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DESCRIÇÃO

Apresentação anatômica e funcional dos elementos do sistema urinário.

PROPÓSITO
Entender os aspectos morfofuncionais do sistema urinário e seus
constituintes como um elemento fundamental para o profissional da área de
saúde.

OBJETIVOS
MÓDULO 1

Reconhecer os conceitos gerais sobre o sistema urinário e o rim

MÓDULO 2

Identificar os elementos de armazenamento e condução do sistema urinário

INTRODUÇÃO
O metabolismo gera uma variedade de produtos residuais (escórias
nitrogenadas) que, além de desnecessários para o organismo, ainda podem
se tornar tóxicos caso se acumulem. O corpo conta com a presença de
alguns mecanismos especializados em remover esses resíduos, como, por
exemplo, a respiração, digestão e até o suor (uremia). No entanto, o sistema
urinário é o principal meio de excreção de resíduos nocivos.

Os rins são órgãos que separam os resíduos metabólicos do sangue. Os


outros órgãos do sistema urinário servem apenas para o transporte, o
armazenamento e a eliminação da urina. Contudo, as tarefas dos rins vão
muito além da excreção de resíduos.

Eles também desempenham papéis indispensáveis em:

Regulação do volume e da pressão sanguínea.

Formação de eritropoetina, renina, calcitriol.

Controle dos gases e pH sanguíneo.


Equilíbrio de eletrólitos.

Pela realização dessas tarefas, os rins têm uma relação fisiológica muito
parecida com a dos sistemas endócrino, circulatório e respiratório. Neste
conteúdo, estudaremos a composição anatômica do sistema urinário.

No módulo 1, dissertaremos a respeito das generalidades desse sistema e


de seu papel no organismo, falando, em seguida, sobre os rins. Já no
módulo 2, exploraremos anatomicamente os elementos que armazenam e
conduzem a urina.

MÓDULO 1

 Reconhecer os conceitos gerais sobre o sistema urinário e o rim

GENERALIDADES SOBRE O
SISTEMA URINÁRIO
O sistema urinário tem como principal função remover os resíduos
metabólicos (escórias nitrogenadas) do sangue e eliminá-los na urina. Esse
sistema é composto por seis órgãos principais:

DOIS RINS
DOIS URETERES

BEXIGA URINÁRIA

URETRA

O trato urinário tem relações especialmente importantes com o útero e a


vagina no caso das mulheres e com a próstata para os homens.

Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Tiago Figueiredo


 Digrama do sistema urinário.

Embora a função primária do sistema urinário seja a excreção, ele também


é capaz de realizar outras funções. Listaremos algumas delas a seguir:
Filtrar o plasma sanguíneo, que gira em torno de 170L/dia, excretando
os resíduos metabólicos tóxicos.

Reabsorver 90% de água que compõe a urina e alguns eletrólitos,


como sódio e potássio.

Regular o volume sanguíneo, a pressão e a osmolaridade, regulando a


produção de água (via sistema renina-angiotensina-aldosterona).

Regular o equilíbrio eletrolítico e o ácido-básico (pH) dos fluidos


corporais.

Secretar hormônios, como, por exemplo, a eritropoietina (EPO), que


estimula a produção de glóbulos vermelhos e, portanto, suporta a
capacidade de transporte de oxigênio do sangue.

Contribuir para a homeostase do cálcio e o metabolismo ósseo,


realizando uma etapa na síntese do hormônio calcitriol (forma ativa da
vitamina D).

Eliminar o excesso de hormônios e drogas do sangue, limitando, assim,


sua ação.

Desintoxicar o corpo, eliminando os radicais livres.

Ajudar, em condições de extrema desnutrição, a sustentar o nível de


glicose no sangue, sintetizando a glicose a partir de aminoácidos (um
processo denominado gliconeogênese).
SECRETAR HORMÔNIOS
Outros hormônios também são secretados pelos rins como a renina e o
calcitriol.

Todas essas funções são realizadas pelos rins. Eles constituem, desse
modo, os principais órgãos do sistema urinário. Os demais que compõem
esse sistema possuem somente o papel de armazenar e conduzir a urina,
não tendo relação direta com os processos metabólicos citados acima.

Função principal do sistema urinário, a excreção é o processo de extração


e eliminação de resíduos dos fluidos corporais, evitando, com isso, o
“envenenamento” metabólico do corpo.

Os rins excretam moléculas contendo nitrogênio, chamadas de resíduos


nitrogenados. O mais abundante deles é a ureia, um produto do
metabolismo das proteínas. Se os rins não funcionam adequadamente,
desenvolve-se uma condição conhecida como azotemia, na qual a
concentração de ureia no sangue é anormalmente alta.

Na insuficiência renal grave, a azotemia progride para a uremia, uma


síndrome de diarreia, vômitos, dispneia (dificuldade para respirar) e arritmia
cardíaca. Convulsões, coma e até a morte podem ocorrer em poucos dias,
ressaltando a importância da função renal adequada.

 SAIBA MAIS
O tratamento utilizado mediante perda de função renal é a diálise, que
busca fazer o papel do rim de filtrar o sangue.

RINS

CONCEITOS E PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS
O rim é um órgão que contém cerca de um milhão de unidades
morfofuncionais chamadas de néfrons. Na comparação com objetos de uso
pessoal, ele tem o tamanho aproximado de uma barra de sabonete.

Imagem: Shutterstock.com

Conheceremos a seguir as medidas de um rim:

Massa: Cerca de 150g.


Comprimento: Por volta de 12cm de comprimento do polo superior ao
inferior.

Largura: 6cm da margem (borda) lateral à medial (hilo).

Espessura: 3cm da face anterior à posterior.

Formato: Reniforme (forma de um grão de feijão).

