Você está na página 1de 7

1

PAPM V – PROF. KLEITON

ALEITAMENTO MATERNO

• A importância de um médico generalista saber sobre aleitamento materno está em ter o conhecimento correto
e atualizado sobre amamentação para promover uma orientação adequada sobre nutrição infantil. Devemos
lembrar que essas orientações em relação a uma nutrição adequada pra criança já começa no mesmo período da
gestação com a dieta materna e depois que a criança nasce, devemos ter uma ideia em relação as praticas
nutricionais para que possamos possibilitar além do crescimento e desenvolvimento adequado, otimizar o
funcionamento dos sistemas, mas também a prevenção de doenças à longo prazo como obesidade e anemia. É
importante sabermos sobre nutrição para que possamos promover uma orientação adequada
• Epigenética → hoje sabemos que em fases importantes do desenvolvimento da criança, ou seja, durante a
concepção, durante os primeiros meses de vida, fatores ambientais, principalmente nutricionais podem ter
impacto sobre a genética da criança. Um exemplo claro disso é a alimentação incorreta, ou seja, praticas
nutricionais inadequadas nos primeiros meses de vida da criança podem ter relação com a propensão da
obesidade em outras fases da vida. Essa concepção em relação as fases iniciais da vida e determinar impactos na
vida adulta da criança, principalmente em relação aos primeiros 1000 dias de vida da criança, já contando a partir
do período da concepção, ou seja, vacinas, alimentação, estímulo, isso tudo vai impactar numa qualidade de vida
quando essa criança for adulta. Resumindo, se por acaso essa criança for submetida a uma alimentação
inadequada nos primeiros anos de vida, isso pode mudar ou ter influencia sobre questões genéticas e impactar
na qualidade de vida quando essa criança for adulta
• Os Departamentos de Nutrologia e de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) adotam a
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) para que se recomende o
aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. Ou seja, não tem necessidade de a criança fazer o
consumo de nenhum outro tipo de alimento até os 6 meses de idade a não ser o aleitamento materno
• O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (MS/OPAS,2002) estabeleceram, para crianças
menores de dois anos, dez passos para a alimentação saudável, com base no Guia alimentar para crianças
menores de dois anos.

10 PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL


(MS/OPAS/OMS)

1. Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento
2. A partir dos 6 meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os 2
anos de idade ou mais
❖ Importante notar nesse passo que não tem uma idade limite para se parar o leite materno. Desde que
isso não tenha influencia na nutrição, a mãe pode dar o leite materno até 2 anos de idade
3. A partir dos 6 meses dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, frutas e legumes), 3x ao dias se
a criança receber leite materno e 5x ao dia se estiver desmamada
❖ Quando a criança começa a alimentação complementar com o aleitamento materno, falamos que essa
criança vai receber 3 refeições ao dia, ou seja, ela acorda e recebe o leite materno, no meio da manhã.
Oferecemos uma fruta e depois o almoço, leite materno, janta e depois novamente antes de dormir faz
uso do leite materno. Resumindo, ela faz 3 refeições além do leite materno (lanche da manha, almoço e
janta). Quando essa criança faz uso de outro tipo de leite, não o materno, nós falamos que a criança faz
5 refeições, pois esses outros tipo de leite são considerados como refeição
4. A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da
criança
5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o inicio e oferecida de colher, começar com consistência
pastosa (papas/ purês) e gradativamente aumentar a consistência até chegar à alimentação da família
❖ Não se faz passagem dos alimentos por peneira e não se usa liquidificador. A alimentação deve ser papa
desde o inicio, até que com 1 ano de idade é liberado o cardápio familiar
6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida
7. Estimular consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições
8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos
de vida. Usar sal com moderação
❖ A água para beber deve ser filtrada e fervida ou clorada (2 gotas de hipoclorito de sódio 2,5% por litro de
água, aguardando por 15 minutos)
2
PAPM V – PROF. KLEITON

