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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB

COMENTÁRIO:
CAPÍTULO I DO LIVRO: HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA I
CAPÍTULO II DO LIVRO: HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA II

Trabalho apresentado a Universidade


Estadual do Sudoeste da Bahia como
avaliação da disciplina: Tópicos de História
da África I, sob a orientação da Prof.ª
Graziele Novato.

VITÓRIA DA CONQUISTA
JULHO/2012

COMENTÁRIO DO CAPÍTULO I DO LIVRO: HISTÓRIA GERAL DA


ÁFRICA I: METODOLOGIA E PRÉ-HISTÓRIA DA ÁFRICA.
A EVOLUÇÃO DA HISTORIOGRAFIA DA ÁFRICA

De acordo com J.D. Fage autor do capítulo I: A evolução da históriografia da


África, contido no livro História Geral da África vol. 01, os primeiros trabalhos sobra a
história da África são tão antigos quanto o início da história escrita. A história do norte
da África tornou-se parte essencial dos estudos históricos até o século XVI, devido a
expansão do Império Otomano.
Em 1798, com a expansão liderada por Napoleão Bonaparte, o norte do
continente africano tornou-se objeto de estudo que não poderia ser negligenciado nesta
abordagem. Entretanto, com a expansão do poder colonial europeu, a conquista
francesa da Argélia em 1830 e a ocupação britânica do Egito em 1882, o ponto de vista
colonial passou a dominar as produções sobre a história da África.
A partir de 1930, com o movimento modernizador do islã e os movimentos
nacionalistas norte-africanos, tem-se início a produção de obras em francês e inglês,
restabelecendo os estudos históricos desta região norte da África. As informações
fornecidas pelos antigos autores sobre a história da África ocidental eram raras e
esporádicas, descrevendo apenas sobre poucas viagens que ocorreram através do Saara..
Em sua abordagem, J.D. Fage aponta que, Ibn Khaldun (1332-1406) foi um
importante historiador africano, podendo roubar de Heródoto a título de “pai da
história”, apontando em suas obras a história como um fenômeno cíclico. Assim como
Marc Bloch, que se utiliza dessa concepção para explicar sobre a história da Europa no
início da Idade Média.
Em um capítulo de suas obras, Ibn Khaldun faz referência à história do Mali.
Este capítulo foi fundamentado na tradição oral e permanece na atualidade como uma
das bases essenciais de estudo sobre este Estado africano. Para o autor, quando o Islã
atravessou o Saara, trouxe consigo a escrita árabe, desta forma, os africanos passaram a
utilizar textos escritos e associados à oralidade para conservar sua história. As principais
obras deste período fazem relatos dos acontecimentos de sua época e de períodos
anteriores, com riqueza de detalhes e sem omitir a análise e a interpretação, evocando a
tradição oral referente a períodos mais antigos.
As obras históricas escritas em árabe não se limitavam as regiões da África que
foram islamizadas. De acordo com J.D. Fage, pesquisas recentes apontam que, existem
manuscritos árabes provenientes dessa região e de regiões vizinhas.
No decorrer do século XV, os europeus começaram a manter contato com as
regiões costeiras da África tropical. Essa relação desencadeou a produção de preciosas
fontes de estudo para os historiadores modernos. A costa da Guiné foi à primeira região
da África tropical descoberta pelos europeus e se tornou tema de obras que surgiram a
partir de 1460.
Grande parte deste material possui um importante valor histórico. Em algumas
das obras escritas neste período, existe um abundante material historiográfico, pois a
maioria dos autores não eram observadores diretos. No entanto, os objetivos destes
autores era descrever a situação contemporânea do que fazer história. Somente agora,
depois que boa parte da história da África foi reconstituída, pode-se avaliar estas
produções de maneira crítica e verdadeira.
Nas regiões que existiram o interesse por parte dos europeus entre os séculos
XVI e XVII tornaram-se campo de atividade dos primeiros esforços missionários.
Desde que os africanos se dispusessem a fornecer as mercadorias que os europeus
desejavam comprar, os negociantes não iriam lutar para mudar as características da
sociedade africana, contentavam-se em apenas observá-la. Entretanto, em sua
totalidade, a sociedade africana tradicional não estava disposta a fornecer o que os
europeus desejavam, e por essa resistência sofreram inúmeras pressões e mudanças
drásticas.
De acordo com o autor, a partir do século XVII, a África Tropical passou a
receber dos historiadores europeus um pouco mais de atenção, devido o surgimento de
algumas novas produções e ensaios monográficos. Vale ressaltar que, a Europa baseava-
se na herança greco-romana como única. Consequentemente, a história européia era
tratada como superior, a história das outras sociedades não tinha nenhuma importância,
desmerecendo por completo a história africana. Para comprovar essa afirmação, em sua
feliz abordagem, J.D. Fage aponta a posição de Hegel em relação à África: “A África
não é um continente histórico: ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento”
“o povos negros são incapazes de desenvolver e de receber uma educação. Eles sempre
foram tal como vemos hoje”. Esta concepção de Hegel foi aceita pela ortodoxia
histórica do século XIX. Muitos historiadores europeus apegavam-se no fundamento de
que, os povos africanos não possuíam uma história digna de ser estudada. Tais
características deixam claro o tamanho do preconceito que perdura e permanece vivo
em nossa sociedade atual.
O mito disseminado pelos europeus de que os povos de pele negra eram
inferiores aos de pele clara, diz respeito apenas a uma pequena parte do enorme
preconceito existente na Europa durante o final do século XIX e início do século XX.
Para os europeus, a sua superioridade em relação à África estava confirmada por sua
“conquista colonial”.
De acordo com J.D. Fage, o crescimento de interesses europeus sobre a África
proporcionou aos africanos uma grande variedade de culturas escritas. Desta maneira, os
africanos que haviam aprendido a ler o alfabeto latino sentiram necessidade de escrever o que
conheciam da história de sue povos, para evitar que sua história viesse a ser manipulada pelos
europeus. Com o passar do tempo, numa escala mais reduzida, os africanos continuaram
registrando as tradições locais de maneira confiável, florescendo em Uganda uma escola de
importantes historiadores locais desta época, cuja primeira obra foi publicada em 1906.
A partir de 1948, a historiografia da África vai progressivamente se assemelhando a
história de qualquer parte do mundo. Entretanto, é evidente que ela possui problemas
específicos tais como: a escassez de fontes escritas durante os períodos antigos e a necessidade
de utilizar-se de outras fontes como a tradição oral, a linguística e a arqueologia. Entretanto,
certos países da América Latina, Ásia e Europa possuem problemas semelhantes.
É de extrema importância ressaltar que, nos últimos 25 anos, equipes de
universitários africanos vem se dedicando a história de suas nações. Contudo, esta
evolução positiva seria impossível sem o processo de libertação da África sobre a
opressão colonial. A independência de muitos países africanos contribui para este
processo que retoma o contato com sua própria história.
É importante compreender que, J.D. Fage contribui incisivamente no que diz
respeito à compreensão sobre a produção historiográfica africana. Essa história por
muito tem foi esquecida, desvalorizada, subestimada. Entretanto, as produções
contemporâneas têm avançado em relação ao grau de confiabilidade e ao estudo de
novas perspectivas, valorizando as características africanas e fazendo uso da oralidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
KI-ZERBOO, Joseph et. al. História geral da África I: Metodologia e pré-história
da África. 2 ed. – Brasília : UNESCO, 2010.
COMENTÁRIO DO CAPÍTULO II DO LIVRO: HISTÓRIA GERAL DA
ÁFRICA II: ÁFRICA ANTIGA.
O EGITO FARAÔNICO