Os rins são órgãos pares do corpo. Retroperitoneais, esses órgãos


permanecem obliquamente situados na parede posterior do abdome:
enquanto seus polos (extremidades) superiores estão mais próximo do
plano mediano, os inferiores ficam mais distantes, criando, assim, um eixo
renal de aproximadamente 30°. Eles se encontram no tecido conjuntivo
retroperitoneal imediatamente lateral em relação à coluna vertebral.

 SAIBA MAIS

Na posição anatômica, os rins estendem-se aproximadamente desde a


décima segunda vértebra torácica (T12), que fica na parte superior da
coluna, até a terceira vértebra lombar (L3), que está embaixo.

O rim direito está um pouco mais para baixo que o esquerdo por causa de
sua relação com o fígado. Apesar da semelhança de ambos em tamanho e
forma, o rim esquerdo é um órgão mais longo e delgado que o direito e está
mais próximo da linha média do corpo.

Por sua topografia vertebral, os rins têm uma proximidade com os nervos
ílio-hipogástrico e ílio-inguinal (T12 e L1) do plexo lombar.
 ATENÇÃO

Isso explica a razão pela qual doenças renais, como a pielonefrite


(inflamação nos rins) ou as nefrolitíases (cálculo renal ou “pedra nos rins”),
podem causar uma dor que irradia para a região inguinal, pois esses nervos,
entre outros, suprem a inervação sensitiva da região inguinal.

A superfície lateral do rim é convexa, enquanto a medial é côncava e possui


uma fenda, o chamado hilo renal (nível de L2). Esse hilo permite a
passagem de:

NERVOS RENAIS

VASOS SANGUÍNEOS

VASOS LINFÁTICOS

URETER

O rim é protegido por três camadas de tecido conjuntivo:

Uma fáscia renal fibrosa, imediatamente profunda em relação ao peritônio


parietal, liga o rim e os órgãos associados à parede abdominal.
A cápsula de gordura perirrenal, uma camada de tecido adiposo, que
protege o rim e o mantém no lugar.

Uma cápsula fibrosa (fáscia de Gerota), que envolve o rim e se ancora no


hilo, protegendo o órgão de traumas e infecções.

Os rins são suspensos por fibras de colágeno que se estendem da cápsula


fibrosa, por meio da gordura, até a fáscia renal. Essa fáscia é fundida com o
peritônio na porção anterior e, posteriormente, com a fáscia dos músculos
lombares. Apesar dessas “ancoragens”, os rins caem cerca de 3cm quando
se passa da posição deitada para a de pé.

 EXEMPLO

Ao se levantar da cama pela manhã.

Em algumas circunstâncias, os rins podem cair ainda mais, causando


surgimento de sintomas.

 SAIBA MAIS

Veremos um exemplo disso com mais detalhes na seção denominada Nota


clínica: nefroptose

O parênquima renal circunda uma cavidade medial, o seio renal, que é


ocupada por vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e estruturas coletoras de
urina. O tecido adiposo preenche o espaço restante no seio e mantém
essas estruturas no lugar.

O parênquima é dividido em duas zonas:


UM CÓRTEX
Situado mais externamente, tem cerca de 1cm de espessura.

UMA MEDULA
Localizada internamente, está voltada para o seio.

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Extensões do córtex denominadas colunas renais projetam-se em direção
ao seio e dividem a medula de 9 a 12 pirâmides renais. Cada pirâmide é
cônica, com uma base larga voltada para o córtex. No ápice da pirâmide
renal, encontra-se a papila renal.

Uma pirâmide e o córtex sobrejacente constituem um lobo renal. A papila de


cada pirâmide renal goteja urina em uma estrutura coletora de urina
chamada de cálice menor (geralmente, um rim possui de 9 a 12 cálices
menores). Esses cálices menores se juntam, formando de 3 a 4 cálices
maiores.

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Por fim, os maiores se unem e formam uma estrutura dilatada denominada
pelve renal. Já o ureter é uma continuação tubular da pelve renal, que
drena a urina para a bexiga urinária.

PELVE
Do grego pielo. Vem daí a expressão “sistema coletor pielocalicial”.

Imagem: Shutterstock.com, adaptador por Tiago Figueiredo


 Anatomia do rim (esquerdo).

Como os rins removem os resíduos do sangue, regulando seu volume e sua


composição iônica, não é surpreendente eles serem abundantemente
supridos dos vasos sanguíneos. Embora constituam menos de 0,5% da
massa corporal total, rins recebem entre 20 e 25% do débito cardíaco
(volume de sangue ejetado pelo coração em 1 minuto) em repouso pelas
artérias renais direita e esquerda.

Dentro do rim, a artéria renal se divide em várias artérias, as quais, por sua
vez, suprem cinco diferentes segmentos (áreas) do rim.

Primeiramente, a artéria renal emite, no hilo renal, um ramo anterior.


Diversas ramificações dele irrigam, do sentido cranial para o inferior, quatro
segmentos:

SUPERIOR

ANTEROSSUPERIOR

ANTEROINFERIOR

INFERIOR

Já o ramo posterior da artéria renal irriga o segmento posterior do rim.


Cada ramo arterial segmentar emite vários ramos que, após entrarem no
parênquima, passam pelas colunas renais entre os lobos renais como
artérias interlobares.

Um lobo renal consiste em:

Uma pirâmide renal, parte da coluna renal em cada lado da pirâmide renal.
O córtex renal na base dessa pirâmide (como já vimos anteriormente).

NOTA CLÍNICA: PLANO AVASCULAR DE


BRODEL

A artéria renal se divide em dois ramos: anterior e posterior. A escassez


relativa de vasos sanguíneos na face posterior do parênquima renal cria o
chamado "plano avascular de Brodel", também conhecido como linha
branca de Brodel. Esse plano está localizado posteriormente (30°) em
relação à margem convexa lateral do rim (plano coronal/frontal), estando
próximo dos cálices do segmento posterior. Ele permite uma via de acesso
relativamente segura ao sistema pélvico-cicatricial para a realização de
nefrostomia sem sangramentos.

