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Trabalhando com

pensamentos automáticos
Dra. Fabiane Pereira

AULA 06 | TCC
TCC
identificar os pensamentos
os terapeutas cognitivo- automáticos
comportamentais geralmente
dedicam uma grande parte das modificar os pensamentos
sessões à tarefa de trabalhar com os automáticos para uma forma
pensamentos automáticos mais adaptativa
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IDENTIFICANDO
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
1. RECONHECIMENTO DAS MUDANÇAS DE HUMOR
2. PSICOEDUCAÇÃO
3. DESCOBERTA GUIADA
4. REGISTROS DE PENSAMENTOS
5. EXERCÍCIOS DE IMAGENS MENTAIS
6. EXERCÍCIOS DE ROLE-PLAY Start Now
7. USO DE INVENTÁRIOS
RECONHECIMENTO DAS MUDANÇAS DE HUMOR

A mudança de humor é um método especialmente útil de descobrir


pensamentos automáticos porque normalmente gera cognições que são
emocionalmente carregadas, imediatas e de alta relevância pessoal.

padrões de pensamento ligados à expressão emocional intensa, carregada, são


oportunidades ricas para trazer à tona alguns dos pensamentos automáticos e
esquemas mais importantes do paciente

a carga emocional tende a aumentar a memória da pessoa para os eventos

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RECONHECIMENTO DAS MUDANÇAS DE HUMOR

Kris é um supervisor de linha de montagem de uma fábrica que está tendo


problemas no trabalho. A depressão e a irritabilidade foram desencadeadas pelos
estresses no trabalho, incluindo reduções no número de operários na linha de
montagem e pressões de seus chefes para atingir as metas de produção. Ele
também estava tendo conflitos com sua esposa, que o criticava por chegar tarde
do trabalho e não participar das atividades familiares

“a emoção é a estrada real para a cognição”

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RECONHECIMENTO DAS MUDANÇAS DE HUMOR

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DESCOBERTA GUIADA

1. Faça questionamentos que estimulem a emoção.


a. Cognições carregadas de afeto podem servir como balizas que mostram
que você está no caminho certo
2. Seja específico.
a. focado em uma situação claramente definida e memorável.
3. Focalize em eventos recentes não no passado distante.
4. Mantenha-se em uma linha de questionamento e um tópico.
5. Vá fundo.
6. Utilize suas habilidades de empatia.
7. Conte com a formulação de caso para saber que caminho
tomar.
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DESCOBERTA GUIADA

Anna, uma senhora de 60 anos com depressão, se descrevera como se sentindo


desconectada tanto de sua filha como de seu marido. Ela estava triste, solitária e
derrotada. Depois de se aposentar de um emprego como professora, ela tivera a
esperança de viver bons momentos com sua família. Mas agora ela pensava:
“Ninguém mais precisa de mim... Não sei o que vou fazer com o resto da minha
vida”.

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DESCOBERTA GUIADA
Terapeuta: Você tem falado sobre como o problema com sua filha tem lhe incomodado.
Você consegue se lembrar de um exemplo de alguma coisa que aconteceu recentemente?
Anna: Sim, tentei ligar para ela três vezes ontem. Ela só me ligou de volta às 10 horas da noite e
parecia irritada porque fiquei ligando o dia todo.
Terapeuta: O que ela disse?
Anna: Algo como: “Você não sabe que passo o dia ocupada com meu trabalho e meus filhos?
Não posso largar tudo para ligar para você imediatamente.”
Terapeuta: E o que passou por sua cabeça quando ouviu isso dela?
Anna: “Ela não precisa mais de mim... Ela não se importa comigo... Sou insuportável”.
Terapeuta: E você teve algum outro pensamento – idéias que vieram à sua cabeça naquele
momento?
Anna: Acho que me decepcionei comigo mesma. Fiquei pensando que eu não tinha muito valor
– que ninguém precisa mais de mim. Não sei o que vou fazer com o resto da minha vida.
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DESCOBERTA GUIADA
IMAGENS MENTAIS

