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DECRETO Nº 18.

327, DE 23 DE MAIO DE 2023

Regulamenta a elaboração e a dispensa dos Planos de


Regularização Urbanística – PRU –, previstos na Seção III
do Capítulo V do Título X da Lei nº 11.181, de 8 de agosto
de 2019, que aprova o Plano Diretor do Município de Belo
Horizonte e dá outras providências.

O prefeito de Belo Horizonte, no exercício da atribuição que lhe confere o inciso VII do art. 108 da Lei
Orgânica, decreta:

Art. 1º – Este Decreto dispõe sobre os procedimentos para elaboração de Plano de Regularização
Urbanística – PRU – e os critérios para sua dispensa no Município, com fundamento na Seção III do
Capítulo V do Título X da Lei nº 11.181, de 8 de agosto de 2019.

Art. 2º – O PRU constitui instrumento de planejamento que visa subsidiar processos de urbanização e
de regularização fundiária nas Áreas Especiais de Interesse Social – Aeis-2.

Art. 3º – Em todas as etapas de elaboração do PRU deverá ser assegurada a participação dos
moradores e beneficiários da regularização proposta.

Art. 4º – Para fins do disposto no art. 286 da Lei nº 11.181, de 2019, consideram-se:
I – intervenções: medidas que modificam estruturalmente a configuração urbanística do assentamento
com vistas ao incremento da qualidade de vida dos moradores e à sua integração à cidade,
envolvendo melhorias relacionadas às condições ambientais, ao saneamento, à mitigação de riscos,
à provisão de infraestrutura e aos equipamentos comunitários;
II – regularização fundiária: conjunto de medidas urbanísticas, ambientais, jurídicas e sociais
destinadas à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial urbano e à
titulação dos seus ocupantes.

Art. 5º – O órgão gestor da Política Municipal de Habitação – PMH – ou o órgão municipal


responsável pela política urbana, conforme a responsabilidade definida para o processo de
regularização fundiária, definirá o escopo do PRU de cada assentamento, por meio de termo de
referência, conforme as características da localidade e a complexidade das ações e intervenções
necessárias.

§ 1º – O conteúdo do PRU abordará aspectos urbanístico-ambientais, jurídico-legais,


socioeconômicos e organizativos do assentamento e poderá ter complexidade variável de acordo com
as características e as necessidades de cada Aeis-2.

§ 2º – O PRU conterá dados e informações que fundamentem suas proposições e demonstrem a


viabilidade de sua implantação, incluindo estimativa de custos das intervenções, quando for o caso.

Art. 6º – O PRU poderá ser elaborado, direta ou indiretamente, pelo órgão gestor da PMH ou pelo
órgão municipal responsável pela política urbana, conforme a responsabilidade definida para o
processo de regularização fundiária, ressalvado o disposto no art. 10.

Art. 7º – Os parâmetros urbanísticos específicos de parcelamento, ocupação e uso do solo, edilícios e


de passeios de cada assentamento em Aeis-2, conforme o parágrafo único do art. 172 e os arts. 289
e 290 da Lei nº 11.181, de 2019, e o parágrafo único do art. 35 da Lei Federal nº 13.465, de 11 de
julho de 2017, serão estabelecidos por decreto:
I – regulamentador da Lei nº 11.181, de 2019;
II – derivado do PRU;
III – editado após a conclusão da regularização fundiária.

§ 1º – A alteração do perímetro da Aeis-2, se for o caso, será estabelecida por decreto derivado do
PRU ou editado após a conclusão da regularização fundiária, conforme os arts. 289 e 290 da Lei nº
11.181, de 2019.

§ 2º – Os parâmetros urbanísticos e as regras de uso do solo estabelecidos pelo decreto de que trata
o caput prevalecem sobre aqueles previstos nos Anexos XII e XIII da Lei nº 11.181, de 2019,
conforme o caput do art. 289 da referida lei, bem como sobre a Lei nº 9.725, de 15 de julho de 2009,
e sobre a Lei nº 8.616, de 14 de julho de 2003.
Art. 8º – A elaboração do PRU para realização de intervenções e regularização fundiária dos
assentamentos em Aeis-2 poderá ser dispensada mediante parecer motivado, emitido em conjunto
pelo órgão gestor da PMH e pelo órgão municipal responsável pela política de planejamento urbano,
conforme o § 5º do art. 286 da Lei nº 11.181, de 2019.

