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Historiografia african

 by Benney Muhacha  Fevereiro 20, 2021 in História

Historiografia africana - Sópra-Educação (sopra-educacao.com)

A Historiografia africana é a história da história, a maneira como tem sido escrita e interpretada ao


longo dos tempos visando analisar as várias fases de evolução pois ela é caracterizada por apresentar
grandes disparidades. Existem diferenças entre o Norte e o Sul do Saara, entre a consta e o Interior,
entre o Oriente e o Ocidente que se fizeram sentir na evolução da historiografia Africana.

A evolução da historiografia africana


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Posted by:Fausto JoséPosted atjulho 23, 2020

A evolução da historiografia africana


A evolução histórica do continente africano influenciou a evolução historiográfica, por
ter sido caracterizada por grandes disparidades. Existem diferenças entre o norte e o
sul do Saara, entre a costa e o interior, entre o oriente e o ocidente, etc. – Todas estas
particularidades iriam fazer-se sentir no curso da historiografia africana.

Das origens até ao Século XV


Os primeiros trabalhos sobre a História de África datam da época do surgimento da
escrita (IV milénio a.n.e.). Nessa altura, surgiram no Egipto (e de forma geral em toda a
África do Norte), tal como em todo o oriente, as mais antigas formas de literatura
histórica - as cosmogonias e as mitografias.

A expansão do Islão e o comércio proporcionaram, tanto na Antiguidade como na


Época Medieval, um contexto favorável difusão de ideias, inclusive a nível da História.
O Egipto foi referência nas obras dos autores clássicos como Heródoto e outros.
O resto do continente, que ainda desconhecia a escrita e tinha escassos contactos com
outras civilizações, não produziu muito neste domínio.

O saber era, via de regra, conservado e transmitido por via da oralidade e da


experiência.
Durante este período, o estudo da África tropical foi bastante limitado, e as informações
eram raras e pouco credíveis. Exceptuam-se desta realidade as fontes clássicas sobre
o mar Vermelho e o oceano índico produzidas por mercadores.

Sobre a África ocidental, norte do Sudão e África oriental, as melhores informações dos
séculos XI-XV são da autoria de mercadores árabes como Al-Masu'di (?-950), Al-Bakri
(1014-1094), Al-Idrisi (?-1166), Ibn Battuta (1304-1369), Hassan Ibn Muhammad al
Wazza'n (o Leão Africano 1494-1552), etc.

Embora nos pareça ter havido nesta época algum dinamismo no processo de
elaboração, a verdade é que estas produções não passaram de descrições de regiões
de África a partir das informações possíveis na época.

Não existia, pois, nenhum estudo sistemático sobre as mudanças ocorridas ao longo do
tempo e as informações eram em geral duvidosas.

Um dos primeiros e mais importantes historiadores de Africa foi Ibn Khaldun (1332-
1406). Estudou África e as suas relações com o Mediterrâneo e o Próximo Oriente,
introduziu na História de África o modelo de ciclo e tentou chegar à verdade histórica
através da critica e da comparação. Estudou, igualmente, o Mali, com base na tradição
oral da época.
Quando o Islão, e com ele a escrita, chegou à África oriental, os negros africanos
começaram a conservar a sua História através de textos escritos.
Foi assim que surgiram o Ta'rikh al-Sudan, Ta'rikh al-Fattash, a Crónica de Kano, a
Crónica de Kilwa, etc.

Do século XV até ao século XVIII


No século XV iniciou o contacto dos europeus com a costa africana que deu lugar
produção de obras literárias com algum valor histórico.

Sobre a costa da Guiné e outras regiões de África foram produzidos, especialmente por
missionários, materiais que fornecem testemunhos directos e datados, bem como
compilações de relatos. Porém, também estes são essencialmente descrições sobre a
situação da época e não propriamente História.
Este quadro iria prevalecer até à expansão Otomano no século XVI.

Do século XVIII à princípios do século XX


Desde finais do século XVIII assiste-se a uma nova atitude dos europeus em relação
ao continente africano. Nesta altura regista-se um Certo interesse dos autores
europeus pelas questões africanas. Para este facto, concorreram vários factores
ligados à pretensão expansionista da Europa, nomeadamente a expedição de
Napoleão ao Egipto (1798), a tomada de Argel pela Franca (1830) e a ocupação do
Egipto pela Inglaterra (1882).

