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A vida urbana 1
emerge em África
Bill Freund
Universidade de KwaZulu-Natal
TRADUÇÃO:
Ana Mazzolini
ONU-HABITAT
Céline Veríssimo
¡DALE! / UFBA, MALOCA / UNILA,
PPGPPD e CAU / UNILA, DAMG / UPT
A vida urbana emerge na África
Este texto faz a introdução do livro The African city: a history publi-
cado em 2007 e é, desde então, um marco sobre a história das cidades em
África. Neste artigo, Bill Freund defende e mostra que a urbanização
africana tem origem pré-colonial, desconstruindo o mito de que a cidade
é uma invenção europeia, acrescentando, ainda, que “África é o cenário
ideal para estudar os primórdios da urbanização”. O autor segue expli-
cando a génese sagrada da cidade africana pré-colonial, cuja importância
superava de longe a dimensão económica. Freund dá-nos uma ideia das ci-
Resumo dades nas várias regiões do continente, desde antes dos faraós do antigo
Império Egípcio até ao séc. XX, com base numa rica e crítica informação
obtida de várias fontes e de variadas épocas, embora na sua maioria de
autores europeus, inclui autores africanos importantes, aborda muitas
questões e reforça que o futuro das sociedades e das culturas africanas
provavelmente passará muito pelas cidades(Por não haver resumo no texto
original, este foi feito pelos editores).
Palavras-chave: cidades africanas, história das cidades,
África pré-colonial, espaços sagrados, urbanização.
Este artigo não segue uma ordem cronológica. As suas primeiras páginas mover-se-
-ão espacialmente para norte e concentradas nos diferentes tipos de assentamentos
urbanos anteriores, assentamentos com poucas evidências de influência externa a
África. Tais tipologias estão longe de serem mutuamente exclusivas, mas os exemplos
dados tencionam destacar aspectos específicos, de uma forma mais clara. Em termos
de janela temporal, voltaremos até cinco mil anos para trás, para o Antigo Reino do
Egito - mas, onde tais assentamentos mostram pouca evidência de influência das
redes globais cada vez mais comercializadas em contacto com o Ocidente, alguns dos
meus exemplos são de data relativamente recente, incluindo o primeiro que irei dar.
p. 111
Na segunda metade do artigo a narrativa chegará mais perto de seguir uma ordem
convencional no tempo, e as principais influências externas assimiladas em experiência
africana - grega, púnica, romana e islâmica, assim como sistemas-mundo subglobais
iniciais - serão trazidas. Neste ponto, o carácter urbano torna-se incontestável: a eco-
nomia tornou-se mais variada e envolveu uma especialização intensificada. A vida
urbana dependia de excedentes agrícolas sistemáticos, provenientes de fora, definindo
parcialmente as relações urbano-rural. Uma definitiva e distinta cultura urbana emergia
dentro do sistema. Fosse por incorporação, conquista ou outros meios de mudança, isto
fez com que se desse uma mudança evolutiva no Norte de África nos três primeiros
casos e, muito mais amplamente, no quarto. As características urbanas típicas destes
sistemas serão destacadas nas descrições da segunda metade do artigo.
Não há uma explicação direta para o que aconteceu. As agro-cidades são certa-
mente emblemáticas do poder de chefes, reunindo uma variedade de pessoas sob
o seu domínio. Na verdade, a estrutura das cidades assemelhava-se a um conjunto
de aldeias, com base na descendência e afiliação a um chefe ou ancião. Uma ca-
racterística peculiar era o espaço para o Kgvda, um local de encontro comunitário e
cerimonial que simbolicamente define o que o termo comunidade significa para os
tswana. Contudo, os chefes tswana não eram incomensuravelmente poderosos, nem
era esta a única maneira de um chefe em África conseguir obter submissão. Em certa
medida, a necessidade de defesa pode ter sido um fator para que se reunisse um
grande número de pessoas. O tamanho de uma população aglomerada num campo
aberto representa um formidável impedimento para qualquer tipo de invasão. Da
mesma forma, a concentração estava certamente relacionada a escolhas ecológicas.
