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Família Alligatoridae

Os aligátores e os caimans estão classificados na família Alligatoridae e são conhecidos


coletivamente aqui no Brasil como jacarés. Em todos os jacarés os dentes do maxilar
inferior se encaixam em buracos do maxilar superior e, portanto, não podem ser vistos
quando a mandíbula estiver fechada. As escamas na parte de baixo do corpo não possuem
"buracos" sensitivos.

Vivendo somente no sudeste dos Estados


Unidos, o Aligátor americano, Alligator
mississippiensis, é um dos únicos
crocodilianos cujo habitat se estende bem
além dos trópicos. Sua dura e larga mandíbula
ajuda-o a pegar suas presas na vegetação
densa.

As duas espécies dos verdadeiros aligátores ocorrem em regiões bem distantes


geograficamente. O aligátor americano, Alligator mississippiensis, que cresce até cerca de 6
metros de comprimento, ocorre no sudeste dos Estados Unidos. O aligátor Chinês, A.
sinensis, habita a parte baixa do Rio Yangtze e seus afluentes na China. Esta espécie
raramente excede os 2 metros. Ambas espécies possuem uma cabeça larga, o que deve ser
uma presumível adaptação para viver nas pesadas vegetações do pântano. Na terra ou na
água, seu focinho magro pode ser mais manobrável, mas a cabeça pesada é mais funcional
para caçar suas presas esmagando-as contra a vegetação. Quando as águas e pântanos
habitadas pelo Aligátor americano congelam, como ocorre ocasionalmente, a maioria dos
grandes animais sobrevivem deitando na água rasa e mantendo uma respiração através dos
buracos encontrados no gelo. Ocasionalmente seus focinhos congelam no gelo, mas
providencialmente, se suas narinas não ficarem cobertas, eles sobreviverão. A maioria das
outras espécies de crocodilianos certamente morreria em tais temperaturas.

Os jacarés na América Central e do Sul são todos chamados de Caimans. O maior é o


Caiman Preto ou Jacaré-açu, Melanosuchus niger, que pode crescer mais do que 6 metros.
Evidências bioquímicas indicam que estes animais são parentes mais próximos de outros
caimans do que dos aligátores, mas externamente são muito parecidos com o Aligátor
americano. Diferentemente da maioria dos crocodilianos, que possuem marcas bem vivas
quando filhotes mas que perdem esta característica quando adultos, o Caiman Preto
permanece distintivamente marcado por toda sua vida. Os filhotes possuem a cabeça de
uma coloração cinza brilhante e seu corpo é preto com linhas de pontos brancos. Conforme
eles crescem, o cinza da cabeça se torna marrom e as linhas de pontos brancos desbotam,
mas mesmo adultos com mais de 5 metros são mais coloridos do que filhotes de outras
espécies. Os caimans pretos habitam florestas alagadas e lagos cobertos com vegetação em
volta de rios, por toda a bacia Amazônica, no Brasil, nos estados do Amapá e na Guiana e
Guiana Francesa. Eles também são os Caimans mais comumente vistos na sua região, mas
são vítimas da caça predatória, para pegar sua pele e isto vem reduzindo drasticamente o
número destes animais.

O Caiman preto ou Jacaré-açu, Melanosuchus


niger, da Amazônia, foi intensamente caçado
durante os anos 50 e 60, para utilização de sua
pele na fabricação de itens de luxo, como
bolsas e roupas. Por esse motivo, a população
desta espécie foi reduzida drasticamente,
chegando à níveis críticos.

O gênero Caiman possui duas espécies: o Caiman comum, C. crocodilus, que ocorre do sul
do México até o norte da Argentina; e o Jacaré de Papo-Amarelo, Caimam latirostris, que
ocorre próximos a rios e pântanos ao longo do Brasil, do estado do Rio Grande do Norte até
o Uruguai, bem como nas proximidades do Rio São Francisco e do Rio Paraguai. Ambas
espécies se adaptam com facilidade à mudanças climáticas e podem ser achadas em vários
tipos de habitats, incluindo grandes rios em florestas tropicais, savanas sazonalmente
alagadas, pântanos e mangues. O Caimam comum é disparado o crocodiliano mais caçado
no mundo, sendo que sua pele representa de 60 a 80 % do mercado de peles. No entanto,
sua pele é muito dura e tem um valor comparativamente pequeno, sendo que a pele desse
animal chega a apenas um décimo do valor pago pela pele de um Alligator ou Crocodylus.
Caimans anões, do gênero Paleosuchus estão entre os crocodilianos menos estudados. A
espécie P. trigonatus ocorre nas florestas da Amazônia e na bacia do Orinoco. Este animal
raramente é encontrado longe de grandes florestas tropicais. O Jacaré-Coroa, P.
palpebrosus, é encontrado na mesma região, mas costuma viver em habitats mais abertos,
como em galerias nas florestas ou nas margens de grandes lagos e rios. Também podem ser
encontrados nas altas planícies brasileiras e do sul ao norte do Paraguai.