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Na base das pirâmides renais, as artérias interlobares (conhecidas como
artérias arqueadas) formam um arco entre a medula renal e o córtex. As
divisões dessas artérias produzem uma série de artérias radiadas corticais
que se irradiam para fora e entram no córtex renal.

No córtex renal, elas emitem ramos conhecidos como arteríolas aferentes.


Cada néfron recebe uma arteríola e se organiza em uma rede capilar
enovelada em forma de bola chamada de glomérulo.
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Os capilares glomerulares, então, se reúnem para formar uma arteríola
eferente. Essa arteríola carrega o sangue para fora do glomérulo. Os
capilares glomerulares são únicos entre os capilares do corpo, pois estão
posicionados entre duas arteríolas em vez de ficarem entre uma arteríola e
uma vênula.

Por serem redes capilares e desempenharem um papel importante na


formação da urina, os glomérulos são considerados parte dos sistemas
cardiovascular e urinário. As arteríolas eferentes dividem-se para formar os
capilares que circundam as partes tubulares do néfron no córtex renal.

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Estendendo-se ao longo de algumas arteríolas eferentes, longos capilares
em forma de alça (chamados de vasos retos) suprem as porções tubulares
do néfron na medula renal. Os capilares peritubulares se reúnem
eventualmente para formar veias irradiadas corticais, as quais também
recebem sangue dos vasos retos.

Em seguida, o sangue é drenado pelas veias arqueadas, para as veias


interlobares, que correm entre as pirâmides renais. Múltiplas veias
contribuem para a formação das veias renais esquerda e direita, ambas
anteriores às artérias renais.

 ATENÇÃO

A veia renal esquerda, mais longa, cruza a linha média, que é anterior à
aorta abdominal e posterior à artéria mesentérica superior. Ela pode ser
comprimida por essa pinça aortomesentérica ou por um aneurisma em
qualquer um desses dois vasos.

A drenagem linfática de cada rim segue em direção aos nódulos aórticos


laterais (lombares) ao redor da origem da artéria renal. Envolvido em torno
de cada artéria renal está um plexo renal de nervos e gânglios. O plexo
segue os ramos dessa artéria até o rim, emitindo fibras nervosas para os
vasos sanguíneos e túbulos convolutos dos néfrons. O plexo renal inclui:

Inervação simpática

Inervação parassimpática

Fibras aferentes da dor dos rins a caminho da medula espinhal


Os nervos simpáticos originam-se do plexo aórtico abdominal
(especialmente de seus gânglios mesentéricos superiores e celíacos). Eles
controlam o fluxo sanguíneo renal e a taxa de produção de urina: quando a
pressão arterial cai, estimulam os rins a secretarem a renina, uma enzima
que ativa os mecanismos hormonais para restaurar a pressão arterial. A
inervação parassimpática provém dos nervos vagos.

NÉFRON
Os néfrons são as unidades morfofuncionais dos rins. Cada néfron consiste
em duas partes:

Um corpúsculo renal (onde o plasma sanguíneo é filtrado).

Um túbulo renal (no qual passa o fluido filtrado).

Intimamente associado a um néfron está o suprimento sanguíneo dele.


Como vimos anteriormente, o rim contém cerca de um milhão de néfrons.

Por se tratar de uma estrutura microscópica, estudaremos apenas seus


conceitos gerais.

Os dois componentes de um corpúsculo renal são:

Glomérulo (rede capilar) ;

Cápsula glomerular (ou cápsula de Bowman) , uma cúpula epitelial de


parede dupla que envolve os capilares glomerulares.

O plasma sanguíneo é filtrado na cápsula glomerular; em seguida, o líquido


filtrado passa para o túbulo renal, que possui três seções principais.

Na ordem em que o fluido passa por eles, o túbulo renal consiste em:

Túbulo contorcido proximal


Alça renal ou alça de Henle

Túbulo contorcido distal

Proximal denota a parte do túbulo próximo da cápsula glomerular; distal, a


parte que está mais longe. O corpúsculo renal e os dois túbulos contorcidos
ficam dentro do córtex renal. A alça de néfron se estende até a medula
renal, faz uma curva fechada e retorna a esse córtex.

Os túbulos contorcidos distais de vários néfrons esvaziam-se em um único


duto coletor. Os dutos de coleta então se unem e convergem em várias
centenas de grandes dutos papilares, que drenam para os cálices menores
via papila renal.

Por meio da medula renal, os dutos coletores e papilares se estendem do


córtex renal até a pelve renal. Vejamos a figura a seguir:

Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Tiago Figueiredo


 Esquema de um néfron.
NOTA CLÍNICA: NEFROPTOSE

A nefroptose (ou rim flutuante) é caracterizada pelo deslocamento inferior ou


pela queda do rim. Ela ocorre quando ele escorrega de sua posição normal
por três motivos:

Falta de sustentação na topografia

Órgãos adjacentes

Sua fáscia

A nefroptose se desenvolve mais frequentemente em pessoas muito magras


com deficiência da cápsula adiposa ou da fáscia renal. Ela é perigosa, já
que o ureter pode dobrar e bloquear o fluxo de urina.

O acúmulo de urina resultante exerce pressão sobre os rins, o que danifica


o tecido. A torção do ureter também causa dor. A nefroptose é muito comum.

 SAIBA MAIS

Cerca de uma em cada quatro pessoas apresenta algum grau de


enfraquecimento das faixas fibrosas que mantêm o rim no lugar. Isso é 10
vezes mais comum em mulheres do que em homens.

NOTA CLÍNICA: NEFROLITÍASE


Um cálculo renal é uma massa sólida e dura formada por cálcio, fosfato,
ácido úrico e proteína. Formados na pelve renal, os cálculos renais
geralmente são pequenos o suficiente para passar despercebidos no fluxo
urinário. Alguns, no entanto, crescem até alguns centímetros e podem
bloquear a pelve renal ou o ureter, o que pode levar à destruição dos
néfrons à medida que aumenta a pressão no rim.

