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HISTORIA DE AFRICA III


1. RESISTÊNCIAS EM AFRICANA SUA GENERALIDADE

De acordo com NEWITTI (2007:288), define a resistência como conjunto de iniciativas


levada a cabo por um grupo de pessoas que defendem uma causa política na luta, contra
um invasor, para o mesmo autor vai mais além ao enfatizar que este termo pode se
referir qualquer esforço organizado pelos defensores de um ideal comum contra a
autoridade constituída, sendo qualquer milícia armada que luta contra qualquer
autoridade, governo ou administração imposta.

3.1 Contexto das resistências africanas

Antes de uma abordagem directa a respeito de como o continente foi subjugado a


dominação estrangeira, recuemos um pouco o tempo antes de 1880.

Até 1880, em cerca de 80% do seu território, a África era governada por seus próprios
reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e
unidades políticas de porte e natureza variados. No entanto, nos trinta anos seguintes,
assiste-se a uma transmutação extraordinária, para não dizer radical, dessa situação. Em
1914, com a única excepção da Etiópia e da Libéria, a África inteira vê-se submetida à
dominação de potências europeias e dividida em colónias de dimensões diversas, mas
de modo geral, muito mais extensas do que as formações políticas preexistentes e,
muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com elas. Nessa época, aliás, a África não
é assaltada apenas na sua soberania e na sua independência, mas também em seus
valores culturais. (Boahen, 2010:3).

Já para M’BOKOLO (2004:285), recorre que ao período anterior de 1880, a África não
estava fechada ao mundo exterior para qual foi obrigada a exportar milhões de homens
que levaram consigo saberes, modos de vida, crenças ideias que haviam de sobreviver
nos países de acolhimento, embora marginal a presença estrangeira europeia e árabe, era
mais ou menos antiga, em alguns lugares espalhavam influencias economias, politica e
religiosa por vezes culturais não lhe tirou a soberania, isto é, a independência. Contudo
com o desaparecimento brutal dessa independência por acção e proveito do europeu,
constituiu o descontentamento abrupto do africano para se rebelar.

Como afirma ABBAS, (1931:9). Contudo um povo diante de súbita mudança. Uma
nação inteira, sem estar preparada para isso, viu-se obrigada a se adaptar ou, se não,

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sucumbir. Tal situação conduziu necessariamente a um desequilíbrio moral e material,
cuja esterilidade não estava longe da desintegração completa.

Diante deste novo desafio da África em geral podemos notar que com a chegada dos
europeus o panorama continental e que substituiu do antigo sistema e que trouxe novos
elementos e antigos destruídos por consequente as instituições (politicas, sociais,
económicas e religiosas,) também foram abaladas e se desintegradas. Os efeitos de
todos esses fenómenos sobre a África, seus povos. Para tal o povo não viu o decair do
seu poder de ânimo leve dai que surge a tentativa de resgatar a soberania que estava em
perigo.

3.4 Resistências à ocupação efectiva da África

O estudo deste período tem sido cada vez controverso, devido das proveniência das
fontes sobretudo quando o escritor é pro europeístas, afirmando em algumas vezes a
glorificar habilmente a epopeia de conquista por rebaixar o africanos, apresentando-os
com traços negativos, mas posteriormente passaram a reinterpretar os mesmos episódios
em termos pejorativos as múltiplas iniciáticas que emanavam as sociedades africanas e
em geral as resistências opostas, à intrusão militar ou administrativa estrangeira.
(M`bokolo, 2004).

Procurei exemplo concreto de designação europeísta :como, mais do que isso, formatou-
se uma equivocada ideia geral de que as sociedades do continente sucumbiram
passivamente à ocupação europeia, por serem incapazes de opor resistência efectiva às
acções colonialistas. Somando-se a isso, a “conquista ou partilha da África” confirmaria
de forma pragmática, pela mesma óptica eurocêntrica, as teorias que justificavam e
legitimavam a acção colonizadora de alguns países europeus (HERNANDEZ,
1999:142).

Ao longo de toda a história de dominação europeia sempre houve diversas formas de


resistência, porém na sociedade contemporânea, esses movimentos assumem nova
forma e função social. Utilizamos o conceito de movimento de resistência de uma forma
ampla, levando em consideração diferentes tipos de reacção á lógica cultural dominante
que vem sendo imposta pelas nações ocidentais a diferentes povos africano.

BOHAN (2010:14), os dirigentes africanos, na sua maioria, optaram pela defesa de


suasoberania e independência, diferindo nas estratégias e nas tácticas adoptadas para

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alcançar esse objectivo comum. A maior parte deles escolheu a estratégia do confronto,
recorrendo as armas diplomáticas ou as militares, quando não empregando as duas,
como foi o caso de Samori Toure e Kabarega (de Bunyoro), por exemplo, já Prempeh e
Mwanga (de Buganda) recorreram exclusivamente a diplomacia, adoptaram a estratégia
da aliança ou da cooperação, mas não a colaboração.

Cumpre insistir nesta questão da estratégia, pois ela foi grosseiram entre desfigurada até
o presente, de forma que já se classificaram alguns soberanos africanos como
“colaboradores”, qualificando sua actividade como “colaboração” .Somos contrários ao
emprego do termo “colaboração”, pois, além de inexacto, e pejorativo e eurocêntrico.
Conforme já vimos, a soberania era o problema fundamental em jogo entre os anos de
1880 e 1900 para os dirigentes africanos e, quanto a isso, este bem claro que nenhum
deles se prestava a fazer acordos. Os dirigentes africanos qualificados erroneamente
como colaboradores eram aqueles que estimavam que a melhor maneira de preservar
sua soberania ou mesmo de recuperar a soberania acaso perdida em proveito de alguma
potência africana, antes da chegada dos europeus, não consistia em colaborar, mas antes
em se aliaraos invasores europeus. (Bohan 2010 36).

3.5 Concepção de dominação

Para M`BOKOLO (2004:456), assim como afirma RAGER (1972) confere resistência
no sentido plural, dado a tantas formas que assumiu, portanto essas apresentam um certo
número de pontos comuns:

 Em primeiro lugar o seu caracter esporádico e rural e fraca amplitude dos


movimentos, acções mais frequentemente isoladas do que concertadas;
 Numa segunda fase, o grau limitado das consciências que elas implicavam e
seus objectivos curto prazo.
 O grau de preparação militar de cada sociedade, ditou a forma como este povo
reagiu face a usurpação da sua liberdade;
 O nível de entrada do colonizador fosse ele aparentemente pacifico ou violento
também teve respostas idêntica;
 A religião por outro lado contou nas resistências sobretudo de predominância
islã como a africa ocidental e do norte.

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Segundo BOAHEN, (2010) refere que de 1880 a 1914, quase toda a África se achava
colonizada, com excepção da Libéria e Etiópia. Esse fenómeno, para os africanos se
traduziu essencialmente na perda da sua soberania, de sua independência e de suas
terras, desenrolou-se em duas fases:

 A primeira vai de 1880 aos primeiros anos do século XX,


 A segunda até a irrupção da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

A natureza das actividades dos europeus variava segundo essas etapas, suscitando
paralelamente nos africanos várias iniciativas e reacções. Convém salientar que estas
ocorreram largamente em função de certas condições locais, como:

 A natureza da sociedade (centralizada ou não, gozando de autonomia ou com a


autonomia perdida para outro poder africano, em expansão, estagnada ou em
declínio);
 Outro factor igualmente importante é o método que os imperialismos europeus
adoptaram para a expansão do seu domínio sobre a área, entre 1880 e 1914.

No decorrer da primeira etapa, os europeus recorreram ora à diplomacia ora à invasão


militar, senão às duas.

Durante essa primeira fase, praticamente todos os africanos visavam o mesmo


objectivo: salvaguardar a independência e seu estilo tradicional de vida. Para conseguir
isso, tinham de optar entre três soluções:

 O confronto;
 A aliança ou a aceitação;
 A submissão.

A estratégia do confronto implicava a guerra aberta, cercos, operações de guerrilha,


assim como o recurso à diplomacia.

Segundo BOAHEN, (2010) Para estender o seu domínio sobre algumas regiões os
europeus em geral tenham escolhido quase exclusivamente a conquista militar. No
tocante às reacções dos africanos que não colaborassem, ou seja os que não
negligenciavam nenhuma das possibilidades que se lhes ofereciam:

 A submissão, a aliança e o confronto.

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3.6 Generalização das resistências

DAVIDSON em (1965:181-183) cit. Por BOHAN (2010:52-53), sublinhava que


“Muitas rebeliões ainda são desconhecidas frequentemente porque faltam informações
precisas sobre essas rebeliões, considerados factos estabelecidos desde então, o trabalho
de “descoberta” das resistências caminhou a passo largo. Os historiadores trataram de
classificar as revoltas com maior rigor, distinguindo o “banditismo social” na óptica dos
euro-centristas da “rebelião camponesa”, e a guerrilha do choque entre exércitos.

Em resumo, praticamente todos os tipos de sociedade africana resistiram, e a resistência


manifestou-se em quase todas as regiões de penetração europeia. Houve resistência em
praticamente todo lugar. Essa visão parcial, contudo, pode ocultar o fato de que a
resistência apresenta gritantes diferenças de intensidade de uma região para outra mas
são incomparáveis devidos de existência de provas ou argumentos convincentes.

3.6 A ideologia da resistência

Vários críticos europeus do colonialismo, favoráveis à oposição africana, também


admitiam, no entanto, que os africanos não tinham muita coisa no seu modo de pensar
“tradicional” que pudesse ajuda-los a reagir efectiva ou concretamente às agressões ao
seu modo devida. As ideologias da revolta foram consideradas “magia do desespero”,
votadas ao malogro, sem perspectivas de futuro. Dessa óptica, os movimentos de
resistência,por mais heróicos que fossem, constituíam impasses fatais (GLUCKMAN,
1963: 137-45. Citado por BOHAN, 2010).

A principal ideologia da resistência vê apontada por Bohan, recorrendo a dois autores de


que ideologia profana proposta é o princípio de “soberania”. Ajayi escreveu que o
aspecto mais importante do impacto europeu foi a alienação da soberania, e poucas
palavras escreveram assim:

Quando um povo perde sua soberania, ficando submetido a outra cultura, perde
pelomenos um pouco de sua autoconfiança e dignidade; perde o direito de se
autogovernar,a liberdade de escolher o que mudar em sua própria cultura ou o que
adoptarou rejeitar da outra cultura. (AJAYI, 1968:196-7. Cit. por Bohan, 2010:55).

Walter Rodney sublinha com maior ênfase um fenómeno análogo de que:

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O carácter determinante do breve período colonial resulta principalmente do facto de a
África ter sido despojada de seu poder, ou seja:

Durante os séculos que precederam esse período, a África mantinha ainda em suas
trocas comerciais certo controle da vida económica, política e social, embora com
desvantagens no comércio com os europeus. Até mesmo esse pequeno controlo dos
negócios internos se perdeu sob o colonialismo [...] O poder de agir com toda a
independência é a garantia de uma participação activa e consciente na história.
Ser colonizado é ser excluído da história [...] De um dia para outro, os Estados
políticos africanos perderam o poder, a independência e a razão de ser .
(RODNEY, 1972: 245-6.Cit porBohan, 2010:55)

Ajayi e Rodney percebiam a importância decisiva da alienação da soberania está longe


de demonstrar, evidentemente, que os resistentes africanos concebessem a soberania da
mesma forma. O próprio Rodney deplora“a parcial e inadequada visão do mundo” que
impedia os dirigentes africanosde compreender perfeitamente os motivos do choque
com a Europa. TodaviaAjayi diz que os dirigentes dos Estados africanos, “enquanto
guardiães da soberaniado povo”, eram “hostis a todos os poderes que desafiassem tal
soberania”(AJAYI, 1969, p. 506Cit. por Bohan, 2010:55).

Podemos concluir que os movimentos de resistência em alguns momentos eram


provocados pelo desejo de um grupo dirigente, de conservar seu poder de exploração e
movimentos de muito maior escala, frequentementedirigidos contra o autoritarismo dos
dirigentes africanos e contra a opressão colonial e também por outro lado as revoltas
destinava-se a “libertar todos os povos de uma região da opressão colonial”, apelando
especialmente aos camponeses oprimidos, independente de sua filiação étnica. Não
apenas da soberania como defende autores acima citados.

3.7 O papel das ideias religiosas

Não vamos desfrear das resistências descartando o papel da religião nas resistências
africana, trata-se aqui de região tradicional, ou para que diz que não é do livro. De
acordo com a compilação de Bohan, relata que vários historiadores tentaram explicar e
Suas conclusões pouco têm em comum com os “fanáticos feiticeiros-curandeiros” dos
relatórios coloniais ou coma “magia do desespero, contudo ”Descobriram que as
doutrinas e os símbolos religiosos, regra geral, apoiavam-se directamente nas questões

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da soberania e da legitimidade na sociedade africana, servindo como elo entre soberano
e sociedade. A legitimidade dos dirigentes era consagrada por uma investidura ritual e,
quando um dirigente e seu povo decidiam defender sua soberania, apoiavam-se muito
naturalmente nos símbolos e conceitos religiosos.

M´BOKOLO, (2004:461-4), afirma que invés do islão aparentemente submisso e dócil,


as religiões africanas de todas as praticas do sagrado, revelaram fermento da oposição
do europeu, chegando a reavivar a pratica e abundante de desobediência passiva e
difusão de ideiasque espalhava medo.

