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De acordo com os preceitos teóricos de Melanie Klein e as interpretações propostas tanto

por estas como pelos seus percursores, análise o caso.


Retire trechos do caso que justifiquem a teoria de Melanie Klein, colocando o trecho e a
justificativa teórica, utilize do texto sobre Melanie Klein deixado na copiadora.
Retire também trechos sobre as interpretações realizadas pela terapeuta justificando
através da teoria para este consulte o livro Teoria Psicanalítica do autor Zimerman
disponível na biblioteca digital.
Devem ser realizadas 10 análises no total (trechos do caso e justificativa teórica)
O aluno que fizer mais de 10 serão consideradas as 10 primeiras
Esta atividade deve ser realizada individualmente
Não precisa postar o caso apenas as 10 análises.

Caso Clínico

Leonardo Couto, seis anos, mora com os pais, avó, um irmão, três tios e um primo em
uma casa de dois cômodos. Durante a semana fica na escola das 07:00 às 16:00 horas. As
principais queixas são relacionadas à agressividade, intolerância, não saber brincar e falta
de limite.
Nos primeiros encontros em que foi realizado hora lúdica e psicodiagnóstico em
Leonardo este apresentava resistência para entrar na sala de atendimento e só o fazia
depois que seu pai gritava, dando-lhe bronca ou até mesmo oferecendo algo em troca,
como, por exemplo, dinheiro.
Após devolutiva aos pais e iniciar o processo psicoterapêutico dentro da sala de
atendimento, Leonardo tinha alguns comportamentos inadequados – acionava o alarme
de segurança da sala, ligava e desligava o ventilador, dizendo que queria queimá-lo,
acendia e apagava as luzes, mudava a disposição dos móveis, rabiscava a parede com
canetinha a terapeuta intervia “Compreendo que é importante para você fazer isso, mas
não pode”. Diante da insistência de Leonardo a terapeuta respondia: “Se você insistir em
burlar as regras, nós precisaremos encerrar a sessão mais cedo”, dito isso o paciente ficava
quieto.
A terapeuta sempre reforçava que aquele espaço era para ser usado como ele quisesse e
teria 50 minutos para isso, mas não poderia quebrar o que não fazia parte da sua caixa ou
se machucar.
Com sua caixa individual também era abrupto jogava as folhas de sulfite novas e usadas
para cima, desperdiçava os materiais.
Quando chegou para a próxima sessão, Leonardo ainda apresentava um pouco de
resistência para entrar na sala de atendimento, mas depois, dentro da sala, percebeu que
sua caixa estava no chão e perguntou se ela (terapeuta) o esperava e diante da
confirmação, Leonardo sorriu, sentou-se no chão e começou a brincar. Neste dia o
paciente propôs que a terapeuta usasse uma caneta como microfone, esta aceitou a
brincadeira e ambos cantaram uma canção infantil até o final da sessão. A partir daí foi
possível notar uma mudança no comportamento de Leonardo, que passou a entrar
espontaneamente na sala e a brincar com os materiais, sempre perguntando antes o que
podia ou não fazer.
Na próxima sessão, enquanto desenhava, Leonardo disse para terapeuta que o Wellington
era desobediente. A terapeuta perguntou quem era Wellington e o paciente respondeu
que era um menino que morava perto de sua casa. Questionado sobre porque ele era
desobediente, o paciente respondeu que era porque ele fazia coisas que não podia.
Quando a terapeuta perguntou: “Como será que o Wellington se sente ao fazer essas
coisas que não pode?”, Leonardo responde: “Eu sou o diabo, estou amarrado”. Neste
momento pega um boneco na caixa lúdica é dá várias voltas no boneco com o barbante”
Terapeuta pergunta novamente: “Será que como este boneco está sentido amarrado?”
Leonardo não responde, guarda o boneco amarrado na caixa e chama a terapeuta para
jogar pega-vareta, jogam até o final da sessão.