❖ O vinagre também pode ser usado na mesma proporção, porém o hipoclorito parece ser mais eficaz
9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, garantir o seu armazenamento e conservação adequados
❖ Imersão de utensílios em água com hipoclorito de sódio 2,5% por 15 minutos – 20 gotas de hipoclorito
para 1 litro de água
❖ Deve-se preconizar a utilização de bicarbonato de sódio a 1% para reduzir a contaminação com os
agrotóxicos (uma colher de sopa para 1 litro de água) por 20 minutos
10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos
preferidos, respeitando sua aceitação
❖ As vezes a criança está passando um processo infeccioso e a família quer mudar a alimentação naquele
período, ou seja, para que a criança fique com mais fácil aceitação devemos manter a alimentação
habitual

• Em 1990, com o objetivo de promover a proteção e apoio ao aleitamento materno, foi criada a Iniciativa Hospital
Amigo da Criança (IHAC) e instituídos “Dez passos para o sucesso do aleitamento materno”
❖ Facilitar contato pele a pele imediato e ininterrupto e apoiar as mães a iniciarem a amamentação o mais
rápido possível após o nascimento
❖ Discutir a importância e o manejo da amamentação com mulheres gravidas e suas famílias
❖ Possibilitar que as mães e seus filhos permaneçam juntos e pratiquem alojamento conjunto 24h por dia
❖ Aconselhar as mães sobre o uso e os riscos de mamadeiras, bicos e chupetas
❖ Não fornecer aos RN amamentados outros alimentos ou líquidos além do leite materno

CONCEITOS

COMO A CRIANÇA MAMA?

• Devemos lembrar que até o 6 mês a criança se alimenta somente de leite materno
• A criança suga como uma ato reflexo, mas sugar corretamente depende de posição, da maneira como a mãe pega
a mama, como a mãe está sentada
• Isso é importante porque se a criança não mama adequadamente isso pode ter um impacto diretamente no ganho
de peso dela
• Primeiramente, temos que lembrar quais são os reflexos que fazem a criança sugar:
❖ Reflexo de busca → ao estimular o lábio ou a bochecha da criança, ela vai lateralizar a cabeça em direção
ao lado que você estimulou, ou seja, isso facilita ela a procurar a mama da mãe
❖ Reflexo de sucção → quando você coloca a mama da mãe na boca da criança, ela vai automaticamente
ordenhar a mama da mãe, vai comprimir a mama com a língua no palato
• Existem hormônios que são relacionados a amamentação:
3
PAPM V – PROF. KLEITON

❖ Prolactina → hormônio da produção do leite. Um dado interessante é que a prolactina tem um estímulo
diretamente com o reflexo de sucção, ou seja, quanto mais a criança suga maior a produção de prolactina
❖ Ocitocina → hom6onio da ejeção do leite nos ductos lactíferos. Esse hormônio te uma relação direta com
o estado emocional da mãe, por exemplo, em situações de ansiedade, angustia, de repressão, ocorre
uma diminuição da produção de ocitocina. Quando a mãe está autoconfiante, acha que realmente vai
conseguir amamentar, ela aumenta a produção e ocitocina
❖ Durante a gestação e quando a criança nasce, a mama se prepara para descida do leite. Esse preparo da
mama para descida do leite nós chamamos de Apojadura e pode ocorrer em 48-72h, as vezes até 5 dias,
ou seja, a descida do leite pode demorar ocorrer até 5 dias. O leite que sai no inicio é chamado de colostro
e para que o leite desça é necessário que a criança sugue
❖ Mãe pode amamentar sentada ou deitada, mas é importante que a mama esteja apoiada para que a
criança consiga abocanhar ela adequadamente
❖ Como apoiar a mama? Com os 4 dedos deve pegar a mama embaixo e com o polegar deve situa-lo acima
da aureola jogando a mama para trás, dessa maneira ela facilita a criança a abocanhar a mama. Entre o
polegar e o indicador forma a letra C, então orientamos que a paga da mama correta é a pega em C
❖ Ë muito comum as vezes a mãe de uma forma instintiva realizar a pega da mama entre o indicador e o
dedo médio, chamada de pega em tesoura. Essa pega não é recomendado pois pode causar obstrução
de alguns ductos lactíferos
❖ Não é recomendado que a criança abocanhe somente o mamilo, mas sim mamilo e auréola
❖ A criança deve estar com o corpo alinhado, cabeça e tronco, e o tronco deve estar voltado para o abdome
da mãe
❖ É interessante que a criança encoste o queixo na mama da mãe, pois dessa maneira o nariz fica mais livre
para criança respirar. Qualquer errou ou falha nessa posição na pega, na obstrução nasal, pode
atrapalhar essa criança a mamar e isso impactar principalmente num ganho de peso inadequado. Dessa
forma, toda vez que estivermos na puericultura e percebermos que essa criança não está ganhando peso
adequadamente a primeira coisa que devemos avaliar é se apega está correta e se a criança está sugando

