Claude Ber-
nard Horner, que inclui ptose palpebral, miose, enoftalmia e
anidrose facial em decorrência do acometimento do gânglio
estrelado e, radiologicamente, a evidência de destruição dos Resposta b.
primeiros arcos costais ou vértebras torácicas.
Apesar de ter como principal causa o carcinoma pulmonar de 8. A conduta consiste de imediato em punção do segundo
células não pequenas, pode também ser causada por diversas espaço intercostal de acordo com as recomendações abai-
doenças neoplásicas, inflamatórias ou infecciosas.Resposta d. xo, levando em conta, que pneumotórax hipertensivo é uma
condição principalmente observada em politraumatizado,
sendo assim:
5. A tomografia computadorizada com injeção de contraste
Executar a avaliação rápida do traumatizado.
baseia-se no fato de que a vascularização do nódulo maligno
182
é bem mais pronunciada que a do benigno, principalmente Abrir vias aéreas com manobra manual.
Residência
Médica 2014
Administrar oxigênio suplementar sob máscara com re- Tipos de toracoplastia (Cont.)
servatório 10 a
3. Toracoplastia convencional póstero-lateral
15 litros por minuto. 4. Toracoplastia axilar
Assistir ventilação caso necessário com BMV e oxigênio. 5. Toracoplastia anterior
Administrar oxigênio por máscara com reservatório 10 a 6. Toracoplastia moldada
15 litros por minuto. 7. Toracoplastia de Andrews
Introduzir a agulha no hemitórax afetado na altura do 2º 8. Toracoplastia interna
espaço intercostal na linha hemiclavicular. 9. Plumbagem
Acoplar o catéter utilizado a uma válvula de Heimlich. 10. Toracoplastia traumática
Gabarito Comentado
Indicar a descompressão de tórax com agulha somente Resposta e.
na presença de descompensação (distúrbio respiratório
grave e choque). A realização de radiografia de tórax não
10. A sutura de coto brônquico após uma ressecção pulmo-
deve atrasar a descompressão do tórax.
nar, pneumonectomia, lobectomia ou segmentectomia ainda é
Caso estas medidas não sejam suficientes para manter a o calcanhar de Aquiles destas técnicas operatórias, apesar da
oxigenação da vítima proceder a intubação orotraqueal e acentuada evolução da cirurgia torácica neste século. Se o coto
iniciar ventilação sob pressão positiva. brônquico não cicatrizar corretamente, teremos a deiscência da
sutura brônquica e a formação de uma fístula broncopleural.
Introduzir dreno de tórax tubular nos pacientes assim
que possível. A fístula broncopleural é mais frequente:
no idoso que na criança;
Avaliar o paciente durante o transporte para deterioração
respiratória, elevação da pressão inspiratória, deteriora- no homem do que na mulher;
ção hemodinâmica. nos doentes desnutridos do que nos nutridos;
Observar escape aéreo e caso haja hemotórax associado na tuberculose do que no câncer brônquico;
avaliar a necessidade de adaptar dois frascos de drenagem nas pneumonectomias do que nas segmentectomias;
e sistema de aspiração contínua. à direita (4%) do que à esquerda (1%);
Manter o ritmo cardíaco, oximetria e PNI continuamente no brônquio irradiado no pré-operatório do que no não-
monitorizados. -irradiado;
Transferir para hospital de referência assim que possível. nos que foram ventilados mecanicamente no pós-opera-
tório (9%) do que naqueles que não foram (4%);
Resposta c.
nos com empiema pleural do que nos sem empiema;
em serviços de ensino do que em pacientes.
9. A toracoplastia é um procedimento de remodelação da ca- A fístula broncopleural geralmente se manifesta entre o 4º e
vidade torácica para diminuir o seu volume. Isto é possível o 7º dia do pós-operatório. Quanto mais precoce a sua for-
através de ressecções costais múltiplas, reguladas pela locali- mação, mais certamente houve, em nossa opinião, uma falha
zação e grau de colapso pretendido. Embora a operação tenha técnica. É muito rara a formação de fístula broncopleural tar-
sido proposta para o tratamento do empiema, ela encontrou dia, isto é, meses ou anos após a ressecção pulmonar. Nesta
seu lugar inicial entre as técnicas de colapsoterapia da caverna situação podemos interrogar se no período assintomático não
tuberculosa. Atualmente, seu uso tem ficado mais restrito à havia uma pequena fístula que ficou bloqueada. Uma outra
obliteração da loja empiemática, com ou sem fístula bronco- hipótese para a formação tardia está relacionada com a pos-
pleural, decorrente da complicação de uma ressecção pulmo- sível recidiva da infecção ou da neoplasia no coto brônquico.
nar ou como evolução de processo infeccioso intratorácico. Williams e Lewis em 3.050 ressecções em diversas doenças
Indicações atuais da toracoplastia encontraram 2,7% de fístulas broncopleurais (86 doentes),
sendo que 64,1% ocorreram nas pneumonectomias, 27,9%
1. Obliteração de cavidade empiemática de localização superior, nas lobectomias e 8,1% nas segmentectomias.
com ou sem fístula broncopleural, associada à impossibilidade de
preenchimento pelo parênquima pulmonar por condições locais Na fístula broncopleural aguda é indicada a reabertura do
ou sistêmicas. tórax quando as condições clínicas permitirem e o líquido
2. Colapso de lesões cavitárias pulmonares sintomáticas (sangra- pleural não estiver contaminado. As seguintes medidas de-
mento ou infecção), com indicação de ressecção, mas sem condi- vem ser tomadas durante a operação:
ções locais ou sistêmicas de ser realizada (rara). colheita do líquido pleural para bacterioscopia, cultura e
3. Adequação continente-conteúdo antes ou durante uma ressec- antibiograma;
ção pulmonar (rara). localização do orifício fistuloso e verificação da extensão,
4. Correção estética do abaulamento deformante da parede to- das condições da margem brônquica e, principalmente, uma
rácica posterior em pacientes com escoliose grave (indicação or- análise de possível etiopatogenia da deiscência da sutura;
topédica). decidir entre ressuturar a deiscência ou seccionar a mar-
Tipos de toracoplastia gem brônquica ou aumentar a ressecção pulmonar.
1. Toracoplastia de Schede A ressutura da deiscência somente é possível quando a área
for muito pequena, até dois pontos, e a margem tiver bom
2. Toracoplastia osteoplástica 183
aspecto, sugerindo que houve algum erro técnico na passa-
Cirurgia | Torácica
gem dos pontos ou o fio tinha algum problema. Para refor- 14. Este adolescente com episódios de infecção respiratória e
çar o ponto, podemos apoiá-lo em retângulos de dacron ou atualmente com quadro clínico e imagem compatíveis com
de pericárdio autógeno ou bovino etc. Resposta b. abscesso pulmonar (veja radiografia de tórax em PA e perfi l)
11. Apesar de bastante raro, o quilotórax pode ocorrer em deve ser avaliado com a devida atenção. Vale destacar que
consequência a inúmeras etiologias. Desta forma, Gullane e a topografia do abscesso pulmonar neste adolescente encon-
cols. o classificaram em: congênito, traumático, obstrutivo tra-se em local não habitual. As localizações preferenciais
e espontâneo. são os segmentos posterior do lobo superior direito, apico-
O derrame quiloso neonatal é atribuído às anomalias congê- posterior de lobo superior esquerdo e superiores dos lobos
nitas, como a ausência do ducto torácico, fistulização entre inferiores. Diante destes fatos é interessante levantar a se-
este e o espaço pleural, ou, ainda, trauma de parto. Associa- guinte suspeita clínica: malformação pulmonar congênita.
-se também à síndrome de Down e ao poliidrâmio. Nesses O sequestro pulmonar é um diagnóstico bastante atrativo.
casos, a sua patogênese é desconhecida. É uma malformação caracterizada pela presença de tecido
Entre os de origem traumática, estão incluídos os ferimentos pulmonar não funcionante que recebe toda ou a maior parte
causados por arma de fogo e arma branca, os traumas fechados de sua irrigação sanguínea de um vaso anômalo sistêmico.
e os iatrogênicos no transcorrer de operação torácica, e os con- Pode ser classificado em duas formas distintas: intralobar
sequentes às técnicas diagnósticas. Os ferimentos penetrantes (localizado dentro da pleura visceral do lobo comprometi-
raramente causam quilotórax, devido à situação do ducto, do) e extralobar (destacado dos outros lobos e com revesti-
conforme comentado anteriormente, Nos traumas fechados, a mento pleural próprio). Este tipo costuma ser assintomático
hiperextensão da coluna com o deslocamento de vértebras é o por estar totalmente separado do pulmão, sendo na maioria
mecanismo mais comum de lesão. Os iatrogênicos, consequen- das vezes achado durante toracotomia por outro motivo.
tes às cirurgias cardiovasculares, são os mais frequentes. Em O sequestro pulmonar é causa muito rara de distúrbio no re-
2.660 cirurgias torácicas, Maloney e Spencer relataram 13 ca-
cém-nascido. A característica clínica mais frequente é a infec-
sos de quilotórax, portanto, registraram a incidência de 0,5%.
ção respiratória de repetição. O sequestro pulmonar intralo-
Dentre as técnicas diagnósticas invasivas, a aortografia trans-
lombar é citada como a causa mais comum. A ausência dessa bar pode apresentar degeneração cística e quando estes cistos
complicação após esofagectomias, que requerem amplas dis- hiperinsuflam podem originar insuficiência respiratória.
secções mediastinais, e lobectomias pulmonares é inexplicável. O sequestro extralobar não apresenta degeneração cística e só
As lesões obstrutivas podem ser de origem inflamatória produz sintomas respiratórios no recém-nascido se for de gran-
(linfangites), infecciosas (tuberculose, fi lariose) e neoplási- de proporção, causando compressão do parênquima pulmonar.
cas (linfomas, linfossarcomas e metástases). Apesar de não existir comunicação direta com a árvore tra-
Segundo Bower, os traumas dependentes do ato cirúrgico queobrônquica, as infecções ocorrem através de fenestra-
e as neoplasias malignas (entre estas o linfoma é a mais co- ções existentes na parede alveolar (poros de Khon) ou por
mum) são responsáveis por mais da metade de todos os ca- via hematogênica. A comunicação com a árvore respiratória
sos de quilotórax. Resposta d. pode surgir após formação de abscesso e drenagem brôn-
quica. A localização mais comum é nos lobos inferiores, em
região basal posterior.
12. CRITÉRIOS PARA A RETIRADA DO DRENO
Na radiografia de tórax, a presença de massa triangular ou ar-
a) Fluxo de drenagem líquida menor de 150 mL/24 horas (2 redondada localizada nos lobos inferiores, principalmente nos
mL/kg/dia); segmentos basais posteriores, auxiliam a suspeita diagnóstica.
b) de 12 a 24 horas após cessada a fuga aérea; O diagnóstico pré-operatório pode ser feito pela identifica-
c) resolução de intercorrência pleural ção do vaso anômalo por aortografia, tomografia computa-
dorizada de tórax com contraste ou angiorressonância.
d) tempo máximo de 10 dias de drenagem, mesmo quando
não resolvida a O tratamento baseia-se na ligadura do vaso anômalo e exci-
são do segmento acometido. Devido à falta de plano cirúr-
intercorrência pleural. gico por infecções prévias, a conduta mais frequentemente
e) pulmão completamente expandido adotada é a lobectomia. Resposta d.
Por exemplo, nas lobectomias uma das complicações mais
frequentes é a presença de escape aéreo persistente pelos 15. Neoplasias de células germinativas (NCG) surgem pre-
drenos. É considerada escape aéreo persistente pelos drenos dominantemente nos testículos ou ovários, porém em 2-5%
à ocorrência de fuga aérea que se mantém após o sétimo dia dos casos de origem é extragonadal. Em adultos, o mediasti-
de pós-operatório de uma lobectomia. As afirmativas I e II no é o sítio extragonadal mais comum (50-70%), seguido em
são absolutamente corretas. A dor pós-toracotomia é grave e ordem de frequência por retroperitônio, glândula pineal e
a terapia da dor deve incluir um regime combinado incluin- regiões suprasselares. Em crianças e adultos jovens, as regi-
do o uso da via epidural de anestésicos locais e uso sistêmico ões sacrococcígea e intracraniana são as mais comuns.
de drogas anti-inflamatórias não-esteroides. Resposta c.
Caracteristicamente as NCG no mediastino anterior e re-
presentam 10-15% dos tumores do mediastino no adulto
13. Observa-se na radiografia convencional de tórax em PA e e 6% nas crianças. São mais incidentes em indivíduos en-
perfil uma massa bem delimitada na topografia do mediasti- tre 20-40 anos, com igual distribuição entre os sexos nas
no superior e anterior. A TC mostra uma massa bem delimi- crianças e nos adultos com tumores benignos; no entanto,
tada cuja densidade é de 50 UH, dado este bastante sensível naqueles com tumores malignos, 90% são homens. Apesar
184
para definir a topografia da lesão no mediastino. Resposta b. de compartilhar características histológicas, sorológicas e
Residência
Médica 2014
cirogenéticas com as NCG primárias das gônadas, diferen- Um tumor de Pancoast verdadeiro usualmente é um carcino-
ças no comportamento clínico sugerem que NCG gonadais ma pulmonar de células não pequenas que, em razão de sua re-
e extragonadais sejam biologicamente distintas. lações anatômicas com as estruturas do estreito torácico supe-
Os tumores não seminomas representam, no adulto, aproxi- rior, pode invadir o tronco inferior do plexo branquial, o tronco
madamente 15% dos tumores do mediastino anterior e 5% simpático, incluindo o gânglio estrelado, os arcos costais supe-
das NCG mediastinais. riores, bem como vértebras torácicas e vasos subclávios.
NCG não simenoma do mediastino são frequentemente tu- Os tumores de Pancoast representam menos de 5% dos carci-
mores invasivos e à TC de tórax aparecem como massas he- nomas pulmonares de células não pequenas, e o seu compor-
terogêneas contendo áreas de necrose e hemorragia. Quase tamento biológico não difere das demais neoplasias deste tipo.
90% dos pacientes apresentam-se com sinais e sintomas da A síndrome de Pancoast é caracterizada por uma apresen-
Gabarito Comentado
doença ao diagnóstico, como dor torácica, febre, perda de tação clínica que inclui dor no ombro e irradiação para o
peso, dispneia e ginecomastia. Em cerca de 85-90% dos ca- membro superior, podendo vir acompanhada de perda de
sos já existem metástases ao diagnóstico, sobretudo em pul- força e de atrofia muscular na mão decorrente da invasão do
mão, pleura, linfonodos e fígado. Níveis séricos de AFP e/ou ramo inferior do plexo braquial, síndrome de Claude Ber-
β-HCG encontram-se tipicamente elevados em cerca de 85% nard Horner, que inclui ptose palpebral, miose, enoftalmia e
dos casos. NCG não seminomas do mediastino são mais anidrose facial em decorrência do acometimento do gânglio
prováveis de causar elevações de AFP e menos comumente estrelado e, radiologicamente, a evidência de destruição dos
de β-HCG uqe não seminomas gonadais e retroperitoneais. primeiros arcos costais ou vértebras torácicas.
Série contendo 635 pacientes com NCG extragonadais mos- Apesar de ter como principal causa o carcinoma pulmonar de
trou AFP elevada em 74% das NCG não seminomas medias- células não pequenas, pode também ser causada por diversas
tinais e 51% das retroperitoneais com medianas de valores doenças neoplásicas, inflamatórias ou infecciosas. Resposta c.
de AFP nos tumores mediastinais e retroperitoneais 2.548
ng/mL e 25 ng/mL, respectivamente. Resposta c.
18. Trata-se de hamartoma pulmonar, uma neoplasia be-
nigna provavelmente derivada de células mesenquimatosas
16. A biópsia transbrônquica é o procedimento de escolha no da parede brônquica. Representa cerca de 75% dos tumores
diagnóstico da sarcoidose. A realização de biópsia é absolu- pulmonares benignos e 6% dos nódulos pulmonares solitá-
tamente imprescindível para o diagnóstico da sarcoidose. A rios. Aproximadamente 95% estão no parênquima e 5% são
biópsia transbrônquica é recomendada na maioria dos casos e endobrônquicos. Raramente hamartomas podem ser múlti-
seu rendimento está associado à experiência do examinador e plos e integrar a tríade de Carney (condromas pulmonares,
pode variar entre 40 e 90% quando retirados entre 4 e 5 frag- liomiossarcoma epitelioide gástrico e paraganglioma extra-
mentos de tecido. O lavado bronquioalveolar deve ser realiza- -adrenal funcionante).
do para estudo dos linfócitos CD4 e CD8. Uma relação CD4/
CD8 maior que 3,5 é diagnóstico de sarcoidose, com uma es- Ocorre geralmente em pacientes com mais de 40 anos de idade,
pecificidade em torno de 94% mesmo quando a biópsia trans- sendo a incidência máxima entre 50 e 60 anos. É duas vezes
brônquica é negativa. A biópsia da mucosa brônquica pode mais frequente em homens do que em mulheres. A maioria
ser realizada no mesmo procedimento, com um rendimento não causa sintomas. Ocasionalmente pode resultar em tosse,
variando entre 41-57%. Quando as biópsias brônquica e trans- hemoptise ou pneumonia recorrente, quando endobrônquico.
brônquica são negativas, está indicada a biópsia pulmonar a Tumor parenquimatoso benigno geralmente solitário me-
céu aberto. Se houver gânglios mediastinais, indicar a medias- dindo cerca de 1 a 3 cm de diâmetro, de contornos lisos ou
tinoscopia inicialmente, postergando a videotoracoscopia ou lobulados, constituído predominantemente por tecidos car-
a biópsia pulmonar a céu aberto. Quando existe comprometi- tilaginoso e adiposo. Ocasionalmente pode ter diâmetro de
mento gangliopulmonar, o diagnóstico é confirmado em mais 4 cm ou mais. Calcificação e ossificação da cartilagem po-
de 95% dos casos ao utilizarmos os procedimentos já mencio- dem estar presentes e, em alguns casos, são bastante exten-
nados. Outros locais de biópsias como lesões de pele, mucosas sas. Hamartomas endobrônquicos geralmente são peduncu-
e linfonodos periféricos estão indicados quando mostrarem lados e compostos predominantemente de tecido adiposo.
sinais de comprometimento. As lesões cutâneas que surgem Na radiografia de tórax:
em cicatrizes são um bom sítio para diagnóstico. A biópsia de
Nódulo circunscrito com margens lisas ou lobuladas.
fígado está indicada quando encontramos indicadores clínicos
e bioquímicos do comprometimento do órgão. Resposta b. Pode ocorrer em qualquer localização no parênquima,
mas tende a ser periférico e localizado preferencialmente
nas bases pulmonares.
17. OS tumores de Pacoast, também conhecidos como tu-
Cerca de 5% têm calcificações evidentes na radiografia.
mores do sulco superior do pulmão, representam uma classe
particular de neoplasias pulmonares. Foram descritos pela Calcificação múltipla grosseira (“em pipoca”) é caracte-
primeira vez por Edwin Hare, em 1838. Em 1924, Henry rística, mais incomum.
Pancoast, médico-radiologista, professor da Universidade O crescimento do nódulo é lento (cerca de 3 mm ao ano).
da Pensilvânia, fez a descrição dos achados clínico-radioló- Hamartomas endobrônquicos podem resultar em atelec-
gicos de sete pacientes portadores deste tipo de doença. Ini- tasia e pneumonias de repetição.
cialmente, acreditava-se que esse tumor seria proveniente de
Na TC:
células embrionárias residuais do quinto arco branquial. No
mesmo ano, o argentino Tobias definiu a origem deste tipo Nódulo circunscrito sólido com margens lisas ou lobula-
185
de tumor como sendo um carcinoma broncogênico. das e bem definidas.
Cirurgia | Torácica
Cerca de 60% têm focos de gordura (atenuação de -40 nos pacientes com derrame pleural neoplásico temos: confir-
UH a -120 UH em pelo menos 8 vóxeis) evidentes na TC mação cito ou histológica de malignidade intrapleural, reex-
com corte finos (1 mm). pansão pulmonar (clínica e radiológica) após evacuação da ca-
Focos de calcificação em cerca de 30% dos casos. Calci- vidade pleural por toracocentese prévia ou drenagem tubular,
ficação “em pipoca” ocorre em menos de 5% dos casos. condição clínica adequada do paciente (expectativa de sobre-
vida, estado geral, melhora clínica após toracocentese de alí-
Hamartomas endotraqueais ou endobrônquicos podem vio). Este procedimento não deve ser realizado bilateralmente
ter atenuação de gordura e calcificação, ou densidade
no mesmo momento já que a aderência entre os folhetos é ob-
de partes moles com ou sem focos de calcificação. Ge-
tida através da irritação e da intensa inflamação das superfícies
ralmente causam atelectasia, pneumonite obstrutiva ou
pleurais, gerando muitas vezes dor de forte intensidade.
dilatação brônquica.
A toracocentese deve ser realizada com cuidado para não
Resposta d.
esvaziá-lo rapidamente, pelo risco de edema de reexpansão.
A drenagem tubular fechada com o objetivo de evacuar to-
19. A radiografia de tórax mostra velamento total do hemitó- talmente coleções pleurais existentes, não é recomendada
rax esquerdo com deslocamento do mediastino para o lado isoladamente para controle definitivo do derrame pleural ne-
da lesão, aspecto que é compatível com atelectasia total do oplásico, uma vez que a recidiva do derrame após drenagem,
pulmão. Derrame pleural volumoso desloca o mediastino quando não é realizado um procedimento concomitante de
para o lado contrário à lesão. Resposta d. pleurodese, é elevada. Resposta d.
20. A escala de Hounsfield representa os coeficientes de ate- 24. As metástases extratorácicas do câncer do pulmão são
nuação e se estende de - 1.000, que é o coeficiênte de atenu- mais frequentes para o SNC, os ossos, o fígado e as suprarre-
ação do ar (a matéria menos radiopaca), a, didaticamente, nais nessa ordem. O câncer de pulmão é a neoplasia que mais
+ 1.000 representando a densidade dos átomos pesados. Po- comumente produz metástases para o SNC. Dez por cento
demos identificar outro ponto específico nessa escala, que é de todos os pacientes com neoplasia pulmonar possuem me-
zero, a densidade da água. tástases para esse local no momento do diagnóstico e outros
15-20% vão desenvolvê-las no curso de sua doença. Aproxi-
-1000 -100 0 100 200 1000 madamente 80-85% das metástáses para o parênquima cere-
par
cál
gor
con
ar
cio
tes
du
tra
ste
ole
26. O quadro é de mediastinite necrotizante descendente e e imunológicas do paciente devem estar comprometidas. O
a causa mais comum é a infecção odontogênica. Os organis- paciente miastênico com febre e no início de infecção deve
mos mais implicados são anaeróbios e aérobios (flora polimi- ser tratado como os outros pacientes imunocomprometidos.
crobiana). O sucesso do tratamento depende do diagnóstico Antibioticoterapia precoce e eficaz, assistência respiratória e
precoce, antibioticoterapia maciça e ampla drenagem das lo- fisioterapia pulmonar são essenciais no programa terapêu-
jas supuradas. A drenagem cervical e do mediastino inferior tico. A plasmaférese ou a lgIV são úteis para acelerar a re-
precoce e agressiva é a chave do tratamento. A toracotomia cuperação. Em relação a timectomia deve-se distinguir duas
bilateral, incisão em “concha (clamshell) e até mesmo múlti- questões: (1) remoção cirúrgica do timoma e (2) timectomia
plas drenagens devem ser consideradas. Resposta b. como tratamento da MG. A remoção cirúrgica do timoma é
necessária em virtude da possibilidade de disseminado local
do tumor, embora a maioria dos timomas seja benigna. Na
Gabarito Comentado
27. As radiografias torácicas são usadas para avaliar a possibi- ausência de tumor, as evidências disponíveis sugerem que até
lidade de um possível hematoma mediastinal, sendo bastante 85% dos pacientes apresentam melhora após a timectomia;
útil para excluir lacerações da aorta (com um valor prediti- desses, cerca de 35% alcançam a remissão livre de medicação.
vo negativo de 98% para radiografias com boa qualidade). O Entretanto, a melhora costura ser postergada em meses ou
valor preditivo positivo, no entanto, é de apenas 15%, já que anos. A vantagem da timectomia é oferecer a possibilidade
imagens obtidas em decúbito dorsal, magnificação e rotação de um benefício a longo prazo, em alguns casos reduzindo
do paciente podem simular alargamento do mediastino. ou eliminando a necessidade do tratamento clínico contínuo.