Na outra sessão Leonardo quis brincar com a massa de modelar e perguntou se podia
jogar cola com glitter em cima dela. A terapeuta interveio: “Você quem sabe”. O paciente
perguntou: “Por que eu tenho que saber de tudo?”. E a terapeuta reforçou que ali
era um espaço onde ele poderia fazer o que quisesse.
Nas próximas sessões do processo terapêutico, Leonardo passou a compartilhar algumas
vivências com a terapeuta – contou que tinha uma namorada chamada Paula, que sua Tia
Jô o beliscava quando ele escrevia errado, que seu pai batia nele porque ele saía na rua,
contou também que sua avó havia expulsado o seu pai de casa, mas que não era para
contar para ninguém e, então, a terapeuta disse que guardaria segredo.
Leonardo nas próximas sessões passou a dividir conteúdos com a terapeuta como por
exemplo – em uma sessão ele simulou a compra de chicletes e deu um para a terapeuta,
em outra sessão ele pegou todos os materiais de papelaria (sulfite, lápis de cor, caneta
colorida, cola) e pediu para que ela ficasse com tudo. A Terapeuta explica que faz
parte da caixa dele e que só os dois podem ver o que tem dentro como explicado para ele
na primeira sessão de psicoterapia, Leonardo passou também a requerer mais a atenção,
ora pedindo para que se sentasse ao seu lado, ora acariciando seus cabelos e fazendo
perguntas, tais como: “Você é mulher?”; “Você usa calcinha?” ou, até mesmo
observações como: “Hoje você veio com salto, saia e cachecol”. Terapeuta: “Percebo
que está bastante curioso sobre mulheres” Leonardo: “Meu pai foi embora de casa, mas
minha mãe disse que ele precisa voltar para dar um jeito em mim, só um homem para dar
jeito em mim” Terapeuta: “Você concorda com sua mãe?” Leonardo: “Não sei ele não
está lá para me bater” Terapeuta: “Você acha que só batendo para dar um jeito?” Leonardo
pega o boneco que tinha enrolado no barbante deixa na caixa e pega o ludo para jogar,
durante o jogo tem mais interesse em voltar as peças da terapeuta para casa do que vencer
o jogo, a terapeuta comenta com ele e ele não responde, jogam até o final da sessão.
No próximo atendimento chega dizendo que a terapeuta ficaria de castigo por ter feito
bagunça. Quando indagado se ele também ficava de castigo quando fazia bagunça o
paciente não respondeu, pegou todos os materiais da caixa e jogou-os no chão. Terapeuta:
“Não é fácil ficar de castigo parece que bagunça tudo” Leonardo sentou-se no chão, virou
o rosto para a parede e gritou com a terapeuta para que ela parasse de falar. Ficou
assim até o final da sessão.
Na próxima sessão Leonardo chegou contando para a terapeuta que sua mão tinha deixado
ele ir na casa de um amigo brincar, e ele prometeu que não faria bagunça na casa do
amigo. Abriu sua caixa e disse: “Não posso fazer bagunça, senão vou ficar de castigo!”.
A terapeuta perguntou como ele se senti ao ficar de castigo e este respondeu: “Fico muito
bravo”. Na tentativa de fazer uma reflexão com o paciente, a terapeuta lhe disse: “Se o
castigo te incomoda o que pode ser feito para não acontecer mais?”, mas o paciente
ficou em silêncio.
Nas próximas sessões do processo psicoterapêutico, o paciente continuava chamando a
terapeuta para se sentar ao seu lado e emprestava seus brinquedos para ela brincar
também. Em certa sessão, o paciente deixou tinta derramar no chão da sala, guardaram
o material na caixa, mas o chão continuou sujo e, antes de ir embora, perguntou se a
terapeuta conseguiria limpar o chão. Essa respondeu que sim e que o mais importante era
guardar o seu material na caixa.
Em seus desenhos, Leonardo passou a trazer conteúdo da escola, por exemplo, em uma
sessão desenhou algumas nuvens e contou que elas serviam para colocar o nome de quem
fazia bagunça, que a sua professora já havia colocado o nome dele e que ficava triste
