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2.0 – POR QUE UMA EMPRESA DEVE MELHORAR SEU DESEMPENHO


AMBIENTAL

“Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro


promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações
no seu próprio interior”
Dalai-Lama

A empresa deve, antes de tudo, atender às necessidades de seus consumidores.


Este deve ser sempre seu objetivo principal, sendo vital para que ela possa sobreviver,
mantendo ativos os três pilares da sustentabilidade, que asseguram a própria
existência da empresa, em longo prazo:
a) resultado econômico: ela precisa produzir bens e prestar serviços de qualidade,
ter práticas de administração saudáveis e eficientes, remunerando adequadamente seus
acionistas e proprietários, para que o negócio não entre em colapso. O lucro, ao
contrário do que muitos pensam, não é a finalidade da empresa, e sim um resultado do
seu trabalho, sendo na realidade uma medida de seu desempenho; quando ela estiver
atendendo bem aquilo que os seus clientes esperam, consegue vender mais, consegue
melhores preços e, portanto, tem lucro. A empresa que não esteja atendendo o que os
clientes esperam, ao contrário, vende menos, seus clientes passam a dar preferência
aos concorrentes e, cada vez vendendo menos, ela passa a ter prejuízos até o ponto em
que ela mude radicalmente sua postura ou encerre as suas atividades.
b) qualidade ambiental: a empresa somente irá sobreviver se ela não agredir a
sociedade (representada pela comunidade de entorno, órgãos ambientais, mídia,
ONGs), com a poluição do ar, o comprometimento de recursos hídricos e descarte de
resíduos sólidos de forma não permitida e fabricação de produtos agressivos ao meio
ambiente. Cada vez mais, aumentam as exigências da sociedade quanto á sua
qualidade de vida, muito influenciada pela qualidade ambiental.
c) responsabilidade social: representa a postura da empresa quanto às suas ações
de caráter e justiça social como, por exemplo, o cumprimento dos direitos trabalhistas,
a transparência quanto às informações prestadas, a diversidade de recursos humanos,
perspectivas profissionais para mulheres e minorias étnicas, respeito à formação dos
trabalhadores, as oportunidades de treinamento, banimento do trabalho infantil, entre
outros.

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Os conceitos acima foram exaustivamente comentados, com muitos exemplos, em


um livro intitulado “Canibais com Garfo e Faca”, escrito por um conhecido ecologista
inglês, John Elkington (Elkington, 2001).
Os três aspectos acima precisam ser cumpridos satisfatoriamente, de forma a
atender às necessidades dos clientes. E quais são as necessidades dos clientes da
empresa? São os bens ou serviços que ela produz, de que todos nós necessitamos a
todo o tempo, para atender a uma qualidade de vida que o nosso rendimento permita.
E, para que façamos a escolha de um dado bem ou serviço, cada um de nós pensa em
três aspectos, independentemente daquilo que estamos comprando, seja em uma feira
de verduras e frutas, em uma loja de automóveis, supermercado, joalheria, hotel,
serviços (cursos, tratamento em um hospital, pacote turístico). Esses três aspectos são
representados pela sigla SPC:
- S - satisfação da pessoa que está comprando o bem ou serviço, ou seja, se ele
agrada, atende à finalidade pretendida, se é durável, resistente, confortável, etc,
cumprindo aquilo que costumamos associar com o termo “qualidade”;
- P - preço, ou seja, se o seu preço está compatível com a qualidade apresentada,
se temos condição de pagar aquele valor solicitado, se o preço é melhor do que aquele
apresentado por um outro concorrente para o mesmo produto ou produto similar;
- C - condições de entrega, ou seja, se o produto está disponível nas quantidades
de que estamos precisando, se o prazo é adequado às nossas necessidades, etc.
Esses são, como dissemos, tradicionalmente, os três aspectos que, instintivamente
e, naturalmente, qualquer pessoa analisa ao fazer uma compra, e que compõem o
conceito de qualidade daquele bem ou produto. Entretanto, existem produtos que o
consumidor não procura para comprar e que lhe são impostos pelas empresas, à
margem do processo de comercialização: são os poluentes, resíduos de várias
espécies, odor, ruído, materiais que além de incomodar e piorar a qualidade de vida
dos consumidores, causam-lhes grandes prejuízos (por exemplo, problemas
respiratórios que o obrigam a realizar despesas com médicos, remédios, hospitais). E,
hoje, cada vez mais, as pessoas têm consciência dessa quarta variável, o MA - Meio
Ambiente, que está correspondendo a um novo relacionamento dos consumidores
com os produtores, com ações de apoio ou boicotes, pressões junto ao governo para
endurecer leis, estimulando a atuação de ONGs e órgãos comunitários, acionistas,
comunidade internacional etc. A responsabilidade ambiental é demonstrada por meio
de práticas produtivas “mais limpas”, do extrativismo sustentável dos recursos
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naturais, incluindo-se o consumo de água. Verifica-se que a proteção ambiental