Existem muitos sinais radiográficos que podem sugerir le- Em decorrência desses benefícios em potencial e do risco
sões da aorta e/ou hematoma mediastinal, porém sempre desprezível em mãos hábeis, a timectomia ganhou ampla
que possível deve-se confirmar estes achados com tomogra- aceitação no tratamento da MG. É consenso que a timecto-
fia computadorizada ou angiografia. No entanto, a principal mia deve ser realizada em todos os pacientes com miastenia
indicação para a realização de tomografia computadorizada generalizada que estejam entre a puberdade e pelo menos 55
deve ser o mecanismo do trauma, não o achado radiológico anos de idade. Ainda está em debate se a timectomia deve
de alargamento mediastinal. ser indicada às criança, aos adultos com mais de 55 anos e
Sinais que são bastante sensíveis, porém pouco específicos pacientes cuja fraqueza se limite aos músculos oculares. Há
para ruptura de aorta são: alargamento mediastinal e aorta também evidências de que os pacientes com MG positiva
com contorno anormal ou indistinto. O alargamento medias- para anticorpos anti-MuSK podem não responder à timec-
tinal pode se basear em critérios subjetivos ou na medida do tomia. Esta deve ser administrada em um hospital onde tal
diâmetro mediastinal na altura do arco aórtico (> 8 cm indica procedimento seja frequente, e a equipe se mostre experiente
alargamento). A irregularidade de contornos do arco aórtico na assistência pré e pós-operatória, na anestesia e nas técni-
é provavelmente o sinal mais confiável de ruptura aórtica. Al- cas cirúrgicas da timectomia total.
guns sinais têm uma especificidade relativamente alta, porém Os anti-AChR são detectáveis no plasma de cerca de 85% dos
baixa sensibilidade, para ruptura da aorta: desvio da traqueia pacientes miastênicos, mas em apenas 50% daqueles com
para a direita na altura de T4, desvio da sonda nasogástrica fraqueza limitada aos músculos oculares. A presença de anti-
para a direita na altura de T4 e espessamento da linha para- corpos anti-AChR praticamente fecha o diagnóstico de MG,
traqueal direita. Pode-se observar ainda deslocamento infe- porém um teste negativo não o exclui. O nível medido de an-
rior do brônquio principal esquerdo e espessamento apical ticorpos anti-AChR não reflete adequadamente a gravidade
esquerdo (sangue ocupando o espaço entre o istmo aórtico da MG em pacientes diferentes. Constatou-se que anticorpos
e a pleura parietal esquerda e estendendo-se superior e late- contra a MuSK estão presentes em cerca de 40% dos pacien-
ralmente ao longo da artéria subclávia esquerda). Resposta e. tes com MG generalizada sem anticorpos anti-AChR, e sua
presença é um exame de diagnóstico útil nesses pacientes.
28. Nenhuma dificuldade, trata-se de um derrame pleural A distribuição da fraqueza muscular segue um padrão típi-
parapneumônico com características compatíveis com em- co. Os músculos cranianos, sobretudo os da pálpebra e os
piema. Empiema em fase exudativa (fase aguda) é igual a extra-oculares, costumam ser acometidos no início da evo-
drenagem pleural em selo d´água. Resposta c. lução da MG, e diplopia e ptose são queixas iniciais comuns.
A fraqueza facial produz uma expressão de “rosnar” quan-
do o paciente tenta sorrir. A fraqueza na mastigação é mais
29. A crise miastênica é definida como uma exacerbação da perceptível após um esforço prolongado, como ao mastigar
fraqueza suficiente para por em risco a vida do paciente; ge- carne. A fala pode ter um timbre nasal, causado por fraque-
ralmente, consiste em insuficiência respiratória causada por za do palato, ou uma característica “mole” disártrica devido
fraqueza do diafragma e dos músculos intercostais. A cri- à fraqueza da língua. A dificuldade na mastigação pode ad-
se raramente ocorre em pacientes que recebem tratamento vir de fraqueza do palato, da língua ou da faringe, levando
apropriado, o qual deve ser realizado na unidade de terapia à regurgitação nasal ou aspiração de líquidos ou alimentos.
intensiva, com profissionais experientes em lidar com a MG, Fraqueza bulbar é especialmente proeminente na MG com
insuficiência respiratória, doenças infecciosas bem como anticorpos anti-MuSK positivos. Em cerca de 85% dos pa-
terapias hídrica e eletrolítica. A possibilidade de a deterio- cientes, a fraqueza torna-se generalizada, afetando também
ração decorrer de doses excessivas de anticolinesterásicos os músculos dos membros. Permanecendo a fraqueza restrita
(“crise colinérgica”) é mais bem excluída através da inter- aos músculos extra-oculares por 3 anos, é provável que não
rupção temporária dos agentes anticolinesterásicos. A causa se generalize, e diz-se que esses pacientes têm MG ocular. A
mais comum da crise é uma infecção concomitante, a qual fraqueza dos membros na MG com frequência é proximal
187
deve ser tratada imediatamente, já que as defesas mecânicas e pode ser assimétrica. A despeito da fraqueza muscular, os
Cirurgia | Torácica
reflexos tendíneos profundos são preservados. Se a fraqueza Na presença de uma história de engasgo e sintomas sugestivos,
respiratória for muito grave a ponto de exigir assistência res- a ACE deve ser presumida, independentemente dos achados
piratória, diz-se que o paciente está em crise. na radiografia de tórax. O diagnóstico de ACE em adultos é
As anormalidades neuromusculares na MG são desenca- complicado pelo fato de que os pacientes nem sempre valori-
deadas por resposta autoimune mediada por anticorpos zam ou lembram-se de uma história de engasgo. O diagnóstico
anti-AChR específicos. Tais anticorpos reduzem o número é frequentemente negligenciado, exceto quando o paciente ou
de AChR disponível nas junções neuromusculares através testemunhas relatam um episódio típico de asfixia. A apresen-
de três mecanismos distintos: (1) renovação acelerada dos tação clínica na fase aguda é rara em adultos, uma vez que, na
AChR através de um mecanismo envolvendo o entrecruza- maioria das vezes, o CE migra para a árvore brônquica distal.
mento e a rápida endocitose dos receptores; (2) bloqueio do Quando um objeto grande é aspirado, causando dificuldade
local ativo do AChR, isto é, o local onde a ACh normalmente respiratória, afonia, cianose e tosse persistente, o diagnóstico é
se liga; e (3) lesão da membrana muscular pós-sináptica por realizado com maior rapidez. Não é o habitual em adultos, pois
anticorpos em colaboração com o complemento. Resposta b. o calibre da via aérea permite a ventilação e geralmente uma
apresentação clínica mais sutil, muitas vezes com exame físico
normal. Isso acaba adiando o diagnóstico, principalmente se
30. Febre, tosse, expectoração e condensação pulmonar são o objeto for radiotransparente. O início repentino da tríade
dados compatíveis com síndrome de condensação pulmonar clássica (tosse, chiado e diminuição do murmúrio vesicular)
de etiologia bacteriana. A presença de broncograma aéreo é
muitas vezes não é observado.
compatível com condensação benigna, portanto o diagnósti-
co é de pneumonia. Resposta c. Nas crianças, o episódio testemunhado de asfixia, com um
quadro de engasgo seguido de acesso de tosse, muitas ve-
zes acompanhado de cianose perilabial, principalmente em
31. Derrame pleural desvia o mediastino contralateral; ate- uma criança previamente saudável, é bastante sugestivo de
lectasia traciona o mediastino homolateral à lesão. O medias- ACE, com sensibilidade de 76-92% para o diagnóstico. No
tino centrado é justificado quando da associação de atelecta- entanto, nem sempre o episódio é relatado espontaneamente
sia com derrame pleural. Resposta b. pelos pais, principalmente quando o episódio agudo é autoli-
mitado e seguido por um período sem sintomas, que os pais
32. Cisto broncogênico pulmonar na maioria dos casos (dois interpretam erroneamente como um sinal de resolução, atra-
terços) ocorre nos lobos inferiores. A imagem é geralmen- sando o diagnóstico. A ACE também pode ser suspeitada no
te de uma opacidade focal bem definida, arredonda ou oval, primeiro quadro súbito de sibilância, na tosse persistente e na
com densidade homogênea. O bócio mergulhante se localiza diminuição segmentar do murmúrio vesicular em pacientes
no mediastino anterior e superior, pode rechaçar a traqueia com estridor, sibilos localizados ou dificuldade respiratória
para a esquerda e não cursa com calcificações. O linfoma é refratária ao tratamento. Uma história de asfixia, quando es-
ambém uma massa de mediastino anterior mas que não se pecificamente solicitada, é encontrada em cerca de 90% dos
apresenta com calcificações grosseiras. A hérnia de Bochda- casos confirmados de ACE.
lek é uma hérnia diafragmática congênita que se localiza pos- Quando o diagnóstico é tardio, o período de latência entre
terior e à esquerda. Quando a herniação é a direita recebe a o episódio de aspiração e o aparecimento ou piora dos sin-
denominação de hérnia de Morgani. tomas pode durar dias, meses ou anos, dependendo do grau
Os achados radiólogicos são compatíveis com sarcoidose. O de obstrução da via aérea e da natureza do material aspirado
padrão típico consiste em linfonodomegalia hilar bilateral e (orgânico ou inorgânico). Resposta e.
simétrica e linfonodomegalia paratraqueal direita, mas fre-
quentemente também há evidência de linfonodomegalia nas
regiões aortopulmonar e subcarinal. Linfonodomegalia hilar 34. A grande totalidade dos cânceres de pulmão são de ori-
unilateral ocorre em apenas 5% dos casos, devendo chamar gem epitelial, sendo que aproximadamente 80% de todos os
a atenção para outras causas possíveis de linfonodomegalia. carcinomas broncogênicos é típicamente classificado em ti-
Calcificação linfonodal geralmente difusa pode ser vista na pos celulares específicos. Carcinoma de células escamosas,
radiografia em até 20% dos casos e costuma ser um achado adenocarcinorma e carcinoma de grandes células fazem par-
masi tardio. O padrão em “casca de ovo” é incomum. te desse grupo. O carcinoma tipo células pequenas (out cell)
A doença não se expressa só por envolvimento ganglionar hilar representa 15 a 20% dos casos, sendo o mais agressivo dos
e mediastinal, mas também por doença intersticial com infiltra- cânceres de pulmão . Linfoma primário de pulmão represen-
do reticulonodular e/ou nodular. Pode haver áreas de condensa- ta 1% ou menos. O adenocarcinoma representa cerca de 40%
ção em vidro fosco, porém não são frequentes. Resposta d. dos casos. O aumento da incidência relativa do adenocarci-
noma verificado nas últimas décadas é atribuida ao uso de
filtros nos cigarros a partir da década de 1960.
33. Este é um quadro típico de aspiração de corpo estranho A maioria dos tumores de Pancoast é do tipo escamoso, de
(ACE). A apresentação clínica de pacientes com ACE é muito
crescimento lento e raramente produz metástases a distância.
variável, sendo dependente principalmente do grau de obs-
O tumor pode invadir a pleura e a parede torácica, causando
trução da via aérea. Fatores importantes também incluem o
a destruição da primeira e da segunda costelas, causando in-
fato de o evento ter sido testemunhado, a idade do pacien-
tensa dor. Pode também invadir e destruir o corpo vertebral.
te, o tipo de material aspirado, o tempo decorrido desde o
acidente e a localização do objeto. O atraso no diagnóstico A Síndrome de Horner é comum no tumor de Pancoast. Ela é
de ACE, e consequentemente no seu tratamento, acarreta secundária ao envolvimento da cadeia simpática e do gânglio es-
maiores complicações. Somente a metade dos casos de ACE trelado, causando enoftalmia unilateral, ptose palpebral, miose
188
é diagnosticada nas primeiras 48 horas. e anidrose ipsilateral da face e do membro superior. Resposta d.
Residência
Médica 2014
35. Todas as condições relacionadas são causas habituais de bordos, a sede, a presença e o padrão da calcificação, a cavi-
linfonodemegalias mediastinais, exceto fibrose pulmonar tação, a espessura da parede e lesões satélites. São indícios de
idiopática, uma condição que representa uma pneumonia malignidade: irregularidade dos bordos, presença de espícu-
intersticial crônica fibrosante sem etiologia definida que se las, cavitação de parede espessa e diâmetro maior que 2 cm.
caracteriza pelo padrão histopatológico e tomográfico de Por outro lado, o diâmetro inferior a 1 cm e a presença de
pneumonia intersticial usual. Vale frisar que linfonodome- calcificação sugerem benignidade. A realização de radiogra-
galia acometendo uma ou duas estações de linfonodos e me- fias em duas incidências define a posição central da calcifica-
dindo até 1,5cm é um achado comum em pacientes com FPI, ção no NPS e caracteriza a localização intraparenquimatosa.
linfonodomegalias expressivas não, mas de acordo com o que Khouri e cols. relatam que entre 10% a 20% das lesões de
foi dito acima, FPI cursa com pequenos linfonodos mediasti- pequenas dimensões, detectadas nas radiografias realizadas
nais, portanto com ressalvas. Resposta a. na incidência posteroanterior, na realidade não eram intra-
Gabarito Comentado
pulmonares. A presença de lesões satélites está mais frequen-
temente associada a granuloma. Os achados considerados
36. O quadro é de miastenia gravis. Os medicamentos anticoli- como evidências de benignidade são: calcificação central,
nesterásicos produzem melhora pelo menos parcial na maioria difusa, em pipoca ou laminar, e estabilidade radiológica do
dos pacientes miastênicos, sendo total em alguns pacientes. A NPS por pelo menos dois anos. Resposta d.
piridostigmina é o agente anticolinesterásico mais amplamente
utilizado. Em geral, a ação benéfica da piridostigmina oral co-
meça em 15 a 30 min e permanece por 3 a 4 h, mas as respostas 38. Pneumotórax espontâneo primário é uma doença de
individuais variam. Inicia-se o tratamento com uma dose mo- adultos jovens, com 85% dos casos ocorrendo até os 40 anos.
derada, como, por exemplo, 30 a 60 mg 3 ou 4 vezes/dia. A fre- Neste caso a persistência de fuga aérea por mais de 4-5 dias
quência e dose do fármaco devem ser ajustadas de acordo com após a drenagem inicial é compatível com o diagnóstico de
as necessidades de cada paciente durante o dia. Por exemplo, fístula persistente e nesta situação a indicação é cirúrgica: bu-
os pacientes com fraqueza na mastigação e deglutição podem lectomia e pleurodese videotoracoscópica.
se beneficiar do uso do medicamento antes das refeições, de
modo que o pico de ação coincida com o horário das refeições. Indicações cirúrgicas no pneumotórax espontâneo
A piridostigmina de ação longa, às vezes, é útil ao paciente du- 1. Fuga aérea maciça sem reexpansão pulmonar
rante a noite, porém jamais deve ser usada durante o dia devi- 2. Fístula persistente por mais que cinco dias
do à variável absorção. A dose máxima benéfica de piridostig- 3. Segundo episódio de pneumotórax espontâneo
mina raramente deve exceder 120 mg a cada 3 a 6 h durante o 4. Complicações do pneumotórax (empiema, hemotórax)
5. Indicações ocupacionais (aviadores, mergulhadores, morado-
dia. A overdose com os anticolinesterásicos pode aumentar a
res de áreas distantes)
fraqueza e causar outros efeitos colaterais. Em alguns pacien- 6. Pneumotórax contralateral prévio
tes, os efeitos colaterais muscarínicos dos anticolinesterásicos 7. Pneumotórax bilateral simultâneo
(diarreia, cólica abdominal, salivação, náuseas) podem limitar
Resposta c.
a dose tolerada. A atropina/difenoxilato ou a loperamida são
úteis no tratamento dos sintomas gastrintestinais.
A remoção cirúrgica do timoma é necessária em virtude da 39. Trata-se de mediastinite necrotizante descendente cujo
possibilidade de disseminação local do tumor, embora a foco é odontogênico e que tem como organismos mais co-
maioria dos timomas seja benigna. Na ausência de tumor, as muns flora polimicrobiana com anaeróbios e aeróbios. Este
evidências disponíveis sugerem que até 85% dos pacientes tipo de mediastinite apresenta alta morbidade e alta morta-
apresentam melhora após a timectomia; desses, cerca de 35% lidade, 40% a 50%. O retardo no diagnóstico e o tratamento
alcançam a remissão livre de medicação. Entretanto, a melho- inapropriado (drenagem inadequada) são as principais cau-
ra costuma ser postergada em meses ou anos. A vantagem da sas de alta mortalidade. O sucesso do tratamento depende
timectomia é oferecera possibilidade de um benefício a longo portanto do diagnóstico precoce, antibioticoterapia maciça e
prazo, em alguns casos reduzindo ou eliminando a necessida- ampla drenagem das lojas supuradas. A drenagem cervical e
de do tratamento clínico contínuo. Em decorrência desses be- do mediastino inferior precoce e agressiva é a chave do tra-
nefícios em potencial e do risco desprezível em mãos hábeis, tamento. Procedimentos como toracotomia bilateral incisão
a timectomia ganhou ampla aceitação no tratamento da MG. em “concha” (clamshell) e até mesmo múltiplas drenagens
É consenso que a timectomia deve ser realizada em todos os devem ser considerados. Resposta d.
pacientes com miastenia generalizada que estejam entre a pu-
berdade e pelo menos 55 anos de idade. Ainda está em debate
se a timectomia deve ser indicada às crianças, aos adultos com 40. As complicações pós-operatórias são fáceis de serem pre-
mais de 55 anos e pacientes cuja fraqueza se limite aos múscu- venidas, aderindo-se aos princípios técnicos adequados.
los oculares. Há também evidências de que os pacientes com O mau posicionamento do tubo pode levar à ulceração, obs-
MG positiva para anticorpos anti-MuSk podem não responder trução, granuloma e hemorragia. A radiografia pós-opera-
à timectomia. Esta deve ser administrada em um hospital onde tória esclarece a posição do tubo e evita esses problemas. A
tal procedimento seja frequente, e a equipe se mostre expe- hemorragia quase sempre é devida a erro técnico e pode ser
riente na assistência pré e pós-operatória, na anestesia e nas fatal em caso de inundação da árvore brônquica.
técnicas cirúrgicas da timectomia total.Resposta b.
Nas pequenas perdas sanguíneas é suficiente abrir a ferida
cirúrgica e, nas maiores, a reexploração torna-se mandatória.
37. As características radiológicas do NPS são de suma im- As hemorragias tardias são devidas à erosão de um grande
portância e, em alguns casos, definem a natureza do nódulo. vaso e, mais comumente, à artéria inominada. O tratamento
189
Os seguintes aspectos são analisados: a forma, o diâmetro, os consiste em aplicar compressão na artéria rompida e abertura
Cirurgia | Torácica
do esterno com ligadura do vaso. A formação de crostas e 42. Abscesso pulmonar é uma coleção localizada de pus, con-
tampões mucosos deve-se à falta de umidificação e de cui- tida em uma cavidade originada da necrose subaguda do pa-
dados com a toalete brônquica. O deslocamento da cânula e rênquima pulmonar, a qual foi causada por uma infecção mi-
subsequente saída pode ser fatal e é devida à falta de atenção crobiana prévia. Geralmente, é originado como aspiração de
injustificável. Resposta c. conteúdo de orofaringe, levando à infecção pulmonar aspira-
tiva e à inflamação supurativa circunscrita seguida de necrose.
Uma lesão necrótica escavada do parênquima pulmonar, com
41. Habitualmente o pneumotórax espontâneo resulta da
mais de 2 cm de diâmetro, é designada como abscesso; cavi-
ruptura de blebs ou vesículas enfisematosas subpleurais, ge-
dades menores, usualmente múltiplas, costumam fazer parte
ralmente localizadas nos ápices dos pulmões ou dos lobos
do que arbitrariamente se chama de pneumonia necrotizante.
pulmonares. Existe uma incidência de 20% a 50% de recidiva
do pneumotórax; 90% das recorrências ocorrem do mesmo No abscesso pulmonar a infecção geralmente é por anaeró-
lado do episódio inicial. Após o segundo episódio, o índice bios e pode estar associada a etilismo, pacientes debilitados,
de recorrência aumenta para 60% a 80%. Os fatores de risco idosos ou a condições que predispõem à broncoaspiração.
de recorrência incluem: mais que um episódio prévio, bolhas A radiografia de tórax convencional demonstra uma área ar-
visíveis ao exame radiológico e pacientes longilíneos. redondada de consolidação precocemente, enquanto um ní-
Um pneumotórax pequeno, estável, menor que 20%, num vel hidroaéreo na radiografia de tórax em decúbito lateral ou
paciente assintomático pode ser mantido em observação, o em posição ereta é visível mais tardiamente. Estes achados são
que não é o caso deste paciente, que deve ser submetido a também definidos pela TC, e este exame na fase inicial mostra
área hipodensa arredondada, muitas vezes cercada por tecido
drenagem pleural em selo d´água.
que realça com contraste intravenoso, dentro de uma área de
O dreno pleural pode ser colocado no 5º ou 6º espaços in- consolidação: A RNM tem pouca aplicabilidade, diferente da
tercostais na linha axiliar anterior ou no segundo espaço bronscopia que pode ser útil para o diagnóstico para se descar-
intercostal na linha hemiclavicular. A reexpansão completa tar corpo estranho, estenose ou câncer, assim como pode ser
do pulmão pode ser obtida mesmo na presença de uma fís- usada como terapêutica (drenagem da cavidade).
tula aérea. Ocorre, então, a aderência entre a pleura parietal
A antibioticoterapia deve ter cobertura para anaeróbios e ae-
e a pleura visceral. A própria presença do dreno promove
róbios. A maioria dos pacientes (85%-95%) responde ao tra-
inflamação secundária, o que deve facilitar a sínfise pleu- tamento clínico com redução rápida no líquido, colapso das
ral. Pode ser aplicada aspiração pleural contínua no sistema paredes e completa cicatrização em 3 a 4 meses. Os pacientes
de drenagem se a reexpansão for incom pleta, ou, então, com sintomas de longa duração, com mais de 3 meses antes
se o débito da fístula for maior que a capacidade do dre- do tratamento ou cavidades maiores do que 4 a 6 cm apresen-
no pleural de remover o ar apenas por um sistema em selo tam menor probabilidade de resposta.
d’água. Quando se consegue a aposição das duas superfí-
cies pleurais, a fístula geralmente fecha. O dreno pleural é A terapia cirúrgia é indicada para a cavitação persistente (> 2
mantido pelo menos 24 horas após o fechamento da fi’stuia, cm e de paredes espessas) após 8 semanas de terapia clínica,
incapacidade de se eliminar a sepse, hemoptise (frequente-
comprovado pela cessação do borbulhamento no frasco de
mente pequena hemorragia sentinela antes de uma hemor-
drenagem. Alguns pacientes com pneumotórax espontâneo
ragia maciça) e para excluir o câncer. Se um abscesso pulmo-
primário que apresentam reexpansão completa do pulmão
nar se romper para dentro da cavidade pleural, uma simples
após a drenagem pleural podem ser tratados ambulatorial-
drenagem é suficiente, com o paciente sendo tratado como
mente com a conexão de uma válvula unidirecional ao dre-
empiema ou fístula broncopleural. A lobectomia é em geral
no pleural (válvula de Heimlich).
necessária; a taxa de mortalidade é de 1% a 5%. Às vezes, pode
Nove a 20% dos pacientes com pneumotórax espontâneo re- ser necessária uma drenagem externa em pacientes critica-
querem o tratamento cirúrgico. As principais indicações para mente enfermos se ocorreu uma sínfise pleural. Resposta c.
tratamento cirúrgico são: fístula aérea maciça, que impede a
reexpansão do pulmão, fístula aérea que permanece por mais
de quatro a cinco dias e o pneumotórax recidivado a partir 43. Estadiamento é a avaliação da extensão da doença neo-
do segundo episódio. Além disso, existem algumas indica- plásica de um paciente, permitindo seu agrupamento com
ções específicas que devem ser consideradas. Por exemplo, o outros pacientes, com extensão de doença semelhante e obje-
desenvolvimento de pneumotórax em pacientes que desen- tivando uniformizar os tratamentos e facilitar a análise de da-
volvam profissões como pilotos de aviação, meurgulhadores, dos epidemiológicos. O estadiamento se baseia na avaliação
do tamanho, da localização e do grau de invasão do tumor
alpinistas, paraquedistas, praticantes de esportes “radicais” e
primário, bem como na identificação da possível presença de
indivíduos que vivem em áreas remotas. O tratamento cirúr-
doença locorregional ou metastática.
gico pode ser associado à abrasão ou pleurectomia para pro-
duzir uma sínfise pleural mais efetiva. A operação pode ser Apesar das campanhas antitabágicas, a principal causa do
realizada por várias vias de acesso, incluindo a toracotomia câncer de pulmão continua sendo o tabagismo.
lateral, a toracotomia anterolateral, a toracotomia vertical A tosse, seca ou produtiva, é o sintoma ,mais comum associada
axilar limitada, a toracotomia mediana transesternal permi- ao câncer do pulmão. A maioria dos pacientes com suspeita de
tindo a abordagem bilateral. A incisão mais frequentemen- câncer do pulmão é fumante de longa data e frequentemente
te utilizada atualmente é a toracotomia axilar limitada, sem portador de bronquite crônica. Por isso, a tosse e a expectora-
secção muscular, em que por incisão relativamente pequena ção, habitualmente presentes nesses pacientes, podem não ser
obtem-se bom acesso ao ápice pulmonar e ao tratamento da devidamente valorizadas. Portanto, modificação no padrão da
bolha. As bolhas podem ser suturadas, ligadas ou preferen- tosse existente ou alteração na qualidade de expectoração são
190
cialmente grampeadas com sutura mecânica. Resposta d. consideradas suspeitas e merecem investigação.
Residência
Médica 2014
A tosse pode ser causada por um pequeno tumor agindo monares de células não pequenas, as metástases a distância
como um corpo estranho dentro do brônquio ou pode ser predominam no adenocarcinoma, seguido pelo carcinoma
secundária à ulceração da mucosa. É um sintoma comum em indiferenciado de grandes células e pelo carcinoma escamoso.
todo paciente com câncer do pulmão de qualquer localiza- As metástases extratorácicas do câncer do pulmão são mais
ção, entretanto ela é mais comumente observada nos porta- frequentes para o sistema nervoso central, os ossos, o fígado
dores de tumores centrais. e as suprarrenais, nessa ordem.
