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2 CONTEXTO
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Fazendo-se uma comparação do Ceará com o Benchmarking, verificou-se que
por um lado o estado já possui uma metodologia orientada para resultados em seu
PPA, inclusive com o Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação do PPA -
SIMA, por outro não se chega ao nível de detalhe de produto em ação orçamentária,
ou seja, o produto está na iniciativa e não ligado a ação o que acarreta dificuldade na
visualização da destinação dos recursos. Nesse sentido, a figura do Monitoramento
de Projetos Prioritários do Governo do Estado – MAPP (CEARÁ, 2011) como gerência
de projetos no governo encontra-se inserido em uma estrutura pouco padronizada no
âmbito iniciativa, ação e produto, complicando ainda mais o controle orçamentário.
Porém, é de se destacar os sistemas atuais utilizados que, apesar de apresentarem
pontos para aperfeiçoamento, são responsáveis pela geração de boa parte da LOA.
Nesse contexto, verificou-se que a criação de uma metodologia que adequasse
o orçamento estadual aos resultados esperados, poderia trazer grandes avanços para
a governança pública com melhoria da interlocução com os órgãos e entidades de
controle social, a medida que causaria maior facilidade ao entendimento por parte da
população sobre o orçamento público estadual. Nesta perspectiva o modelo de
Gestão para Resultados (GpR) e a metodologia de Orçamento para Resultados (OpR)
empregam instrumentos de planejamento estratégico e monitoramento sistemático,
estimula a flexibilidade administrativa e busca consolidar instâncias de governança
que possam otimizar a articulação entre os entes do poder público e as instâncias de
controle social.
Ao longo do desenvolvimento do projeto, uma das propostas que gerou
bastaste discussão foi a ligação da ação orçamentária aos produtos do Plano
Plurianual - PPA. Entretanto percebeu-se que os benefícios deste alinhamento
conseguiria proporcionar aos órgãos a melhoria na comunicação, ao transmitirem a
execução das entregas à população de forma mais eficiente. Para tanto, a lógica
principal por trás da metodologia foi servir como um passo a passo, de forma clara e
objetiva, para a elaboração do orçamento orientado para resultados, que, por sua vez,
seja direcionado pelo auxílio na construção das ações e vinculação ao PPA; pela
priorização de recursos; pela elaboração das despesas; e ainda, pela forma de
evidenciar na lei a alocação de recursos. Tais alterações e o conjunto da proposta
esperam cumprir seu papel de orientar a concepção de um orçamento guiado pela
cadeia de valor da Gestão Pública para Resultados.
3 INTERVENÇÃO
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Diagrama 1 - Cadeia de Valor para Resultados e sua relação com os instrumentos legais.
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Diagrama 2 - Escalonamento sequencial iniciativa - entrega - ação.
Para que essa relação seja bem estabelecida, respeitando a lógica completa
da Cadeia de Valor no ciclo orçamentário, é essencial perpetuar a cultura de trabalho
conjunto de atores de planejamento setorial e atores da área orçamentária, em
especial nos casos em que são compostos por equipes distintas. O fato de existirem
realidades de trabalho segmentadas, sem articulação eficiente para troca de
informações, contribui para enfraquecimento da fluidez da cadeia e os valores
relacionados podem ser comprometidos.
Uma ferramenta importante que facilitará a análise da setorial entre Iniciativa –
Entrega – Ação é uma nova tela no Sistema Integrado de Orçamento e Finanças
(Siof), sistema de informação corporativo utilizado pelo governo do estado para a
elaboração e acompanhamento da execução do Plano Plurianual (PPA) e da Lei
Orçamentária Anual (LOA). Esta nova ferramenta será capaz de demonstrar de forma
clara e objetiva toda a construção do orçamento, passando por elementos que
constituem o PPA, com demonstração dos encadeamentos, inclusive com o recurso
orçamentário proposto. Esta consulta apresenta informações de cunho quantitativo e
qualitativo para os operadores das setoriais terem a devida visão do alinhamento.
Esse tópico tem como objetivo apresentar como foi orientada a construção das
ações orçamentárias, extra orçamentárias e não orçamentárias ou não valoradas de
forma harmônica com os elementos do PPA de forma a seguir a lógica da Cadeia de
Valor para Resultados.
