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INFO. TEC.

Nº09/2023 — OUTUBRO/2023

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO


COORDENADORIA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

INFORMATIVO TÉCNICO SME/CODAE Nº 09/2023—OUTUBRO/2023

Direcionado a: todos os Centros de Educação Infantil (CEIs), Centros Municipais de Educação


Infantil (CEMEIs), Centros de Educação e Cultura Indígena (CECIs) e Centros de Convivência In-
fantil (CCIs) com gestão Direta, Mista, Terceirizada e Parceira da Rede Municipal de Ensino (RME).
Objetivo: orientar sobre a introdução alimentar dos bebês (substitui o IT nº 05/2020).
Nutricionista Responsável Técnica: Fernanda Lourenço de Menezes.
Coordenadora da CODAE: Maria de Fátima de Brum Cavalheiro.

INTRODUÇÃO ALIMENTAR

Introdução alimentar é o período em que o bebê faz a transição da


alimentação exclusivamente líquida (leite materno ou fórmula infantil) para
a alimentação sólida. Nessa fase, o bebê vai aprender a mastigar, a
engolir, conhecer e experimentar novos alimentos e a ter uma boa relação
com a alimentação através das experiências e oportunidades
proporcionadas pelos adultos e pelos ambientes em que convive.
CEI Santa Catarina—DRE SA

Ao oferecermos alimentação adequada, variada, saudável, segura durante os dois primeiros


anos da criança, contribuímos para bons hábitos alimentares, pleno crescimento e desenvol-
vimento e para uma boa saúde em todas as suas fases da vida.

QUANDO INICIAR A INTRODUÇÃO ALIMENTAR?

A partir dos 6 meses, a maioria dos bebês está pronta para receber outros alimentos
além do leite materno ou da fórmula infantil, pois já é capaz de mastigar, engolir e digerir
alimentos mais sólidos.

Além da idade, para iniciar a introdução alimentar, é preciso observar a relação dos
bebês com o meio, entre os bebês e os educadores, bem como algumas ações do bebê:

· sustenta a cabeça e o tronco;


· senta com o mínimo de apoio;
· coordena os movimentos mão/boca e leva objetos à
boca;
· tem interesse pelos alimentos;
· faz movimentos mastigatórios quando vê um adulto
comendo;
· começa a diminuir o movimento de colocar a língua
para fora da boca (reflexo de protrusão da língua).

CEI Pres. Juscelino Kubitschek Oliveira—DRE G

SME/Multimeios—Daniel Cunha

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Se houver dúvidas em relação ao desenvolvimento do bebê na Unidade,


orientamos buscar apoio dos profissionais da Unidade Básica de Saúde (UBS) mais
próxima da escola ou de referência da família, para iniciar a oferta de alimentos na
Unidade.

BEBÊS PREMATUROS

Para os bebês prematuros, nascidos com menos de 37 semanas


gestacionais, orientamos avaliação e prescrição de profissional da
saúde para o início da introdução alimentar (médico da família,
pediatra, nutricionista ou fonoaudiólogo), mesmo com 6 meses
completos.
Orientamos arquivar o documento na escola. Se necessário, encaminhar o
bebê/família para a UBS de referência da Unidade.

Caso o bebê receba alimentos antes dos 6 meses e/ou dos sinais de
desenvolvimento adequados, pode haver prejuízos à sua saúde (engasgo, diarreia,
desnutrição, alergias, entre outros).

DIÁLOGO COM AS FAMÍLIAS

Orientamos diálogo com as famílias dos bebês, especialmente


durante a introdução alimentar, para que a Unidade e a família estejam
alinhadas durante todo o processo, inclusive se for necessário iniciar a
oferta de alimentos um pouco mais tarde, caso o bebê não tenha os sinais
de desenvolvimento logo ao completar os 6 meses de vida. A Unidade
pode fazer os registros dos diálogos com as famílias e/ou com a equipe da
UBS e arquivá-los no prontuário da criança na escola.

E SE A FAMÍLIA INICIAR A INTRODUÇÃO ALIMENTAR ANTECIPADAMENTE?