A hemoptise está presente em 1/3 dos casos das neoplasias pul- Estágio IV (qualquer T, qualquer N, M1). No carcinoma pul-
monares. Por isso, todo episódio de hemoptise em indivíduos monar, as metástases são classificadas como intratorácicos
com mais de 40 anos deve ser investigado com radiografia do (M1a - nódulo pulmonar tumoral no pulmão contralateral,
tórax e broncofibroscopia. Aproximadamente 20% de todos os metástase pleural e derrame pleural neoplásico) ou extrato-
Gabarito Comentado
casos de hemoptise resultam do câncer do pulmão. rácicos (M1b - metástases a distância). O tratamento cirúrgi-
A quantidade de sangue expelida pela tosse pode variar des- co para estes pacientes é absolutamente excepcional e restrito
de pequenas quantidades capazes de salpicar ou raiar o escar- aos pacientes com metástases isoladas, sem acometimento
ro, até volumosas hemoptises secundárias à ruptura das veias mediastinal e com doença pulmonar completamente resse-
brônquicas resultantes da invasão tumoral. cável. Para que os pacientes sejam selecionados corretamen-
Nas metástases pulmonares oriundas de neoplasias extrapul- te, é fundamental um processo de estadiamento minucioso
monares e hemoptise é rara. cujo objetivo fundamental é excluir de uma possível cirurgia
os pacientes que tenderão a não se beneficiar dela. Este “ul-
O grande volume de sangue que flui pelos pulmões através traestadiamento” deve contemplar o melhor armamentário
dos vasos pulmonares é o responsável pela precoce e fre- disponível, incluindo PET-CT, ressonância magnética de crâ-
quente disseminação hematogênica do câncer do pulmão. nio e, é claro, a abordagem invasiva do mediastino, na qual a
A frequência das metástases extratorácicas varia de acordo mediastinoscopia cervical ainda é aceita como padrão ouro.
com o tipo celular e a diferenciação histológica do tumor: é A presença de acometimento de linfonodos dos mediastinais
maior no carcinoma indiferenciado de células pequenas e nos (N2) associada à metástase contraindica o tratamento cirúr-
tumores pouco diferenciados. No grupo dos carcinomas pul- gico, posto que indica doença disseminada. Resposta a.
Causas de transudato
· Insuficiência cardíaca (90% dos casos)
· Cirrose com ascite
· Síndrome nefrótica
· Hipoalbuminemia grave
· Diálise peritoneal
· Síndrome da veia cava superior
· Outros: mixedema, urinotórax, pericardite constritiva, atelectasia, embolia pulmonar (mais frequentemente é um exsudato)
Na síndrome de Meigs a tríade clássica consiste em ascite, derrame pleural e tumor benigno de ovário. Mais recentemente,
a síndrome também tem sido descrita com tumores benignos de útero e mesmo tumores malignos de ovário de baixo grau
de agressividade. A ascite origina-se da hiperprodução de fluido pelo tumor e acredita-se que o derrame pleural decorra de
passagem direta do líquido ascítico para a cavidade torácica. A síndrome de Meigs deve entrar no diagnóstico diferencial de
derrames pleurais sem causa aparente; o diagnóstico pode ser sugerido pelo achado de massa pélvica. O derrame pleural é do
lado direito em 70% dos pacientes e bilateral em 20%. As características do líquido pleural são: exsudativo, baixa celularidade
(< 1.000 células); a citologia oncótica pode sugerir o diagnóstico; a laparoscopia com biópsia confirma a doença. Tanto o der-
rame pleural quanto a ascite desaparecem após tratamento da causa subjacente.
Síndrome de Dressler é uma pericardite pós IAM, autoimune e que ocorre 3 a 4 semanas após a ocorrência do infarto. O der-
191
rame pericárdico quando presente é um exsudato. Resposta d.
Cirurgia | Torácica
45. Os dados que definem o diagnóstico neste caso são os doença ao diagnóstico, como dor torácica, febre, perda de
marcadores tumorais. Trata-se de tumor não seminomatoso peso, dispneia e ginecomastia. Em cerca de 85-90% dos ca-
do mediastino. Neoplasia de células germinativas (NCG) não sos já existem metástases ao diagnóstico, sobretudo em pul-
seminomas incluem coriocarcinoma, carcinoma embrioná- mão, pleura, linfonodos e fígado. Níveis séricos de AFP e/ou
rio, teratoma imaturo e tumores do saco vitelino (ou do seio β-HCG encontram-se tipicamente elevados em cerca de 85%
endodérmico) e podem ser encontrados nas suas formas pu- dos casos. NCG não seminomas do mediastino são mais pro-
ras (um terço dos casos) ou mistas. Representam, no adulto, váveis de causar elevações de AFP e menos comumente de
aproximadamente 15% dos tumores do mediastino anterior β-HCG que não seminomas gonadais e retroperitoneais. Sé-
e 5% das NCG mediastinais. Acometem principalmente ho- rie contendo 635 pacientes com NCG extragonadais mostrou
mens (85-90%), na sua maioria entre 20-40 anos, com igual AFP elevada em 74% das NCG não seminomas mediastinais
distribuição entre as raças. Podem, em alguns casos, estar as- e 51% das retroperitoneais com medianas de valores de AFP
sociados à Síndrome de Klinefelter ou a certas malignidades nos tumores mediastinais e retroperitoneais 2.548 ng/mL e
hematológicas, como leucemia megacariocítica aguda, leuce- 25 ng/mL, respectivamente. Resposta b.
mia mieloide, mielodisplasia e histiocitose maligna.
NCG não seminoma do mediastino são frequentemente tu- 46. Este paciente preenche critérios para T3 (veja ilustração
mores invasivos e à TC de tórax aparecem como massas he- abaixo); N0: ausência de linfonodomegalia e M0: ausência
terogêneas contendo áreas de necrose e hemorragia. Quase de metástase à distância. O Estádio IIB inclui: T2bN1M0 e
90% dos pacientes apresentam-se com sinais e sintomas da T3N0M0.
Resposta c.
47. Obviamente este paciente precisa ser estadiado de forma precisa e, para tal, há indicação precisa de mediastinoscopia.
A mediastinoscopia cervical e a mediastinotomia anterior têm sido utilizadas tradicionalmente para o diagnóstico do câncer
do pulmão e principalmente para o estadiamento mediastinal. A mediastinoscopia cervical alcança os linfonodos paratraque-
ais à direita e os subcarinais, e através da mediastinotomia anterior podem-se biopsiar os linfonodos paratraqueais à esquerda,
os supra-aórticos e os da janela aortopulmonar. A mediastinoscopia está indicada nos pacientes portadores do carcinoma
do pulmão de não pequenas células, candidatos a cirurgia, nos quais a tomografia computadorizada do tórax identificou, no
mediastino, linfonodos maiores do que 1 cm no seu menor diâmetro. Resposta b.
fítico. Posteriormente, o tecido de granulação é gradualmente No caso do lobo superior ser enfisematoso, nota-se pequena
substituído por uma cicatriz fibrótica madura, que se contrai e sombra triangular, representando o lobo inferior colabado,
origina a lesão clássica da estenose. O método eleito para o tra- junto à margem inferior da borda cardíaca.
tamento da estenose traqueal – a traqueoplastia – está de acordo
No caso do lobo médio ser enfisematoso, nota-se pequena
com a opinião de diversos pesquisadores. Segundo estudo ita-
liano, a ressecção cirúrgica foi considerada a primeira escolha área de densidade representando o lobo superior direito co-
para o tratamento da estenose traqueal, sendo a broncoscopia labado, perto do ápice da cavidade torácica, e outra junto à
intervencionista indicada apenas nos casos de falência respirató- margem inferior do coração.
ria. Além disso, foi considerado que tratamento pré-operatório, Há desvio do mediastino para o lado contralateral, desloca-
como laser e/ou prótese endotraqueal, poderia aumentar a ex- mento para baixo do diafragma e alargamento dos espaços
tensão da injúria e o comprimento da estenose. Similarmente, intercostais no lado comprometido.
Gabarito Comentado
outros autores consideram a ressecção da estenose como o pa-
drão-ouro para o tratamento da estenose das grandes vias aéreas Na incidência lateral pode ser visualizado o mediastino ante-
após intubação. Resposta c. rior com radiotransparência aumentada, revelando uma hér-
nia do lobo afetado e o coração deslocado posteriormente.
Logo após o nascimento, a radiografia de tórax pode de-
49. Após a realização da pneumectomia e o fechamento da in-
monstrar uma área de maior opacidade nesse lobo doente,
cisão, o cirurgião se defronta com o problema de um grande
causada por retenção anormal de fluido pulmonar fetal pela
espaço pleural vazio, correspondente ao pulmão ressecado.
A pressão no espaço pleural vazio deve ser ajustada a partir obstrução brônquica. Só após eliminar esse líquido ou absor-
do término do ato cirúrgico, em torno de 2 a 4 cm de água vê-lo é que costuma surgir hiperaeração. Esse achado é mais
na inspiração, e uma pressão positiva de 2 a 4 cm na expira- comum no lobo polialveolar. Resposta d.
ção. Esta conduta permite evitar deslocamento mediastinal e
hiperdistensão do pulmão remanescente – ambos fenômenos
52. O enfisema bolhoso é congênito, sem doença pulmonar
fisiopatológicos que podem agravar a evolução pós-operatória.
generalizada, ou é uma complicação do DPOC com uma do-
A drenagem pleural fechada pode determinar um risco ença pulmonar relativamente generalizada. O desafio é se-
maior para o desvio do mediastino. Resposta b. parar a incapacitação relacionada às bolhas da causada pelo
enfisema crônico ou pela bronquite crônica. O DPOC é um
50. O quadro é de pneumonia (etiologia provável anaeróbios bom índice do estado de gravidade da doença pulmonar ge-
e/ou gram-negativos, levando em conta o etilismo crônico) neralizada. Na angiografia pulmonar, as bolhas são frias e
complicada com abscesso pulmonar (nível hidroaéreo) e der- não contêm vasos. As bolhas podem comprimir o pulmão
rame pleural (mediastino deslocado para o lado contralate- normal com amontoamento da vasculatura pulmonar relati-
ral) de grande volume que pode corresponder a um quadro vamente normal. O DPOC pode mostrar um estreitamento
de empiema. O desbridamento cirúrgico da cavidade pleural abrupto e afilamento dos vasos. A opção cirúrgica inclui a
(pleuroscopia/videotoracoscopia) para remoção dos coágu- ressecção da bolha para deixar tecido pulmonar funcionante.
los de fibrina, lise de loculações pleurais lavagem da cavidade Os pacientes sintomáticos com dispneia progressiva podem
é essencial aliada à drenagem pleural fechada. Resposta b. submeter-se à remoção das bolhas com bons resultados. A
doença precisa estar localizada com espaço aéreo ocupando
51. O local mais frequente do enfisema lobar congênito é o pelo menos 40% a 50% de um hemitórax. O restante do pa-
LSE, seguido pelo LMD e LSD. rênquima pulmonar “bom” está comprimido pelas bolhas.
É necessária apenas uma simples remoção da bolha isolada.
O lobo enfisematoso costuma causar atelectasia de lobo ou
A lobectomia raramente é indicada, pois o tecido pulmonar
lobos ipsilaterais, desvio do mediastino para o lado oposto e
bom é removido, o que frequentemente é necessário para
compressão do pulmão contralateral. O lobo enfisematoso
uma função independente destes pacientes com um prejuízo
pode herniar para o outro lado através do mediastino anterior.
pulmonar significativo. Resposta e.
A ressecção do pulmão acometido é terapêutica e bem tolerada.
A etiologia permanece ainda não totalmente esclarecida.
Pode ser o resultado de obstrução brônquica, doença alve- 53. Se os linfonodos mediastinais estiverem aumentados de
olar, ou ambos. tamanho (> 1 cm), será necessário estadiamento invasivo para
Algumas causas podem ser potencialmente reversíveis (rolha definir a extensão do comprometimento destes linfonodos.
de muco, secreções, tecido de granulação). A mediastinoscopia cervical e a mediastinotomia anterior
Radiografia de tórax com incidências anteroposterior e lateral: têm sido utilizadas tradicionalmente para o diagnóstico do
é o exame que confirma o diagnóstico. Demonstra imagem de câncer do pulmão e principalmente para o estadiamento
radiotransparência aumentada no hemitórax comprometido mediastinal. A mediastinoscopia cervical alcança os linfo-
com esboço de fina trama broncovascular. É possível confun- nodos paratraqueais à direita e os subcarinais, e através da
dir a zona radiolucente com pneumotórax, mas examinando a mediastinotomia anterior podem-se biopsiar os linfonodos
chapa com luz brilhante, são vistas as tramas broncovasculares paratraqueais à esquerda, os supra-aórticos e os da janela
dirigindo-se à pleura parietal. Essa imagem de hiperaeração aortopulmonar. A mediastinoscopia está indicada nos pa-
não tem uma margem claramente demonstrada na radiogra- cientes portadores do carcinoma do pulmão de não pequenas
fia, sendo difícil precisar a distribuição lobar. A inspiração e células, candidatos a cirurgia, nos quais a tomografia compu-
expiração mostram persistente hiperaeração do pulmão, com- tadorizada do tórax identificou, no mediastino, linfonodos
193
patível com o diagnóstico de enfisema obstrutivo. maiores do que 1 cm no seu menor diâmetro.
Cirurgia | Torácica
13D
8 12E Zona JAP tem como objetivo propor uma terapêutica que melhore a
11D
5 Subaórtico
12D 9
9 13E
expectativa de vida, logo não faz sentido protocolar este pro-
6 Para-aórtico
14D 8 14E cedimento para todos os casos.
Derrame pleural
LFNs mediastinais inferiores
neoplásico
Zona subcarinal
6
7 Subcarinal Grande, Pequeno
sintomático ou Observação
ou recidivante assintomático
5
8 Paraesofágico
Encaminhar Estado geral Toracocentese
9 Ligamento pulmonar ao especialista ruim (PS < 70) de alívio
LFN N1
Bom estado Sem expansão Avaliar
Zona interlobar/hilar geral pulmonar – Toracocenteses de alívio
10 Hilar PS > 70% pós-toracocentese – Uso de catéteres de
3p
3a 11 Interlobar longa permanência
– Derivação pleuro-
Zona periférica Expansão peritoneal
12 Lobar pulmonar
pós-toracocentese
13 Segmentar
14 Subsegmentar
Drenagem +
Falha da Nova
pleurodese ou
Figura Estadiamento do câncer do pulmão – normas atualizadas pela In- pleurodese pleurodese
VATS + pleurodese
ternational Association for the Study of Lung Center.
Resposta b.
As ilustrações acima deixam claro que as opções C e D tam-
bém estão corretas. Resposta e.
58. A síndrome do desfiladeiro cervicotorácico (SDCT) re-
sulta da compressão das estruturas neurovasculares ao nível
54. Trata-se de uma síndrome de derrame pleural em adulto da cintura escapular. A SDCT pode ser consequência tam-
jovem sem sinais e sintomas clínicos que sejam compatíveis bém da alteração do balanço entre os músculos das costas e
com derrame parapneumônico. A impressão diagnóstica do pescoço, e de outros grupos musculares.
mais provável é de tuberculose pleural, a conduta, obviamen- A compressão ocorre secundariamente a anomalias congêni-
te, é drenagem torácica (volumoso derrame pleural) e biópsia tas, trauma, doenças ou tipo de trabalho, sendo motivada por
pleural com agulha de Cope. Resposta d. ação de músculos, ligamentos, bandas fibrosa e ossos sobre o
feixe vasculonervoso no espaço de saída do tórax e no espaço
55. Este hidropneumotórax velando todo o HTE em um pa- costoclavicular.
ciente com diagnóstico de pneumonia comunitária mantendo A primeira costela é parte de quase todos os mecanismos
febre deve corresponder a um quadro de empiema e, sendo compressivos na SDCT. Ela pode ser anormal, porém mesmo
assim, a indicação é imediata para drenagem torácica fechada. a primeira costela normal pode participar da compressão do
Suspeita clínica plexo braquial.
Radiografia de tórax As costelas cervicais podem comprimir o feixe vasculoner-
frente e perfil
voso, embora isso nem sempre ocorra. Inicialmente, acredi-
Derrame tava-se ser necessária a presença de costela cervical para ser
diagnosticada a SDCT. Telford demonstrou que a primeira
Toracocentese
costela era o agente mais improtante na gênese da SDCT, sen-
Líquido de aspecto Presença de germes Líquido de aspecto
do dispensável a presença de costela cervical. Apenas 10%
não-purulento purulento
das pessoas com costela cervical desenvolvem sintomas.
Existem várias bandas fibrosas congênitas que podem provocar
pH > 7,2 pH > 7,2
DHL < 1.000 DHL < 1.000 EMPIEMA
Derrame parapneumônico
SDCT. Ross descreveu nove bandas fibrosas que podem com-
Exografia tórax
primir o plexo braquial e os vasos subclávios. Essas diversas
Tomografia
computadorizada? estruturas comprimem o plexo braquial e os vasos sangüíneos.
Definição fase
evolutiva
A compressão do plexo braquial é mais comum e as raízes mais
atingidas são C8 e T1. A compressão arterial pode provocar a
Fase aguda Fase de transição: Fase crônica
Drenagem Pleuroscopia Pleurostomia trombose de artéria subclávia, dilatação arterial pós-estenóti-
Pleural fechada Decorticação pulmonar precoce Decorticação pulmonar
ca, aneurisma da artéria subclávia e embolia. A compressão
194
Resposta e. venosa pode ser definitiva com trombose, ou intermitente.
Residência
Médica 2014
A compressão arterial subclávia pode ser fonte de embolias plênico também pode ocorrer como resultado de uma infecção
periféricas e cerebrais. Scher e cols. classificaram as lesões proveniente de uma estrutura contígua, como o cólon, o rim ou
vasculares na SDCT em: o pâncreas. Em muitos casos, os cocos Gram-positivos, como
estádio 0, sem lesão arterial; Staphylococcus, Streptococcus, ou espécies de Enterococcus e os
organismos entéricos Gram-negativos, são os agentes infectan-
estádio I, estenose da artéria subclávia com dilatação pós- tes. Os abscessos esplênicos também podem ser causados por
-estenótica; agentes fastidiosos, como o Mycobacterium tuberculosis, Myco-
estádio II, aneurisma de artéria subclávia, trombose mu- bacterium avium e as espécies Actinomyces. Os pacientes imu-
ral e lesão de íntima; nossuprimidos podem desenvolver múltiplos abscessos fúngi-
estádio III, trombose de artéria subclávia e embolização dis- cos, tipicamente pela infecção pelas espécies Candida.
tal. O quadro clínico do abscesso esplênico costuma ser inespe-
Gabarito Comentado
Resposta e. cífico e insidioso, incluindo dor abdominal, febre, peritonite
e dor torácica pleurítica. A dor abdominal é localizada no
quadrante superior esquerdo em menos da metade dos ca-
59. Apenas 5% dos pacientes com artrite reumatoide têm sos e na maioria das vezes é uma dor abdominal vaga. A es-
derrame pleural; ocorre mais frequentemente em homens, plenomegalia está presente em uma minoria de pacientes. O
e em idosos; e 80% deles têm nódulos subcutâneos e artri- diagnóstico é feito com maior precisão pela TC; no entanto,
te reumatoide de longa data. Febre, tosse e dor torácica são ele também pode ser feito pela ultrassonografia. Dois terços
comuns. O derrame costuma ser de tamanho pequeno a mo- dos abscessos esplênicos em adultos são solitários, e o terço
derado, sendo bilateral em 25% dos pacientes. Pode haver restante é múltiplo. Estas relações se invertem em crianças.
regressão espontânea do derrame de um lado e surgir, em A abordagem inicial ao tratamento do abscesso esplênico de-
seguida, do outro lado. Em um terço dos pacientes há mani- pende de se ele é unilocular ou multilocular. Os abscessos
festações pulmonares associadas. A pleura costuma tornar-se uniloculares são passíveis de drenagem orientada pela TC,
espessada e apresenta vários nódulos. e esta abordagem, conjuntamente com a administração de
Características do líquido pleural: glicose (< 30 mg/dL), antibióticos sistêmicos, tem uma taxa de sucesso que excede
pH, DHL e alto título de fator reumatoide (> 1:320). No 75% e que pode chegar a 90% quando são considerados ape-
início, a glicose do líquido pleural pode estar normal, mas, nas pacientes com coleções uniloculares. O fracasso de uma
com o tempo, ela vai diminuindo. Aumentada concentração resposta clínica imediata à drenagem percutânea deve levar
de colesterol é comum, assim como a formação de cristais. a uma esplenectomia sem demora. Em geral, os abscessos
Resposta b. multiloculares devem ser tratados pela esplenectomia, com
drenagem do quadrante superior esquerdo e administração
de antibióticos. Resposta e.
60. Todas são complicações, exceto o edema de re-expansão,
observado na drenagem de um derrame pleural no qual a re-
tirada foi maior que 1 a 1,5 litro. 62. Os comentários da questão 43 deixam claro que o diag-
nóstico mais provável é endorcadite infecciosa. Principal-
Complicações da broncoscopia de fibra óptica mente se você levar em consideração o quadro de emboliza-
Reação adversa à pré-medicação. ção séptica e sopro cardíaco. Resposta c.
Reação adversa ao anestésico local.
Reação vasovagal. 63. Todas as afirmações são corretas, exceto a opção A, já
Laringoespasmo.
que derrame pleural hemorrágico está associado a neoplasia,
tuberculose, trauma ou embolia pulmonar. Raramente pode
Broncospasmo
ocorrer em derrame parapneumônico. Resposta a.
Pneumotórax
Rotura de abscesso pulmonar
64. Os timomas são os mais comuns tumores tímicos, acome-
Hemorragia traumatismo das VAS tendo, principalmente, o compartimento anterior. A faixa etária
Hipoventilação varia entre 35 e 70 anos, com idade média de 35 anos. De modo
Hipoxemia geral, as massas mediastinais anteriores pequenas, sem sinais de
Arritmia cardíaca
invasão por contiguidade e assintomáticos não necessitam de
biópsia diagnóstica. A indicação seria a ressecção total da massa.
Infarto do micárdio No entanto, alguns casos necessitam de confirmação diagnósti-
Febre pós-broncoscopia ca para melhor abordagem terapêutica. O procedimento pode
Resposta a. ser feito por punção aspirativa por agulha fina com bom rendi-
mento nos serviços que dispõem de boa citologia e imunocito-
química. Também pode ser feita com agulha do tipo Tru-Cut.
61. O diagnóstico já está definido. Trata-se de abscesso A maioria dos timomas tem crescimento muito lento, de for-
subfrênico e abscessos esplênicos. ma que estes podem ter sintomas inespecíficos. Estima-se que
Aproximadamente 70% dos abscessos esplênicos resultam da cerca de 30 a 50% dos tumores são assintomáticos. Algumas
disseminação hematogênica do organismo infectante prove- vezes são diagnosticados de forma incidental durante exames
niente de outra localização, conforme ocorre com a endocardite, radiográficos admissionais ou no pré-operatório para outras
195
a osteomielite e o abuso de drogas intravenosas. O abscesso es- patologias. Outras vezes, em virtude de seu tamanho, vão apre-
Cirurgia | Torácica
sentar sintomas compressivos como tosse, dor torácica, sensa- O fato mais frequente, no entanto, é a presença de escape aé-
ção de “peso” retroesternal ou dispneia leve. Podem também reo intermitente que oscila com a tosse, indicativo de perda
apresentar-se de forma mais agressiva com comprometimen- aérea parenquimatosa. Esta situação, a princípio, não requer
to dos grandes vasos (veia inominada e veia cava superior), medidas específicas além da manutenção de aspiração nos
levando à síndrome da veia cava. Esta cursa com turgência drenos, analgesia e fisioterapia repiratória. A questão da aspi-
jugular, edema facial e de membros superiores e circulação ração nos drenos divide opiniões. Alguns preconizam que a
colateral ao nível torácico. Caso invadam o nervo frênico, po- aspiração contínua tem efeitos deletérios nesta situação, pois
dem cursar com dispneia importante assim como rouquidão tenderia a perpetuar o escape de ar, retardando a remoção
no caso de acometimento do nervo laríngeo inferior. A disp- dos drenos. Outros mais radicais não utilizam a aspiração
neia pode ser decorrente, também, da invasão da pleura com mesmo na presença de espaço residual e escape aéreo. Um
produção de derrame. A presença de sinais e sintomas mais estudo prospectivo, realizado em pacientes com pneumotó-
exuberantes pode denotar mau prognóstico, em razão da pre- rax traumáticos (situação análoga à perda aérea por trauma
sença de lesões de comportamento muito agressivo, como no cirúrgico), demonstrou que pacientes submetidos à aspira-
caso dos carcinomas tímicos pouco diferenciadas ou timomas ção dos drenos pleurais tinham seus drenos removidos mais
no estágio III. Derrame pericárdico, perda de peso e caquexia precocemente, encurtando assim seu tempo de permanência
também apontam gravidade do caso, sobretudo se metastático. no hospital. Muitos serviços utilizam aspiração com pressões
Diversas doenças são associadas aos timomas. São chamadas negativas entre 15 cmH2O a 20 cmH2O na quase totalida-
síndromes paratímicas e a miastenia gravis é a mais comum, de das ressecções lobares sem que isto tenha resultado em
estando presente em cerca de 30% dos casos (variação de 10 aumento do período de drenagem ou da incidência de fuga
a 67% segundo Detterbeck e Parsons). No entanto, apenas aérea prolongada. Ademais, temos observado que esta medi-
10 a 15% dos casos de MG apresentam timomas. Resposta b. da minimiza os desmandos e confusões causadas na equipe
de médicos assistentes, residentes e de enfermagem quanto
ao manuseio dos drenos, quando mantê-los sob aspiração,
65. Considera-se escape aéreo persistente a ocorrência de quando removê-la, além de serem evitados erros freqüentes
fuga aérea que se mantenha após o sétimo dia de pós-operató- na instalação dos equipamentos de aspiração típicas dos ser-
rio de uma lobectomia. Isto deve-se, mais frequentemente, a viços em que este tipo de rotina não está bem estabelecida.
uma solução de continuidade na sutura brônquica, aerostasia Os cuidados transoperatórios importantes na prevenção de
incompleta na sutura de bronquíolos/alvéolos, áreas cruentas escape aéreo prolongado são: manuseio cuidadoso do pa-
extensas ou presença de linhas de sutura sobre áreas bolhosas rênquima remanescente; uso de sutura mecânica na comple-
preexistentes. Após lobectomia por neoplasia esta tem sido a mentação da cissuras, evitar dissecções muito profundas no
complicação mais freqüentemente observada, respondendo hilo do lobo; redução do volume da cavidade pleural para
por mais de 25% do total de complicaçõesl. Alguns fatores adequar-se ao tamanho do lobo remanescente (por exemplo,
predisponentes têm sido identificados, tais como: anestesia frênica, pneumoperitôneo).
presença de enfisema pulmonar; Nos pacientes em que o escape aéreo persista, na presença
idade avançada; de pulmão expandido, a tática mais aplicável é a suspensão
cissuras incompletas; da aspiração e mobilização progressiva dos drenos (cerca
toracotomia com resseção prévia; de 3 cm/dia a 4 cm/dia após o 7º dia de pós-operatório) até
sua remoção completa. Isto permite que os pequenos esca-
sutura manual da cissura incompleta; pes parenquimatosos se ocluam pela reação fibrínica pleural
espaço pleural residual; secundária. Uma vez que o espaço pleural esteja obliterado,
necessidade de ventilação mecânica. o risco de infecção é pequeno. Com o pulmão incompleta-
Alguns aspectos de interesse prático devem ser ressaltados. mente expandido, o problema se agrava e requer manutenção
da aspiração para redução do espaço e medidas especificas
Na presença de escape aéreo de alto débito no pós-operatório
para controle do espaço residual. Neste particular é impera-
imediato que, por vezes, suplanta a capacidade de aspiração do
tivo que se exclua por broncofibroscopia a presença de fístu-
sistema de sucção dos drenos, estão geralmente relacionados
la broncopleural e que se obtenham amostras do líquido de
à ruptura de sutura brônquica ou à presença de outras lesões
drenagem pleural para cultura e antibiograma a cada 3 dias
brônquicas ou pulmonares não relacionadas a ressecção em si
após o 7º dia de pós-operatório, pois aqui o risco de infecção
(por exemplo, lesão brônquica contralateral pelo tubo de duplo
pleural aumenta progressivamente após este período e a ne-
lúmen, ruptura de bolha de enfisema ou subpleural por baro-
cessidade de antibioticoterapia se impõe. Resposta d.
trauma e desgarramento da linha de grampos do parênquima
suturado mecanicamente). Estas condições devem ser identi-
ficadas imediatamente, e freqüentemente exigem correção ci- 66. O quilotórax, caracteristicamente, é um líquido bran-
rúrgica. Por outro lado, a presença de escape aéreo contínuo co-leitoso que contém elevada concentração de gorduras
de baixo débito com pulmão expandido à radiografia do tórax emulsificadas (triglicérides, quilomícrons) e apresenta pre-
pode apontar para um defeito no sistema de drenagem, nas co- dominância linfocítica na contagem celular. No entanto,
nexões ou na aspiração dos drenos. Não raro estas condições dependendo do estado nutricional e dietético do paciente, o
são erroneamente interpretadas como escape aéreo parenqui- derrame pode ser apenas ligeiramente turvo ou até mesmo
matoso e observadas por longos períodos até que se identifique límpido. O quilotórax ocorre quando os conteúdos do ducto
uma conexão de dreno frouxa ou orifício de drenagem na pele torácico drenam para dentro do espaço pleural. Em casos não
excessivamente largo. Nestas situações a solução é simples (tro- cirúrgicos, ele é mais comum do lado esquerdo em virtude da
ca das conexões ou ajuste do orifício de drenagem com ponto anatomia do ducto torácico. Não há associação habitual entre
196
na pele) e capaz de resolver o problema de imediato. quilotórax e empiema pleural.