BOHAN (2010:60) exemplifica Inovações como a de Makana em matéria de conceitos


e de símbolos sobreviveram por muito tempo ao respectivo movimento de resistência a
que estavam associadas na origem. Longe de serem extravagâncias do desespero, esse
género de mensagens proféticas constituía um esforço sistemático para ampliar e
redefinir a ideia de deidade e sua relação com a ordem moral, implicando grandes
alterações nos conceitos e nas relações internas dos Xhosa e oferecendo, ao mesmo
tempo, “alicerce à ideologia da resistência”.

É nesse sentido em que surgem movimentos proféticos, isto é, um profeta emerge


quando a opinião pública sente necessidade de uma acção radical e inovadora, mas não
são apenas as ameaças externas que despertam esse sentimento popular. Um profeta
pode surgir em razão de profundas angústias causadas por tensões ou transformações
internas, ou pelo desejo geral de acelerar o ritmo da mudança e de aproveitar novas
oportunidades.

Assim, um líder profético frequentemente orienta seu ensinamento para a moral das
sociedades africanas, encabeçando por vezes movimentos de oposição ao autoritarismo
interno, outras vezes “protestando” mais contra os factos da natureza humana.
Procurando via a alternativa na defesa da soberania. Com ensinamentosque visavam
expulsar os brancos.

Resistências populares: permanências e inovações

Como diz o termo popular era resistência popular, que de caracter de tomada de
sentimento de pertença social ou nacional, e que estabelecia uma continuidade entre a
Africa pré-colonial em que os estados tinham que afrontar ideias e partilhas étnicas.

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3.8 Tipos de resistências

Como anteriormente referimos a situação de ocupação da africa e reacção do africano


foi relativa. Havendo varias possibilidades de resistência, que a seguir mencionaremos:

3.8.1 Resistência passiva

Esta forma de resistência foi a primeira a ser usada pelos africanos. Caracterizava-se
pela recusa do sistema, passividade, fuga para outras áreas de menor actuação e sem
acesso do colono, recusa do pagamento de imposto, recusa como carregador, ou de
produzir culturas obrigatória, simulação de doença, dissimulação, erros voluntários
durante recenseamentos fiscais sobre dados reais nome ou idade, automutilação,
enfraquecimento simulado ou voluntario, sabotagem de culturas, entre outos. (M
´bokolo, 2004:457-8)

3.8.2 Resistência activa ou imediata

É o tipo de resistência de caracter espontâneo, sem sequencia cronológica, recusa a


consequência da colonização, sendo um resistência desorganizada teve como objectivo
de solidariedade não como estratégico, mas com um objectivo imediato e palpável,
como referimos que as resistências eram continuas mesmo com a implantação da
administração colonial, o africano sempre insurgiu. Os awadjis que eram um
movimento característico instalados em floresta tropical de Gabão, que se agrupavam
em serviços militar que orquestravam escaramuças e armadilhas.(M’bokolo, 2004).

3.9 Contribuição da religião na resistência contra ocupação europeia

A religião como tenho vindo a referir que foi um dos grandes aglutinadores e
identidades, pois esta identificava a causa comum, nesse trabalho não apenas discute-se
as religiões tradicionais como também as importadas. Pois a religião possuía uma
ideologia forte para lutar e também era um instrumento forte e ideal para um mal-estar
profundo de angustia e duradouro, isto pela presença dos europeus.

3.9.1 O Islão

O islão representou uma força de oposição real à ordem colonial, a ordem de obediência
muçulmana era bem clara ou ate claramente expressa. No período da colonização esta
religião cada vez mais viu-se expandindo com vista a mobilizar a sociedade a

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desobediência colonial, em algum momento este passou a ser como factor de pertença
levado a cabo pela região norte de Africa assim como Sudão como factor de
nacionalismo.

3.9.2 O cristianismo

Primeiramente o cristianismo tinha impregnado fortemente as mentalidades africanas


em muitas regiões, devido da sua ingenuidade de superioridade racial. Mas por outro
lado foi invertido numa arma de combate a dominação europeia, devido aos contactos
entre os missionários com a população cada vez mais houve o despertar do africano
quando se falasse da moral, práticas culturais, crenças, num Deus único, noção de povo
eleito e mais flagrante a igualdade dos homens perante o deus. (M´bokolo 2004:464).

Com esse parágrafo podemos deduzir que a mesma arma usada pelo europeu para
enfraquecer a consciência moral do africano foi a mesma usada contra eles, levando o
abandono das práticas culturais alienígenas, revalorização da cultura local,
desobediência a imposição. O desenvolvimento dessa consciência africana surge os
messianismos negro como resposta aos ensinamentos ocidentais, para repor a ordem
social e construção de um novo sistema de referência.

Etas duas religiões tiveram regiões de actuação profundamente localizados enquanto na


região nordeste da africa, sudão predominou muito a religião crista no sul ou região
austral predominava o messianismo negro. (M´bokolo 2004 :464).

1. 2- RESISTÊNCIA AFRICANA NO NORDESTE DA AFRICA

3.1 Antecedentes da ocupação britânica do Egipto

O Egipto eminentemente Africano, cuja fronteira penetrava cada vez mais fundo do
continente, mas aos olhos dos britânicos, não passava de um meio essencial na rota da
India, a jóia do seu império.

Alem de ser apenas canal que permitia Ligar Europa com o oriente médio em geral, com
o canal de Suez, a Inglaterra vi isso em duplo interesse: um interesse comercial de
primeiro plano, pois 82% do comercio que passava do canal do Suez era Britânico, um
interesse politico da primeira via, visto que o canal é a principal via para a India, Ceilão,
os estreito e a Birmânia britânica e também para a China, também alem dessas regiões

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Asiáticas há que salientar que notar que este canal servia de via que conduzia Inglaterra
ao seu império colonial da austral e da Nova Zelândia. (M’bokolo, 2004:304-305).

É nesse contexto que a Grã-Bretanha compra ao quediva a quota 45%, que este detinha
no canal de Suez. No entanto em contrapartida das fortes relações entre o Quediva e a
Grã-Bretanha, geraria cada vez mais a pressão da sociedade egípcia assim como da
comunidade europeia que via a implantação da autoridade britânica bem próxima de se
concretizar. (M’bokolo, 2004:305).

3.2 Contexto da resistência no nordeste africano

A resistência dos africanos a partilhae a ocupação europeia foram tão determinadas e


contínuas quanto nos modernosEstados do Egipto, do Sudão e da Somália.

Segundo IBRAHIM Citado por BOHAN (2010:). As reacções começaram em 1881


como levante militar no Egipto e continuaram em algumas partes da região ate osanos
de 1920. Jamais, na história da Africa, um povo lutou tão aguerridamentepara defender
sua liberdade, soberania, e sobretudo religião e cultura.

Até 1880, em cerca de 80% do seu território, a África era governada porseus próprios
reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos,comunidades e unidades
políticas de porte e natureza variados.No entanto, nos trinta anos seguintes, assiste-se a
uma transmutação extraordinária,para não dizer radical, dessa situação. Em 1914, com a
única excepçãoda Etiópia e da Libéria, a África inteira vê-se submetida à dominação
depotências europeias e dividida em colónias de dimensões diversas, mas de modogeral,
muito mais extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitasvezes, com
pouca ou nenhuma relação com elas. Nessa época, aliás, a África nãoé assaltada apenas
na sua soberania e na sua independência, mas também emseus valores culturais.
(BOAHEN, 2010:3).

Contudo um povo diante de súbitamudança. Uma nação inteira, sem estar preparada
para isso, vê-se obrigada a seadaptar ou, se não, sucumbir. Tal situação conduz
necessariamente a um desequilíbriomoral e material, cuja esterilidade não está longe da
desintegração completa (ABBAS, 1931:9).

Diante deste novo desafio da africa em geral podemos notar que com a chegada dos
europeus na africa muda o panorama regional não somente na região nordeste da africa

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assim como no seu todo Que é que subsistiu doantigo sistema e
quetrouxenovoselementos e antigos destruídos por consequente as instituições
(politicas, sociais, económicas e religiosas,)também foram abaladas e se
desintegradas.Os efeitos de todos esses fenómenos sobre a África, seus povos. Para tal o
povo não viu o decair do seu poder de anino leve dai que surge a tentativa de resgatar a
soberania que estava em perigo.

3.4 Resistências africanas no nordeste da África

De acordo com IBRAHIM citado por BOHAN (2010), enfatizam que em nenhuma
parte da África as resistências dos africanos à partilhae à ocupação europeia foram tão
determinadas e contínuas quanto nos modernosEstados do Egipto, do Sudão e da
Somália.As reacções começaram em 1881 como levante militar no Egipto e
continuaram em algumas partes da região até osanos de 1920. Jamais, na história da
África, um povo lutou tão aguerridamentepara defender sua liberdade, soberania, e
sobretudo religião e cultura. Veremosneste capítulo quais foram essas iniciativas e
reacções, a começar pelo Egipto, emseguida o Sudão e por fim a Somália.

2. RESISTÊNCIA NO EGIPTO

4.1 A revolução urabista

4.2 Causas da revolução urabista

 A má administração financeira do quediva Ismail (1863-1879)

A má administração financeira do quediva Ismail (1863-1879) e os


enormesempréstimos que ele contraiu na Europa colocaram o Egipto à beira da
falência.Enquanto a metade da receita do país era estritamente consagrada ao serviço
dadívida, pesados impostos eram exigidos do povo, e os fellahin, que na sua maiorianão
podiam pagá-los, eram impiedosamente castigados. Esta situação de penúriae de
humilhação provocou vivo descontentamento e acerba oposição ao quedivaTawfik
(1879-1892) e seu governo corrupto.

Subserviência às potências europeias, que se aproveitavam de suafraqueza e do


endividamento do Egipto para controlar as finanças e o governodo país.

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Resultado :Enquanto os egípcios sofriam toda esta miséria, os residentesestrangeiros
viviam confortavelmente. Porque estes estavam isentos a sujeição à lei egípcia, isto
porque tinham leis e tribunais próprios. Aproveitando-se desta posição
privilegiada,enriqueciam à custa das massas autóctones, muitas vezes por meios
corruptos eimorais.

 O desenvolvimento de ideias políticas liberais

Um outro motivo seria o amadurecimento de ideias políticas liberais entre osegípcios


como consequência do desenvolvimento da educação e da imprensa noséculo XIX. Esse
amadurecimento político foi responsável, em grande parte, pelomovimento
constitucional que irrompeu no país nos anos de 1860, sobretudoentre os egípcios de
educação ocidental, que se opunham à dominação estrangeirae ao despotismo do
quediva.Dirigidos por Muhammad Sharif Pasha,cognominado Abu al-Dastur (o pai da
constituição), aqueles nacionalistas constitucionais os revolucionários exigiam a
promulgação de uma constituição liberal e a formação de um governo parlamentar.
(AL-RAFI, 1966, 82-5.citado por Bohan 2010).

O desejo de erradicar essa humilhante e odiosa dominação estrangeiraviria a ser o


principal motivo da irrupção da revolução urabista, movimento deresistência dirigido
pelo coronel Ahmad Urabi (AL-RAFI,1966:82-5. Cit. por Bohan 2010).

 Frustração dos militares

Contudo, para BOHAN (2010: 74), A principal causa directa do desencadeamento da


revolução, todavia, foi odescontentamento e o sentimento de frustração experimentados
pelos militaresegípcios. Não só as tropas recebiam um soldo muito baixo (20 piastras
por mês), como os oficiais egípcios não podiam aceder a patentes elevadas, narealidade
monopolizadas pelos oficiais turco-circassianos, que menosprezavame maltratavam os
subordinados egípcios. Para pôr fim a essa posição de inferioridadee responder às
exigências da população, os militares egípcios interferiramactivamente na arena política
pela primeira vez na história contemporânea dopaís, desencadeando em começos de
Fevereiro de 1881 uma revolução contra ocolonialismo europeu e o quediva Tawfik..

4.3 Desenvolvimento da revolução

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No começo, a revolução obteve grande sucesso. Uthman Rifki, o famoso ministroda
Guerra, circassiano inspirador da política de discriminação praticada noexército, foi
demitido e substituído por um político revolucionário e distinto poeta,Mahmud Sami al-
Barudi.Formou-se um gabinete inteiramente urabista, e opróprio Urabi veio a tornar-
seministro da Guerra. Tawfik ficou tão assustadoque ordenou a formação de uma
assembleia popular e promulgou a 7 de Fevereirode 1882 uma constituição
relativamente liberal. Sabendo que esse passo em direcção ao constitucionalismo nada
tinha de sincero, os urabistas estavam dispostosa derrubar Tawfik e até pensavam em
declarar o Egipto uma república. Comoesta situação ameaçasse os privilégios e
interesses estrangeiros, a revolução viu-sedirectamente confrontada com as potências
europeias Entretanto, por outro lado o quediva conspirava em segredo para esmagar a
revolução. A fimde provocar uma intervenção estrangeira, afirmam certos historiadores
egípcios,o quediva e os ingleses organizaram o massacre de Alexandria de 12 de
Junhode 1882, em que numerosos estrangeiros foram mortos, e muitas
propriedadesdanificadas.(AL-MURSHIDI, 1958: 58.)

Verdadeira ou não, a acusação não importa: de facto, o quediva tinhasolicitado a


intervenção dos ingleses, e estes responderam com grande rapideze entusiasmo. O
gabinete egípcio, por unanimidade, decidiu repelir a invasãoe rejeitou o ultimato inglês
para desistir da fortificação das defesas costeiras edesmantelar as posições de artilharia
em torno de Alexandria. Isso deu à esquadrainglesa o pretexto para bombardear a cidade
em 11 de Julho de 1882 O exército e o povo do Egipto, embora oferecessem corajosa
resistênciaaos invasores, foram vencidos por forças superiores. Cerca de 2 mil
egípciosencontraram a morte nessa batalha.