Quando os pacientes têm dificuldades para elaborar seus pensamentos


automáticos, um exercício de imagens mentais geralmente pode produzir
resultados excelentes.

reviver eventos importantes em sua imaginação para entrar em contato com


os pensamentos e sentimentos que tiveram quando os eventos ocorreram.
é útil preparar o terreno, utilizando lembranças ou perguntas para reavivar
suas memórias dos eventos
IMAGENS MENTAIS
ROLE-PLAY

No role-play o terapeuta faz o papel de uma pessoa na vida do paciente – como o


chefe, a esposa, um dos pais ou um filho – e depois estimula uma interação que
possa trazer à tona os pensamentos automáticos.

Os papéis também podem ser invertidos, ou seja, o paciente faz o papel da outra
pessoa e o terapeuta, o papel do paciente.
REGISTRO DE PENSAMENTOS

Registrar os pensamentos automáticos é uma das técnicas da TCC mais úteis e


mais frequentemente usadas.
Somente o fato de ver os pensamentos escritos no papel geralmente dá
início ao empenho espontâneo de rever ou corrigir cognições
desadaptativas.
Um registro de pensamentos de duas colunas poderia incluir listagens de
situações e pensamentos automáticos (ou pensamentos automáticos e
emoções).
Um registro de três colunas poderia conter espaços para anotar situações,
pensamentos automáticos e emoções.
PSICOEDUCAÇÃO
REGISTRO DE PENSAMENTOS
PSICOEDUCAÇÃO

dedicamos algum tempo no início da terapia a breves explicações sobre


a natureza dos pensamentos automáticos e como eles influenciam a
emoção e o comportamento.

Essas explicações podem funcionar melhor se seguirem-se à


identificação de uma mudança de humor ou estiverem relacionadas com
um fluxo específico de pensamentos que foram descobertos durante a
sessão.

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INVENTÁRIOS PARA PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
MODIFICANDO
PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
1. QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO
2. REGISTRO DE MUDANÇA DE PENSAMENTO
3. ALTERNATIVAS RACIONAIS
4. IDENTIFICANDO ERROS COGNITVOS
5. EXAME DAS EVIDÊNCIAS
6. DESCATASTROFIZAÇÃO
7. REATRIBUIÇÃO
8. ENSAIO COGNITIVO Start Now
9. USO DE CARTÕES DE ENFRENTAMENTO
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

o questionamento socrático em primeiro lugar em nossa lista de técnicas


para modificar pensamentos automáticos, pois o processo de
questionamento é a espinha dorsal das intervenções cognitivas para
mudar pensamentos disfuncionais.

ALGUNS DE SEUS BENEFÍCIOS SÃO:


intensificação da relação terapêutica
estimulação da indagação
melhor entendimento de cognições e comportamentos importantes e
promoção do engajamento ativo do paciente na terapia.
QUESTIONAMENTO SOCRÁTICO

CARACTERÍSTICAS-CHAVE:

1. Faça perguntas que revelem oportunidades de mudança.


2. Faça perguntas que tragam resultados.
3. Faça perguntas que envolvam os pacientes no processo de aprendizagem.
4. Elabore perguntas de forma que seja produtivo para o paciente.
5. Evite fazer perguntas de comando.
6. Use perguntas de múltipla escolha.
REGISTROS DE MUDANÇA DE PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS (RPD)

O automonitoramento, um elemento-chave da TCC, é totalmente feito


através dos registros de pensamento com cinco colunas

O RPD INCENTIVA OS PACIENTES A:


1. Reconhecer seus pensamentos automáticos;
2. Aplicar muitos dos métodos descritos neste capítulo (p. ex., identificar erros
cognitivos, examinar as evidências, gerar alternativas racionais);
3. Observar resultados positivos em seus esforços para modificar seu
pensamento.
REGISTROS DE MUDANÇA DE PENSAMENTO
GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS RACIONAIS

a TCC não é a “força do pensamento positivo”.