Um bom abastecimento de água e a presença de uma colina proeminente, eram as
características típicas dos grandes assentamentos. De forma alguma, porém, a eco-
nomia tswana poderia ser considerada tão rica ao ponto de apoiar a urbanização no
sentido de um excedente que pudesse sustentar muitos produtores não-agrícolas. Os
membros da família, principalmente as mulheres, tiveram de espalhar-se de maneira
dispersa no território, para cultivar e colher alimentos. Os homens jovens passavam a
maior parte do tempo a viver em postos de gado, mantidos a uma longa distância da
cidade, muitas vezes em terras demasiado secas para suportar agricultura.
p. 114 Mais para norte estão as ruínas do que chamamos de Grande Zimbabué, não muito
longe da moderna cidade de Masvingo, no Zimbabué. Aqui, existem ruínas estetica-
mente incríveis - uma maravilhosa torre circular, muros altos, por vezes moldados
para permitir a construção por etapas, padrões de parede ornamentadas, mostrando
um incrível trabalho de mão-de-obra, construída acima do vale, numa colina que os
primeiros arqueólogos chamaram de Acrópole, onde os bens necessários para a vida
quotidiana teriam de ter sido levados, laboriosamente e diariamente, por carregadores.
Há muito que nada sabemos sobre estas ruínas, mas existem alguns aspectos relativos
a Zimbabué, em que os cientistas parecem concordar. Um deles, é que o vale continha
uma densa comunidade de casas construídas com barro e madeira - no seu auge,
muitas delas eram rebocadas - onde outrora as pessoas viviam. Até quinze mil dessas
pessoas podem ter sido moradores de uma vez só, num assentamento cuja área seria
de setecentos hectares (Huffman, 1996, p. 125). O autor David Beach (1984) imaginou
isto como “uma grande massa de cabanas lotadas que se espalhavam pelo vale entre
os pântanos e subindo as encostas em terraços... basicamente uma construção de
meados do século XIII ao XIV.” (BEACH, 1984, p. 25). As ruínas de pedras, certamente
não eram casas. Os muros, de pouca utilidade para defesa, poderiam, ter servido para
limitar algumas atividades, talvez ofícios sagrados, da população.
Existem inúmeras outras ruínas semelhantes na região, muito mais a oeste, nas
áreas mais secas de Matabeleland e no norte do Botswana, mas nesses lugares a
construção em pedra não foi tão extensa ou impressionante, e a escala dos assenta-
mentos era menor. David Beach (1984) sugere que estas eram dissidências culturais,
talvez estabelecidas por ramos fragmentados de famílias de chefes, com cada vez
menos riqueza ou ligação com o comércio exterior. Essa hipótese parece ainda mais
válida no caso das capitais de chefia shona, descritas por visitantes portugueses do
século XVI, geralmente localizadas mais a norte. A dinastia Mutapa construiu muito
cidades barricadas com pouca ou nenhuma construção de pedra e com mais ênfase
na defesa. Esta dinastia foi, de facto, o poder governante que lucrou com o comércio
de ouro nos seus últimos séculos de existência. Talvez o Grande Zimbabué tenha
sido um tipo de experiência urbana que falhou, em vez de evoluir por um caminho
de maior complexidade e sofisticação. Talvez a ideia de agro-cidade tswana tenha
sido de alguma maneira influenciada por este tipo mais extenso de assentamento e
represente o seu único sucessor decorrente.
p. 116
São Salvador e Gondar
Cerca de um século após o declínio do Grande Zimbabué, o contacto com os
europeus foi um fator gerador na construção de grandiosos territórios urbanos no
interior de África. No entanto, o carácter urbano desses territórios permaneceu in-
completo. Um exemplo foi o de Mbanza Kongo, a capital de um amplo e poderoso
estado, situado a sul do rio Congo, na Angola de hoje, que comercializava com os
portugueses - especialmente escravos - desde o século XV. Os portugueses estavam
particularmente interessados no reino do Congo como um aliado, e não mediram es-
forços para o assimilar no modelo europeu, particularmente em cristianizá-lo. A família
real patrocinou uma cultura cristã literata ao longo de várias gerações e assumiu de
boa vontade algumas formas de estado europeias, na perspectiva dos seus parceiros
comerciais. A capital, sensacionalmente situada num planalto montanhoso, atraiu
principalmente os membros da corte da realeza, mas também se tornou o local de
um conjunto de edifícios cristãos, inicialmente construídos em pedra, sob a direção
de europeus - mas durante algum tempo foi conduzida por africanos que dominavam
as técnicas construtivas - e habitação de monges e padres. Provavelmente, atingiu o
seu apogeu em meados do século XVII.
As terras altas da Etiópia foram, por muitos séculos, o lar de uma sociedade de
classes indígenas de senhores e camponeses. No entanto, embora os assentamentos
comerciais tivessem sem dúvida existido por muito tempo, a urbanização era um fraco
poder. O que acontece se olhar para trás mais mil anos, a partir da época Fasíladas?