passou a ser uma necessidade das pessoas e clientes da empresa e que, para
sobreviver, as organizações estão se estruturando para atender melhor a este aspecto,
criando áreas específicas para atuar interna e externamente em melhorias de
desempenho ambiental, como apresentaremos mais adiante. Adicionalmente, tem
crescido, por parte dos tomadores de decisão nas empresas, a demanda por
informações de caráter ambiental, associadas aos seus aspectos financeiros (análise de
custos e benefícios dos projetos).
Qualidade é a “totalidade dos atributos e características de um produto ou serviço
que afetam sua capacidade de satisfazer necessidades declaradas ou explícitas”
(Kotler, 2000). Segundo John F. Welch Jr., ex-presidente da GM, citado por Kotler,
“a qualidade é a nossa maior certeza de fidelidade de clientes, nossa mais forte defesa
contra a concorrência estrangeira e o único caminho para o crescimento e lucro
sustentados”. Porém, atualmente a competição é tão acirrada, que somente demonstrar
a qualidade pode ser considerado o mínimo necessário, precisando-se agregar “algo
mais”, que pode ser o desempenho ambiental do produto ou serviço, conforme
discutiremos no Capítulo 5, item 5.9 deste livro.
Atualmente, está em destaque no mundo empresarial uma sigla cujo conceito é
muito próximo a este que foi apresentado. ESG (Environmental, Social and
Governance). Ou seja, para que haja sustentabilidade da organização, é preciso que
seus dirigentes se preocupem em levar em conta os aspectos de “meio ambiente,
aspectos sociais e governança). Observem que fica muito próximo ao que foi definido
por John Elkington, muito antes, ao definir os três pilares da sustentabilidade.
A Figura 2.1 mostra uma representação gráfica dos três pilares, aqui o pilar
Econômico fica associado ao da Governança. A Contabilidade tem um papel
preponderante no auxílio ao monitoramento e avaliação dos resultados pretendidos e
realmente alcançados.

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Figura 2.1 – Pilares da sustentabilidade (ESG e Qualidade Total)

Podemos citar algumas razões para o “design ambiental” dos produtos e melhoria
do desempenho ambiental das organizações:
a) Maior satisfação dos clientes, aspecto antes comentado, que se reflete na
preferência aos produtos da empresa, desde que os outros itens como qualidade, preço
e condições de entrega estejam nos níveis de expectativa desse cliente. O consumidor
esclarecido, hoje, valoriza muito mais as empresas e produtos que demonstrem bom
desempenho ambiental. É muito importante que os dirigentes e todos os colaboradores
tenham sempre em mente como prioridade o atendimento das expectativas e
exigências dos clientes pois, se isso não ocorrer, a organização não terá acesso ou
conseguirá manter esse cliente;

b) Melhoria da imagem da organização, junto aos clientes, governo,


comunidade, vizinhos, ONGs e mídia. É muito importante a manutenção de uma
imagem positiva junto a essas entidades, sendo boa parte dos recursos de publicidade
direcionados à formação dessa imagem, com uma postura de responsabilidade social,
essencial à aceitação daquela empresa pela sociedade. Sem dúvida, um bom
desempenho ambiental auxilia no reforço da reputação e de reconhecimento da marca

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e, ao contrário, problemas e acidentes ambientais irão colaborar negativamente para o


conceito de uma empresa junto à sociedade. Em relação ao cumprimento de leis e
regulamentos, item essencial, observa-se a necessidade de uma atuação pró-ativa, em
antecipação a regulamentações mais restritivas. As falhas em questões éticas, como a
degradação ambiental causada pela empresa, podem reduzir o seu valor e prejudicar a
sua reputação;