Como a criança mama?


de forma adequada

Prolactina
Reflexo de
busca Ocitocina
Reflexo de
sucção Não é recomendado
pinçar o mamilo
A mãe pode estar entre o dedo médio
sentada, recostada ou e o indicador;
deitada; O bebê deve estar
Mama apoiada com a bem apoiado, com a
mão, com o polegar cabeça e o corpo
bem acima alinhados; o
da aréola e os outros corpo, bem próximo
dedos e toda a palma e voltado para o da
da mão debaixo da mãe;
mama; o polegar e o Queixo tocando
indicador formam a peito e boca bem
letra C. aberta.

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES

• O bebê deve mamar sob livre demanda, sem horários fixos ou determinados
❖ Geralmente os intervalos entre uma mamada e outra giram em torno de 3h
• Depois de ele esvaziar o primeiro peito, a mãe deve oferecer-lhe o segundo
4
PAPM V – PROF. KLEITON

❖ Se por um acaso, a mãe notar que mama esvaziou e a criança dormiu satisfeita, é recomendado que na
próxima mamada sempre colocar a criança para começar a amamentação na mama em que ela terminou
para que depois se coloque na outra mama. Isso porque é interessante que a criança sugue todo o leite
daquela mama; o leite do final da amamentação tem um alto teor de gordura, então isso facilita o ganho
ponderal
• O tempo de esvaziamento da mama é variável para cada criança; alguns conseguem fazê-lo em poucos minutos
e outros, em até 30 minutos
• Para retirar o bebê do peito, recomenda-se introduzir gentilmente o dedo mínimo no canto da sua boca; ele
largará o peito, sem tracionar o mamilo
• Após a mamada, coloca-lo de pé no colo, quando ele poderá ou não arrotar

COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO E COMPARAÇÕES

Principal diferença do colostro para o leite maduro é que o colostro é menos calórico e possui menos
gordura, porém tem mias proteína, imunoglobulina

A função do colostro é principalmente imunoprotetora

CONTRAINDICAÇÕES DO ALEITAMENTO MATERNO

• Infecção pelo HIV → mães com pré-natal feito e sorologia negativa para HIV do 3º trimestre ou caso não tenha,
mas tenha teste rápido de maternidade para HIV negativo é recomendado o aleitamento já na primeira hora
Contraindicações do Aleitamento Materno
INFECÇÃO PELO HIV Absoluta
DOENÇAS MATERNAS GRAVES Septicemia ou outras condições clínicas
que impedem a mãe de cuidar do seu filho
HERPES SIMPLES TIPO 1 Deve ser evitado o contato direto entre as
lesões mamárias da mãe e a boca do bebê
DOENÇA DE CHAGAS Na fase aguda da doença ou quando
houver sangramento mamilar evidente
USO DE MEDICAMENTOS COMO: Se possível buscar alternativas de drogas
SEDATIVOS, PSICOTERÁPICAS, compatíveis com a amamentação
ANTIEPILÉPTICAS E OPIÁCEOS
RADIOFÁRMACOS COMO O IODO-131 A mãe pode voltar a amamentar dois
meses após o uso.
USO DE MEDICAMENTOS Interromper a amamentação durante a
ANTINEOPLÁSICOS terapia
ÁLCOOL, OPIÁCEOS, BENZODIAZEPÍNICOS Podem causar sedação tanto na mãe como
E no bebê.
MACONHA (CANNABIS)
5
PAPM V – PROF. KLEITON

CRIANÇAS QUE NÃO ESTÃO EM ALEITAMENTO MATERNO – O QUE USAR?