De acordo com A. Abur Bakr, autor do capítulo II: O Egito Faraônico, contido
no livro História Geral da África vol. II, o fim da diminuição das chuvas na África
Saariana levou a população nômade a imigrar para o Vale do Nilo. Subtende-se que, o
primeiro povoamento efetivo do Vale do Nilo tenha ocorrido no início do Neolítico.
Comparado ao imenso continente que faz parte, o Egito é um país pequeno. De
início, a população que por ali passou a habitar, devido a diversidade de origens, havia
isolado os grupos que se fixaram ao longo do vale. Entretanto, o Nilo proporcionava um
meio de comunicação natural entre as diferentes localidades que se situavam em suas
margens. Aos poucos, as vantagens de utilização dos canais de irrigação levaram os
egípcios ao desenvolvimento de uma estrutura política em cada província.
De acordo com a teoria da realeza, o faraó era responsável pelo Estado e por
todas as atividades do país. Entretanto, necessitavam de representantes para executar
suas tarefas divinas. Durante toda a história do Antigo Egito, a arte e a literatura
representaram o faraó através de um ideal estereotipado. As nações antigas tinham
grande interesse pelas crenças egípcias. Para A. Abur Bakr, a veneração pela sabedoria
egípcia contribuiu para o desaparecimento das religiões politeístas.
Os primeiros egípcios viam força divina no sol, lua, estrelas, e nas cheias do
Nilo. As divindades eram representadas sob forma humana ou animal, o culto a estes
deuses não se limitava a uma forma específica. Em nenhuma nação antiga ou moderna,
a idéia de uma vida após a morte desempenhou um papel tão importante quanto no
Egito. A crença na vida após a morte foi influenciada pelas condições geográficas,
devido a aridez do solo e o clima quente que asseguravam a conservação dos corpos,
alimentando a convicção de vida após a morte.
A partir da II dinastia, o Egito tornou-se uma nação unificada, esta dinastia foi
fundada pelo rei Zoser. Entretanto, sua fama se tornou obscurecida pela fama de seu
súdito, Imhotep, que vinte e três séculos após sua morte tornou-se o deus da medicina e
realizou obras notáveis como arquiteto, tais como: pirâmides dos degraus e o vasto
complexo funerário construído num área de 15 ha.
A IV dinastia é considerada como um dos pontos mais altos da história egípcia,
devido às vitoriosas campanhas militares, a manutenção do comércio com a Síria e os
grandes empreendimentos de construção executados neste período. A origem da V
dinastia está ligada a influência do clero de Heliópolis, além da construção de muitos
templos. Os faraós desta dinastia concentravam suas atividades na defesa das fronteiras
do Egito e na expansão das relações comerciais com os países vizinhos.
Após a IV dinastia, o antigo império chegou ao fim, dano início ao período de
anarquia denominado como Primeiro período intermediário. Durante este período, o
Egito desintegrou-se, dando início a um período de anarquia, caos social e guerra civil.
É imprescindível destacar a contribuição do autor ao relatar que, durante a
XXVII dinastia, o Egito foi submetido ao poder dos Persas. Posteriormente, a segunda
dominação Persa iniciou-se em -341 e terminou em -332, devido a vitória de Alexandre,
o grande que, invade o Egito após ter derrotado a Pérsia.
No decorrer do capítulo, o autor estabelece as principais características de cada
dinastia existente no Egito, refletindo sobre os valores democráticos, políticos e
religiosos, trazendo informações com grande riqueza de detalhes e extremamente
importantes para que se possa compreender este período da história do Egito. Produções
como esta, são extremamente importantes nos dias atuais, pois trazem reflexão sobre as
abordagens já existentes, como também novas concepções sobre a história do Egito.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
MOKHTAR, Gamal et. al. História geral da África II: África Antiga. 2 ed. Brasília :
UNESCO, 2010.

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