c) Conquista de novos mercados. A preocupação ambiental é um fator de


competitividade, facilitando a expansão em novos mercados, e a empresa que souber
explorar bem este aspecto conseguirá cativar novos clientes, com perda para os
concorrentes. Na visão mais antiga, o investimento em melhorias ambientais era visto
como uma despesa inútil que acarretava custos mais elevados e uma correspondente
perda de competitividade. Com as novas necessidades dos clientes, cada vez mais eles
aceitam pagar um preço um pouco mais elevado, desde que eles percebam que isso
retorna como uma melhor qualidade de vida. A empresa que produz atendendo a essas
expectativas, criando produtos e serviços inovadores, tem novas perspectivas e
oportunidades de negócios, obtendo um maior reconhecimento das suas marcas e
melhor imagem junto aos consumidores e outras partes interessadas (stakeholders).
Por exemplo, uma empresa como a Toyota, ao lançar um carro híbrido como o Prius,
com motor a gasolina e motor elétrico, ou a GM ao desenvolver o Volt, com motor
elétrico abastecido com eletricidade vinda de uma célula a hidrogênio, estão buscando
conquistar consumidores incomodados com as emissões atmosféricas dos veículos. A
preocupação com a sustentabilidade do negócio é um indicador indireto de melhor
qualidade da gestão empresarial e de que a alta administração tem um senso
estratégico mais qualificado que o dos concorrentes. Além disso, o desempenho
ambiental melhorado é um importante fator para quebrar ou concordar barreiras
comerciais (barreiras técnicas) por razões ambientais impostas por alguns países;
d) Auxílio na identificação dos requisitos da legislação ambiental, pois um
dos trabalhos importantes visando melhoria de desempenho ou de implantação do
sistema de gestão ambiental requer uma análise cuidadosa da legislação ambiental
aplicável àquela determinada organização. Em muitos casos a empresa descumpre a
legislação ambiental por desconhecê-la, incorrendo em penalidades.

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e) Redução de custos, pela eliminação de desperdícios, obtida com uma análise


cuidadosa dos processos de produção, uso mais racional de recursos naturais como
água, energia, combustíveis, matérias primas e diminuição da produção de resíduos e
poluição que, no fundo, são perdas de material e energia. Também serão minimizados
os gastos com medidas compensatórias. É significativo observarmos que em inglês
waste tanto significa resíduos, lixo, como desperdício. Um projeto bem elaborado,
com uma análise cuidadosa dos processos produtivos e a escolha correta das matérias
primas evita problemas futuros que poderão representar custos operacionais elevados,
como, por exemplo, a necessidade de instalar filtros de alto custo no final da linha de
produção. A empresa compra a matéria prima, gasta em seu transporte e
armazenagem, ao colocá-la na produção para transformá-la em produtos, gasta
energia, mão de obra, horas de máquinas, desgaste de máquinas e, no final, perde uma
grande quantidade desses materiais, onde colocou todos esses insumos, na forma de
resíduos, que precisam ser filtrados ou retirados, gastando-se muito dinheiro nessa
operação, além do custo de transporte e sua destinação final (aterros, incineradores).
Nesse próprio trabalho de remoção de resíduos existem muitos custos, como no caso
de utilização de filtros, que além do seu custo de instalação, acarreta custos de
manutenção com a troca do elemento filtrante, que também se transforma em resíduo,
exigindo destinação adequada. E passivos ambientais podem representar custos
elevados, pois as leis e regulamentos vêm se tornando cada vez mais restritivos
quanto ao destino de resíduos. Reduzir passivo, portanto, representa economia de
custos. Ou seja, vale muito mais a pena realizar um estudo cuidadoso e uma melhor
escolha da matéria prima, resultando em menor quantidade de resíduos. A análise
cuidadosa desses aspectos implicará em se iniciar o processo de produção de uma
forma mais orientada, evitando-se trabalhos dobrados e correções futuras, para atingir
as especificações desejadas do produto, o que resulta em economia. O tempo, e a
quantidade de mão-de-obra utilizada na remediação de problemas ambientais, também
têm um custo, lembrando-se que o tempo é um recurso não renovável. Outro ponto de
redução de custos em instalações bem projetadas e operadas sob o aspecto ambiental
são as reduções de prêmios de seguros pagos e menores despesas com indenizações
com acidentes.