Se a família iniciar a oferta de outros alimentos ao bebê antes dos 6 meses em


casa (além do leite materno ou da fórmula infantil), e quiser que a Unidade também
os ofereça, cabe à gestão da escola solicitar um laudo médico ou de nutricionista
com a justificativa para o início antecipado da introdução alimentar, contendo os
alimentos indicados ao bebê.

Encaminhar o laudo à Coordenadoria de Alimentação Escolar


(CODAE) para autorização e início da oferta dos alimentos ao bebê
na Unidade Educacional, conforme o IT SME/CODAE nº 04/2023—
atendimento de estudantes com necessidades nutricionais específicas.

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RECOMENDAÇÕES PARA OS MOMENTOS DE ALIMENTAÇÃO

Para os momentos de alimentação na escola, temos as recomendações da


Orientação Normativa de Educação Alimentar e Nutricional para Educação infantil.
Organizar o ambiente, os tempos, os espaços, os mobiliários, os utensílios e as
práticas das Unidades de Educação Infantil de acordo com a Orientação Normativa
ajuda muito no respeito à individualidade e no desenvolvimento da autonomia de
cada bebê, e também facilita o trabalho das educadoras.

CEI Semeando o Futuro —DRE IP

SME/Multimeios—Wérlen Santos

UTENSÍLIOS PARA A INTRODUÇÃO ALIMENTAR

Para os bebês na introdução alimentar, recomendamos utensílios compatíveis


com o tamanho da boca e das mãos dos bebês, e de acordo com o desenvolvimento
motor para a idade:
- para os líquidos: copo aberto, copo de transição, caneca, colher de café ou de chá
em inox e colher dosadora. Os bicos artificiais, principalmente mamadeira e chupeta,
podem levar ao desmame dos bebês em aleitamento materno, trazer prejuízos à
saúde oral de todos os bebês (amamentados ou não) e há maior risco para infecções.
Saiba mais no IT SME/CODAE nº 06/2021 — ações de promoção e incentivo ao
aleitamento materno;
- para os alimentos: colher de chá em inox ou emborrachada e pratos/tigelas em
material liso, resistente e de fácil higienização.
Orientamos conversar com as famílias dos bebês que utilizam mamadeira
(amamentados ou não) para treinar o uso dos outros utensílios (copo aberto, colher
em inox, colher dosadora, copo de transição e caneca), conforme a idade e
adaptação do bebê.
A seguir, temos as imagens e especificações dos principais utensílios
recomendados aos bebês nas Unidades de Educação Infantil:

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Copo aberto Colher Colher dosadora


Copo de vidro, inox, Colher rasa, em inox ou Colher com o corpo em
porcelana, plástico (livre de emborrachada e de silicone macio, capa
Bisfenol — BPA free) ou de tamanho proporcional à protetora, livre de BPA e
outro material resistente, liso e boca do bebê (ex: colher de com capacidade
de fácil higienização. café - leite materno ou próxima de 90 mL.
Tamanho do copo deve ser fórmula para bebês muito
Indicação: leite materno,
proporcional ao tamanho da pequenos ou colher de chá).
fórmula infantil e água
boca do bebê. Indicação: leite materno, para bebês.
Indicação: leite materno, fórmula infantil e água para
bebês. Também para
fórmula infantil e água para
alimentos sólidos na
bebês.
introdução alimentar.

Para Unidades com


gestão de alimentação
terceirizada, as
empresas devem
atender as
especificações dos
utensílios conforme os
Copo de transição Caneca Editais de contrato
Copo de polipropileno ou Caneca com alça em disponíveis aqui.
plástico, livre de BPA, com material resistente e de fácil
tampa e bico rígido de 3 ou 4 higienização (polipropileno,
furos, com 2 alças laterais e inox, vidro, porcelana,
com capacidade de 200 a outros).
300 mL.
Indicação: leite materno,
Indicação: leite materno, fórmula infantil e água para
fórmula infantil e água para bebês.
bebês.
Ideal usar após os
Ideal usar após os 8 meses . 11 meses do bebê.

Para os maiores de 12 meses, os utensílios podem ser usados para os líquidos


publicados nos cardápios no “Prato Aberto”.
Aos 11 meses dos bebês, Indicamos início da transição para a caneca.

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COMO IDENTIFICAR OS SINAIS DE FOME E DE SACIEDADE DO BEBÊ?

