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PROJETO DE GRADUAÇÃO II
Título do Projeto :
Autor :
Orientador :
Orientador:
Niterói
2017
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF
CDD 621.67
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
TCE - Escola de Engenharia
TEM - Departamento de Engenharia Mecânica
PROJETO DE GRADUAÇÃO II
AVALIAÇÃO FINAL DO TRABALHO
Título do Trabalho:
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO BASEADA EM
RISCO EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA DE INJEÇÃO
PROJETO DE GRADUAÇÃO II
Título do Trabalho:
APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE MANUTENÇÃO BASEADA EM
RISCO EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA DE INJEÇÃO
DEDICATÓRIA
Aos meus familiares, amigos e mestres que me ajudaram na jornada vivida na escola de
engenharia.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço o constante apoio e incentivo de todos aqueles que contribuíram de alguma forma
não só para a elaboração desse trabalho, mas também que fizeram a diferença ao longo dos anos
da graduação.
À engenheira ambiental Alessandra Hoffmann que sempre me apoiou durante o curso e
também por sempre me auxiliar de forma construtiva e assertiva.
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RESUMO
ABSTRACT
The present work uses concepts of risk-based maintenance for the development of a
maintenance plan. A case study is done on a water injection pump. Technical and operational
data are collected. A FMEA analysis is performed to identify major failure modes. Risks are
calculated for these failure modes considering financial losses. One identifies failures with a
higher than acceptable risk value. A periodic maintenance plan is proposed for these faults
composed of actions obtained from failure tree analysis. The periodicity of each maintenance
action is calculated so that the risk of failure does not exceed the acceptable risk value.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Plataforma de produção de petróleo e gás. Fonte: TN PETROLEO (2014) ....................................... 14
Figura 2- Estruturação das técnicas de manutenção. Fonte: Adaptado de LYONNET (1991) ............................ 20
Figura 3 - Custos de manutenção e de falha. Fonte: Adaptado de Lyonnet (1991) .............................................. 24
Figura 4 - Análise de Pareto. Fonte: Adaptado de Lyonnet (1991) ...................................................................... 25
Figura 5 - Curva da Banheira - Bathtub Curve. Fonte: Adaptado de SMITH (2001) .......................................... 27
Figura 6 - Taxas de falha para diferentes classes de sistema. Fonte: Adaptado de Lewis (1987)........................ 28
Figura 7 - Curvas - Distribuição Exponencial. Fonte: Adaptado de Lewis (1987) .............................................. 29
Figura 8 - Curvas - Distribuição Weibull. Fonte: Adaptado de Lewis (1987) ...................................................... 30
Figura 9 - Etapas Gerais – RBM. Fonte: Adaptado de Sakai (2010) ................................................................... 43
Figura 10 - Modelo de avaliação do risco. Fonte: Adaptado de KHAN e HADDARA (2003) ............................. 45
Figura 11 - Categorias de recuperação de óleo. Fonte: Adaptado de AHMED (2006). ...................................... 50
Figura 12 - Bomba de Injeção. Fonte: Adaptado de FRAMO (2017) ................................................................... 53
Figura 13 - Rotor de Alta Pressão (300 m3/h – 1500 mlc). Aço Duplex. Fonte: Adaptado de FRAMO (2008)... 54
Figura 14 - Caixa de engrenagens com bombas integradas. Fonte: Adaptado de FRAMO (2008) .................... 54
Figura 15 – Unidade de bombeio de injeção. Fonte: Adaptado de FRAMO (2017). ............................................ 55
Figura 16 - Skid Unidade Completa - Acionador, Bombas e Motor. Fonte: Adaptado de FRAMO (2008) ........ 56
Figura 17 - Gráfico de Pareto dos índices de risco. ............................................................................................. 65
Figura 18 - Símbolos de eventos . Fonte: PESSOA (2010) ................................................................................ 66
Figura 19 - Símbolos de portas lógicas. Fonte: PESSOA (2010) ......................................................................... 67
Figura 20 - Árvore de Falha: Meio de Vazamento Externo – Fluido de Processo ............................................... 68
Figura 21 - Árvore de Falha: Falha na Partida ................................................................................................... 69
Figura 22 - Árvore de Falha: Vibração ................................................................................................................ 70
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Banco de Dados para o Estudo de Caso. Fonte: OREDA 2015 .......................................................... 60
Tabela 2 - Níveis de Frequência de Modos de Falha. Fonte: Adaptado de SIQUEIRA (2014) ............................ 77
Tabela 3 - Níveis de Severidade de Risco. Fonte: Adaptado de SIQUEIRA (2014) .............................................. 78
11
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Modos de falhas de bombas. Fonte: Adaptado da NBR 14224, Tabela B.6 ....................................... 35
Quadro 2 - Mecanismos de falha para falhas mecânicas. Fonte: Adaptado de NBR 14224, Tabela B.2 ............. 37
Quadro 3 - Mecanismos de falha para falhas de material Fonte: Adaptado de NBR 14224, Tabela B.2............. 38
Quadro 4 - Modos de falha para a função (a). ...................................................................................................... 58
Quadro 5 - Mecanismos de falha para vazão abaixo da mínima especificada ..................................................... 59
Quadro 6 - Tempo para análise da probabilidade de falha .................................................................................. 61
Quadro 7 - Confiabilidades e Probabilidades de Falha. ...................................................................................... 62
Quadro 8 - Consequência das Falhas ................................................................................................................... 63
Quadro 9 - Risco e Índice de Risco para cada modo falha ................................................................................... 64
Quadro 10 - Probabilidade e Confiabilidade no tempo t ...................................................................................... 71
Quadro 11 - Tempo para Falha atingir Risco Aceitável. ...................................................................................... 72
Quadro 12 – Plano de manutenção. ...................................................................................................................... 73
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................... 15
1.2 DELIMITAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO .......................................................................... 16
1.3 QUESTÕES DISCUTIDAS........................................................................................................ 16
1.4 OBJETIVO ........................................................................................................................... 16
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................................. 17
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 47
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 75
APÊNDICE ............................................................................................................................... 77
1 INTRODUÇÃO
O setor de petróleo e gás aumentou sua participação no Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil, no período de 2000 a 2014, de 3% para 13% (BRASIL, 2014). Em 2016, foram
produzidos no Brasil em média 2509 milhões de barris de petróleo e 103,5 milhões de metros
cúbicos de gás natural por dia (VALOR ECONÔMICO, 2017). De acordo com o Ministério de
Minas e Energia (2015), a produção brasileira ocorre principalmente em plataformas offshore
(Figura 1), que correspondem em média a 91% da produção total nacional.