A partir do século XVIII, a Europa começaria a prestar uma certa atenção a África. Os
livros europeus começavam a contemplar à Africa com um número considerável de
páginas.
A visão eurocentrista da História resultou da convergência do Renascimento, do
Humanismo e da evolução científica e industrial.
Partindo do que chamavam herança greco-romana única, os eurocentristas julgavam
os objectos, os conhecimentos, o poder e a riqueza da sua sociedade preponderantes;
como tal, julgavam que a civilização europeia devia sobrepor-se as demais;
consequentemente, a sua História era a Chave de todo o conhecimento e a História
dos outros continentes e, em especial, a africana sem nenhuma importância.

Hegel foi muito claro a este respeito quando disse: África não é um continente histórico,
ela não demonstra nem mudança nem desenvolvimento, Este ponto de vista manteve-
se no século XIX e tinha ainda alguns adeptos em pleno século XX.

A nova historia africana


A implantação de uma nova Historia de Africa foi produto de historiadores profissionais
que fizeram dela o objecto do seu ensino e dos seus escritos.

A promoção de uma História de Africa descolonizada começaria por volta de 1947,


quando intelectuais africanos começaram a definir a sua própria concepção em relação
ao passado africano buscando, nele, as fontes de uma identidade cultural negada pelo
colonialismo. Tratava-se já de uma História livre de mitos e de preconceitos
subjectivos.

A partir de meados do século XX foram criadas universidades, dando novo impulso à


História de África. Surgia uma História de Africa comparável à de qualquer outra parte
do mundo.

O início do estudo da História de Africa noutros continentes constituiu, igualmente, um


factor importante para a reestruturação da História africana.
As independências dos países africanos a partir da década de 1960 criaram um
renovado interesse por Africa e uma considerável curiosidade popular.
Portanto, a partir do século XIX, a História de Africa seguiu três correntes principais: o
eurocentrismo, o afrocentrismo e ainda uma corrente intermédia - progressista - que
visava estabelecer um certo equilíbrio entre as duas primeiras claramente radicais em
defesa dos objectivos que perseguem.

Problemas da historiografia africana


O estudo da História tem-se mostrado particularmente difícil para os historiadores,
devido a uma série de factores, Entre esses factores temos a escassez das fontes, as
deficiências em termos de cronologia, a predominância de mitos, etc.

 As fontes
Em termos de documentos escritos, o continente africano é pobre, dai que se diga que
não é possível dar valor à fonte escrita na historiografia africana porque as fontes
escritas que existem são poucas.

Pode-se recorrer a fontes antigas (egípcias, núbias, greco-latinas) árabes, europeias,


africanas recentes (escritas por africanos ou europeus) asiáticas ou americanas.
Nas sociedades africanas, em épocas recuadas só sabiam ler e escrever os escribas e
os monges, enquanto a massa da população e a aristocracia, tal como na Europa, era
analfabeta.

A escassez de fontes escritas podia ser minimizada pelo recurso à arqueologia, mas
não é o que sucede, como veremos mais adiante. As dificuldades no uso da
arqueologia têm a ver com a exiguidade de meios financeiros para suportar os custos
das escavações e também a ausência de especialistas em diferentes ciências
auxiliares, uteis à actividade arqueológica.

 A cronologia
Uma das grandezas básicas para a reconstituição da História é o tempo. Entretanto,
para o caso de África, são muito poucos os registos de datas referentes ao período
anterior à nossa época.

Os africanos sempre consideraram o tempo e tentaram estabelecer formas de


contagem; dai que certos reis, uma vez chegados ao poder, depositavam anualmente
num vaso, pepitas de ouro até à morte, o que permitia contabilizar os anos de reinado.

Ora, este procedimento era insuficiente para uma correcta datação, pois apenas
permite saber quanto tempo o rei esteve no poder ou quantas dinastias governaram um
certo império. Entretanto, não permite saber com precisão o momento em que os
acontecimentos tiveram lugar.

Portanto, qualquer um que se lance na tarefa de reconstituir a História de África terá


como obstáculo a deficiente datação dos acontecimentos.

