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UNIÃO BRASILEIRA DE FACULDADES – UNIBF

ENSINO DE SOCIOLOGIA E FILOSOFIA

SEBASTIÃO AIRES PEDROSA NETO

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO SOB A TRÍADE DE MAX WEBER,


KARL MARX E ÉMILE DURKHEIM

BARUERI/SP, 04/2024
SEBASTIÃO AIRES PEDROSA NETO

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO SOB A TRÍADE DE MAX WEBER,


KARL MARX E ÉMILE DURKHEIM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em


forma de Artigo Científico, como requisito
parcial para obtenção do título de pós-graduação,
pela União Brasileira de Faculdades – UNIBF

Orientador(a): Prof. Esp.Carlos Hoegen

BARUERI/SP, 04/2024
RESUMO

Este trabalho apresentou uma análise das abordagens de Max Weber, Karl
Marx e Émile Durkheim sobre a sociologia da religião. Weber, em sua obra "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo", destacou a influência do protestantismo no
desenvolvimento do capitalismo moderno. Marx, em obras como "Para a Crítica da
Filosofia do Direito de Hegel" e "O Capital", criticou a religião como um instrumento
de dominação ideológica da classe dominante. Por fim, Durkheim propôs uma
abordagem funcionalista da religião, destacando seu papel na coesão social e na
promoção da solidariedade comunitária. Ao comparar essas perspectivas, é possível
compreender as diferentes visões sobre o papel e a função da religião na sociedade.

Palavras-chave: Max Weber, Karl Marx, Émile Durkheim, sociologia da religião,


ética protestante, capitalismo, crítica social, funcionalismo, coesão social.
1° INTRODUÇÃO

A intersecção entre sociologia e filosofia proporciona um terreno fértil para a


análise crítica e reflexiva dos aspectos fundamentais da sociedade humana. Nesse
contexto, a Sociologia da Religião emerge como um campo de estudo essencial,
permitindo a investigação das complexas dinâmicas entre religião e sociedade. Sob
a perspectiva da tríade teórica composta por Max Weber, Karl Marx e Émile
Durkheim, este trabalho se propõe a explorar e analisar as abordagens desses
proeminentes sociólogos em relação ao fenômeno religioso.

Weber, em sua obra, enfatiza a compreensão da religião a partir da análise dos


significados e motivações subjacentes às práticas religiosas. Sua teoria da
racionalização e sua investigação sobre a influência do protestantismo no
desenvolvimento do capitalismo moderno oferecem insights cruciais para a
compreensão das interações entre religião e economia.

Por outro lado, Karl Marx apresenta uma abordagem crítica da religião, vendo-a
como um reflexo das estruturas de poder econômico e social. Para Marx, a religião é
vista como um instrumento de alienação que serve para perpetuar a desigualdade e
opressão existentes na sociedade capitalista.

Por fim, Émile Durkheim propõe uma análise funcionalista da religião,


destacando seu papel na manutenção da coesão social e na promoção da
solidariedade entre os membros de uma comunidade. Durkheim concebe a religião
como um sistema de crenças e rituais que desempenha um papel fundamental na
preservação da ordem social e na promoção do senso de pertencimento e
identidade coletiva.

Assim, este trabalho se propõe a investigar e comparar as contribuições


desses três sociólogos para o estudo da religião, examinando suas teorias,
conceitos-chave e implicações para a compreensão mais ampla das relações entre
religião e sociedade. Ao fazer isso, busca-se enriquecer o debate acadêmico sobre o
papel e a influência da religião nas estruturas
sociais e culturais das sociedades humanas.

2° DESENVOLVIMENTO

a) DA PERSPECTIVA DE CADA AUTOR

A sociologia da religião, como campo de estudo interdisciplinar, tem sido


explorada e enriquecida pelas contribuições teóricas de Max Weber, Karl Marx e
Émile Durkheim. Cada um desses sociólogos oferece uma perspectiva única sobre o
papel e a função da religião na sociedade, abordando aspectos que vão desde sua
influência na economia e na política até suas implicações para a coesão social e a
identidade cultural.