Residência
Médica 2014
O quilotórax é um exsudato, com níveis de proteína acima de O sistema básico de drenagem consta de um tubo de borracha
3 g/dL, pH elevado (entre 7,40 e 7,80) e com altas taxas de tri- que deverá ser mergulhado em um frasco com selo d’água,
glicerídeos, que é o que nos permite concluir pelo diagnóstico. em cuja tampa haverá um respiro para o meio externo que
Níveis abaixo de 50 mg/dL afastam o diagnóstico, acima de não será conectado com a água. Esse sistema será ligado ao
110 mg/dL praticamente confirmam-no. Quando os níveis de tubo de drenagem por meio de uma conexão, que deverá ser
triglicerídeos estão entre 50 e 110 mg/dL, deve ser feita a pes- hermética e jamais estenosar o sistema de drenagem. Assim,
quisa de quilomícrons, e sua presença confirma o diagnóstico. o selo d’água definirá uma válvula unidirecional, tendo o ar
Os sintomas do quilotórax podem simular os efeitos de um condições de sair para o meio externo borbulhando no fras-
derrame pleural (dispneia, dor torácica, fadiga), podem ser co, mas não terá condições de entrar no sistema.
atribuíveis a uma doença subjacente (causa infecciosa ou Com esse sistema simples, conseguimos resolver a maior par-
neoplásica) ou podem ser o resultado dos efeitos metabóli- te das indicações de drenagem pleural. Em situações especiais
Gabarito Comentado
cos crônicos (nutricional e imunológico) de um vazamento como o hemotórax, pus espesso ou fístula de parênquima
pelo ducto torácico (perda de gordura, proteínas, anticorpos pulmonar que impede a adequada expansão pulmonar, po-
e vitaminas lipossolúveis). As perdas no volume de líquido deremos utilizar um sistema com dois frascos para aspiração
poderão ser grandes (> 3 L/dia) e produzir instabilidade he- contínua, sendo o segundo frasco com três aberturas para
modinâmica se não forem adequadamente repostas. A taxa conexões, uma será conectada ao aspirador contínuo, outra
de mortalidade é de aproximadamente 10%. será conectada ao respiro do primeiro frasco de drenagem, e
Após o diagnóstico, o tratamento de um quilotórax consiste a terceira, a qual se encontra mergulhada na água, será man-
inicialmente em uma drenagem por tubo de toracostomia tida aberta para o meio externo. Esse segundo frasco serve
(inserção de um tubo torácico) com reexpansão pulmonar para graduar-se o nível de aspiração, que será dependente não
completa e medidas de suporte, como uma dieta com baixo da força do aspirador, mas do quanto o respiro se encontra
teor de gordura ou dieta livre de gordura suplementada por mergulhado na água. Assim, quanto mais mergulhado, maior
triglicérides de cadeia média e reposição ou correção agressi- será a força de aspiração, desde que por esse respiro se mante-
va de líquidos, eletrólitos e nutrientes. Frequentemente, essas nha constantemente a entrada de ar. O nível de aspiração para
medidas são suficientes para promover o fechamento da fístula crianças deve ser de 8 cm a 12 cm mergulhado na água, e nos
entre o ducto torácico e a pleura. Se o quilotórax for causado adultos deve ser de 15 cm a 20 cm. Resposta e.
por uma doença maligna, poderá ser necessário o tratamento
primário da neoplasia. A radioterapia do mediastino tem sido
68. O tratamento de um pneumotórax espontâneo que
útil para o tratamento do quilotórax secundário ao linfoma.
ocorre pela primeira vez depende de seu tamanho, dos sin-
As medidas conservadoras para o tratamento do quilotórax tomas associados e da história pulmonar do paciente. Parar
geralmente são mantidas por 1 a 2 semanas. Se o derrame qui- de fumar é uma medida indicada para todos os fumantes. O
loso não tiver respondido a este tratamento, estará indicada pneumotórax pequeno (< 20%) que esteja estável pode ser
intervenção cirúrgica. Os procedimentos mais comuns são a monitorizado se o paciente apresentar poucos sintomas. O
ligadura do ducto torácico, ou a ligadura em massa do tecido acompanhamento de um pneumotórax deve incluir radio-
no hiato diafragmático (em geral, mediante toracotomia di- grafia de tórax para avaliar a estabilidade em um período
reita ou por toracoscopia direita), ou o fechamento direto da de 24 a 48 horas. Os casos não complicados devem ser ab-
lesão ao ducto. A instilação de óleo de oliva ou de um creme sorvidos a uma taxa de cerca de 1% ao dia. Indicações para
via sonda nasogástrica, no momento da cirurgia, pode ajudar a intervenção incluem pneumotórax progressivo, expansão
a identificar o ducto e a área de vazamento. Raramente a pleu- pulmonar retardada ou desenvolvimento de sintomas.
rectomia e a pleurodese são adjuvantes úteis a estes procedi-
mentos cirúrgicos no manejo de um quilotórax persistente. Os pneumotórax moderado (20 a 40%) e extremo (> 40%)
Mais recentemente, foram apregoadas técnicas minimamente quase sempre estão associados a sintomas persistentes que
invasivas para a obliteração do ducto torácico via canulação ou causam limitações físicas e requerem intervenção. A aspira-
fenestração da cisterna quilosa pelos radiologistas intervencio- ção simples, com agulha, de um pneumotórax pode aliviar
nistas. Malignidade mediastinal (50%), cirurgia torácica (20%) os sintomas e promover uma rápida reexpansão pulmonar.
e traumatismo (5%). Portanto opções D e E. Gabarito oficial E. A descompressão emergencial com uma agulha para o pneu-
motórax de tensão é executada do lado afetado colocando-se
uma agulha calibre 18 ou um angiocateter dentro do hemi-
67. Por ser o tórax submetido a variações de pressão durante a tórax na linha hemiclavicular no segundo espaço intercostal
mecânica respiratória, os drenos não podem, após a introdu- anterior. Esta manobra de emergência alivia a tensão criada
ção na cavidade pleural, ser mantidos simplesmente abertos
dentro do tórax. Ela não trata o pneumotórax, sendo neces-
para o meio externo, pois conforme a inspiração e a expiração,
sária a inserção subsequente de um dreno torácico.
entraria e sairia ar pelo dreno, ocasionando um pneumotó-
rax aberto com consequente balanço sio mediastino. Assim A toracostomia por tubo (inserção de um dreno torácico) e
sendo, apenas quando existem pequenas lojas pleurais com o a drenagem por selo d’água são as bases do tratamento do
restante das pleuras já aderidas poderemos utilizar a drena- pneumotórax espontâneo. A reexpansão completa do pul-
gem aberta do tórax. Nos demais casos, necessitamos de um mão, mesmo na presença de um vazamento contínuo, geral-
sistema a ser conectado ao tubo de drenagem que resulte em mente pode ser obtida com a aplicação de sucção ao sistema
uma válvula unidirecional, na qual o ar e os líquidos tenham de drenagem. Neste caso em que no 4º PO identifica-se a
condição de sair pelo dreno e não de entrar na cavidade pleu- presença de borbulhamento provocado pela tosse, a melhor
ral. Por isso, na grande maioria das drenagens pleurais conec- conduta inicial é acompanhar a drenagem por pelo menos
tamos o dreno em um sistema de drenagem sob selo d’água até o 7ª PO. Caso persista fuga de ar após esse período o tra-
197
(definindo assim a drenagem pleural fechada). tamento será cirúrgico.
Cirurgia | Torácica
Nove a vinte por cento dos pacientes com pneumotórax es- esquerdo. Asbestose pleural benigna ocorre em indivíduos que
pontâneo requerem o tratamento cirúrgico. As principais estão expostos ao asbestos há longo tempo (décadas) e é as-
indicações para tratamento cirúrgico são: fístula aérea ma- sintomático na metade dos casos. Líquido esbranquiçado ou
ciça, que impede a reexpansão do pulmão, fístula aérea que leitoso amarelado sugere quilotórax, empiema, ou derrame
permanece por mais de cinco dias e o pneumotórax recidiva- quiliforme. Quando o líquido é centrifugado e continuar tur-
do a partir do segundo episódio. Além disso, existem algu- vo, deve-se pensar em quilotórax ou derrame quiliforme, mas
mas indicações específicas que devem ser consideradas. Por se o sobrenadante ficar claro, deve existir grande número de
exemplo, o desenvolvimento de pneumotórax em pacientes polimorfonucleares, prevalescendo a hipótese de empiema. O
que desenvolvam profissões como pilotos de aviação, mer- derrame quiliforme ocorre em doença pleural crônica (anos),
gulhadores, alpinistas, paraquedistas, praticantes de esportes geralmente associado a encarceramento pulmonar devido à
“radicais” e indivíduos que vivem em áreas remotas. O tra- tuberculose ou pleurisia reumatoide. Líquido marrom pode
tamento cirúrgico pode ser associado à abrasão ou pleurec- ser devido a abscesso amebiano do fígado roto para a cavida-
tomia para produzir uma sínfise pleural mais efetiva. A ope- de pleural. Este líquido é composto por tecido hepático que
ração pode ser realizada por várias vias de acesso, incluindo sofreu citólise, pequenos pedaços de parênquima hepático e
a toracotomia lateral, a toracotomia anterolateral, a toraco- sangue. Líquido preto sugere derrame por aspergilose pleural,
tomia vertical axilar limitada, a toracotomia mediana tran- e amarelo-esverdeado sugere pleurisia reumatoide. Se o líqui-
sesternal permitindo a abordagem bilateral. A incisão mais do é purulento, estamos frente a um empiema; se é viscoso,
frequentemente utilizada atualmente é a toracotomia axilar pode ser mesotelioma por causa da alta concentração de ácido
limitada, sem secção muscular, em que por incisão relativa- hialurônico; se existem restos necróticos deve ser pensado em
mente pequena obtêm-se bom acesso ao ápice pulmonar e ao pleurisia reumatoide; se é turvo, deve-se pensar em um exsu-
tratamento da bolha. As bolhas podem ser suturadas, ligadas dato inflamatório ou alta concentração de lípides.
ou preferencialmente grampeadas com sutura mecânica. O odor pútrido sugere empiema produzido por germes anaeró-
Indicações cirúrgicas no pneumotórax espontâneo bios, e odor amoniacal sugere urinotórax produzido por obstru-
ção de via urinária ispilateral, ou até contralateral. Resposta b.
1. Fuga aérea maciça sem reexpansão pulmonar
2. Fístula persistente por mais que cinco dias
3. Segundo episódio de pneumotórax espontâneo
71. Todas são indicações para drenagem pleural em selo d’água,
exceto o empiema pleural com encarceramento pulmonar.
4. Complicações do pneumotórax (empiema, hemotórax)
Na fase crônica, em que o pulmão não expande adequada-
5. Indicações ocupacionais (aviadores, mergulhadores, morado-
res de áreas distantes)
mente, mesmo após a remoção do líquido pleural, o trata-
mento deve ser realizado por toracotomia e descorticação
6. Pneumotórax contralateral prévio
pulmonar ou pleurostomia.
7. Pnemotórax bilateral simultâneo
A descorticação pulmonar consiste na remoção da camada ou
Resposta e. “carapaça” fibrótica que envolve o pulmão, permitindo a sua
expansão. Esse procedimento é associado com sangramento
importante e risco cirúrgico mais elevado que a pleurostomia.
69. A toracocentese (punção da cavidade pleural) é indicada A descorticação está indicada para pacientes relativamente jo-
sempre que a presença de líquido pleural for maior que 10 vens com boas condições clínicas. A drenagem pleural aberta
mm à radiografia de tórax, desde que não haja contraindica- (pleurostomia) consiste na remoção de um segmento de uma
ções. Deve ser lembrado ainda que, em cada toracocentese, ou mais costelas na parte mais pendente (inferior) do empie-
retira-se no máximo 1.000 a 1.500 mL; porém, interrompe-se ma e inserção de um tubo de grosso calibre na cavidade para
antes disso, caso o paciente apresente dor torácica, tosse im- sua irrigação e drenagem. Apesar de não ser uma operação es-
portante, piora da dispneia ou mal-estar significativo. teticamente adequada, apresenta resultado funcional excelente
A remoção de mais de 1.500 mL de líquido pode causar ede- e está indicada principalmente nos pacientes debilitados e com
ma pulmonar de reexpansão, o que pode ser uma complica- risco anestésico elevado. Resposta e.
ção fatal. Se a pressão pleural não for inferior a 20 cm H2O, a
complicação não ocorre, mesmo quando grandes volumes (4
L) de líquido são retirados. O edema pulmonar de reexpan- 72. Elementar. Derrame pleural, exsudato com ADA acima
são está mais relacionado à velocidade de retirada do líquido, de 45 UI é diagnóstico de tuberculose. Há alguns anos têm
do que ao volume retirado. Resposta e. sido empregados três novos testes para o diagnóstico da tu-
berculose pleural. Um deles é a adenosina deaminase (ADA),
que é uma enzima polimórfica envolvida no metabolismo das
70. Pelo aspecto do líquido aspirado já poderão ser feitas al- purinas, catalisando a conversão da adenosina em inosina. É
gumas hipóteses diagnósticas. O líquido amarelo citrino ou predominante do linfócito T e, portanto, depende da imuni-
amarelo pálido ou amarelo palha, é típico de todo transudato, dade celular. A tuberculose tem como característica mostrar
e de alguns exsudatos como derrames malignos iniciais, tuber- um aumento da subenzima ADA2. O valor limite ainda não
culose, síndrome das unhas amarelas, derrame metapneumô- está bem definido, variando entre 40 UI/L e 70 UI/L, mas vá-
nico não complicado etc. Líquido sanguinolento na ausência rios autores preconizam valores entre 45 UI/L e 50 UI/L. Do-
de trauma sugere malignidade, pancreatite, infarto pulmonar, sagens acima desses limites mostraram uma sensibilidade de
asbestose pleural benigna e síndrome pós-injúria cardíaca. 90%, especificidade de 89% para o diagnóstico da tuberculose
Esta última, geralmente, ocorre três semanas após cirurgia e valor preditivo positivo para a doença de 93,7%, mas excluin-
198
cardíaca ou infarto do miocárdio, e o lado predominante é o do os pacientes com empiema esse valor chegou a 100%. Os
Residência
Médica 2014
resultados falso-negativos têm sido encontrados em pacientes A terapia definitiva consiste em garantir a oxigenação mais
imunodeprimidos — HIV positivos. Já os falso-positivos estão completa possível, administrar líquidos cautelosamente e
em torno de 5 a 10% e são principalmente devido à empiema, fornecer analgesia para melhorar a ventilação. Isto pode ser
linfomas, pleurite reumatoide e doenças neoplásicas. conseguido utilizando-se narcóticos endovenosos ou vários
métodos de administração de anestésicos locais que incluem
A especificidade do exame ainda pode aumentar se a conta-
bloqueio intermitente do nervo intercostal, intra e extrapleu-
gem de linfócitos superar 75% do total de leucócitos no líqui- rais ou anestesia peridural. Quando empregado apropriada-
do pleural. Outro elemento que está aumentado no derrame mente, os agentes anestésicos locais podem produzir uma
pleural tuberculoso é o gama interferon, que tem eficácia se- analgesia excelente e evitar a necessidade de intubação. No
melhante à ADA, mas devido ao seu elevado custo é utilizado entanto, a prevenção da hipóxia é da maior importância no
como segunda escolha. Finalmente a detecção do DNA da doente traumatizado e, por isso, pode ser conveniente um
Gabarito Comentado
micobactéria pode ser feita por meio da Polimerase Chain curto período de intubação e ventilação até que se complete o
Reaction (PCR), mas com uma eficácia bem menor que a diagnóstico de todas as lesões. O momento apropriado para a
ADA, cerca de 70 a 80% de sensibilidade. Resposta c. intubação e a ventilação é definido pela avaliação cuidadosa
da frequência respiratória e da pressão parcial de oxigênio
arterial e pela estimativa do trabalho respiratório. Resposta a.
73. A síndrome do desfiladeiro cervicotorácico (SDCT) é se-
cundária à compressão do feixe vasculonervoso do membro
superior pelas estruturas osteomusculoligamentosas do des- 75. A infecção do tecido mediastinal é sempre secundária à in-
filadeiro cervicotorácico. fecção de estruturas do próprio mediastina ou extensão de in-
fecções de outras localizações que mantêm relações anatômicas
A SDCT, que ocorre mais comumente na mulher jovem, pa- com este compartimento, como o pescoço, coluna, pulmões,
rece ser secundária a alongamento dos músculos e ligamentos pleura ou abdome. Portanto, dentro deste conceito as medias-
que suportam o ombro, com queda do mesmo, provocando tinites agudas ou são de origem traumática ou ainda são con-
um aumento da tensão do plexo braquial, o qual é colocado sequentes de infecções vizinhas, as chamadas mediastinites por
em maior contato com a primeira costela. Esta síndrome, em contiguidade. Em que pese a possibilidade teórica de terem tam-
sua forma neurogênica, representa sempre uma compressão bém as mediastinites origem linfogênica ou hematogênica, isto
das raízes do plexo braquial. Na maioria das vezes, há uma é, a infecção de um órgão a distância atingir o mediastino atra-
susceptibilidade congênita (bandas fibromusculares, costela vés dos vasos linfáticos ou septicemias, na prática essas possíveis
cervical), podendo existir um fator que desencadeia os sinto- etiologias não foram confirmadas. A mediastinite traumática de
mas, como por exemplo, uma cirurgia de escoliose. Entretan- origem cirúrgica, ou não, é a mais frequente. Resposta d.
to, trauma é o fator predisponente mais importante. Há alta
incidência de trauma com hiperextensão cervical na gênese
76. A localização das bronquiectasias ocorre primariamente
da SDCT. O trauma mantém um círculo vicioso de espasmo
nos seguimentos basais dos lobos inferiores. Preferencial-
muscular, dor e irritação nervosa, difícil de ser quebrado. As
mente nos brônquios médios, estendendo-se para os perifé-
forças do trauma produzem estiramento e ruptura muscular ricos. Predominam no LIE e na língula. As bronquiectasias
com sangramento, que levam ao aparecimento de fibrose, en- podem ser localizadas e difusas. As localizadas são geralmen-
curtamento muscular e formação de tecido cicatricial. te causadas por obstrução brônquica ou processo localizado.
A compressão arterial subclávia pode ser fonte de embolias As difusas estão associadas às lesões pneumônicas prévias,
periféricas e cerebrais. Scher e cols. classificaram as lesões doenças granulomatosas, alterações da imunodeficiência ou
vasculares na SDCT em: a síndromes genéticas. Resposta d.
estádio 0, sem lesão arterial;
estágio I, estenose da artéria subclávia com dilatação pós- 77. T3: Tumor > 7 cm ou com extensão direita à parede to-
-estenótica; rácica (incluindo tumor de Pancoast), ao diafragma, à pleu-
ra mediastinal ou ao pericárdio. Tumor com atelectasia ou
estádio II, aneurisma de artéria subclávia, trombose mu- pneumonite obstrutiva de todo o pulmão. Tumor localizado
ral e lesão de íntima; a < 2 cm da carina principal. Nódulo tumoral no mesmo lobo
estádio III, trombose de artéria subclávia e embolização que o tumor primário.
distal. N2: Envolvimento nodal mediastinal ipsilateral ou subcarinal.
O diagnóstico da grande maioria dos pacientes portadores M0: Sem metástases.
de SDCT é exclusivamente clínico. Exames complementares Portanto, paciente no estágio TNM é IIIa.
são usados para afastar outras condições clínicas incluídas
no diagnóstico diferencial. Todos os exames relacionados na Estágios – TNM – CPCNP
questão podem contribuir na definição do diagnóstico exce- Localizado
to a cintilografia que não tem nenhum papel de significância IA T1N0M0; T1aN0M0; T1bN0M0.
para este diagnóstico. Resposta c.
IB T2N0M0
IIA T1N1M0; T1aN1M0; T2aN1M0; T2bN0M0.
74. A correção da hipoventilação, a administração de oxigênio Localmente avançado
umidificado e a reposição volêmica constituem-se nas medidas
IIB T2N1M0; T3N0M0; T2bN1M0.
terapêuticas iniciais. Na ausência de hipotensão sistêmica, a
administração intravenosa de soluções de cristaloides deve ser T3N1M0; T1N2M0; T2N2M0;
IIIA 199
T3N2M0; T4N0M0; T4N1M0.
cuidadosamente controlada para evitar uma hiper-hidratação.
Cirurgia | Torácica
79. Secreção ectópica de ACTH (síndrome de Cushing): Mais T1A Tumor ≤ 2 cm na sua maior dimensão
frequentemente associada ao carcinoma de pequenas células T1B Tumor > 2 cm, mas < 3 cm na sua maior dimensão
(oat cell), indica mau prognóstico. Sua presença se associa Tumor ≥ 3 cm, mas < 7 cm; ou tumor com qulaquer dos
com alcalose hipocalêmica e hipoclorêmica, hiperglicemia, seguintes achados:
HAS e fraqueza muscular. Os níveis de 17-cetosteroides uri- · Invasão da pleura visceral, pneumonite obstrutiva ou
T2
nários encontram-se elevados. atelectasia
· Tumor em brônquio lobar ou a pelo menos 2 cm
Secreção inapropriada do hormônio antidiurético (S. de · Distal da carina
Schwartz–Bartter): mais frequentemente associada ao carci-
T2A Tumor > 3 cm mas < 5 cm na sua maior dimensão
noma de pequenas células (oat cell). Caracteriza-se por perda
contínua de sódio pela urina sem perda correspondente de T2B Tumor > 5 cm mas < 7 cm na sua maior dimensão
água; hiponatremia com osmolaridade urinária menor que a Tumor > 7 cm ou com extensão direta à parede toráci-
do plasma; retenção de líquidos; função renal normal. ca (incluindo tumor de Pancoast), ao diafragma, à pleura
mediastinal ou ao pericárdio. Tumor com atelectasia ou
Hipercalcemia: mais frequentemente associada ao carcino- T3
pneumonite obstrutiva de todo o pulmão. Tumor locali-
ma epidermoide. Este corresponde à causa mais comum de zado a < 2 cm da carina do mesmo lado e em lobo dife-
hipercalcemia paraneoplásica. Ocorre secreção tumoral de rente do tumor primário
PTH símile (PTHrP). Laboratorialmente, o quadro é simi-
Tumor de qualquer tamanho, com invasão do mediasti-
lar ao hiperparatireoidismo primário: hipercalcemia com no, do coração, dos grandes vasos, da traqueia, do esôfa-
hipofosfatemia. T4 go, de corpos vertebrais ou da carina principal; nódulo
Síndrome de Eaton-Lambert (anti-VGCC): mais frequente tumoral do mesmo lado e em lobo diferente do tumor
no carcinoma de pequenas células. Quadro clínico similar primário
à miastenia gravis; Presença de autoanticorpos de cálcio no Resposta b.
axônio da junção neuromuscular, reduzindo liberação de
acetilcolina na fenda. Os achados eletromiográficos são de-
cisivos para o diagnóstico. A má resposta ao uso de agentes 82. Os cistos primários do mediastino compõem 18% das
anticolinérgicos afasta o diagnóstico de miastenia. massas mediastinais nas grandes séries.