Quando o cálculo é grande e irregular, ao descer pelo ureter, estimula fortes


contrações que podem ser extremamente dolorosas. Também é possível
lesar a mucosa do ureter e causar hematúria (sangue na urina). As causas
dos cálculos renais incluem:

Hipercalcemia (excesso de cálcio no sangue)

Desidratação

Desequilíbrios de pH

Infecções frequentes do trato urinário

Aumento da próstata, causando retenção de urina (intravesical)

Os cálculos renais, às vezes, são tratados com medicamentos para a


dissolução de pedras, mas casos do tipo podem requerer sua remoção
cirúrgica.

 EXEMPLO

Uma técnica não cirúrgica denominada litotripsia usa o ultrassom para


pulverizar os cálculos em grânulos finos facilmente eliminados na urina.
CONCEITOS GERAIS DO SISTEMA
URINÁRIO E DO RIM
O especialista Jose Carlos Siciliano fará resumo do módulo, abordando
todos os subtópicos descritos neste módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. DOS NERVOS CITADOS ABAIXO, QUAIS ESTÃO


ENVOLVIDOS COM A DOR IRRADIADA NA NEFROLITÍASE?
APONTE A ALTERNATIVA CORRETA.

A) Nervo ílio-hipogástrico e nervo hipogástrico.

B) Nervo ílio-inguinal e nervo parassimpático.

C) Nervo vago e nervo hipoglosso.

D) Nervo renal e nervo do néfron.

E) Nervo renal e nervo capsular de Bowman.

2. O MELHOR LOCAL PARA A REALIZAÇÃO DE UMA


NEFROSTOMIA SEM SANGRAMENTOS É CHAMADO DE
LINHA BRANCA AVASCULAR DE BRODEL. ENTRE OS
SEGMENTOS LISTADOS A SEGUIR, ASSINALE O
SEGMENTO RENAL ASSOCIADO CORRETAMENTE:

A) Próximo dos cálices do segmento anterior.

B) Próximo dos cálices do segmento anterossuperior.

C) Próximo dos cálices do segmento anteroinferior.


D) Próximo dos cálices do segmento inferior.

E) Próximo dos cálices do segmento posterior.

GABARITO

1. Dos nervos citados abaixo, quais estão envolvidos com


a dor irradiada na nefrolitíase? Aponte a alternativa
correta.

A alternativa "A " está correta.

A proximidade do rim com os nervos ílio-hipogástrico e ílio-inguinal (plexo


lombar) explica a razão pela qual as doenças renais, como a pielonefrite ou
as nefrolitíases, podem causar dores que se espalham para a região
inguinal (trajeto dos nervos).

2. O melhor local para a realização de uma nefrostomia


sem sangramentos é chamado de linha branca avascular
de Brodel. Entre os segmentos listados a seguir, assinale o
segmento renal associado corretamente:

A alternativa "E " está correta.

O plano avascular de Brodel está localizado na porção posterior (30°) à


margem convexa lateral do rim (plano coronal/frontal) e próximo dos cálices
do segmento posterior.

MÓDULO 2
 Identificar os elementos de armazenamento e condução do sistema
urinário

URETERES

CONCEITOS E PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS
A pelve renal leva a urina para o ureter, um tubo musculomembranoso
retroperitoneal que se estende até a vesícula urinária (bexiga). O ponto de
união entre essa pelve e o ureter é conhecido como junção ureteropélvica,
enquanto o de entrada do ureter na bexiga urinária é denominado junção
ureterovesical.

O ureter tem cerca de 25cm de comprimento e atinge um diâmetro máximo


de cerca de 1,7cm próximo da bexiga. Já o lúmen é muito estreito e, como
já vimos, facilmente obstruído por urolitíase (cálculos renais). Durante seu
trajeto, o ureter possui três pontos de estreitamento:

Na junção ureteropélvica.

Ao cruzar os vasos ilíacos comuns na pelve.

Na junção ureterovesical.

Nessas regiões, sua luz torna-se mais estreita. Cálculos renais ainda podem
causar obstrução com mais facilidade.
Os ureteres passam em uma posição posterior em relação à bexiga e
entram nela por baixo, penetrando obliquamente por sua parede muscular e
abrindo-se em seu assoalho. Uma pequena aba da mucosa da bexiga atua
como uma válvula na abertura de cada ureter para impedir que a urina
retorne para ele quando a bexiga se contrai. O ureter possui três camadas:

Uma mucosa interna.

Uma camada muscular média.

Uma camada chamada adventícia externa.

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O epitélio de transição reveste o trato urinário, começando nos cálices
menores dos rins e se estendendo por ureteres, bexiga urinária e parte da
uretra.

O músculo consiste em duas camadas de músculo liso ao longo da maior


parte do comprimento do ureter, mas uma terceira camada aparece na parte
inferior dele. A muscular interna, por sua vez, é composta por células
musculares longitudinais.

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As células na próxima camada superficial após a muscular interna têm
arranjo circular, enquanto a terceira e mais externa camada no ureter inferior
é novamente longitudinal. Ondas peristálticas de contração na musculatura
conduzem a urina da pelve renal para a bexiga.

A adventícia do ureter é uma camada de tecido conjuntivo que adere o


ureter aos tecidos circundantes. Ele se mistura com:

A cápsula do rim na extremidade superior.

O tecido conjuntivo da parede da bexiga na extremidade inferior.

Imagem: Shutterstock.com
 Ilustração da trajetória do ureter. Note a relação dele com os vasos
ilíacos comuns e sua entrada na bexiga urinária.

Os ureteres recebem ramos arteriais de vasos adjacentes à medida que


passam em direção à bexiga. Observemos agora suas três porções ou
partes:

Porção superior

Irrigada por ramos das artérias renais.


Parte média

Recebe ramos da aorta abdominal, das artérias gonadais e das artérias


ilíacas comuns.

