Você está na página 1de 21

Universidade de São Paulo

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Departamento de Tecnologia da Arquitetura

AUT 0278 - Desempenho Acústico, Arquitetura e Urbanismo

Roteiro – Projeto / Avaliação

Alessandra Prata-Shimomura, Denise Duarte,


Leonardo Marques Monteiro, Ranny L. X. N. Michalski

Modelo esquemático de desempenho acústico da edificação

Variáveis internas:
- Dimensões do ambiente
Volume e tipo de tráfego, - Materiais e acabamentos das
Velocidade média, superfícies
Características da via,
Atenuação combinada Rbarreira Rfachada
em dB em dB

NPSE
NPSFACH’ NPSINT
NPSFACH

Fontes de ruído externo: Fontes de ruído interno:


tipo de fonte, direcionalidade,
Distância Equipamentos
nível de potência sonora, Pessoas
USUÁRIO
atenuação combinada, Mobiliário: FUNÇÃO
localização, frequência quantidade / área Exigências humanas e funcionais
e acabamentos índices de conforto (Norma)

CALCULAR / ESTIMAR / MEDIR


IDENTIFICAR AVALIAR
NPSE → NPSFACH → NPSFACH’ → NPSINT CONFORTO
PROJETAR
O ENTORNO
TRINT

1
ROTEIRO PARA PROJETO /
AVALIAÇÃO ACÚSTICA
Externamente: 5 - Identificar
o isolamento sonoro
1 - Identificar o entorno necessário da fachada.
e as possíveis fontes
sonoras existentes.
6 - Considerar também
o isolamento de ruído
aéreo e de impacto de
2 - Identificar vedações internas, ou seja,
o nível de ruído externo. garantir isolamento
Projetar
alterações / testar adequado entre ambientes.
Conforto?
alternativas
3 - Comparar NÃO 7 - Fase de projeto
com limites de normas
técnicas e/ou legislação. SIM Continuar...
8 - Calcular e ajustar
o TR do ambiente.

4 - Identificar
o nível interno aceitável 9 - Detalhamento
no ambiente em estudo.
10 - Execução da obra

ROTEIRO PARA PROJETO /


AVALIAÇÃO ACÚSTICA
Externamente:
Fontes móveis? Ruído urbano móvel (tráfego
1 - Identificar o entorno
Fontes fixas? rodoviário, aéreo, ferroviário)?
e as possíveis fontes
Ruído urbano fixo (indústrias,
sonoras existentes.
atividades comerciais, casas noturnas,
atividades recreativas)?
Como?
2 - Identificar 2) Estimativa do nível de pressão
o nível de ruído externo. 1) medições do nível
sonora, através de modelos ou
de pressão sonora
softwares de predição

ABNT NBR 10151, - Estimativa do ruído de tráfego rodoviário


3 - Comparar - Equação básica da propagação sonora ao ar livre
por exemplo.
com limites de normas N   15 
1

Leq  h i  L0 i  10 log  i   10 log    A combinada 13 dB  A


técnicas e/ou legislação.  ViT  d 

Leq total  10 log 10
Leq a 10
 10
Leq cl 10
 10
Leq cp 10
 NPS  r,   NWS 20logr  DI 10log   Acombinada 11 dB
4
Projetar
Conforto? alterações / testar
alternativas Mudança na fonte,
NÃO Mudança de fluxo de tráfego,
Asfalto com amortecimento,
SIM Continuar... Barreiras, ...

2
ROTEIRO PARA PROJETO /
AVALIAÇÃO ACÚSTICA
ABNT NBR 10152,
4 - Identificar por exemplo, ou
o nível interno aceitável necessidades
no ambiente em estudo. específicas.
7 - Fase de projeto
ABNT NBR 15575, para edificações
habitacionais, por exemplo.
5 - Identificar
o isolamento sonoro Para isso, medir o nível de pressão sonora
necessário da fachada. em frente à fachada NPSfach. Caso não seja
possível medir, utilizar os resultados das
estimativas de predição.
Caso necessário, promover
barreiras acústicas e recomeçar.
6 - Considerar também
o isolamento de ruído Verificar os limites das normas e procurar
aéreo e de impacto de um sistema que atinja esse resultado:
vedações internas, ou seja,
- lei das massas para material homogêneo, ou
garantir isolamento
- catálogos dos fabricantes para componentes
adequado entre ambientes. industrializados. 1
PT  20log  f  M  47 dB PTc  10 log   c 

3
ROTEIRO PARA PROJETO /
AVALIAÇÃO ACÚSTICA
a) Estudo de implantação, orientação e forma do edifício, e sua
7 - Fase de projeto relação com as edificações adjacentes;

b) Efeitos de vento, temperatura e solo;

c) Integração e verificação do impacto no entorno urbano;

d) Distribuição dos espaços internos do edifício, em função da


geração e da tolerância ao ruído;

e) Compatibilização com a ventilação;

f) Escolha da localização, da forma e do volume dos recintos a


serem estudados;

g) Escolha das soluções construtivas;


8 - Calcular e ajustar
o tempo de reverberação h) Escolha dos materiais e revestimentos internos e do mobiliário
do ambiente. para calcular o tempo de reverberação, passo seguinte.