Os Caimans anões não possuem uma estrutura óssea entre os olhos, que é típica do Caiman
e do Melanosuchus (Jacaré-açu). Sua pele é pesadamente ossificada - devido à uma
estrutura de carbonato de cálcio e fosfato de cálcio no tecido conectivo - e é muito menos
flexível do que dos demais crocodilianos. Mesmo suas pálpebras são fortemente ossificadas
e eles têm sido comparados às tartarugas por causa desta armadura dérmica. Enquanto a
espécie P. trigonatus possui um cabeça com formato típico dos crocodilianos, o crânio do
Jacaré-coroa é mais alto, liso, parecido com um cachorro. Ainda não há uma explicação
convincente do porque do crânio desta espécie ter este formato único. O comprimento total
do P. trigonatus, conhecido internacionalmente como Schineider´s Dwarf Caiman, é de
cerca de 1,7 metros para um macho adulto e de 1,3 metros para uma fêmea adulta. Já o
Jacaré-coroa é, provavelmente, o menor crocodiliano do mundo, sendo que um macho
adulto mede aproximadamente 1,5 metros e uma fêmea adulta mede 1,2 metros. Ambas
espécie possuem olhos vivos e marrons, diferentemente das demais espécies, que possuem
os olhos amarelos.

Família Crocodylidae

Os membros da família Crocodylidade possuem uma fenda em cada lado do maxilar, que
acomoda os 4 dentes da arcada inferior, quando sua boca é fechada. No entanto, estes
dentes permanecem sempre visíveis. As escamas na parte de baixo do corpo possuem
receptores de calor, que parecem pequenos pontos no meio de cada escama, mesmo nas
mais escuras.

Os Crocodilídeos possuem glândulas na língua que podem ser usadas para excretar o
excesso de sal, caso o animal esteja em ambientes salinos. Mesmo as espécies que vivem
em ambiente de água totalmente doce, possuem essas glândulas e acredita-se que a
tolerância dos crocodilos por água salgada pode explicar sua vasta distribuição pelos
trópicos.

O gênero Crocodylus inclui 13 espécies bastante similares. A última foi nomeada em 1990
e, provavelmente, num futuro próximo, uma espécie da região do Indo-Pacífico será
reclassificada em duas diferentes espécies. Todas são de tamanho moderado a muito
grande, com focinho estreito. Nenhuma possui um focinho tão largo como de um Jacaré ou
tão fino com o de um Gavial.
Um grupo de Crocodilos do Nilo tomando um
banho de sol no Quênia

O crocodilo do Indo-Pacífico, C. porosus, pode ser encontrado na Índia, norte da Austrália


e nas Ilhas Salomão. A presença desta grande espécie em estuários e deltas de grandes rios
pode servir para prevenir o contato regular entre as seis ou mais espécies de água doce que
ocorrem na porção continental desta região. Esta espécie é provavelmente a maior entre os
crocodilos, existindo registros de indivíduos com mais de 7 m e pesando 1.000 kg.

No Novo Mundo, o Crocodilo Americano, C. acutus, parece ter uma função similar; ele
ocorre em estuários do ponta sul da Flórida, na Colômbia e na Venezuela. Dentro de seu
território, três outros crocodilos ocorrem em água doce: Morelet´s crocodile, C. moreleti
(México, Belize e Guatemala), Cuban crocodile, C. rhombifer (Cuba) e Orinoco crocodile,
C. intermedius (Venezuela e Colômbia).