Paralelo à existência do Império Romano tardio, houve um reino que se converteu
ao Cristianismo e onde dominava uma língua semítica ancestral aos usos linguísticos
atuais, que se concentrou na cidade de Aksum. Aksum manteve-se de grande impor-
tância por muitos séculos e ressurgiu como um centro cristão e cidade mercantil na
época medieval e mais além. Todavia, o arqueólogo David Phillipson (2000) chegou
recentemente à conclusão que, enquanto:
Até onde sabemos, as pessoas comuns viviam a alguma distância deste núcleo
p. 118 sagrado, perto de campos cultiváveis. Aksum não tinha muros defensivos. A vida co-
mercial do estado de Aksumite deve ter sido considerável (cunhou moedas), mas talvez
pouco tenha avançado nessa antiga cidade africana. O seu papel político e sagrado
refletia, sem dúvida, tradições etíopes ainda mais antigas, que até agora foram apenas
reconhecidas vagamente por arqueólogos.
A própria cidade de Gondar foi importante pela sua associação com a realeza e,
através da realeza, com a igreja e não para atividades comerciais particularmente
significativas. Uma iconografia do sagrado provou essa importância. O recente estudo
de Donald Crummey (2000) regista nada menos que onze importantes igrejas régias
nas proximidades. Crummey também sublinhou que a mudança iniciada pela cons-
trução permanente em Gondar foi menos dramática do que o que um olhar europeu
pode imaginar. No séc. XVII “Gondar era acima de tudo uma residência de Inverno, um
lugar onde a corte real e os seus sempre amplos círculos de lacaios e dependentes
passavam a ‘estação das chuvas’” (CRUMMEY, 2000, p. 74). A génese ambulante do
estado perdurou após o surgimento da construção permanente de Gondar, no século
XIX, durante um período de relativa fraqueza da realeza. Em meados do século XVIII,
o ritmo da vida comercial estava a aumentar e Gondar estava a adquirir maior impor-
tância económica (ao contrário de Mbanza Kongo). A documentação que sobreviveu
indica a crescente frequência de vendas e compras de habitações. As pessoas ricas
começaram a ter uma participação na prosperidade permanente de Gondar, indepen-
dentemente do destino da enfraquecida dinastia real. Este padrão de comercialização,
que começou a transformar as aglomerações populacionais mais antigas em toda a
África do século XIX, se sobreviveram ou não às suas convulsões, irá aparecer mais
2
claramente no próximo capítulo. Gondar e Mbanza Kongo são, em certos aspectos, p. 119
um outro tipo de cidade antiga, comparativamente com as agro-cidades do centro-
-sul africano e os vestígios muralhados do Zimbabué, embora as suas respectivas
evoluções tenham divergido uma da outra.
Não obstante, as cidades egípcias podem ter demonstrado um alto nível de pla-
neamento urbano, refletindo o seu caráter religioso e burocrático, o que causou uma
boa impressão: “As primeiras paisagens a serem vistas, ao chegar à cidade de barco
pelo rio, foram as pontas douradas de centenas de mastros de bandeiras dos templos,
reluzentes como cristais à distância. Depois, à medida que se aproximava, uma miríade
de galhardetes de linho cintilava contra os penhascos púrpura” (ROMER, 1984, p. 4). Os
chefes de estado das cidades no Egito eram, efetivamente, os sacerdotes, e o traçado
do espaço urbano era cuidadosamente pensado. No único exemplo que conhece-
mos - uma antiga cidade egípcia que foi escavada relativamente intacta, Amarna – o
elemento-chave estruturador era uma grande avenida ladeada por templos. Contudo,
existem poucas evidências de interesse na estrutura das áreas residenciais. No início
do Novo Império, por exemplo, Tebas foi o assentamento urbano-chave do Egito e um
lugar de “espetáculo e magnificência” (KEMP, 1989, p. 206), e foi totalmente evacuado
e nivelado de maneira a abrir espaço para novos templos de pedra. A nova - e ainda
sem muros - Tebas, chamada pelos egípcios simplesmente de ‘A Cidade’ ou algo
semelhante a Waset (Tebas foi o nome usado pelos gregos), estendia-se por talvez
quinze quilómetros ao longo do Nilo. A vida comercial das cidades da Mesopotâmia
(hoje, o Iraque) - e com ela espaços incomparavelmente mais privatizados - parece
ter-se desenvolvido milénios antes da civilização ribeirinha do Egito. Tão pouco a
cultura egípcia teve muito espaço para o “urbano” como forma de vida - o imaginário
p. 121
de uma vida de qualidade era associado à vida no campo. Foi muito lentamente que
o mundo económico do comércio e produção de mercadorias quebrou a carapaça
da cultura religiosa egípcia e das estruturas e pessoas, ligadas ao culto religioso.
Existem, portanto, paralelos importantes entre a história da urbanização no Egito e
em outras partes de África, se considerarmos o período de tempo excecionalmente
longo dessa história.
