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Trabalho Final do Curso

CURSO: Operador de processamento de Gás

Análise do Impacto da Insurgência Jihadista na Indústria de Petróleo e Gás a Nível


Nacional e Internacional

Formanda: Princesa da Rosa Uqueio

Maputo
Abril de 2024
Trabalho Final do Curso
CURSO: Operador de processamento de Gás

Análise do Impacto da Insurgência Jihadista na Indústria de Petróleo e Gás a Nível


Nacional e Internacional

Formanda: Princesa da Rosa Uqueio

Supervisor: Beltoldo Benedito

Maputo
Abril de 2024

ii
AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida e pela força que me tem dado para continuar a enfrentar os desafios diários;

Ao Instituto Foco, particularmente aos professores orientadores, cujo acompanhamento


durante 36 meses foi fundamental, oferecendo todo o suporte necessário para a elaboração do
projecto;

Aos professores do curso de operador de processamento de gás, cujos ensinamentos foram


essenciais para que eu pudesse concluir este trabalho com êxito;

A todos os que participaram das pesquisas, pela colaboração e disposição no processo de


obtenção de dados;

Aos meus pais, pelo constante incentivo e por não permitirem que eu desistisse em nenhum
momento.

iii
RESUMO

Este Trabalho propõe-se a analisar o impacto da insurgência Jihadista na indústria de Petróleo


e gás a nível nacional e internacional. Obviamente, podemos classificar os jihadistas como
um grupo de antipatrióticos, sem rosto e com interesses obscuros com a tendência de
desestabilizar a economia, retardando o desenvolvimento internacional aumentando
substancialmente o desemprego mundial incidindo maioritariamente aos jovens. Desta feita,
quando eles agem demostram que são criminosos com tendências obscuras por isso que
concluímos que os Jihadistas (terroristas) são um grupo sem objectivos. Os Estados e as
Nações Unidas, tem enviado esforços militares assim como diplomáticos para estancar este
mal desnecessário, mas já dura mais de quase meio século, mas não há solução. Ora vejamos,
em 2022, os FADSM, SAMM e as forças Ruandesas, desalojaram os terroristas na zona de
Mocímboa da Praia e a dado momento pensava-se que alguma coisa estava acontecer mais,
nos finais de 2023 e no princípio de 2024 estes recrudesceram e voltaram a criarem pânico,
deslocação da população dos distritos do norte de Cabo Delgado, massacres a população e
aos militares e a desestabilização daquela zona. Isto demonstra que, este grupo tem seus
patrões, mas que, estes patrões não estão interessados em negociar e a terminar com este
conflito na província de Cabo Delgado.

Palavras-Chave: Cabo Delgado, Invasão, Insurgência, Jihadistas. Gás, Petróleo, indústria


petrolífera.

iv
ABSTRACT

This article aims to analyze the impact of the Jihadist insurgency on the oil and gas industry
at a national and international level. Obviously, we can classify jihadists as a group of
unpatriotic, faceless people with obscure interests who have a tendency to destabilize the
economy, slowing down international development and substantially increasing world
unemployment, mostly among young people. Therefore, when they act, they show that they
are criminals with obscure tendencies, which is why we conclude that the Jihadists (terrorists)
are a group without objectives. States and the United Nations have sent military and
diplomatic efforts to stop this unnecessary evil, but it has been going on for almost half a
century, and there is no solution. Let's see, in 2022, the FADSM, SAMM and Rwandan
forces dislodged the terrorists in the area of Mocímboa da Praia and at one point it was
thought that something was happening, but at the end of 2023 and the beginning of 2024, the
terrorists started to panic again, displacing the population of the northern districts of Cabo
Delgado, massacring the population and the military and destabilizing the area. This shows
that this group has its bosses, but that these bosses are not interested in negotiating and
ending this conflict in Cabo Delgado province.

Palavras-Chave: Cabo Delgado, Invasion, Insurgency, Jihadists, Gas, Oil, Petroleum


Industry.

v
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
1.Objectivos ............................................................................................................................... 2
1.1.Objectivo geral ..................................................................................................................... 2
1.2.Objectivos específicos ......................................................................................................... 2
2.Metodologia ............................................................................................................................ 2
3.Justificativa ............................................................................................................................. 2

CAPITULO I: REVISÃO DA LITERATURA


A CONTEXTO DA INSURGENCIA JIHADISTA NA PROVÍNCIA DE CABO DELGADO
1. Contexto Histórico e Geopolítico de Cabo Delgado .......................................................... 4
2. Origem da Insurgência em Cabo Delgado ............................................................................. 5
3. Natureza da insurgência em Cabo Delgado ........................................................................... 7
4. Dinâmicas e Estratégias dos Grupos Insurgentes em Cabo Delgado .................................... 7

CAPITULO II: O IMPACTO DA INSURGÊNCIA JIHADISTA NA INDÚSTRIA DE


PETRÓLEO E GÁS A NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL
1. Impacto da Insurgência Jihadista em Moçambique ............................................................ 9
2. Situação económica de Cabo Delgado antes da insurgência. ........................................... 13
3. Impacto da Insurgência Jihadista na Indústria de Petróleo e Gás Natural Nacional e
Internacional ............................................................................................................................ 14

CAPITULO III: MEDIDAS PARA MITIGAR O IMPACTO DA INSURGÊNCIA


JIHADISTA EM CABO DELGADO
1. Contenção militar da insurgência em Cabo delgado ........................................................ 19
2. Medidas para Mitigar o Impacto da insurgência Jihadista em Cabo Delgado ................. 21
3. Estratégias para Minimizar o Impacto da Insurgência Jihadista na Indústria de
Petróleo e Gás Natural em Cabo Delgado ............................................................................... 22
CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 25
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 26
ANEXOS ................................................................................................................................. 28

vi
INTRODUÇÃO

Historicamente o grupo Jihadista foi fundado e teve o seu início nos anos de 1980 no Egipto
no continente africano onde assumiu a responsabilidade quando da morte de 18 soldados em
uma ponte de autocarros, em Bity-lity em 1995. Desde estas alturas o mundo sentiu a
presença do estado islâmico que reivindica a autonomia religiosa. Desta feita falar de
Jihadistas é falar de um grupo sem objectivos claros que surgiu para desestabilizar a
economia e retardar o desenvolvimento mundial aterrorizando as populações e os estados
criando dessa forma o desemprego mundial com mais incidência nos jovens. Em caso de
Moçambique que emergiu em cabo delegado reivindicando ficava a instalação do estado
islâmico e depois inventou o problema da pobreza e a exclusão dos jovens de alguns distritos
de cabo delegado, tendencialmente, começaram a atacar algumas aldeias queimando e
destruindo as infra-estruturas privadas e públicas e decapitando populares e as formas de
defesa e segurança de Moçambique. Desta forma vamos analisar os impactos da insurgência
Jihadista na indústria de Petróleo e gás a nível nacional e internacional.