O Crocodilo do Nilo, C. niloticus, vive em todo o continente africano (exceto em áreas sem
água, do Saara) e em Madagascar. Esta espécie ocorre em estuários e, no interior do
continente, também habita rios, pântanos e lagos. O único outro membro do gênero que
habita o continente, o African Slender-snouted Crocodile, C. cataphractus, existe apenas
em áreas restritas de florestas densas, da África Central e Oeste. Não existem muitos
estudos que expliquem a separação ecológica desta espécie e do Crocodilo do Nilo.

O único crocodilo que não pertence ao gênero Crocodylus é o Dwarf Crocodile,


Osteolaemus tetraspis. Esta espécie é superficialmente similar aos Dwarf Caimans e
possivelmente sua ecologia nas densas florestas do oeste africano é similar à aquela do
Dwarf Caiman na Bacia Amazônica. Pouca coisa se sabe sobre a história deste animal ou a
dinâmica de sua população.
Família Gavialidae

A família Gavialidae contém duas espécies, caracterizadas principalmente por seus


focinhos extremante finos. Ambas espécies são grandes e robustas. O chamado Falso
Gavial, Tomistoma schlegelli, é a menor espécie e cresce até cerca de 4,5m de
comprimento, no máximo. Esta espécie é classificada nesta família devido à evidências
bioquímicas, mas algumas autoridades costumam classificá-la na família Crocodylidae. A
outra espécie, conhecida como Gavial, Gavialis gangeticus, é um pouco maior, sendo que
animais com 6,5m já foram registrados.

O focinho extremamente fino dos gaviais são considerados uma adaptação à dieta do
animal, basicamente constituída de peixes. Além disso, a estrutura de seu focinho pode
sofrer algum dano, caso o animal capture um grande mamífero, como fazem outras espécies
de crocodilianos. Outra "obstáculo" causado por esta característica do gavial, é a
impossibilidade do animal viver em habitats com vegetação grossa e obstrutiva.

O verdadeiro gavial, Gavialis gangeticus, do


norte da Índia, é primariamente um comedor
de peixes, como sugere seu focinho fino e
longo. Como os machos são caracterizados
por possuírem uma saliência na ponta do
focinho, o animal da foto ao lado é,
provavelmente, uma fêmea ou um macho
jovem. Esta espécie pode crescer até cerca de
6m de comprimento.

O Falso Gavial ocorre na Tailândia e na Malásia e nas ilhas de Sumatra, Borneo, Java e
Sulawesi. É um animal distintivamente marcado com manchas escuras e os adultos são
mais coloridos que os jovens. Vivem em pântanos de água doce, lagos e rios, mas não
existem estudos detalhados sobre sua ecologia.
A foto ao lado mostra filhotes de Gavial
saindo de seus ovos, no Nepal. A mãe gavial é
preocupada e cuidadosa com sua ninhada.
Cada postura é de cerca de 30 a 50 ovos.
Após a postura, a mãe coloca os ovos em uma
cavidade feita por ela mesma. Além disso, a
mãe permanece vigiando seus ovos durante
toda a incubação, que dura entre 60 e 80 dias.
Por fim, os filhotes contam com uma decisiva
ajuda da mãe, para quebrar a casca de seus
ovos.

O Gavial Verdadeiro é um dos mais distintos crocodilianos. A cabeça, com o focinho fino,
e as pernas aparentemente frágeis, parecem ser desproporcionalmente menores em relação
ao seu corpo grande e robusto. Os machos adultos desenvolvem uma grande saliência na
ponta do focinho, que serve para modificar o som que o animal emite suas interações
sociais. Ele passa mais tempo na água do que a maioria dos outros crocodilos e freqüenta
rios de forte correnteza, como os rios Indus, Bhima, Mahandi, Ganges, Brahmaputra,
Kaladan e Irrawaddy, do Paquistão, Índia, Nepal, Butão, Bangladesh e Burma. Seus
habitats possuem uma alta densidade de população humana, o que faz com que o Gavial
seja abundantemente predador. Felizmente, um intensivo programa de controle e
restocagem, feito pelo governo da Índia, parece estar minimizando o risco de extinção,
aumentando consideravelmente a população deste réptil.