§ 1º – Na hipótese de que trata o caput, o órgão gestor da PMH ou o órgão municipal responsável
pela política de planejamento urbano poderá indicar a necessidade de elaboração de estudos
técnicos específicos para a realização de intervenções e para a regularização fundiária do
assentamento.

§ 2º – Na hipótese de que trata o caput, os parâmetros urbanísticos específicos de parcelamento,


ocupação e uso do solo, edilícios e de passeios para a Aeis-2 poderão ser definidos por decreto,
conforme o parágrafo único do art. 172 e o art. 290 da Lei nº 11.181, de 2019, ou no âmbito do
Projeto de Regularização Fundiária – PRF –, conforme o parágrafo único do art. 35 da Lei Federal nº
13.465, de 2017.

§ 3º – Na hipótese de que trata o caput, a alteração do perímetro da Aeis-2, se for o caso, poderá ser
estabelecida por decreto específico, após a conclusão da regularização fundiária, conforme o art. 290
da Lei nº 11.181, de 2019.

Art. 9º – Estão dispensados da elaboração do PRU, independentemente do parecer motivado de que


trata o caput do art. 8º, os processos de:
I – licenciamento ou regularização de parcelamento do solo de gleba que resulte em lote único;
II – alteração de parcelamento do solo que envolva terrenos inteiramente inseridos em plantas de
parcelamento regularmente aprovadas;
III – licenciamento ou regularização de parcelamento do solo de gleba que resulte em terreno
destinado a empreendimento único;
IV – licenciamento, regularização e modificação de edificação em terreno regularmente parcelado.

§ 1º – Na hipótese de que trata o caput, o licenciamento, a regularização ou a modificação de


parcelamento do solo ou de edificação serão avaliados a partir dos parâmetros e regras previstos na
legislação urbanística do Município, inclusive na Lei nº 11.181, de 2019, e na Lei nº 9.074, de 2005,
conforme o caso.

§ 2º – A dispensa de que trata o caput não implica a dispensa do PRU para as porções do território
municipal delimitadas como Aeis-2 onde a edificação ou o terreno está inserido, situação que
depende de análise específica pelo órgão gestor da PMH e pelo órgão municipal responsável pela
política de planejamento urbano.

Art. 10 – O PRU ou os estudos técnicos específicos de que trata o § 1º do art. 8º poderão ser
elaborados diretamente pelo interessado, às suas expensas, mediante requerimento por meio digital,
conforme orientação do órgão municipal responsável pelo processo de regularização fundiária,
condicionados à apresentação de Registro de Responsabilidade Técnica – RRT – e/ou de Anotação
de Responsabilidade Técnica – ART.

§ 1º – O requerimento do interessado poderá ser indeferido pelo órgão municipal responsável pelo
processo de regularização fundiária nos casos de assentamentos que demandem estudos de alta
complexidade, mediante fundamentação técnica.

§ 2º – Na hipótese de que trata o caput, cabe ao órgão municipal responsável:


I – avaliar e aprovar ou indeferir fundamentadamente o requerimento do interessado;
II – definir o escopo do PRU ou dos estudos técnicos específicos, conforme o art. 5º;
III – definir o prazo, até o máximo de dezoito meses, para elaboração e apresentação do PRU ou dos
estudos técnicos específicos;
IV – certificar o recebimento e avaliar o cumprimento do escopo definido para o PRU ou os estudos
técnicos específicos;
V – indicar a necessidade de correção ou de complementação do PRU ou dos estudos técnicos
específicos pelo interessado, no prazo assinalado;
VI – aprovar o PRU ou os estudos técnicos específicos.
§ 3º – O órgão municipal responsável terá o prazo de sessenta dias para avaliar o PRU ou os estudos
técnicos específicos, ao qual serão acrescidos mais trinta dias a cada entrega de complementações
ou correções solicitadas ao interessado.

§ 4º – O PRU ou os estudos técnicos específicos elaborados pelo interessado poderão ser rejeitados
de maneira fundamentada pelo órgão municipal responsável, caso as correções ou complementações
indicadas não sejam atendidas adequadamente.

Art. 11 – Em caso de sobreposição de Aeis-2 e conexão de fundo de vale, as diretrizes para


elaboração do PRU e do Plano de Estruturação Urbano-Ambiental – PEA –, previsto no art. 201 da
Lei nº 11.181, de 2019, devem ser compatibilizadas e poderão ser elaboradas conjuntamente pelos
órgãos responsáveis.

Art. 12 – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Belo Horizonte, 23 de maio de 2023.

Fuad Noman
Prefeito de Belo Horizonte

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