Tentativas de substituir pensamentos negativos por outros positivos
irreais estão fadadas ao fracasso, especialmente se o paciente tiver sofrido
perdas ou traumas reais ou se estiver enfrentando problemas com uma
alta probabilidade de resultados adversos.
Sugira que tentem pensar como um cientista ou um detetive – alguém que
evite tirar conclusões apressadas e sim buscar todas as evidências
GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS RACIONAIS
IDENTIFICAÇÃO DE ERROS COGNITIVOS

normalmente explicamos rapidamente os erros cognitivos em uma sessão


quando há um exemplo óbvio de uma dessas distorções da lógica.
uma tarefa de casa para promover o processo de aprendizagem.
Não é importante nomear os erros exatamente toda vez ou reconhecer
todos os erros cognitivos que poderiam estar envolvidos em um
pensamento automático (muitos pensamentos automáticos incluem mais
de um tipo de erro cognitivo).
Tentamos transmitir a mensagem de que eles não devem se preocupar em
captar essa parte da TCC de maneira exata. Reconhecer qualquer erro
cognitivo pode ajudá-los a pensar de maneira mais lógica e lidar
melhor com seus problemas.
EXAME DAS EVIDÊNCIAS

Essa técnica consiste em elaborar uma lista das evidências a favor e


contra a validade de um pensamento automático ou outra cognição,
avaliar essas evidências e, então, trabalhar na modificação do
pensamento para que seja consistente com as evidências recém-
descobertas.

deve ser implementado em sua versão completa, com a lista de evidências


por escrito pelo menos uma vez na parte inicial da terapia, para ensinar os
pacientes a usar esse método valioso.
EXAME DAS EVIDÊNCIAS
EXAME DAS EVIDÊNCIAS
DESCATASTROFIZAÇÃO

“Qual é a pior coisa que poderia acontecer se você fosse à festa?”;


“O que há de terrível em não ter o que dizer?”;
“Você conseguiria agüentar isso por pelo menos 15 minutos?”;
“Em comparação com outras coisas, como ter uma doença séria ou perder
o emprego, como é se sentir ansioso em uma festa?”.

A FORÇA MOTRIZ DESSAS PERGUNTAS ESTÁ EM AJUDAR OS PACIENTES A


DESENVOLVER A CONFIANÇA DE QUE ELES CONSEGUEM LIDAR COM
SITUAÇÕES TEMIDAS.
REATRIBUIÇÃO - CASO CLÍNICO

1. Interno versus externo. Pessoas deprimidas tendem a internalizar a culpa ou


responsabilidade por resultados negativos, enquanto pessoas não-deprimidas fazem
atribuições equilibradas ou externas.

2. Geral versus específico. Na depressão, as atribuições serão mais provavelmente


devastadoras e globais do que específicas a um defeito, falha ou problema.

3. Invariável versus variável. Pessoas deprimidas fazem atribuições que são invariáveis
e prevêem pouca ou nenhuma chance de mudança – por exemplo, “nunca mais vou
encontrar um amor”. Em contraste, pessoas não-deprimidas tem mais probabilidade de
pensar: “Isso também vai passar”.
REATRIBUIÇÃO - CASO CLÍNICO
Sandy, uma senhora de 54 anos, estava tendo problemas para lidar com a revelação de
que sua filha casada, Maryruth, estava tendo um caso. Ela se culpava excessivamente,
acreditava que sua filha estava estragando toda a sua vida e achava que o futuro de
Maryruth era muito cinzento. A terapeuta começou com perguntas focadas na correção
das atribuições de Sandy.

Terapeuta: Quanto você se culpa pelos problemas de sua filha agora?