2050
Para o ciclo do PPA 2020 - 2023 é importante destacar que apenas as ações
orçamentárias classificadas como Custeio Finalístico e Monitoramento de Ações e
Projetos Prioritários - MAPP terão entregas vinculadas. Quanto aos outros poderes,
as ações pertencentes aos programas finalísticos é que deverão se relacionar as
entregas, a exceção apenas das despesas com pessoal. O MAPP é uma ferramenta
informatizada, onde o governo organiza os projetos a serem realizados, por prioridade,
permitindo ainda o acompanhamento dos gastos com os projetos, com o objetivo de
melhor definir a aplicação dos recursos e monitorar todos os valores investidos pelo
governo.
Assim, antes de se realizar a vinculação com as ações é necessário que cada
setorial analise suas entregas existentes no processo de elaboração da base tática do
PPA. Essas entregas são bens ou serviços ofertados à população, mas que, a
depender do sistema atualmente utilizado, seja o SIOF ou o Sistema Integrado de
Acompanhamento de Programas (SIAP), pode haver diferenças. O SIAP é o principal
instrumento para planejamento, execução e acompanhamento dos projetos de
investimento e das atividades de custeio finalístico e de manutenção do governo do
estado. Nele, são definidos projetos e atividades e os valores planejados para cada
item ou etapa de execução, além das solicitações das parcelas correspondentes às
despesas.
Essa análise envolve tanto a real necessidade de definição da entrega de forma
mais clara e objetiva, quanto de criar entregas a partir dos equipamentos ofertados ou
dos serviços que serão prestados. Uma ressalva importante é que, embora exista a
necessidade de descrever melhor cada entrega, por outro lado, a sugestão é que se
proponha o agrupamento delas, nos casos em que há a possibilidade. O objetivo é
facilitar o poder de discricionariedade e gestão ao criar um nível macro e agregado.
Posto isso, para melhor construção de todos os elementos que compõem a ação,
elaborou-se um passo a passo operacional que, ao mesmo tempo, estimula as
reflexões e as tomadas de decisões.
Primeiramente, para servir de insumo para a definição dos valores por ação a
ser inserido pela equipe setorial, será calculado o valor de capacidade de execução
de cada órgão para os 4 anos do PPA 2020-2023.
2051
Após estudos realizados na Seplag CE, notou-se um padrão nos valores de
investimento público devido a algumas possíveis causas, dentre elas, o fato do PPA
ter início no segundo ano de um mandato e terminar apenas no final do primeiro ano
do próximo mandato, ou seja, o PPA construído em um mandato ainda é executado
no primeiro ano de gestão do próximo governo e não necessariamente representa o
projeto do governo eleito. Cabe ressaltar que mesmo em casos de continuidade,
fatores políticos como alianças partidárias, trocas de secretários de pastas e novas
promessas de campanha podem alterar a direção do fluxo de prioridades. Sendo
assim, foi identificado pelos analistas da Seplag que o investimento possui uma curva
que se repete a cada gestão de governo conforme o Gráfico 1.
R$ 5.000.000.000,00
R$ 4.500.000.000,00
R$ 4.000.000.000,00
R$ 3.500.000.000,00
R$ 3.000.000.000,00
R$ 2.500.000.000,00
R$ 2.000.000.000,00
R$ 1.500.000.000,00
R$ 1.000.000.000,00
R$ 500.000.000,00
R$ 0,00
Ano 1 - 2011 e 2015 Ano 2 - 2012 e 2016 Ano 3 - 2013 e 2017 Ano 4 - 2014 e 2018
Cabe ressaltar mais uma vez que este valor encontrado serve de base para
projetar a capacidade de investimento do órgão e não será ainda o valor exato a ser
disponibilizado, mas sim, um componente a mais da metodologia do cálculo a ser
realizado.
A cada critério positivo soma-se 1 (um) ponto. Dessa forma o máximo a ser
obtido é 3 (três), da parte financeira (Cf), e 7 (sete), da parte de resultados (Cr).
Contudo, cada ano do PPA terá pesos diferentes para definição da Pontuação Geral
(Pg) da prioridade da entrega, assim como, diferentes Valores Máximos (Vm), conforme
Tabela 2.
