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Quarto de despejo

(adaptação da obra de Carolina Maria de Jesus “Quarto


de despejo: diário de uma favelada”)
Personagens
Carolina: camila
Arnaldo: Emerson
Audálio Dantas: Rikelmy
Vere Eunice: Laís
João José e José Carlos: Victor Hugo e José Luan
Vizinha: Cecilia
2 Figurantes: Isiany e Leticia
Vizinho: Darciano
CENA 1:
NESTE MOMENTO CAROLINA APRESENTA-SE PARA O
PUBLICO.
CAROLINA: Tenho 41 anos e sou mãe de três filhos. João
Jose é o mais velho, em seguida vem Jose Carlos e a mais
nova Vere Eunice. Meu sonho sempre foi ser escritora, ao
longo dos anos escrevi diários contando minha realidade
e a da favela, mas meu ganha pão é catar lixo na rua, o
que nem sempre é suficiente para matar minha fome e a
dos meus filhos. Sábados são uns dos piores dias, porque
tenho que trabalhar em dobro pra a gente comer no
domingo. E agora vocês vão ver um pouco do que eu
passei.

AS LUZES SÃO ACESAS E CAROLINA ESTÁ CATANDO PAPEL


E LIXO NA RUA, COM A MUSICA “O CANTO DAS TRES
RAÇAS” NO FUNDO.
CAROLINA ESTÁ SENTADA, CONCERTANDO OS
SAPATINHOS QUE ACHOU NO LIXO.

CAROLINA: Bom dia senhor Arnaldo, vim trocar os litros


por pães.
SR. ARNALDO: tá certo minha querida, tome aqui os pães
e mais 65 cruzeiros pelos papelão da semana passada.
CAROLINA: seu Arnaldo me vê 20 cruzeiros de carne, 1
quilo de toucinho e 1 quilo de açúcar e seis cruzeiros de
queijo
SR. ARNALDO: aqui está. cuidado dona Carolina.
CENA 2
CAROLINA VAI PRA CASA, SUAS CRIANÇAS ESTAO NA RUA
BRINCANDO
Carolina: Fui buscar água. Fiz café. Tendo só um pedaço
de pão e 3 cruzeiros. Dei um pedaço a cada um
ENTRA SILVIA E O ESPOSO
A Silvia e o esposo já iniciaram o espetáculo ao ar livre.
Ele está lhe espancando. E eu estou revoltada com o que
as crianças presenciam. Ouvem palavras de baixo calão.
Carolina: Oh! se eu pudesse mudar daqui para um núcleo
mais decente. Para dentro crianças
CAROLINA ENTRA
As MALOCAS
Entram na casa de Carolina pega seus mantimentos as
crianças começam o a jogar pedras
-- Que crianças mal educadas!
Carolina: Os meus filhos estão defendendo-me. Vocês são
incultas, não pode compreender. Vou escrever um livro
referente a favela. Hei de citar tudo que aqui se passa. E
tudo que vocês me fazem. Eu quero escrever o livro, e
vocês com estas cenas desagradáveis me fornece os
argumentos.

A Silvia pediu-me para retirar o seu nome do meu livro.


Silvia —Você é mesmo uma vagabunda. Dormia no
Albergue Noturno. O seu fim era acabar na maloca
Carolina: —Está certo. Quem dorme no Albergue Noturno
são os indigentes. Não tem recurso e o fim é mesmo nas
malocas, e você, que diz nunca ter dormido no Albergue
Noturno, o que veio fazer aqui na maloca? Você era para
estar residindo numa casa própria. Porque a sua vida
rodou igual a minha?
Silvia —A única coisa que você sabe fazer é catar papel.
Carolina: —Cato papel. Estou provando como
vivo! ...Estou residindo na favela. Mas se Deus me ajudar
hei de mudar daqui. Espero que os políticos estinguem as
favelas. Há os que prevalecem do meio em que vive,
demonstram valentia para intimidar os fracos.

CENA 3 FINAL
Carolina está na frente de seu barraco escrevendo em
seu diário. As duas vizinhas de sua rua passam perto
dela e a xingam de negra fedida. Logo após aparece um
repórter.
Entrevistado entra falando para a câmera
-- Hoje vinhemos aqui entrevistar algumas pessoas da
favela canindé São Paulo. Desliga a câmera
O entrevistador vai até Carolina que está sentada em um
banquinho
Entrevistador – com licença, você mora aqui?
Carolina – moro sim
Entrevistador – estamos fazendo uma entrevista sobre as
pessoas que moram aqui. Vejo que gosta de ler, o que
está lendo?
Carolina – na verdade estou escrevendo em meu diário.
Entrevistador – escrevendo? Já pensou em publicar sua
história?
Carolina – já sim, vou vender a história pra alguém e com
o dinheiro vou sair daqui!
Entrevistador – posso te indicar um lugar muito bom.
CORTINAS SE FECHAM
Elas se abrem novamente e a luz do refletor pousa em
Carolina.
--E que em 1948, quando começaram a demolir
as casas térreas para construir os edifícios, nós,
os pobres, que residíamos nas habitações
coletivas, fomos despejados e ficamos
residindo debaixo das pontes. É por isso que eu
denomino que a favela é o quarto de despejo
de uma cidade. E Nós, os pobres, somos os
trastes velhos. E com isso minha história acaba
aqui.

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