Neste ramo, uma alteração na produção resultante de alguma falha com poucas horas
de duração pode levar a consequências financeiras de escala bastante superior. Isso se deve a
fatores como, por exemplo, o volume produzido, preço de mercado do barril e sua oscilação,
criticidade do componente que falhou e o tempo de reparo necessário.
de qualquer empresa que seus ativos funcionem com capacidade máxima de operação durante
toda sua vida útil. Para isso, surge então a necessidade de elaborar estratégias de manutenção e
inspeção periódicas a fim de garantir tais condições. O mercado do petróleo apresenta uma
dificuldade particular em comparação a outros setores, pois parte das unidades de exploração e
produção são localizadas offshore. Essa distância do continente obriga os engenheiros
responsáveis pela manutenção a planejarem não somente as atividades adequadas a serem
realizadas e recursos envolvidos, mas também a periodicidade e agenda das intervenções.
Conforme será apresentado nesse trabalho, a história da manutenção pode ser dividida
em épocas quanto às tecnologias utilizadas e objetivos envolvidos. Atualmente, as empresas
prezam por um modelo enxuto no planejamento de suas atividades, isto é, evitam processos
desnecessários e focam em estudar aquilo que é essencial. Por outro lado, os padrões
operacionais, requisitos de segurança e atuação de órgãos fiscalizadores tem se tornado mais
rigorosos, tornando indispensável o estudo integrado e completo da manutenção.
a) Quais as metodologias aplicadas para decisão das atividades de manutenção, em que seus
conceitos se baseiam e quais os resultados obtidos;
b) O que é risco, como é calculado e analisado para auxiliar na criação do plano de manutenção;
c) Como é calculada a prioridade e periodicidade das atividades do plano;
d) Quais intervenções preventivas devem ser realizadas para que o risco não fuja do aceitável.
1.4 Objetivo
2 REVISÃO DA LITERATURA
MOUBRAY (1997) apresenta a ideia de que ativos físicos, como equipamentos, são
colocados em funcionamento, pois alguém deseja que alguma função ou grupo de funções
específico seja realizado. Assim, manutenção garante que ativos físicos continuem realizando
as funções desejadas pelos seus usuários.
Ferramentas de apoio à decisão, como estudos de análise de risco e avaliação dos modos
e efeitos de falha;
Segundo PEREIRA (2009), manutenção corretiva é a forma mais comum para reparo
de equipamento com problema. Sua principal característica é que o conserto se inicia após a
ocorrência da falha, dependendo da disponibilidade de recursos. Também se caracteriza pela
ausência de planejamento e pelo desprezo pelas perdas de produção.
Reparo mínimo: um item com falha é retornado para a operação com a mesma idade
efetiva que possuía antes da falha;
21
Reparo “Different-from-new”: algumas vezes, quando um item falha, não são substituídos
apenas os componentes avariados, mas também outros que deterioraram suficientemente.
Neste caso temos uma situação intermediária entre as duas anteriores.
1) Análise preliminar;
4) Contratação;
6) Final da reforma.
Manutenção baseada no uso: as atividades são realizadas com base no uso do produto,
sendo adequadas para itens como pneus, componentes de aeronaves, entre outros;
1) Caracterização do ativo;
A NBR 5462/1994 define manutenção preditiva como a que permite garantir uma
qualidade de serviço desejada, com base na aplicação sistemática de técnicas de análise,
utilizando-se de meios de supervisão centralizados ou de amostragem, para reduzir a
manutenção preventiva e evitar a manutenção corretiva.
Esta técnica de manutenção é uma filosofia que usa a condição operacional real do
equipamento e sistemas da planta industrial para otimizar sua operação total. Assim, trata-se de
23
Análise de vibração;
Termografia;
Tribologia;
Inspeção visual.
A análise dos custos associados à manutenção se faz necessária, uma vez que à adoção
de diferentes técnicas estão atrelados diferentes impactos financeiros. A criticidade de um
equipamento, por exemplo, é fator importante para a tomada de decisão quanto a uma possível
manutenção preditiva ou corretiva, o que envolveria custos de manutenção bem distintos.
A diminuição dos Custos de Propriedade baseia-se na busca por uma otimização das
atividades de manutenção. Surge, assim, a necessidade de introduzir uma metodologia mais
detalhada e completa como, por exemplo, a Manutenção Baseada em Risco. Tal metodologia
traz uma melhoria significativa no planejamento da manutenção, combatendo a redução da
confiabilidade do sistema e analisando os efeitos das falhas.
Outra forma da análise dos custos associados à manutenção pode ser realizada através
da análise de Pareto, conforme apresentado por Lyonett (1991) e Smith & Hinchcliffe (2003).