2054
3.3.5 Fórmula de Cálculo
Prioridade da Multiplicador do
Órgão [1] Entrega [2] Vrf [3] M g * M i = Lp [6]
Entrega (Pe) [4] Gasto (M g) [5]
Secretaria do Povo A R$ 1.000,00 1,450 3,46% R$ 692,21
Secretaria do Povo B R$ 2.000,00 1,635 7,81% R$ 1.561,05
Secretaria das Telecom unicações B R$ 5.000,00 1,635 19,51% R$ 3.902,61
Secretaria das Telecom unicações C R$ 10.000,00 1,300 31,03% R$ 6.205,99
Secretaria do Desenvolvim ento Aeroespacial D R$ 4.000,00 1,000 9,55% R$ 1.909,54
Secretaria da Segurança Alim entar E R$ 6.000,00 2,000 28,64% R$ 5.728,61
Total - R$ 28.000,00 - 100,00% R$ 20.000,00
Assim com o valor por entrega é possível obter o Limite Preliminar por órgão.
Porém, antes de definir o Limite Final (Lf), têm-se o terceiro e último momento. Este
visa estimular os órgãos a colocarem valores próximos a realidade de execução do
órgão. Posto isto, para fins desta metodologia, entende-se que o valor do Limite
Preliminar (Lp) poderá ultrapassar até 30% da Capacidade de Execução projetada
(Cex) do órgão. Cabe ressaltar que o limite de 30% citado foi utilizado por se tratar do
mesmo limite atualmente utilizado pelo Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE)
como percentual aceitável de execução físico-financeira. Caso este limite seja
excedido, o Limite Preliminar (Lp) sofrerá um ajuste buscando maior alinhamento com
o princípio orçamentário do equilíbrio. Dessa forma, a cada 10 pontos percentuais
superados do 30% aceitável, o órgão terá seu limite reduzido 10% sobre o valor
excedido, conforme Tabela 5.
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Lp / Cex [1] Lim ite Final [2]
4 RESULTADOS OBTIDOS
5 CONCLUSÕES
Ao ampliar a perspectiva de gestão pública com foco em resultados, de modo
a traduzir os anseios da população atrelados a uma governança participativa e
inclusiva, em especial para as instâncias de controle social, a metodologia encontra-
se fundamentada em base técnica que prioriza e mobiliza esforços para o alcance do
cumprimento das metas fiscais, sem contudo, perder o foco nos resultados das
políticas públicas.
Os desafios para implementação de qualquer mudança na cultura e nos
processo organizacionais são complexos, principalmente quando envolve modelos
enraizados nas rotinas e no imaginário dos trabalhadores. Para tanto, a tentativa de
mudar a estrutura de gestão orçamentária focada em insumos para uma perspectiva
orientada para os resultados das políticas públicas, com critérios técnicos para a
definição de limites orçamentários, trouxe ao debate a necessidade de inovação dos
processos e suas repercussões em toda a organização do planejamento estadual,
inclusive com efeitos na gestão do conhecimento e das pessoas. Portanto, esta
melhoria no setor público possibilita uma variedade de frentes de atuação e melhorias
de processos correlatos visando tornar processos meios para o alcance de melhorias
na vida da população.
Ademais, constatou-se extremamente complexa a elaboração de uma
metodologia no formato de passo a passo que também gerasse insumos consistentes
para a tomada de decisão da gestão pública estadual, em especial pela necessidade
de se levar em consideração diversos fatores da organização burocrática, como
sistemas de informação e funcionalidade e aceitação dos processos, inclusive em
etapas já amplamente consolidadas. Por outro lado, a orientação da Cadeia de Valor
para Resultados facilitou a compreensão da lógica proposta, principalmente, ao
relacionar de forma efetiva os elementos do ciclo orçamentário.
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Nesta perspectiva, o modelo traz elementos que contribui para redução das
decisões tomadas considerando os insumos disponíveis ou mesmo as vontades
particulares e avança na busca constante de evidências para orientar a gestão
orçamentária e reorientar as políticas públicas, trazendo as mudanças efetivas para a
população.
REFERÊNCIAS
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