7 - Fase de Projeto Acústico

• Cada ambiente é um caso específico.


• Basear-se nas leis da física (som segundo seus aspectos físicos e propagação).
• Estudar e pesquisar cada ambiente.
• Estudar e pesquisar cada material a ser utilizado.
• Transição entre o projeto e execução.
• Atenção aos detalhes: pequenas falhas podem comprometer todo o projeto.

4
7 - Fase de Projeto Acústico

• Função do Arquiteto
• Criar e projetar de forma clara
• Selecionar, dispor, dimensionar, detalhar criteriosamente cada material
do projeto.

• O arquiteto deve promover os meios para que todos os


executantes tenham os “seus instrumentos perfeitamente
afinados e a realização resulte harmoniosa”, como se fosse o
arquiteto o regente de uma orquestra.

Projeto de Isolamento Sonoro


• Realizar um estudo completo prévio
• Para evitar ter que projetar sistemas altamente isolantes quando a
construção já estiver começada ou acabada → remendos.
• Estudar cuidadosamente portas, janelas e os casos especiais –
sistemas de ar condicionado, dutos, geradores, etc., a fim de não se
reduzir o isolamento.

• Planejamento
• Escolha do local
• Projeto do edifício
• Vizinhança
• Ruas
• Definição da posição em planta

5
• Exemplos de edifícios auto protegidos:
• Projetar edifícios ou locais que não sejam particularmente suscetíveis ao
ruído, para funcionarem como espaço intermediário (áreas abafadoras)
entre fontes sonoras e áreas que precisam de silêncio.

• Áreas não suscetíveis ao ruído devem funcionar como espaço


intermediário (áreas abafadoras) entre fontes sonoras e áreas que precisam
de silêncio.

6
• Áreas residenciais próximas a zonas industriais ou a
eixos de transportes muito ruidosos:
- Devem estar em conformidade com regulamentos de ruído
- Aumentar disponibilidade de espaços públicos para descanso na
vizinhança
- Barreiras acústicas

• Exemplos de edifícios auto protegidos:

7
• Exemplos de edifícios auto protegidos:

Cuidado! Passagem de ar = passagem de ruído.

• Exemplos de edifícios auto protegidos:

8
• Espessura da fachada:

• Barreiras acústicas

9
• Permeabilidade da forma urbana
- Edifícios perpendiculares à via: maior permeabilidade ao ruído.

Configuração e disposição do ruído em relação às ruas

• Permeabilidade da forma urbana


- Edifícios paralelos à via: “muralha de proteção – interior da quadra.

10
• Permeabilidade da forma urbana

Configuração e disposição do ruído em relação às ruas

• Reduzir o número de fachadas expostas ao ruído

11
12
Evitar

Preferir

13
• Disposição dos edifícios:
- De forma que os ambientes menos sensíveis ao ruído (corredores,
escadas, cozinhas, dispensas, banheiros) fiquem virados para a fachada
mais exposta ao ruído, reservando as fachadas restantes para quartos, sala
de estar, etc.

• Disposição dos edifícios:


• Separar com a maior distância possível as fontes de ruído (áreas
ruidosas) das áreas que precisam de silêncio → poupar isolamento.
• Situar as dependências que podem ser fontes de ruído em partes do
edifício onde já existam outras fontes de ruído (inclusive exteriores).
Inversamente, situar dependências que precisem de silêncio em partes
tranquilas do edifício.

14
• Isolamento Sonoro:
• Situar máquinas e fontes que transmitam ruídos através da
estrutura, se possível, diretamente acima das fundações.
• A estrutura acima das fundações
é geralmente mais pesada e por
isso mais isolante. Além disso, as
vibrações poderão ser absorvidas
diretamente pela terra.

QUANTO MAIOR O
ISOLAMENTO,
MAIS CARA A CONSTRUÇÃO.

• Atenção aos pontos fracos de isolamento: uma janela com baixo


isolamento ou uma porta leve, numa parede pesada e muito isolante,
levará o isolamento global a níveis muito baixos, apesar das
melhores intenções do construtor.