Essa análise, mais conhecida como regra 80/20, dispõe que apenas 20% dos componentes de
um equipamento são responsáveis por 80% do custo total de manutenção, como mostrado na
Figura 4. Dessa forma, esses 20% podem ser considerados os componentes mais críticos do
sistema, devendo ser o foco das atividades de manutenção.
25
Sendo uma probabilidade, a confiabilidade pode então ser estudada pelas teorias
estatísticas, apresentando um modelo matemático fundamentado. Adicionalmente, as
especificidades do contexto operacional são fatores importantes como premissas para um
estudo baseado em confiabilidade.
Todo sistema que não falhar em um instante 𝑇 ≤ 𝑡 irá, eventualmente, falhar em algum
momento 𝑇 > 𝑡 . Portanto, pode-se observar que:
𝑓(𝑡)
𝜆(𝑡) = (5)
𝑅(𝑡)
1 𝑑
𝜆(𝑡) = − 𝑅(𝑡) (6)
𝑅(𝑡) 𝑑𝑡
O período de tempo à esquerda é uma região com taxa de falha decrescente, a região
central apresenta perfil constante e à direita têm-se uma região com crescente taxa de falhas.
Para que uma estratégia de manutenção adequada seja desenvolvida é preciso conhecer
a curva da banheira do dispositivo considerado.
Figura 6 - Taxas de falha para diferentes classes de sistema. Fonte: Adaptado de Lewis (1987)
𝜆(𝑡) = 𝜆 (9)
𝑡
𝑅(𝑡) = 𝑒 −𝜆 ∫0 𝑑𝑡 = 𝑒 −𝜆𝑡 (10)
29
Adicionalmente observa-se também que, uma vez em uso, sua probabilidade de falhar
não será alterada. Isto quer dizer que enquanto o componente ou sistema estiver funcionando
ele será considerado “como se fosse novo” (em inglês, “as good as new”).
A Figura 7 representa as curvas características para uma distribuição com taxa de falha
constante. Observa-se no item (c) que esse modelo representa bem a parte central da “Curva da
Banheira”.
2.5.2 Weibull
𝛽 𝑡 𝛽−1
𝜆(𝑡) = ( )
𝛼 𝛼 (11)
𝛽 𝑡 𝛽−1 𝑡 𝛽
𝑓(𝑡) = ( ) . exp [− ( ) ] (12)
𝛼 𝛼 𝛼
E a confiabilidade:
𝑡 𝛽
𝑅(𝑡) = exp [− ( ) ] (13)
𝛼
Quando posto em operação, um ativo irá executar suas funções sob determinadas
condições de operação. Sendo impossível uma vida útil infinita, se faz necessário a criação de
planos de manutenção e inspeção adequados a fim de aumentar a disponibilidade dos ativos. A
manutenção centrada em confiabilidade surge como uma metodologia estruturada que, quando
aplicada, resulta em informações bastante úteis para elaboração das estratégias de manutenção.
Em 1968, a fim de rever a aplicabilidade dos métodos existentes foi criado um grupo
de trabalho conhecido pela sigla MSG-1. A partir dos trabalhos feitos pelo grupo, surge o
relatório que introduz os conceitos de MCC, tornando obrigatório o uso da metodologia em
novas aeronaves.
SILVA (2007) comenta que o trabalho pioneiro realizado por NOWLAN e HEAP
(1978) foi realizado com base no campo da aviação, porém teve seu conceito expandido e
generalizado para aplicação em outros sistemas complexos, devido aos atuais altos níveis de
automação, confiabilidade e requisitos de qualidade. A metodologia MCC se estendeu para a
área militar, energia, mineração e processo.
2.6.2 Funções
Logo, o processo de MCC se inicia com a definição das funções de cada ativo
estudado, considerando os níveis de desempenho desejados para o contexto nos quais estão
aplicados. MOUBRAY (1997) classifica as funções em duas categorias:
Uma outra classificação para esta etapa de identificação das funções é apresentada em
RAUSAND (1998). Em vez de separaradas em duas categorias, as funções são classificadas em
até oito grupos, a depender de suas características.
Funções essenciais;
Funções auxiliares;
Funções de proteção;
Funções de informação;
Funções de interface;
Funções supérfluas;
Funções on-line;
Funções off-line.
Todavia, é importante ressaltar que tal classificação deve ser usada como uma lista de
verificação para garantir que todas as funções importantes foram reveladas na análise.
RAUSAND (1998) ressalta que discussões acerca de uma possível dúvida entre classificar
como “auxiliar” ou “essencial” devem, portanto, serem evitadas.
Uma observação quanto a essa definição é que não somente a perda total de capacidade
do cumprimento de uma função é classificada como falha funcional. Falhas parciais, ou seja,
aquelas em que o ativo apresenta um desempenho abaixo do aceitável também são
categorizadas como falhas funcionais. SILVA (2007) comenta ainda que em componentes com
mais de uma função, é possível a falha de uma função específica enquanto as demais continuam
operacionais.
34
Os eventos que podem levar à ocorrência de uma falha funcional são chamados de
modos de falha. Confome a definição da NBR 14224, o modo de falha é o efeito pelo qual uma
falha é observada em um item. Para cada falha funcional, podem ser listados um ou mais modos
de falha.
No Quadro 1 são apresentados os modos de falha previstos pela NBR 14224 para a
classe “bombas” da categoria de “equipamentos rotativos”. Para o desenvolvimento do estudo
de caso realizado nesse trabalho fez-se uso dessa classificação sugerida pela norma.
35
Quadro 1 - Modos de falhas de bombas. Fonte: Adaptado da NBR 14224, Tabela B.6
SIQUEIRA (2014) define efeito como o que acontece quando um modo de falha se
apresenta. Esse conceito é comparado ao termo sintoma quanto ao momento de ocorrência.