A insurgência Jihadista tem exercido um impacto extremamente prejudicial na economia,


educação e segurança do país, especialmente na província de Cabo Delgado. Neste estudo,
proponho-me a analisar minuciosamente a trajectória dessa invasão, assim como os
desdobramentos da insurgência, investigando de forma abrangente todas as adversidades
enfrentadas pela população e pelas indústrias no norte do país desde o seu início em Outubro
de 2017. Por fim, objectiva-se identificar os métodos possíveis e necessários que as
autoridades nacionais e internacionais poderiam empregar para erradicar a insurgência na
província de Cabo Delgado.

1
1.Objectivos

A definição dos objectivos determinam o que o pesquisador quer atingir com a realização do
trabalho de pesquisa, pois são sinónimo de meta, fim e podem ser gerais e específicos.

1.1.Objectivo geral

Analisar o impacto da insurgência jihadista na indústria de petróleo e gás em Moçambique e


no cenário internacional.

1.2.Objectivos específicos

i. Contextualizar o teor da invasão jihadista na província de Cabo Delgado;

ii. Avaliar os impactos da insurgência na segurança das operações de petróleo e gás em


Cabo Delgado;

iii. Sugerir medidas para mitigar a insurgência jihadista em Cabo Delgado.

2.Metodologia

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica.

A Revisão bibliográfica é aquela desenvolvida a partir de material já elaborado, como livros,


teses, dissertações e artigos científicos (GIL, 2008:14). Tem por finalidade actualizar
conhecimentos científicos, acompanhar o desenvolvimento de um assunto, sintetizar textos
publicados e que tratam de um mesmo tema, analisar e avaliar informações já publicadas,
desvendar, recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre um determinado
facto, assunto ou ideia. Conforme Lakatos e Marconi (2003: 23), a pesquisa bibliográfica
compreende oito fases distintas: escolha do tema; elaboração do plano de trabalho;
identificação; localização; compilação; fichamento; análise e interpretação; redacção.

3.Justificativa

A escolha do tema se justifica pela conjuntura calamitosa que assola Moçambique,


caracterizada pela insurgência que assola o país. A violência ceifou a vida de inúmeros
indivíduos inocentes, gerando um luto irreparável para seus familiares e amigos. A
insegurança provocada pela insurgência obrigou milhares de pessoas a abandonarem seus
lares e comunidades, buscando refúgio em outras regiões do país. A instabilidade gerada pela
2
insurgência teve um impacto negativo na economia do país, levando à retracção do PIB, ao
aumento da pobreza e ao desemprego.

Outrossim, a motivação pessoal por trás da escolha deste tema também é significativa. Como
cidadão moçambicano, sinto-me profundamente afectado pela situação de conflito e
sofrimento que assola nosso país. Testemunhar a dor e a angústia das pessoas afectadas pela
insurgência despertou em mim um desejo ardente de entender melhor as causas subjacentes a
esse conflito e contribuir, de alguma forma, para encontrar soluções que possam trazer paz e
estabilidade a Moçambique. Assim, esta análise não é apenas uma investigação académica,
mas também uma busca por respostas e um apelo por acção para enfrentar os desafios que
enfrentamos como nação, particularmente enfrentados na província de Cabo Delgado.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem sido assolada por uma
insurgência crescente nos últimos anos. Este fenómeno tem gerado preocupação não apenas a
nível nacional, mas também internacional, devido ao seu impacto devastador sobre a
população local e as consequências para a estabilidade regional. Neste contexto, este estudo
propõe-se a analisar a insurgência em Cabo Delgado viradas a indústria de petróleo e gás,
investigando as suas causas, dinâmicas e consequências, bem como as respostas do governo
moçambicano e da comunidade internacional para a situação actual daquela província.

3
CAPITULO I: REVISÃO DA LITERATURA

A CONTEXTO DA INSURGENCIA JIHADISTA NA PROVÍNCIA DE CABO


DELGADO

1. Contexto Histórico e Geopolítico de Cabo Delgado

Cabo Delgado, localizada no extremo norte de Moçambique1, possui uma história complexa
que remonta aos tempos pré-coloniais, quando era habitada por diversas comunidades
étnicas. Segundo Silva (2018), grupos como os macondes, makua e mwanis estabeleceram
suas sociedades e economias baseadas na agricultura, pesca e comércio local.

Ao destacar a presença e a organização das diversas comunidades étnicas, como os


macondes, makua e mwanis, o autor ressalta a riqueza da diversidade cultural e económica da
região. A ênfase nas actividades agrícolas, pesqueiras e comerciais como pilares
fundamentais das sociedades locais antes da colonização portuguesa oferece ideias valiosas
sobre as bases económicas e sociais que moldaram Cabo Delgado ao longo dos séculos.

Com a chegada dos portugueses no século XVI, Cabo Delgado foi gradualmente incorporada
ao Império Colonial Português. “Durante o período colonial, a região se destacou pela
produção agrícola, especialmente de culturas como o algodão, coco e sisal” (Muianga,
2016:23). Ademais, as actividades portuárias ao longo da costa contribuíram para o
desenvolvimento económico da região.

No entanto, o legado do colonialismo deixou profundas desigualdades e injustiças sociais que


persistiram após a independência de Moçambique em 1975. Conforme ressalta Gabela
(2019:78), Cabo Delgado enfrentou desafios de desenvolvimento, com altos níveis de
pobreza e falta de acesso a serviços básicos, resultando em tensões sociais e económicas na
região.

Como observado por Menezes:

Do ponto de vista geopolítico, a localização estratégica de Cabo Delgado no


Oceano Índico confere-lhe uma importância significativa […], suas vastas
reservas de recursos naturais, incluindo gás natural e minerais, bem como
suas rotas comerciais marítimas, tornam a região um ponto crucial para o
comércio regional e internacional. (Menezes 2020),

1
Ver imagem no anexo A

4
Ao destacar sua localização estratégica no Oceano Índico e suas vastas reservas de recursos
naturais, como gás natural e minerais, o texto sublinha como Cabo Delgado se tornou um
ponto focal para o comércio regional e internacional. Essa análise enfatiza a relevância da
região não apenas para Moçambique, mas também para as dinâmicas económicas e políticas
globais.
A insurgência recente em Cabo Delgado trouxe novos desafios ao contexto histórico e
geopolítico da região. Como argumenta Hanlon (2021), o conflito exacerbou as tensões
internas em Moçambique e levantou preocupações sobre segurança regional, afectando não
apenas a estabilidade local, mas também as actividades económicas globais.

Portanto, compreender o contexto histórico e geopolítico de Cabo Delgado é essencial para


analisar as dinâmicas actuais do conflito e desenvolver estratégias eficazes para promover a
paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável na região, além de abrir a possibilidade de
discutir sobre as principais motivações que deram origem aos conflitos e/ou insurgências
vividas em Cabo Delgado.

2. Origem da Insurgência em Cabo Delgado

Nos últimos 7 anos, a província de Cabo Delgado2, situada no norte de Moçambique, tem
estado a braços com uma insurgência3 que teve a sua vigência em Outubro de 2017, altura em
que os insurgentes ocuparam a cidade da Mocímboa da Praia durante 48h e roubaram
armamento na Esquadra da PRM local e fugindo para o mato quando chegou o reforço
policial no local. No início, os ataques ocorriam a noite, contra pequenas aldeias e em 2018,
os insurgentes começaram a fazer assaltos a luz do dia. Em 2019, começaram a atacar
pequenas Vilas, Postos avançados do exército e meios de transporte nas estradas da
Província.