4.4 Fracasso da revolução urabista

Apesar dos Egípcios possuírem um grau de preparação diferente dos outros países
africanos, a sua revolução como muitas em Africa tinham dificuldades em avançar.

As massas egípcias prestaram apoio financeiro ao exército, e milhares dejovens


ofereceram-se como voluntários. Mas todas as probabilidades estavamcontra a causa
nacionalista.

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4.5 Causas do fracasso

De acordo com citado por BOHAN (2010:79-80), faz analise das causas do fracasso da
revolução em seguintes aspectos:

 Urabi só dispunha de 16 mil soldados treinados e mesmo esse pequeno efectivo


estava disperso em torno de Kafr al-Dawar, Dimyat (Damietta) e a zona do
canal;
 Falta ao exército egípcio treinamento, armas modernas, munições e meios
eficientes de transporte;
 Embora a revolução tivesse recebido o apoio da massa do povo, não teve tempo
suficiente para mobiliza-lo. Ademais, uma grave cisão verificou-se na frente
nacionalista, devido ao crescente conflito que opunha os militares e os civis
constitucionalistas. (Estes últimos recusavam por princípio a intervenção do
exército no domínio político, enquanto os militares afirmavam que a revolução
estaria melhor salvaguardada se eles controlassem o governo).
 O movimento sofria com as intrigas do quediva e de seus adeptos circassianos,
que traíram a revolução e facilitaram a ocupação britânica.
 Maior efectivo do exército de 20 mil homens, comandados por sir Garnet
Wolseley, os ingleses transpuseram rapidamente o canal, ocuparam Ismailia,
esmagaram o grosso das forças revolucionárias na batalha de Tell al-Kebir em
13 de Setembro de 18827 e ocuparam o país.

De acordo com BOHAN (2010), O fracasso da revolução urbanista, ou seja, o que não
conseguiu libertar o país dainfluência europeia e da dominação dos turcos, tem
explicação claraalém das causas acima mencionadas, o próprio Urabi cometeu vários
erros no decorrer da revolução entre eles:

 Não quis depor o quediva desde oinício da revolução, pois receava que a medida
provocasse a intervenção estrangeirae mergulhasse o país no caos, o que deu
tempo ao quediva para conspirar contra a revolução;
 Urabi cometeu outro erro fatal: apesar dos avisos de algunsde seus conselheiros
militares, recusou-se a bloquear o canal, na esperança quese mostraria vazia de
que a França não permitisse que a Inglaterra o utilizasse para invadir Egipto.
 Em última análise, porém, a derrota da revolução urabistadeveu-se como referi
anteriormente à superioridade militar britânica.
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A derrota militar da revolução urabista quebrou o moral do país, criandouma atmosfera
de desespero e desilusão, durante o primeiro decénio da ocupação(1882-1892). Ainda
existia o espirito nacionalista dos intelectuais que resistiram a dominação estrangeira
Não houve resistência real dentro do próprio país, e as únicas vozesnacionalistas que se
ergueram durante esse período foram as de personalidadesno exílio.(BOHAN 2010:80).

4.6 Ressurgimento do nacionalismo

O movimento nacionalista egípcio começou a sair dessa fase de torpor em1893, quando
algumas personalidades egípcias começaram a se opor à ocupaçãobritânica através de
revistas publicadas. Das primeiras entre elas, merece citação o novo e ambicioso
quedivaAbbas Hilmi (Abbas II, 1892-1914), que encorajou o desenvolvimento de
ummovimento nacionalista exigindo a imediata evacuação do país pelos ingleses.
Aajuda financeira à imprensa, que permitiu que o movimento se articulasse, foi
departicular importância. (Bohan,2010:80),

De acordo com o mesmo autor, salienta que durante os três primeiros anos do seu
reinado, o próprioAbbas se pôs à frente do movimento, desafiando abertamente a
autoridade delorde Cromer, agente britânico e cônsul-geral, e obrigou o primeiro-
ministropró-britânico a demitir-se em 15 de Janeiro de 1893. Na impossibilidade
decontinuar agindo de forma tão aberta, devido à pressão dos britânicos,
Abbasencontrou, no entanto, adeptos desejosos de conduzir a luta contra a ocupaçãodo
país. Tratava-se de um grupo de jovens intelectuais familiarizados com asideias da
Revolução Francesa e as teorias sociais e políticas modernas.

4. Resistência na África oriental

Na década de 1890 período que precedeu a ocupação europeia da África oriental as


sociedades da região haviam atingido diferentes etapas de organização social. Algumas
delas, como a dos Baganda e a dos Banyoro, em Uganda, a dos Banyambo, em
Tanganica (actual Tanzânia), e a dos Wanga, no Quénia, tinham elevado grau de
centralização política. Os grupos, como os Nyamwezi, na Tanzânia, ou os Nandi, no
Quénia, estavam em vias de constituir governos centralizados. E costume definir esse
processo como de formação do Estado. A grande maioria das sociedades dessa região
não tinha governo centralizado, mas ausência de governo central não significa ausência

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de governo erro que alguns estrangeiros cometeram por vezes ao falar das sociedades
africanas no passado.
Alem disso, as diversas sociedades haviam tido diferentes níveis de contacto com os
europeus ou com os árabes, duas forcas externas que nessa época se defrontavam na
África oriental. De modo geral, as zonas costeiras tinham contacto mais profundo com
os europeus e os árabes do que as do interior. Independentemente das influências
humanas, há ainda que ter em vista as transformações ecológicas verificadas então na
África oriental, as quais também interferiram nas reacções a penetração estrangeira. As
condições atmosféricas de toda a região provocaram secas e consequente escassez de
alimentos. Houve ainda epidemias de peste bovina6. Neste caso também, algumas
sociedades foram mais atingidas do que outras pelas catástrofes naturais. As sociedades
pastoris, como os Massai do Quénia, parecem ter sofrido mais com os problemas
ecológicos.

5. A revolta Maji - Maji (1905 a 1907)


Essa revolta situa-se no período de consolidação da dominação colonial. Exprimiu a
recusa ao trabalho forçado nas plantações de algodão e aos abusos dos mercenários
alemães. Uniu mais de 20 grupos étnicos diferentes. Atingiu o sul de Tanganica,
superando as divisões tribais, e apoiou-se nos recursos tradicionais, nas técnicas
religiosas e em magia. A Revolta Maji-Maji caracterizou-se pela utilização de temas
milenaristas (Lamy Philippe:2010).

Para o historiador Mwanzi (2010; 187) salienta que na sua variedade étnica e nível de
organização, o Maji Maji era um movimento ao mesmo tempo diferente e mais
complexo do que as reacções anteriores e as formas de resistência opostas a dominação
colonial. Estas ultimas de modo geral ficaram restritas as fronteiras étnicas. Por
comparação com o passado, o Maji Maji foi um movimento revolucionário que operou
transformações fundamentais a escala da organização tradicional. O mais grave desafio
ao colonialismo na África oriental, nesse período, o levante dos Maji Maji, veio do
Tanganica, com o emprego da religião e da magia como meios de revolta. O profeta
Kinjikitile-Ngwele era reconhecido como o mensageiro de Deus que iria salvar o povo
da opressão colonial afirmava ser controlado por um espírito de uma cobra chamada
Hongo e que teria o dom de imunizar os guerreiros com o maji (água mágica), que
transformaria as balas alemãs em água. Enquanto isso, anunciava que os ancestrais

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ressuscitariam em Ngarambe, sua aldeia, para lutar ao lado dos vivos. Nela construiu
um grande altar que chamou “A Casa de Deus”.
Apelou para as crenças religiosas, afirmando que a unidade e a liberdade dos africanos
constituíam um princípio fundamental e que todos deveriam se unir para combater os
alemães e conseguir a sua integridade (LAMY PHILIPPE:2010).
Estes "remédios de guerra" era apenas água comum (maji na língua Kiswahili)
misturada com óleo de rícino e sementes de milhete. Empoderados por estes
"remédios", os seguidores de Bokero começaram a rebelião e atacaram posições
alemães por toda a Tanzânia.

5.1. Causas da resistência Maji – Maji


Na concepção de Mwanzi (2010; 187) o trabalho forcado, impostos, maus tratos e mas
condições de trabalho, tudo concorria para explicar o levante Maji Maji. A causa
imediata da revolta, contudo, foi a introdução de uma cultura comunitária de algodão. A
população era obrigada a trabalhar nessa cultura 28 dias por ano, mas o produto desse
labor não resultava em seu benefício. Os trabalhadores recebiam paga tão irrisória que
alguns se recusavam a aceita-la.
A reacção não se deu contra a cultura do algodão em si, que eles já praticavam com
vistas a exportação, mas ao tipo de cultura a eles imposto, que não só explorava seu
trabalho como constituía uma ameaça a economia africana, pois eram forcados a deixar
suas próprias fazendas para trabalhar nas empresas agrícolas públicas.

A Alemanha começou a cobrança de impostos em 1898 e contava com trabalho forçado


dos nativos para construir estradas e fazer outras tarefas. Em 1902, o comandante
alemão Carl Peters ordenou que a população plantasse algodão para exportação. Cada
vila tinha uma cota de produção. As políticas alemães para suas posses na África eram
muito impopulares entre os nativos e afectavam duramente suas vidas. A estrutura e a
fábrica social também foram mudadas. O papel dos homens e das mulheres na
sociedade mudaram para atender as necessidades. Com os homens sendo enviados para
os trabalhos forçados, as mulheres acabaram assumindo funções que, na época, era
destinado somente a homens. Tudo isso afectava a auto-suficiente das vilas e cidades,
gerando crescente miséria. Assim, a população começou a ficar com raiva da sua
metrópole europeia. Em 1905, uma seca ameaçou a região da Tanzânia. Isso,

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combinado com a oposição do povo com as políticas agrícolas e trabalhistas do
governo, levou a população a se rebelar em Julho daquele ano.

O movimento, que durou de Julho de 1905 a Agosto de 1907, alastrou-se por uma área
de quase 26 mil quilómetros quadrados, no sul do Tanganica, O levante Maji Maji foi o
primeiro movimento de grande escala da África oriental. Nas palavras de John Iliffe, foi
“a derradeira tentativa das antigas sociedades do Tanganica de destruir a ordem colonial
pela forca”. Tratava-se efectivamente de um movimento camponês de massa contra a
exploração colonial (MWANZI: 2010; 188).

5.2. Fim do movimento Maji – Maji


Segundo Mwanzi (2010;188) diz que o regime alemão no Tanganica ficou abalado, e
sua reacção não se limitou a esmagar o movimento: a política comunitária de cultura do
algodão foi abandonada. Houve igualmente algumas reformas na estrutura colonial
especialmente no que concerne ao recrutamento e a utilização de mão-de-obra –,
destinadas a tornar o colonialismo mais atraente. Mas a revolta malogrou, e o malogro
tornou inevitável “a extinção das sociedades tradicionais”. Entre 1890 e 1914 mutações
dramáticas verificaram-se na África oriental. O colonialismo foi imposto ao povo, de
modo violento na maior parte dos casos, ainda que as vezes a violência afivelasse a
mascara da lei e do direito. A guerra estalou na última semana de Julho de 1905, e as
primeiras vítimas foram o fundador do movimento e seu assistente, enforcados no dia 4
de Agosto do mesmo ano. O pai de Kinjikitile reergueu sua bandeira, assumindo o título
de Nyamguni, uma das três divindades da região, e continuou a ministrar o maji, mas
em vão. Os ancestrais não retomaram conforme a promessa, e o movimento foi
brutalmente suprimido pelas autoridades coloniais alemãs.

Os alemães receberam reforços vindos da Europa e recrutaram nativos. Casas foram


destruídas, plantações foram queimadas e habitantes de vilas inteiras foram
massacrados. Os soldados coloniais alemães não tiveram piedade dos insurgentes e
executaram milhares destes. Os líderes da revolta, como Kinjikitile Ngwale, acabaram
sendo mortos, na forca ou na bala. Após o conflito, a infraestrutura da África Oriental
Alemã estava em frangalhos. Com os alemães queimando as plantações (em uma
política de terra arrasada, defendida pelo governador Gustav Adolf von Götzen), houve
fome em larga escala pela região e milhares de pessoas morreram de inanição. As tropas

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coloniais alemães conseguiram sufocar a revolta, mas um dos resultados foi o
surgimento de ideais nacionalistas entre os povos da Tanzânia, que seria fundamental na
história do país nas décadas seguintes. Em 1919, as possessões coloniais alemãs na
África foram tomadas pelas Potências Aliadas após a primeira guerra mundial

Enquanto o historiador Lamy (2010;), diz que levante terminou com um massacre,
promovido pelos alemães, de cerca de cento e vinte mil africanos. Fato que ficou para
sempre gravado na memória colectiva do povo. Menos de dez anos depois, em 1914, a
África Oriental Alemã tornou-se o maior palco africano da Primeira Guerra Mundial.

6. A revolta Mau – Mau


Segundo M’Bokolo (2007;540) o movimento Mau-Mau, emergiu na década de 1940
num terreno propício a contestação. O movimento que, na origem era essencialmente
camponeses, recrutou aderentes principalmente entre os Kikuyus, mas também, os
Nerus os Cambas e os Embus. O Mau-Mau era muito diferente dos movimentos
políticos que emergiam no continente africano. Por um lado, não se constituam em
partido político. Alem disso integravam um baixo grão de consciência política, não
assentava em qualquer construção ideológica, exprimia mais uma espécie de saturação,
uma vontade de destruir um sistema social político insuportável, mais do que uma
vontade construir uma ordem nova: vontade dos insurrectos era reduzir a colonização
afrangaios para devolver o seu lugar a ordem antiga. O Quénia land and freedom army,
como os membros do movimento lhes chamavam era ao mesmo tempo um exercito de
guerrilha uma horda que praticava o banditismo e uma sociedade secreta uma parte dos
seus membros agrupava-se e organizava verdadeiros raides; outra parte era constituída
por informadores espécie de exército de serviço secreto e tropa pronta a revezar outros,
disposta a entrara em acção em caso de necessidade, guardando segredos absolutos
sobre todas as suas actividades residindo por vezes nos círculos dos plantadores
europeus os quis viviam assombrados pelo medo de serem traídos e atacados pelos
próprios empregados.