Sintoma é uma manifestação, geralmente visível, de que uma falha potencial existe, porém
ainda não se tornou uma falha funcional. Caso essa evolução ocorra, as indicações da presença
da falha serão chamadas de efeitos da falha.
De acordo com SIQUEIRA (2014), como evidências de falhas devem ser registrados
os meios de supervisão automáticos (alarmes e sinalizadores), assim como sintomas
relacionados aos sentidos humanos (ruído, fumaça, cheiro). Riscos de incêndio, emissão de
gases e resíduos tóxicos e eletrocussão são alguns aspectos relacionados ao impacto no meio
ambiente e na segurança. O impacto na capacidade de produção e suas consequências na
economia também contribuem para análise do efeito.
MOUBRAY (1997) propõe algumas etapas para a coleta de informações como, por
exemplo, contato com o fabricante ou vendedor do equipamento, referências genéricas de
modos de falha e detalhamento do contexto operacional e padrões de desempenho esperados.
Adicionalmente considera-se a existência de pessoas que operem e/ou realizem atividades de
manutenção.
A severidade é uma medida utilizada para distribuir os efeitos potenciais dos modos
de falha. Um dos primeiros objetivos ao se fazer isso é filtrar aqueles modos que não produzam
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Efeito catastrófico: entende-se por morte de ser humano, perda do sistema principal ou
grande dano ao meio ambiente (incêndios ou explosões);
Efeito crítico: quando uma falha pode causar ferimento severo, dano significativo no
sistema ou ao meio ambiente;
2.6.7 FMEA
Nesse ponto, o estudo contém informações acerca das funções que o ativo precisa
cumprir, os modos de falha e os respectivos efeitos. Esse conjunto de dados qualitativos é
apresentado em um documento em formato de formulário, chamado Análise dos Modos de
Falha e seus Efeitos (do inglês, FMEA – Failure Mode and Effect Analysis).
A FMEA é um método que utiliza variáveis qualitativas para realizar uma análise dos
possíveis modos de falha que podem advir dos componentes e gerar um efeito sobre a função,
ou conjunto de funções de todo um conjunto. Sua aplicação não se limita à ativos físicos, sendo
possível também ser utilizada em análises de identificação e prevenções de falhas em outros
tipos de processos, como, por exemplo, a prestação de um tipo de serviço de empresas de um
segmento. PINHO et al. (2008) realiza um estudo FMEA como metodologia para prevenção e
melhoria dos serviços contábeis.
41
A NBR/ISO 31000 (ABNT, 2009) define risco como o efeito da incerteza nos
objetivos. De acordo com a norma, um efeito é considerado um desvio em relação ao esperado,
podendo ser positivo ou negativo. Já os objetivos podem ter diferentes aspectos e podem
aplicar-se em diferentes níveis como, por exemplo, estratégico, projetos ou processos. Portanto,
o risco pode estar presente nos processos de planejamento, o que amplia a visão de que são
apenas relacionados a danos físicos em pessoas ou equipamentos/ativos.
Em áreas de alto e médio risco, é necessário um esforço para uma manutenção focada,
enquanto que em áreas de baixo risco esse esforço é minimizado. A RBM – Risk Based
Maintenance sugere um conjunto de recomendações sobre quantas tarefas preventivas (tipo e
frequência) são necessárias. O valor quantitativo do risco é a base para a priorização das
atividades de inspeção e manutenção (KHAN e HADDARA, 2003).
De acordo com SAKAI (2010), a RBM foi introduzida inicialmente nos setores de
engenharia química e campos de refino de petróleo, porém sua aplicação já foi expandida para
processos de construção naval, energia elétrica e fabricação de aço. KAHN e HADDARA
(2004) propõe que a aplicação dessa metodologia visa reduzir o risco global que pode resultar
como consequência de falhas inesperadas de instalações operacionais.
Definindo-se o nível de risco causado pela falha de cada componente, pode-se priorizar
as tarefas de manutenção para os componentes do sistema. Isso significa que os itens de alto
risco receberão maior atenção do que itens de baixo risco, o que é vantajoso em termos de custo,
adicionalmente à segurança.
Adota-se um risco como índice para auxiliar na identificação dos componentes a ter
manutenção priorizada. Esse risco é dado pelo produto da probabilidade de falha na área
inspecionada e a consequência da falha no ambiente, ou seja, o risco é o valor esperado do
respectivo grau de impacto de cada falha (SAKAI, 2010).
De acordo com KHAN ET. AL (2005) a unidade total a ser estudada é dividida em
sistemas principais, sendo estes divididos novamente em subsistemas. Então, é feita a
identificação dos componentes de cada subsistema. Cada sistema é analisado individualmente
até que toda a unidade seja investigada. São então coletados dados para avaliação de potenciais
44
cenários de falha para cada sistema, assim como as relações físicas, operacionais e lógicas entre
os componentes.
Comparação do risco
estimado com o
critério de aceitação
Não
Fator de risco para
outro item Adicionar item ao
plano de manutenção
Não Todos os
itens foram
avaliados?
Sim
Os componentes identificados no item anterior são estudados com mais detalhes para
redução de riscos através de um planejamento ótimo de manutenção. Segundo KHAN et. al.
46
(2005), tanto o tipo quanto o intervalo de manutenção devem ser decididos nesta fase. Uma
alternativa, por exemplo, é utilizar o intervalo de manutenção para modificar o risco. Ao
modificar o intervalo de manutenção, a probabilidade de falha muda e isso também afetará o
risco envolvido. A probabilidade do evento superior é decidida após o uso do critério de risco
aceitável. Uma análise reversa da árvore de falhas é usada para estimar a nova probabilidade de
falha para cada evento básico. Os intervalos de manutenção que produzem a nova probabilidade
de falha são então calculados.