Segundo Bonate (2022: 519), a situação sofreu uma reviravolta sinistra, em 2018, com os
agressores realizando mais de trezentos ataques a aldeias e o Estado Islâmico no Iraque e na
Síria (EIIS, aqui referido como simplesmente EI) reivindicando a autoria dos ataques e

2
Ver anexo B.
3
Insurgência refere-se a um movimento armado de grupos ou indivíduos que buscam desafiar ou contestar o
controlo de um governo ou autoridade estabelecida em determinada região ou país. Geralmente, a insurgência é
caracterizada por actividades de guerrilha, ataques contra as forças de segurança do Estado e tentativas de minar
a ordem pública. Os insurgentes muitas vezes buscam alcançar objectivos políticos, sociais ou económicos por
meio da luta armada, e o conflito resultante pode ser prolongado e violento.

5
postando um vídeo dos insurgentes fazendo um juramento de lealdade à Abu Bakr al-
Baghdadi, o líder do EI, em 2019.

Com isto, o ISIS começou a assumir a responsabilidade por um número cada vez maior de
ataques em Moçambique. O governo reagiu enviando tropas para o norte do país, protegendo
vilas e aldeias e caçando os insurgentes. Embora não tenha conseguido pôr fim a insurgência,
contê-la para uma área geográfica que abrange cerca da metade da província (cerca de 30.000
quilómetros quadrados). À medida que a insurgência ganha em força e confiança, muitos
perguntam o que virá a seguir? Isto exige que compreendamos quem são os insurgentes e o
que eles pretendem.

Nesta perspectiva Morier-Genoud:

Há um grande debate sobre as causas, origens e a natureza da insurgência em


Moçambique. Uma primeira dimensão do debate diz respeito a natureza
religiosa do conflito. Vários comentadores e autores, tais como Hanlon,
argumentam que a causa do conflito é a privação material, particularmente a
pobreza, a marginalização e a falta de perspectivas no seio dos jovens, com a
religião a funcionar apenas como “ponto de encontro” ou “capa”. Estes
autores salientam que Cabo Delgado é uma das províncias mais pobres de
Moçambique e uma das áreas onde as megas descobertas de gás criaram
expectativas não satisfeitas, uma vez que as empresas internacionais ainda
estão em vias de construir uma indústria de GNL (gás natural) na zona
(MORIER-GENOUD, 2021: 6)

Autores como Habibe et all (2019: 11-12), defendem uma posição contaria, apontando que o
Islão é um factor chave, se não mesmo o factor central, por detrás da insurgência. Eles
defendem que alguns jovens muçulmanos em Moçambique foram radicalizados sob a
influência de pregadores do Quénia e da Tanzânia. Uma segunda dimensão do debate diz
respeito á aferição a natureza externa da insurgência. Muitos autores consideram-na
originária do interior de Moçambique, alguns argumentando, como vimos que está
relacionada com a pobreza local, a desigualdade e a marginalização. Outros argumentam,
contudo que, ou veio de fora ou é o resultado de uma influência estrangeira.

O International Crisis Group, que monitora a situação em Moçambique em nome da ONU,


sugere que a insurgência no país tem origem externa, acreditando que os militantes
quenianos, inicialmente reprimidos pelo governo da Tanzânia e posteriormente refugiados em
Moçambique, estão por trás dos ataques. No entanto, Matsinhe e Valoi argumentam que a
influência externa é limitada, citando um entrevistado que afirma que a ideologia jihadista foi
importada de fora do país.

6
3. Natureza da insurgência em Cabo Delgado

No dia 5 de Outubro de 2017, a vila de Mocímboa da Praia foi alvo do primeiro ataque em
Cabo Delgado. Segundo relatos de jornalistas, entrevistas, imagens e vídeos, a maioria dos
insurgentes era composta por habitantes locais, muitos deles naturais da própria vila ou de
outros distritos da província de Cabo Delgado. “Embora alguns apresentassem um sotaque
distinto, a maioria já tinha vivido na cidade antes do ataque. Os moradores locais
identificaram os atacantes como membros da seita religiosa conhecida como Al-Shabaab”
(idem, p.8).

Por um lado, a presença de habitantes locais como insurgentes no ataque em Mocímboa da


Praia sugere uma possível ligação entre os perpetradores e a comunidade local. O fato de
muitos dos insurgentes terem vivido na cidade anteriormente pode indicar um conhecimento
íntimo da região e possíveis motivações locais para o conflito. Por outro lado, a identificação
dos atacantes como membros da seita “Al-Shabaab” destaca a influência de grupos
extremistas na região e levanta questões sobre possíveis conexões internacionais. Esses
aspectos destacam a complexidade do conflito em Cabo Delgado e a necessidade de uma
abordagem abrangente para lidar com suas causas e consequências.

4. Dinâmicas e Estratégias dos Grupos Insurgentes em Cabo Delgado

A compreensão das dinâmicas e estratégias dos grupos insurgentes actuantes em Cabo


Delgado é essencial para analisar a natureza e a evolução do conflito na região. Este aspecto
envolve uma análise aprofundada das tácticas empregadas pelos insurgentes, suas motivações
e objectivos, bem como os desafios enfrentados pelas forças de segurança e pelas
comunidades locais.

Diversos estudos têm abordado essa temática, oferecendo ideias importantes sobre as
dinâmicas complexas por trás da insurgência em Cabo Delgado. Por exemplo, o trabalho de
Oliveira (2020: 45-62) destaca as estratégias de recrutamento e radicalização utilizadas pelos
grupos insurgentes para atrair novos membros, especialmente entre os jovens desfavorecidos
da região. Da mesma forma, o estudo de Khan (2019: 78.) analisa as redes de financiamento e
apoio que sustentam as actividades dos insurgentes, identificando fontes de financiamento
ilícito, como o tráfico de drogas e o contrabando de recursos naturais.

7
Ainda, é importante considerar as dinâmicas sociais e culturais locais que influenciam o
surgimento e a sustentação dos grupos insurgentes. Nesse sentido, a pesquisa de Jamal (2018:
112-130) destaca a intersecção entre identidades étnicas, religiosas e socioeconómicas na
formação das bases de apoio dos insurgentes em Cabo Delgado.

A análise das dinâmicas sociais e culturais locais que influenciam os grupos insurgentes em
Cabo Delgado destaca a complexidade do conflito na região. Ao examinar a intersecção entre
identidades étnicas, religiosas e socioeconómicas na formação das bases de apoio dos
insurgentes, a pesquisa de Jamal ressalta a importância de factores contextuais na
compreensão do conflito. Isso demonstra como as questões de identidade e desigualdade
social desempenham um papel fundamental na dinâmica do conflito, sublinhando a
necessidade de abordagens que levem em conta as nuances culturais e sociais para enfrentar
eficazmente a insurgência em Cabo Delgado.

