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Acção dos agentes da geodinâmica interna na construção do relevo

O relevo resulta da acção dos agentes internos ou criadores do relevo e dos agentes externos ou
modeladores de relevo. Constituem o relevo terrestre as montanhas, planaltos, planícies, depressões e
vales.
1. Movimentos tectónicos/diastrofismo/tectonismo – são movimentos lentos e prolongados da
crusta terrestre que provocam deformações nas rochas, resultantes da actuação de forças internas. Estes
movimentos provocam a formação de planaltos, cordilheiras, bacias ou depressões. Os movimentos
tectónicos podem ser: orogénicos/orogéneses ou epirogénicos/epirogéneses.

Movimentos orogénicos – são movimentos horizontais (lentos e tangenciais) e compressivos da crusta


terrestre que levam à formação ou rejuvenescimento de montanhas ou cadeias produzidos por
dobramentos e falhamentos de rochas. Ex.: os Alpes na Europa, os Himalaias na Ásia, os Andes na
América do Sul, além de outros.
Orogénese – processo de construção de relevos montanhosos continentais e envolve actividades
associadas, como dobramentos e falhamentos de rochas, sismos, erupções vulcânicas, as intrusões e o
metamorfismo.

Movimentos Epirogénicos – são movimentos de grande amplitude (larga escala) verticais, sem
perturbar significativamente a disposição e estrutura geológica das formações rochosas afectadas. São
consequências deste movimento: modelação da superfície terrestre, variação do nível do mar,
alterações na configuração da drenagem continental, variação nível de base de erosão, aparecimento de
planos erosivos em vários níveis separados por degraus e surgimento de terraços em vales fluviais. As
bacias sedimentares de Michigan e do Colorado nos EUA, Parnaíba no Brasil, etc., são exemplos de
movimentos epirogénicos descendentes negativos.

2. Estruturas falhadas
Ocorrem quando as massas rochosas, muito rígidas (rochas cristalinas – granitos e gnaisses) são
submetidas a esforços tectónicos (forças horizontais e verticais) provocando fracturas ou rupturas
litologicas através de sismos, vulcões, etc.
Fractura - é uma superfície num volume de rocha onde não se observa deslocamento relativo entre
blocos fraturados, isto é, os blocos rupturados não sofrem qualquer deslocamento sensível traduzindo-
se na existência de uma ou várias fendas separando literalmente a rocha em dois ou vários blocos.
Falha - são fraturas planares em rochas onde houve deslocamento de um bloco em relação ao outro,
oseja, ocorre quando blocos rochosos fracturados sofrem o deslocamento vertical ou horizontal, sendo
um mais elevado que o outro. Estes deslocamentos podem ser de poucos centímetros a dezenas de
quilômetros
Numa série de fracturas e falhas escalonadas, os blocos que se afundam tomam o nome de Graben ou
fossas tectónicas e os que se erguem ou se levantam tomam o nome de Horst.

Fig. 1 Esquema de relevo falhado


Elementos de uma falha
Lábios – são compartimentos ou blocos deslocados, um em relação ao outro. Se o deslocamento for
vertical, o bloco que fica num nível superior diz se levantado ou sobrelevantado e o que se situa num
nível inferior recebe o nome de rebaixado ou descaído.
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Plano de falha – é o plano de ruptura ou a superfície ao longo da qual deslizam os blocos.
Tecto ou capa - é o bloco que se acha na parte superior (suprajancente) de um plano de falha inclinado.
Muro ou lapa – é o bloco que se acha na parte inferior (subjacente) de um plano de falha inclinado.
Linha de falha – é a linha de intersecção do plano de falha com a superfície terrestre.
Pendor – é a inclinação do plano de falha ou o ângulo que este plano faz com o plano horizontal.
Rejeição ou rejecto – é a distância, marcada na vertical, entre dois estratos correspondentes, num e
noutro lado da falha situada ao mesmo nível.

