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METALURGIA DA SOLDAGEM

PM 553

Aula 02 – Calor na Soldagem

Prof. Luiz Eduardo Paes


luiz.paes@ufu.br

UFU/FEMEC/LAPROSOLDA

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INTRODUÇÃO

Considerando a aplicação de união, a soldagem pode ser


definida como um processo de fabricação que visa a
coalescência de dois objetos de forma que as propriedades
da junta sejam similares às do metal base

Forças interatômicas

Pressão ou calor localizado

Eliminar os “obstáculos”
presentes na superfície

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FORMATO DA FONTE DE CALOR

O arco voltaico e a chama têm uma distribuição de calor


com formato similar à curva de Gauss

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BALANÇO TÉRMICO NA SOLDAGEM POR FUSÃO

Entradas de calor Saídas de calor


Fonte de calor Condução através da peça (maior parte)
Reações metalúrgicas exotérmicas Condução através do eletrodo
Perdas por radiação e convecção
Reações endotérmicas

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BALANÇO TÉRMICO NA SOLDAGEM POR FUSÃO

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ENERGIA DE SOLDAGEM

O fluxo de calor entra na peça a partir da energia de


soldagem (ES )

σni=1(Ii Ui )ൗ
P n
ES = =
Vs Vs

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ENERGIA DE SOLDAGEM

É possível correlacionar a energia de soldagem com a


penetração – diretamente proporcionais

Sua utilização deve ser feita com cautela

P = 2 kW P = 10 kW
Vs = 1 m/min Vs = 5 m/min
Es = 120 kJ/m Es = 120 kJ/m
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ENERGIA IMPOSTA DE SOLDAGEM

Para prever a microestrutura da solda, utilizando o


diagrama CCT por exemplo, é fundamental conhecer a
energia imposta

EI = η ES

Onde η é o rendimento térmico do processo (η<1)

A energia imposta é a energia que foi transferida para a


chapa. O restante da energia (η − 1) ES foi perdida

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ENERGIA IMPOSTA DE SOLDAGEM

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CÁLCULO DO RENDIMENTO TÉRMICO

O rendimento térmico pode ser obtido a partir de métodos


calorimétricos

න mሶ cp Tsai − Tent dt = ηT U I Δt
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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

As variações de temperatura associadas com a operação de


soldagem podem ser modeladas a partir de soluções
adequadas da equação de balanço de energia

𝜕 𝜕T 𝜕 𝜕T 𝜕 𝜕T
λ T + λ T + λ T + q0
𝜕x 𝜕x 𝜕y 𝜕y 𝜕z 𝜕z

𝜕T
= ρ T cP (T)
𝜕t

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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

Soluções desta equação foram obtidas por Rosenthal na


década de 1930.

Por se tratarem de soluções analíticas, uma série de


simplificações foram adotadas, dentre elas:

- A solução é válida para um estado quasi-estacionário

- O formato da peça é simplificado para uma chapa de


comprimento, largura e, em alguns casos espessura infinitos

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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

- A forma da fonte de calor é simplificada para um ponto


na superfície da chapa ou uma linha que atravessa a
chapa

- O aquecimento da peça devido ao efeito Joule é


desprezado

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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

- A variação das propriedades físicas com a temperatura é


desprezada, adotando-se valores médios.

Exemplos de propriedades que variam com a temperatura

Aço 1020
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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

- O material de base de base permanece sempre no estado


sólido e não ocorre nenhuma mudança de fase (na qual
haveria absorção ou liberação de calor)

T
H T = න ρ T cp T + ρ T Lδ T − Tm dT
T0
Calor Sensível Calor Latente

H T é a entalpia. Se não há mudança de fase, a parcela


relativa ao calor latente não foi considerada.

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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

- O material é totalmente isotrópico e homogêneo

Muitos materiais não são isotrópicos. Apresentam grão


orientados em uma direção preferencial.

Aço Laminado
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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

- A convecção na poça não é considerada

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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

Devido a simplificações que são adotadas, as soluções


obtidas fornecem uma representação aproximada da
distribuição de temperatura em uma solda

Solução analítica para uma fonte pontual

P −v
T = T0 + exp x+R
2πkR 2α

P = η UI – energia imposta
v – velocidade de soldagem R= x2 + y2 + z2
k - condutividade α - difusividade
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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

Processo TIG, I=195A, U=10,5 V, η=77%, e = 6,42 mm

Seção Transversal

Temperatura (°C)
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ESTUDO TEÓRICO DO FLUXO DE CALOR

Processo TIG, I=195A, U=10,5 V, η=77%, e = 6,42 mm

Superfície Inferior Superfície Superior

Temperatura (°C) Temperatura (°C)


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O CICLO TÉRMICO DE SOLDAGEM

Variação de temperatura durante a soldagem em um ponto


da peça

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS

Embora a solução de Rosenthal represente uma aproximação


do perfil térmico, ela é útil para prever tendências

- Condutividade térmica
Cobre

Aço Inoxidável

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
- Espessura da junta
5 mm

10 mm

20 mm

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
- Geometria da junta

A velocidade de resfriamento é maior nas juntas em T do


que nas juntas em topo

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
- Energia de soldagem

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
- Temperatura de pré-aquecimento

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
Quais parâmetros alterar ?

Do ponto de vista operacional, a energia de soldagem e a


temperatura de pré-aquecimento são os que se tem maior
liberdade para atuar

Condutividade térmica (material) – não é possível alterar os


materiais que se quer soldar

Espessura do componente – não é possível alterar

Tipo de junta – é possível modificar o chanfro mas não os


requisitos de projeto
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REPARTIÇÃO TÉRMICA

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INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS
- Energia de soldagem (H)

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REFERÊNCIAS
- JENNEY, C.; O’BRIEN, A. Welding Handbook Vol 1.
Miami: AWS, 2001.

- LISKEVYCH, O. Calor imposto líquido: um novo


conceito para quantificação do aporte térmico em
soldagem a arco. 2014. Tese (Doutorado em Engenharia
Mecânica), Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2014.

- MODENESI, P. J.; MARQUES, P.V.; SANTOS, D. B.


Introdução à Metalurgia da Soldagem. Apostila, 2012.

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REFERÊNCIAS
- PAES, L. E. S. et al. Power and welding speed
influence on bead quality for overlapped joint laser
welding. Journal of Laser Applications, v. 31, p. 1-5,
2019.

- PAES, L. E. S. et al. Comparison of methods to


correlate input parameters with depth of penetration in
LASER welding. The International Journal of
Advanced Manufacturing Technology, v. 101,
p.1157-1169, 2019.

- WAINER, E.; BRANDI, S.; MELLO, F. D. H.


Soldagem: processos e metalurgia. São Paulo: Editora
Edgard Blucher Ltda, 1992. 32

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