Parte inferior

Recebe ramos das artérias ilíacas internas.

 DICA

As veias seguem esse mesmo padrão.

Os vasos linfáticos que drenam a parte superior de cada ureter vão para os
linfonodos lombares. Na porção média, a drenagem é feita para os
linfonodos associados aos vasos ilíacos comuns. Já na parte inferior de
cada ureter, a linfa drena para os linfonodos associados aos vasos ilíacos
externos e internos.

Por meio de nervos que seguem os vasos sanguíneos, a inervação do


ureter é feita por estes plexos:

Renal

Aórtico

Hipogástrico superior

Hipogástrico inferior

As fibras eferentes viscerais vêm de fontes simpáticas e parassimpáticas,


enquanto as aferentes viscerais retornam aos níveis da medula espinhal de
T11 a L2. Geralmente relacionada com a distensão do ureter, a dor ureteral
se refere a áreas cutâneas supridas pelos níveis da medula espinhal de T11
a L2.
Essas áreas cutâneas incluem:

A parede abdominal posterior e lateral abaixo das costelas e acima da crista


ilíaca.

A região púbica.

O escroto nos homens.

Os grandes lábios nas mulheres.

A face anterior da porção proximal da coxa.

NOTA CLÍNICA: URETER DUPLO

A duplicação ureteral é a anormalidade congênita mais comum associada


ao trato urinário, ocorrendo em cerca de 1% da população. Ela pode ocorrer
unilateral ou bilateralmente, podendo ainda ser parcial ou completa. Nesse
caso, os ureteres parcialmente duplicados se fundem em um único ureter
próximo da bexiga urinária (também conhecido como ureter bífido).

Já na duplicação completa, os ureteres duplicados podem formar o


ureterocele, o ureter ectópico ou o ureter ortotópico. O ectópico é capaz de
causar complicações severas.

 EXEMPLO

Em vez de desaguar na bexiga, o deságue pode ocorrer no útero e na


vagina, exigindo uma intervenção cirúrgica.

As duplicações completas também estão associadas a um risco aumentado


de:
Infecção do trato urinário (ITU).

Obstrução.

Refluxo vesicoureteral.

NOTA CLÍNICA: LESÕES CIRÚRGICAS NO


URETER

Os ureteres podem ser lesionados durante cirurgias abdominais,


retroperitoneais, pélvicas ou ginecológicas, como resultado da interrupção
inadvertida de seu suprimento sanguíneo. A identificação pela pelve durante
todo o seu percurso configura uma medida preventiva importante.

As anastomoses longitudinais entre os ramos arteriais que suprem os


ureteres são geralmente adequadas para manter o suprimento sanguíneo
ao longo deles, porém, às vezes, isso não acontece. A tração do ureter
durante a cirurgia pode causar uma ruptura tardia dele.

VESÍCULA URINÁRIA

CONCEITOS E PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS
A vesícula urinária (bexiga) é o elemento mais anterior das vísceras
pélvicas. Embora esteja inteiramente situado na cavidade pélvica quando
vazia, ela se expande superiormente para a cavidade abdominal ao ficar
cheia.

Com o formato de um cone, uma bexiga vazia possui:

Um ápice.

Uma base.

Uma superfície superior

Duas superfícies ínferolaterais.

A bexiga urinária está situada atrás da sínfise púbica e abaixo do peritônio,


sendo revestida por ele somente em sua superfície superior. O ápice da
bexiga é direcionado para a sínfise púbica, estrutura conhecida como
ligamento umbilical mediano (um remanescente embrionário do úraco)
contínuo, a partir do ápice em direção ao umbigo.

Imagem: Shutterstock.com

A base da bexiga tem a forma de um triângulo (cone) invertido e está


voltada posteriormente. Os dois ureteres entram nela em cada um dos
cantos superiores da base, enquanto a uretra drena inferiormente pelo canto
inferior da base.

No interior, o revestimento da mucosa na base da bexiga é liso e firmemente


preso à camada de músculo liso subjacente da parede ― ao contrário de
outras partes dela, onde é dobrada e fracamente presa à parede. A área
triangular lisa entre os óstios (aberturas) dos ureteres e da uretra no interior
da bexiga é conhecida como trígono vesical, um local frequentemente
afetado por infecções.

Imagem: Shutterstock.com
 Anatomia da bexiga urinária.

As superfícies inferolaterais da bexiga estão situadas entre os seguintes


músculos:

Levantadores do ânus do diafragma pélvico

Obturadores internos

A superfície superior é ligeiramente abaulada quando a bexiga está vazia.


Essa superfície, como vimos, aumenta à medida que a bexiga se enche. A
bexiga possui um colo, região onde surge a uretra. Essa é a parte mais fixa
dela. Além disso, ela é ancorada na posição por um par de faixas
fibromusculares resistentes que conectam o colo e a parte pélvica da uretra
ao aspecto posteroinferior de cada osso púbico.

Nas mulheres, essas bandas fibromusculares são ― com a membrana


perineal e os músculos associados ― denominadas ligamentos
pubovesicais.

Já nos homens, as bandas fibromusculares emparelhadas são conhecidas
como ligamentos puboprostáticos, por se misturarem com a cápsula
fibrosa da próstata.

A bexiga urinária comporta, em média, de 300 a 500mL, podendo


armazenar até 1500mL de urina antes de se esvaziar. Essa capacidade é
menor nas mulheres, porque o útero ocupa o espaço imediatamente
superior ao da bexiga urinária. Falaremos mais adiante sobre o reflexo de
micção.

Três camadas constituem a parede da bexiga urinária. A mais profunda é a


mucosa, que é uma membrana mucosa composta de epitélio de transição e
uma lâmina própria subjacente semelhante à dos ureteres. Ao redor da
mucosa está a camada muscular. Denominada músculo detrusor de urina,
ela consiste em três subgrupos de fibras musculares lisas:

Longitudinal interna

Circular média

Longitudinal externa

A camada mais superficial da bexiga urinária nas superfícies posterior e


inferior é a adventícia, formada de tecido conjuntivo areolar e contínua em
relação à dos ureteres. Sobre a superfície superior da bexiga urinária está a
serosa, uma camada de peritônio, conforme abordamos anteriormente.

