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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - CURSO DE PSICOLOGIA

Concepções Teóricas Cognitivas Comportamentais II - Profª Laís Steiner Massari


Acadêmicas: Ana Paula Vargas, Andressa Tomé, Clarissa de Araújo, Eduarda Borges, Estér
Claumann, Luana Antunes.

Síntese da vivência sobre terapia do esquema - Grupo 1: Domínio 1: Desconexão e rejeição.

Segundo a teoria de Jeffrey Young, existem 18 esquemas iniciais desadaptativos,


agrupados em cinco domínios de necessidades emocionais não atendidas. Os cinco
domínios são:
1) Desconexão/Rejeição;
2) Autonomia e Desempenho Prejudicados;
3) Limites Prejudicados;
4) Orientação para o outro;
5) Supervigilância e Inibição.

O primeiro domínio Desconexão e Rejeição caracteriza-se por incapacidade na formação de


vínculos seguros, com experiências sociais negativas. Em geral, as pessoas costumam
apresentar características de instabilidade, abuso, frieza, rejeição ou isolamento do mundo
exterior. Cinco esquemas estão vinculados a este domínio: Abandono, Desconfiança,
Privação Emocional, Defectividade/Vergonha e Isolamento Social.
Nesta vivência dividimos os papéis das personagens da seguinte forma: Luana: terapeuta,
Ana Paula: mãe (Marilene), Eduarda: protagonista criança (Marcelina), Andressa:
protagonista adulta (Marcelina), Clarissa: tia sem noção (Cláudia), Estér: narradora.

"Nunca ninguém vai gostar de mim", "sinto que sempre vão me abandonar", são frases
usadas por nossa protagonista que nos mostra as crenças de desamor e desamparo.

Domínio 1: vínculo seguro -> dificuldade em estabelecer boas relações terapêuticas.


Domínio 2: autonomia e competência -> dificuldade em estabelecer objetivos terapêuticos.
Domínio 3: limites prejudicados -> dificilmente em gerar motivação e disciplina para
mudança.
Domínio 4: direcionamento para o outro -> dificuldade em não verbalização de
pensamentos e sentimentos negativos.
Domínio 5: supervigilância e inibição -> dificuldade em espontaneidade, flexibilidade e
lazer.

Cena 1 (infância - 5 anos):


Criança está desenhando. Ela se levanta e vai até a mãe para mostrar o desenho
empolgada. A mãe está sentada mexendo no celular. Quando a criança mostra o desenho…
(Narradora)

-Gostou do desenho mãe?

A mãe não presta atenção e a criança precisa chamar ela mais de uma vez. (Narradora)

Quando a mãe atende, ela olha com desinteresse o desenho por alguns segundos.
(Narradora)

-Está bom, podia estar mais simétrico. (Marilene)

O desenho é a criança e a mãe

Marcelina volta desapontada para onde estava desenhando. (Narradora)

Cena 2 (infância - 10 anos):

A criança está no celular conversando com a amiguinha pela qual ela sente algo diferente. A
criança está com a primeira “paixonite” e quer conversar com a mãe. (Narradora)

-Mãe, queria conversar sobre algo. (Marcelina)

Silêncio por parte da mãe, que mal escuta Marcelina. (Narradora)

-Acho que estou gostando de… (Marcelina)

-Para de besteira menina, não vê que tá atrapalhando?! (Marilene)

A filha se assusta com o tom da mãe. (Narradora)

A filha vai para o quarto chateada e mexe no celular. (Narradora)

Cena 3 (infância - 15 anos):

Ela foi para a primeira festa escondida e voltou quase de manhã. (Narradora)

A mãe acorda de madrugada e não vê a filha em casa. Preocupada, ela liga para Cláudia
buscando um suporte emocional. (Narradora)

-Por que você tá me ligando esse horário Marilene?! (Cláudia)

-A Marcelina sumiu Cláudia, tu acredita? (Marilene)