Sandy: Muito – provavelmente 80%. Eu nunca deveria tê-la apoiado naquela idéia de ir
para a faculdade. Ela enlouqueceu lá e, desde então, não é mais a mesma. Eu sabia que
casar com Jim não era uma boa idéia. Eu deveria ter dito a ela o que eu pensava sobre
ele. Eles não têm nada em comum.
Terapeuta: Verificaremos toda essa culpa que você está pondo em você mesma mais
tarde. Mas, agora, você pode fazer uma marca no gráfico para mostrar quanto você acha
que é responsável pelo problema?
REATRIBUIÇÃO - CASO CLÍNICO
Sandy faz uma marca mais ou menos em 90%.

Terapeuta: Está bem, agora vamos tentar pensar qual seria um grau saudável de culpa.
Onde você gostaria que a marca estivesse no gráfico?
Sandy: Sei que me deprecio demais. Mas acho que ainda deveria tentar ajudar e deveria
assumir alguma responsabilidade. Provavelmente 25%.
Sandy faz uma marca mais ou menos em 25%

Embora acreditasse que Sandy ainda estivesse assumindo culpa demais para a situação, a
terapeuta não forçou a questão nesse momento. Elas continuaram a fazer gráficos para as
outras dimensões de atribuições e depois começaram a discutir maneiras de colocar as
atribuições no ponto desejado.
REATRIBUIÇÃO - CASO CLÍNICO

Uma das técnicas que podem ser usadas para modificar atribuições é pedir ao
paciente para fazer um brainstorm sobre os possíveis fatores que contribuem para
os resultados negativos.

Como os pacientes geralmente têm uma visão em túnel, focada em seus próprios
defeitos, pode ser útil fazer perguntas que os estimulem a pensar a partir de
diferentes perspectivas, por exemplo: “E quanto a outras pessoas que poderiam
influenciar a situação: os parentes? Seus amigos?”; “E o papel da sorte ou do
destino?”; “Pode ser genético?”. Depois de examinar uma série de perguntas
desse tipo, às vezes usamos o gráfico em forma de pizza para ajudar os pacientes a
ter uma visão multidimensional da situação.
REATRIBUIÇÃO

inicia-se explicando rapidamente o conceito e, depois, fazendo um gráfico


em uma folha de papel para demonstrar as dimensões das atribuições.
Formula-se perguntas que estimulem o paciente a explorar e possivelmente
modificar seu estilo atributivo.
REATRIBUIÇÃO
ENSAIO COGNITIVO

O ensaio cognitivo é normalmente introduzido em uma sessão depois de o


paciente já ter feito algum trabalho com outros métodos para modificar
pensamentos automáticos. Essas experiências iniciais preparam o
paciente para “lançar mão de tudo” ao orquestrar um resposta adaptativa
a uma situação potencialmente estressante

1. Pense sobre a situação com antecedência.


2. Identifique possíveis pensamentos automáticos e comportamentos.
3. Modifique os pensamentos automáticos fazendo um RPD ou aplicando uma outra
intervenção da TCC.
4. Ensaie o modo mais adaptativo de pensar e se comportar em sua mente.
5. Implemente a nova estratégia.
ENSAIO COGNITIVO
CARTÕES DE ENFRENTAMENTO

Podem ser utilizados cartões maiores ou cartões menores (como um


cartão de visitas) para escrever instruções que os pacientes gostariam de
dar a si mesmos para ajudá-los a enfrentar questões ou situações
importantes.

Identifique uma situação


identificando possíveis pensamentos automáticos, emoções,
pensamentos racionais e comportamentos adaptativos
exercite pensar e agir da maneira mais adaptativa que puder imaginar
CARTÕES DE ENFRENTAMENTO
CARTÕES DE ENFRENTAMENTO
VAMOS TREINAR

Em dupla, use uma das técnicas para identificar pensamentos


automáticos (de preferência “descoberta guiada” ou “registro de
pensamento”) e uma das técnicas para modificar pensamentos
automáticos (de prefência “exame de evidências” e “RPB”)

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