A bexiga urinária é irrigada por duas artérias:

ARTÉRIA VESICAL SUPERIOR


Surge da porção patente da artéria umbilical.

ARTÉRIA VESICAL INFERIOR


Provém da artéria ilíaca interna.

 ATENÇÃO

A artéria vesical inferior é inexistente em mulheres: quem supre o território


dela é a artéria vaginal.

A drenagem venosa segue a arterial, drenando para um plexo venoso


vesical que termina na veia ilíaca interna. A linfa, por sua vez, drena para os
linfonodos ilíacos externos. A bexiga urinária recebe sua inervação sensitiva
e motora dos:

Plexos hipogástricos superior e inferior.

Nervos esplâncnicos pélvicos.

A eliminação de urina da bexiga urinária é chamada de micção. Ela ocorre


por meio de uma combinação de contrações musculares involuntárias e
voluntárias.

Quando o volume de urina na bexiga urinária excede de 200 a 400mL, a


pressão dentro dela aumenta consideravelmente.


Com isso, os receptores de estiramento em sua parede transmitem
impulsos nervosos para a medula espinal.

Esses impulsos se propagam para o centro de micção nos segmentos S2 e
S3 da medula espinal sacral, disparando um reflexo espinal denominado
reflexo de micção.

Nesse arco reflexo, os impulsos parassimpáticos do centro de micção se


propagam para a parede da bexiga urinária e do esfíncter uretral interno. Os
impulsos nervosos causam uma contração do músculo detrusor de urina e o
relaxamento desse esfíncter. Simultaneamente, o centro de micção inibe os
neurônios motores somáticos que inervam o músculo esquelético no
esfíncter uretral externo. Com a contração da parede da bexiga urinária e o
relaxamento dos esfíncteres, ocorre a micção.

 ATENÇÃO

O enchimento da bexiga urinária causa uma sensação de plenitude que


inicia um desejo consciente de urinar antes que o reflexo de micção
realmente ocorra.

Embora o esvaziamento da bexiga urinária seja um reflexo, aprendemos, na


primeira infância, a iniciá-lo e a interrompê-lo voluntariamente. Por
intermédio do controle aprendido do músculo esfíncter uretral externo e de
certos músculos do assoalho pélvico, o córtex cerebral pode iniciar a micção
ou retardar sua ocorrência por um período limitado.

NOTA CLÍNICA: INCONTINÊNCIA URINÁRIA


A falta de controle voluntário sobre a micção é chamada de incontinência
urinária. Em bebês e crianças de dois a três anos de idade, a incontinência
é normal, já que os neurônios do esfíncter uretral externo não estão
completamente desenvolvidos. A micção ocorre sempre que a bexiga
urinária está suficientemente distendida para estimular o reflexo de micção.
A incontinência urinária também ocorre em adultos e, com maior frequência,
em indivíduos idosos.

Existem quatro tipos de incontinência urinária:

ESTRESSE
A incontinência de estresse (esforço) é o tipo mais comum de incontinência
em mulheres jovens e de meia-idade, sendo o resultado da fraqueza dos
músculos profundos do assoalho pélvico. Com isso, qualquer estresse físico
que aumente a pressão abdominal causa o vazamento de urina da bexiga
urinária.

Tosse, espirro, riso, exercícios, esforço, levantamento de objetos pesados e


gravidez.

URGÊNCIA
Mais comum em pessoas idosas, a incontinência de urgência é
caracterizada por uma urgência abrupta e intensa de urinar seguida por uma
perda involuntária de urina.

TRANSBORDAMENTO
A incontinência por transbordamento refere-se ao vazamento involuntário de
pequenas quantidades de urina causado por algum tipo de bloqueio ou por
contrações fracas da musculatura da bexiga urinária. Quando o fluxo de
urina é bloqueado, a bexiga urinária fica cheia demais. Com isso, a pressão
interna aumenta até que pequenas quantidades dela comecem a sair.
Por conta de uma próstata aumentada, de pedras nos rins ou quando os
músculos da bexiga urinária não podem mais se contrair.

FUNCIONAL
A incontinência funcional é o extravasamento de urina resultante da
incapacidade de chegar a tempo ao banheiro. Isso resulta de algumas
condições de saúde.

Acidente vascular cerebral, artrite severa ou doença de Alzheimer.

URETRA

CONCEITOS E PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS
Última porção da parte de condução do sistema urinário, a uretra é um tubo
que possui diferenças significativas entre homens e mulheres.

Uretra masculina

Com 15 a 20cm de comprimento, ela conta com três porções:

URETRA PROSTÁTICA

Começa na bexiga urinária, passando através da próstata por cerca de


2,5cm. Durante o orgasmo, o homem recebe o sêmen das glândulas
reprodutivas.
URETRA MEMBRANOSA

É constituída por uma porção curta (0,5cm) de parede fina por onde a uretra
passa através do assoalho muscular da cavidade pélvica.

URETRA ESPONJOSA (URETRA PENIANA)

Com cerca de 15cm de comprimento, ela passa pelo corpo esponjoso do


pênis até o orifício uretral externo. Nessa porção, a uretra se dilata e forma
uma região chamada de fossa navicular.

Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Tiago Figueiredo


 Uretra masculina. Note o tamanho da uretra e sua trajetória.

Alguns autores ainda consideram a presença de uma porção anterior à


prostática chamada de uretra pré-prostática ou intramural.

Uretra feminina
Na mulher, a uretra tem de 3 a 4cm de comprimento e está ligada à parede
anterior da vagina por um tecido conjuntivo fibroso. Sua abertura, o orifício
uretral externo, fica entre o orifício vaginal e o clitóris.