Todavia, essas dinâmicas não só afectam directamente as comunidades locais, mas também
têm ramificações abrangentes em diferentes aspectos da sociedade e da vida quotidiana em
Cabo Delgado. Desde o impacto na economia local, com a interrupção das actividades
comerciais e agrícolas, até os danos à infra-estrutura e o deslocamento forçado de
populações, os efeitos da insurgência são profundos e generalizados.

8
CAPITULO II: O IMPACTO DA INSURGÊNCIA JIHADISTA NA INDÚSTRIA DE
PETRÓLEO E GÁS A NÍVEL NACIONAL E INTERNACIONAL

1. Impacto da Insurgência Jihadista em Moçambique

Os estudos sobre as consequências da violência extrema têm se concentrado em três aspectos


principais: o impacto socioeconómico na segurança humana e nas pessoas vulneráveis. Os
impactos socioeconómicos incluem a destruição de infraestruturas e bens públicos e privados,
com consequências de longo alcance para as empresas, o emprego, a administração pública, a
educação e outros aspectos da vida social. Sectores como a indústria dos transportes, do
turismo e do gás sofreram perturbações. O conflito agravou a privação das comunidades
locais, incluindo a segurança alimentar. Isso cria um terreno ainda mais fértil para o
recrutamento das forças insurgentes que operam no país. A insurgência jihadista4 na
Província Moçambicana de Cabo Delgado tem gerado um impacto devastador em diversas
esferas da vida da população e do país como um todo. Os efeitos abrangem desde a esfera
humanitária, social, económica, de segurança e até mesmo regional. Na visão de Feijó, Souto
e Maquenzi os impactos são:

a) Abandono de culturas e de actividades económicas e diminuição da


produção agrícola, contribuindo para a inflação dos preços de produtos de
primeira necessidade e insegurança alimentar; b) Interrupção de circuitos
comerciais, particularmente entre o litoral e o interior, assim como entre o
Norte e o Sul da província, levando à escassez de produtos, descapitalizando
o sector comercial e aumentando o desemprego. Assiste-se ao aumento dos
custos de transporte e dos custos de produção em geral; c) Abandono parcial
ou total da presença do Estado no Nordeste da província de Cabo Delgado,
particularmente nos distritos de Mocímboa da Praia, mas também Macomia,
Quissanga, Muidumbe. d) Deslocação forçada de cerca de meio milhão de
indivíduos, que se concentram maioritariamente na periferia das zonas de
conflito e áreas periurbanas, criando crescentes dificuldades em termos de
assistência humanitária (alimentação, assistência médica, construção de
latrinas e de abrigos, etc.); e) Deslocação de empresários do Nordeste da
província para as zonas Sul e Sudoeste, nomeadamente em torno da capital
provincial ou nos distritos de Montepuez e de Balama; f) Violência e
desconfiança sobre as populações e sobre inúmeros empresários que
abandonam as zonas de conflito, suspeitos de financiamento de grupos
insurgentes ou de lavagem de dinheiro; g) Aumento da pobreza e desemprego

4
É um termo que deriva da palavra árabe “jihad”, que significa “esforça” ou “luta”. No contexto moderno,
“jihadista” refere-se a indivíduos ou grupos que se envolvem em actividades de jihad, muitas vezes
interpretadas como uma luta armada em nome de uma causa religiosa ou ideológica. Essas actividades podem
variar desde acções de propaganda e recrutamento até ataques violentos contra governos, forças de segurança ou
populações civis, com o objectivo de promover uma agenda específica, seja ela política, religiosa ou social (Cfr.
BONATE).

9
de jovens e respectivo potencial de recrutamento (voluntário e/ou forçado)
para grupos violentos; h) Grande dificuldade de produção de estatísticas e
aumento da incerteza em relação à realidade local (FEIJÓ, SOUTO e
MAQUENZI, 2020:7).

Terenciano e Pedro (2023:84) indicam que o estudo de Guzman aponta para o facto de que os
impactos na segurança humana são múltiplos e incluem:
 Segurança pessoal: assassínios, mutilações, decapitações, violência sexual, criação
de deslocados internos e refugiados; com mais de 4.000 pessoas mortas, incluindo
civis, militares e insurgentes e mais de 800.000 deslocados, a crise humanitária
resultante é alarmante, com necessidade urgente de assistência em alimentos, água,
abrigo e cuidados médicos;
 Segurança económica: perda de postos de trabalho e de rendimentos, perda ou
interrupção de actividades de subsistência, como a agricultura e a pesca; Os sectores
de exploração de gás natural e o turismo, foram impactados negativamente, resultando
em atrasos e prejuízos económicos significativos.
 Segurança sanitária: acesso reduzido a serviços de saúde e água potável, maior
exposição à cólera, sarampo, malária e COVID-19, além de atenção reduzida à saúde
sexual e reprodutiva;
 Segurança política: ataques a apoiantes do governo e da FRELIMO, direitos
humanos violações, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e restrições à livre
circulação;
 Segurança da comunidade: altos níveis de violência contra comunidades islâmicas
tradicionais, culturas e hábitos, o aumento da animosidade étnica e ataques directos
aos líderes tradicionais e comunitários;
 Segurança alimentar: acesso reduzido a alimentos, aumento da fome e desnutrição;
e
 Segurança ambiental: perda de locais para agricultura de subsistência e turismo
sustentável.

A citação anterior ressalta de forma enfática os impactos devastadores causados pela


insurgência em Cabo Delgado, Moçambique. Os números impressionantes de mortes e
deslocamentos, aliados aos traumas psicológicos profundos e à desintegração dos pilares
sociais e económicos, pintam um quadro sombrio da situação. A leitura desses estudos e

10
abordagens evidenciam a urgência de medidas eficazes para conter a violência, proteger a
população vulnerável e restaurar a estabilidade na região.

Por forma a demostrar tal impacto observemos as figuras abaixo.

Números de Ocorrências
Fatalidades Reportadas

Fonte: Cabo Ligado Mensal: Fevereiro de 2022

Até o momento, as cidades mais atacadas em Cabo Delgado devido à insurgência jihadista
incluem:

1. Mocímboa da Praia: Localizada no norte de Cabo Delgado, Mocímboa da Praia tem


sido uma das cidades mais frequentemente atacadas pelos grupos insurgentes. A
cidade tem sido alvo de ataques violentos, resultando em destruição e deslocamento
da população.

2. Palma: Outra cidade significativamente afectada pela insurgência em Cabo Delgado é


Palma, que é conhecida por sua importância estratégica devido à presença de
projectos de gás natural na região. Os ataques em Palma causaram danos severos à
infra-estrutura e à população local.

3. Quissanga: Quissanga é outra cidade que tem sido alvo de ataques frequentes,
levando a deslocamentos em massa e impactando a vida quotidiana dos residentes
locais. A violência tem afectado negativamente a segurança e a estabilidade da região.

11
Essas cidades têm sido palco de ataques violentos e destruição, causando um impacto
significativo nas comunidades locais e destacando a urgência de uma resposta eficaz para
lidar com a crise humanitária e de segurança em Cabo Delgado.