Vale lembrar que nessa etapa de tomada de decisão podem existir fatores
característicos de cada situação que conduzam a determinadas escolhas. Justamente por isso é
responsabilidade do setor de engenharia a realização de um planejamento integrado de
manutenção a fim de evitar que algum cenário não seja analisado. Caso contrário, gastos com
retrabalhos desnecessários e correção de acidentes podem surgir como consequências.
47
3 METODOLOGIA
Seguindo a metodologia apresentada em KHAN et. al. (2005), a unidade analisada terá
os efeitos associados a cada falha relacionados com as consequências e impactos financeiros
envolvidos. Neste contexto, é definido um índice de risco, sendo este responsável pela
identificação das falhas cuja manutenção deve ser priorizada. Por fim é elaborado o plano de
manutenção contendo as atividades a serem realizadas e suas respectivas periodicidades.
O processo de recuperação avançada escolhido pode ser utilizado tanto após a recuperação
primária, quanto de forma concomitante aos efeitos das fontes de energia natural. (AHMED,
2006).
Geometria do reservatório;
Propriedade dos fluidos;
Profundidade do reservatório;
51
A produção de petróleo pode ser aprimorada em maior nível, com base na aplicação
de sistemas de injeção de água que realizam ajustes na salinidade previamente ao início da
atividade. A eficiência destes sistemas é apontada em estudos recentes, que mostram que a água
com salinidade reduzida impacta positivamente na quantidade de petróleo recuperada em uma
série de reservatórios diferentes. Este método tem alto potencial de aplicação em campos de
petróleo existentes no Mar do Norte e no Golfo do México, onde há atualmente declínio na
produção de óleo (SUEZ, 2017).
Um Sistema de Bombeio de Água para Injeção (SBAI) é composto por uma gama de
equipamentos (elétricos e mecânicos), instrumentos e tubulações. Sua completa análise,
portanto, deve ser realizada em projetos interdisciplinares envolvendo profissionais das áreas
de engenharia mecânica, elétrica, instrumentação e controle.
A água do mar que passa nos trocadores de placas entra no SBAI e passa por um pré-
filtro localizado na SBAI.000001, para que partículas maiores que 80 micra sejam retidas. Em
seguida, a água filtrada é enviada para uma desaeradora, equipamento responsável pela retirada
de oxigênio por extração com gás combustível de baixa pressão. Isso é feito para evitar o
desenvolvimento de microrganismos dentro dos poços onde a água será injetada e diminuir a
natural corrosividade da água do mar. O teor máximo de O2 na saída da desaeradora é de
0.05ppm. Posteriormente, a SBAI.000002 é utilizada para injetar nos poços a água filtrada e
desaerada.
Vale destacar que a quantidade de linhas para os poços de injeção (SBAI.000003) que
as bombas da unidade de bombeio irão alimentar irá depender do reservatório em questão,
podendo haver poços em uso e outros em espera. Para cada poço existe um conjunto de
transmissores de vazão, temperatura e pressão responsáveis pelo monitoramento; e outro
conjunto de válvulas esferas e/ou globo para controle dos fluxos das linhas.
O óleo é fornecido pela bomba mecânica durante o período de operação normal, pela
bomba acionada por motor elétrico da bomba booster durante o stand by ou por ambas,
dependendo da sequência de partida/parada. O sistema é feito de aço inoxidável 316L e foi
projetado para assegurar que a pressão do O.L. no resfriador seja pelo menos 1 Bar mais alta
do que a da água de resfriamento.
Para que qualquer análise possa ser realizada em um equipamento é fundamental que
se conheça seu contexto operacional. Esse conjunto de características pode tornar o ativo
bastante singular, de tal forma que o estudo de sua manutenção seja um trabalho inédito. Tanto
para o desenvolvimento do processo de manutenção centrada em confiabilidade quanto na
baseada em risco, as informações do contexto operacional direcionam a descrição das funções
da bomba, dando início ao estudo de falha do equipamento.
Fabricante: FRAMO
Modelo: HP200
Parâmetros de desempenho:
Efeito de falha na produção: A falha desse equipamento não acarreta perda imediata
de produção, entretanto a produção dos poços sem esse equipamento irá interferir na capacidade
de recuperação do reservatório, conforme a característica de cada poço. Cada m3 de água não
injetado corresponde a um percentual de óleo não recuperado.
Localização física: A bomba A fica em skid com isolamento acústico (casulo) e acesso
restrito, devido ao alto nível de ruído, localizado no piso principal bombordo.
Requisitos de segurança: um manômetro de intertravamento na entrada do estágio
booster, comum a todas as bombas, visa evitar que a bomba opere com pressão abaixo da
mínima requerida, resultando em cavitação.
Uma válvula garante a operação adequada dentro da faixa de vazão permitida, quando
ocorre fechamento dos poços. Possui sensores de pressão na sucção e descarga do sistema de
injeção. A eventual ausência desta válvula de controle possibilita a operação indevida entre o
set point do fluxo mínimo e o limite inferior da faixa permitida de vazão.
Existe sistema de proteção da máquina composto de sensores e transmissores de
vibração, temperatura, deslocamento dos sistemas de mancais, além da proteção contra desvios
da unidade de lubrificação forçada. O sistema de lubrificação forçada (ULF) é um sistema
fechado, dotado de bomba principal e uma bomba elétrica auxiliar que alimenta o óleo para os
mancais da bomba e do motor além da caixa multiplicadora. A pressão do sistema de
lubrificação forçada tem com set point 10 bar.
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a) Bombear água desaerada, na faixa de vazão entre 374 – 642 m3/h e pressão de
descarga entre 180 – 200 bar;
b) Manter a estanqueidade do fluido de processo (água de injeção);
c) Manter a integridade funcional do sistema de lubrificação;
d) Manter a integridade mecânica;
e) Controlar e monitorar sua condição operacional, através de indicadores e alarmes.