Noutras partes da África Ocidental foram uma vez mais detetados padrões um
pouco diferentes. À medida que viramos para sul e oriente, na direção do território
densamente povoado da Nigéria de hoje em dia, a predileção pela concentração
urbana remonta a tempos bastante mais antigos. Além disso, os elementos conven-
cionalmente urbanos estão em vigor há vários séculos. Nas regiões de savana, os
estados que existiam no séc. XVI, e posteriormente, eram todos associados, pelos
seus nomes, às suas cidades capitais. Kano, a maior das cidades do Norte da Nigéria
contemporânea, pode ser associada particularmente a um planalto sagrado, Dalla
Hill, onde se acreditava que moravam espíritos poderosos. Dalla ergue-se sobre as
imediações, uma área fértil e hoje muitíssimo densamente povoada. Nas proximida-
des, existem fontes particularmente ricas em minério de ferro. Muita terra agrícola
foi delimitada pelos impressionantes muros externos de Kano, que defendiam um
mundo económico ainda não distinto do campo. Na verdade, as cercas muralhadas
definiam vastos territórios em volta de todas as cidades de língua hausa, na savana
central da África Ocidental.
A birni, ou ‘cidade’, tal como uma unidade social distinta, é uma antiga unidade
conceitual estabelecida (mas de que antiguidade?) na língua hausa, bastante diferente
do conceito de aldeia ou aldeamento. Durante séculos, atividades tipicamente urbanas
marcaram o birane. Kano, por exemplo, tornou-se um importante entreposto comer-
cial, um lugar de riqueza cujo regente era simultaneamente a fonte e o controlador
de tal riqueza. Dentro da hierarquia de funcionários convencionalmente exercidos
pela autoridade urbana, existiam figuras que eram essencialmente urbanas nas suas
funções – relacionadas com a boa ordem da cidade ou do mercado. Inicialmente, p. 123
é provável que a supervisão do mercado fosse mulher, refletindo o poder feminino
sobre o comércio.
A formação dos povos, a difusão dos estados e o Islão estão intimamente ligados
à influência dos birni. Para o historiador Abdullahi Smith (1987), o birni deve ter tido,
por definição, muros (SMITH, 1987). A autoridade política e a defesa foram, de facto,
atributos-chave na definição de cidade. A outra característica é a composição da
população: qualquer birni conteria diferentes quarteirões habitados por diferentes
povos. O sarki, ou regente, não podia ser um chefe tribal. Por definição, ele manteria
a autoridade sobre vários povos. A arqueologia nigeriana não é avançada o suficiente
para sugerir quando o birane surgiu, mas a sugestão de Smith é que eles tenham
vindo a evoluir desde a época do Gana e dos primeiros assentamentos urbanos ou
semiurbanos em torno de Djenné e Timbuktu, portanto na época equivalente à Idade
Média europeia, ou até ligeiramente antes. Os muros de Kano e de Zaria (que envolvem
Kufena, um impressionante monte elevado comparável a Dalla) remontam ao séc. XV
e provavelmente tinham fundações ainda mais antigas. É impossível dizer como eram
as primeiras aglomerações urbanas, mas há muito que estas já tinham desenvolvido
formas urbanas convencionais, embora distintas entre si.
p. 125
O sociólogo britânico John Peel (1983) forneceu-nos um olhar mais atento sobre
uma cidade yorubá menos conhecida, Ilesha, que continha uma população de vinte a
vinte e cinco mil pessoas no final do século XIX, um período de declínio (PEEL, 1983).
Ilesha pode ser melhor definida como o centro de um estado, uma capital política e
sagrada rica em túmulos e santuários reais que compreendia uma grande variedade
de bairros, geralmente dominados por importantes grandes famílias e frequentemente
associados a linhagens específicas. Um sistema de cargos e títulos vinculava os deve-
res políticos e administrativos dos membros do estado. Pela situação de tal bairro, os
indivíduos podem ser descritos precisamente como pessoas pertencentes à cidade,
como cidadãos. É claro que a maioria da população era composta de dependentes
domésticos, certamente no século XIX, sendo os escravos muito numerosos, estes
não eram cidadãos. Contudo, Peel prefere ver o paralelo com uma pólis grega de
cidadãos livres, em vez de uma aristocracia, controlando “escravos... homens jovens...
estrangeiros... comunidades subordinadas, para não falar das mulheres” (PEEL, 1983, p.
45) - revelava assim a mesma ambiguidade oculta no urbanismo e na cidadania grega
como conceitos. Um estudo de história da cidade revela também tudo menos harmonia:
conflitos violentos entre bairros - o ija igbooro - marcavam a história da cidade.
