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O contode Monique Malcher, aborda questões delicadas que são realidades no cotidiano
de muitas famílias: violência familiar. Podemos constar tal afirmação na medida em que o
poema é lido. Uma narradora com fortes traumas do passado, com forte dependência emocinal
em relação ao pai, que apesar de todo sofrido vivido por conta dele, mantêm esse sentimento de
se aproxiar de seu pais, mas ao mesmo tempo, manter-se distante devido as violências que
podemos identificar ao longa da leitura. O pai, um indivíduo controlador, violento que oscila
entre momento de carinho e outros de autoristarismo, que gera na narradora conflitos internos,
pensamentos suicidas. Tal afirmação pode ser percebida a seguinte frase do conto: (..)Sentia a
todo momento que o tempo não tinha agência sobre mim, que os dias mudavam a vida de
todos, menos a minha. Continuava com meus sonhos trancados e me conhecia pouco.(...). E
ainda: (...) O que meu pai falava por meio das ações era te agrido, porque há um limite para
ter o teu corpo”(...). Percebemo aqui marcas violências que a narradora sofria pelo pai, que se
impoê como o dono daqu
ele corpo e não como pai protetor, acolherdor, mas como um pai cruel que estabelece limites na
vida do eu lírico. Neste último trecho, vale destacar também a questão dos padrões de beleza
em relação ao corpo de uma mulher. O pai, além de controlar sonhos, estudos e carreiras da
narradora, também estabelece ao eu liríco que aquele corpo não atende aos padrões de beleza,
fazendo com ela chegue a se questionar sobre o seu próprio corpo.
Há também no conto um sentimento não resolvido em relação a mãe. Talvez por influência
do pai ou pela falta de atitude da mãe diante de tudo que a narradora vivia. Tal afirmação não é
explicíta no conto, no entanto, um trecho nos leva a refletir que não só a a narradora sofria com
os desmandos do pai, mas a mãe também era um vítima dela, como mostra o trecho em que a
narradora diz: “Era também o meu corpo ali, com proporções diferentes, porque ela era magra,
mas tínhamos manchas e marcas parecidas causadas pelo mesmo algoz”. Nesse momento do
conto, o eu lírico percebe que a mãe também é vítima da violência acometida pelo pai, ao notar
que ela carrega marcas de violência semelhantes às que sofreu. No entanto, apesar dessa
percepção, a narradora ainda carrega um sentimento de culpa em relação à mãe, atriuindo a ela
a responsabilidade pela infelicidade que ambas vivenciam. Um ponto importante que podemos
destacar é que apesar das difernças físicas que a narradora começa a perceber as diferenças
físicas entre o corpo dela e o da mãe, pois ambos os corpos sofrem as mesmas formas de
violência. Isso sugere que a violência não se limita a um único tipo de corpo, mas que afeta as
duas de maneira semelhante.