Para cada função são levantados os modos de falhas associadas e, para cada um destes,
são listados os mecanismos de falha.
A fonte de dados ideal para o desenvolvimento desse tipo de trabalho seria um registro
completo e detalhado sobre todas as ocorrências de falha no ativo estudado. Todavia, na prática,
são raros os casos em que se pode contar com a existência de tal banco de informações.
OLIVEIRA (2016) destaca que a área de construção de poços é um pouco diferente da maioria
das outras áreas da indústria em geral, devido à necessidade da retirada do equipamento do seu
local de operação para a verificação da natureza da falha. Tal procedimento muitas vezes não é
realizado devido ao custo envolvido na operação.
60
Assim como em OLIVEIRA (2016), a solução para uma base de dados de falhas para
um certo tipo de equipamento é encontrada na literatura como, por exemplo, no OREDA
(Offshore Reliability Data). O banco de dados OREDA é uma iniciativa patrocinada por
grandes companhias no ramo da produção de óleo e gás em todo o mundo e tem como objetivo
o intercâmbio de informações de manutenção e confiabilidade, assim como assegurar suas
devidas coletas.
Tempo
Tempo de
População Instalações Disponível Homem
Reparo
30 4 1,45 x 10^6 Hora
em horas
horas
Taxa de Falha
(por 10^6 horas)
Modos de Falha Média Média
Nº de
Média
falhas
Críticas 61 38,01 69 83
Leitura anormal de instrumentos 1 1,24 44 88
Quebra 3 1,88 121 121
Meio de vazamento externo - Fluido de Processo 13 7,51 80 95
Meio de vazamento externo - Fluido de Utilidade 4 2,73 49 58
Falha na partida sob demanda 7 4,53 143 156
Saída alta 2 1,36 7,5 16
Saída baixa 3 1,88 33 33
Sobreaquecimento 2 1,32 116 116
Desvio de parâmetro 1 0,66 109 170
Obstruído/restringido 1 0,65 18 18
Parada espúria 12 7,84 15 16
Vibração 10 6,31 97 130
Outros 2 1,59 15 53
61
O presente trabalho segue as etapas sugeridas em KHAN et. al (2005) para aplicação
da metodologia da manutenção baseada em risco. Com os dados obtidos é calculada a
probabilidade de ocorrência de cada falha em um certo período de tempo. Uma consequência é
calculada para as falhas, tendo como uma das variáveis o tempo médio de reparo. O produto da
probabilidade e da consequência é definido como o risco daquela falha. Um risco aceitável é
sugerido para que um índice possa ser calculado, sendo classificado em subcategorias para
posterior análise.
Identificadas as falhas mais críticas através do índice de risco, pode-se montar uma
árvore de falhas e analisar os componentes que precisam de maior atenção na elaboração dos
planos de manutenção. Para calcular a periodicidade associada às falhas é definido previamente
um critério de tolerância e então realiza-se os cálculos de maneira reversa.
Para esse estudo de caso as falhas são oriundas de eventos de natureza aleatória o que,
segundo EBELING (1997), justifica a utilização de uma distribuição exponencial como
ferramenta para encontrar as confiabilidade e probabilidade de falha no tempo determinado. É
necessário ajustar a unidade da taxa de falha apresentada no banco de dados. No caso, as
unidades de tempo foram convertidas em horas.
Confiabilidade:
Probabilidade de falha:
Taxa de
Confiabilidade Probabilidade de
Falha
Modo de Falha R(t) Falha
λ
Q(t)
(1/h)
Leitura anormal de instrumentos 1,24E-06 98,920% 1,080%
Quebra 1,88E-06 98,367% 1,633%
Meio de vazamento externo - Fluido de
7,51E-06 93,633% 6,367%
Processo
Meio de vazamento externo - Fluido de
2,73E-06 97,637% 2,363%
Utilidade
Falha na partida sob demanda 4,53E-06 96,109% 3,891%
Saída alta 1,36E-06 98,816% 1,184%
Saída baixa 1,88E-06 98,367% 1,633%
Sobreaquecimento 1,32E-06 98,850% 1,150%
Desvio de parâmetro 6,60E-07 99,424% 0,576%
Obstruído/restringido 6,50E-07 99,432% 0,568%
Parada espúria 7,84E-06 93,363% 6,637%
Vibração 6,31E-06 94,622% 5,378%
Outros 1,59E-06 98,617% 1,383%
Quadro 7 - Confiabilidades e Probabilidades de Falha. Fonte: Autor, 2017
A produção de uma plataforma de exploração e de óleo e gás que foi considerada para
os cálculos das consequências foi de 75 mil bbl/dia. Então, multiplicando-se pelo valor do barril
e convertendo-se a unidade de tempo é encontrado o valor de US$ 165.625,00 relativo a uma
hora de produção.