Na sua massiva história de Asante, Ivor Wilks coloca, de longe, o maior peso na
cultura política da região ao explicar o crescimento de Kumase. No seu apogeu, Asante
foi uma cidade muito ativa comercialmente, negociando ouro e nozes de kola por lon-
gas distâncias. Mas o comércio não era principalmente feito em Kumase. E Kintampo,
a grande cidade mercantil que lidava com o comércio do norte, parece ter sido uma
cidade de habitações relativamente efémeras e de pouco peso político. Kumase era
uma cidade, mas que dependia muito unilateralmente da imposição física e priori-
dades de um rei poderoso. É difícil de entender o contrário, como um espaço urbano
(WILKS, 1975). De um modo geral, vários tipos de assentamentos urbanos evoluíram
admiravelmente ao longo do tempo na África Ocidental com semelhanças e também
diferenças significativas.
A cidade foi organizada de acordo com um plano que dividia bairros distintos - de
Alpha a Epsilon - por largas avenidas e continha excelentes exemplos de todas as
instalações públicas apreciadas no mundo urbano grego, um estádio, um hipódromo
(com fações de alguma forma equivalentes aos modernos adeptos de clubes des-
portivos), um teatro, um mercado e muitos templos. Muitos destes equipamentos
eram municipais e constituíam uma fonte de receita para o estado local, que também
cobrava impostos de mercado. No segundo século d.C., Alexandria foi reconstruída
segundo linhas mais romanas e “a elite urbana incorporou Roma na vida ritual da cidade
e transformou a paisagem urbana para [lhe] dar um aspeto mais clássico” (ALSTON,
2002, p. 247). O porto caracterizava-se por uma arquitetura grandiosa, enquanto um
massivo sistema de cisternas, algumas ainda existentes, fornecia água através de
um canal de água doce. Existiam assentamentos mais pequenos nos arredores, que
deviam estar incumbidos de abastecer esta antiga megalópole, assim como estâncias
balneares.
Cartago tem origens que remontam um pouco mais longe. Esta grande cidade foi
fundada pelos fenícios, os libaneses do mundo antigo, que articulavam comércio com
assentamento e tiveram o Mediterrâneo Ocidental como o seu campo de expansão
de eleição, talvez já desde 800 a.C. A cidade de Cartago, que manteve fortes laços
filiais com as cidades da Fenícia - o nome era uma transliteração grega das palavras
“cidade nova” - e continuou a reverenciar os seus deuses com sacrifícios humanos e p. 131
de outras formas, era o centro dinâmico da sua expansão. A cidade gerou cidades-
-satélite e entrepostos comerciais desde a Tunísia moderna para oeste, em Espanha
e nas ilhas do Mediterrâneo Ocidental, bem como no continente africano. A partir de
Cartago, a língua púnica, bem como as formas religiosas semíticas, espalharam-se
pelo ocidente do Norte de África, e ambas conservaram importância, muito depois
dos romanos terem destruído Cartago em 146 a.C. Cartago também era muito grande,
uma cidade que as atuais investigações estimam ter tido uma população de cem mil
pessoas (talvez fosse o dobro desse número no momento da sua destruição), com
uma poderosa vocação comercial e uma ampla gama de especialização económica.
A génese do seu comércio consistia em produtos naturais, tais como vinho e azeite.
A partir do século V a.C., começou a emitir moedas. Cartago tinha edifícios de vários
andares e desenvolveu um sistema de aquedutos e tanques para abastecer água aos
moradores. O seu governo era dominado por um Senado ou Conselho, mas existia
uma assembleia geral muito mais representativa, assim como a contínua ameaça à
governação popular pelos jogos de poder dos generais arrogantes, tal como em Roma.
Da mesma forma como em Roma, a influência grega em Cartago era muito forte na
decoração e na arquitetura, bem como na vida cívica. No entanto, e neste sentido
comum a algumas outras culturas de língua semítica, existia um forte preconceito
contra as imagens realistas na cultura cartaginesa - por isso, restaram poucos vestígios
de interesse artístico. A religião de Cartago concentrava-se no poder cívico e lealdade,
em contraste com o antigo contexto egípcio, segundo o qual, o culto nos templos tinha
substituído qualquer outro propósito urbano. No princípio, Cartago era uma espécie
de cidade-ilha, ligada a uma rede de cidades comerciais por todo o Mediterrâneo
Ocidental, com uma interação relativamente pouco aprofundada com a população
africana. Mas, com o passar do tempo, Cartago despertou imitações nas capitais dos
governantes de língua berber mais a oeste, enquanto governava de forma direta uma
população “nativa” - que falava púnico e tentava absorver elementos da sua cultura.