Para Ki-zerbo (2009; 248) diz que a partir de 1950, uma grande efervescia agitou a tribo
Kikuyu, a mais evoluída cujo território for a o mais submetido a crescente presença dos
colonos. Constituíram-se grupos clandestinos que utilizavam recursos como o
juramento e o sacrifício para unirem todos os membros numa solidariedade que muitas

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vezes foi utilizada para acções punitivas e sangrentas contra os europeus ou os africanos
que aceitavam trabalhar ou conviver com eles: criados, cristãos, chefes colaboradores.
Apoderou-se uma exacerbada xenofobia de numerosos africanos nos altos planaltos
dominados pelos brancos. Os assassínios sucederam-se as sabotagens e o movimento foi
conhecido no exterior como dos Mau-Mau. Kenyatta foi logo apontado por certos
sectores a imprensa mundial como sendo a alma danada daquela sublevação.

6.1. Causas
A situação no Quénia era sensivelmente diferente de muitas outras colónias africanas,
na medida em que, como colónia de povoamento tinha no seu solo um grande número
de brancos, dos quais detinham as melhores terras e o poder. Neste contesto, os
africanos tinham sido reduzido ao estado de proletariado, tanto na zona rural onde eram
a sua maioria trabalhadores sazonais ou squatters, como na zona urbana, onde uma
classe operária começara a emergir. Neste contesto, o protesto social, nomeadamente,
entre os Kikuyus, tinham já um longo passado quando começou a transformar-se em
reivindicação nacional independentistas.

Ora a partir de 1950, uma grande efervescia agitou a tribo Kikuyu, a mais evoluída cujo
território for a o mais submetido a crescente presença dos colonos.

6.2. Fim da resistência Mau – Mau


Na analise de Ki–zerbo (2009, 249) sustenta que dia em que se realizou um atentado a
uma dezena de quilómetros de distancia de Nairobi eliminando o velho chefe Kikuyu
Waruhiu. É proclamado logo o estado de emergência. Keniatta é preso com 98 dos seus
homens. São lançadas em para quedas as tropas do médio oriente e começa uma guerra
de repressão. Será marcada por um terríveis atrocidades de ambos os lados. O balanço
oficial do lado Mau-Mau é de 7811 mortos e mais de 10000 prisioneiros. Do lado das
forcas da ordem, 470 africanos mortos e 68 europeus militares e civis. Jomo Kenyatta
foi julgado, em Kapenguria, é tomado responsável da situação e condenado a sete anos
de prisão.

Na análise de M’bokolo (2007, 540) salienta que a principal razão do fim desta rebelião
(movimento nacionalista) foi motivado pela fortificação militar alemã porque este
movimento foi considerado como uma derrota militar; o clima de insegurança em que

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mergulhou o país a partir de 1949 obrigou a administração colonial a declarar o estado
de sítio em 1952, a pedir ajuda das tropas britânicas e a utilizar os meios mais expeditos
para travar a rebelião (prisões, raides e as concentração das população, sob o pretexto de
as proteger do movimento, mortes, etc). Por outro lado o dialogo com as forcas políticas
nascentes foram rotas: Jomo Kenyatta, embora se tenha sempre declarado firmemente
contra o emprego da forca, foi declarado responsável e chefe oculto do movimento,
tendo sido encarcerado durante 10 anos, os Kikuyus foram excluídos da vida política.
Por ultimo, só adquiriu a sua independência em 1963, mais tarde do que a maioria das
colónias britânicas.

2.Administração colonial

Segundo M’BOKOLO (2007:393) diz que o período entre as duas grandes guerras
constituiu a verdadeira fase da implantação dos sistemas de administração nas colónias.
A medida que iam progredindo a conquista e a pacificação, as potências coloniais
haviam tomado a disposição necessária de organizar o possível de manter os territórios
sob o domínio. Nem sempre deixaram tempo necessária a um sólido conhecimento das
sociedades Africanas e a reflexão sobre a melhor forma de administração. Terminada as
guerras os quadros da administração colonial e os políticos sentiam a necessidade sobre
os melhores modos de administração das colónias.

3.Fundamentos

As potências imperialistas procuraram administrar as suas colónias de modo a assegurar


o aproveitamento máximo de suas riquezas. A mão-de-obra nativa foi colocada
sobretudo a serviço da nação colonizadora.

Segundo MAZRUI (1993:79), A administração variou de acordo com as condições


demográficas, cultural e económica das regiões ocupadas. Ela podia ser directa, com
funcionários da metrópole substituindo as autoridades locais. Ou indirectas assim com a
mista, utilizando-se das autoridades locais subordinados a funcionários da metrópole.

Para KI-ZERBO (2002:226) Os ingleses geralmente se caracterizaram adeptos da


administração indirecta, conseguiam controlar população enorme e diferenciadas entre
si. Aproveitando-se das instituições e das lideranças locais. Aqueles que não queriam
colaborar eram substituídos.

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Os franceses tiveram a pretensão de desenvolver uma política de assimilação dos
colonos. Eles acreditavam que, através da instrução, os africanos poderiam adquirir a
cidadania francesa. Desde que tivesse profundo conhecimento da língua francesa, da
religião crista, bom nível de instrução e boa conduta. Entretanto esta pratica se tornou
comum na administração colonial francesa. Na óptica KI-ZERBO (2002:137)

4.Mentores da administração Directa

A Bélgica, França e Portugal foram os grandes defensores desta política. Para eles,
estavam a fazer uma política de assimilação e argumentavam que nas suas sociedades
coloniais, a sua política permitia que o africano considerado indígena, não civilizado
mediante um processo de assimilação, poderia tornar-se civilizado ou cidadão (que
devia ter o direito a educação, saúde, emprego e viver a modelo europeu).

Eles já não são regidos pelo direito consuetudinário mas do direito metropolitano. Por
esta razão, segundo esta teoria o africano não tinha o desejo de ter a representação no
governo colonial. Para o caso de Portugal, esta política era vista como forma de
alargamento do seu império a custa de territórios africanos (Portugal além mar).

4.1.Mentores da administração indirecta

Para MAZRUI (1993:96) “Este modelo político foi usado pela Grã-Bretanha, nesta
política indirecta enquanto os europeus tem o seu desenvolvimento, seus hábitos e
costume. Os africanos também deveriam viver na base da sua transição. Ou seja devia
haver uma transição de africanos e outra de europeu para europeu”.

É nesta perspectiva que os africanos deviam ter um representante no governo de modo.


Para lhes defender nos interesses africanos.

4.2.Mentores da administração Mista

A frança e a alemanha é vista como mentores que fizeram sentir a administração mista
em algumas colonias.

Para BOAHEN (2010:339) “Não há colonização sem política indígena; não há política
indígena sem comando territorial; e não há comando territorial sem chefes indígenas
que atuem como correias de transmissão entre a autoridade colonial e a população.
Embora nenhum observador ou crítico tenha jamais questionado a atividade dos chefes

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locais como parte integrante do sistema colonial em todo ocontinente, os especialistas,
em compensação, muito têm discutido sobre a utilização que deles faziam as diversas
potências europeias.

5.Características da administração directa

Administração directa, onde os colonizadores estabeleciam uma máquina administrativa


completamente trazida das metrópoles, sem se dar espaço a estrutura tradicional pré-
existente, e relegada a um plano secundário. Este tipo de colonização foi característico
no nosso país, onde Portugal instituiu, administradores coloniais europeus, deste a
província até aos postos mais recônditos do pais.

Na perspectiva de MAZURI (2010:72) Nos sistemas Francês, Português e Belga, a


centralização da administração colonial reservava o poder legislativo à metrópole, mas
nas possessões Britânicas da África os conselhos coloniais tomaram efetivamente os
caráter de assembleias protoparlamentares, em que os eleitos ou nomeados, ou ambos,
viram suas funções pouco a pouco passarem do consultivo ao legislativo, preparando
assim, sem querer mas de acordo com um processo muito lógico, a via para a devolução
dos poderes políticos.

5.1.Características da administração directa Francesa

Na perspectiva de BOAHEN (2010:79) O sistema colonial francês estava fundado em


uma administração centralizada e direta; um governador-geral, representante do
ministro das colônias, estava na direção de cada agrupamento de territórios; os
territórios sob mandato eram administrados por um alto-comissário da República.
Diferentemente das colônias, nestes territórios sob mandato não havia alistamento
militar e à França cabia apresentar à SDN um relatório anual da sua administração.

Durante boa parte da década, os governadores-gerais e os alto-comissários governariam


por decreto, tomados por sua conta própria ou procedentes dos decretos de autoridades
governamentais francesas; eles eram assistidos por um Conselho de Governo de papel
puramente consultivo ( e não deliberativo). Além disso, este Conselho era formado por
alto-funcionários diretamente subordinados ao governador-geral ou ao alto -comissário,
dos quais eles eram colaboradores próximos, tais como: o secretário -geral que podia
assegurar o ínterior na ausência do governador -geral; o comandante superior das tropas

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coloniais; o procurador- -geral; e os diretores -gerais dos serviços federais (finanças,
saúde e educação). O governador -geral detinha poderes muito amplos:

Segundo MAZURI (2010:75) diz que “Nenhuma lei, nenhum decreto, mesmo que
especialmente tomados para o grupo de colônias conside, não são aplicáveis antes de
terem sido promulgados pelo governador-geral por decreto. ” Ele possuía não somente a
autoridade sobre a administração mas também dispunha de uma força armada. Ele
nomeava e revogava a seu bel-prazer. Tratava -se verdadeiramente de um pró-cônsul.

os governadores -gerais e os alto--comissários eram assistidos por repartições que


asseguravam serviços gerais. As mais importantes eram as direções de assuntos
políticos, de finanças, de trabalhos públicos, de educação, dos assuntos econômicos e da
saúde. Graças a estes serviços, o governador -geral acompanhava regularmente a vida
administrativa das colônias.

Ainda BOAHEN (2010:73) afirma que na direção de cada colônia encontrava -se um
tenente -governador colocado sob as ordens do governador -geral. Ele contava em seu
entorno com um conselho administrativo similar ao Conselho de Governo.

Ele era o chefe administrativo da colônia, dirigente dos serviços especializados


correspondentes aos serviços federais. No interior do país, ele era representado por
administradores das colô- nias, denominados comandantes de círculo, pois cada colônia
estava dividida em um número variável de unidades territoriais, chamadas
circunscrições ou círculos;

O comandante de círculo era o principal representante do poder colonial conhecido


pelos africanos. Tratava -se de um déspota local em um sistema despótico. Ele era,
simultaneamente, chefe político, chefe administrativo, chefe da polícia, procurador
-geral e presidente do “tribunal indígena”. Ele prescrevia o imposto de capitação,
controlava o recebimento das taxas, exigia o trabalho forçado, confiscava as culturas de
exportação, mobilizava o trabalho obrigatório e impunha o serviço militar. Ele era
julgado em função dos benefícios obtidos para a França e não, ao contrário, pelos
serviços que ele viesse a oferecer aos africanos. (Ibdem).

A sua preocupação não era atender às necessidades dos autóctones mas, em oposição,
tratava-se de zelar pelos interesses das câmaras de comércio e das grandes empresas,
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capazes de impor métodos pouco ortodoxos aos governadores e administradores. Uma
administração que não levasse em conta os interesses da população, quase
inexoravelmente, desembocaria na opressão política.

O comandante de círculo e o chefe de Cantão provocaram profundos traumatismos no


meio rural. A cobrança do imposto de capitação, o recrutamento de soldados ou o
trabalho forçado, esgotaram o meio rural. Os chefes de comunidade constituir -se -iam
em simples fantoches e posteriormente em agentes implacáveis da exploração. Se o
imposto não fosse arrecadado, eles eram destituídos e encarcerados. Por outra parte, se
eles obtivessem “êxito”, aos olhos de seus mestres coloniais, seriam detestados pelos
seus – os camponeses.

5.2.Características da administração directa portuguesa

O sistema de prtugual era semelhante ao sistema francês, contando com uma hierarquia
administrativa comportando desde o governador-geral até os chefes de circunscrição,
todos submetidos às leis e diretrizes decididas pelo governo de Lisboa e dotados de
poderes similares àqueles dos seus colegas franceses. Autocrata e antidemocrata na
metrópole, o “fascismo” português reforçava os métodos dirigistas em vigor nas
colônias. BOAHEN (2010:93)

Mesmo antes da era fascista, Portugal geralmente praticava na África uma política de
segregação, sobretudo após 1910. Esta política relegava o autóctone ao fundo da
estrutura social. Os “indígenas” − tal como nas possessões francesas − tinham poucos
direitos e estavam submetidos ao trabalho obrigatório cujo caráter representava, por
pouco que não, a continuação da escravatura.

A ausência de inovação caracterizava singularmente as colônias portuguesas que


também suportavam uma exploração mais intensa. Com excepção de capitais regionais
como Bissau, Luanda e Lourenço Marques e subtraindo um pequeno número de outras
cidades onde tal desenvolvimento industrial ocorrera, o interior do país se mantinha
como um reservatório onde se explorava o trabalho forçado, especialmente por
intermédio dos mercadores brancos que compravam as colheitas dos camponeses.
(Ibdem)

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5.3.Características da administração directa Bélgica

Em oposição, a Bélgica controlava uma única e enorme colônia, o Congo, associada a


um território bem diminuto, correspondente ao Ruanda- -Urundi (atuais Ruanda e
Burundi), colocado sob o seu mandato.