Fonte: Cabo Ligado Mensal: Fevereiro de 2022

Fonte: Terenciano e Pedro (2023:84)

12
A imagem acima demonstra que, além das trágicas perdas de vidas humanas, o terrorismo
exacerbou uma série de problemas socioeconómicos na região. O aumento do desemprego, da
criminalidade e do comércio ilegal, juntamente com a inflação de produtos e o aumento dos
preços dos bens de consumo, demonstram a extensão dos desafios enfrentados pela
população local. A explosão nos preços das residências, especialmente na capital provincial,
é um indicador claro do impacto directo do terrorismo no mercado imobiliário, resultado do
fluxo de pessoas deslocadas para áreas urbanas em busca de segurança.

2. Situação económica de Cabo Delgado antes da insurgência.

A economia da Província de Cabo Delgado assenta num dualismo de estruturas, caracterizado


por uma forte coexistência e interpenetração de dois sectores, que de certo modo se
complementam. “Um sector em que, basicamente, toda a produção transita pelos mercados,
quer ele seja formal ou informal, e outro sector predominantemente de subsistência”
(ANEME, 2018:37). Não obstante as potencialidades que a Província apresenta (agro-
pecuárias, florestais, pescas, recursos minerais, artístico-culturais e para o turismo), o seu
baixo nível de exploração colocam-na numa situação que, em termos relativos, é de fraco
grau de desenvolvimento económico. Entre 2010 e 2012 foram descobertas gigantescas
reservas de gás natural recuperável ao longo da costa na bacia do Rovuma que são estimadas
em mais de 190 triliões de pés cúbicos. A actividade de prospecção, iniciada em 2006, tem
envolvido várias empresas internacionais nas diferentes áreas de concessão. A exploração do
gás está a transformar a realidade da Província, com grandes repercussões sobre as
comunidades.

13
A actividade económica da Província assenta essencialmente no sector da agricultura e
produção animal (50,3%) e mais recentemente na indústria (17%), com destaque para a
indústria mineira e transformadora, seguidas do sector de transporte (13,7%) e pesca (8,5%).
Em 2014 a Província de Cabo Delgado obteve uma produção global de 13 mil milhões de
meticais, contra os 12 mil milhões observados em 2013, representando assim, um aumento na
produção de aproximadamente 8%. Em 2017 a produção global atingiu um montante de vinte
e quatro mil milhões de meticais, correspondente a um crescimento de 12,75%
comparativamente ao ano 2016.
De acordo com o ANEME (2018:37), os sectores da cultura e do turismo, do mar, das águas
interiores e das pescas, entre outros, são as que mais contribuíram para este crescimento.
Refere ainda que o sector da cultura e turismo contribuiu, em 2017, para os cofres do Estado,
com cerca de 1,3 mil milhões de meticais, provenientes de cobranças de diversas taxas.
As recentes descobertas de grandes reservas de hidrocarbonetos na Bacia do Rovuma atraiu
grandes empresas internacionais de gás natural. Na Província moçambicana de Cabo Delgado
há novos empregos, serviços e muita expectativa que este sector e os largos milhares de
milhões a serem investidos venham catapultar a economia da Província e do País.
Vários têm sido os anúncios de novas descobertas de gás natural onshore e offshore e
especialistas internacionais colocam Moçambique, num futuro próximo, como um dos
principias fornecedores de gás natural ao mundo. Os efeitos directos já se começaram a
calcular com a necessidade de construção de infra-estruturas ligadas à exploração e
exportação de gás e serviços de apoio.

3. Impacto da Insurgência Jihadista na Indústria de Petróleo e Gás Natural Nacional e


Internacional

Antes do início da insurgência em Cabo Delgado, a situação económica da região estava em


um estágio de desenvolvimento, com investimentos significativos sendo feitos em sectores
como turismo, exploração de recursos naturais, agricultura e comércio. A presença de
projectos de gás natural liquefeito (LNG) e o potencial para o crescimento do turismo
destacavam-se como pontos positivos na economia local.
Na visão de Caetano de Sousa:
Os recursos de Gás Natural (GN) existentes no offshore da Bacia do Rovuma
em Cabo Delgado em jazidas de águas profundas, são extraordinários e de
grande dimensão (reservas estimadas de 125 a 130 triliões de pés cúbicos

14
(tcf)). Esta reserva descoberta em 2010 pode ser das maiores de GN de toda a
África e aproximar Moçambique das potências do gás em África,
nomeadamente a Nigéria e a Argélia. Moçambique surge já em 13º lugar no
ranking das reservas provadas a nível global, prevendo-se o aumento para
valores ainda mais significativos para os próximos anos. Este gás não
associado é ainda considerado tecnicamente um gás de boa qualidade
exploratória. (Caetano de Sousa, 2021)

Além do mais, havia esforços para melhorar a infra-estrutura e promover o desenvolvimento


socioeconómico da região. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística de
Moçambique, o crescimento do PIB de Cabo Delgado vinha se mantendo estável em torno de
7% ao ano, impulsionado principalmente pelo sector de gás natural e pela crescente
actividade turística.

No entanto, após “o início da insurgência, a situação económica de Cabo Delgado sofreu um


impacto drástico e negativo. A instabilidade gerada pela violência e pelos conflitos armados
levou à interrupção de projectos económicos, como a exploração de gás natural e o turismo
(idem:2018:45). As empresas foram forçadas a fechar suas operações devido à insegurança e
à destruição de infra-estruturas. O aumento do desemprego, a diminuição do investimento
estrangeiro e a fuga de capital contribuíram para um declínio económico acentuado na região.
De acordo com relatórios do Banco Mundial (2023), a produção de gás natural na região foi
severamente afectada, com interrupções significativas nas operações das empresas
petrolíferas devido à insegurança e à violência. Isso resultou em uma queda acentuada nos
investimentos estrangeiros directos na região, que eram essenciais para o financiamento dos
projectos de desenvolvimento.

O conflito em Cabo Delgado também tem cobrado um pesado tributo às oportunidades


económicas não realizadas, principalmente devido à suspensão da produção de gás. A Total
Energies, uma empresa francesa de petróleo e gás, lidera um consórcio que se concentra na
exploração de gás natural ao largo da costa de Cabo Delgado. O projecto Mozambique LNG
na Área 1 da bacia do Rovuma remonta à descoberta de abundantes reservas de gás natural
em 2010, levando a uma decisão final de investimento de 20 bilhões de USD em 2019.
Contudo, o empreendimento foi suspenso por tempo indeterminado após um ataque armado
ocorrido na cidade de Palma em Março de 2021, resultando na declaração de força maior pelo
operador Total Energies. “A suspensão teve impacto directo de cerca de 116 milhões de
dólares de volume de negócios e 3.250 trabalhadores, incluindo trabalhadores directos da
Total, ficaram com os contratos suspensos” (OBSERAVOR, 2022), declarou Filipe Nyusi,

15
numa comunicação à nação sobre a violência armada terrorista em Cabo Delgado a partir da
Presidência da República, em Maputo.