Tempo Médio
Modo de Falha de Reparo Consequência ($)
(horas)
Leitura anormal de instrumentos 44 $ 7.287.500,00
Quebra 121 $ 20.040.625,00
Meio de vazamento externo - Fluido de
80
Processo $ 13.250.000,00
Meio de vazamento externo - Fluido de
49
Utilidade $ 8.115.625,00
Falha na partida sob demanda 143 $ 23.684.375,00
Saída alta 7,5 $ 1.242.187,50
Saída baixa 33 $ 5.465.625,00
Sobreaquecimento 116 $ 19.212.500,00
Desvio de parâmetro 109 $ 18.053.125,00
Obstruído/restringido 18 $ 2.981.250,00
Parada espúria 15 $ 2.484.375,00
Vibração 97 $ 16.065.625,00
Outros 15 $ 2.484.375,00
Quadro 8 - Consequência das Falhas. Fonte: Autor, 2017
64
Foi definido como critério de aceitação um risco de até o valor referente a uma hora
de produção. Dessa maneira, tem-se que:
𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 ($)
Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 = (19)
𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 𝐴𝑐𝑒𝑖𝑡á𝑣𝑒𝑙 ($)
Índices acima de 5
Índices em torno de 1
Índices abaixo de 1
5
Índice de Risco
0
Quebra
Falha na partida sob demanda
Desvio de parâmetro
Outros
Obstruído/restringido
Vibração
Meio de vazamento externo -
Saída baixa
Saída alta
Sobreaquecimento
Parada espúria
Considera-se que todas as falhas com índices de risco superiores a 1 devem ser
analisadas com maior atenção pelo time de engenheiros responsáveis pela manutenção da
bomba. Neste estudo de caso será dada maior ênfase às falhas com índice acima de 5.
66
A análise da árvore de falha (do inglês, Fault Tree Analysis - FTA), de acordo com
PESSOA (2010), é uma ferramenta básica de análise dedutiva com aplicação para melhoria de
processos já em operação a partir da identificação das causas das falhas ocorridas e seu posterior
bloqueio. Tem o objetivo de identificar as causas primárias das falhas, assim como elaborar
uma relação lógica entre as falhas primárias e falha final de um equipamento.
Figura 20 - Árvore de Falha: Meio de Vazamento Externo – Fluido de Processo. Fonte: Autor, 2017
69
Igualando a equação (19) à 1, ou seja, admitindo que todas as falhas devem possuir
um risco igual ao valor de uma hora de produção (𝑈𝑆$165 625,00), são calculadas as
probabilidades de falha uma vez que as consequências se mantém as mesmas.
𝑅𝑖𝑠𝑐𝑜 ($)
𝑄(𝑡) = (20)
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ($)
Os valores das consequências são retirados do Quadro 8 e os resultados obtidos são
apresentados a seguir (Quadro 10).
Probabilidade
Modo de Falha de Falha no Confiabilidade
tempo t
Leitura anormal de instrumentos 2,27% 97,73%
Quebra 0,83% 99,17%
Meio de vazamento externo - Fluido de
1,25% 98,75%
Processo
Meio de vazamento externo - Fluido de
2,04% 97,96%
Utilidade
Falha na partida sob demanda 0,70% 99,30%
Saída alta 13,33% 86,67%
Saída baixa 3,03% 96,97%
Sobreaquecimento 0,86% 99,14%
Desvio de parâmetro 0,92% 99,08%
Obstruído/restringido 5,56% 94,44%
Parada espúria 6,67% 93,33%
Vibração 1,03% 98,97%
Outros 6,67% 93,33%
Quadro 10 - Probabilidade e Confiabilidade no tempo t. Fonte: Autor, 2017
72
Das equações (14) e (15) isola-se o termo t e então basta efetuar os cálculos com os
valores já encontrados nas etapas anteriores. As taxas de falha utilizadas são as apresentadas no
Quadro 7. Então, pode-se escrever que:
ln(1 − 𝑄(𝑡))
𝑡= − (22)
𝜆
As taxas de falha tem unidade igual a 1⁄ℎ. Logo, é feita uma conversão de unidade no
tempo encontrado para cada falha. A terceira coluna do Quadro 11 representa, portanto, o tempo
necessário para que a falha a atinja um nível de risco igual ao previamente estabelecido.
Tempo t Tempo t
Modo de Falha
(horas) (dias)
Leitura anormal de instrumentos 18539,93 772
Quebra 4414,26 184
Meio de vazamento externo - Fluido de
1674,94 70
Processo
Meio de vazamento externo - Fluido de
7552,85 315
Utilidade
Falha na partida sob demanda 1549,13 65
Saída alta 105221,21 4384
Saída baixa 16367,90 682
Sobreaquecimento 6559,14 273
Desvio de parâmetro 13964,63 582
Obstruído/restringido 87936,02 3664
Parada espúria 8800,11 367
Vibração 1642,28 68
Outros 43391,74 1808
Quadro 11 - Tempo para Falha atingir Risco Aceitável. Fonte: Autor, 2017
Com base nos resultados obtidos para o intervalo de tempo entre falhas do Quadro 11,
pode-se montar um plano de atividades periódicas de manutenção como o do Quadro 12, que
tem como objetivo manter o índice de risco abaixo do critério de aceitação.
73
Atividade de
Periodicidade Objetivos
Manutenção
Mensal Análise de Monitorar desalinhamento e/ou folga do conjunto
vibração motobomba e seu acoplamento
Identificação de fatores que podem levar ao
emperramento da bomba, devido a um problema na
caixa multiplicadora ou um travamento no
impelidor, por exemplo
Mensal Inspeção Monitorar quanto a vazamentos por juntas da
visual da carcaça e selo mecânico, junta de flanges, ruídos
bomba de anormais de rolamento e estado de conservação do
lubrificação conjunto
Mensal Inspeção Verificação da integridade das derivações, válvulas
visual da e tubulações no header de sucção, o que causaria
bomba baixa pressão de sucção e eventual falha na partida
principal
Mensal Inspeção Identificar ruídos ou vibrações anormais, parafusos
visual das soltos, sinais de corrosão e danos no equipamento
partes
externas.
Mensal Análise de Coletar as partículas de desgaste presentes no óleo
óleo recentemente produzidas pelo equipamento para
lubrificante estudos das condições de desgaste e estado dos
equipamentos
Diagnosticar condição do óleo lubrificante através
da análise em laboratório das amostras coletadas a
bordo.