A uretra masculina participa tanto do sistema reprodutor (pois permite a
passagem de sêmen) quanto do urinário (uma vez que possibilita a
passagem de urina). A feminina, por sua vez, tem função relacionada
somente ao sistema urinário.

Dessa forma, a uretra prostática possui orifícios correspondentes à abertura


dos dois dutos ejaculatórios responsáveis pelo transporte de
espermatozoides e de outros componentes do sêmen. Essa região é
denominada colículo seminal (Verumontanum). No colículo seminal,
também existe o utrículo prostático, um orifício de fundo cego
correspondente, na mulher, ao útero. A uretra prostática é frequentemente
alvo de obstrução em casos de hiperplasia prostática benigna, prejudicando
o fluxo de urina.
Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Tiago Figueiredo
 Corte coronal demonstrando algumas estruturas relacionadas à uretra.

Repare na imagem a seguir dos dois orifícios dos dutos ejaculatórios e do


utrículo prostático. Essa região é a do colículo seminal. As glândulas
bulbouretrais estão presentes perto do esfíncter externo da uretra.

Imagem: Shutterstock.com
 Corte destacando a uretra prostática e as camadas da bexiga.

Imagem: Shutterstock.com, adaptado por Tiago Figueiredo


 Uretra feminina. Note o tamanho da uretra e a relação da bexiga urinária
com o útero.

A uretra esponjosa recebe o produto das glândulas bulbouretrais (de


Cowper), cujo objetivo é neutralizar a acidez da uretra esponjosa e prepará-
la para a passagem dos espermatozoides. Essa uretra ainda possui
diversos orifícios que correspondem aos dutos das glândulas uretrais
(glândulas de Littré), que são responsáveis por secretar muco e impedir
lesões na mucosa. Reduzidas a um par na mulher, as glândulas uretrais são
chamadas de glândulas de Skene.

NOTA CLÍNICA: HIPOSPADIAS

A hipospadia é um defeito congênito urogenital no qual a abertura uretral


fica localizada mais próxima do que sua localização usual na ponta da
glande. Ela é a segunda atipicidade congênita mais comum, existindo
proporcionalmente em cada bebê de um grupo de 300 bebês do sexo
masculino. De 75% a 87% dos casos ocorrem na forma distal ou tipo
coronal, ou seja, com o meato urinário mais próximo da extremidade da
glande peniana (como consta nas imagens anteriores).

A hipospadia pode ser de três tipos:

Tipo coronal

Trata-se do primeiro e mais frequente (87% dos casos).

Tipo peniano-escrotal

Com 10% dos casos, ele é assim chamado pelo fato de que a uretra termina
ali ― e não há conduto urinário na porção distal peniana. Os restantes são
uretrais e ficam transformados numa banda fibrosa que origina uma curva
em flexão. O tipo peniano-escrotal é um caso de solução difícil, precisando
de dois ou três tempos operatórios.

Tipo perineal

Seus casos são graves: neles, o pênis apresenta uma forma amorfa.

Nos casos de hipospadias proximais (escrotais e perineais) associadas à


criptorquidia bilateral (testículos que não desceram), é obrigatória a
realização do diagnóstico diferencial com intersexo antes do tratamento.

Nos dois sexos, a mucosa tem um epitélio:

De transição: Na região próximo da bexiga.

Escamoso: Estratificado próximo do orifício externo.

Colunar: Entre os dois epitélios, existem áreas de epitélio colunar


estratificado e pseudoestratificado na uretra masculina, e somente de
pseudoestratificado na feminina.

Tanto no homem quanto na mulher, o músculo detrusor de urina da bexiga


urinária é mais grosso na região próximo da uretra para formar o esfíncter
uretral interno, que comprime a uretra e retém a urina na bexiga. Como
esse esfíncter é composto de músculo liso, ele está, como apontamos
anteriormente, sob controle involuntário. Após passar pelo assoalho pélvico,
a uretra é circundada por um esfíncter uretral externo do músculo
esquelético, que fornece controle voluntário sobre a eliminação da urina.

NOTA CLÍNICA: CISTITES

O comprimento relativamente curto da uretra nas mulheres torna-as mais


suscetíveis a infecções da bexiga que os homens. O principal sintoma da
ITU, no caso delas, é usualmente a inflamação da bexiga (cistite) . Essa
infecção pode ser controlada, na maioria das situações, por antimicrobianos
orais, sendo resolvida sem complicações.

Em crianças menores, a ITU pode se espalhar através dos ureteres para os


rins (pielonefrite), ocorrendo a lesão renal e a subsequente insuficiência
renal aguda (IRA) ― e, às vezes, até uma falência renal (IRC). Nessas
situações, o diagnóstico precoce e o tratamento são de fundamental
importância.
ELEMENTOS DE
ARMAZENAMENTO E CONDUÇÃO
DO SISTEMA URINÁRIO
O especialista José Carlos Siciliano fará um resumo abordando todos os
subtópicos descritos neste módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. NA MULHER, OS URETERES RECEBEM RAMOS


ARTERIAIS DE VASOS ADJACENTES À MEDIDA QUE
PASSAM PELO ABDOME EM DIREÇÃO À BEXIGA.
QUANTO À ORIGEM DOS RAMOS ARTERIAIS, ASSINALE A
ALTERNATIVA INCORRETA:

A) Artérias renais

B) Aorta

C) Artérias gonadais

D) Artérias ilíacas comuns

E) Artéria vesical inferior

2. COM RELAÇÃO AO CONHECIMENTO SOBRE AS


HIPOSPADIAS, É CORRETO AFIRMAR QUE:

A) As hipospadias, classificadas como anteriores ou distais, são raras e


representam 10% de todas as hipospadias.