Hipocratismo digital e osteoartropatia hipertrófica: mais Os cistos broncogênicos os cistos primários mais comuns
comumente associados ao adenocarcinoma e carcinoma do mediastino, representando 50 a 60% desses cistos. Eles
200
epidermoide. Caracterizam-se por hipocratismo, alterações originam-se como sequestros provenientes do intestino
Residência
Médica 2014
Gabarito Comentado
radiografia de tórax.
Dois terços dos cistos broncogênicos são assintomáticos. Em
recém-nascidos, esses cistos podem causar grave comprome-
timento respiratório pela compressão da traqueia e dos brô-
nquios; a compressão dos brônquios pode causar estenose
brônquica e pneumonite recorrente. Em crianças com infec-
ções pulmonares recorrentes, a TC pode ser útil para avaliar
o espaço subcardinal pesquisando-se um possível cisto bron-
cogênico, uma área que é mal visualizada empregando-se as Mediastino
radiografias padrão. Mais frequentemente os cistos bronco- médio
gênicos ocorrem em crianças mais velhas e em adultos, nos
quais podem causar sintomas de dor torácica, dispneia, tosse
Tumores do mediastino anterior
e estridor. Os cistos broncogênicos aparecem como densida-
des de contornos lisos no nível da carina, que podem com- Cerca de 50% dos tumores mediastinais têm aqui sua loca-
primir o esôfago na esofagografia com bário. Pode ser difícil lização. As neoplasias incluem timoma, carcinoma timico,
diferenciá-los de estruturas hilares. carcinoide timico, timolipoma, lipoma, os tumores de células
A ressecção cirúrgica é recomendada em todos os pacientes germinativas, linfomas, adenoma paratireoideo, cisto timico,
para fornecer um diagnóstico histológico definitivo, aliviar linfangioma, bócio intratorácico etc.
os sintomas e prevenir o desenvolvimento de complicações Tumores do mediastino médio
associadas. Foi relatada degeneração maligna, assim como
presença de adenoma brônquico dentro dos cistos. Neste compartimento predominam os cistos, sendo excepcio-
nais as lesões sólidas. Somando-se estes aos tumores do medias-
Os cistos entéricos (cistos de duplicação) surgem da divi- tino posterior, tem-se cerca de 50% dos tumores do mediastino.
são posterior do intestino anterior primitivo, que se desen-
volve dentro da parte superior do trato gastrointestinal. Es- Tumores do mediastino posterior
ses cistos são encontrados menos frequentemente do que Aqui predominam as lesões sólidas originárias dos tecidos
os cistos broncogênicos ou pericárdicos e estão localizados nervosos. Os tumores neurogênicos representam cerca de
com maior frequência no mediastino posterior, geralmente 20% das neoplasias mediastinais no adulto e cerca de 35%
adjacentes ao esôfago. Essas lesões são compostas de mús- nas crianças. Representam a causa mais comum de massa
culo liso com um revestimento epitelial interno de mucosa
do mediastino posterior. Cerca de 90% destes tumores ocor-
esofágica, gástrica ou intestinal. Quando a mucosa gástri-
rem no mediastino posterior e constituem 75% das neopla-
ca está presente, pode ocorrer uma ulceração péptica com
sias do compartimento posterior. Setenta a 80% deles são
perfuração para dentro do lúmen esofágico ou brônquico,
produzindo hemoptise ou hematêmese. Geralmente, os benignos e cerca de 50% são assintomáticos. Estes tumores
cistos entéricos possuem uma inserção no esôfago e podem são extrapleurais e têm crescimento muito lento. Isto impli-
estar localizados dentro da camada muscular. Os sintomas ca compressão sustentada em arcos costais gerando altera-
em geral estão relacionados com a compressão do esôfago, ções tróficas. Eles usualmente têm três origens: dos nervos
acarretando uma obstrução que comumente se apresenta periféricos, dos gânglios simpáticos e, mais raramente, dos
como disfagia. Também pode ocorrer comprometimento gânglios parassimpáticos. O neurilemoma (Schwannoma),
da árvore traqueobrônquica, com sintomas de tosse, disp- o neurofibroma e o tumor maligno da bainha nervosa se
neia, infecções pulmonares recorrentes e dor torácica. A originam dos nervos periféricos, enquanto o ganglioneuro-
maioria dos cistos entéricos é diagnosticada em crianças, ma, ganglioneuroblastoma e o neuroblastomas originam-se
as quais também apresentam maior probabilidade de apre- dos gânglios simpáticos. Os tumores da bainha de nervos
sentarem sintomas. são os mais comuns em adultos, enquanto os derivados dos
O tratamento é feito pela ressecção cirúrgica, fornecendo um gânglios simpáticos são mais frequentes na criança. O sur-
diagnóstico histológico definitivo, assim como aliviando os gimento de dor intensa, quando se faz a biópsia percutânea,
sintomas e prevenindo potenciais complicações. Resposta a. é sinal de massa neurogênica. Resposta a.
201
Cirurgia | Torácica
84. T3: Tumor > 7 cm ou com extensão direta à parede torácica líquido não é purulento e glicose e pH são normais. Devemos
(incluindo tumor de Pancoast), ao diafragma, à pleura mediastinal ficar atentos à esses dois marcadores, pois a alteração com pH
ou ao pericárdio. Tumor com atelectasia ou pneumonite obstrutiva < 7,20 e glicose < 40 mg/dL deve nos indicar drenagem.
de todo o pulmão. Tumor localizado a < 2 cm da carina do mesmo 3- Fase de organização (empiema estabelecido):
lado e em lobo diferente do tumor primário. Resposta c.
pH < 7.0;
glicose < 40 mg/dL;
85. Diante desta situação clínica está indicada a biópsia LDH > 1.000 UI;
transparietal guiada por TC.
culturas positivas em 1/3 dos casos.
Está indicada a aspiração com agulha fina ou biópsia com
Resposta c.
agulha cortante nas seguintes situações:
paciente com tumores clinicamente não ressecáveis. Nes-
sa condição, situam-se os casos de doença detectada em 87. O tratamento do empiema depende da sua fase, mas en-
estádios presumidamente avançados e doentes com índi- volve a identificação do organismo causal, o seu tratamento
ce de Karnofsky baixo; sistêmico (antibióticos) e a drenagem completa do espaço
pacientes portadores de um tumor ressecável, mas que pleural. Nas fases aguda e fibrinopurulenta precoce, a tora-
deliberadamente recusam a ressecção. Nessa situação, a cocentese poderá ser tanto diagnóstica quanto terapêutica se
biópsia servirá para escolher um tratamento alternativo; o derrame for drenado inteiramente. A administração prévia
de antibióticos pode levar à coleta de um líquido estéril, mas
naqueles pacientes em que o tecido para diagnóstico não
a coloração pelo Gram (organismos), a contagem de células
pode ser obtido por meios menos invasivos.
(predominância dos leucócitos polimorfonucleares no em-
As biópsias com agulha cortante modelo tru-cut reserva-se piema bacteriano e predominância linfocítica no empiema
para lesões periféricas muito próximas ou fixadas à parede tuberculoso), a bioquímica (proteína, DHL, amilase e glico-
torácica. Quando praticada sob auxílio do tomógrafo, em se) e o pH (< 7,3) podem ser úteis para se fazer o diagnóstico.
nosso meio apresenta sensibilidade de 95%. A agulha modelo
A drenagem pleural poderá ser indicada se a toracocentese falhar
tru-cut, apesar de contar com um dispositivo em gaveta para
ou se o empiema tiver progredido além dos seus estádios iniciais.
evitar o implante tumoral no trajeto, apresentou em nossa
Aproveite e utilize o fluxo a seguir como uma sugestão para con-
experiência 3% de implantes metastáticos nos tecidos moles
dução do empiema e/ou derrame pleural parapneumônico.
da parede em uma casuística de 100 casos.
Derrame com mais de 1 cm no raio X em decúbito
Com o advento das agulhas de modelo cortante com gaveta,
os modelos do tipo Vim-Silverman e Menghini foram aban-
Toracocentese
donados.
Referente à biópsia com agulha fina, após 1990 temos utilizado a
agulha rotatória modelo Naruke. Esta agulha permite ultrapas- Pus Não purulento
sar áreas de parênquima pulmonar com incidência pequena de
pneumotórax (9%) e quando ocorrem são na maioria da vezes
pequenos e necessitam drenagem apenas em 3% dos casos. Drenagem Bacteriologia + Bacteriologia -
Resposta c.
86. O Pneumococo é o principal agente relacionado tanto ao
parapneumônico quanto ao empiema. Um quarto dos casos
evolui para empiema. Possui classicamente 3 fases: 88. Estamos diante de um quadro de perfuração de esôfago
complicada com mediastinite. A conduta para tal quadro no
1- Fase de exsudato estéril: pH > 7,2, glicose > 40 mg/dL e HDL qual há envolvimento bilateral dos espaços pleurais a condu-
< 1.000 U/L. Nestes casos, não há necessidade de drenagem ci- ta tem que ser mais abrangente e agressiva. A variável mais
rúrgica. A conduta é manter antibiótico e observação clínica. crítica que determina o tratamento cirúrgico de uma perfu-
2- Fase fibrinopurulenta (pode haver identificação do agente ração esofágica é o grau de inflamação circundando a per-
infeccioso): começa a transição entre parapneumônico e em- furação. Quando os pacientes se apresentam em 24 horas da
202
piema. Nesta fase a maior parte é de tratamento clínico, pois o perfuração, a inflamação é geralmente mínima, e o reparo
Residência
Médica 2014
cirúrgico primário é recomendado. Com o tempo, a inflama- rizado se o paciente apresentar poucos sintomas. O acom-
ção progride, e os tecidos tornam-se friáveis e podem não panhamento de um pneumotórax deve incluir radiografia
ser receptivos ao reparo primário. O denominado período de de tórax para avaliar a estabilidade em um período de 24 a
ouro para fechamento primário de uma perfuração esofágica 48 horas. Os casos não complicados devem ser absorvidos a
é entre as primeiras 24 horas. Embora o reparo primário seja uma taxa de cerca de 1% ao dia. Indicações para a interven-
usualmente possível neste intervalo de tempo, ele não é um ção incluem pneumotórax progressivo, expansão pulmonar
período limítrofe. Se um leito saudável de tecido for encon- retardada ou desenvolvimento de sintomas.
trado durante a exploração cirúrgica, o reparo primário da O pneumotórax hipertensivo exige a descompressão imedia-
perfuração é aceitável em qualquer momento. Se uma reação ta e é tratado inicialmente pela rápida inserção de uma agu-
inflamatória grave ou mediastinite estiver presente (o caso lha de grosso calibre no segundo espaço intercostal na linha
deste paciente) e os tecidos não forem receptivos ao reparo medioclavicular do hemitórax afetado. Esta manobra con-
Gabarito Comentado
primário, um retalho de músculo é realizado. Todos os repa- verte a lesão em um pneumotórax simples (trata-se de medi-
ros são reforçados com retalhos de tecido saudáveis e ampla- da salvadora de vida), contudo há a possibilidade de ocorrer
mente drenados. Se o reparo primário ou retalho de músculo pneumotórax subsequente à própria inserção da agulha. É
falhar, a ressecção ou exclusão do esôfago com esofagostomia necessário proceder reavaliações sucessivas. O tratamento
cervical, gastrostomia, jejunostomia para alimentação e re- definitivo geralmente exige apenas a inserção de um dreno de
construção postergada é recomendada. A ressecção é reco- tórax no quinto espaço intercostal (frequentemente ao nível
mendada para pacientes com perfurações de nível médio a do mamilo), logo anteriormente à linha axilar média.
alto. A exclusão é recomendada para perfurações baixas em
É necessária a drenagem pleural em casos de pneumotórax
que a preservação do esôfago é possível ou em qualquer pa-
pequeno em doentes que serão transportados por via aérea,
ciente instável no qual a ressecção poderia não ser tolerada.
pois as variações significativas na pressão atmosférica podem
Existem quatro condições fundamentais do esôfago que afe- acarretar progressão do pneumotórax.
tam o tratamento de uma perfuração livre do órgão: carcinoma O pneumotórax resulta da entrada de ar no espaço virtual
ressecável, megaesôfago por acalasia em estádio terminal, este- entre a pleura visceral e a parietal. Tanto o trauma penetran-
nose péptica grave, ou uma história de ingestão cáustica. Este te como o fechado podem causar pneumotórax. A fratura-
paciente é selecionado dentro destas condições. Se qualquer -luxação da coluna torácica também pode estar associada ao
destes estados de doença estiver presente, o reparo primário, pneumotórax. A laceração pulmonar com vazamento de ar é
mesmo na presença de um leito tecidual saudável, não é re- a causa mais comum de pneumotórax após um trauma fecha-
comendado. Cada uma destas entidades associa-se a estenose do. Gabarito oficial E. Respostas C e E.
distal e obstrução. O reparo de uma perfuração sem resolução
de uma obstrução distal resulta em formação de fístula. Nestas
circunstâncias, a ressecção do esôfago com reconstrução ime- 90. Algumas manifestações sindrômicas de extensão local e a
diata é preferida se o paciente estiver estável. No paciente ins- distância são descritas a seguir:
tável, a ressecção esofágica com esofagostomia cervical, gas- Síndrome de Tobias Claude Bernard Horner: paralisia
trostomia e jejunostomia para alimentação com reconstrução simpática (gânglio estrelado), enoftalmia, ptose palpebral,
postergada é recomendada. Caso este paciente fosse portador miose pupilar e perda da sudorese ipsilateral ao tumor de
de câncer irressecável (o que não é o caso), um stent esofágico localização central e superior (o caso desta paciente).
pode ser colocado. Se isto não contiver a deiscência, então a Síndrome de Déjérine-Klümple, que se deve ao envolvi-
exclusão esofágica, assim como derivação com colocação de
mento de ramos inferiores do plexo braquial (T1), pro-
uma gastrostomia e jejunostomia, é indicada. Resposta e. vocando dor na face medial e impotência funcional do
membro superior homolateral.
89. O tratamento inicial do pneumotórax aberto constitui-se Síndrome de Pancoast (ou tumor do sulco superior) – en-
no fechamento imediato da lesão através de um curativo esté- volvimento do oitavo nervo cervical e primeiro e segun-
ril. O curativo deve ser grande o suficiente para encobrir todo do nervos torácicos – dor no ombro com irradiação ulnar
o ferimento e fixado com fita adesiva em três de seus lados para o braço, destruição da primeira e segunda costelas ao
para produzir um efeito de válvula unidirecional. Quando o exame radiológico simples. Normalmente é secundário ao
doente inspira, o curativo oclui o ferimento, bloqueando a en- carcinoma epidermoide. Pode coexistir com a síndrome de
trada de ar. Na expiração, o lado que não está fixado permite o Horner. Sua incidência está em torno de 4%. Resposta b.
escape de ar de dentro da cavidade pleural. Um dreno de tórax
deve ser inserido longe do ferimento tão logo seja possível. A
91. Trata-se de uma questão clássica. Massa de mediastino
fixação dos quatro lados do curativo pode causar acúmulo do
associada a ptose palpebral uni ou bilateral e fraqueza mus-
ar no espaço pleural, resultando em um pneumotórax hiper- cular são achados compatíveis com miastenia gravis. A mas-
tensivo, a menos que o tórax esteja drenado. Qualquer curati-
sa mediastinal corresponde a um timoma, presente em até
vo oclusivo (gaze vaselinada, lâmina de plástico, etc.) pode ser
30% dos casos de miastenia. Resposta a.
usado como medida temporária de modo a permitir que a ava-
liação prossiga rapidamente. Geralmente o ferimento necessita
ser fechado definitivamente por procedimento cirúrgico. 92. Estamos diante de um quadro pneumônico associado
O tratamento de um pneumotórax espontâneo que ocorre a derrame pleural livre. Os diagnósticos diferenciais mais
pela primeira vez depende de seu tamanho, dos sintomas as- prováveis dizem respeito a uma pneumonia bacteriana com
sociados e da história pulmonar do paciente. Parar de fumar derrame parapneumônico ou tumor de pulmão complican-
é uma medida indicada para todos os fumantes. O pneumo- do com infecção secundária. A possibilidade de tuberculose
203
tórax pequeno (< 20%) que esteja estável pode ser monito- é menos remota por tratar-se de um quadro aparentemente
Cirurgia | Torácica
agudo e também pela localização da lesão, já que tubercu- utilizamos punções pleurais para o esvaziamento de um pneu-
lose é preferencialmente uma lesão localizada no segmento motórax pequeno, médio ou grande estabilizado. Estes proce-
posterior do lobo superior. Diante deste quadro uma vez que dimentos são dolorosos, pouco eficazes e favorecem, infecção.
a ultrassonografia evidenciou derrame pleural livre a toraco- Se a punção for realizada de imediato, logo após o doente en-
centese com biópsia pleural é o próximo passo. Resposta c. trar no serviço de emergência, não terá qualquer validade, pois
mesmo ao se conseguir a expansão pulmonar, quando a agulha
for retirada, o pulmão se colapsará novamente, visto que, a le-
93. Pneumatocele é um achado mais associado a pneumonia são pulmonar ainda não cicatrizou. A punção pleural só está
por S. aureus. É uma lesão cística de paredes finas, que acome- indicada quando o pneumotórax é hipertensivo, nesta grave
te principalmente crianças com pneumonia bacteriana, mas situação, é uma medida salvadora, no entanto provisória, pois
também pode ser decorrente de trauma torácico, ventilação deverá ser o mais rápido possível ser substituída pela drena-
pulmonar mecânica invasiva e aspiração. Essas lesões resol- gem intercostal. A toracotomia está indicada nos doentes, nos
vem-se espontaneamente na maioria dos casos. Em outros, quais, o fluxo de ar pelo dreno intercostal não cessa no tempo
pode demorar de 3 a 15 meses ou cursar com complicações. esperado, desta maneira há de suspeitar de lesões de traqueia,
Define-se como pneumatocele simples (PS) não complicada brônquio ou até mesmo do esôfago. Resposta b.
aquela menor que 50% do tamanho de um hemitórax e que
não causa sintomas clínicos de desconforto respiratório. A
pneumatocele complicada (PC) é aquela que apresenta pelo 96. Para o entendimento da fisiopatologia da doença, é ne-
menos um dos seguintes achados: persistência de sinais e cessário o conhecimento da fonte do inóculo e o método
sintomas de infecção recorrente, tamanho maior que 50% de pelo qual ele penetra até as vias aéreas inferiores. A cavidade
um hemitórax, persistência de atelectasia, abscessos recidi- oral contém cerca de 200 espécies de bactérias. A área que
vantes, fístula broncopleural. Nesses casos, a drenagem com contém a mais alta concentração de bactérias anaeróbicas é
cateter deve ser procedimento indicado. Neste caso apesar de a fenda gengival. Esse é o local das espécies de anaeróbios,
ocupar 50% do hemitórax não há sinais hipertensivos, sendo que são mais frequentemente isolados em casos de pneumo-
assim a conduta é expectante. Resposta d. nias de aspiração e abscessos pulmonaresz. Isso explicaria a
associação clínica entre abscessos pulmonares e doença da
fenda gengival na forma de piorreia ou gengivite. As secre-
94. Os aspectos descritos no laboratório do líquido pleura ções orofaringeanas contêm concentrações de 108 a 109/mL
são compatíveis com empiema e sendo assim este pacien- de bactérias, com a relação de anaeróbios para aeróbios de
te tem indicação de drenagem torácica em selo d’água. São aproximadamente 3:1 a 5:1. Infecções anaeróbicas pulmona-
características clássicas de um empiema pleural: pH < 7.2; res ocorrem ocasionalmente em pessoas desdentadas e na-
Glicose < 60 mg/dL (lembrar que o derrame pleural da artri- queles com boa higiene oral. Em 10% dos casos de abscessos
te reumatoide e do mesotelioma cursam com glicose baixa); pulmonares, nenhum fator de risco é identificado.
DHL > 1.000 U/L. Resposta a.
Anaeróbios da cavidade bucal penetram nas vias aéreas in-
feriores devido à perda da consciência e a consequente su-
95. O ar ambiente poderá alcançar o espaço pleural após um pressão do reflexo da tosse. O alcoolismo é um fator predis-
trauma torácico, como consequências de lesões de parede ponente, comum em pacientes com abscessos pulmonares.
torácica, lesões do parênquima pulmonar ou do mediastino Outras causas de perda de consciência que predispõem à as-
(esôfago, traqueia, brônquios). À semelhança do hemotórax, o piração incluem convulsões, anestesia geral, sedação e coma.
pneumotórax também admite várias classificações. Quanto ao Disfagia devido à doença neurológica ou esofágica, alteração
volume: pequeno, médio ou grande. É pequeno quando ocupa no mecanismo de fechamento da glote por traqueostomia ou
um terço da cavidade pleural ou menos; médio, quando ocupa entubação orotraqueal podem também predispor à aspira-
entre um terço e dois terços e grande quando ocupa mais do ção. Mesmo indivíduos normais aspiram, especialmente, du-
que dois terços. Quanto à lateralidade, uni ou bilateral. Quan- rante o sono. A diferença entre as pessoas normais e aquelas
to ao conteúdo: puro ou misto (pneumotórax e hemotórax). que subsequentemente sofrem pneumonia ou abscesso pul-
Quanto à evolução: estacionário ou progressivo. O progressivo monar é a composição do inóculo, a frequência e o volume
poderá ser hipertensivo, quando ocorrer acúmulo do ar, sob da aspiração e a propensão de reter o inóculo devido à redu-
pressão, no espaço pleural. É uma situação catastrófica porque ção nos mecanismos de defesa, como o reflexo da tosse.
poderá levar o doente à morte em segundo. A ação deverá ser
rápida. Uma outra modalidade de pneumotórax é o chamado Outros mecanismos menos comuns podem determinar infec-
“aberto ou aspirativo”. É consequente a ampla comunicação ções anaeróbicas pulmonares como: expansão transdiafragmá-
entre a cavidade pleural e o meio ambiente. Este tipo de feri- tica de uma coleção subfrênica e disseminação hematogênica
mento, é raro em ambiente civil. Quanto presente, provoca um de tromboflebite séptica. Infecções anaeróbicas pulmonares são
ruído característico chamado traumatopneia que traduz a pas- infrequentes em crianças, mas ocasionalmente podem ocor-
sagem do ar através do ferimento, na inspiração. Este tipo de le- rer após amigdalectomias, presumivelmente porque as criptas
são resulta em distúrbio ventilatório grave devido ao equilíbrio amigdalianas são colonizadas por bactérias anaeróbicas.
rápido das pressões atmosférica e pleural, levando ao colapso Bactérias anaeróbicas são encontradas em 60 a 85% dos ca-
ipsilateral e desvio do mediastino com todas as suas consequ- sos, quando técnicas diagnósticas apropriadas são utilizadas.
ências. Nos traumatismos torácicos, o pneumotórax tem como Aproximadamente 50% dos pacientes contêm somente bac-
origem lesões do parênquima pulmonar ou da parede do tórax térias anaeróbicas, enquanto os outros 50% têm uma combi-
em 90% dos casos. Lesões esófago, traqueia ou brônquio, feliz- nação de bactérias anaeróbicas e aeróbicas. Achados simila-
mente são raras. Tal qual no hemotórax, a maioria dos doentes res são encontrados em pacientes pediátricos com infecções
204
são tratados com uma colocação de um dreno intercostal. Não pulmonares anaeróbicas.
Residência
Médica 2014
Nas pneumonias por aspiração adquirida no ambiente hospi- O médico assistente deve lembrar também que esta quantidade
talar são mais prováveis as infecções mistas, nas quais predo- de sangue pode ser coletada em frasco de tórax de autotrans-
mina o componente aeróbico. Isso decorre da progressiva co- fusão e este sangue coletado ser readministrado ao paciente.
lonização da via aérea superior com bacilos Gram-negativos O fato que corrobora de modo marcante para a indicação
durante a hospitalização. da toracotomia de urgência é o fluxo de sangue do débito da
Os principais anaeróbios isolados nas infecções pulmonares drenagem torácica. Quando há perda de sangue maior que
são Peptostreptococcus, Bacterioides melaninogenicus e Fusobac- 200 mL/hora, por 2 horas subsequentes, fica indicado o pro-
terium nudeatum. Bacterioides fragilis, o qual é de específico in- cedimento cirúrgico. Resposta a.
teresse devido à resistência à penicilina, foi encontrado em 20%
dos casos. Esse resultado tem sido encontrado por muitos auto-
res, incluindo uma taxa de 14 a 21% para Bacteroides fragilis. Os 98. O carcinoma to tipo células pequenas são tumores de pro-
Gabarito Comentado
mesmos organismos têm sido documentados nas pneumonias vável origem neuroendócrina. Geralmente são lesões centrais
necrotizantes em pacientes imunocompetentes. Nos pacientes com extensão direta e encarceramento das estruturas do me-
imunocomprometidos, as infecções oportunísticas por Can- diastino. A apresentação periférica é rara, mas com frequência
dida albicans, Legionella micdadei, Legionella pneumophila e associada a comprometimento linfonodal hilar. No momento
Pneumocisti carinii são mais prevalentes. Resposta c. do diagnóstico a maioria já mostra sinais de disseminação me-
tastática hematogênica ou linfática, às vezes sem evidenciação
do tumor primário nos estudos radiológicos. Resposta b.