Predadores Tropicais

A ordem Crocodilia inclui os maiores répteis da atualidade e eles estão entre os maiores
vertebrados que continuam aventurando-se sobre a Terra. Durante a era Mesozóica (245 a
65 milhões de anos atrás), os Archosaurias (conhecidos com "répteis dominantes"),
dominavam a Terra, mas o único Archosauro gigante que sobreviveu aos tempos modernos
são os crocodilianos. Os dinossauros deixaram outros descendentes - os pássaros - mas são
apenas os crocodilianos (jacarés, crocodilos, caimans e gavials) e algumas tartarugas que
refletem hoje a majestia do tempo em que os répteis gigantes dominavam a terra.
A maioria das aproximadamente 23 espécies de crocodilianos ocorrem em partes tropicais
do mundo, mas alguns poucos, como os crocodilos americanos e chineses, podem ser
encontrados em regiões temperadas. Todas as espécies são semi-aquáticas e não se
aventuram longe de estuários, pântanos, lagos e rios. Seu enorme tamanho e seus membros
curtos indicam que eles são ágeis na terra apenas em distâncias curtas. Na água, no entanto,
são notáveis predadores, movimentando-se com desenvoltura e com agilidade.

DADOS E CURIOSIDADES

 A ordem Crocodilia possui 3 famílias, 8 gêneros e aproximadamente 23


espécies;
 A menor espécie é a Cuvier´s Dwarf Caiman, Paleosuchus palpebrosus,
que mede cerca de 1,2m de comprimento e pesa 5kg;
 A maior espécie é a Saltwater Crocodile, Crocodylus porosus, que pode
chegar a 7m de comprimento e pesar 1.500kg

CONSERVAÇÃO
Espécies criticamente ameaçadas:

 Chinese alligator, Alligator sinensis;


 Orinoco crocodile, Crocodylus intermedius;
 Philippines crocodile, Crocodylus mindorensis;
 Siamese crocodile, Crocodylus siamensis

Espécies ameaçadas:

 Black caiman, Melanosuchus niger;


 Cuban crocodile, Crocodylus rhombifer;
 Gharial, Gavialis gangeticus

Espécies vulneráveis:

 American crocodile, Crocodylus acutus;


 Mugger, Crocodylus palustris;
 West African Dwarf Crocodile, Osteolaemus tetraspis

As características externas que diferenciam os crocodilos dos outros répteis são, na maioria,
as adaptações ao estilo de vida semi-aquático. Por exemplo, a cabeça alongada e o
numerosos dentes pontiagudos são características de muitos animais aquáticos com espinha
dorsal, desde peixes até golfinhos. Os olhos, com suas pálpebras protetoras transparentes e
as narinas, com suas válvulas para controlar entrada de água, são posicionados no parte
superior da cabeça, para ficarem na superfície enquanto o resto do animal está
completamente submerso. A maior parte do movimento para nadar é feito pela sua robusta
cauda.
O rei das águas: o crocodilo do Nilo,
Crocodylus niloticus. Embora seja ágil em
curtas distâncias na terra, existem poucos
outros predadores mais formidáveis do que o
crocodilo. Um macho adulto do crocodilo do
Nilo as vezes excede 5 metros de
comprimento e 1 tonelada de peso.

Na terra, os crocodilianos podem erguer seus corpos do chão e andar como uma mamífero.
No entanto eles não podem manter esta posição em velocidade e a maioria das espécies
reverte a posição para uma outra postura, típica dos répteis, com o as pernas mais esparsas e
o corpo mais próximo ao chão. Uma espécie - Johnston´s crocodile, Crocodylus johnsoni -
galopa por curtas distâncias para escapar novamente para a água, algumas vezes mantendo
as 4 patas fora do chão ao mesmo tempo.

Internamente, os crocodilianos possuem algumas características que são mais similares aos
mamíferos do que aos répteis. Os crocodilianos possuem um osso palato secundário. Este,
combinado com uma válvula situada na base da língua, isola completamente o sistema
respiratório da boca, permitindo a eles abrir a boca em baixa da água, sem risco de
afogamento. A cavidade intestinal é separada da cavidade peitoral uma divisória muscular,
análoga ao diafragma dos mamíferos. Esta característica aumenta consideravelmente a
eficiência da ventilação do pulmão. O coração possui quatro câmaras separadas, mas os
crocodilianos possuem uma abertura entre os ventrículos esquerdo e direito e são capazes
de enviar sangue para as regiões do corpo que mais necessitam, enquanto eles se esquentam
no sol ou nadam.

Três famílias (ou sub-famílias) são reconhecidas hoje pelos taxonomistas. Embora suas
linhagens tenham sido definidas há 10 milhões de anos, as diferenças entre as famílias são
poucas.

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