 Os mitos
Outro grande problema da História africana é o dos mitos, ou seja, as diferentes ideias
que influenciaram a evolução da historiografia africana.
Os diferentes povos que estiveram em Africa e as diferentes transformações
sociopolíticas, económicas e culturais levaram ao aparecimento de diferentes
interpretações do passado africano, com repercussões na historiografia africana.

Um dos mitos foi a ideia, defendida por Georg Hegel em 1830 e que se popularizou na
época, que dizia que além da parte Norte, a Africa não ter movimento histórico, é a-
Histórica. Acredita na passividade histórica dos povos africanos e dos povos negros em
particular.

Esta forma de pensar influenciou sobremaneira a elaboração da História africana nos


séculos XIX e XX, falseando as perspectivas em favor de uma concepção eurocêntrica
da História, que se difundiu por todo o lado, mesmo nos países que nunca tinham sido
colonizados.
Hoje, essa visão tende a desaparecer; contudo, prevalece ainda em muitos
historiadores, tanto no ocidente como fora dele.

O período colonial e o pós-independência geraram, igualmente, novos pontos de vista;


naturalmente, este aspecto dificulta o estudo da História deste continente.
Portanto, ao estudar a História de África, o historiador deve estar sempre atento ao
perigo de manipulação de fontes resultante da influência dos mitos.

Tarefas da história africana


Entre os principais desafios dos historiadores africanos coloca-se a produção de uma
História cada vez mais isenta e objectiva. Assim, uma das principais tarefas da História
africana é a desmistificação da História.

Os historiadores africanos, desde meados do século XX, começaram a tentar uma


História do mundo verídica, na qual Africa e os outros continentes fossem vistos na
mesma dimensão e ocupassem o seu verdadeiro lugar no plano internacional.

Para esta reversão, o papel dos historiadores africanos é particularmente importante,


por ter sido a História de Africa a mais negligenciada e desfigurada pelo racismo no
século XIX e nos princípios do XX.

O esforço tendente a descolonizar a História de Africa incluiu a modificação dos juízos


de valor, invertendo os papéis entre os intervenientes da História de África. Os agentes
coloniais, que antes eram vistos como heróis ao serviço da civilização em marcha,
passaram a cruéis exploradores, enquanto o africano passava a vítima inocente.
Métodos da historiografia africana
Tendo em conta as condições especificas do seu desenvolvimento, nos últimos anos a
História de África caminhou busca de novos métodos, com vista a alcançar, no seu
estudo, zonas não suficientemente exploradas.

Neste sentido, há a destacar os progressos da História analítica (História de campo,


que não depende apenas dos arquivos) para a História colonial e pré-colonial, cuja
documentação é rara. O facto de os arquivos coloniais terem sido criados e mantidos
por estrangeiros e, naturalmente, incorporarem os preconceitos dos seus autores, torna
ainda mais importante a busca de métodos que libertem a História dos arquivos.

Portanto, ao historiador africano impõe-se o recurso a outras fontes (que não as


escritas), como é o caso da informação oral, sob o risco de chegar a resultados
desastrosos.
Os historiadores de África fizeram um trabalho pioneiro neste âmbito, ao debruçarem-
se sobre os períodos pré-colonial e colonial.

Bibliografia

HISTORIOGRAFIA AFRICANA
Posted on 8 de Junho de 2014 by MALUA RAJABO

A historiografia africana é a história da história de África; a maneira como a


história africana é escrita e interpretada ao longo dos tempos. Ela visa analisar e
avaliar as várias fases pelas quais passou a investigação, o ensino e as formas de
abordagem da história de África.
https://rajabomalua.wordpress.com/2014/06/08/historiografia africana/#:~:text=HISTORIOGRAFIA
%20AFRICANA,by%20MALUA%20RAJABO

Citações de trabalhos com um autor


Para fazer a citação de trabalhos com um autor, deve-se escrever o sobrenome do autor
com a primeira letra maiúscula e o restante em minúsculo, independente de estarem fora
ou dentro dos parênteses.
Exemplo:

 No texto: (Giddens, 1978) ou Giddens (1978)


 Nas referências: Giddens, A. (1978). Novas regras do método sociológico. Rio de
Janeiro: Zahar.

História - 11.ª Classe


TELÉSFERO DE JESUS NHAPULO, GRAÇA CUMBE
ISBN:978-989-611-188-5
Edição/reimpressão:04-2019
Editor:Plural Editores Moçambique

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