Vale ressaltar que com os elevados preços do petróleo e gás, prevê-se que o Estado perca
cerca de 383,4 bilhões de MZN (6,06 bilhões de USD) em receitas públicas devido ao
adiamento do projecto de gás Mozambique LNG. Em suma, estas despesas adicionais
induzidas pelo conflito e as receitas públicas não realizadas aproximam-se de 490,2 bilhões
de MZN (7,75 bilhões de USD). Este montante significa um aumento substancial em
comparação com uma estimativa anterior do CIP (2023), que usando uma metodologia
diferente calculou o impacto fiscal Insurgência em 64,17 bilhões de MZN (1,01 bilhões de
USD).

Além disso, o tecido social da região está a deteriorar-se, com Cabo Delgado a destacar-se
como a única província em Moçambique a testemunhar um declínio nas taxas de
alfabetização desde o início do conflito. De acordo com os dados do Instituto Nacional de
Estatística de Moçambique (INE), registou-se um aumento alarmante de 8,7% na taxa de
analfabetismo entre 2020 e 2022. Estimamos que este impacto educacional possa resultar
num declínio relativo do PIB de Cabo Delgado de até 22,7 bilhões de MZN (0,36 bilhões de
USD).

Segundo o Centro de Integridade Pública (2023:24), numa entrevista à Deutsche Welle,


Patrick Pouyanné, CEO da Total Energies, detalhou que qualquer decisão final de reiniciar as
operações em Cabo Delgado, Moçambique, será submetida a uma avaliação cuidadosa, sendo
os custos de exploração de gás natural uma consideração importante. Pouyanné elaborou que
a manutenção dos custos projectados e a renegociação de contratos com fornecedores locais
pela Total Energies também influenciariam significativamente a decisão de reiniciar as
operações. Além disso, sublinhou que as considerações relativas à segurança e aos direitos
humanos desempenharão um papel crucial na eventual decisão de reiniciar as operações.
Apesar de algumas melhorias na segurança regional, a Total Energies continua cautelosa
quanto a avançar com o projecto suspenso.

A Rystad Energy, uma empresa de estudos energéticos, prevê que a Total Energies possa
retomar o seu projecto de GNL em Moçambique em 2024 e prevê o início da produção de gás
em 2028. Este atraso é atribuído aos ajustes necessários para fazer face aos aumentos de
custos previstos devido aos aumentos da inflação global, com a Rystad Energy a estimar um

16
aumento de 25% nos custos do projecto, um valor consistente com o aumento dos custos do
GNL a nível global.

A análise do impacto dos ataques no funcionamento das empresas e nos postos de trabalho
afectados assenta, principalmente, no pressuposto de que “todas empresas localizadas nas
zonas afectadas pela insurgência pararam de funcionar devido, por um lado, as destruições
das suas instalações e, por ouro lado, a quebra do fluxo de actividades económicas aliado ao
abandono de grande parte da população destas zonas” (TERENCIANO e PEDRO apud
OMR, 2022). Entre as empresas e instituições empresariais destruídas, destacam-se: a
paralisação de projectos de Gás Natural Liquefeito (LNG), instituições como o Palma
Business Park (incluindo hotel, acampamento e escritórios, acampamento para pessoas,
acomodações da Renco, edifícios industriais e armazéns, e equipamento de instituições
bancárias), bem como o empresariado local.

Não obstante, a insurgência jihadista em Cabo Delgado, teve um impacto significativo na


indústria de petróleo e gás natural a nível internacional. Abaixo, uma análise detalhada dos
principais impactos na visão de Feijo, Souza e Maquenzi:

A situação de insegurança em Cabo Delgado aumentou o risco-país de


Moçambique, tornando-o menos atractivo para investimentos estrangeiros na
indústria de petróleo e gás natural. […] a violência na região gerou
preocupações com a segurança dos trabalhadores internacionais, dificultando
o recrutamento e retenção de mão-de-obra qualificada. Como resultado, as
empresas tiveram que aumentar os investimentos em segurança, elevando os
custos de operação. Essa instabilidade também teve impacto no mercado
global de energia, com a suspensão dos projectos de petróleo e gás natural em
Moçambique causando atrasos no aumento da oferta global de gás natural e
contribuindo para a alta dos preços. Além disso, a insegurança em
Moçambique pode levar os países importadores de gás natural a buscar
diversificar suas fontes de energia. A reputação da indústria de petróleo e gás
natural também foi afectada, com preocupações crescentes sobre os direitos
humanos e pressões por mais transparência nas actividades das empresas em
Moçambique, especialmente em relação ao pagamento de impostos e gestão
de recursos naturais (idem: 65).

Esta passagem destaca os diversos impactos da insegurança em Cabo Delgado na economia


de Moçambique e no mercado global de energia. A elevação do risco no país torna o
ambiente menos propício para investimentos estrangeiros, enquanto as preocupações com a
segurança dos trabalhadores e o aumento dos custos de segurança representam desafios
adicionais para as empresas do sector. Ademais, a suspensão dos projectos de petróleo e gás
natural em Moçambique tem implicações significativas no mercado global, causando atrasos

17
no abastecimento e influenciando os preços do gás natural. Essa situação também gera
pressões por práticas mais responsáveis e transparentes por parte das empresas, reflectindo
uma crescente preocupação com os direitos humanos e a gestão sustentável dos recursos
naturais. Pelo que torna-se extremamente urgente se pensar em formas/medidas que possam
mitigar o impacto da insurgência jihadista em cabo delgado, assunto este que será abordado
com mais propriedade no nosso terceiro e último capítulo.

18
CAPITULO III: MEDIDAS PARA MITIGAR O IMPACTO DA INSURGÊNCIA
JIHADISTA EM CABO DELGADO

1. Contenção militar da insurgência em Cabo delgado

O ataque em Palma despertou atenções em Maputo e além: é imperativo reverter o rumo dos
acontecimentos em Cabo Delgado para evitar que a crise humanitária se agrave e que a
insurgência represente uma ameaça ainda maior à estabilidade nacional e regional. O governo
moçambicano tem várias propostas em discussão, incluindo a possibilidade de solicitar ajuda
externa para reforçar a segurança. No entanto, é crucial agir com cautela, assegurando que as
operações de segurança sejam complementadas por esforços para atender às preocupações
locais, a fim de evitar uma abordagem fragmentada e descoordenada, como alertou o
presidente Nyusi segundo Crisis Group (2020).

A reconstrução do exército em Maputo é considerada sensata, mas é uma tarefa que


demandará tempo. No entanto, Moçambique, já sob pressão financeira devido ao escândalo
de sua dívida e, portanto, susceptível de depender de financiamento externo para fortalecer
suas forças, enfrentará limitações na forma como pode combater um inimigo que se torna
mais agressivo cada vez que é pressionado. Embora haja alguma assistência militar dos
governos ocidentais e da UE, esta é limitada. Embora esses parceiros possam estar dispostos
a oferecer treinamento militar, têm-se abstido de fornecer armas às forças de segurança do
país, preocupados com as alegações de violações dos direitos humanos associadas aos
serviços de segurança e desejosos de ver primeiro as Forças Armadas de Moçambique
demonstrarem maior disciplina.