Após a conquista romana, uma rede tipicamente romana de cidades surgiu nesta
zona de África. Por toda a parte estas cidades tinham as características de cidades
imperiais - fóruns, mercados, aquedutos, templos, locais de encontro públicos, gi-
násios, banhos, bibliotecas, cemitérios, estádios e assim por diante, enquanto que,
pelo menos as partes baixas e férteis da região, eram incorporadas num império que
definia a boa ordem e a vida civilizada, como urbana. Depois do século IV, a maioria
destes centros provinciais entrou em forte declínio ou desapareceu com a queda da
autoridade romana.
p. 132
Cidades islâmicas
Do ponto de vista continental, por mais impressionante que seja este novo de-
senvolvimento na perspectiva da construção de uma história urbana, parece-se no
nosso olhar distante como uma primeira etapa, que foi seguida por uma outra, muito
mais longa e abrangente, envolvendo a influência de uma nova religião - o Islão. O
Islão teve amplas implicações culturais. É uma religião na qual o comércio podia
florescer: fornecia uma garantia que permitia aos comerciantes chegar em segurança
a zonas costeiras distantes e estabelecer vínculos de comunidade intelectual e de
confiança através da fé. Também é uma religião onde a sociedade urbana é admirada
e considerada como modelo de uma vida boa. Os viajantes islâmicos quase sempre
enriquecem os seus relatos com uma atenta descrição de devoção e boa moral - ou
de outra forma - dos moradores da cidade. Para Ibn Battuta, que visitou Kilwa no
século XIV, a devoção do governante, o estado da aprendizagem, a conservação das
mesquitas - foram as mais importantes características de todas a serem comentadas.
Obviamente, a religião islâmica atraiu povos camponeses e nómadas, assim como
moradores urbanos, mas o caminho certo para a prática Islâmica era idealmente cen-
trado na cidade, através de um regime ordenado para o respeito dos seus preceitos.
período maior do que qualquer outra na Europa da época. No entanto, com a expansão
do Islão durante muitos séculos, as cidades muçulmanas desenvolveram-se também
em outras partes de África, como em Harar, nos limites das montanhas da Etiópia.
Na África Ocidental, muito antes da época de Zanzibar, o Islão andou de mão dada
com o crescimento do comércio transaariano e adquiriu raízes locais cada vez mais
profundas. O resultado foi tanto a transformação, em parte por acréscimo, de cidades
existentes, tais como Kano ou Djenne, que adquiriram registos gerais do modelo das
cidades Islâmicas, mas sem dúvida também, características enraizadas do urbanismo
pré-islâmico.
Em segundo lugar, Fez teve uma vida económica complexa e importante. Em-
bora as famílias de Fez costumassem possuir jardins fora da cidade, estes lugares
não eram propriamente locais de produção agrícola. Era habitual que os alimentos
fossem levados de casa para os jardins quando a família quisesse ali comer. Em vez
disso, os alimentos eram comprados e parcialmente processados, coletivamente e
comercialmente. A cidade de Fez teve grandes mercados e dependia de uma agricul-
tura comercializada na zona rural circundante para se abastecer de alimentos. Como
resultado da sua evolução histórica, Fez era composta por duas cidades fisicamente
distintas, uma dominada pelo palácio, os militares e o estado (Fez Jdid), e a outra, a Fez
antiga - a cidade do povo de Fez - ainda mais virada para a produção e o comércio.
Uma infinidade de ofícios era característica em Fez, organizados em corporações
que controlavam o acesso à aprendizagem, não muito diferente das práticas euro-
peias mais antigas. Tinham um caráter tão social, quanto profissional. Ao contrário da
Europa, no entanto, as corporações não se juntaram para tentar governar a cidade.
Isso era considerado uma violação à boa gestão do estado, como um todo. O ofício
mais comum, a tecelagem, tinha lugar em cerca de quinhentas oficinas. Parte da
produção artesanal de Fez tinha grande circulação em Marrocos e, até certo ponto,
mais além, e alguns dependiam de abastecimentos provenientes de outros lugares
(têxteis especializados da Europa, ouro da África Ocidental).
Fez não tinha um verdadeiro sistema de autogoverno, comparável aos das cidades
clássicas do Mediterrâneo. No entanto, a lei da boa ordem era um dever importante
do estado. Havia um governador que mantinha a ordem e controlava o policiamento,
um cadi, que servia como juiz e administrador religioso, e um muhtasib, que presidia
à moral da cidade - lidando com pequenas disputas, regulando pesos e medidas, e
assim por diante. Num nível mais perto da base social, estavam os bairros das perso-
nalidades que mediavam as necessidades populares com os funcionários do estado.