f) Melhoria do desempenho da empresa, obtida com a melhoria do controle de


seus processos, resultando em um aumento da produtividade, em parte graças às ações
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preventivas de gestão socioambientais. A utilização da engenharia simultânea, com


forte apoio de recursos de informática tem possibilitado uma melhor integração dos
projetos (compartilhamento de dados em uma base comum), facilitando a análise e a
solução de aspectos de engenharia no processo (identificação de pontos fracos no
projeto quanto a resíduos, por exemplo). A empresa que apresenta um bom
desempenho tem mais facilidades na obtenção de licenças de instalação e operação
junto aos órgãos governamentais, obtendo, sem esforços exagerados, a aprovação do
seu EIA-RIMA e a renovação das licenças ambientais. Nesse processo, ela também
angaria uma maior confiança dos clientes. As melhorias de desempenho ambiental são
conseguidas por meio de um processo estruturado de ações gerenciais, apoiadas por
um forte programa de treinamento. Nesse programa, deverão ser aprendidas técnicas
de administração e conceitos de qualidade, que fatalmente serão aplicados por todos
em outras atividades de sua vida profissional, não somente em relação às questões
ambientais, resultando em melhorias globais de desempenho da organização. Além
disso, é estimulado um trabalho em equipe que serve de modelo para outros trabalhos
na organização, refletindo-se em uma melhor integração das pessoas, com grandes
ganhos de produtividade e eficácia. A maior produtividade dos empregados é obtida
também em decorrência de maior motivação, melhor capacitação, menor absenteísmo
e rotatividade de pessoal, menor risco de litígios legais em relação ao ambiente,
empregados e consumidores e a adoção de melhores práticas de trabalho. As normas
consagradas, como é o caso da ISO 14.001 resumem as melhores práticas de gestão.
O processo de implantação de melhorias ambientais implica na criação de gestão do
conhecimento no assunto, melhoria da cultura organizacional, incluindo introdução da
cultura de segurança e desenvolvimento do capital intelectual, estimulando a retenção
de talentos.

Conforme será comentado mais adiante, a preocupação ambiental não deve ser
restrita apenas ao pessoal da produção ou ao setor ambiental da empresa, mas ela deve
envolver todos os diretores, gerentes, projetistas e operários. Hoje, muitos
profissionais qualificados somente aceitam trabalhar para empresas que possuam
ambiente de trabalho sadio. Nota-se atualmente, que o bom desempenho facilita o
recrutamento e retenção de pessoas de alto desempenho profissional.
Por meio de uma sistematização do gerenciamento ambiental, integrando-o ao
sistema de gestão normal (integração da variável ambiental aos negócios da empresa)

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e utilizando as mesmas ferramentas da qualidade total, ocorrem melhorias do processo


e de controle das ações, repetibilidade nos produtos, com reflexos positivos nos
lucros, além de reduzir os riscos de arcar com penalidades legais. Há, também, uma
melhor precisão das informações, obtendo-se dados mais confiáveis registrados
corretamente, arquivados de maneira adequada e rastreáveis. Nas grandes empresas, a
implementação da gestão ambiental permite uma melhor definição de
responsabilidades e auxilia a identificar outros problemas (não somente ambientais) e
a solucioná-los.
Algumas bolsas de valores criaram índices socioambientais específicos para
medir o desempenho de empresas ambientalmente corretas, proporcionando maior
confiança ao acionista. Por exemplo, foi criado na Bolsa de Valores de Nova York um
índice exclusivo para companhias ecologicamente corretas, o Dow Jones
Sustainability Index (DJSI). Nos últimos anos, as ações desse grupo têm se valorizado
mais do que as empresas cotadas no Dow Jones Index. No Brasil, têm sido criados
fundos de investimento, em que fazem parte somente empresas que tenham sido
aprovadas em critérios socioambientais, como por exemplo, o Fundo Santander
Ethical, das gestora JGP, o BTGP Sustentabilidade, fundos do Itaú e do Bradesco,
entre muitos outros.

g) Redução dos riscos, pois a empresa bem estruturada para tratar dos seus
aspectos ambientais apresenta um menor risco de ter que arcar com multas (cada vez
mais pesadas), ações legais por descumprimento da legislação, menor probabilidade
de acidentes ambientais sérios, menor passivo ambiental (afetando o valor de venda
da empresa em negociações de fusão ou incorporação), redução dos riscos para os
utilizadores dos produtos (é o caso, por exemplo, de toxicidade existente em produtos
como certos plásticos e tintas de brinquedos), melhor identificação das
vulnerabilidades da empresa (ao serem realizadas as análises de confiabilidade dos
processos da empresa, visando aspectos ambientais, ficam bem conhecidos os pontos
fracos sobre os quais é interessante atuar), menor risco para os administradores e
acionistas (ao se realizarem as auditorias ambientais aparecerão aspectos de risco que
não eram visíveis e, na ocorrência de acidentes, os administradores poderiam ser
criminalmente responsabilizados, embora desconhecessem os pontos fracos, os
acionistas tendo que arcar com indenizações que reduziriam o seu patrimônio). Se a
empresa investiu em ações preventivas a problemas ambientais, seguramente ela
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reduziu seus riscos, razão para renegociar com as seguradoras uma redução dos
prêmios de seguros. O gerenciamento integrado dos riscos e situações de crise
aumentará o valor da empresa.