A Bélgica tornou-se colonial quase contra a sua vontade. Mas quando se tornou
colonial. Nesse processo o homem chave é o rei Leopardo II que resolveu para apoderar
de uma fatia da África, uma espécie de cupidez febril e sentir trançado por alguns traços
a lápis no mapa para incluir Catanga em plena conferência Berlim. Este furar de
anexação ira opô-lo de resto aos franceses na região de ubangui e do Bakar El-chazar.
KI-ZERBO (2002:140).

De 1886 a 1896 data, o tratado de delimitação das fronteiras com a Inglaterra,


desenvolve-se o reconhecimento minucioso dos territórios sobretudo nas zonas
periféricas mas contestado. Para evitar as fugas dos indígenas cada aldeia era confiada a
guarda de um grupo de militar a fuga do homem, trazia consigo uma operação punitiva
que levava ao assassínio público.

Os objectivos concretos da colonização revelaram-se muito restritos. Limitavam-se


Essencialmente a manter a ordem, evitar despesas muito excessivas e constituir uma
reserva de mão-de-obra, primeiro para transporte de cargas e depois para construção de
estradas e ferrovias, mas também para fins comerciais. Na prática, esses objectivos eram
atribuídos as funções da administração local.

4.Características da administração indirecta da Grã-Bretanha

Para KI-ZERBO, (2002:135) “A característica administração indirecta, era


caracterizado pela manutenção das estruturas tradicionais no poder e pela continuidade
do respeito das normas da sociedade. Porém, antiga estrutura tradicional, deixou de ser
autónoma e passou a depender da potência colonizadora. Esta prática corrente da
Inglaterra e da algumas vezes da França”.

O administrador colonial acompanha os chefes, governam através dele. Em teoria, só


podem operar ligeiras modificações no funcionamento que encontram, quer para suprir
os elementos que considerem necessário a revolução desejada.

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HISTORIA DE AFRICA III
Para M’BOKOLO 2007:394) afirma;

“O povo colonizado não é desorganizado, tem o seu


próprio modo de administração, que é original que esta
adaptada a sua cultura e sobretudo tem o mérito de estar já
estalada. Por conseguinte o colonizador tem todo o interesse em
não procurar substituir essa estrutura e os chefes tradicionais
reconhecidos, antes nele se apoiar servindo assim de guia para
dar a essas estruturas a possibilidade de evoluir para uma maior
eficácia e de se adaptar a mudança nomeadamente económica”.

Para os partidários da indirect rule. O sistema apresentava numerosas vantagens, e


exigia poucos homens, pois utilizavam, chefes instalados pelo que era pouco trabalhoso
não perturbavam a vida política, económica e social das populações colonizadas.

Os protectorados, são territórios marcados pela administração colonial indirecta. Nestes


territórios autoridade colonial é mantida de forma intacta sem haver qualquer
interferência da metrópole.

Os regimes tradicionais, geralmente monarquias, continuam a exercer a sua actividade


controladora, mas são agora protegidos pelas suas metrópoles e os chefes tradicionais
são tidos como súbditos das coroas metropolitanas. São exemplos a Suazilândia, o
Malawi, e o Lesoto da nossa região.

“A grande tarefa da administração indireta”, escrevia o biógrafo de Lugard num artigo


em defesa de sua política, “é não intervir nas rivalidades entre africanos, deixando
campo livre suficiente para que encontrem eles próprios o ponto de equilíbrio entre o
conservadorismo e a adaptação” perspectiva de BOAHEN (2010:361)

Segundo KI-ZERBO, (2002:121), diz que os funcionários da administração, por mais


que fossem teoricamente apenas conselheiros junto às “autoridades indígenas”, assim
chamadas as unidades de poder local, na prática, se ocupavam, frequentemente e
pessoalmente, da supervisão direta de numerosos aspectos da administração dos
negócios. Os chefes tradicionais destes territórios tam-pouco conservavam grande parte
da iniciativa concernente à administração dos seus sujeitos.

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HISTORIA DE AFRICA III
Deve-se aqui observar que os chefes ocupantes de tais posições, no quadro deste sistema
administrativo indireto, sobreviveriam ao advento da independência, ao passo que
aqueles outrora agentes do regime administrativo direto desapareceriam, em sua
maioria, enquanto classe.

Outro aspecto colocado por BOZATTO, (1983:329) diz que;

“Sejam quais forem as razões deste fenômeno, o fato é que o


homem branco deixava sua marca, muito menos intensamente,
na vida cotidiana dos africanos em territórios administrados
indiretamente. Seria todavia um erro acreditar que não
houvesse, nestes territórios, qualquer traço de governo direto;
quando se tratava de implementar medidas aplicadas ao
conjunto da colônia, o chefe recebia as suas instruções e
raramente era consultado quanto à sabedoria ou aos
fundamentos das medidas, como a construção de estradas e de
vias férreas territoriais ou, por exemplo, as modalidades de
combate às epidemias”.

Ainda na optica de KI-ZERBO, (2002:121), a Grã -Bretanha controlava dezasseis


territórios africanos, exceção feita da África do Sul cuja efetiva independência ocorrera
desde 1931, e do Egito, no qual a “independência” se encontrava relativamente
restringida em razão da presença de tropas britânicas em seu território, especialmente
durante a guerra.

Toda tentativa de generalização concernente ao regime colonial britânico na África se


torna ainda mais delicada em função da facilidade em se encontrar, no mesmo território,
múltiplos sistemas administrativos, lado a lado, em funcionamento.

5.Caracteristicas da administracao mista para Franca e Alema

Para M’BOKOLO, (2007:394) “Foram os franceses que primeiro definiram


teoricamente essa forma de administração, cujo alcance superava o quadro africano.
Por eles denominado politique d’association, o modelo teve muita voga na virada do
século e foi entusiasticamente oposto ao antigo ideal de assimilação política”

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HISTORIA DE AFRICA III
Esta política de associação também se baseava num certo respeito pelas estruturas
tradicionais, os dois povos, o colonizador e o colonizado, podiam coabitar respeitando-
se visto que um estava ai para ensinar ao outro a maneira eficaz de se administrar sobres
toda a forma de valorizar economicamente os seus recurso. A Sociedade africana
tinham que ser reorganizada, alguns chefes considerados impostores isto é cujo poder
era relativamente recente ou que podia incomodar os Europeus eram afastados, os
outros tornaram-se agente directo da administração.

O sistema era considerado de grande eficácia pelos seus adeptos que supunham-se
igualmente que permitiam uma grande a proximidade entre a administração colonial e
seus administradores. As críticas iniciam sobre os factos de o sistema ser
excessivamente ser paternalista, que consistia em deixar pouco lugar a originalidade
africana, e na prática, provocar muitas vezes a desagregação das estruturas existentes.
(idem).

Segundo KI-ZERBO (2002:131), o lago Alemão era um território que equilibrava o seu
orçamento e onde o colonizador leva o cuidado de criar quadros técnicos. Depois da
primeira guerra mundial, o Togo foi dividida em duas parte sob mandato britânico a
leste, sob mandato francês a oeste pois um grande problema de reversão e não tardou, a
pois a segunda guerra mundial.

Segundo M’BOKOLO (2007:395) diz que; tinha como objectivo integrar os povos
colonizados no povo colonizador numa espécie de consumação de princípio directo. O
sistema político administrativa jurídico, económica devia ser de acordo pela
organização da metrópole integrando nela. A prazo e mediante certas reservas, os
colonizados podiam muito simplesmente tornar-se cidadão de pleno directo no seio do
pais colonizador e adquirir o mesmo estatuto e os mesmos direitos que qualquer outro
cidadão onde eram os indígenas já iguais ao da metropolitanos.

No século XX essas perguntas já não era pertinente com efeito verificara-se que os
políticos de assimilação era de difícil aplicação, prática, pois os povos africanos tinham
demonstrados uma grande capacidade de resistência cultural, a ponto de numerosos
Europeus os considerar inassimiláveis.

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A IGM e seus impactos em África

Segundo BOAHEN (2010), a Primeira Guerra Mundial foi antes de tudo um conflito
entre potências europeias, no qual a África viu-se directa e indirectamente envolvida
pelo fato de, no momento da abertura das hostilidades, encontrar-se, em quase toda a
extensão, sob a dominação dos beligerantes.

Para a África, a consequência imediata da declaração de guerra na Europa foi a invasão


das colónias alemãs pelos Aliados. Nenhum dos beligerantes se havia preparado para o
conflito ao sul do Saara. Por breve instante acreditou-se mesmo que a região viesse a ser
poupada.

As campanhas na África podem ser divididas em duas fases distintas. Durante a


primeira – que durou apenas algumas semanas –, os Aliados procuraram destruir a
capacidade ofensiva da Alemanha e neutralizar seus portos africanos.

As tropas africanas desempenharam papel decisivo em ambos os lados, dando muitas


vezes prova de grande bravura e revelando-se combatentes bem melhores que os
soldados sul-africanos brancos, dizimados por doenças Houve dias em que a ração do
soldado nigeriano de infantaria se compunha, ao todo, de meia libra de arroz. Os
carregadores pagaram pesado tributo: pelo menos 45 mil morreram de doenças durante
a campanha.

1.2.1. Impactos na administração colonial

Na visão de BOAHEN (2010:328), a guerra assistiu a um significativo êxodo dos


europeus que exerciam funções administrativas e comerciais nas colónias dos países
aliados, obrigados a partir para a frente ocidental ou a incorporar-se às unidades
estacionadas na África, a fim de combater em qualquer parte do continente.

O resultado desse êxodo foi o declínio, quando não a completa paralisação de inúmeros
serviços essenciais anteriormente a cargo dos europeus. Em certos casos, como no
Senegal, africanos foram especialmente treinados para ocupar as funções vagas.

Aos olhos dos africanos, o espectáculo inédito de europeus combatendo-se entre si –


coisa que jamais haviam feito durante a ocupação colonial – talvez tenha sido ainda
mais chocante do que o aparente êxodo. Pior ainda, os colonizadores incitavam os

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súbditos uniformizados a matar o “inimigo” branco, até então pertencente a um grupo
considerado sacrossanto dada a cor de sua pele, sendo todo ataque a qualquer de seus
membros punido com a máxima severidade.

1.2.2. A nível militar

Na visão de BOAHEN (2010:332), a excepção feita à campanha do Sudoeste Africano,


as tropas africanas desempenharam papel decisivo nos êxitos militares dos Aliados em
solo da África. As tropas autóctones combateram não apenas no território do continente,
como também foram reforçar exércitos europeus na frente ocidental e no Oriente
Médio. Mais de um milhão de homens foram recrutados durante a guerra para completar
os efetivos, regra geral pouco importantes, mantidos pelas autoridades coloniais.

O recrutamento de combatentes e carregadores obedecia a três métodos. O primeiro era


exclusivamente voluntário: os africanos ofereciam seus préstimos livremente, sem a
menor pressão externa. Segundo forçados e terceiro fosse como conscritos.

1.2.3. Frentes africanas

Na visão de BOAHEN (2010:336), a guerra foi directamente responsável por um


número enorme de mortos e de feridos na África, mas não só: causou também,
indirectamente,inumeráveis óbitos devidos à epidemia de gripe que atingiu todo o
continente entre 1918-1919, facilmente propagada com o repatriamento dos soldados e
carregadores.

No momento em que os regimes coloniais aliados menos podiam tolerar tumultos na


retaguarda, sua autoridade, ainda não consolidada em regiões como o sul da Costa do
Marfim, grande parte da Líbia ou Karamoja, em Uganda, viu-se contestada por vários
levantes armados e outras formas de protesto. Para enfrentar a situação, as potências
aliadas deslocaram para essas regiões algumas unidades dos efectivos militares
necessários para combater os alemães na África e na frente ocidental. Os recursos de
que dispunham eram tão escassos e o movimento de revolta tão extenso em certas
regiões como a África Ocidental Francesa e a Líbia que os europeus tiveram de esperar
até poder contar com tropas suficientes para restabelecer sua autoridade.

Múltiplas razões explicam os levantes: desejo de recuperar a independência;


ressentimento contra as medidas de guerra, como o recrutamento obrigatório e o

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trabalho forçado; oposição religiosa, nomeadamente pan-islâmica, à guerra; reacção às
restrições económicas geradas pela guerra; descontentamento com certos aspectos do
regime colonial, cuja natureza se desvendou nitidamente durante os anos de guerra.
Acrescente-se, por fim, sobretudo na África do Sul, os sentimentos pró-germânicos das
populações submetidas aos Aliados.

1.2.4. Consequências económicas da guerra

Na visão de BOAHEN (2010:339-343), A declaração de guerra prejudicou


consideravelmente a vida económica da África. De modo geral, provocou a queda dos
preços dos produtos básicos e a elevação dos preços dos artigos importados, dada a
redução da oferta.

Embora, por estarem controlados, os preços das exportações nem sempre reflectissem o
aumento da demanda e embora a expansão da necessidade de mão-de-obra nem sempre
se traduzisse, também, em aumento de salários, o preço dos produtos importados, não
obstante, quando se encontravam, não deixou de subir durante todo o curso da guerra.

A demanda de soldados e carregadores e a necessidade de aumentar a produção das


culturas de exportação e de subsistência determinaram a escassez de mão-de-obra em
várias partes do continente. A carência de produtos de importação conduziu à queda da
produção agrícola naqueles países dependentes da importação de adubos, implementos
agrícolas e materiais de irrigação, como o Egipto.