Max Weber, em sua obra seminal "A Ética Protestante e o Espírito do


Capitalismo", explora a relação entre religião e economia, destacando a influência do
protestantismo, especialmente do calvinismo, no desenvolvimento do capitalismo
moderno. Weber argumenta que certas doutrinas religiosas, como a ênfase na
vocação e na busca pela salvação individual, incentivaram uma mentalidade de
trabalho árduo e acumulação de riqueza, que são fundamentais para o espírito
capitalista. Ele afirma que "o caráter capitalista do lucro se eleva às alturas mais
etéreas do êxtase religioso" (Weber, 2004, p. 85). Através dessa análise, Weber
destaca a importância dos valores culturais e religiosos na formação das estruturas
econômicas e sociais da modernidade.

Karl Marx, por sua vez, apresenta uma visão crítica da religião como um
reflexo das relações de classe e um instrumento de dominação ideológica da classe
dominante sobre a classe trabalhadora. Em suas obras, como "Para a Crítica da
Filosofia do Direito de Hegel" e "O Capital", Marx argumenta que a religião serve
para perpetuar a alienação e a exploração capitalista, desviando a atenção dos
problemas sociais fundamentais e legitimando a ordem social existente. Ele afirma
que "a religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem
coração, assim como é o espírito de uma situação sem espírito. É o ópio do povo"
(Marx, 2008, p. 42). Para Marx, a religião é uma
forma de consolo para as massas oprimidas, desviando-as da luta por mudanças
sociais reais.

Émile Durkheim propõe uma abordagem funcionalista da religião,


destacando seu papel na coesão social e na promoção da solidariedade
comunitária. Em obras como "As Formas Elementares da Vida Religiosa", Durkheim
argumenta que a religião desempenha um papel crucial na manutenção da ordem
social, fornecendo um conjunto compartilhado de crenças e rituais que fortalecem os
laços sociais e promovem o senso de pertencimento e identidade coletiva. Ele afirma
que "a religião é um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas
sagradas, isto é, separadas, proibidas, crenças e práticas que unem em uma só
comunidade moral chamada igreja, todos aqueles que a ela aderem" (Durkheim,
2010, p. 25).

Ao analisar essas perspectivas em conjunto, podemos observar uma ampla


gama de visões sobre a religião e suas funções na sociedade, desde sua influência
na economia e na política até sua importância para a coesão social e a identidade
cultural. Essas análises proporcionam uma compreensão mais ampla das dinâmicas
sociais e culturais relacionadas ao fenômeno religioso, enriquecendo o debate
acadêmico sobre o tema.

A sociologia da religião, como campo de estudo interdisciplinar, tem sido explorada


e enriquecida pelas contribuições teóricas de Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim. Cada
um desses sociólogos oferece uma perspectiva única sobre o papel e a função da religião na
sociedade, abordando aspectos que vão desde sua influência na economia e na política até
suas implicações para a coesão social e a identidade cultural.

Weber argumenta que certas doutrinas religiosas, como a ênfase na vocação e na


busca pela salvação individual, incentivaram uma mentalidade de trabalho árduo e
acumulação de riqueza, que são fundamentais para o espírito capitalista. Ele também examina
a ascensão do racionalismo e da racionalização na ética protestante, que, por sua vez,
influenciaram a formação de uma mentalidade orientada para o trabalho e o sucesso
econômico. Essa análise profunda de Weber revela não apenas a influência da religião na
esfera econômica, mas também a complexidade das
interações entre valores culturais, crenças religiosas e estruturas sociais.

Por outro lado, Karl Marx apresenta uma visão crítica da religião como um reflexo
das relações de classe e um instrumento de dominação ideológica da classe dominante sobre a
classe trabalhadora. Em suas obras, como "Para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e
"O Capital", Marx argumenta que a religião serve para perpetuar a alienação e a exploração
capitalista, desviando a atenção dos problemas sociais fundamentais e legitimando a ordem
social existente. Ele enfatiza o papel da religião na manutenção do status quo, afirmando que
"a religião é o ópio do povo", ou seja, uma forma de ilusão que mantém as massas passivas
diante das injustiças sociais.