Um atributo fundamental da administração de Fez, era o excelente abastecimento
de água da cidade, disponível para cozinhar, tomar banho, para fins industriais e para
a eliminação de resíduos - a sua manutenção era central para o funcionamento de p. 137
toda a cidade. Pelo contrário, Le Tourneau (1961) acreditava que a remoção de outros
resíduos era um problema grave que o estado não conseguia resolver.
O Cairo islâmico também consistia em duas cidades distintas nos primeiros séculos:
a fortaleza estabelecida pelo estado, Fustat, e a multidão comercial de al-Qahira,
da qual a cidade acabou recebendo o seu nome. Fustat foi originalmente fundada
em 642 como uma cidade de acampamento, após a conquista árabe do Egito, en-
quanto al-Qahira, fundada em 969, era a cidade comercial que surgiu nos séculos
posteriores. Foi Saladino, no século XII, quem iniciou o processo de construção de
uma grande muralha em volta de ambas as cidades, que cimentou a sua integração
e substituiu as ideias islâmicas originais sobre a função urbana. Nessa altura, o Cairo
tinha-se tornado o lugar de grandes bibliotecas, belas mesquitas, espetaculares re-
presentações cerimoniais e um repositório de artes decorativas. Além disso, embora
o Egito, ao contrário de Marrocos, mantenha até hoje uma população nativa cristã, a
maioria da sua população era então islamizada, o que também facilitou a integração
da cidade. No Egito, os cristãos e judeus ficaram em grande medida confinados em
bairros diferentes, onde os seus representantes administravam
a justiça local no que
dizia respeito às rixas da vida quotidiana.
Se as casas dos mais abastados tinham algum adorno externo nas formas de
portas esculpidas, de forma geral o conforto e a riqueza concentravam-se nos pátios
internos e nos corredores totalmente escondidos do público. No entanto, a densidade
da vida urbana era tal que, no século XII, muitas pessoas da classe média viviam em
p. 138 blocos de apartamentos de até sete andares. No período de Mamluk, durante os
séculos XIV e XV, existiam construções ainda mais impressionantes: enormes pousadas
ou acampamentos que ocupavam quarteirões inteiros da cidade, interligados com
complexos de apartamentos nos andares superiores. Cairo era impressionante pelas
suas diversas e complexas instituições sociais, tais como al-Azhar, o complexo da
mesquita que servia de universidade teológica internacional, ou o maristan (hospital)
de Qalawun que datava a partir do século XIII. Este hospital, dividido em duas zonas
diferentes por género dos pacientes, podia alimentar e manter limpos os leitos de um
grande número de pessoas, e nele havia médicos cujo trabalho estava vinculado ao
hospital. Diz-se que aí chegavam cerca de quatro mil pacientes por dia. A estrutura
estava ligada a uma madraça e a um mausoléu que sobrevive até hoje.
O Cairo não tinha bairros pobres da maneira como são considerados pelos urba-
nistas modernos. Era uma cidade onde a maioria dos pobres vivia de forma integrada
com as famílias mais influentes, como servos e escravos. No entanto, se as evidências
posteriores puderem ser extrapoladas para trás, a periferia urbana abrigava migrantes
e pobres que pelo menos nos últimos tempos moravam em complexos de pátios
superlotados, de propriedade privada de senhorios. Le Tourneau vê esses migrantes,
também encontrados em Fez, como potenciais novos participantes da cidade, com
boas possibilidades de serem integrados ao longo do tempo, nos mundos comercial
e artesanal.
Cidades como Fez e Cairo foram por vezes atingidas por pragas terríveis, embora
nenhum desses desastres pareça ter criado devastação a ponto de impedir o cresci-
mento das cidades por longos períodos de tempo. A água era uma questão vital para
o Cairo. As fontes da cidade eram um serviço fundamental para a população. O tráfego
de rodas não era permitido na cidade, onde os carregamentos de mercadorias, bem
como o da água, dependiam de um suprimento intensivo que era feito por burros.
Havia burros para alugar em todos os lugares, o que não é surpreendente, dado o
tamanho da cidade. Talvez quinze mil burros fossem enviados, duas vezes por dia,
do rio para fornecer água para a cidade. Observar o Nilómetro, que media a altura
do rio mediante as oscilações sazonais, foi outra atividade importante. Tanto Fustat,
quanto al-Qahira, foram construídos bem a leste do rio, que tendia a desviar os seus
canais sempre mais para aquela direção, levando a grandes desafios em termos de
abastecimento de água. A gestão dos resíduos sólidos foi também uma grande preo-
cupação. Ocasionalmente eram organizadas grandes limpezas nas ruas principais,
mas não havia um meio sistemático para lidar com o lixo. De noite, era suposto os
donos de casa acenderem velas, para aumentar a segurança nas ruas. Na verdade, p. 139
a cidade do Cairo tinha uma reputação de baixos índices de criminalidade. As ruas
dos bairros não eram frequentadas por estranhos depois de escurecer, e o hara já
costumava estar fechado.