15
Fachadas
• Isolamento sonoro das fachadas
Ponto fraco - isolamento sonoro das esquadrias.
Materiais leves (vibram com facilidade)
Elementos vazados (venezianas, grelhas) frestas entre
caixilhos e partes móveis = permeabilidade
Vidros duplos: custo elevado, esquadrias mantidas
abertas para ventilação...

Opções:
- Usar vidros com espessuras > 4 mm
- Assegurar boas condições de vedação
- Tomadas de ar: fachadas protegidas
- Tratamento com materiais absorventes

Janelas
• Isolamento sonoro usualmente conferido por janelas
(valores meramente indicativos):

• Janela aberta 7 dB(A)


• Janela convencional fechada 22 dB(A)
• Janela convencional fechada e calafetada ou com vidro
mais espesso e caixilharia de alta qualidade 27 dB(A)
• Janela com vidros duplos e caixilharia de alta
qualidade 27 a 35 dB(A)
• Janela dupla com ou sem ventilação incorporada 33 a
45 dB(A)

16
• Isolamento Sonoro X Absorção Sonora

Avaliação Acústica de Edificações


Bom projeto:

Isolamento sonoro: entre ambientes,


de fora para dentro, de impacto, etc.
Condições de sossego e de trabalho
- níveis de ruído externos
- NBR 10152: níveis de ruído
interno máximo aceitáveis NPS [dB(A)]
- NBR 15575: níveis de desempenho acústico

Absorção sonora: em um ambiente.


Condições de audibilidade (inteligibilidade)
para música ou fala

- reverberação e reflexão sonora


- materiais, forma e dimensão do local.

17
• Para mais detalhes, ver:

ROTEIRO PARA PROJETO /


AVALIAÇÃO ACÚSTICA
8 - Calcular e ajustar Calcular o TR do ambiente e tentar ajustá-lo para o TRótimo, na
o tempo de reverberação escolha da geometria e dos materiais internos.
do ambiente.

Como? a) Identificar o TRótimo:

b) Calcular o TR do ambiente em estudo.

V
TR  0,161 A    i Si  Aobj
A
c) Comparar o TR do ambiente com o TRótimo.

d) Acrescentar ou diminuir a área de materiais


absorventes em função da comparação, para
que se alcancem valores próximos a TRótimo.
Atenção e cuidado!
O projeto deve ser implantado
9 - Detalhamento 10 - Execução da obra corretamente, garantindo as
condições acústicas esperadas.

18
• Tratamento acústico
• Corrigir o tempo de reverberação (TR) do recinto com base nas
absorções sonoras das superfícies internas.
• A absorção a ser adicionada é a diferença entre a ótima e a real.
• Atenção: Balancear as absorções no ambiente em estudo, evitando a
concentração excessiva de materiais absorventes ou reflexivos em áreas
impróprias.

• Promover a melhor distribuição possível dos sons gerados internamente


através de superfícies refletoras (e/ou absorventes) sonoras, conforme
geometria interna apropriada para o recinto.

• É fundamental que o ambiente seja tratado acusticamente, para que


problemas como ecos, vibrações e sombreamento sonoro não ocorram,
evitando o cansaço auditivo, desânimo e irritação dos ouvintes.

• Tratamento acústico
• É possível verificar a redução em dB, do nível interno da sala quando se
modificam as superfícies e/ou materiais de absorção sonora:

A 
redução  10 log  2 
 A1 
A1 → área de absorção sonora equivalente da sala.
A2 → área de absorção sonora equivalente da sala após as modificações.

19
• Isolamento Sonoro X Absorção Sonora
• O arquiteto deve saber distinguir materiais absorventes acústicos de
materiais isolantes acústicos. As funções “absorver” e “isolar” podem ser
complementares, mas requerem diferentes características dos materiais.

• Material absorvente → regula a quantidade de absorção sonora dentro


do ambiente.
• Material isolante → aplicado sobre uma parede, promove a redução da
transmissão sonora para outro ambiente.

• Por fim:
• Há diversos métodos de controle acústico, mas cada ambiente e
necessidades possuem exigências únicas.

• Caberá ao profissional de arquitetura entender e melhor trabalhar seus


conhecimentos na arquitetura acústica.

• Se for necessário utilizar equipamentos de reforço sonoro


(amplificadores, alto-falantes), devem ser previstos os locais de sua
instalação.

20
• Ah! • Em alguns tipos de projetos é interessante saber trabalhar com ruídos.
• Consultório odontológico →
música ambiente para mascarar
ruídos.

• Restaurantes → barulho excessivo é prejudicial.


Mas e se o ambiente estiver completamente
silencioso? Os clientes sentem-se incomodados
por acreditarem que suas conversas podem ser
ouvidas por terceiros.

• Bares → um estudo demonstrou que


músicas altas estimulam o aumento do
consumo de drinks.

21

Você também pode gostar