• Diante da impossibilidade do aleitamento materno, deve-se utilizar uma fórmula infantil que satisfaça as
necessidades do lactente (ESPGHAN, AAP e SBP).
• Antes do sexto mês, deverá ser utilizada uma fórmula infantil para lactentes (primeiro semestre); a partir do sexto
mês, recomenda-se uma fórmula infantil de seguimento para lactentes (segundo semestre)

FÓRMULAS INFANTIS

• Gordura: redução de gordura animal, acréscimo de óleos vegetais (poli-insaturados) e ácidos graxos essenciais
(linoleico e alfa-linolênico)
• Carboidratos: contém lactose exclusiva ou associada a maltodextrina
• Minerais: relação cálcio/fósforo adequada
• Oligoelementos: valores que atendam as necessidades da criança

LEITE DE VACA

• Gorduras: contém baixos teores de ácido linoleico (10x < fórmulas)


• Carboidratos: quantidade insuficiente, sendo necessário o acréscimo de açucares
• Proteínas: fornece altas taxas, com consequente elevação da carga renal de solutos
• Minerais: altas taxas de sódio
• Vitaminas: baixos níveis de D, E e C
• Oligoelementos: quantidades insuficientes, principalmente ferro e zinco
❖ A principal causa de anemia na criança nos primeiros anos tem relação com o consumo de leite de vaca,
devido à baixa disponibilidade de ferro
Leite de❖vaca: Não
A falta de ferro,éprincipalmente
recomendado para
nos primeiros anos, pode levar a prejuízos cognitivos
• Não é recomendado para < 1 ano
<1ano!

Essa diluição é indicada apenas para mães que tem


uma contraindicação para amamentar e não tem
condições de comprar a fórmula, nesse caso será
utilizado leite de vaca, que pode ser o leite de
curral também chamado de leite in natura, pode
ser o leite de caixinha ou em pó

Lembrar que o leite de vaca não foi desenvolvido


para criança, principalmente menor de 1 ano
então devemos tentar modificar um pouco a
diluição e enriquece-lo para que cause menos
prejuízo a criança

Devemos lembrar que o volume de mamadeira é definido pela capacidade gástrica, ou seja, a cada 2/3h o que cabe no
estômago da criança é baseado na capacidade gástrica

Capacidade gástrica → 20-30ml por quilo a cada 3h


❖ Exemplo: bebê de até 2 meses com 3kg, a cada 2/3h deve mamar de 60 a 90ml. 30ml de leite e 30ml de água
❖ Exemplo: bebê de 3 meses foi calculado que deve mamar 150ml, assim é colocado 100ml de leite e 50ml de água
❖ Exemplo: bebê acima de 4 meses foi calculado que deve mamar 200ml, é feito 200ml de leite sem diluir
6
PAPM V – PROF. KLEITON

VITAMINAS

• A maioria das vitaminas não é sintetizada pelo organismo e necessitam ser ingeridas pela alimentação
• A vitamina K é dada ao nascimento, na dose de 1mg por via IM para prevenir a doença hemorrágica
• Em relação à vitamina D, o leite materno contém cerca de 25 UI por litro. A necessidade diária da criança no
primeiro ano de vida é de 400 UI de vitamina D. O departamento de Nutrologia da SBP preconiza suplementação
de vitamina D para RN a termo, desde a primeira semana de vida, mesmo que em aleitamento materno exclusivo
ou fórmula infantil
• Fatores de risco para vitamina D:
❖ Deficiência materna durante a gravidez
❖ Não exposição ao sol
❖ Viver em áreas urbanas com prédios e/ou poluição que bloqueiam a luz solar
❖ Pigmentação cutânea escura
❖ Uso de protetor solar
VIT. A
Prescrito apenas para
crianças que moram em
áreas carenciais

Não é prescrita
rotineiramente

Reposição só ocorre quando


há vacinação, então é feito
megadoses de vit.A oral
quando vai ser feito a
vacinação

