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09/04/2024 09:36 Condenação de Daniel Alves divide especialistas sobre rigor da legislação brasileira

Condenação de Daniel Alves divide


especialistas sobre rigor da legislação
brasileira
22 de fevereiro de 2024

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Ex-jogador deve se manter afastado da vítima por nove anos e meio. Mantida a condenação,
ele deve sair da prisão em meados de 2027

O ex-jogador de futebol Daniel Alves foi condenado a quatro anos e meio de prisão por
estuprar uma mulher numa boate de Barcelona em 30 de dezembro de 2022. A pena
máxima para o crime na Espanha, sem agravantes, é de 12 anos, o que foi pedido pela
acusação. O Ministério Público pediu nove anos de detenção.

A Justiça também definiu uma indenização de € 150 mil (cerca de R$ 800 mil). Da pena total
devem ser descontados os 13 meses que o brasileiro já ficou preso enquanto aguardava o
julgamento.

Daniel Alves deverá cumprir outros cinco anos de liberdade vigiada e deve se manter
afastado sem se comunicar com a vítima por nove anos e meio. Mantida a condenação, ele
deve sair da prisão em meados de 2027.

Para Leonardo Pantaleão, especialista em Direito e Processo Penal, a dosimetria fixada pela
Justiça espanhola mostra que as penas fixadas no Brasil para crimes sexuais não podem ser
consideradas irrisórias. “No Brasil, o crime de estupro tem pena mínima de seis anos, além
de ser considerado um crime hediondo e, portanto, tem a vedação de algumas benesses,
como a liberdade condicionai e regras mais rígidas sobre progressão de regime”, opina.

https://ambitojuridico.com.br/noticias/condenacao-de-daniel-alves-divide-especialistas-sobre-rigor-da-legislacao-brasileira/ 1/4
09/04/2024 09:36 Condenação de Daniel Alves divide especialistas sobre rigor da legislação brasileira

Já Raquel Gallinati, delegada de polícia e diretora da Associação dos Delegados de Polícia do


Brasil, enxerga que as penas são mais severas em comparação com o sistema legal do Brasil.
“No Brasil, para réus primários com bons antecedentes, é aplicado um regime de progressão
de 1/6 da pena mínima para o crime de estupro, que é de 6 anos. Isso significa que após um
ano de cumprimento da pena, o réu pode estar em liberdade”, argumenta.

Rafael Paiva, advogado criminalista, pós-graduado e mestre em Direito, achou que a pena
foi baixa, mas coerente com as leis espanholas. “A redução se deu em razão do pagamento
do valor de cerca de R$ 800 mil como ressarcimento de danos, o que é considerado
circunstância atenuante. Se o julgamento fosse no Brasil, essa indenização não seria usada
para diminuição da pena nesse importe todo. Aqui, a pena seria fixada entre 6 e 10 anos. Por
ser primário, provavelmente o jogador seria condenado à pena mínima de 6 anos. No Brasil,
infelizmente dificilmente o jogador responderia ao processo preso. Estaria em liberdade e
poderia apelar da decisão em liberdade”, analisa.

Para Ceres Rabelo, Especialista em Direito Penal. Pós-Graduação em Direito Civil e Processual
Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa, é importante lembrar que o ex-jogador ainda
poderá recorrer a outras Cortes. “Ele pode apresentar uma apelação para outro tribunal. A
sentença cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça da Catalunha e ainda teríamos uma
última súplica. A última apelação ao Tribunal Supremo em Madrid. O jogador vai cumprir
pena na Espanha pelo crime ter acontecido em território espanhol, ter sido julgado no
território espanhol. E caso ele queira cumprir a sentença no Brasil, deverá fazer uma petição
à Justiça”, pontua.

Rafael Valentini, advogado criminalista, pós-graduado em Direito e Processo Penal pelo


Mackenzie, avalia que o caso abre um canal para discutir a lei brasileira. “Muito se critica a
legislação penal no Brasil como defasada ou branda demais, ao mesmo tempo que se elogia
‘o rigor’ de outros países com criminosos (especialmente Estados Unidos e países europeus).
É claro que há aperfeiçoamentos que podem ser feitos na legislação penal brasileira, mas
fato é que ela, no que diz respeito ao crime de estupro, se apresenta mais condizente com a
realidade e com o senso de reprovação social decorrente da prática deste delito”, opina.

Fontes: Acacio Miranda – Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de


Granada/Espanha. Cursou pós-graduação lato sensu em Processo Penal na Escola Paulista da
Magistratura e em Direito Penal na Escola Superior do Ministério Público de São Paulo.

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Rafael Valentini – advogado criminalista, pós-graduado em Direito e Processo Penal pela


Universidade Presbiteriana Mackenzie e sócio do FVF Advogados.

Rafael Paiva – advogado criminalista, pós-graduado e mestre em Direito, especialista em


violência doméstica e professor de Direito Penal, Processo Penal e Lei Maria da Penha.

Leonardo Pantaleão – especialista em Direito e Processo Penal, mestre em Direito das


Relações Sociais pela PUC/SP.

Raquel Gallinati – delegada de polícia. Diretora da Associação dos Delegados de Polícia do


Brasil. Mestre em Filosofia. Pós-graduada em Ciências Penais, Direito de Polícia Judiciária e
Processo Penal.

Ceres Rabelo – Especialista em Direito Penal. Pós-Graduação em Direito Civil e Processual


Civil pelo Centro Universitário de João Pessoa.

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