Moçambique se encontra assim numa posição difícil. Sem forças de segurança capazes,
Maputo lutará para estabilizar Cabo Delgado e corre o risco de ver o al-Shabab planejar mais
ataques e, possivelmente, se espalhar para as províncias vizinhas ou até para a Tanzânia.
Portanto, “uma intervenção militar externa é necessária, mas deve ser ponderada.
Diplomatas, peritos militares e autoridades moçambicanas concordam que uma força da
SADC de 3,000 soldados pode ser uma proposta irrealista” (ibidem). Os doadores temem
que o custo de uma força desse tipo seja proibitivo, dado que as forças dos Estados-Membros
da SADC têm suas próprias limitações em termos de capacidades e logística. Além disso, há
dúvidas sobre a falta de uma estratégia clara para fundamentar a proposta desse grande
número de homens; alguns suspeitam que isso possa ser apenas uma forma de alguns

19
Estados-Membros da SADC usarem a crise de Moçambique para justificar recursos
internacionais para suas próprias forças armadas.

A intervenção externa na luta contra a insurgência em Cabo Delgado deve ser


cuidadosamente ponderada. Em vez de uma força regional massiva, Moçambique pode
aproveitar melhor conselheiros militares, inteligência e apoio limitado de seus parceiros
internacionais. Essa assistência deve focar em fortalecer unidades moçambicanas de elite para
liderar operações contra o al-Shabab. A prioridade é impedir a expansão dos militantes e
incentivar sua desmobilização. Enquanto isso, as forças regulares de Moçambique e a polícia
devem manter a segurança das comunidades locais.

Na perspectiva do Crisis Group (2021: 38) organizar a luta dessa forma permite alcançar três
objectivos cruciais. Primeiramente, as operações direccionadas impediriam que os militantes
planejassem ataques de grande escala com facilidade. Em segundo lugar, enquanto as
operações estão em andamento, Moçambique pode focar em melhorar as capacidades mais
amplas das Forças Armadas e da polícia por meio de treinamento a longo prazo. Isso inclui
realizar uma auditoria abrangente da logística e das estruturas organizacionais das forças
militares e policiais, permitindo aos parceiros avaliar que tipo de assistência fornecer para
reformar e reconstruir essas instituições. Por fim, ao evitar um destacamento externo pesado,
há espaço para utilizar o diálogo como um mecanismo para incentivar a desmobilização dos
combatentes da insurgência.

Enquanto o governo moçambicano trabalha para estabelecer condições de segurança


favoráveis à retomada das operações do projecto de Gás Natural Liquefeito, há relatos
indicando que a intensificação das acções das Forças de Defesa e Segurança tem impactado
as capacidades dos insurgentes. Essa pressão resultou em um aumento das mortes entre os
insurgentes, muitas vezes devido à fome e doenças decorrentes da interrupção de suas fontes
de suprimento.

20
2. Medidas para Mitigar o Impacto da insurgência Jihadista em Cabo Delgado

Reconhecendo que uma solução exclusivamente militar não será suficiente para conter a
insurgência, os líderes governamentais estão comprometidos com iniciativas de
desenvolvimento como meio de acalmar a opinião pública, persuadir os militantes a
abandonarem o al-Shabab e garantir que não voltem à militância após deixarem o grupo
devido a pressões militares. No entanto, os militantes podem não estar receptivos a essa
proposta se estiverem ideologicamente ligados à jihad ou se acreditarem que permanecer no
al-Shabab é uma melhor opção. Os líderes também temem não ter nada a oferecer aos líderes
tanzanianos do grupo que não fazem parte da estrutura política de Cabo Delgado, e que
alguns militantes moçambicanos possam ser jihadistas convictos. Ainda assim, tanto os
líderes quanto os líderes comunitários acreditam ser possível apelar aos interesses da maioria
dos militantes moçambicanos, que podem considerar a opção de desertar se o Estado
demonstrar comprometimento em responder às suas reclamações e mantê-los empregados
com remuneração.

Apesar dos desafios de implementação, como a abertura dos militantes a essa abordagem,
existem outras questões relacionadas à utilização da ajuda para o desenvolvimento nesse
contexto. Os oficiais do governo acreditam que podem reconstruir a confiança com as
comunidades locais e, por meio delas, alcançar os combatentes do al-Shabab para persuadi-
los a desertar, devido aos laços de parentesco entre os militantes e suas comunidades de
origem. No entanto, de acordo com o Crisis Group (2021:39) activistas locais e o pessoal da
Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte advertem que, a menos que a ajuda seja
direccionada para as comunidades por meio de consultas extensivas com as populações
locais, pode aumentar as tensões locais, como já foi observado no Sahel por doadores
anteriores.

Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos anunciou uma assistência humanitária
significativa, totalizando 116 milhões de dólares, De acordo com a subsecretária de Estado
para Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos, Uzra Zeya, o valor é destinado à
“assistência alimentar e nutricional e para atender às necessidades de saúde, água e
agricultura dos deslocados” (CABO LIGADO, 2022:4). Paralelamente, o Conselho de
Segurança da ONU expressou sérias preocupações com a crescente ameaça terrorista em
Moçambique, ressaltando a persistente presença do grupo filiado ao EI na região.

21
Para complementar o trabalho da Agência na construção da confiança com a população e a
sociedade civil, são necessárias outras medidas.

Primeiramente, o governo e os doadores devem distribuir os recursos de


forma equitativa entre as diferentes comunidades de Cabo Delgado, para
evitar a intensificação das tensões entre os Makonde, os Mwani e os Makua.
Em segundo lugar, a Agência deve envolver representantes de grupos da
oposição, incluindo a Renamo, que tem um forte apoio em certos círculos
eleitorais de Cabo Delgado, como o Mwani de Mocímboa da Praia. Ao fazê-
lo, demonstraria que conta com o apoio de todo o espectro político e
conferiria ao processo uma legitimidade mais ampla perante o público. Em
terceiro lugar, o Fundo Nacional para o Desenvolvimento Sustentável, com a
assistência da ONU, deve publicar relatórios trimestrais actualizados sobre
como o governo está utilizando a ajuda do Banco Mundial e quem são os
beneficiários correspondentes. (idem:2021: 42)

Se for possível incentivar os combatentes do al-Shabab a desmobilizar, também deve haver


um caminho seguro para sair do movimento. O governo deve se esforçar para desenvolver
um corredor de saída para a rendição, seguindo, por exemplo, a experiência da Nigéria, que
estabeleceu um processo de recepção de desertores, fornecendo-lhes treinamento para
subsistência e reintegrando-os na sociedade, embora muito trabalho ainda precise ser feito
para melhorar o sistema, incluindo a eliminação dos abusos cometidos contra os desertores
por vários agentes de segurança.

Nyusi já declarou que apoiaria uma política de amnistia aos combatentes moçambicanos do
al-Shabab. “Estamos prontos a recebê-los e a reintegrá-los na sociedade”, declarou no início
de Abril. Para que esta proposta seja aceitável pelo público, o governo deveria também
aumentar o seu apoio à Procuradoria-Geral para processar os chefes do al-Shabab que forem
colocados sob custódia militar, de modo a demonstrar que também se faz justiça.