De modo geral, as receitas públicas diminuíram no decurso da guerra, já que advinham


principalmente da tributação das importações. Não obstante, as colónias suportaram
grande parte do ónus financeiro das campanhas locais,independentemente das somas
que versaram às potências metropolitanas, a título de contribuição ao esforço de guerra.
Salvo quando as exigências militares dispuseram de outra forma, as obras públicas e os
planos de desenvolvimento foram suspensos até o cessar das hostilidades.

1.2.5. Consequências sociais e políticas da guerra

Na visão de BOAHEN (2010), a guerra teve, para a África, consequências sociais muito
variáveis, segundo o grau de participação de cada território, particularmente segundo a
intensidade do recrutamento ou das operações militares de que foram palco.

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Em muitas regiões africanas, a guerra favoreceu se não sempre o despertar de
movimentos nacionalistas, ao menos o desenvolvimento de uma atitude mais crítica da
elite culta em relação ao poder colonial.

Para OGOT(1974:265.), a experiência da guerra teve o mesmo efeito para os africanos e


europeus pouco instruídos, o soldado africano não tardou a descobrir os pontos fortes e
a fraqueza do europeu, até então considerado pela maioria dos africanos como um
indivíduo superior.

Na visão de BOAHEN (2010:344-346), se, por um lado, a guerra assinalou o fim das
tentativas por parte dos africanos para recuperar a soberania da era pré-colonial, por
outro, também assistiu à intensificação das reivindicações, como consequência da
participação dos africanos na administração das novas entidades políticas a eles
impostas pelos europeus.

A guerra estimulou não apenas o nacionalismo africano, mas também o nacionalismo


branco, nomeadamente na África do Sul. Nesse país, a rebelião dos afrikaners foi
rapidamente sufocada, mas não o estado de espírito que deu origem a ela.

3. NACIONALISMO AFRICANO

3.1 Conceito

Nacionalismo é a tomada de consciênciapor parte de indivíduos ou grupos de indivíduos


numa nação ou de um desejo dedesenvolver a força, a liberdade ou a prosperidade dessa
nação”. Esta definição aplicasse ao nacionalismo em todas as circunstâncias ou fases de
desenvolvimento de qualquerpovo, ou seja ela pode ter o significado de Por exemplo,
pode aplicar-se ao nacionalismo europeu como fenómeno continental ou aos
nacionalismos francês, americano, russo, chinês, moçambicano, etc.,como expressões
das aspirações de determinadas entidades étnicas ou nacionais.(BRAGANÇA,1978:40).

Para KI-ZERBO, (2002:157), o nacionalismo é só justiçável, quando um povo se


encontra oprimido, ele se contra então numa aspiração bruta as diversas forças sociais,
igualmente humilhadas, que vivem humilhadas e que vivem na esperança.

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3.1 O contexto do nacionalismo africano

Ocontexto africano no qual o nacionalismo encontra a sua expressão podeexigir um


aprofundamento da definição acima apresentada. Dadas as ultimascircunstâncias
históricas que afectaram as vidas dos vários povos no continente africano,é necessário
acrescentar que o nacionalismo africano também se caracteriza pelodesenvolvimento de
atitudes, actividades e programas mais ou menos estruturados comvista à mobilização
de forças para conseguir a autodeterminação e a independência que estava perdida.
(BRAGANÇA,1978:41).

Deste modo DOMINANCH, 1955:348 cit.Por KI-ZERBO, (2002:157), sustenta que


uma vez que libertado este povo, não pode o nacionalismo fornecer respostas serias aos
problemas reais. Contudo KI-ZERBO, enfatiza que o despertar do nacionalismo ou o
ressurgimento de uma personalidade que tenta afirmar-se opondo-se do poder
estabelecido. O que marcou a história dos séculos XIX e XX foi sem dúvida, a opressão
colonial, de facto, a situação colonial era de exploração económica aliada a
discriminação racial. Muitos africanos foram atingidos por esta presença opressora, e,
como resultado desta situação, estabeleceu-se uma unidade entre os povos explorados,
dando inicio ao nacionalismo em África portanto, os nacionalismos em África surgiram
como forma de contestação a esta situação colonial.

Para efectivar esta contestação foram três as fases das manifestações nacionalistas
africanas, a saber: a imitação da cultura europeia, a redescoberta dos valores
tradicionais a procura de uma síntese; isto quer dizer que a África colonizada usou
inicialmente os próprios meios do colonizador (a sua própria língua, a sua técnica, a
sua religião, as suas ideias), para acabar com o sistema de opressão colonial. É por isso
que o nacionalismo em África se realiza com mais visibilidade nas cidades, onde não só
estão os intelectuais, como também a presença colonial é mais constante e próxima.
(ANDRADE1997NK),

Nesse sentido os nacionalistas já exprimiam sua revolta na língua colonial e sou mais
tarde encontraram no socialismo e nas armas a força de luta contra a exploração, miséria
e o desemprego.

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3.2 Origem

O surgimento do Nacionalismo africano se diferencia do europeu, e teve como diferença


principal a sua ordem de acontecimentos. Na Europa o sentimento de nacionalismo
surgiu antes das unificações dos Estados, os povo dividiam não só a luta pela
unificação, como também identidades culturais e um passado histórico, a luta destes
povos se deu para que mantivessem uma unidade cultural e politica. Já na África
quando esta ideologia surgiu, os Estados já estavam divididos segundo interesses
colonialistas de Estados europeus.

Assim KI-ZERBO (2002:157).Diz que, o nacionalismo africano principiou com os


primeiros antagonismos com os estrangeiros e nunca desapareceu por completo. O
período colonial constituiu no entanto, uma fase histórica durante o qual este
nacionalismo é domesticado ou esmagado só se podia exprimir sob forma de revoltas.

Para ANDRADE (1997)resume a origem do nacionalismo em dois pontos: a) o


protonacionalismo que criou as premissas histórico-sociais, objectivas e subjectivas para
a emergência do moderno nacionalismoafricano; b) o protonacionalismo foi um
movimento que serviu de antecâmaraaos processos que viriam a conduzir os povos dos
países africanos então colonizados por Portugal neste caso, à nova fase da luta de
libertação nacional e à consequente conquista das respectivas independências nacionais.

ANDRADE (1997), situa o significado histórico sociológico do protonacionalismo


africano em duas dimensões principais, caracterizadas por processo de continuidade
selectiva: a) no plano teorético, e, b) no plano prático (ou do sistema sócio-política). Em
relação ao plano teórico doutrinário, o sociólogo refere-se ao significado dos principais
temas dos discursos sociopolíticos: i) a ramificação indígena/assimilado, ii) a questão da
permanência fingida do trabalho obrigatório, da usurpação das terras ou do acesso à
instrução, e, iii) o discurso de raça como tema recorrente, que assume maior amplitude e
influência sociocultural com o advento do movimento da negritude e, quanto ao “espaço
lusófono”, ANDRADE (1997: 16-17).

Não há sombra para dúvidas que o estudo sobre o (proto) nacionalismo africano
empreendido por Mário Pinto de Andrade, foi desenvolvido a partir de uma rigorosa
metodologia e interpretações sociológicas.

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Segundo ANDRADE (1997:20), a analise feita sobre a origem do nacionalismo africano
tem dimensões de que em primeiro lugar, essa dupla significância metodológicarecair
sobre três eixos de análise periodológica, sobre o (proto)nacionalismo africano:

1. A análise dos três grandes momentos que enformam os discursos do


(proto)nacionalismo a anterioridade nativista(Segunda metade do século XIX e
primeira década do século XX),
2. O exercício do discurso protonacionalista propriamente dito (1911-1945), e,
3. A construção do discurso da dupla ruptura (pro)tonacionalista (1945-1957), e, 4)
a emergência do discurso e das organizações unitárias do moderno nacionalismo
africano (1957-1961);

De acordo como ANDRADE (1997), emsegundo lugar, a análise em causa é objectiva e


recaí sobre três referentes sociológicos, Andrade, a saber:

1. A análise sociológica do conteúdo do discurso ou do conteúdo textual;


2. O estudo da problemática do alcance social dos sujeitos-objectos que o autor
designa por interlocutores destinatários; e
3. O estudo da composição sociológica (a partir das origens, prática e anseios
sociais dos principais protagonistas (proto)nacionalistas, dos actores-dirigentes
e dos interlocutores-destinatários) dos protagonistas de cada momento
periodológico e dos resultados sociológicos dos seus engajamentos concretos.

Na caracterização do protonacionalismo como uma acção colectiva,isto é, um


movimento social;

Os analistas da modernidade” projectam uma participação organizativa aglutinadorados


patriotas africanos, atribuem ao proletariado a direcção dessa luta, convidamtodos os
patriotas das colónias portuguesas a mobilizarem-se nas suasorganizações nacionais
(partidos políticos e organizações nacionais), definemobjectivo programático imediato:
a liquidação do colonialismo português (ANDRADE,1997: 24-25).

3.3 A Emergência Do Moderno Nacionalismo Africano

É de referir o facto de serem as elites provenientes do sistema de ensinoreligioso, as


primeiras a constituir os primeiros núcleos de letrados africanos. Sobre isto, Andrade
considera o seguinte: “Produto dos aparelhos ideológicos dominantes (igreja, escola,

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exército) são particularmente os clérigos, antigosdiscípulos dos seminários que graças
à anterioridade e proeminência do ensino religioso,formam o primeiro núcleo de
letrados” (ANDRADE1997: 39). É no âmbito dessa estruturasociológica, em que se
inscrevem as elites nativistas e o papel das instituições ideológicas de reprodução e
regulação - a igreja, o escola e o exército - que se deve situar a hora dos
protonacionalistas. Aliás, esses dois factores determinama composição sociológica dos
novos protagonistas sociais - os protonacionalistas.

Assim, a auto-representação dos novos protagonistas é uma“plêiade da elite africana”,


formada por estudantes, mestres-escolas. Professores,publicitas, advogados, médicos,
técnico, engenheiros, comerciante, proprietários”uma ‘aristocracia sociológica’,
representativa da pequena burguesia urbana erural (ANDRADE, 1997: 10, 15-16).

3.4 Desenvolvimento do nacionalismo

Com a participação dos africanos nas guerras, levou a um despertar de que os brancos
atormentavam-se, sentiam cede, suavam e também trabalhavam com as mãos, os
brancos confundidos na africa e a superioridade colonial, revelavam-se assim como
verdadeiros lobos de um para outro, ou seja de branco contra branco. (KI-ZERBO,
2002:158),

Para BOHAN,(2010). Assim como o desprezo germânico de Hitler nos anos 30 que
englobava brancos, germânicos e negros, descobriam-se esses subitamente o seu próprio
valor e atingiam ao mesmo tempo a estrutura e ao estatuto de cavaleiro de uma causa
que ultrapassava as linhas de demarcação dos limites dos homens, a linha da dignidade
humana.

Mesmo quando a mobilização do pessoal europeu durante a guerraabriu possibilidades


de emprego aos africanos instruídos, as realidades do pós-guerranão tardaram a trazer
desilusões e descontentamentos. Não só os africanosinstruídos eram colocados em
posições inferiores às do pessoal europeude formação e experiência equivalentes, com o
qual serviam nas mesmas administraçõescoloniais, como se viam socialmente relegados
a segundo plano.(BOHAN, 2010, 661).

Como vimos, depois das guerras sempre hou reformulação das politicas colonias,
forram estas politicas que favoreceram o ambiente de contestação, na primeira guerra
mundial vimos o papel da Sociedade Das Nações e a na segunda o papel da

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Organização das Nações Unidas, que também juntam as forças mundiais reivindicando
a liberdade dos povos oprimidos.

3.5 DEBATES EM TORNO DO NACIONALISMO AFRICANO

Características do Nacionalismo Africano entre 1919-1935.

Cumpre,inicialmente, distinguir o nacionalismo europeu do século XIX e aquele quea


África colonizada experimentou entre as duas guerras mundiais. Na Europa,o
nacionalismo representou, para as comunidades que aceitavam a realidadede identidades
culturais e de um passado histórico comuns, a aspiração a umaexistência soberana
dentro de organizações políticas (Estados) próprias. A lutatinha como objectivo garantir
a coincidência entre a nação cultural e a organizaçãode sua vida política como Estado.
Conforme demonstram os exemplosgrego, italiano e alemão, o resultado definitivo dos
movimentos nacionalistas foia criação de Estados Nacionais.(BOHAN,2010:658-9).

A situação colonial representavapara todos um quadro novo, onde havia que forjar
identidades novas que os sustentassemna luta contra as atrocidades da dominação
estrangeira. As fronteirascoloniais que, na maioria das vezes, englobavam diversas
nações culturais sob umaadministração imperial comum foram aceitas tais como eram.

A constituição da nova identidade consistia, de início, em aceitar a africanidade


essencial das diversas nações culturais. Os territórios das administrações coloniais
passaram a constituir, em praticamente todos os casos, a definição territorial daquilo que
os africanos começaram a considerar como proto-estados, em torno dos quais
procuravam desenvolver na população um sentimento de pertença com um.

3.5.1 Contexto colonial

No contexto colonial, a evolução política e social foi o resultado das interacçõesentre


colonizador e colonizado. Em certa medida, as orientações das elitesdirigentes africanas
foram determinadas pela forma da administração colonial.

SegundoBOHAN (2010:658).Onde como nas federações coloniais francesas a estrutura


e a política dasadministrações eram regionais, os dirigentes tendiam a adoptar uma
visão regional.Os campeões do nacionalismo africano entre as duas guerras
(wanasiasa,como sãochamados em swahili) eram essencialmente considerados como

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pan-africanistas,e não nacionalistas no sentido europeu. Efectivamente, o
movimentonacionalista seguia curso inverso ao da evolução registrada na Europa.