B) Nos casos de hipospadias proximais (escrotais e perineais) associadas à


criptorquidia bilateral, é obrigatório o diagnóstico diferencial com intersexo
antes do tratamento.
C) Atualmente, a mucosa bucal é utilizada para a reconstrução uretral em
todos os pacientes portadores de hipospadia proximal.

D) As hipospadias proximais são tratadas por meio da cirurgia de


“transgenitalização” para o sexo feminino.

E) Devido aos péssimos resultados, a correção cirúrgica da hipospadia é


contraindicada para os casos proximais.

GABARITO

1. Na mulher, os ureteres recebem ramos arteriais de vasos


adjacentes à medida que passam pelo abdome em direção
à bexiga. Quanto à origem dos ramos arteriais, assinale a
alternativa incorreta:

A alternativa "E " está correta.

Os ureteres são uma fonte de nutrição arterial na sua porção superior por
ramos das artérias renais. Sua parte média recebe ramos da aorta
abdominal, das artérias gonadais e das artérias ilíacas comuns; a inferior,
das artérias ilíacas internas. Dessa maneira, as artérias vesicais inferiores
não existem na mulher, sendo substituídas pelas vaginais inferiores
responsáveis por nutrir a vesícula urinária ― e não o ureter.

2. Com relação ao conhecimento sobre as hipospadias, é


correto afirmar que:

A alternativa "B " está correta.

Hipospadias são malformações congênitas com três tipos: coronal (distal), o


mais comum; peniano-escrotal; e o de forma perineal, tipo grave no qual o
pênis apresenta uma forma amorfa. Nos casos de hipospadias proximais
(escrotais e perineais) associadas à criptorquidia bilateral, é obrigatório
haver o diagnóstico diferencial com intersexo antes do tratamento.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos neste conteúdo que o sistema urinário, além de produzir urina e,
como consequência disso, expulsar resíduos metabólicos, participa, graças
às inúmeras funções do rim, de processos essenciais para a homeostase. O
rim, afinal, é capaz de regular a osmolaridade, a pressão sanguínea e os
níveis de glicose via gliconeogênese, além de, entre tantas outras funções,
produzir hormônios.

Em seguida, analisamos a anatomia do rim e sua relação com o peritônio,


assim como a posição dele dentro da cavidade abdominal. Estudamos sua
arquitetura externa e interna, além de seu sistema produtor e coletor de
urina: o néfron, os cálices menores e maiores e a pelve renal.

Também abordamos a parte do sistema urinário responsável pela condução


(ureteres e uretra) e pelo armazenamento (bexiga urinária) de urina.
Verificamos que os ureteres são tubos longos que possuem relações
anatômicas com várias estruturas da cavidade abdominal e pélvica.

Perscrutamos ainda a anatomia externa e interna da bexiga urinária,


verificando sua inervação e como ocorre o reflexo de micção. Por fim,
discutimos a respeito da anatomia da uretra e descrevemos as diferenças
entre a uretra masculina e a feminina.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e
segmentar. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2011.

DRAKE, R. L.; VOGL, A. W.; MITCHELL, A. W. M. Gray's anatomy for


students. 3. ed. Londres: Churchill Livingstone, 2015.

GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O'RAHILLY, R. R. Anatomia ‒ estudo regional


do corpo humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.

GRAY, H.; GOSS, C. M. Anatomia. 29. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1977.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
LATARJET, M.; LIARD, A. R. Anatomía humana. 4. ed. Madri: Editorial
Medica Pan-Americana, 2011.

MOORE, K. L.; DALLEY II, A. F.; AGUR, A. M. R. Clinically oriented


anatomy. 8. ed. Filadélfia: Lippincott Williams & Wilkins, 2019.

OXFORD RADCLIFFE HOSPITALS NHS TRUST. Treatment for


hypospadias - information for parents. Publicado em: jun. 2013. Consultado
na internet em: 28 maio 2021.

POTENTA, S. E. et al. CT Urography for evaluation of the ureter. In:


Radiographics. v. 35. n. 3. 2015. p. 709-726.

SALADIN, K. S. Human anatomy. 5. ed. Nova York: McGraw Hill, 2017.

SCHOENWOLF, G. C. et al. Larsen's human embryology. 5. ed. Filadélfia:


Elsevier, 2015.

SNELL, R. S. Clinical anatomy by regions. 9. ed. Londres: Lippincott


Williams & Wilkins, 2012.

TESTUT, L.; LATARJET, A. Tratado de anatomía humana. 9 ed. Barcelona:


Salvat, 1958.

TESTUT, L.; JACOB, O. Tratado de anatomía topográfica con


aplicaciones médicoquirúrgicas. 8 ed. Madri: Salvat, 1952.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Principles of anatomy & physiology.


14. ed. Nova Jersey: John Wiley & Sons, 2014.

EXPLORE+
Busque no YouTube as seguintes animações em vídeo:
a) Com narração em inglês e legenda em português, esta animação
detalha o processo de formação de urina, com ênfase na estrutura do
néfron:

ALILA MEDICAL MEDIA. Formation of urine ‒ nephron function, animation.


Publicado em: 7 out. 2020. Consultado na internet em: 28 maio 2021.

b) Em 3D, esta animação do sistema urinário tem narração e legenda


em inglês:

CREATIVE LEARNING. Human urinary system ‒ 3D animation ‒ Biology.


Publicado em: 4 mar. 2016. Consultado na internet em: 28 maio 2021.

c) Esta animação explica o processo de diálise:

HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. O que é diálise? Publicado em:


13 set. 2011. Consultado na internet em: 28 maio 2021.

Leia este artigo a respeito de algumas anomalias congênitas do trato


urinário:

MARANHÃO, C. P. de M. et al. Anomalias congênitas do trato urinário


superior: novas imagens das mesmas doenças. In: Radiologia brasileira. v.
46. n. 1. Publicado em: fev. 2013. Consultado na internet em: 28 maio 2021.

CONTEUDISTA
Marcio Antonio Babinski

 CURRÍCULO LATTES

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