h) Maior permanência do produto no mercado, por não ocorrerem reações


negativas dos consumidores. Um problema ambiental identificado posteriormente ao
lançamento de um produto (por exemplo, sua pintura com tintas contendo produtos
tóxicos ou efeitos danosos após o descarte) pode levar à necessidade de retirá-lo,
prematuramente, do mercado, perdendo-se grandes investimentos no seu
desenvolvimento, publicidade, instalação do processo produtivo, entre outros gastos
que seriam não recuperáveis.

i) Maior facilidade na obtenção de financiamentos. Uma empresa que


apresenta um bom desempenho ambiental tem mais facilidade em conseguir
financiamentos junto a bancos e órgãos ambientais. Além de desfrutar de uma melhor
imagem, os riscos menores de problemas e indenizações por acidentes fazem com que
existam maiores facilidades. Cabe lembrar que, para implementar sistemas de gestão
ambiental e melhorias de processos produtivos existem linhas especiais de
financiamento, a juros menores, já que existem fontes internacionais e nacionais que
dispõem de recursos para estimular esse tipo de ação, como o programa “Inova
Sustentabilidade”, do BNDES, MMA e FINEP, o “Protocolo Verde”, que é uma
carta de princípios sustentáveis assinada pelo Governo Federal com instituições
bancárias, com o objetivo comum de promover o desenvolvimento socioeconômico
sustentável no país. Outras ações, como os “Princípios do Equador”, adotadas por
grandes bancos, exigem a avaliação de aspectos ambientais na concessão de
financiamentos.

j) Maior facilidade na obtenção de certificação. Uma empresa que tenha uma


administração preocupada com a variável ambiental e um sistema gerencial
estruturado para administrar o seu bom desempenho está, em princípio, bastante mais
próxima de obter uma certificação, que assegura que ela cumpre uma norma
ambiental, por exemplo, a norma ISO 14.001. Essa certificação traz várias vantagens
para a empresa, principalmente aquelas voltadas à exportação. Sugerimos que as
organizações, mesmo que não visem certificação em uma determinada época,
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realizem ações para melhorar seu desempenho, pois pode ser que vá existir um
interesse futuro na certificação. Com o uso de técnicas, como adoção de
procedimentos e padrões desempenho, monitoramento de efluentes, resíduos, entre
outras ações, o processo de certificação ficará muito mais rápido, limitando-se à
ajustagem de pontos específicos, realização de auditorias internas para confirmar o
atendimento aos requisitos das normas e solicitação de auditoria da entidade
certificadora.

k) Demonstração aos clientes, vizinhos, acionistas, e outros stakeholders


(chamados de “partes interessadas” pelas normas). A empresa que tenha um sistema
ambiental bem estruturado tem o interesse em demonstrá-lo aos clientes, vizinhos, e
outros, para melhorar seu relacionamento e obter as vantagens decorrentes de sua
atitude, mostrando que sua política e objetivos estão sendo atingidos, que as ações
preventivas têm prioridade sobre as corretivas, que há uma visão de melhoramento
contínuo dos processos e produtos, com a segurança, enfim, que a empresa toma todas
as medidas necessárias para evitar impactos ambientais significativos e acidentes e
que, na eventualidade de sua ocorrência, ela dispõe de uma organização e materiais
adequados para reduzir as conseqüências desagradáveis. Nota-se, portanto um reforço
da integridade e fica mais evidenciada uma boa cidadania corporativa, cada vez mais
importante como parte da Responsabilidade Social da empresa.

l) Senso de responsabilidade ética. Este item resume todos os anteriores. A


empresa precisa melhorar continuamente seu desempenho ambiental, porque esta é a
atitude correta, que deve fazer parte dos valores da organização. Implantar e manter
um sistema de gestão ambiental são ações que colaboram para um maior
comprometimento da Alta Direção, incrementando a sua liderança no processo e
conseguindo um comprometimento de todos os componentes da organização. O
Instituto Ethos estabelece que uma empresa é socialmente responsável porque seus
líderes acreditam que, fazendo isso “ela será uma empresa melhor e estará
contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa” (Ethos, 2000).

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