Trimestral Verificação Identificar alteração anormal em carta de controle
das condições de:
operacionais o temperatura do fluido de processo
da unidade o pressão de sucção e descarga
(item 4.3.2) o pressão das bombas principal e booster, ou seja,
vazão e rotação dos eixos
o pressão e temperatura do óleo lubrificante
Anual Inspeção, teste Identificar condições físicas e operacionais de
e calibração da transmissores, indicadores e chaves de temperatura,
instrumentação pressão, vazão e nível
Verificar se o instrumento está no seu local previsto
de instalação
Aplicar graxas e anti-ferrugem para preservar o
estado do equipamento
5 CONCLUSÕES
A metodologia de manutenção baseada em risco apresenta grande potencial para
minimizar os riscos associados às falhas tanto em um sistema complexo quanto em um
equipamento com alta relevância na linha produtiva. Esta metodologia é aplicável, por exemplo,
em plataformas de extração de petróleo e gás natural, e foi particularmente desenvolvida neste
trabalho para um sistema de injeção de água. Atendendo às questões apresentadas na
introdução, fora, apresentados alguns conceitos nos quais a manutenção centrada em
confiabilidade é baseada e quais os resultados obtidos com a aplicação desta.
A identificação das falhas mais críticas foi realizada com base no cálculo do índice de
risco, a partir de um valor de risco considerado aceitável. A partir desse índice de risco foi
possível definir prioridades e também calcular a periodicidade das atividades propostas.
Adicionalmente foram feitas propostas de intervenções visando manter o risco envolvido dentro
do aceitável, conforme proposto nas questões discutidas nesse trabalho.
Cabe destacar que as ações propostas devem ser objeto de revisão e adaptação de
acordo com as especificidades operacionais de cada caso, sendo frequentemente ajustadas a fim
de promover uma otimização constante do plano de manutenção. Desta forma é possível aplicar
a melhoria contínua da manutenção dos equipamentos.
Neste contexto, ainda há espaço para aprofundamento das análises realizadas. Por
exemplo, é interessante a construção de um histórico de falhas detalhado do equipamento, bem
como a inclusão de outros fatores no cálculo da consequência da falha, a fim de incrementar a
especificidade e eficiência do plano de manutenção proposto.
76
APÊNDICE
A ocorrência (ou frequência) foi classificada com base nos valores das taxas de falha
utilizados no estudo de caso do capítulo 0 e na Tabela 2. Os índices de severidade foram
classificados com base na Tabela 3, cujo conteúdo foi derivado da norma militar américa MIL-
STD-882D (Standard Practice For System Safety Program Requirements) e apresentada por
SIQUEIRA(2014).
Dano
Categoria Severidade Valor
Ambiental Pessoal Econômico
Função: 1
Modo de Falha: LOO (parte 1 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 1
Modo de Falha: LOO (parte 2 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 1
Modo de Falha: HIO
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Aumento do consumo de
Influências externas diversas; Causado por: potência do motor.
- falha na válvula de controle do header de injeção (abertura
indevida) que pode aumentar o descarte para overboard, Aumento da vibração da caixa
Bombear água gerando maior vazão na bomba; ou multiplicadora.
Bombear água
desaerada acima - falha na válvula de controle do header de injeção (fechamento
desaerada, na
da vazão máxima indevido) que pode diminuir o descarte para overboard, gerando
faixa de vazão 1
especificada de maior pressão na bomba; ou
entre 374-642 2 5
642 m3/h ou - falha na válvula de fluxo mínimo (abertura) que pode aumentar
m3/h e pressão
acima da pressão o descarte para overboard, indevidamente, gerando maior vazão
de descarga
máxima de na bomba; ou
entre 180-200
descarga (200 - instabilidade do sistema de bombeio, gerando maior vazão na
bar.
bar). (HIO) bomba.
Função: 1
Modo de Falha: FTS
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 1
Modo de Falha: UST (parte 1 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 1
Modo de Falha: UST (parte 2 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 1
Modo de Falha: BRD (parte 1 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 1
Modo de Falha: BRD (parte 2 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 2
Modo de Falha: ELP (parte 1 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 2
Modo de Falha: ELP (parte 2 de 2)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 3
Modo de Falha: PDE (Baixa Pressão)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 3
Modo de Falha: PDE (Temperatura Elevada)
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
1 Óleo lubrificante contaminado com umidade ou detritos devido Possível parada da bomba.
a falha do filtro de ar presente no respiro do tanque por
desgaste e deterioração esperado.
Temperatura Contaminação : Degradação do equipamento.
Manter a
elevada do óleo do
integridade
sistema de 2 Óleo lubrificante contaminado pelo fluido de processo devido Possível parada da bomba. 4 4
funcional do
lubrificação a falha nos anéis labirintos dos mancais por desgaste e
sistema de
forçada - ULF deterioração esperados.
lubrificação.
(PDE). Bloqueio/entupimento: Possível sobreaquecimento do
3 do resfriador água-óleo causando sua perda de eficiência óleo lubrificante causando trip
térmica. da bomba
Vazamento: Possível sobreaquecimento do
4 externo da água do resfriador água-óleo óleo lubrificante causando trip
da bomba.
91
Função: 4
Modo de Falha: NOI
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 4
Modo de Falha: VIB
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 4
Modo de Falha: STD
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 4
Modo de Falha: SER
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 4
Modo de Falha: OHE
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 4
Modo de Falha: PDE
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 5
Modo de Falha: AIR
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 5
Modo de Falha: ERO
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 5
Modo de Falha: AIR
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
Função: 5
Modo de Falha: AIR
OCC
SEV
Função Modo de Falha Mecanismos de Falha Efeito
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de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, p. 1-32. 2009.
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dados de confiabilidade e manutenção para equipamentos. Associação Brasileira de
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