-Olha... esses horários deve estar com o namoradinho... tu sabe né, tá espertinha nessa
idade… (Cláudia)

Marilene fica inquieta. (Narradora)

-Criei tão bem para agora me fazer uma dessas… (Marilene)


-Olha tu já a espera pronta. Se deixar isso continuar, quando vê tá trazendo macho para
dentro da tua casa! (Cláudia)

Marilene desliga e fica nervosa. Marcelina chega em casa e toma um susto ao dar de cara
com a mãe. (Narradora)

-Ai que susto mulher! (Marcelina)

-Espero que tenha aproveitado bastante a tua saidinha, porque a próxima vai demorar.
(Marilene)

-Eu não te entendo, desde quando tu se importa? Que showzinho é esse? (Marcelina)

Marilene começa a andar em círculos, bagunçando os cabelos. (Narradora)

-Filho é bicho ingrato mesmo, a gente alimenta, paga roupa, dá um teto, dá tudo do bom e
do melhor e na primeira oportunidade vai vadiar... só desgosto mesmo. (Marilene)

Marcelina engole o choro e dá as costas para a mãe, indo para o quarto. (Narradora)

-Escuta aqui que eu não terminei! (Marilene)

Marilene começa a andar atrás dela. (Narradora)

-Tu ainda tem a audácia de sair com essa roupa?! Eu não te criei pra isso! Foi pra rua
buscar o quê? O que te falta em casa?! Eu fiz tudo por ti, sem um tostão do teu pai, aquele
vadio! Inclusive tu é igualzinha a ele, a mesma ingratidão e vadiagem! (Marilene)

Cena 4 (vida adulta - 20 anos)

PRIMEIRA SESSÃO:

A psicóloga inicia com as perguntas de rotina (nome, idade, ocupação, se mora sozinha, o
que te trouxe aqui?). (Psicóloga)

Marcelina se mostra ansiosa e desconfiada. (Narradora)

-O que te trouxe aqui? (Psicóloga)

-Sinto o tempo todo que as pessoas vão me abandonar, que vou perdê-las. Quando uma
pessoa que é próxima a mim fica um pouco distante, sinto muito desespero. Acho que por
conta disso, acabo sendo chata e afastando as pessoas. (Marcelina)

A psicóloga quebra a quarta parede e explica sobre as crenças de desamor e desamparo.


Explica sobre os esquemas e o domínio.

Ela vira novamente para a paciente e pergunta. (Narradora)

-Você lembra de algum momento na sua vida onde se sentiu rejeitada? (Psicóloga)
Marcelina responde rapidamente "não lembro", sem parar para pensar muito sobre a
pergunta. Ela está claramente desconfortável. (Narradora)

-Me fale um pouco sobre você…(Psicóloga)

-Todo dia eu acordo cedo e vou trabalhar... eu gosto do meu trabalho, mas acho difícil
entrosar com meus colegas... aí depois eu volto pra casa. Sempre tem algo para fazer…
(Marcelina)

Silêncio constrangedor. A psicóloga percebe claramente o desconforto dela. (Narradora)

-Que tal continuarmos em uma próxima sessão? (Psicóloga)

Ela responde prontamente. (Narradora)

-Claro, pode ser! (Marcelina)

Cena 5 (fase adulta – 20 anos)

Após algumas sessões de terapia, com Marcelina aparentando estar um pouco mais
confortável na presença da sua terapeuta, ela resolve propor uma técnica para auxiliar
Marcelina em momentos de crise. (Narradora)

-Então Marcelina, como você me relatou que em certos momentos sente muito desespero e
agitação, gostaria de propor uma técnica que possa ser usada nesses momentos; ela se
chama: S.O.S quando o desespero surgir. (Psicóloga)

Marcelina escuta atentamente. (Narradora)

-Quando você estiver passando por uma crise emocional, faça o seguinte… (Psicóloga)

-Podemos tentar? (Psicóloga)

-Podemos sim. (Marcelina)