Desde o nascimento, o bebê já nos mostra os sinais de fome (chora, fica agitado, procura
o peito da mãe) e de saciedade (solta o peito ou adormece mamando). Os bebês não
amamentados também têm sinais parecidos.
Na introdução alimentar, a educadora e a família respeitam o bebê ao observar e
atender aos seus sinais. O adulto vai conhecendo esse bebê e percebendo se está satisfeito ou
se somente parou de comer por outros motivos (distração, para terminar de mastigar/engolir ou
para um breve descanso). Se for por distração, cabe ao adulto direcionar a atenção do bebê
novamente para o alimento. Não recomendamos telas e outros objetos que tirem a atenção
do bebê durante as refeições.
Orientamos atenção plena do adulto para os principais sinais do bebê durante a
alimentação:

SINAIS DE FOME DO BEBÊ SINAIS DE SACIEDADE DO BEBÊ

- Fica feliz quando vê o alimento - Empurra o prato ou o talher/mão do adulto


- Tem interesse em pegar o alimento/talher - Perde o interesse pelo alimento
- Quer brincar e explorar o alimento - Vira a cabeça quando o alimento vai em
- Inclina a cabeça em direção ao alimento direção à sua boca ou inclina o corpo pra
ou ao talher trás
- “Trava” a boca e não aceita mais os
alimentos
- Cospe ou fica com o alimento parado na
boca
- Chora ou fica agitado

Faz parte do processo de aprendizagem do


bebê olhar, tocar, cheirar, lamber e experi-
mentar o alimento. Se ele não quiser comer
um ou mais alimentos que estão no prato,
tudo bem! Quem sabe ele experimenta e co-
me em outro dia? Ele também não precisa
comer toda a quantidade que está no pra-
to. Quando o adulto respeita os sinais do be-
bê, ele mesmo consome o que precisa.
Quando o adulto insiste muito ou “força” o
bebê a comer, pode haver perda da sua
habilidade da autorregulação.

CEI Santa Catarina—DRE SA

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QUANTIDADE DE ALIMENTOS PARA CADA IDADE

Nos primeiros dias da introdução alimentar, o bebê pode somente tocar, cheirar,
lamber ou experimentar os alimentos. É natural e esperado que não coma de fato
(mastigue e engula). Pode haver bebês que realmente comam desde o início — alguns
comem um pouco menos e outros um pouco mais (em termos de quantidade). Esse
processo é individual de cada bebê! Abaixo há uma média por faixa etária, retirada
do Guia Alimentar para as Crianças Brasileiras Menores de 2 anos — Ministério da
Saúde, 2019:

Idade Quantidade média aceita pelo bebê*


Iniciar com 1 colher de sobremesa de cada grupo de alimentos,
6 meses podendo chegar a um total de 3 colheres de sopa (total da refei-
ção com todos os grupos de alimentos)

7 aos 8 meses 3 a 4 colheres de sopa (total da refeição)

9 aos 11 meses 4 a 5 colheres de sopa (total da refeição)

1 aos 2 anos 5 a 6 colheres de sopa (total da refeição)

*Quantidade apenas para referência.


Respeitar a individualidade e os sinais de fome e de saciedade de cada bebê.

COMO INICIAR A OFERTA DE ALIMENTOS AO BEBÊ?

Oferecer os alimentos com alteração da consistência


para os bebês e crianças nas Unidades de Educação
Infantil da RME, conforme as recomendações do
IT nº 10/2023 — Consistência dos alimentos.

Foto: Arroz, feijão, carne bovina, cenoura e couve cozidos com


ajuste de consistência para bebês de 6 meses.

O bebê está aprendendo a se alimentar e a receber novos sabores, texturas e temperaturas


na boca. Como reflexo natural, ele coloca a língua pra fora da boca com os alimentos e faz
“caretas”, pois estava acostumado somente a sugar os líquidos (leite materno ou fórmula
infantil). Aos poucos, esse reflexo (chamado de protrusão) vai diminuindo, ao mesmo tempo
que o bebê aprende a mastigar e a engolir os alimentos.