Tipos de falhas
Normais ou extensivas – quando o plano de falha se inclina para o lado do bloco levantado.
Inversas ou compressivas - se o plano de falha se inclina para o bloco descaído.
Desligamentos ou horizontais - Estas falhas estão associadas a movimentos ou forças tangenciais. O
desligamento é direito ou esquerdo conforme for o bloco da direita ou da esquerda que avança para
nossa direcção.

Evolução de relevo falhado


Devido aos elementos de erosão, os relevos de falha são erodidos fazendo com que os materiais
erodidos no bloco levantado caiam sobre o bloco deprimido até ao ponto de atingir o plano do bloco
elevado dificultando a distinção dos blocos ficando apenas o risco da ruptura (falha).
Quando as falhas não foram tapadas, os corsos de água criam um alinhamento de gargantas
trapezoidais (disposta perpendicularmente à escarpa). Se os materiais foram diferentes haver nova
erosão, os menos resistentes são erodidos com facilidade, originando uma nova escarpa abrupta sobre a
linha de falha.

3. Estrutura enrugadas
As estruturas enrugadas ou dobras são resultado de movimentos orogénicos, visto que as camadas
rochosas quando submetidas às violentas forças compressivas tangenciais sofrem profundas
deformações provocando enrugamentos e subsequente sobrelevação. Assim, várias cadeias
montanhosas são resultado deste processo como são os casos das cordilheiras dos Andes, das
montanhas rochosas, do Atlas, dos Alpes, dos Himalaias, etc.
Para a formação de relevo enrugado é necessário que os materiais geológicos submetidos às forças
compressivas tangenciais sejam plásticos (rochas argilosas, calcárias, etc.). Este processo afecta,
grandemente, as formações sedimentares. A presença de fósseis marinhos em todas as grandes cadeias
montanhosas de enrugamento constitui a prova evidente de que os materiais rochosos que as compõem
estiveram outrora submersos.

Elementos das estruturas enrugadas


Uma dobra completa, sem intervenção dos agentes erosivos, é constituída por seguintes elementos:
Flancos – superfícies inclinadas ou lados da dobra.
Pendor – inclinação das camadas ou o ângulo formado pela linha de maior declive com o plano
horizontal.
Charneira – linha que separa os flancos ou a linha ao longo da qual o pendor muda de sentido.
Plano axial – é o plano que divide uma dobra tão simetricamente quanto possível em duas partes, ou
seja, plano bissectordo ângulo formado por dois flancos contíguos.
Direcção da dobra – direcção do seu plano axial.

Tipos de dobras ou pregas


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As dobras são classificadas segundo seu aspecto morfológico, posição do eixo e plano. De modo geral,
pode-se distinguir os seguintes tipos de dobras:
Anticlinal – é uma dobra convexa para cima na qual as camadas se inclinam de maneira divergente a
partir do eixo.
Sinclinal – é uma dobra côncava para cima na qual as camadas se inclinam de modo convergente,
formando uma depressão. Caracteriza-se por apresentar/possuira as rochas mais jovens na sua parte
interna.
Dobra deitada – os flancos se encontram um em cima do outro, como resultado da horizontalidade do
plano axial.
Monoclinal – ocorre quando se dá apenas o encurvamento de uma parte.
Assimétrica – quando o ângulo de mergulho dos dois flancos são diferentes.
Em leque – os flancos se aproximam na parte mediana.

Evolução dos relevos enrugados


Os agentes externos como ventos, água, etc criam novas formas de relevo, modelando os relevos de
estruturas enrugadas. Assim, destacam-se as seguintes formas de relevo:
cteriza-se pela presença de montes altos, os cursos de água correm ao longo das vertentes abrindo
caminhos ou buracos (Ruz), atravessam os anticlinais (cluses) ou mesmo, por vezes, uma depressão
alongada (Combe). Os materiais menos resistentes são facilmente erodidos.
Pré-Alpino – o aspecto do relevo passa a ser contrário ao do relevo original, isto é, o jurassiano. A
erosão continua a manifestar-se na depressão e esta tende sempre a baixar de nível em relação ao vale.
Apalachiano – o processo de erosão é permanente, chegando ao ponto do relevo se apresentar em
planícies. É esta a superfície que volta a sofrer um processo selectivo de erosão.

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