Por fim, Émile Durkheim propõe uma abordagem funcionalista da religião,


destacando seu papel na coesão social e na promoção da solidariedade comunitária. Em obras
como "As Formas Elementares da Vida Religiosa", Durkheim argumenta que a religião
desempenha um papel crucial na manutenção da ordem social, fornecendo um conjunto
compartilhado de crenças e rituais que fortalecem os laços sociais e promovem o senso de
pertencimento e identidade coletiva. Ele vê a religião como uma força unificadora que
transcende as diferenças individuais e promove a coesão e o equilíbrio social.

Ao analisar essas perspectivas em conjunto, podemos observar uma ampla gama de


visões sobre a religião e suas funções na sociedade, desde sua influência na economia e na
política até sua importância para a coesão social e a identidade cultural. Essas análises
proporcionam uma compreensão mais ampla das dinâmicas sociais e culturais relacionadas ao
fenômeno religioso, enriquecendo o debate acadêmico sobre o tema.

3º REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica para este trabalho foi conduzida com o objetivo de explorar
e analisar as obras fundamentais de Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim
relacionadas à sociologia da religião. Foram consultadas diversas fontes
acadêmicas, incluindo livros, artigos de periódicos, capítulos de livros e teses
relevantes para o tema.
Para abordar a perspectiva de Max Weber, foram revisadas obras como "A Ética
Protestante e o Espírito do Capitalismo", onde ele discute a influência do
protestantismo na formação do ethos capitalista, e "Economia e Sociedade", que
oferece uma visão abrangente de sua teoria sociológica, incluindo suas reflexões
sobre religião e sociedade.

A revisão da perspectiva de Karl Marx se baseou principalmente em obras como


"Para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e "O Capital". Nestas obras, Marx
apresenta uma crítica contundente à religião, considerando-a um reflexo das
relações de classe e um instrumento de dominação ideológica da classe dominante
sobre a classe trabalhadora.

Para compreender a abordagem de Émile Durkheim, foram consultadas obras como


"As Formas Elementares da Vida Religiosa", onde ele investiga as origens e funções
da religião na sociedade, e "Da Divisão do Trabalho Social", que discute a relação
entre solidariedade social e desenvolvimento religioso.

Além das obras específicas de cada autor, também foram revisados artigos
acadêmicos que ofereciam análises críticas e comparativas das teorias de Weber,
Marx e Durkheim sobre a religião, fornecendo uma base sólida para a construção do
conhecimento neste campo de estudo.

Essa revisão bibliográfica permitiu uma compreensão aprofundada das contribuições


desses três sociólogos para o estudo da religião, fornecendo uma base teórica
sólida para a análise comparativa realizada neste trabalho.

4º METODOLOGIA

Para realizar a análise comparativa das abordagens de Max Weber, Karl Marx
e Émile Durkheim sobre a sociologia da religião, foi adotada uma metodologia
qualitativa baseada na revisão crítica da literatura.
Inicialmente, foi realizada uma revisão
sistemática da literatura, utilizando bases de dados acadêmicas e bibliotecas online,
como PubMed, Scopus, Web of Science e Google Scholar, utilizando termos de
pesquisa como "sociologia da religião", "Max Weber", "Karl Marx", "Émile Durkheim"
e "teorias sociológicas".

A seleção dos estudos incluiu artigos acadêmicos, livros e capítulos relevantes


que abordassem as teorias e conceitos-chave de cada autor em relação à religião.

Após a seleção dos materiais, foram analisados os principais argumentos,


conceitos e perspectivas apresentados por Weber, Marx e Durkheim em suas
respectivas obras.

Por fim, os resultados foram sintetizados e comparados, identificando


semelhanças, diferenças e tendências nas abordagens dos três sociólogos em
relação à religião.

Essa abordagem metodológica permitiu uma compreensão aprofundada das


teorias e conceitos de Weber, Marx e Durkheim sobre a religião, contribuindo para
uma análise crítica e reflexiva das dinâmicas sociais e culturais relacionadas ao
fenômeno religioso.
5º ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise dos resultados desta revisão bibliográfica revelou insights


significativos sobre as abordagens de Max Weber, Karl Marx e Émile
Durkheim em relação à sociologia da religião.