97. O hemotórax é a consequência mais comum de um
trauma de tórax, seja ele penetrante ou fechado. O sangue
coletado na cavidade pleural pode ser originário de qua- 99. Dentre os diagnósticos diferenciais dos nódulos pulmo-
tro fontes: lesão do parênquima pulmonar, lesões de vasos nares, existe o hamartoma. É o tumor benigno mais frequente
sistêmicos (intercostais, mamários), lesões do mediastino no pulmão e tem como característica ser um nódulo menor
(coração e vasos da base) e ferimentos toracoabdominais. do que 1,5 cm, bem delimitado e calcificado, sendo a calcifi-
Nestes últimos existe a possibilidade de um sangramento cação mais característica em forma de “pipoca”. Resposta a.
proveniente de uma víscera abdominal ser aspirado para a
cavidade pleural. O hemotórax admite várias classificações.
100. Todas as afirmações estão corretas (leia com atenção),
Quanto ao volume pode ser pequeno (300-350 mL), médio
exceto a opção “e” já que Atualmente, o tratamento preconiza-
(350- 1.500 mL) ou grande (maior do que 1.500 mL). Quan-
do é clínico, sendo a Penicilina substituída pela Clindamicina
to a lateralidade: uni ou bilateral. Quanto ao próprio der-
(600mg, endovenosa de 6/6 horas) isoladamente ou associada
rame: hemotórax ou hemotórax e pneumotórax associados.
ao Metronidazol ou ainda uma Cefalosporina de 3ª geração
Quanto à evolução, pode ser estacionário ou progressivo,
associada ao Metronidazol. A mortalidade é de 5 a 10%. Pa-
isto é, a coleção não aumenta com o passar do tempo ou é
cientes com grandes abscessos (> 6 cm), necrose pulmonar
um sangramento contínuo. Quanto à tensão: normotenso ou
progressiva, lesões obstrutivas, infecção bacteriana aeróbia,
hipertensivo. O hipertensivo sempre vem acompanhado de
imunocomprometimento, idade avançada, debilidade sistê-
pneumotórax pois é muito improvável senão impossível um
mica e aqueles que demoraram em procurar atendimento
doente chegar vivo com um hemotórax hipertensivo puro
médico têm maior mortalidade e incidência de complicações.
ao serviço de emergência. A condição de hemotórax hiper-
A complicação mais comum é o empiema com ou sem fístu-
tensivo é incompatível com a vida, nesta situação o doente
la broncopleural. A aspiração de pus de um grande abscesso
morre antes do choque hemorrágico.
pulmonar, por muitas vezes, promove a disseminação da in-
O diagnóstico do hemotórax traumático é fácil. O exame clíni- fecção e, até mesmo, a asfixia. Outras complicações, que são
co e uma radiografia simples de tórax o identifica. A terapêu- raras, incluem abscessos cerebrais e outros abscessos distais,
tica tem duas finalidades: atuar no próprio hemotórax e atuar infecção generalizada, hemorragia grave e gangrena pulmonar.
sobre a fonte de sangramento. Por ser a lesão do parênquima A superinfecção com outras bactérias ou fungos pode ocorrer
pulmonar responsável por mais de 90% dos casos de hemotó- com relação à terapia antimicrobiana. No abscesso pulmonar
rax, a drenagem intercostal é o tratamento definitivo, pois atua crônico, podem estar presentes bronquite crônica, enfisema
esvaziando a coleção de sangue e rápida expansão pulmonar, localizado ou bronquiectasias com recorrência subsequente de
permitindo a cicatrização espontânea da lesão que ocasionou pneumonite aguda na área envolvida. Resposta e.
o sangramento. No restante dos doentes (10%), a toracotomia
ou a laparotomia serão necessárias para reparar a fonte da he-
morragia: vasos parietais ou órgãos abdominais e diafragma. 101. A síndrome de Claude-Bernard-Horner, é comum no
Na avaliação inicial, administra-se alta concentração de oxigê- tumor Pancoast. Ela é secundária ao envolvimento da cadeia
nio (FiO2 de 0,85 a 1). Com o tórax e o pescoço desnudo, pre- simpática e do gânglio estrelado, causando enoftalmia unila-
para-se o paciente para uma drenagem torácica realizada no teral, ptose palpebral, miose e anidrose ipsilateral da face e do
5º espaço intercostal, anteriormente à linha médio-axilar do membro superior. Resposta c.
lado da lesão. Nestas circunstâncias, é preciso estabelecer pre-
cocemente uma via de administração de fluidos endovenosos.
102. Todas as opções estão corretas (leia com atenção) exceto a
Após a inserção do dreno, ocorre um grande extravasamento opção “d” já que a taxa de mortalidade é de 5 a 10%. Resposta d.
de sangue (pelo menos 1.500 mL). O médico assistente deve
estar atento para um caso de hemotórax volumoso, o qual
pode se tratar de um caso com lesão de um vaso de grosso 103. O hemotórax de pequeno volume, mesmo traumático,
calibre e, portanto, o paciente pode potencialmente necessi- pode ser reabsorvido espontaneamente. Todos os outros
205
tar de uma toracotomia de urgência. quadros são de indicação de drenagem imediata. Resposta e.
Cirurgia | Torácica
104. A presença de acidificação do líquido sugere metabolis- 110. O componente cartilagíneo só não está presente em
mo bacteriano, e não a alcalização. A incidência do derrame bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e intralobulares,
pleural parapneumônico pode chegar a 40% das pneumonias, além da região subglótica. Resposta a.
e o pneumococos é o principal germe. O aumento do DHL >
1.000 UI/L e glicose baixa, além de pH ácido, são indicativos
de empiema. O uso de fibrinolíticos intrapleural parece não re- 111. Todas estão corretas, exceto a opção B, uma vez que a veia
duzir o número de pacientes que vão para cirurgia. Resposta a. do lobo médio drena para veia pulmonar direita. Resposta b.
105. Todos os sinais descritos são sinais radiológicos de atelec- 112. A definição da alternativa A é Cornagem. Dispneia as-
tasia. Dentre esses, a diminuição dos espaços intercostais é o sociada a fraturas ou contusão pulmonar não têm designação
menos sensível e aparece em atelectasias extensas. Resposta e. especial. A alternativa D define o termo. Resposta d.
106. A obstrução da veia cava superior é um processo suba- 113. O quadro em questão é de diagnóstico diferencial de
gudo, ou agudo, na maioria das vezes causada por uma ne- nódulo pulmonar. Os nódulos considerados benignos e que,
oplasia maligna intratorácica. Essas podem ser, em até 90% portanto, requerem apenas acompanhamento radiológico
dos casos, o câncer do pulmão, os linfomas, ou os tumores trimestral por dois anos, são nódulos menores do que 1,5 cm,
mediastinais primários ou metastáticos. O câncer do pulmão bem delimitados, calcificados e em pacientes com idade in-
é o responsável por 46 - 75% de todos os casos da SVCS. Ela ferior a 35 anos e sem fatores de risco. São considerados nó-
é secundária a compressão, invasão e, ocasionalmente, for- dulos indeterminados, ou seja, que necessitam prosseguir em
mação de um trombo endoluminal. Os pacientes com SVCS investigação diagnóstica, quando maiores que 1,5 cm, mal
apresentam-se com edema e pletora faciais, do pescoço e das delimitados, não calcificados ou com calcificações em pon-
pálpebras; além da dilatação das veias do pescoço, do ombro, tos pequenos e em pacientes com mais de 35 anos e fator de
da parede anterior do tórax e dos membros supeirores. A cia- risco bem determinado. Neste paciente, o acompanhamento
nose dos membros superiores e da face é comum. Outros sin- radiológico está bem indicado. Resposta c.
tomas associados a ela são: cefaleia, vertigem, visão borrada,
tosse, síncope, dispneia, dor torácica e disfagia. A Associação 114. O quadro clínico e radiológico nos leva a pensar em um
da SVCS com a obstrução das vias aéreas superiores e com Derrame Pleural Parapneumônico/Empiema. Portanto, está
sinais de edema cerebral é sinal de mau prognóstico. indicada a toracocentese, o que revelou um provável exsu-
Entre as neoplasias pulmonares a que mais comumente causa dato (LDH= 1100 mg/dL). Não temos o diferencial, pois em
a SVCS é o carcinoma indiferenciado de pequenas células, DP com predomínio linfomononuclear poderíamos encon-
em 40% das vezes seguido pelo carcinoma escamoso. trar também estas alterações de pH e glicose. Dentro das al-
A tomografia computadorizada (TC) de tórax é provavel- ternativas que encontramos, a mais correta é a C, pois sendo
mente o exame de imagem mais utilizado na SVCS. Chega um exsudato polimorfonuclear, temos mais características de
a apresentar uma acurácia diagnóstica de 100%. Resposta a. empiema (líquido turvo, DHL > 1000 e glicose abaixo de 40
mg/dL), apesar do pH estar limítrofe. As outras alternativas
são incorretas, pois a determinação de transudato é através
107. O empiema em idade escolar é causado por pneumo- dos critérios de Light e não devemos depender de Gram ou
coco, sendo a drenagem pleural fechada à opção terapêutica. cultura para classificar um empiema. Lembrar que esta tam-
Os parâmetros do líquido pleural são os mesmos do adulto. bém é uma divisão de um DP parapneumônico. Resposta c.
Normalmente, a resolução do quadro é boa, com pouco ou
nenhum espessamento pleural. Portanto, os fibrinolíticos,
que podem ser uma opção terapêutica discutível no adulto, 115. Este paciente apresenta quadro clínico de compressão de
não são indicados em crianças, visto a baixa incidência de veia cava superior por um tumor de Pancost. Para cirrose he-
empiema multisseptado. Resposta a. pática com hipoalbuminemia, faltam o anasarca e a ascite. Cor
pulmonale é comum em associação a doença pulmonar crô-
nica com hipóxia e faltam também a hepatomegalia e o ede-
108. O quadro em questão é de abscesso pulmonar com sua ma de MIS. Fístula arteriovenosa em paciente de 60 anos sem
principal complicação, o empiema pleural. Inicialmente, an- história prévia ou trauma local é improvável. Um diagnóstico
tibioticoterapia e drenagem pleural. Posteriormente, deverá difícil é em relação à pericardite constritiva. Normalmente, es-
ser submetido a videotoracoscopia no caso de evolução insa- tes casos são relacionados a pulso paradoxal e ondas venosas
tisfatória. Resposta d. jugulares, e também com sinais de cor pulmonale. Resposta d.
109. Para quadros de abscesso pulmonar, temos que obser- 116. O caso em questão é clássico de aspiração. Só faltava a de-
var a presença de condição predisponente para aspiração. No terminação do sibilo localizado e pneumonias de repetição. Po-
caso em questão, o que é citado é a presença de tabagismo rém, a citação do episódio de sufocação, após os sibilos que não
importante + tosse crônica + lesão cavitária pulmonar. Ou melhoram o caso, é característico de corpo estranho. Asma teria
seja, nos casos de lesão cavitária sem condição predisponente melhorado com a terapêutica habitual. O paciente apresentou
para aspiração, deve-se pensar em diagnósticos diferenciais refluxo prévio, porém terminou o quadro como a maior parte
como tuberculose, neoplasia cavitária, empiema septado, en- das crianças antes de 1 ano de idade. Em relação ao quadro agu-
tre outros. Micetoma é a colonização de uma cavidade pré- do de laringotraqueobronquite, falta a febre. O diagnóstico e o
-formada por aspergillus e normalmente é assintomático ou tratamento são realizados com raio X de tórax para localização
206
causa hemoptoico. Resposta b. da imagem e broncoscopia respectivamente. Resposta d.
Residência
Médica 2014
117. Dor torácica tipo pleurítica, súbita, em jovem, lembra monstrado que a PET revela as lesões metastáticas não obser-
Pneumotórax. O exame físico com diminuição do murmúrio vadas pela TC e por outros meios convencionais em 10 a 20%
vesicular e o achado de timpanismo confirmam esta suspeita. dos casos. Por utilizar glicose marcada por flúor, poderá ter
O exame indicado no caso em questão é o raio X de Tórax e o sua interpretação alterada em diabéticos. Resposta e.
achado, será uma hipertransparência unilateral. Resposta d.
Gabarito Comentado
portante é avaliar através de exames de imagem se existem com exatidão a área que não participa da ventilação e sua
multiloculações. A pleurostomia é uma opção nos empiemas proporção dentro do tórax, tornou-se um exame com boa
pleurais crônicos, que não responderam a outros tratamen- acurácia e pouco invasivo. Resposta a.
tos propostos, inclusive cirurgia prévia. Na fase exsudativa, a
drenagem em selo d’água é uma excelente opção. Resposta c.
123. Estágio IIa (T1a/1b/2a N1M0 e T2bN0M0): Correspon-
dem a cerca de 10% dos casos de câncer do pulmão ressecados.
119. Verificar em anatomia; acidentes anatômicos. Resposta c. A lobectomia será o procedimento de escolha na maior parte
dos pacientes. Ocasionalmente, por conta da extensão tumoral
(T2b) algumas situações poderão requerer ressecções maiores
120. A síndrome do sulco superior ou Pancost é constituída (lobectomia com broncoplastia, bilobectomia ou pneumonec-
da compressão da cava superior + compressão do plexo bra- tomia). Os pacientes neste estágio submetidos à ressecção ci-
quial + síndrome de Claude-Bernard-Horner (ptose, miose, rúrgica completa e em boas condições clínicas são candidatos à
anidrose ipsilateral e enoftalmia unilateral). Os pacientes po- quimioterapia adjuvante. A radioterapia pós-operatória parece
dem também apresentar destruições de arcos costais, clavícula diminuir a recidiva local, mas nenhum estudo foi capaz de com-
e outros ossos adjacentes, como escápula e úmero. Resposta a. provar seu impacto na sobrevida, de modo que seu uso habitu-
almente não é reconhecida. Gabarito oficial d, gabarito SJT a.
121. Tomografia por emissão de pósitrons (PET) de corpo
inteiro é um método bastante útil, que avalia a atividade me- 124. Paciente com massa de 4,2 cm no LSD com invasão da
tabólica dos tecidos tendo como base a intensidade de cap- parede torácica, linfonodos hilares direitos aumentados na
tação de glicose radiomarcada (fluorodeoxiglicose - FDG) TC corresponde a tumor T3 (Tumor > 7 cm ou com extensão
quantificada em SUV (standard uptake value); valores aci- direta à parede torácica (incluindo tumor de Pancoast), ao diafrag-
ma de 2,5 SUV são indicadores de alta atividade metabólica ma, à pleura mediastinal ou ao pericárdio. Tumor com atelectasia
(exemplo: tecido neoplásico). Tem papel no diagnóstico, es- ou pneumonite obstrutiva de todo o pulmão. Tumor localizado a <
tadiamento (linfonodal e metastático) e acompanhamento de 2 cm da carina do mesmo lado e em lobo diferente do tumor pri-
tratamento dos carcinomas em geral. A PET pode orientar a mário). N1: metástases para linfonodos peribrônquicos ou
indicação de mediastinoscopia, punções aspirativas e outras hilares do mesmo lado ou ambos, incluindo extensão direta.
abordagens diagnósticas. É um método sensível de medida M0: sem metástases a distância (conhecidas). Este pacien-
dos efeitos biológicos de terapia anticâncer, mas até a melhor te preenche portanto critérios para estágio IIIa (T3N1M0;
padronização e experiência em larga escala, deve ser usado T1a/1b/2a/2b/3 N2M0 e T4N0 ou 1 M0). Resposta e.
como avaliação adicional aos outros métodos existentes.
Pode haver falso-positivos, como nas doenças granulomato-
sas, infecciosas e inflamatórias em geral, em pós-operatórios 125. Os quadros de embolia pulmonar podem levar a D.
e na região de materiais exógenos de alta atenuação, como pleurais transudatas ou exsudatas por atelectasias, irritação
clipes metálicos, próteses etc. (“artefatos quentes”). Falso- pleural adjacente ou por infarto pulmonar. Quando por in-
-negativos podem ocorrer mais frequentemente em lesões farto, frequentemente será um hemotórax com celularidade
nodulares menores que 1 cm de diâmetro, tumores de baixo igual a do sangue. A sarcoidose raramente leva a D. pleural,
metabolismo (tumores carcinoides e carcinomas bronquio- porém quando ocorre é um exsudato semelhante ao da tu-
loalveolares) e lesões situadas nas bases pulmonares, devido berculose. Resposta d.
ao artefato de movimentação diafragmática e superposição
de imagens da TC e PET assíncronas (“artefatos frios”). Equi-
126. No mesotelioma, o líquido pleural é inespecífico. A so-
pamentos que fundem as imagens adquiridas na tomografia
brevida média com QT é de 3 anos e sem é de 12 meses. A
computadorizada e na PET (PET-CT) oferecem a conveniên-
cirurgia pouco altera o prognóstico. O tipo epitelial é o mais
cia de um produto final com excelente resolução anatômica
comum, e 66% dos casos são confundidos com adenocarci-
(aspecto deficitário da PET, por sua natureza) combinada a
noma mestastático para pleura, sendo a imuno-histoquímica
acurada avaliação metabólica e funcional.
necessária neste momento. Resposta d.
Foi demonstrado que, usando os dados agrupados de múlti-
plos estudos, a PET combinada com TC é mais precisa para o
estadiamento mediastinal do que a TC sozinha, com um valor 127. Sequestro pulmonar é uma malformação pulmonar des-
preditivo positivo de 78% e um valor preditivo negativo alto crita como anormalidade vascular, pois ocorre uma nutrição
de 93% — um número que se aproxima das técnicas invasivas anômala vinda da aorta torácica ou abdominal em quase to-
207
de estadiamento. Em termos de doença metastática, já foi de- das as formas. Tem um subtipo extralobar no qual existe um
Cirurgia | Torácica
revestimento pleural próprio e não apresenta contato com 136. Como o saco pericárdico foi deixado aberto, não há
brônquio. É mais comum na base pulmonar E. O sequestro possibilidade de formação de tamponamento cardíaco, pois
intralobar ocorre em ambos os pulmões, sendo mais comum o mesmo escaparia pela região do pericárdio que ficou aber-
a D, e está relacionado a infecções pelo contato com parên- ta. A herniação cardíaca pelo saco pericárdico aberto é uma
quima pulmonar. A maior parte destes quadros é um achado complicação possível e, portanto, seu fechamento é obrigató-
radiológico ou quadro de abscesso pulmonar que não me- rio sempre. Qualquer tipo de sangramento em um caso assim
lhora com tratamento. Nesta questão, a alternativa A se con- seria de grande intensidade, por serem vasos de grande cali-
tapõe à D, portanto, por anulação, deveria ser uma das duas. bre envolvidos, além de que o choque hipovolêmico intenso
Você tem este tema disponível na sua apostila, aproveite e causaria colapso das jugulares e não distensão. Trombose de
faça uma breve revisão. Resposta d. cava causaria estase jugular, mas não hipotensão. Vicariância
é evento mais tardio, e não agudo. Resposta a.
134. Obstrução e estenose são complicações da própria tra- 142. Normalmente existe líquido na cavidade pleural, em
queostomia e não dão passagem da cânula, assim como teci- torno de 0,1 a 0,2 mL/kg de peso, sendo que o valor médio
é muito variado, de 1 a 10 mL, assim, o derrame pleural é
do de granulação local. Resposta b.
definido como qualquer volume de líquido acima de 10 mL
detectado no espaço pleural por meios apropriados, com ca-
135. Respiração paradoxal é um achado característico de tó- racterísticas físico-químicas próprias, seja de conteúdo he-
rax instável, que se caracteriza por pelo menos duas fraturas mático (hemotórax), purulento (piotórax), linfático (quilotó-
distintas de uma mesma costela e em costelas adjacentes. O rax) ou mesmo derrames provenientes de patologias de base
que ocorre nestas circunstâncias é um verdadeiro “descola- divididos em transudatos e exsudatos.
mento” de parte da caixa torácica em relação ao restante da A toracocentese diagnóstica permite a avaliação de sufusões
caixa, e desta forma, temos um movimento desconexo da res- pleurais indicando a natureza do líquido. A partir do mate-
piração desta porção que está “desconectada” do restante da rial colhido podemos realizar um estudo bioquímico, micro-
208
caixa torácica. Resposta e. biológico e citológico direcionando a terapêutica apropriada.
Residência
Médica 2014
O primeiro passo na análise do líquido consiste em avaliar 144. No Brasil, o câncer de pulmão é a primeira causa de
o aspecto visual, ou seja, a cor (amarelo-citrino ou amarelo- morte por câncer em homens e a segunda em mulheres. Ape-
-pálido é típico de transudato, e de alguns exsudatos como sar da alta efetividade da prevenção primária através da pre-
derrames malignos iniciais e tuberculose; sanguinolento na venção e do controle do tabagismo, a sua incidência também
ausência de trauma sugere malignidade; purulento estamos permanece elevada.
frente a um empiema; branco-leitoso sugere quilotórax) e Quatro tipos histológicos respondem por 90% dos casos:
odor (pútrido sugere empiema por germe anaeróbio).
Adenocarcinoma – é o mais comum nos Estados Unidos e
O segundo passo é estabelecer se é um transudato ou exsuda- Japão. É um carcinoma das glândulas mucosas, que possui
to. A análise bioquímica mostra nos exsudatos: duas subcategorias:
DHL pleural/DHL plasma > 0,6 Broncoalveolar: origina-se na periferia e tende a se espa-
Gabarito Comentado
lhar de forma descamativa;
Proteína pleural/proteína plasma > 0,5
Bronquíoloalveolar: pode ser de qualquer epitélio pró-
Proteínas totais > 3 g/%
ximo ou distante aos bronquíolos, espalha-se intralveo-
DHL pleural > 200 larmente, podendo ter infiltrado ou nódulos. Metade dos
Os transudatos são aqueles em que nenhuma situação acima tumores tem marcador para célula do tipo II ou clara;
ocorre. Carcinoma de células escamosas – era o mais frequente no
Dentre as sufusões exsudativas, Light observou três parâme- Brasil (atualmente é adenocarcinoma), vem do epitélio brôn-
tros do líquido pleural que indicam complicação apresentan- quico, tem localização central e pode ter uma forma polipoi-
do indicação de drenagem torácica, que são: de ou séssil intraluminal. Costuma dar hemoptise, se espalha
localmente, pode ter adenopatia hilar com alargamento do
pH < 7,2; mediastino e o critério essencial para diagnóstico histológico
Glicemia < 40 mg/%; é a presença de pérolas córneas ou de pontes intercelulares;
DHL > 1000; Carcinoma de células grandes – grupo heterogêneo de tu-
mores indiferenciados incapazes de serem encaixados em
Alem desses parâmetros, o estudo de células mesoteliais (predo-
qualquer outra categoria. Duplica-se rapidamente e é muito
mina nos transudatos), amilase (valores maiores que o do plasma agressivo. Pode apresentar marcadores de diferenciação para
sugerem pancreatite e ruptura esofágica), creatinina (suspeita de tumores neuroendócrinos;
urinotórax), triglicerídeos e colesterol (suspeita de quilotórax),
Carcinoma de células pequenas – normalmente são centrais,
citologia e a bacterioscopia direcionam o diagnóstico.
capazes de infiltração submucosa que obstrui os brônquios.
O tratamento da sufusões pleurais se baseia nas característi- São agressivos e causam muitas metástases. Possui três sub-
cas bioquímicas do líquido, sendo os transudatos e exsudatos tipos celulares:
não complicados tratados clinicamente, com ênfase na pa- Linfocitoide (oat cell) rápido crescimento, grande capa-
tologia de base e indicada toracocentese de alívio naqueles cidade de disseminação e, inclusive com invasão cerebral
casos com padrão respiratório restritivo. precoce. Apesar do alto grau de resposta ao tratamento,
A drenagem torácica fechada sob selo d’água está indicada apresenta baixo percentual de cura;
nos exsudatos complicados, empiemas, quilotórax e sufusões Intermediário;
hemorrágicas. O tempo de drenagem externa variará confor- Combinado - de células pequenas mais carcinoma epi-
me a resposta clínica ao antibiótico e medidas terapêuticas
dermoide ou adenocarcinoma.
outras, próprias para cada entidade patológica. Generica-
mente, o dreno poderá ser retirado se preencher integral- Apesar do câncer de pulmão poder metastatizar para qual-
mente três critérios, que são: reexpansão clinicorradiológica quer área do corpo, os locais mais comuns de metástases são
os linfonodos mediastinais e pulmonares, podendo acometer
do pulmão, débito do dreno de tórax < 100 mL em 24 horas e
também os cervicais e supraclaviculares. As lesões secundá-
ausência de fuga aérea, não representando, necessariamente,
rias sistêmicas atingem principalmente ossos, suprarrenais,
a cura e sim a utilidade terapêutica do mesmo. Resposta c.
fígado, e cérebro. As metástases podem causar dificuldades
respiratórias, dores ósseas, dores abdominais, dores de cabe-
143. Uma das complicações relacionadas ao tratamento do ça, fraqueza e/ou confusão mental.
TCE por hiperventilação é o pneumotórax hipertensivo. A O tumores de mama são os principais causadores de metásta-
pressão expiratória final positiva (PEEP) consiste no aumen- ses ósseas, seguidos por próstata e pulmão. Resposta a.
to proposital da pressão nas vias aéreas entre os ciclos respi-
ratórios, resultando em acúmulo de gás nos alvéolos, man-
145. A hemoptise é descrita como a presença de uma expec-
tendo-os abertos, diminuindo as áreas de shunt alveolares e
toração de sangue proveniente do trato respiratório.
aumentando a capacidade residual funcional. Isso permite
hiperisuflação pulmonar, mas predispõe a barotraumas, es- O escarro contendo sangue é bastante frequente e nem sempre
pecialmente se associada a volumes correntes elevados (nor- se constitui em um distúrbio grave. Cerca de 50% dos casos
mal: 500 mL ou 6-7 mL/kg). Os barotraumas levam a lesões são devidos a infecções como a bronquite aguda ou crônica.
alveolares e à formação de pneumotórax hipertensivo, cujo Contudo, uma hemoptise abundante requer um diagnóstico
209
tratamento é a drenagem da cavidade pleural. Resposta b. rápido por parte do médico.