Ao contrário do que se passara na europa, o Estado havia sido criadoantes que as nações
culturais que lhe emprestassem significado de comunidadepolítica tivessem cimentado
sua unidade. É o que se infere da observação deJames Coleman:

[...] em muitos casos, o nacionalismo africano não se deve ao sentimento de


pertencer a uma unidade políticocultural que procura defenderse ou afirmar se;
representa, antes, o esforço desenvolvido por modernistas conscientes de uma
realidaderacial para criar novas nacionalidades políticas e culturais, a partir
das heterogéneas populações englobadas dentro das fronteiras artificiais
impostas pelo senhor europeu(COLEMAN, 1965.177 citado por Bohan
2010:658).

As colónias presentes na África abrigavam pessoas de distintas culturas, tendo estes


como laço em comum estarem submetidas a um senhor estrangeiro. Quanto os
territórios já estavam delimitados e foram aceitos assimcomo estavam; a principal luta
era por um reconhecimento de africanidade essencial que fazia parte de todas as
culturas. Partir desse ponto é observável o modelo do nacionalismo africano que se
diferenciava do europeu.

3.5.2 Concepção modernista dos nacionalistas africanos

Os incentivadores do nacionalismo africano eram considerados “modernistas”, pois


agiam dentro de um sistema estrangeiro de nomes, valores e definições de evoluções
políticas e sociais, utilizando estes conhecimentos os aplicavam em seu território.O
facto de os nacionalistas africanos serem considerados “modernistas” reflecte pois bem
da necessidade que tinham de agir dentro de condições definidas do exterior,condições
que impunham um sistema estrangeiro de valores, de nomes e dedefinições da evolução
política e social e que foram obrigados a subscrever paraterem possibilidade de êxito.
(Boahen, 2010:659).

Assim a pequena elite culturalAfricana que era rejeitada pela elite colonial, relegada a
segundo plano, sofrendo preconceitos e sendo sempre rebaixada em comparação a
pessoas com o mesmo grau de instrução. O colonialismo não permitia a interacção,

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minando assim a expectativa da elite africana de se mesclar ou se integrar a elite
colonizadora.

Durante a Primeira Guerra abriu-se possibilidade de empregos para os africanos


instruídos,mas estes eram colocados sempre abaixo da posição que deveriam ocupar. Os
colonizadores demostravam que jamais poderiam ser iguais aos brancos, que nem
mesmo por meio do acesso a cultura poderia ascender ao mesmo patamar dos europeus.
Esta barreira erguida entre o colonialismo e o povo africano era fonte de rancor e
agitação contra este regime. Mas o sentimento de nacionalismo e a recusa
docolonialismo não estava apenas na elite urbana, se fazia presente também em zonas
rurais, ou seja, um desejo comum entre todos os africanos independentes de cultura ou
classe. Ou seja, é erro considerar, como se fez até agora em algumas literaturas
coloniais, o nacionalismo africano como um fenómeno elitista e puramente urbano.
Trabalhos recentes mostram, cadavez mais claramente, a importância do
descontentamento e dos sentimentosanticolonialistasnas zonas rurais, sendo a sua causa
principal as novas medidas financeiras e económicas, o novo sistema judiciário e,
sobretudo, a depressão económica dos anos 1930.(Bohan 2010).

Dentre isto, uma das preocupações do aspecto político do nacionalismo africano era o
renascimento da cultura que foi abafada pelo colonizador, uma busca pelas raízes que
foram arrancadas violentamente. O colonialismo se justificavapela desigualdade
fundada na descriminação racial, sendo assim as reivindicações de igualdade vinda dos
colonizados era também um pedido do fim do colonialismo.A medida que surgiam mais
africanos instruídos, mais mão-de-obra especializadas, em muitas colónias estas mãos
de obra se sindicalizaram reforçando a politica anticolonialista.

Dentro deste ideal de liberdade existiam diferentesideologias, como por exemplo na


Argélia e no Senegal que o fim do colonialismo se daria em troca de uma “assimilação”
que dava direito a uma cidadania francesa. Já os africanos em territórios britânicos
tinham o ideal de vencer o colonialismo sendo independentes como países soberanos.
Tinham um mesmo objectivo com métodos diferentes. (Bohan 2010:663).

LORUNTIMEHIN, 1971:33-50. Citado por BOHAEN, (2010:664) explica que esses


métodos eram ditado pelo contexto da acção, tal como o determinavamas relações
dialécticas entre as ideologias e as práticas coloniais.

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3.5.3 Contribuição da sociedade das nações no nacionalismo africano

Para BOHAEN, (2010). No período entre guerras, a Sociedade das Nações considerava
o desenvolvimento das populações colonizadas o principal objectivo do sistema
colonial. Isto foi uma introdução de responsabilidade as nações colonizadores, que
impulsionaram muitosnacionalistas, e receberam logo apoio e encorajamento por
movimentos ideológicos internacionais comunistas, leninistas, anti-imperialistas e
influencias negras americanas e caribenhas. Contra estas forças se fizeram doutrinas
políticas autoritárias, retrogradas do ponto de vista racial as mesmas utilizadas nos
regimes fascistas e nazistas.

Contudo,durante as duas guerras os nacionalistas sofreram privações das liberdades


políticas e sociais, exploração dos recursos e materiais e impedimento de participarem
do avanço politico e social das sociedades colonizadas.

3.5.4 O renascimento cultural

Outro aspecto da política e do nacionalismo africanos entre as duas guerrasfoi a


preocupação com o renascimento cultural, reacção inevitável à realidadebrutal que era a
negação, pelo colonizador, da cultura dos colonizados.

O despertarcultural foi um dos elementos da luta pela reafirmação e preservação


daidentidade pessoal, de início enquanto africanos e, depois, enquanto membrosde
determinadas nações culturais. O pan-arabismo e o pan-africanismo são,talvez, os
exemplos mais notáveis, mas os movimentos ditos “nativistas” eos movimentos
religiosos, assim como o “etiopianismo”, atendiam à mesmapreocupação.

De acordo com BOHAEN, (2010:662),Além disso, sustenta que, o colonialismo é um


fenómeno global que afecta ou representaameaça potencial a todos os aspectos da
existência; portanto, os movimentosque se opuseram a ele tiveram de combate-lo sob
todos os seus aspectos. Comosistema orientado para a defesa de sua própria segurança,
o colonialismo é naturalmenteameaçado por quaisquer reivindicações de equidade e de
igualdade nasrelações entre colonizador e colonizado, quer emanem de grupos de
trabalhadores,de igrejas ou da burocracia colonial, quer se traduzam por
manifestaçõesdestinadas a obter, por exemplo, escolas ou serviços de saúde. Não se
esquecendo que o ponto essencialque o colonialismo encarna a desigualdade fundada na

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discriminação racial,e toda reivindicação de igualdade em qualquer domínio das
relações humanasacaba por exigir o fim do colonialismo.

3.5.5 A expressão da política e do nacionalismo africanos

Se o ambiente colonial e internacional era em grande parte uniforme, aexpressão


concreta do nacionalismo e da política africana variava segundo o local, mesmo em
territóriossubmetidos à mesma autoridade colonial. Isso deriva principalmente do fato
deos territórios coloniais haverem sido obtidos em modalidades e épocas diferentes,

de modo que sua experiência do colonialismo não tinha a mesma duração,nem a mesma
natureza. A forma e a intensidade da acção dos nacionalistas nas colónias dependiam de
vários factores: qualidade dos dirigentes,grau de difusão e de intensidade das influências
europeias no domínio das ideiase das instituições, número e importância dos colonos
(brancos) e, finalmente,ideologias e práticas coloniais.

Em quase todos os casos, os movimentos nacionalistas e a política


colonialcorrespondente foram conduzidos e dominados pelas novas elites educadas,que
estavam em melhor situação para compreender a cultura política europeiae, portanto,
para reagir de maneira competente aos regimes coloniais, de acordocom os termos
desses mesmos regimes. Essas elites por vezes cooperaram commembros das elites
representativas da autoridade “tradicional”, malgrado certastensões. (Bohaen,2010).

À dialéctica entre religião e laicismo em política veio juntar-se, entre as duasguerras,


uma dialéctica entre nacionalismo e problemas económicos. A economiamundial viria a
passar por seus anos mais sombrios.

3.A Crise de 1929 e os seus efeitos em África

3.1.Contextualização

Segundo GOGGIOLA, a crise de 1929 foi uma grande depressão mundial que mudou as
coordenadas sócias políticas do mundo. Também chamada crash 1929 que apôs termino
a longo período de desenvolvimento económico que se iniciou em meados do século
XIX e alçou nos EUA a posição de protagonista industrial do mundo.

Para GAZIER, A crise de 1929 este verso de lá Fontaine, como a peste de fato a grande
depressão de 1930 foi um flagelo cego e generalizada, raros são os países ou grupos

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sócias políticos, e os mais fechados muitas vezes foram os mais atingidos. O desastre
não permitiu o estado unido, um novo gigante industrial do mundo da época cujas
perspectivas de desenvolvimento pareciam ilimitadas.

3.2.Antecedentes

 EUA-I guerra maior potencia mundial;


 Produção em longa escala (40 porcento de produção industrial mundial);
 Alto volume de exportação isso é recuperação europeia;
 Agricultura mecanizada;
 Maior credor internacional;
 Partido republicano no poder (Harding Coolidge, Hoover);
 Moralismo (lei seca 1919- 1933);
 Liberalismo interno (não intervenção no estado na economia);
 Proteccionismo (politica externa);
 Isolacionismo (politica externa);
 Concentração da renda;
 Exploração de operário;
 Ausência da lei trabalhista;
 Investimento de bolsa de valores;
 Especulações financeiras

3.3.Causas

Superprodução

 Queda das exportações (recuperação europeia)

Mercado interno insuficiente (concentração de renda);

 Excedentes.
 Prejuízos;
 Demissões (contenção de despesas)
 Nova retracção de mercado interno;
 Ciclo repete-se anualmente, reduzindo lucros e acções das empresas;

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24/10/1929= Quinta-feira negra

 Quebra de bolsa de nova York;


 Milhares de acções disponibilizadas sem compradores;
 Os valores totais das acções.

4. A Crise de 1929 Seus Efeitos para África

Segundo MAZRUI ALI, Entre duas guerras mundiais, o acontecimento marcante para
evolução da economia africana foram a grande depressão de 1929-1930. Surpreendendo
as economias interdependentes do mundo capitalista, a depressão atingiu
necessariamente também as economias colónias africanas, lançando uma luz cruel sobre
a sua extensão e natureza.

Desde o século XIX, as crises cíclicas da economia mundial fizeram diminuir o


crescimento de África e impuseram sacrifícios aos africanos já engalfados pelo sistema
de relações monetárias. Em 1930, portanto, somente a gravidade da dificuldade que o
continente experimentou ao receber o contragolpe da crise e que era nova. Foi através
dos sectores capitalistas mais avançados (minas plantações e zonas de cultura de
produtos básicos comercializáveis) que a depressão chegou a África.

O facto que os comerciantes ditos tradicionais, os Haussa, estavam avassalados a


economia colonial. Seus negócios prosperavam na medida em que enfrentavam a nova
ordem e adaptavam-se a transformações comprando camiões, mais ficaram sem defesa
em fase de um desastre externo de proporções como a depressão pôs seus clientes,
recebiam menos dinheiro em troca de produto da sua cultura e de seu trabalho.

4.1.Factor económico

Em 1929 a bolsa de Nova York sofreu sua quebra, afectando todo o mundo ocidental
causando uma crise geral na economia. Os países da África que tinham sua economia
directamente ligada às potências ocidentais também sofrerão as mazelas da quebra da
bolsa. Com a crise, as metrópoles europeias tomaram medidas para amenizar os efeitos
da quebra da bolsa.

Algumas dessas medidas afitaram directamente os países africanos. Primeiro vai haver
um maior intervencionismo, os estados europeus irão tomar as rédeas da economia e
irão substituir o investimento privado pelo público. (GAZIER),
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Foi suspenso qualquer projecto de industrialização das colónias, já que elas poderiam
concorrer com as metrópoles, grandes obras foram paralisadas e os impostos de
importação e exportação de produtos terão um aumento considerável, deixando tanto os
membros das camadas mais baixas quanto a elite comercial insatisfeitos.

Algumas revoltas contra essas medidas ocorreram e com algum êxito, obrigando as
metrópoles a retomar, pelo menos, as obras paralisadas. A crise da década de 1930
gerou uma grande queda nos preços das matérias-primas, principal fonte de renda dos
países africanos.

Os produtos agrícolas, que já estavam com seu preço em queda desde 1919, perderam
mais da metade do valor no mercado mundial. Para não perder seus lucros as
companhias de comercio passaram a comprar os produtos dos africanos a um valor
ainda mais abaixo que o normal, tentando assim amenizar a crise. A consequência foi
ainda mais prejudicial para os africanos, que viram diversas indústrias agrícolas falirem
e a fuga da população rural para as áreas urbanas.

Uma das soluções encontrada pelos agricultores foi aumentar o número de produção,
sem causar a baixa do preço dos produtos, assim venderiam mais barato, porém em
maior volume.

O aumento da produção deu certo em alguns países e as metrópoles passaram a


incentivar este trabalho dando prémios pela produção e fixando preços mínimos para a
compra dos produtos. Claro que houve também uma forte opressão da metrópole em
cima da colónia, para que a produção aumentasse como foi o caso do Congo Belga com
o trabalho forçado, aumento dos impostos, impedir a migração camponesa para as
cidades. Em alguns países, como Senegal, alguns grupos decidiram retomar a antiga
agricultura de subsistência e se livrar da dependência do mercado mundial.