quando isso acontecia. A terapeuta interagiu perguntando se havia alguma maneira para
que o nome dele não fosse colocado na nuvem e ele respondeu: “Sim, é só ficar quieto”.
Propondo uma reflexão a terapeuta disse: “Então você tem escolhas? Para a professora
não colocar o seu nome na nuvem é preciso ficar quieto? E se fizer bagunça vai ficar
triste, pois a professora incluirá o seu nome na nuvem?”. Compreendendo a reflexão, o
paciente disse: “Sim”.
Nas próximas sessões Leonardo optou pela família de bonecos e contava estórias que se
resumiam em um menino que era bagunceiro, mas que agora estava “bonzinho”, na
primeira dessas sessões desenrolou o boneco que havia enrolado no barbante em uma
sessão anterior. Em algumas estórias ele usava os animais, como fez em uma sessão e
começou a contar: “Era uma vez um cachorro que ficou bonzinho.” A fim de incentivar
o paciente a continuar a estória, a terapeuta pediu para que ele falasse mais sobre o
cachorro e, então, o cliente continuou: “Ele era vira-lata”. Então, a terapeuta perguntou:
“Antes de ser bonzinho, o que o cachorro era?”, e o paciente respondeu: “Bagunceiro”.
Leonardo passou a demonstrar que conhecia as regras, então, sempre que pegava o guache
para desenhar ele dizia: “Não pode colocar tinta na boca, porque fica doente e tem que
tomar injeção”, ou, em outras situações: “Não pode bater a ponta da canetinha
na lousa, senão estraga e as outras crianças e eu ficamos sem”; “Não pode desenhar no
livro porque estraga e não posso usar depois”.
A terapeuta fazia orientações a mãe e a avó a cada 6 sessões com a criança, o processo
terapêutico durou 25 sessões, onde a criança foi reavaliada, e foi possível observar as
mudanças positivas tanto em casa como da escola.
Em uma das últimas sessões Leonardo propôs fazer uma coisa diferente que a terapeuta
também contasse uma estória depois ele contaria uma.
A terapeuta começou a história: “Era uma vez um menino que fazia bagunça e brigava
em casa e na escola. A sua mãe, preocupada, resolveu levá-lo em um lugar especial, para
que brincasse com uma pessoa. Esta pessoa que se chamava Roberta...”. De repente, o
paciente começou a rir e disse para a terapeuta: “Você também se chama Roberta”. E a
terapeuta continuou: – “Que coincidência, não é? Voltando à história, a Roberta
começou a acompanhar o menino, compreendeu o que ele queria, seus sentimentos,
propôs regras do que podia ou não fazer e aceitou ele como realmente era”.
O paciente interrompeu a história, andou pela sala e a terapeuta lhe disse: “Leonardo, está
difícil ficar quieto e escutar a história? Combinamos que seria uma troca, então, para eu
terminar de contar a minha história, preciso que você preste atenção ou você não quer
mais continuar esta brincadeira?”. O paciente deu risada, voltou a se sentar e a terapeuta
continuou a história: “No início o menino fazia bastante bagunça, acionava o
alarme, xingava, quebrava os brinquedos e não conseguia brincar, mas o tempo passou e
esse menino mudou completamente estas atitudes. Agora ele sabe brincar, conversar,
fazer desenhos e as pessoas começaram a se aproximar dele, achando-o bonito, simpático
e muito esperto. Daí todos viveram felizes para sempre. Qual o nome que podemos
colocar neste menino?”. Foi quando o paciente respondeu: – “Ah, pode ser Leonardo”.
Com a intenção de aprofundar a apreensão e a compreensão do paciente, a terapeuta
perguntou: “Por que pode ser Leonardo?”. Ele respondeu: “Por que o Leonardo fazia
bagunça e agora diminuiu”; continuando, a terapeuta disse: “Entendi, então, esse menino
pode se chamar Leonardo”.
Nestas últimas sessões Leonardo utilizou do durex para reparar os brinquedos quebrados,
e também da cola misturada com farelo de giz de cera para refazer as tintas guaches.

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