Cirurgia | Torácica
Os tumores provocam cerca de 20% das hemoptises (sobre- A doença pulmonar mais comumente associada ao pneumo-
tudo o câncer de pulmão). tórax espontâneo secundário é a doença pulmonar obstruti-
va crônica (DPOC).
Principais causas de hemoptise
Infecções do trato respiratório Neoplasias malignas, particularmente sarcomas metastáti-
cos, podem causar pneumotórax espontâneo secundário.
Bronquite
Mais comumente do que o pneumotórax secundário, a oste-
Pneumonia ossarcoma em criança pode ser a primeira evidência de me-
Tuberculose tástase pulmonar.
Infecção por fungo (por exemplo, infecção por Aspergillus) O pneumotórax espontâneo pode ainda ser secundário à tu-
Abscessos pulmonares berculose tanto em fase inflamatória como em pacientes com
Bronquiectasia doença cavitária avançada.
Distúrbios circulatórios O pneumotórax espontâneo catamenial ocorre durante a
Insuficiência cardíaca menstruação. Tal evento surge na 3ª e 4ª década da vida e
ocorre do lado direito em 90% dos casos.
Estenose da válvula mitral
Malformações arteriovenosas O pneumotórax associado à AIDS ocorre geralmente em um
quadro de pneumonia por Pneumocystis carinii (PCP). Cerca
Corpo estranho nas vias aéreas
de 6% dos pacientes com AIDS e PCP apresentam pneumo-
Distúrbios hemorrágicos tórax. A pneumonia por pneumocistis produz necrose com
Trauma formação de múltiplos blebs subpleurais. Tais pneumotoraces
Embolia pulmonar são frequentemente recidivantes, bilaterais e com fístulas aé-
Tumor reas persistentes. A mortalidade é elevada, neste subgrupo de
pacientes. Resposta b.
Lesão durante um procedimento médico
A hemoptise na fibrose cística representa geralmente erosão
da parede das vias aéreas devido a processos infecciosos. Com 147. O nódulo pulmonar solitário (NPS) é um achado radio-
o aumento no número de pacientes mais velhos, a hemoptise lógico comum, geralmente encontrado de forma acidental em
vem aumentando sua frequência. Episódios de pequeno volu- pessoas assintomáticas, que realizaram uma radiografia de to-
me (< 20 mL) não devem causar alarme e significam apenas ráx por outros motivos. Trata-se de uma lesão de forma esférica,
necessidade de antibioticoterapia e fisioterapia torácica. menor do que 3 cm, revelada por qualquer método de imagem,
A pneumocistose não está relacionada com hemoptise, sen- predominantemente sólida, sem estar acompanhada de lesões
do um sintoma extremamente raro nesta doença. A bronco- sugestivas de metástases ou invasão de estruturas vizinhas.
litíase representa a presença de cálculos na árvore brônquica Correspondem normalmente às seguintes lesões: granulo-
e se apresenta com tosse e hemoptise. Resposta e. mas, 40%; carcinomas primários, 40%; metástases, 7%; ha-
martomas, 5%; outros, 8%.
146. O pneumotórax, ou a presença de ar no espaço pleural, A conduta no NPS depende de uma série de fatores, que passam
é classificado como espontâneo (primário ou secundário) ou pela anamnese do paciente e obtenção de exames de imagem.
traumático. O pneumotórax primário ocorre na ausência de Pacientes com menos de 35 anos possuem pouca chance de
causa subjacente, ao passo que o secundário ocorre como malignidade, ao passo que em pacientes acima de 50 anos
complicação de uma doença pulmonar preexistente. O pneu-
mais da metade dos NPS são malignos. História de taba-
motórax secundário ocorre como complicação da doença
gismo constitui fator de risco significativo não apenas para
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, fibrose cística,
carcinomas broncogênicos, mas também para tumores de
tuberculose e certas pneumopatias intersticiais. O Pneumo-
outras linhagens. A presença de antecedentes de neoplasias
tórax em associação com a menstruação (pneumotórax ca-
prévias eleva a chance do diagnóstico de tumor metastático.
tamenial) é outra causa bem estabelecida de pneumotórax
Deve-se verificar a exposição a carcinógenos.
secundário. Uma vez que invariavelmente existe uma doença
subjacente, o pneumotórax secundário é geralmente mais A radiografia de tórax é responsável pelo encontro do NPS e
grave que o pneumotórax espontâneo primário. na maioria das vezes não evidencia outros achados que auxi-
A incidência de pneumotórax primário é de cerca de 10 por liem no diagnóstico definitivo. Sempre que possível, deve-se
100.000 por ano. A doença atinge principalmente homens comparar com exames anteriores, caso estes existam, bem
altos e magros entre 20 e 40 anos de idade. O pneumotórax como correlacionar com sinais e sintomas clínicos.
primário é atribuído à ruptura de “blebs” ou vesículas apicais A tomografia é o exame de maior importância, uma vez que a
subpleurais como consequência de picos de pressão negativa TC de tórax permite melhor caracterização do nódulo e do me-
intrapleural. Fatores familiares e o hábito de fumar cigarros diastino, fornecendo critérios de benignidade ou de malignida-
também são fatores importantes. de, assim como uma melhor localização, o que permite maior
Em 20% dos pacientes com pneumotórax espontâneo, o even- acurácia na obtenção de fragmentos por biópsias, nos casos
to está relacionado a uma doença pulmonar subjacente locali- em que se façam necessários tais procedimentos. Geralmente,
zada ou generalizada. O pneumotórax pode precipitar a insu- quanto menor o nódulo, maior a chance de benignidade: 80%
ficiência respiratória e os pacientes são geralmente mais idosos dos nódulos benignos são menores do que 2 cm de diâmetro.
e têm maior comprometimento da função pulmonar. O índice Entretanto, apenas o tamanho pequeno não exclui malignidade,
de recorrência do pneumotórax secundário é relatado como pois 15% dos nódulos malignos são menores do que 1 cm de
210
similar ou até mais alto do que no pneumotórax primário. diâmetro e aproximadamente 42% são menores do que 2 cm.
Residência
Médica 2014
As margens e contornos dos nódulos podem ser classifica- 148. O pneumotórax espontâneo primário é uma doença
dos em lisos, lobulados, irregulares ou espiculados. Apesar mais comum em adultos jovens, com a maioria dos pacientes
da maioria dos nódulos com contornos lisos e margens bem estando com idade entre 20 a 30 anos e 85% dos casos com
definidas ser benigna, estes aspectos não são exclusivos de idade abaixo de 40 anos. A incidência anual é de 9 casos a
causa benigna, pois 21% dos nódulos malignos apresentam cada 100.000 habitantes, com uma prevalência maior de ho-
margens bem definidas. Outro aspecto importante na ava- mens sobre mulheres com um índice de 4-6 para 1. Fuman-
liação de uma TC com NPS é a presença de gordura ou de- tes têm aumento na incidência da doença. A lesão bilateral
terminados padrões de calcificação, que sugerem fortemente simultânea ocorre em 10% dos pacientes. Parece haver uma
uma causa benigna. Caso a avaliação das características do relação com incidência familiar.
nódulo não sejam suficientes para definir um padrão de be- O pneumotórax espontâneo primário resulta da ruptura de
nignidade, o estudo tomográfico pode ser complementado “blebs” ou vesículas enfisematosas subpleurais, geralmente
Gabarito Comentado
com avaliação das características do NPS após injeção de localizadas nos ápices dos pulmões. Existem na literatura evi-
meio de contraste EV. Baseado na premissa de que os nódu- dências da etiologia congênita dessas vesículas, mas o tema é
los malignos têm um padrão de vascularização diferente dos controverso. O “bleb” é um espaço preenchido por ar entre o
nódulos benignos, avalia-se o realce do nódulo observando parênquima pulmonar e a pleura visceral e se desenvolve pela
que se houver um realce menor do que 15 UH a probabilida- ruptura de parede alveolar com dissecção intrapulmonar pelo
de deste nódulo ser benigno é bastante alta. ar livre para a superfície pleural. Por outro lado, a observação
de que estes “blebs” não têm revestimento epitelial dá apoio a
Algumas características imaginológicas utilizadas na dife-
esta etiologia adquirida, apesar de sua patogênese verdadeira
renciação dos nódulos pulmonares são as seguintes:
ser desconhecida. Uma explicação é que o “stress” mecânico
Nódulo benigno Nódulo maligno causado pelo peso do pulmão em posição ereta não é dis-
tribuído uniformemente ao longo do pulmão, mas é muito
Menor tamanho Maior tamanho
mais intenso no ápice do que nas bases. Pela lei de Laplace,
Contorno liso Contorno espiculado a tensão na parede dos alvéolos no ápice é maior, facilitando
Conteúdo de gordura Áreas de necrose sua distensão e ruptura. O ar alveolar pode então dissecar ao
Calcificação central Calcificação excêntrica longo do septo lobular em direção ao hilo, ao longo do tecido
peribrônquico. Pode ainda dissecar em direção à periferia do
Calcificação total Calcificação dispersa
pulmão, formando assim vesículas sob a pleura visceral.
Calcificação em pipoca ou lamelar Calcificação fina
A incidência de “blebs” demonstráveis radiologicamente é
Após a obtenção dos estudos radiológicos e de uma história aproximadamente de 15%. Estão mais frequentemente lo-
clínica adequada, três são os caminhos a se considerar na in- calizados no ápice dos lobos superiores e, ocasionalmente,
vestigação do NPS: ao longo das fissuras. Em casos que requerem tratamento
Observação cirúrgico, encontra-se bolhas em aproximadamente 85%
dos casos. São muito importantes os estudos de recidiva do
Para os pacientes em que tanto a história clínica quanto os pneumotórax. Existe uma incidência de 20 a 50% de recidiva
achados radiológicos caracterizam baixo risco de malignida- do pneumotórax; 90% das recorrências ocorrem do mesmo
de (nódulos com margens bem definidas, < 35 anos e não lado do episódio inicial. Após o segundo episódio, o índice
fumantes). Como regra geral, orienta-se observação com ra- de recorrência aumenta para 60 a 80%. Os fatores de risco
diografias de tórax a cada 3-6 meses durante pelo menos 2 de recorrência incluem: mais que um episódio prévio, bolhas
anos. visíveis ao exame radiológico e pacientes longilíneos.
Biópsia O pneumotórax pode geralmente ser visibilizado em uma ra-
Para pacientes em que o risco é duvidoso, deve-se optar sem- diografia simples de tórax realizada em inspiração profunda. A
pre pela obtenção de uma amostra de tecido para análise ana- característica radiológica do pneumotórax é o distanciamento
tomopatológica. Esta amostra pode ser obtida de várias ma- da pleura visceral da pleura parietal pela presença de ar no es-
neiras, a depender da localização e do tamanho do tumor. As paço pleural. O ar na cavidade pleural aparece como área hi-
formas menos invasivas de diagnóstico são a biópsia trans- perlúcida, com ausência da trama vasobrônquica na periferia
brônquica (guiada ou não por radioscopia) e a biópsia trans- do hemitórax. A pleura visceral é geralmente visualizada como
torácica (guiada ou não por tomografia). Estas são formas uma linha fina que se destaca por ar no espaço pleural de um
com baixa morbidade, mas que de acordo com o tamanho e lado e ar dentro do parenquima pulmonar do outro. Quando
a localização do tumor podem apresentar baixa sensibilidade as manifestações clínicas sugerem fortemente um pneumotó-
para o diagnóstico. Nos casos em que o diagnóstico não pode rax e não existem anormalidades ao exame radiológico feito
ser obtido de forma menos invasiva, em pacientes de risco, da forma convencional, deve-se repetir o exame em expiração.
O tamanho do pneumotórax parece aumentar na radiografia
opta-se pela realização de procedimentos cirúrgicos, sejam
porque o volume pulmonar fica diminuído durante a expira-
eles a biópsia a céu aberto ou videoassistida.
ção máxima forçada. A expiração também diminui a densida-
Ressecção de radiológica do pulmão, aumentando portanto o contraste
Em pacientes com alto risco de malignidade, definido pelos entre o pulmão e o ar no espaço pleural.
achados clínicos e radiológicos já mencionados (nódulos Na tentativa de estimar o tamanho do pneumotórax a partir
com margens mal definidas, > 35 anos, fumantes) e sem con- de uma radiografia de tórax em duas posições é importante
traindicações cirúrgicas de maior importância, a indicação lembrar que o ar na superfície pleural está em volta do pul-
de ressecção pode ser feita diretamente, mesmo sem o diag- mão nas três dimensões, portanto um pneumotórax que pode
211
nóstico histológico estabelecido previamente. Resposta c. ser visto apenas na periferia do pulmão pode ocupar até 30%
Cirurgia | Torácica
do volume da cavidade pleural. Existem métodos de calcular o O mediastino médio é caracterizado pelo saco fibroso do pe-
tamanho do pneumotórax utilizando medidas feitas no exame ricárdio e o coração, com os nervos frênicos e seus vasos as-
radiológico e plotando tais medidas em um normograma - o sociados. Além do coração e pericárdio no mediastino médio
tamanho do pneumotórax pode ser estimado como porcenta- encontramos a parte ascendente da aorta e o tronco pulmonar.
gem do volume do hemitórax do lado afetado (Rhea, DeLuca O plano mediano divide o corpo em partes direita e esquerda
& Greene, 1982). O tamanho do pneumotórax pode assim ser e toda secção do corpo feita por planos paralelos ao mediano
classificado como pequeno (com menos de 20%), moderado é uma secção sagital (corte sagital).
(de 20 a 40%) ou importante (com mais de 40%). Resposta d.
Traqueia
Artéria inominada esquerda
149. O pneumotórax hipertensivo é causado por trauma fe- Veia inominada esquerda Quarta vértebra torácica
Arco aórtico
chado ou ocasionalmente penetrante. O mecanismo respon-
Esterno Artéria pulmonar direita
sável pela lesão é a penetração de ar na cavidade pleural sem
Aorta ascendente
saída do mesmo, oriundo do pulmão, brônquios, traqueia ou Átrio esquerdo
pela parede torácica levando a um deslocamento do medias- Ventrículo direito
Esôfago
tino para o hemitórax contralateral e à consequente compres- Átrio direito
Veia cava inferior
são do pulmão e dos grandes vasos devido ao aumento da
pressão, por isso é chamado pneumotórax hipertensivo. O ar Diafragma
Fígado
penetra na inspiração, mas não sai na expiração, comprimin-
do a veia cava e deformando a junção cavoatrial, levando a
Resposta c.
uma redução no enchimento diastólico do coração e à dimi-
nuição do débito cardíaco. Estas alterações levam à instala-
ção rápida de hipóxia, acidose e choque. 151. Pacientes com tumor de pulmão apresentando estadia-
O diagnóstico é clínico, com o paciente apresentando falta mento IIIB (T4, qualquer N, M0 e qualquer T, N3M0) são
de ar e dor torácica como as queixas mais comuns. O esta- considerados inoperáveis. Tumores N3 são aqueles apresen-
do geral do paciente é muito variável, desde aparentemente tando envolvimento de linfonodos mediastinais contralate-
saudável até cianótico, taquipneico, agitado e aparentemente rais, hilares contralaterais, escalênicos ipsi ou contralaterais
muito grave. Os sinais e sintomas podem não corresponder ou linfonodos supraclaviculares. Tumores T4 são aqueles que
ao tamanho do pneumotórax, o murmúrio vesicular pode invadem corpos vertebrais, mediastino, coração, grandes va-
estar diminuído ou abolido e o tórax pode estar hipertimpâ- sos, traqueia, esôfago ou carina ou que contenham efusões
nico, assim como pode haver enfisema subcutâneo. pleurais malignas. O tratamento destes tumores é feito por
radioterapia externa primária ou quimioterapia. Poucos pa-
Os pacientes encontram-se dispneicos, agitados, inquietos, cia- cientes se tornam elegíveis para um procedimento cirúrgico
nóticos, taquicárdicos e hipotensos, com alteração progressiva após tratamento não cirúrgico inicial. Resposta d.
do estado de consciência. Os principais sinais do pneumotórax
hipertensivo são a taquicardia, a turgência jugular e a ausência
de murmúrio vesicular ipsilateral. A hipotensão não ocorre tão 152. Se no tórax houver uma lesão de grande diâmetro (di-
precocemente quanto a hipóxia e pode representar um evento âmetro superior ao do brônquio fonte), é possível ouvir um
pré-terminal. O tratamento deve ser imediato, com inserção de ruído aspirativo devido à entrada e saída de ar por esta leão;
agulha calibrosa no espaço pleural, enquanto se realiza a dre- este sinal é descrito como traumatopneia. Resposta d.
nagem torácica fechada no 5º/6º espaço intercostal. Resposta c.
153. Descrita inicialmente por Carlens em 1959 para o esta-
150. Na cavidade torácica, as duas regiões pleuropulmonares são diamento do carcinoma broncogênico e para o diagnóstico
divididas pelo mediastino. O mediastino estende-se do esterno das diversas patologias que afetam o mediastino, a medias-
e cartilagens costais à coluna vertebral (faces anteriores das vér- tinoscopia continua sendo um procedimento cirúrgico de
tebras torácicas), e da raiz do pescoço ao diafragma. Abrange enorme valor, com relativa alta sensibilidade em mãos expe-
todas as vísceras torácicas, exceto os pulmões e as pleuras, que rientes. Possibilita a visibilização do conteúdo de determina-
estão alojadas em uma expansão da fáscia serosa do tórax. das áreas do mediastino superior ao alcance do mediastinos-
cópio, cujo principal propósito seria a obtenção de amostras
O mediastino varia de comprimento com o nível do diafragma e de biópsias para estudo histopatológico.
a tração do coração ao inclinar-se para um lado e outro, como o
leve deslocamento do choque produzido pela ponta do coração. A mediastinoscopia cervical permite acesso aos linfonodos pa-
ratraqueais e carinais (níveis 2, 4 e 7 de linfonodos mediastinais).
Divide-se em superior e inferior por um plano imaginário que
passa anteriormente pelo ângulo esternal e posteriormente pela Linfonodos Mediastinais Superiores
margem inferior da IV vértebra torácica. O mediastino supe- 1 Mediastinal alto
rior é delimitado anteriormente pelo manúbrio esternal e poste- 2 Paratraqueal superior
riormente pelas 4 primeiras vértebras torácicas, localizando-se
acima do pericárdio. O mediastino inferior é limitado anterior- 3 Pré-vascular e Retrotraqueal
mente pelo corpo do esterno e posteriormente pelas 8 últimas 4 Paratraqueal inferior (incluindo linfonodos ázigus)
vértebras torácicas, podendo ser dividido em anterior (entre o Linfonodos Aórticos
pericárdio e o esterno), médio e posterior (entre o pericárdio e
a coluna vertebral). Certas estruturas atravessam o mediastino e 5 Subaórtico
212
por isso aparecem em mais de um compartimento. 6 Paraórtico (aorta ascendente ou frênica)
Residência
Médica 2014
Linfonodos Mediastinais Inferiores se, dispneia, dor torácica, hemoptise e síndrome da veia cava
7 Subcarinal superior. Também se associam a várias síndromes sistêmicas
imunológicas. A mais frequente é a Miastenia gravis (MG),
8 Paraesofágico (subcarinal)
seguida por anemia aplásica e Lúpus Eritematoso Sistêmico.
9 Ligamento Pulmonar Outras doenças menos comuns são a Síndrome de Cushing,
Linfonodos N1 a Síndrome de Good (hipogamaglobulinemia e timoma), hi-
10 Hilar pergamaglobulinemia, dermatomiosite, artrite reumatoide,
megaesôfago, miocardite granulomatosa, leucemia linfoblás-
11 Interlobar tica aguda de células T, hiperparatireoidismo ectópico puro,
12 Lobar encefalite límbica, linfomas e distúrbio da coagulação.
13 Segmental A maioria dos pacientes com MG não têm timoma. A in-
Gabarito Comentado
14 Subsegmental cidência varia entre 10 e 42% e os homens têm o dobro de
Resposta e. posibilidade da mulher de ter timoma. Por esta associação,
aos pacientes com MG é recomendada TC ou RNM de me-
diastino para determinar a presença de timoma. Resposta c.
154. Tratotomia é um termo utilizado em neurocirurgia, que
se refere à secção do trajeto de um nervo, normalmente o
trigêmeo, com o objetivo do tratamento da dor. Em cirur- 156. A neoplasia tida como a mais frequente do mediastino é
gia torácica, pode ser utilizado para se referir à abertura do o tumor neurogênico. Dentre os que se localizam no medias-
trajeto de um projétil de arma de fogo, para visualização e tino anterior os timomas são tidos como os mais incidentes
(30%), seguidos pelos teratomas, tumores da tireoide, linfo-
hemostasia da lesão. Resposta a.
mas e tumores mesênquimais.
Existem numerosas classificações para as lesões de medias-
155. Timomas representam a segunda neoplasia em frequên- tino; a primeira e mais importante é diferenciar os tumores
cia no mediastino, com cerca de 20% do total destas lesões, primários, derivados de estruturas anatômicas situadas no
sendo a primeira lesão em incidência no mediastino anteros- próprio mediastino, dos secundários, por extensão metastá-
superior. Seu pico de incidência está entre a terceira e a quinta tica de neoplasias de outros lugares. Uma das classificações
década. São usualmente sintomáticos e os sintomas se devem mais aceitas das lesões primárias e ainda vigente é a classifi-
ao efeito de massa sobre estruturas mediastinais causando tos- cação de Voriety e Coury (1958).
157. O pneumotórax espontâneo primário é mais comum em adultos jovens, com a maioria dos pacientes estando com idade
entre 20 a 30 anos e 85% dos casos com idade abaixo de 40 anos. Um pneumotórax pequeno e estável, menor do que 20%, em
um paciente assintomático, pode ser mantido em observação. Alguns autores mantém o paciente em regime ambulatorial, com
controle clínico constante e radiográfico a cada 24 horas, indicada para comprovar que o pneumotórax não aumenta. Os pa-
cientes são orientados para diminuir suas atividades e permanecer nas proximidades da instituição médica. A absorção do ar
(nitrogênio) é lenta, e apenas cerca de 1,5% do ar intrapleural é absorvido diariamente na cavidade pleural. Como resultado, pode
levar semanas até o pulmão reexpandir completamente. Durante essa observação, o retardo na expansão pulmonar, o aumento
do pneumotórax e o aparecimento de sintomas são indicações de drenagem pleural.
O pneumotórax pode geralmente ser visibilizado em uma radiografia simples de tórax, realizada em inspiração profunda. Quan-
do as manifestações clínicas sugerem fortemente um pneumotórax e não existem anormalidades ao exame radiológico feito
213
da forma convencional, deve-se repetir o exame em expiração. Na expiração o tamanho do pneumotórax parece aumentar na
Cirurgia | Torácica
radiografia porque o volume pulmonar fica diminuído duran- A grande maioria dos pacientes sintomáticos envolvem a
te a expiração máxima forçada. A expiração também diminui árvore traqueobrônquica. Os carcinoides que se desenvol-
a densidade radiológica do pulmão, aumentando, portanto o vem dentro de grandes vias aéreas crescem lentamente e se
contraste entre o pulmão e o ar no espaço pleural. Resposta b. tornam volumosos. Devido a sua localização e tamanho, es-
tes carcinoides centrais podem causar obstrução bronquial.
Todas as sequelas resultantes dessa obstrução podem advir,
158. É bem verdade que a grande maioria da lesões torácicas incluindo atelectasia persistente, pneumonia recorrente, abs-
traumáticas (80 a 85%) são tratadas apenas com drenagem cesso pulmonar e bronquiectasia. Carcinoides são tumores
do espaço pleural. Em poucas circunstâncias ocorre de haver caracteristicamente vascularizados e costumam sangrar se-
indicação para a realização de uma toracotomia de urgência. cundariamente à irritação bronquial. A irritação bronquial
As indicações clássicas incluem: presença de hemotórax ma- persistente leva à tosse irritativa.
ciço (mais de 1500 mL de sangue à drenagem, sangramento
de 200 a 300 mL/hora mantida por 3 horas seguidas); lesão Apesar da maioria desses tumores ser séssil na região intra-
de traqueia, brônquio ou esôfago; lesão de grandes vasos; to- bronquial, alguns podem se apresentar com aspecto polipoi-
racotomia traumática e tamponamento cardíaco. Resposta a. de, que se crescerem muito, podem causar um mecanismo de
válvula dentro do brônquio, levando a uma hiperinsuflação
pulmonar distal ao tumor.