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SUGESTÃO DE EVOLUÇÃO DA INTRODUÇÃO ALIMENTAR NAS UNIDADES

Para alimentar o bebê, aproxime a colher da sua boca e deixe que ele busque o alimento na
colher, demonstrando interesse pelo alimento. Recomendamos não forçar a introdução da
colher na boca do bebê.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA INTRODUÇÃO ALIMENTAR

Para a formação de bons hábitos alimentares e amplo repertório alimentar na


infância, orientamos:
- Oferecer variedade de alimentos desde os primeiros dias da alimentação
complementar;
- Oferecer os alimentos na consistência adequada e separadamente no prato para
que o bebê conheça os diferentes sabores, cores, texturas, cheiros e temperaturas;
- Não misturar todos os alimentos no prato para oferecer à criança (papa) ou usar
muito caldo (ex: feijão) para formar uma ”pasta” no prato;
- A maior parte da alimentação das crianças menores de 4 anos deve ser de
alimentos in natura ou minimamente processados. Os alimentos processados podem
ser oferecido eventualmente, conforme publicação da CODAE no “Prato Aberto”;
- Açúcar, mel e adoçantes artificiais e preparações com esses ingredientes não são
permitidos para os menores de 4 anos nos CEIs;
- Todas as frutas são permitidas, desde que oferecidas com os ajustes de consistência
adequados à idade do bebê ou criança. Somente a carambola e a biribiri (fruta
típica de Minas Gerais) não são permitidos para bebês e crianças com doença renal.

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FORMAÇÃO DE BONS HÁBITOS E BOA RELAÇÃO COM A COMIDA

Educadores e as famílias ajudam os bebês e as crianças a formar bons hábitos alimentares


desde a infância através de experiências positivas, do respeito à individualidade e por imitação
(a criança imita o que o adulto faz).
Para os momentos de alimentação, um ambiente acolhedor, tranquilo e harmônico, onde
o bebê/criança confia e tem uma boa relação com o adulto que o acompanha, influencia
positivamente a aceitação dos alimentos. Na introdução alimentar, priorizar pequenos grupos
de bebês, pode favorecer para um ambiente mais calmo e tranquilo (exemplo: 2 a 3 bebês no
refeitório, enquanto os outros estão na sala com os demais educadores).
A relação com os alimentos leva tempo para ser construída. A forma como ofertamos os
alimentos pode facilitar ou dificultar essa aprendizagem. É importante conversar com o bebê
durante a alimentação, sorrir e falar de forma respeitosa e positiva sobre os alimentos,
incentivá-lo a comer e a apreciar os alimentos. Por outro lado, dar alimentos em resposta a
qualquer choro, pressionar ou acelerar o bebê para que coma rápido, forçá-lo a comer,
chantageá-lo ou puni-lo são práticas que contribuem para uma relação negativa com a
comida, causando estresse e frustração do bebê e do adulto que o acompanha. Da mesma
forma, não recomendamos oferecer qualquer tipo de recompensa se o bebê comer ou
enganá-lo “escondendo” na mesma colher o alimento que rejeita.
Quando um alimento é recusado. oferecê-lo em outros momentos, em outros formatos/
cortes, formas de preparo e de apresentação.

“O que comemos e como comemos vai depender do ambiente em que vivemos e do que
aprendemos a comer com quem cuida da gente. Comer é um processo aprendido”3.

CEI Padre Gregório Westrupp —DRE IP


CEI Santa Catarina—DRE SA
SME/Multimeios—Mariana Montovani

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de


Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. 2 ed.
Brasília, 2019.

2. BRASIL. Resolução N° 6 de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da


alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional
de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 maio 2020. Seção
1, p. 38.

3. DURÃES, Karine Nunes Costa. Comendo feliz: guia de alimentação infantil: do


nascimento aos 7 anos. Curitiba: Ed. Matrescência, 2021.

4. RAPLEY, Gill; MURKETT, Tracey. Baby-led weaning: o desmame guiado pelo bebê. São
Paulo: Ed. Timo, 2017.

5. SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica.


Coordenadoria de Alimentação Escolar. Orientação Normativa de Educação Alimentar
e Nutricional para Educação Infantil—São Paulo: SME / COPED / CODAE, 2020.

6. Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de Alimentação da Infância à Adolescência.


Departamento Científico de Nutrologia. 4 ed. São Paulo, 2018.

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