4.2.A Nível Politico/Social

Segundo (COGGIOLA), Quando ocorreram as epidemias de fome essa retomada


cultural de subsistência foi incentivada pela administração colonial, porém causava a
insatisfação da sociedade comercial que lutava para que a mão-de-obra não deixasse por
completo as plantações. Em outros casos ocorreu a mudança de cultura, os países
começaram a produzir aquele produto que estivesse em alta no mercado, algumas

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regiões se especializaram em produzir varias culturas para ter a maior rentabilidade
possível. Além da crise agrícola houve também a crise mineira

Os motivos são os mesmos da crise agrícola: queda nos preços, aumento dos impostos,
desemprego, falência, êxodo, etc. Quando chegou a colonização na África, foi imposta
aos nativos a entrada no sistema colonial. Como os cargos administrativos estavam
monopolizados pelos europeus e reservados a alguns “letrados” (elites), sobrou para as
outras camadas da população ou entrar na produção agrícola ou se tornar trabalhadores
assalariados.

Os que optaram pela primeira se tornaram totalmente dependentes da administração,


que determinava os impostos, e das companhias de comércio que estabeleciam os
preços dos produtos que iam comprar e que vendiam.

Devido a “pobreza rural” muitos trabalhadores irão optar para a segunda opção,
trabalhando nas grandes plantações, nas minas, nas obras, etc. Nota-se que a
colonização mudou a forma de vida dos povos africanos de uma maneira brusca. Em
alguns países onde predominava a cultura de subsistência, haverá quase que o completo
abandono desta, sendo substituída pela cultura de exportação. As “hortas” restantes para
suprir a população local não eram o suficiente e foi necessário importar estes alimentos,
gerando uma relação de dependência dessas populações com o mercado mundial. Em
contra partida alguns países tiveram uma grande expansão agrícola como camarões e
Nigéria.

Tudo que a colonização causa (dependência da metrópole, do mercado mundial)


associado também a factores climáticos causara uma grande fome em algumas regiões.
Inúmeras mortes ocorreram, epidemias de varíola, e uma grande onda de migração para
os grandes centros urbanos. A administração colonial só irá lutar com forças contra a
fome depois da década de 1930 (esta crise no sector alimentício já existia desde o fim
do século XIX). Uma das principais mudanças com a chegada dos colonizadores foi a
luta contra a escravidão.

Os países metropolitanos a abominavam por questões “humanitárias” e ainda sofriam a


pressão das ordens religiosas para que a escravidão fosse abolida de uma vez. Porém, a
abolição foi feita de forma lenta e gradual, pois a administração colonial tinha medo de
perder o apoio dos “agricultores pretos” donos de escravos e membros da elite que

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apoiavam a colonização, visto que haviam feito sua fortuna em cima dela. Por último
podemos destacar o surgimento a expansão e o declínio de algumas cidades.

Aquelas cidades que tinham como maior fonte de renda o comércio transa ariano ou o
tráfico de escravos entraram em grande crise. Cidades portuárias e que cresceram com o
comércio se expandiram, e houve cidades que haviam nascido apenas como um sector
administrativo e pela mineração, mas que também cresceram muito por conta do
comércio. Outro factor que ajudou na expansão das cidades foi a migração das
populações do meio rural e urbano, em busca de emprego e condições melhores, mas na
época da crise o desemprego já estava muito grande e estes emigrantes acabaram sendo
marginalizados.

4.3.Impacto da crise de 1929 para África

Os países africanos vinham desfrutando nos últimos anos um robusto crescimento


económico, factor que vinha reforçando notavelmente os seus balanços, mas o aumento
dos preços de alimentos e combustível, factor que procedeu a crise financeira mundial,
enfraqueceu a posição externa dos importadores, líquidos de alimentos e combustíveis;
causando o aumento da inflação e declínio das perspectivas do crescimento económico.

Inicialmente, as economias subsaarianas não sofreram as consequências directas da


crise por não possuírem ligação directa com os mercados financeiros internacionais.
Porém, como a maioria delas apresenta um sistema económico menos elástico, os
efeitos da crise acabam sendo mais devastador para esses países. Mesmo que a crise
tenha iniciado nos países desenvolvidos, estes têm argumentos financeiros suficientes e
capazes para contornar seus efeitos com seus recursos próprios, através de empréstimos
domésticos e mercado. Internacional de capital. Já o mesmo não se pode dizer dos
países subsaarianos, devido que estes apresentam insuficiências de recursos de capital e
tecnologia.

Segundo ARIEFF, WEISS e JONES (2009) argumentam que as economias africanas


são as mais expostas e vulneráveis no sistema financeiro mundial e seus bancos não têm
a fortaleza necessária que lhes ajude a mitigar os efeitos da crise. Ainda estes autores
alegam que a crise financeira afecta as economias africanas por diversas vias dentre as
quais se destacam:

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 A contracção do comércio global, incluindo a redução das demandas da
exportação de commodities africanos,
 A ampla interconexão das condições financeiras além do mar;
 O declive do investimento directo estrangeiro e outras entradas de capitais.

2. A Segunda Guerra Mundial e África


De acordo com TAYEB CHENNTOUF citado por MUZRUI (2010:59), os africanos
são sacudidos no curso dos anos 30 e 40, como outras regiões, pelos dois
acontecimentos maiores em que se constituem a Grande Depressão e a Segunda Guerra
Mundial. Os anos 30 inauguram uma serie de crises e mutações, aprofundadas e
aceleradas pela guerra. Depois da segunda guerra Mundial, equilíbrios se estabelecem
após consideráveis dificuldades os europeus são muito rapidamente ameaçados por
movimentos políticos que saem reforçados e mais determinados do conflito.
O autor ainda acrescenta que a Segunda Guerra Mundial transforma a África
setentrional e o chifre da África em zonas de combate; a mobilização militar afecta
muito mais a população; as economias estão orientadas para o esforço de guerra. O fim
das operações militares provoca numerosas dificuldades, económicas e sociais.

2.1 A participação do africano no conflito


Entre 1939 e 1945, a evolução das operações militares e a participação, sob múltiplas
formas, dos países africanos, estes dois factores possuem um peso relativo muito maior
sobre os rumos do conflito, comparativamente aos anos 1914 - 1918.
Os países da África setentrional e do chifre da África, transformados em campos de
batalha, também fornecem soldados as diferentes frentes europeias. Ate Junho de 1940,
a África do Norte fornece sozinha 216.000 homens, entre eles 123.000 argelinos. De
1943 a 1945, 385.000 homens originários da África do Norte (incluindo 290.000
argelinos, tunisianos e marroquinos) participam da liberação da Franca.

2.2 Os problemas económicos da guerra e de pós - guerra


A guerra produz numerosas dificuldades, económicas e sociais. A desorganização dos
transportes repercute no declinante comércio exterior e a disparada dos preços aumenta
o custo de vida, incentivando o mercado negro. A demanda induzida pela guerra se

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encontra na origem de um relativo crescimento industrial cuja durabilidade seria
questionada pelo restabelecimento, em 1945, dos fluxos comerciais com a Europa.

3. Impacto da participação de África na Segunda Guerra Mundial

3.1 As mudanças Políticas e o despertar do Nacionalismo


De acordo com MICHAEL CROWDER citado por MUZRUI (2010: 82), A década de
1935 1945 Constitui assim um momento capital da história colonial e, indubitavelmente
durante um longo período, debater – se a acerca dos factores de mudança em curso. A
Grande Crise Económica e a Segunda Guerra Mundial haviam exercido uma forte
influência, tanto sobre a atitude dos colonizados quanto sobre aquelas dos
colonizadores. Contudo, algumas evoluções haviam ocorrido antes mesmo das
repercussões da crise na África e, certamente, antes que esta ultima tenha sofrido o
impacto da Segunda Guerra Mundial.

De acordo com MUZRUI (2010: 82), após breve interrupção, a actividade política
readquire os seus direitos: a guerra encoraja os nacionalismos que passam a Acção
desde 1943 e contestam, em 1945 e 1946, o retorno ao estatuto de colónia ou
protectorado. Os nacionalismos, em plena actividade nos idos de 1936 e 1937, são
freados em suas reivindicações em 1939. Eles põem em proveito a nova situação criada
pela guerra, com vistas a manifestarem - se novamente, já desde a retomada da sua
actividade politica e antes mesmo do fim do conflito.

MUZRUI et all (2010: 82) concluem que a Segunda Guerra Mundial consistiu,
portanto, um acontecimento decisivo, o catalisador de uma radical transformação. A
África que emergiu do conflito era bem diferente da miragem de tranquilidades que lá
viram seus colonizadores. Deste ponto de vista, a década de 1935 -1945 corresponde
não ao apogeu do colonialismo mas ao começo da sua decadência.

(Idem), sistema colonial se tornara tão intolerável a ponto de permitir o combate, lado a
lado com o colonizador, em prol da liberdade. A efervescência ganhara toda a África
tropical; os sobressaltos, greves, manifestações e revoltas revelariam o carácter dos

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tempos dos pós - guerra, nitidamente distintos do imobilismo próprio ao período
precedente. Com o nascimento dos partidos políticos.

De acordo com MICHAEL CROWDER (2010: 146), Antes de tudo, o investimento


inicial realizado no âmbito educacional na África, particularmente na África britânica
em fins do século XIX e nos primórdios do século XX, começara a oferecer os seus
frutos criando uma elite com uma consciência política; ora, uma correlação directa
estabelecera -se entre as proporções da elite educada e a população de uma colónia, por
um lado, e o desenvolvimento de um movimento nacionalista eficaz, por outro lado.

A Segunda Guerra Mundial reforçou, a percepção pelas elites das injustiças do sistema
colonial, especial mente quanto a sua participação no sistema, antes bloqueada e em
seguida facilitada por estes acontecimentos.

4. O Renascimento do Nacionalismo
A luta pelo reino politico − ou pela soberania politica − na África colonial se desdobrou
em quatro etapas, por vezes entrecruzadas nos fatos mas, nitidamente passíveis de
analise. Antes da Segunda Guerra Mundial, produziu - se primeiramente uma fase de
agitação das elites em favor de uma maior autonomia. A ela seguiu - se um período
caracterizado pela participação das massas na luta contra o nazismo e o fascismo.

Outras organizações culturais ou de interesse da elite instruída se formaram no


estrangeiro entre africanos e afro - descendentes. O Pan - africanismo entrava em uma
nova fase. Na Franca, Leopold Sedar Senghor e Aime Cesaire fundavam L’Etudiant
noir. Por sua parte, Kwane Nkrumah, Jomo Kenyatta e W. E. B. Du Bois se afirmaram
na qualidade de activos pan-africanistas, na Grã - Bretanha e nos Estados Unidos. As
técnicas empregadas contra o imperialismo durante esta fase tinham essencialmente um
carácter não violento e fundavam se na agitação.

CORNEVIN (1972:12-13), Logo após a II guerra mundial as potências europeias,


debilitadas pelos efeitos desse conflito, tentam corrigir os erros do anterior conflito no
que diz respeito às possessões coloniais. A França e a Grã-Bretanha adaptam algumas

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medidas legislativas, nomeadamente a abolição do Estatuto do Indígenas, concedem
direitos sindicais aos africanos e autorizam a criação de partidos políticos.
DAVIDSON (1981:) conclui que de facto, a II guerra mundial (1939-1945) foi o factor
externo que permitiu a consolidação do nacionalismo em África. A participação de
africanos nessa guerra permitiu-lhes compreender a natureza do colonialismo e das
sociedades europeias.

5. A segunda guerra mundial como factor de descoberta das fraquezas do Colono


Na perspectiva de ALI A. MAZRUI (2010:133) a participação da África na Segunda
Guerra Mundial deve ser apreciada sob a oiça da “escolha entre vários demónios”. O
seu engajamento não foi um processo de colaboração com o imperialismo mas, uma luta
contra uma forma de hegemonia ainda mais perigosa. Paradoxalmente, o engajamento
da África na guerra representou uma parte integrante da luta do continente contra a
exploração estrangeira e da busca pela dignidade humana. A guerra certamente
desempenhou um papel ao enfraquecer as potências imperiais. A Franca fora humilhada
pelos alemães e a sua derrota contribuiu para a destruição do mito da sua
invencibilidade imperial.

A Grã - Bretanha saiu empobrecida e esgotada da guerra durante a qual ela perdera,
inclusive, a vontade de conservar o domínio sobre um império demasiado vasto.
Somente pouco mais de dois anos após o fim do conflito mundial, ela foi obrigado a
separar - se da “mais brilhante jóia da Coroa britânica”, o império das Índias. A guerra
também contribuiu para reforçar o papel planetário dos Estados Unidos e da União
Soviética cujas sombras se projectavam doravante muito alem do universo da Europa
imperial.

5.1 O Papel da França na transferência do poder aos Africanos


MUZRUI (2010), enfatiza o papel da França de Charles de Gaulle na transferência
gradual do poder aos africanos. Na realidade, logo após a II guerra mundial, a França
decidiu a participação dos africanos na vida política, mesmo que essa participação fosse
feita nos partidos políticos da metrópole. É assim que em Novembro de 1945, Leopoldo
Sedar Senghor e Lamine Guéye (Senegal), Felix Houphouet-Boigny (Costa do Marfim),
Apith Sourou Migan (Daomé), Fily Dabo Cissoko (Sudão Francês) e Yacine Diallo

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(Guine Conacry, foram eleitos para a assembleia constituinte afim de representarem a
África Ocidental Francesa. De facto, o fim da II guerra mundial permitiu a organização
de campanhas contra a manutenção dos impérios coloniais.

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