Em relação a Max Weber, destacam-se suas análises sobre a relação entre


religião e economia, especialmente em "A Ética Protestante e o Espírito do
Capitalismo", onde ele argumenta que certas doutrinas religiosas, como o
calvinismo, contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo moderno ao
promoverem valores como a ascetismo e a busca pela salvação individual.
Essa visão destacou a importância dos aspectos culturais e religiosos na
formação das estruturas sociais e econômicas.

Por outro lado, Karl Marx apresenta uma crítica contundente à religião,
considerando-a um reflexo das relações de classe e um mecanismo de
dominação ideológica da classe dominante sobre a classe trabalhadora. Em
suas obras, como "Para a Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e "O
Capital", Marx argumenta que a religião serve para perpetuar a alienação e a
exploração capitalista, desviando a atenção dos problemas sociais
fundamentais.

Já Émile Durkheim propõe uma abordagem funcionalista da religião,


destacando seu papel na coesão social e na promoção da solidariedade
comunitária. Em "As Formas Elementares da Vida Religiosa", Durkheim
argumenta que a religião desempenha um papel crucial na manutenção da
ordem social, fornecendo um conjunto compartilhado de crenças e rituais que
fortalecem os laços sociais e promovem o senso de pertencimento e
identidade coletiva.

Ao analisar essas perspectivas em conjunto, podemos observar diferentes


visões sobre o papel e a influência da religião na sociedade, desde suas
contribuições para o desenvolvimento econômico e cultural até suas funções
na coesão social e na reprodução das estruturas de poder. Essas análises
proporcionam uma compreensão mais ampla das dinâmicas sociais e
culturais relacionadas ao fenômeno religioso, enriquecendo o debate
acadêmico sobre o tema.
6º CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das abordagens de Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim sobre a
sociologia da religião revela uma riqueza de perspectivas e insights que contribuem
para uma compreensão mais profunda das complexas interações entre religião e
sociedade. Cada um desses sociólogos ofereceu visões distintas e complementares,
destacando diferentes aspectos do fenômeno religioso e suas implicações para a
vida social.

Por um lado, as reflexões de Weber sobre a ética protestante e o espírito do


capitalismo evidenciam a influência das crenças religiosas na esfera econômica,
enfatizando a importância dos valores culturais e religiosos na formação das
estruturas sociais e econômicas modernas.

Por outro lado, Marx apresenta uma crítica contundente à religião como um
instrumento de dominação ideológica da classe dominante, destacando seu papel na
perpetuação da alienação e da exploração capitalista. Sua análise enfatiza a
dimensão política e econômica da religião, evidenciando suas conexões com as
relações de poder na sociedade.

Já Durkheim propõe uma abordagem funcionalista da religião, enfatizando seu papel


na coesão social e na promoção da solidariedade comunitária. Sua teoria destaca a
importância dos rituais e crenças religiosas na manutenção da ordem social e na
promoção do bem-estar coletivo.

Ao comparar essas perspectivas, podemos observar uma ampla gama de visões


sobre a religião e suas funções na sociedade, desde sua influência na economia e
na política até sua importância para a coesão social e a identidade cultural. Essas
análises enriquecem nosso entendimento das dinâmicas sociais e culturais
relacionadas à religião e destacam a relevância contínua do estudo sociológico
desse fenômeno para a compreensão da vida social humana.

Em suma, as contribuições de Weber, Marx e Durkheim para a sociologia da religião


oferecem uma base sólida para análises críticas e reflexivas sobre as interações
entre religião e sociedade, promovendo um
debate acadêmico enriquecedor e relevante para os desafios contemporâneos
enfrentados pelas comunidades religiosas e pela sociedade em geral.
6º REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DURKHEIM, Émile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes,
2008.

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996.

Referência bibliográfica completa:

DURKHEIM, Émile. As Formas Elementares da Vida Religiosa. São Paulo: Martins Fontes,
2008.

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004.

WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996.

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