FERRO

• A recomendação vigente da Sociedade Brasileira de Pediatria orienta a suplementação profilática com dose de
1mg de ferro elementar/kg ao dia dos 3 aos 24 meses de idade, independente do regime de aleitamento
• RN a termo, de peso adequado para a idade gestacional em leite materno ou menos de 500ml de fórmula por dia
1 mg de ferro elementar/kg peso/ dia a partir do 3 até o 24 mês de vida
• Importante lembrar que a reserva de ferro ocorre principalmente nos últimos meses de gestação, então se tiver
uma criança que nasceu a termo e com peso adequado, provavelmente ela fez essa reserva
7
PAPM V – PROF. KLEITON

RELATO DE CASO

Daniela tem 21 anos e seu companheiro, 22 anos, ambos com ensino médio incompleto. Eles estavam há cerca de 5 meses
juntos, quando descobriram a gravidez de 15 semanas. A gestação não foi planejada, mas eles aceitaram bem, nenhum
deles tinha filhos ainda.
Daniela iniciou o Pré-Natal na USF, à qual comparecia mensalmente para as consultas, que ocorriam sempre com a mesma
médica. Ela relata que a médica orientou AME por 6 meses e complementar, por 2 anos ou mais.
O hospital onde ocorreu o parto não foi o de referência da USF, foi escolhido por ela, pois gostava do atendimento nesse
local. É um Hospital Amigo da Criança, embora ela não soubesse dessa informação. Ela fala que a criança estava
atravessada, então foi preciso fazer cesariana.
Ao nascer, a criança ficou pouco tempo com a mãe e logo foi levada para a realização de procedimentos, acompanhada
pelo pai: “... deixaram ele pouquinho comigo. Só deixaram eu dar uma olhadinha, um beijinho e levaram...”.
Daniela afirma que não foi orientada a amamentar Carlos logo após o nascimento. A mãe ainda estava na sala de
recuperação, quando a enfermeira o trouxe e falou para ela: “Ó, mãe, ele já tá mamado, já tomou o mamá”. Ela não
questionou o porquê de Carlos ter sido alimentado, pois pensou que era um procedimento comum; diz que após seis
horas que ele já estava com ela, acordou para mamar.
Em relação à primeira mamada, a mãe relata que foi desengonçada, mesmo com a ajuda da enfermeira, pois não
conseguia mexer o corpo devido à anestesia: “Ah, eu não sabia como botar o peito, encaixar direitinho na boquinha, a
enfermeira que teve que me ajudar”.
Ao ser questionada sobre se já tinha leite, responde: “Não. Só colostro eu tinha”, ela afirma estar preocupada com “esse
negócio de colostro”. Daniela diz que a médica, durante o pré-natal, explicou o que é o colostro, mas ela ainda estava
receosa e perguntou à enfermeira do hospital se o colostro iria sustentar Carlos, e essa respondeu que sim. Ao ser
questionada por que achava que era pouca quantidade de leite, afirmou que o bebê mamou a noite toda, quase não
dormiu e, quando ela apertou o seio, saiu pouco leite.
Daniela ficou por três dias no hospital e relata que já estava se coordenando melhor para amamentar, conta que recebeu
um folder sobre AM. Ela falou que o colostro veio até o sexto dia e, após, veio muito leite: “Ah, quando veio, guria! Daí
eu fiquei louca porque saía muito leite...”.
Ela fala que Carlos queria apenas um seio logo nos primeiros dias: “Ele não conseguia pegar, porque eu não tinha bico, aí
ele ficava irritado...”. Relata que foi orientada pela enfermeira do hospital a insistir nesse seio e, após três dias de
insistência, ele começou a mamar bem e hoje pega sem problema nenhum.
Em relação ao apoio do companheiro na amamentação, Daniela diz: “Eu acho que o meu marido, ele sempre me apoiou,
ele nunca disse pra mim: dá mamadeira. O resto das pessoas sempre insistiu: ele tá ficando grande, dá mamadeira pra
ele parar de chorar”.
A mãe afirma que não foi influenciada pela opinião dos amigos: “Ah, cada um tem a sua opinião. Eu tenho a minha, elas
têm as delas. Eu vou seguir a minha, o que eu penso. Eu que sou a mãe dele, eu tenho que seguir o que eu acho... pra ti
ver, ele não teve nenhuma doença até hoje, só um resfriadinho, eu passo a minha imunidade pra ele”.

Você também pode gostar