Você está na página 1de 4

Mote alheio O mote na poesia camoniana representa a temática que

será labutada no poema, tem-se um poeta que questiona sua amada; poeta
porque utiliza a arte de se expressar através do jogo ornamentativo da
linguagem poética, visto que ‘’ verde’’ e ‘’vedes’’ aproximam-se em
entonação e afastam-se em significância . O verde descrito pelo poeta
representa a cor dos olhos de sua amada, mas esse verde é o ponto de
partida paras inquietações que absorve a sentimentalidade daquele que a
ama, afinal verde é a cor da esperança, mas não há esperança mo eu - lírico
utopista. Voltas Camões, poeta pertencente ao classicismo trabalha a
questão da estética, além do jogo rítmico com as palavras verdes e vedes,
utiliza os termos usança e esperança, são e não, podemos visualizar
claramente a forma utilizada pelo poeta através da teoria desenvolvida
pelos formalistas russos. Nesta primeira estrofe, conforme pincelado no
mote a questão da cor dos olhos é o ponto de partida para adentramento ao
poema, a significância arraigada no verde é o comando inicial, para uma
revolução sentimental; o eu - lírico adverte que aquela cor é só de usança,
pois não carrega esperança, essa alimenta o fogo de um amor cujas vias se
concretizam em sentidos iguais. No segundo estrofe, tem-se um eu lírico
que se aprofundou naqueles olhos, porém sua profundidade revelou-lhe
uma existência cuja necessidade do outro para completá-la, afasta-o, sua
idealizada amada nem mesmo quer aceitar seu sentimentos, segundo o ser
sofredor de amor se sua ‘’musa ‘’ aceitasse seu sentimento, aceitaria seu
coração, no entanto, ela não vê, se ela não ver é porque ela não que ver. No
terceiro estrofe, a cor dos olhos ainda incomoda o ser sofredor, afinal,
segundo tal eu - lírico não deveria ser verde o olho daquela que não o
vedes, podemos destacar como esta perturbado, o eu - lírico por causa dos
‘’ falsos olhos’’ , pois segundo a ideologia desse utópico , pessoas que não
dão esperança, são seres apagados, não deveriam carregar verde nos
olhos . Quarta estrofe, esse sendo o último conclui um questionamento que
abre um vasto mundo de possibilidades de respostas, pois o ser sofredor por
causa de um amor não correspondido, afirma que até a profundidade que
alcançou na alma de sua amada não visualizou o verde, visto que, segundo
ele não fosse só de uso superficial havia de lhe dar esperança. Tal poema
traduz a luz do século XVI, como era idealizado o amor, para os
portugueses, não há um sentimento de aceitação por parte daqueles que
amavam e não eram correspondidos, Mas fica claro o questionamento sobre
esse olho verde, será que não são verdes ou não são verdes para quem não
lhe convém ser verdes? A resposta parece-nos obvias, verdes são para
quem sabe enxergar com o coração.

Você também pode gostar