Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
"Nunca ninguém vai gostar de mim", "sinto que sempre vão me abandonar", são frases
usadas por nossa protagonista que nos mostra as crenças de desamor e desamparo.
A mãe não presta atenção e a criança precisa chamar ela mais de uma vez. (Narradora)
Quando a mãe atende, ela olha com desinteresse o desenho por alguns segundos.
(Narradora)
A criança está no celular conversando com a amiguinha pela qual ela sente algo diferente. A
criança está com a primeira “paixonite” e quer conversar com a mãe. (Narradora)
Ela foi para a primeira festa escondida e voltou quase de manhã. (Narradora)
A mãe acorda de madrugada e não vê a filha em casa. Preocupada, ela liga para Cláudia
buscando um suporte emocional. (Narradora)
-Olha... esses horários deve estar com o namoradinho... tu sabe né, tá espertinha nessa
idade… (Cláudia)
Marilene desliga e fica nervosa. Marcelina chega em casa e toma um susto ao dar de cara
com a mãe. (Narradora)
-Espero que tenha aproveitado bastante a tua saidinha, porque a próxima vai demorar.
(Marilene)
-Eu não te entendo, desde quando tu se importa? Que showzinho é esse? (Marcelina)
-Filho é bicho ingrato mesmo, a gente alimenta, paga roupa, dá um teto, dá tudo do bom e
do melhor e na primeira oportunidade vai vadiar... só desgosto mesmo. (Marilene)
Marcelina engole o choro e dá as costas para a mãe, indo para o quarto. (Narradora)
-Tu ainda tem a audácia de sair com essa roupa?! Eu não te criei pra isso! Foi pra rua
buscar o quê? O que te falta em casa?! Eu fiz tudo por ti, sem um tostão do teu pai, aquele
vadio! Inclusive tu é igualzinha a ele, a mesma ingratidão e vadiagem! (Marilene)
PRIMEIRA SESSÃO:
A psicóloga inicia com as perguntas de rotina (nome, idade, ocupação, se mora sozinha, o
que te trouxe aqui?). (Psicóloga)
-Sinto o tempo todo que as pessoas vão me abandonar, que vou perdê-las. Quando uma
pessoa que é próxima a mim fica um pouco distante, sinto muito desespero. Acho que por
conta disso, acabo sendo chata e afastando as pessoas. (Marcelina)
-Você lembra de algum momento na sua vida onde se sentiu rejeitada? (Psicóloga)
Marcelina responde rapidamente "não lembro", sem parar para pensar muito sobre a
pergunta. Ela está claramente desconfortável. (Narradora)
-Todo dia eu acordo cedo e vou trabalhar... eu gosto do meu trabalho, mas acho difícil
entrosar com meus colegas... aí depois eu volto pra casa. Sempre tem algo para fazer…
(Marcelina)
Após algumas sessões de terapia, com Marcelina aparentando estar um pouco mais
confortável na presença da sua terapeuta, ela resolve propor uma técnica para auxiliar
Marcelina em momentos de crise. (Narradora)
-Então Marcelina, como você me relatou que em certos momentos sente muito desespero e
agitação, gostaria de propor uma técnica que possa ser usada nesses momentos; ela se
chama: S.O.S quando o desespero surgir. (Psicóloga)
-Quando você estiver passando por uma crise emocional, faça o seguinte… (Psicóloga)
-Além disso, gostaria de te sugerir uma tarefa de casa: quando você tiver um tempo, faça
um passeio em algum lugar com natureza, sente-se um pouco e permita-se apreciar a
experiência. (Psicóloga)
Marcelina está na sessão de terapia. Ela e sua psicóloga conversam um pouco sobre a
técnica que ele a havia passado na última sessão. Ela comenta que nas primeiras tentativas
não conseguia completar a técnica, mas com o passar do tempo conseguiu utilizar toda ela
e realmente auxiliou nos seus momentos de crise. (Narradora)
Nessa sessão, a terapeuta propõe outra técnica para Marcelina, chamada de “Carta para
minhas necessidades emocionais”. (Narradora)
Marcelina assente e pensa durante um tempo antes de começar a escrever. Ela demora um
certo tempo para escrever toda a carta e em alguns momentos olha para a terapeuta sem
saber o que escrever, mas consegue finalizar. (Narradora)
-Certo, ficará com ela para você. Antes de encerrarmos, gostaria que você fizesse uma
pequena gentileza por você mesma todos os dias e observasse como se sente. (Psicóloga)
Nessa sessão, Marcelina fala brevemente sobre suas necessidades emocionais para a
terapeuta, aquelas necessidades que ela havia escrito na sessão passada. Também
comenta que cumpriu a tarefa de casa, não todos os dias, mas com uma certa frequência.
Ela afirma ter gostado dos momentos em que foi gentil consigo mesma. (Narradora)
Sua psicóloga propõe outra técnica, essa usada para identificar gatilhos que ativam os
esquemas visualizados na paciente durante o processo terapêutico. (Narradora)
-Aqui está uma tabela onde podemos escrever sobre situações e gatilhos que ativam o seu
esquema e ações que podem ser tomadas quando isso acontece. (Psicóloga)
A terapeuta mostra o quadro para a paciente e explica o que e onde ela deve escrever cada
coisa. (Narradora)
Após a paciente terminar de realizar a técnica, ambos conversam um pouco sobre essas
situações. Ao final, a terapeuta propõe também uma tarefa de casa: (Narradora)
-Marcelina, gostaria que você fizesse um lembrete com estratégias do que fazer diante de
gatilhos e deixe em algum lugar visível para lembrar e utilizar em momentos que forem
necessários. (Psicóloga)
Marcelina aceita, ela está bem mais comunicativa e receptiva em comparação com a
primeira sessão. (Narradora)
ÚLTIMA SESSÃO:
Marcelina e a psicóloga estão conversando. Ela está mais confortável, após várias sessões
construindo um vínculo terapêutico e entendendo a si mesma. Nesse momento, ela é capaz
de verbalizar tudo o que ela compreendeu no decorrer das sessões. (Narradora)
-Hoje eu entendo que a minha mãe lidava comigo como ela sabia... na época, eu só me
sentia abandonada, mas hoje eu sei que não era completamente intencional. Eu consigo
aceitar que ela era instável e que muitas das coisas que eu faço hoje eu aprendi a fazer
quando criança para me defender. Mas eu sei que eu posso mudar e também que nem
sempre o que eu acho está de acordo com a realidade. (Marcelina)
Nesse momento, Marcelina visualiza a sua versão criança na cadeira a sua frente e levanta
para abraçá-la. (Narradora)