3. Estratégias para Minimizar o Impacto da Insurgência Jihadista na Indústria de


Petróleo e Gás Natural em Cabo Delgado

De uma forma mais concisa e objectiva com base nos pontos abordados anteriormente, como
forma de mitigar os impactos, Maputo deveria aceitar uma assistência direccionada para suas
operações de segurança, a fim de conter a insurreição, e evitar uma mobilização externa forte,
que poderia levar a uma estagnação. “As autoridades deveriam fornecer assistência para
construir uma relação de confiança com os habitantes locais e um diálogo aberto com os

22
militantes” (International Crisis Group, 2021). Os governos regionais deveriam redobrar seus
esforços em matéria de aplicação da lei para impedir a implicação jihadista transnacional. Ou
seja, deve-se:

Combater à Insurgência: O governo moçambicano, com o apoio da


comunidade internacional, precisa combater a insurgência jihadista para
restabelecer a segurança em Cabo Delgado. Diálogo com as Comunidades:
É importante que as empresas do sector de petróleo e gás natural dialoguem
com as comunidades locais para garantir que os projectos sejam benéficos
para todos. Medidas de Segurança: As empresas precisam investir em
medidas de segurança para proteger seus trabalhadores e instalações.
Inteligência e vigilância: Fortalecer os mecanismos de inteligência e
vigilância para identificar e neutralizar ameaças insurgentes antes que
ocorram ataques.Diversificação de rotas e infra-estrutura: Avaliar e
diversificar as rotas de transporte de petróleo e gás e investir em infra-
estrutura resiliente para garantir a continuidade das operações mesmo em
áreas de conflito. Desenvolvimento económico e social: Implementar
programas de desenvolvimento económico e social em Cabo Delgado para
abordar as causas subjacentes do conflito e criar oportunidades de emprego e
renda alternativas para os jovens vulneráveis. Transparência e
Responsabilidade Social: As empresas do sector devem ser transparentes em
suas actividades e garantir que seus projectos sejam socialmente responsáveis
(ibidem).

Essas medidas destacam a importância de uma abordagem abrangente para lidar com os
desafios enfrentados pela indústria de petróleo e gás em meio à insurgência jihadista em Cabo
Delgado. O combate eficaz à insurgência, juntamente com o diálogo e o envolvimento das
comunidades locais, são essenciais para garantir um ambiente seguro e favorável ao
desenvolvimento sustentável. Não obstante, o investimento em medidas de segurança e a
promoção da transparência e responsabilidade social por parte das empresas são passos
fundamentais para proteger os interesses das partes envolvidas e promover uma colaboração
mais harmoniosa entre o sector privado e as comunidades afectadas. Essas acções são cruciais
não apenas para o sucesso dos projectos de petróleo e gás, mas também para o bem-estar e a
estabilidade da região como um todo.

A insurgência jihadista em Moçambique é um problema complexo e multifacetado que exige


uma resposta abrangente e holística. É importante notar que não existe uma solução rápida
para a insurgência jihadista em Moçambique. “As medidas acima mencionadas devem ser
implementadas de forma gradual e coordenada, e levará tempo para que seus efeitos sejam
sentidos” (idem, 2021: 45). É também importante que a comunidade internacional se envolva

23
na resolução do conflito, fornecendo apoio financeiro, técnico e político ao governo de
Moçambique.

Como forma a evidenciar isso, Caetano de Sousa (2023) afirma que as tropas
governamentais, auxiliadas por contingentes militares regionais e ruandeses, conseguiram
reduzir substancialmente a incidência do conflito, permitindo que milhares de pessoas
regressassem às suas aldeias e cidades. No entanto, o conflito matou milhares de pessoas e
deslocou mais de um milhão, causando uma crise humanitária sem precedentes. O conflito
também fez descarrilar o potencial económico dos lucrativos investimentos em Gás Natural
Liquefeito (GNL) na área. Entretanto, o Governo aprovou um plano de reconstrução para a
Província, bem como o Programa de Resiliência e Desenvolvimento Integrado do Norte de
Moçambique (PREDIN) em 2022. Trata-se de uma abordagem de curto a médio prazo
destinada a promover a prevenção de conflitos, a mitigação de conflitos, a coesão social e
resiliência e destina-se às províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula.

24
CONCLUSÃO

Com base no trabalho realizado, pode-se concluir que a insurgência jihadista em Cabo
Delgado, Moçambique, exerce um impacto significativo na indústria de petróleo e gás em
vários níveis, tanto em Moçambique quanto no cenário internacional.

No aspecto da segurança, a insurgência cria um ambiente de instabilidade que dificulta o


desenvolvimento pleno dos projectos de petróleo e gás, afectando a segurança das operações
e dos trabalhadores. Ataques à infra-estrutura e aos projectos de gás natural resultam em
perdas materiais e humanas, além de atrasarem o desenvolvimento do sector.

Do ponto de vista económico, a instabilidade na região desencoraja investimentos na


indústria de petróleo e gás, prejudicando as receitas do governo e o desenvolvimento
económico de Moçambique. O conflito também gera custos adicionais para as empresas,
como medidas de segurança e seguros contra riscos.

Em termos sociais, o conflito provoca deslocamentos populacionais e impactos negativos nas


comunidades locais. A violência e a insegurança dificultam o acesso a serviços básicos, como
educação, saúde e emprego. As comunidades locais também perdem oportunidades de
emprego e renda devido à suspensão dos projectos de petróleo e gás.

No âmbito internacional, a instabilidade em Moçambique pode afectar o fornecimento global


de gás natural, impactando o mercado energético internacional. A suspensão dos projectos de
gás natural em Moçambique pode levar a uma escassez global de gás, aumentando os preços
e afectando a segurança energética de diversos países.

Para mitigar os impactos da insurgência jihadista na indústria de petróleo e gás, é necessário


combater a insurgência, promover o diálogo e a reconciliação, e buscar a cooperação
internacional. A comunidade internacional deve colaborar com Moçambique para combater a
insurgência jihadista e promover o desenvolvimento sustentável da indústria de petróleo e
gás.

Em considerações finais, a insurgência jihadista em Moçambique é um desafio complexo que


exige uma resposta abrangente. A indústria de petróleo e gás tem um papel importante no
desenvolvimento do país, mas é crucial que actue de forma responsável e sustentável,
considerando os impactos sociais e ambientais de suas actividades. O futuro dessa indústria
dependerá da capacidade do governo de enfrentar a insurgência jihadista e de promover a paz
e a segurança na região, com o apoio do sector público, do sector privado e da comunidade
internacional.

25
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Mapa de Cabo Delgado.


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Msumbiji_Cabo_Delgado.PNG visitado no dia 24
de marco de 2024.

27
ANEXOS

28
Anexo A
Mapa de Moçambique

Fonte: Wikimedia Commons

29
Anexo B
Cabo Delgado (província)

Fonte: Wikimedia Commons

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