159. Pode-se encontrar nódulos pulmonares solitários even- Carcinoides periféricos pulmonares mais comumente são as-
tuais em cerca de 0,2% das radiografias de tórax solicitadas sintomáticas e são descobertos incidentalmente. Devem ser
para diversos fins. Cerca de 30% destas lesões são malignas. considerados como diagnóstico diferencial na avaliação de
Na maioria dos casos, trata-se de lesões benignas que po- lesões pulmonares solitárias.
dem corresponder em sua maioria a adenomas brônquicos
e hamartomas. Outras lesões menos comuns como condro- Os carcinoides brônquicos podem ser visualizados como nó-
mas, fibromas, lipomas, leiomiomas, hemangiomas, terato- dulos na radiografia de tórax. Resposta a.
mas, pseudolinfomas e endometriomas também podem se
apresentar como lesões pulmonares únicas. Os hamartomas
162. A embolia pulmonar ocorre como consequência de um
correspondem ao tipo mais frequente de lesão pulmonar be-
trombo, formado no sistema venoso profundo, que se des-
nigna, ocorrendo principalmente em adultos. As lesões em
prende levando à obstrução da artéria pulmonar ou de um
geral estão localizadas na periferia do órgão e possuem uma
de seus ramos, daí o termo adotado por muitos grupos de
consistência firme. Resposta d.
doença venosa tromboembólica. Sua incidência na popula-
ção geral é estimada em 5/10.000 pacientes, com mortalidade
160. A pneumonia aspirativa se associa às condições clínicas quatro vezes maior quando o tratamento não é instituído. A
predisponentes, como pacientes com sequelas neurológicas, incidência de TVP está aumentada nos pacientes submetidos
distúrbios mentais e psicomotores, e manifesta-se radiologi- à cirurgia abdominal ou pélvica, ocorrendo em 25% dos pa-
camente atendendo a uma distribuição gravitacional. Predo- cientes sem profilaxia anticoagulante. Na presença de doença
mina no pulmão direito envolvendo, sobretudo, o segmento maligna associada, a incidência de TVP é de, aproximada-
posterior do lobo superior, apical e basal posterior, além dos mente, 30%, e uma das principais causas de óbito em cirurgia
subsegmentos axilares. Os patógenos anaeróbios são a etio- de neoplasia ginecológica.
logia usual. Considerando-se a participação de germes que Os achados clínicos podem ser divididos de acordo com a
produzem necrose, é comum a presença de cavitação. Na extensão da embolia:
suspeita de pneumonia aspirativa, cobertura para anaeróbios
Achados clínicos nas embolias pequenas (submaciças): dor
faz-se necessária e a utilização de amoxicilina-clavulanato,
torácica, dor pleurítica, dispneia, taquipneia, tosse, hemopti-
com ou sem um macrolídeo, deve ser considerada. Uma
se/hemoptoicos, taquicardia, febre, cianose.
alternativa seria a utilização de uma quinolona associada à
clindamicina ou metronidazol. Para pacientes com pneumo- Achados clínicos nas embolias grandes (maciças): síncope,
nias adquiridas e tratadas em clínicas de repouso ou asilos, hipotensão arterial/choque, taquicardia, dispneia, cianose.
uma quinolona respiratória (isoladamente) ou amoxicilina- Na radiografia do tórax as principais alterações correlacio-
-clavulanato + macrolídeo ou, ainda, uma cefalosporina de 2ª nadas com a embolia são: áreas de hipoperfusão pulmonar
geração + macrolídeo, são alternativas. A melhor cobertura (sinal de Westmark), imagens cuneiformes (sinal de Hamp-
disponível na questão é a opção B. ton), dilatação da artéria pulmonar (sinal de Palla), atelecta-
O bacilo da tuberculose é um BAAR (bacilo ácido-álcool re- sia, derrame pleural e elevação da hemicúpula diafragmáti-
sistente), corado por Ziehl Neelser e que quase não se cora ca. Entre as alterações descritas, a identificação de áreas de
pelo Gram, portanto a possibilidade de se tratar de uma tu- hipoperfusão é a mais específica. A radiografia de tórax é
berculose é baixa. Resposta b. fundamental no subgrupo de pacientes a serem submetidos
à cintilografia pulmonar de ventilação e perfusão, ajudando a
definir a probabilidade diagnóstica. Resposta b.
161. Adenoma brônquico corresponde a cerca de metade dos
casos de lesões benignas pulmonares. O uso deste termo vem
sendo desencorajado, pois uma série de lesões como tumores 163. O tórax instável ou flutuante ocorre por definição quan-
carcinoides, carcinomas adenocísticos e carcinomas mucoe- do um segmento da parede torácica não tem mais conti-
pidermoides são diagnosticados sob a alcunha deste termo. nuidade óssea com o resto da caixa (no mínimo 2 costelas
Cerca de 25 a 39% dos pacientes com carcinoide pulmonar subjacentes estão fraturadas e em pelo menos 2 pontos) e
214
são assintomáticos. há separações condocondrais e fraturas esternais, ou uma
Residência
Médica 2014
combinação dessas lesões. Isto leva à instabilidade de pare- Distribuição dos tumores e outras massas
de torácica, acarretando movimento paradoxal do segmento tumorais do mediastino
comprometido durante a respiração. O movimento parado-
xal, somado à limitação funcional causada pela dor e pela le- Todas as partes do mediastino Mediastino anterior
são pulmonar subjacente, produz quadro clínico de hipóxia Lesões ganglionares Teratoma
grave e progressiva. Resposta d. Linfangioma
Cistos broncogênicos
Angiomas
Mediastino médio Cistos pericárdicos
164. A angiografia pulmonar é considerada o método pa-
drão para o diagnóstico da EP com a visualização da circu- Teratoma
Lesões esofágicas
lação pulmonar, após a injeção de contraste iodado. O uso Timoma
Gabarito Comentado
de cateteres mais finos e flexíveis e a melhor definição da Adenona paratireoide Mediastino posterior
imagem com a incorporação da técnica de subtração digital Aneurismas Tumores neurogênicos
têm melhorado a acurácia do método. As principais com-
Lipoma Feocromocitoma
plicações do método são a anafilaxia e a nefrotoxicidade in-
duzida pelo contraste, que pode ser minimizada com uma Mixoma Aneurismas
adequada hidratação venosa. Cistos enterógenos
Bócio Lesões espinhais
A apresentação clínica da EP é geralmente inespecífica, difi- Hérnia hiatal
cultando o diagnóstico. Os sinais e sintomas dependem, fun-
damentalmente, da localização e tamanho do trombo e do
estado cardiorrespiratório prévio do paciente. A EP pode ser 166. A doença de Graves, ou bócio difuso tóxico, tem origem
classificada em três síndromes clínicas: colapso circulatório, desconhecida, mas sendo imputada uma causa autoimune, já
dispneia não explicada e dor torácica do tipo pleurítica. Estas que estão presentes anticorpos contra antígenos da tireoide.
formas de apresentação clínica estão correlacionadas com os Os fatores ativadores podem ser: o consumo excessivo de iodo,
respectivos modelos fisiopatológicos: embolia maciça, em- o uso de hormônio tireiodiano e os distúrbios emocionais.
bolia submaciça e infarto pulmonar. Nos pacientes estáveis Seu tratamento inicial é feito com drogas antitireoidianas,
clinicamente, a dispneia e a dor torácica são os sintomas mais como o propiltiouracil e o metimazol, associados a bloque-
frequentes, estando a dispneia presente em 73%, e a dor torá- adores beta-adrenérgicos, bem como com o uso de iodo ra-
cica tipo pleurítica, em 66% dos pacientes. dioativo, que tratam mais de 50% dos casos.
A embolectomia está indicada na EP maciça, com contrain- Quando há intolerância ou dificuldade de se adaptar às dro-
dicações para o uso de trombolítico ou, mais raramente, para gas, ou uma contraindicação absoluta ao uso do iodo radioa-
aqueles que não responderam à trombólise e permanecem tivo (grávidas e neonatos), indica-se o tratamento cirúrgico,
instáveis a despeito do tratamento intensivo. O melhor re- que consiste de uma tireoidectomia subtotal, onde se deixa
sultado cirúrgico é reservado para os casos de obstrução pequena quantidade de tecido tireoidiano.
subtotal do tronco da artéria pulmonar ou dos seus ramos É comum, especialmente em tireoidectomias totais, a lesão
principais. A mortalidade dos pacientes submetidos à embo- das glândulas paratireoides, mais comumente por isquemia
lectomia é elevada, principalmente pela gravidade daqueles das glândulas, muitas vezes transitória.
que realizam tal procedimento. Com a lesão, os pacientes vão apresentar hipoparatireoidismo,
Os filtros de veia cava estão indicados para a prevenção da com diminuição do cálcio, já nas primeiras 24 horas de pós-
EP em pacientes com contraindicação à anticoagulação e -operatório, com maior queda entre 48 e 72 horas após a ci-
naqueles que apresentam recorrência do tromboembolismo rurgia. Assim, os doentes apresentam quadro de hipocalcemia,
venoso, a despeito do tratamento anticoagulante. que se caracteriza inicialmente por dormência e formigamento
peribucal, em dedos dos pés e mãos, parestesias e abalos mus-
Em pacientes com grave disfunção cardíaca ou pulmonar culares, depressão e ansiedade, podendo ter tetania e convul-
- situações de alto risco de tromboembolismo - o filtro de sões. Podem apresentar o sinal de Chvostek, que é a contração
veia cava é sugerido por alguns autores, bem como naqueles facial pela percussão do nervo facial à frente do ouvido, ou o
submetidos à embolectomia. Não há nível de evidência que sinal de Trousseau, que é a oclusão do fluxo sanguíneo do an-
suporte o uso de filtros de veia cava para pacientes a serem tebraço por três minutos, quando o paciente passa a apresentar
submetidos a cirurgias para obesidade mórbida. Resposta b. espasmos involuntários. O tratamento é feito pela infusão en-
dovenosa de gluconato de cálcio ou cloreto de cálcio, seguidos
pela administração oral de cálcio e vitamina D. Resposta a.
165. Vamos recordar um pouco da anatomia: o mediastino
anterior contém o timo, os gânglios linfáticos, a aorta ascen-
dente e transversa, os grandes vasos e tecido areolar. O me- 167. As complicações febris pós-operatórias costumam ocor-
diastino médio contém o coração, o pericárdio, a traqueia, os rer nos primeiros dois dias por causa de atelectasia, sendo
hilos pulmonares, os nervos frênicos, os gânglios linfáticos e incomuns após o terceiro dia.
o tecido areolar. O mediastino posterior contém as cadeias Em torno do terceiro dia podemos já começar a notar o compro-
simpáticas, os nervos vagos, o esôfago, o dueto torácico, os metimento de ferida operatória, com febre em média até 39ºC,
gânglios linfáticos e a aorta ascendente. hiperemia da ferida e desconforto ou dor no local da incisão.
De acordo com a localização das massas mediastinais, pode- A partir do quinto dia, não é comum a febre sem um quadro
mos inferir que tipo de tumor está acometendo determinado infeccioso associado com febres mais altas, e maior compro-
compartimento. O quadro abaixo resume as lesões relaciona- metimento do pacientes começamos a pensar em abscessos
215
das aos compartimentos mediastinais. Resposta c. intracavitários. Resposta a.
Cirurgia | Torácica
168. A presença de lesões numulares – em moeda – únicas e No tamponamento cardíaco, a retirada de 20 a 40 mL de sangue
periféricas deve ser sempre pesquisada, especialmente se está por punção subxifoide (Marfan) geralmente causa alívio hemo-
se apresentando em pacientes tabagistas e homens com mais dinâmico ao paciente, até a realização de uma janela pericárdica.
de 40 anos, dados que aumentam a possibilidade de se tratar
de um tumor. Nos quadros em que se suspeita de rotura aórtica, o exame de
indicação é a aortografia, já que o raio X nem sempre mostra
Forte indício de lesão maligna também é o fato de a lesão ter o alargamento de mediastino.
aparecido no último ano.
As hérnias diafragmáticas são mais frequentes à esquerda pela
A realização de biópsia percutânea não mudaria a conduta, já
presença do fígado, que diminui as lesões à direita. Resposta a.
que, se fosse negativa, a ressecção ainda estaria indicada, para
melhor estudo da lesão.
O lavado, já que se trata de lesão periférica, teria resultado 173. O tratamento de pneumotórax pequeno, de cerca de
positivo em apenas 51% dos casos. 20% ou moderado, em torno de 30%, podem ser feito inicial-
A cintilografia de nada acrescentaria e a TC estaria indicada mente com abordagem clínica; a punção torácica não deve
não para seguimento, mas para estadiamento. Resposta c. ser realizada, já que é insatisfatória na maioria dos casos, es-
pecialmente se o paciente tiver doença pulmonar prévia.
A colocação de um dreno pode ser uma possibilidade se não
169. O mediastino posterior é sede frequente de tumores neu-
rogênicos, que são os tumores mais comuns do mediastino. houver resposta inicial ao quadro, mas não há indicação de
As crianças costumam apresentar uma série desses tumores, pleurodese com talco.
sendo o neuroblastoma o tumor mais comum na infância, e se A nebulização com broncodilatadores e o uso de corticoides
apresentando em 20% dois casos no mediastino posterior. Em não apresentam melhora no quadro, sendo a melhor aborda-
90% dos casos, o diagnóstico é feito até os 5 anos. Resposta c. gem o uso de uma mascar de oxigênio a 100% e reavaliação
em 12 horas, pois a maioria destes casos se resolve com essas
170. Os traumas torácicos são lesões graves, potencialmente medidas. Resposta c.
mortais se não atendidas adequadamente. Muitos dos pa-
cientes que chegam com traumas graves necessitam de intu-
174. A presença de pneumotórax em casos de trauma deve
bação traqueal para assistência ventilatória adequada.
ser drenado após o diagnóstico clínico. A presença de borbu-
A presença de alta pressão de insuflação sugere resistência lhamento contínuo sugere uma fístula ou lesão de brônquio.
ventilatória, e a presença de choque, comprometimento he- É interessante notar que o paciente não melhorou hemodina-
modinâmico. micamente após a drenagem e ressuscitação volêmica, bem
Após a intubação, com presença de enfisema subcutâneo e como permanecem os sinais clínicos e radiológicos de pneu-
saída de material serossanguinolento pelo tubo, indicam pos- motórax. Deve-se pensar fortemente em lesões traqueobrôn-
sível lesão brônquica, onde a realização de drenagem torácica quicas, quando um pulmão não reexpande após a drenagem,
é obrigatória. Resposta c. e não se consegue uma ventilação adequada do paciente.
Quadros de lesão brônquica ou traqueal cursam com a presença
171. Os empiemas pleurais e os pio-pneumotórax são com- de pneumotórax, enfisema subcutâneo, pneumomediastino e
plicações comuns de processos pneumônicos em crianças, hemoptise. Ruptura diafragmática possui outros sinais e o tó-
necessitando tratamento com drenagem pleural fechada. rax instável ocorre quando um segmento da parede torácica não
Há alguns critérios que devem ser levados em conta para a tem mais continuidade óssea com o resto da cavidade torácica.
retirada do dreno, sem que se cause recidiva do derrame. Ruptura de mediastino cursaria com pneumomediastino e me-
diastinite grave. A rolha de secreção no brônquio provavelmente
O borbulhamento não é critério, já que pode haver drenagem
de pus sem borbulhamento. não levaria a colabamento total do brônquio, além de não ser
quadro comum em lesões agudas traumáticas. Resposta b.
As radiografias podem ser usadas como critério para se ob-
servar a total expansão pulmonar, mas o espessamento pleu-
ral não é indicativo de retirada ou permanência do dreno. 175. Os empiemas pleurais podem ser classificados de acor-
O tempo de permanência é dependente do funcionamento do com a sua fase evolutiva em:
do dreno, e o pinçamento pode ser realizado, mas também Fase exsudativa ou aguda: presença de líquido estéril, exsu-
não se trata de um critério para a retirada. dato, com glicose normal, LDH < 700 UI/L, discreto aumen-
Quando o dreno parar de funcionar (ausência de oscilação) to dos polimorfonucleares (10.000), com proteínas entre 1,4
e não houver mais saída de secreção purulenta, está indicada a 6,1 e pH < 7,30, com mobilidade pulmonar preservada.
sua retirada. Resposta d.
Fase fibropurulenta ou de transição: aumento da quantidade
do líquido pleural, com proliferação bacteriana e aumento de
172. O pneumotórax hipertensivo é quadro de emergência LDH e de leucócitos; há queda de glicose e do pH e acúmulo
médica, necessitando diagnóstico rápido e clínico, não se po- de fibrina nas pleuras. A redução da expansibilidade pulmo-
dendo perder tempo com exames auxiliares como raios X, nar é reversível.
pois o paciente pode morrer nesse período.
Fase de organização ou crônica: exsudato pleural espesso, fran-
Os pneumotórax abertos são caracterizados quando a lesão camente purulento, proliferação de fibroblastos e deposição de
na parede torácica tem tamanho correspondente a pelo me- colágeno nas pleuras, com formação de uma membrana inelás-
nos 2/3 do diâmetro da traqueia, levando ao mecanismo de tica e encarceramento pulmonar. LDH > 1000, glicose < 40 mg/
216 válvula, e precisando correção para tratamento adequado. dL, pH < 7,10, leucócitos > 20.000 mm³ e proteínas > 4,5 mg/dL.
Residência
Médica 2014
A drenagem fechada dos empiemas está indicada quando há Quando os tumores digestivos se encontram avançados,
aspecto francamente purulento, aspecto não purulento, mas a presença de gânglio na região supraclavicular esquerda é
com bacterioscopia positiva, pH < 7,10, glicose < 40 mg/dL, sinal da doença e deve ser pesquisado. Diante deste achado
LDH > 1000 UI/L. O pH < 7,20 por si só não é determinante de pensar principalmente em, câncer gástrico, adenocarcinoma
drenagem fechada, mas de toracocentese e antibioticoterapia. da junção esofagogástrica e pâncreas. Resposta b.
A pleuroscopia está bem indicada em pacientes com empie-
mas septados em fase fibrinopurulenta para a lise de septos e
retirada da fibrina espessa, permitindo a adequada expansi- 179. Jovem, previamente hígido, com quadro de pneumo-
bildade pulmonar. nia adqurida na comunidade, com exame radiológico com
As decorticações pulmonares estão indicadas em: hemotó- padrão de pneumonia lobar, tem como principal etiologia
rax coagulado infeccioso ou não, derrame parapneumônico pneumonia pneumocócica.
Gabarito Comentado
evoluindo para empiemas, pneumotórax crônico, tuberculo- As principais causas de pneumonia comunitária são:
se pleural com encarceramento, empiemas pós-operatórios,
Streptococcus pneumoniae: 35%
fístulas broncopleurais e esofagianas persistentes e empiemas
pós-traumáticos. Haemophilus influenzae; 10%
Os hemopneumotórax traumáticos devem ser drenados roti- Mycoplasma pneumoniae: 2 a 15%
neiramente sob selo d´água. Influenza A: 2 a 10%
O ultrassom é método auxiliar importante na identificação e Chlamydia pneumoniae: 2 a 10%
localização de derrames septados, especialmente em crian- Legionella sp: < 5%
ças. Resposta b.
Outras viroses: < 5%
Resposta d.
176. Este paciente deve ser submetido a toracocentese para
diagnóstico e melhora da sintomatologia compressiva.
O líquido deve ser encaminhado para dosagens de proteína 180. Tratando-se de paciente sem comorbidades e levando em
e glicose, exame citopatológico e citológico diferencial, pes- conta o Escore de PORT para PAC a resposta mais adequada é
quisa direta e cultura para BK e outras bactérias, também a a opção A, uma vez que a opção B não especifica qual a peni-
atividade da adenosina deaminase. cilina. Em 2002 a primeira opção era Penicilina G ou V (oral),
A punção biópsia com agulha de Cope retirando-se dois amoxocilina e os macrolídeos ficavam como alternativas.
fragmentos de pleura parietal. O material é submetido à ci-
Escores de prognóstico (escores PORT) para PAC
topatologia, e à pesquisa de BAAR e fungos sempre que se
encontrar granuloma ou quando o paciente é imunocom- Características Pontos
prometido. Além disso, deve ser feito cultura para BAAR do Fatores demográficos
fragmento. Caso haja apenas uma inflamação inespecífica, Idade homem N° anos
faz-se uma segunda biópsia, pleuroscopia com biópsia e to-
Idade mulher N° anos – 10
racotomia mínima na sequência. Resposta b.
Residente em casa de repouso N° anos + 10
Comorbidades
177. A presença de empiema pleural sem melhora após dre-
nagem, sugere cronificação e formação de loculações, que Câncer V* + 30
não permitem a expansão pulmonar adequada. Doença hepática** + 20
A abordagem inicial pode ser feita com ultrassom para se Insuficiência cardíaca congestiva*** + 10
confirmar a localização e o diagnóstico que, mostrando a Doença cerebrovascular# + 10
formação de loculações e sugerindo um derrame fibrino- ##
Insuficiência renal + 10
purulento, faz a indicação precisa da pleuroscopia com lise
dos septos e retirada do líquido purulento, que permitem a Exame físico
expansão pulmonar posteriormente. A drenagem após o pro- Estado mental alterado### + 20
cedimento é obrigatória. Frequência respiratória > 30/minuto + 20
Observação clínica não tem indicação, já que o paciente se PA sistólica < 90 mmHg + 20
mantém febril e nova drenagem não resolverá o quadro, já
Temperatura < 35°C ou > 40°C + 15
que o mesmo está septado.
Pulso > 125/minuto + 10
Drenagem pleural aberta também não é indicada no mo-
mento, já que se pode resolver o quadro de outra forma. Laboratório e radiografia
* Câncer ativo ou diagnosticado no último ano (exceto câncer basocelular ou escamoso de pele); ** Quadro clínico, laboratorial
ou histológico de cirrose ou hepatite crônica ativa; *** Diagnóstico clínico, radiográfico, ecocardiográfico ou ventriculografia; #
Diagnóstico clínico (tanto de AIT quanto AVC) ou por exames de imagem RMN); ## Insuficiência renal prévia; ### Confusão
ou coma que se iniciou após a pneumonia.
* Existem algumas exceções que podem tornar essas recomendações inválidas; ** A depender da evolução clínica e da com-
pensação das comorbidades (se presentes); *** Doentes alérgicos ou intolerantes aos antibióticos de 1ª escolha; # Quinolona
respiratória: gemifloxacino ou moxifloxacino; ## Segundo os Britânicos (2004), em doentes PORT V, caso seja necessário usar
uma quinolona, esta deve ser associada à penicilina.
181. A resolução radiológica pode levar até 13 semanas, mas em geral a maioria dos casos não complicados apresenta resolu-
ção em seis a oito semanas. Resposta d.
182. A esternotomia mediana é a incisão de escolha para a maioria das operações cardíacas. O esterno é totalmente seccionado no
sentido horizontal, descobrindo o mediastino anterior de alto a baixo. Aberto o pericárdio, temos ótima exposição de ventrículo
direito, artéria pulmonar, orifício aórtico e aorta descendente, bem como suficiente do átrio direito e das veias cavas.
As cavidades esquerdas são menos acessíveis.
Após a abertura da loja tímica expõe-se a aorta ascendente e o tronco venoso inominado esquerdo.
A presença de aderências do ventrículo direito pós-cirurgias prévias pode levar à sua lesão, sendo esta a lesão mais frequente
nestas reoperações.
Uma aorta aneurismática, o átrio direito ou a veia inominada podem eventualmente ser lesadas também, com hemorragias
catastróficas ocorrendo em 2 a 6% dos casos de reentradas, com mortalidade global de 37% dos casos. Resposta c.
183. O abscesso pulmonar é uma inflamação purulenta circunscrita no pulmão, caracterizada por cavidade ocupada por pus
e delimitada pelo parênquima pulmonar inflamado (excluem-se lesões escavadas provocadas por necrose, tuberculose, mico-
ses, tumores e etc.)
As causas são: evolução da pneumonia lobar ou broncopneumonia, aspiração de material séptico da boca ou das vias aéreas
superiores, septicemia, penetração de material contaminado através de fístulas esofagotaqueobrônquicas, obstrução brôn-
quica por câncer, corpos estranhos, infecção secundária em infartos ou embolia séptica, traumatismo torácico, extensão de
processo infeccioso infradiafragmático.
O tratamento dos abscessos pulmonares inclui o uso de antibióticos sistêmicos de largo espectro, fisioterapia e drenagem postural.
A broncoscopia pode ser realizada para diagnóstico, para se descartar um corpo estranho, uma estenose ou um câncer. Ela tam-
bém pode ser usada para o tratamento, auxiliando a drenagem da cavidade, diretamente, ou por meio do cateterismo transbrô-
nquico da cavidade. A maioria dos pacientes (85-95%) responde ao tratamento clínico com redução rápida no líquido, colapso
das paredes e completa cicatrização em 3 a 4 meses. Os pacientes com sintomas de longa duração, com mais de 3 meses antes do
tratamento ou cavidades maiores do que 4 a 6 cm apresentam menor probabilidade de resposta.
A terapia cirúrgica é indicada para a cavitação persistente (> 2 cm e de paredes espessas) após 8 semanas de terapia clínica,
incapacidade de se eliminar a sepse, hemoptise (frequentemente pequena hemorragia sentinela antes de uma hemorragia
maciça) e para excluir o câncer. Se um abscesso pulmonar se romper para dentro da cavidade pleural, uma simples drenagem
é suficiente, com o paciente sendo tratado como empiema ou fístula broncopleural. A lobectomia é em geral necessária; a
taxa de mortalidade é de 1 a 5%. Às vezes, pode ser necessária uma drenagem externa em pacientes criticamente enfermos se
ocorreu uma sínfise pleural. Resposta c.
218
Residência
Médica 2014
184. Os casos de pneumotórax espontâneo são mais frequentes em pacientes jovens, sem doença pulmonar conhecida previa-
mente, com 85% dos casos ocorrendo antes dos 40 anos.
A grande maioria dos casos é devida à ruptura de bolhas frequentemente localizadas em ápices pulmonares.
O quadro costuma se apresentar com dor torácica aguda e falta de ar, com o exame físico mostrando hipertimpanismo, ausên-
cia de frêmito toracovocal e murmúrio vesicular diminuído ou ausente.
Os pneumotórax podem ser classificados de acordo com o seu tamanho em: pequenos, quando sua área for menor do que
20%; em moderados, entre 20 e 40%; ou volumosos, com mais de 40%.
Apenas os menores do que 20% apresentam boa resposta à conduta expectante, pois são reabsorvidos.
A toracocentese esvaziadora não parece boa, pois sua eficácia está em torno de 30 a 60%.
Gabarito Comentado
A ressecção das bolhas só está indicada após o segundo episódio.
Os casos de pneumotórax espontâneo são a única exceção ao uso de drenos calibrosos, pois pode-se usar drenos finos ou
mesmo sondas de Foley, com boa resposta, ao contrário de derrames ou empiemas, em que deve-se usar drenos entre 34 a 38
Fr. Resposta a.
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