-Além disso, gostaria de te sugerir uma tarefa de casa: quando você tiver um tempo, faça
um passeio em algum lugar com natureza, sente-se um pouco e permita-se apreciar a
experiência. (Psicóloga)

Cena 6 (fase adulta – 20 anos)

Marcelina está na sessão de terapia. Ela e sua psicóloga conversam um pouco sobre a
técnica que ele a havia passado na última sessão. Ela comenta que nas primeiras tentativas
não conseguia completar a técnica, mas com o passar do tempo conseguiu utilizar toda ela
e realmente auxiliou nos seus momentos de crise. (Narradora)

Nessa sessão, a terapeuta propõe outra técnica para Marcelina, chamada de “Carta para
minhas necessidades emocionais”. (Narradora)

Ela entrega o papel e caneta para Marcelina e diz… (Narradora)


-Gostaria que você escrevesse uma carta para si mesma, reconhecendo e validando suas
necessidades emocionais. (Psicóloga)

Marcelina assente e pensa durante um tempo antes de começar a escrever. Ela demora um
certo tempo para escrever toda a carta e em alguns momentos olha para a terapeuta sem
saber o que escrever, mas consegue finalizar. (Narradora)

-Você gostaria de ler em voz alta? (Psicóloga)

Marcelina diz que não com a cabeça. (Narradora)

-Gostaria de compartilhar algo sobre o que escreveu? (Psicóloga)

-Hoje não. (Marcelina)

-Certo, ficará com ela para você. Antes de encerrarmos, gostaria que você fizesse uma
pequena gentileza por você mesma todos os dias e observasse como se sente. (Psicóloga)

Cena 7 (fase adulta – 20)

Nessa sessão, Marcelina fala brevemente sobre suas necessidades emocionais para a
terapeuta, aquelas necessidades que ela havia escrito na sessão passada. Também
comenta que cumpriu a tarefa de casa, não todos os dias, mas com uma certa frequência.
Ela afirma ter gostado dos momentos em que foi gentil consigo mesma. (Narradora)

Sua psicóloga propõe outra técnica, essa usada para identificar gatilhos que ativam os
esquemas visualizados na paciente durante o processo terapêutico. (Narradora)

-Aqui está uma tabela onde podemos escrever sobre situações e gatilhos que ativam o seu
esquema e ações que podem ser tomadas quando isso acontece. (Psicóloga)

A terapeuta mostra o quadro para a paciente e explica o que e onde ela deve escrever cada
coisa. (Narradora)

Após a paciente terminar de realizar a técnica, ambos conversam um pouco sobre essas
situações. Ao final, a terapeuta propõe também uma tarefa de casa: (Narradora)

-Marcelina, gostaria que você fizesse um lembrete com estratégias do que fazer diante de
gatilhos e deixe em algum lugar visível para lembrar e utilizar em momentos que forem
necessários. (Psicóloga)

Marcelina aceita, ela está bem mais comunicativa e receptiva em comparação com a
primeira sessão. (Narradora)

Cena 8 (fase adulta - 20 anos)

ÚLTIMA SESSÃO:
Marcelina e a psicóloga estão conversando. Ela está mais confortável, após várias sessões
construindo um vínculo terapêutico e entendendo a si mesma. Nesse momento, ela é capaz
de verbalizar tudo o que ela compreendeu no decorrer das sessões. (Narradora)

-Hoje eu entendo que a minha mãe lidava comigo como ela sabia... na época, eu só me
sentia abandonada, mas hoje eu sei que não era completamente intencional. Eu consigo
aceitar que ela era instável e que muitas das coisas que eu faço hoje eu aprendi a fazer
quando criança para me defender. Mas eu sei que eu posso mudar e também que nem
sempre o que eu acho está de acordo com a realidade. (Marcelina)

Nesse momento, Marcelina visualiza a sua versão criança na cadeira a sua frente e levanta
para abraçá-la. (Narradora)

Elas se abraçam, concretizando o acolhimento da Marcelina sobre sua história e seus


traumas. (Narradora)

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