Ao mesmo tempo, as divisões internas nas cidades eram muitas vezes profícuas.
As cidades Islâmicas tinham geralmente bairros definidos segundo as etnias ou ofícios
específicos, e que podem mostrar ou explorar profundas divisões culturais. Smith
(1987) apontou, para as cidades do atual norte da Nigéria, que a justaposição de
bairros étnicos ajudou a definir e a motivar a vida urbana (SMITH, 1987). Por volta do
século XV, a sub-comunidade mais dramaticamente segregada de Fez, era a dos
judeus, posteriormente removidos, aparentemente após uma história de disputas, da
cidade velha para a cidade real, onde começaram a viver num gueto - mellah, e eram
associados a determinados negócios, como trabalhar com metais preciosos e algumas
formas de comércio. Mas os primórdios de Fez (cuja fundação foi no século IX) tinham,
de facto, duas fações rivais bem distintas, uma relacionada com Kairouan, virada para
leste, e a outra com Al-Andalus, em Espanha, virada para norte. As relações entre as
duas fações costumavam ser tensas e podiam levar à violência. Esta divisão básica foi
eliminada pela unificação no século XI; no entanto, embora largas avenidas ligassem
p. 140 as principais zonas de Fez, era ainda difícil progredir ao longo das estradas estreitas
construídas apenas para pedestres e mulas. Os bairros permaneceram fortemente de-
marcados através de subdivisões culturais importantes. Até mesmo algumas avenidas
de ligação eram fechadas após o anoitecer ou em outras ocasiões. Os festivais e as
lutas organizadas entre jovens eram estruturados em termos de bairros específicos,
mantendo vivas as rivalidades.
Essas formas sociais ecoam na cidade do Cairo, mas são igualmente as mais im-
portantes características que o antropólogo dos EUA, Horace Miner (1953), relatou
sobre Timbuktu, na região desértica do atual Mali, quando pesquisou esta cidade, na
véspera da Segunda Guerra Mundial, uma época que, aparentemente, preservava
muitas características antigas. Uma separação étnica tripla (mediada, obviamente, pelo
domínio imperial francês) caracterizava a vida social, embora os três grupos fossem
muçulmanos. O relato de Miner contém uma descrição fascinante de uma forma
tradicional de futebol, onde as rivalidades entre os grupos recebiam expressão legí-
tima, mas muitas vezes violenta. O intercasamento (ao contrário das relações sexuais
com fins comerciais) entre os diferentes grupos era raro, embora um desses grupos
devesse a sua formação original a uniões entre norte-africanos, soldados marroquinos
e mulheres shongay da África Ocidental e assim foi definida (MINER, 1953).
Sobre o Grande Zimbabué e o seu contexto, ver D. N. Beach, Zimbabwe Before 1900
(Gweru: Mambo Press, 1984); P. S. Garlake, Life at Great Zimbabwe (Gweru: Mambo Press,
1984); Martin Hall, The Changing Past: Farmers, Kings and Traders in Southern Africa 200-
1860 (Cape Town & Johannesburg: David Philip, 1987), e Thomas Huffman, Snakes and
Crocodiles: Power and Symbolism in Ancient Zimbabwe (Joanesburgo: Witwatersrand
University Press, 1996). Sobre as agro-cidades do Botswana, devo muito a Neil Parsons,
“Settlement in East-Central Botswana c. 1820-1900” em R. Renee Hitchcock & Mary
Smith, orgs., Settlement in Botswana: the historical development of a human landscape
(Marshalltown: Heinemann, 1982).
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Currey & Heinemann, 2000.
Notas
1 Nota dos editores: A versão original deste artigo foi publicada em 2007 com o título
Urban life emerges in Africa no livro The African City: A History, da autoria de Bill
Freund e publicado pela Cambridge University Press. Os diz de publicação e reprodução são
propriedade da Cambridge University Press. Agradecemos a Robert Morrell, representante
literário de Bill Freund, que intermediou e financiou a autorização da editora Cambridge
University Press para tradução deste capítulo para Português. Este artigo foi traduzido para
o português de Portugal. Os editores decidiram acolher neste dossiê as múltiplas grafias da
língua portuguesa, conforme é escrita em cada um dos países lusófonos.