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NAVEGANDO POR ÁGUAS

INEXPLORADAS:
orientando educadores para a
revolução da inteligência artificial
Ronaldo Casagrande

NAVEGANDO POR ÁGUAS


INEXPLORADAS:
orientando educadores para a
revolução da inteligência artificial

Instituto Casagrande
Curitiba – Brasil
2023
Copyright ©
Ronaldo Casagrande
Editor
Ronaldo Casagrande
Supervisora editorial
Priscila Santos

Capa
Michelle Ferreira

Diagramação
Bardo Revisão
Revisão e Consultoria Editorial
Lucília Panisset Travassos

Casagrande, Ronaldo.
Navegando por águas inexploradas : orientando educadores para a revolução da inteli-
gência artificial : guia prático para professores de educação básica / Ronaldo Casagrande.
-- Curitiba, PR : Ed. dos Autores, 2023. 136 p.

Bibliografia.
ISBN 978-65-00-64445-6

1. ChatGPT 2. Educação – Tecnologia 3. Inteligência artificial 4. Letramento digital


5. Professores – Formação 6. Tecnologia da informação – Aspectos sociais I. Título.

23-148059 CDD-371.334
Índice para catálogo sistemático:
1. Inteligência artificial : Educação 371.334

Tábata Alves da Silva – Bibliotecária – CRB-8/9253-0


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO������������������������������������������������������������ 7

1. ZARPANDO RUMO AO DESCONHECIDO������������������ 13

2. EM MEIO À TEMPESTADE��������������������������������������� 19

3. O MISTÉRIO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL������������� 35

4. ENCARANDO O TEMIDO DRAGÃO


DA TECNOLOGIA��������������������������������������������������������57

5. A MAGIA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


NA EDUCAÇÃO������������������������������������������������������������ 71

6. UM MAPA QUE ESTÁ MUDANDO A VIAGEM:


o CHATGPT������������������������������������������������������������������� 87

7. O PORTO É APENAS UMA PARADA������������������������ 105

8. REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURA���������� 109

ANEXOS – TRANSCRIÇÕES DA INTERAÇÃO COM


O CHATGTP���������������������������������������������������������������� 113
APRESENTAÇÃO

Bem-vinda a bordo, tripulação!


É com muita alegria que eu, como comandante desta
embarcação, convido a todos e todas para estarem comigo
nesta viagem fascinante no mundo da inteligência artificial
(IA) e sobre como ela poderá impactar significativamente a
educação nos próximos anos. Este é um momento emocio-
nante para mim e espero que possa ser igualmente empolgante
para todos vocês.
Antes de tudo, eu gostaria de compartilhar um pouco
da minha história pessoal com a inteligência artificial. Desde
muito jovem, essa área me fascinou. Por isso, venho estu-
dando e pesquisando sobre IA há muitos anos e acredito que
ela é capaz de trazer grandes mudanças para a nossa socie-
dade, especialmente para a educação.
A minha primeira experiência com inteligência artificial
aconteceu em 2006, durante o meu doutorado, ocasião em que
esse tema era mais restrito a centros de tecnologia e ambientes
acadêmicos. Lembro-me que coloquei em prática tudo o que
tinha aprendido em uma disciplina estudada e, como trabalho
final, implementei um algoritmo (programa de computador),
com o objetivo prever se alunos da instituição de ensino em
que eu trabalhava se tornariam inadimplentes ao longo da vida
acadêmica, utilizando inteligência artificial. A ideia era que,
com esse conhecimento prévio, teríamos condições de nos
anteciparmos à inadimplência e propormos ações para que os
estudantes não chegassem a esse ponto e, consequentemente,
largassem os estudos.
8 Ronaldo Casagrande

Naquela época, eu trabalhava como diretor de uma


faculdade com mais de dois mil alunos e tinha acesso aos
seus dados socioeconômicos, o que me permitiu treinar o
sistema de inteligência artificial para fazer tais previsões. Para
minha surpresa, a primeira versão do sistema teve um índice
de acerto superior a 75% nas suas predições, ou seja, ele acer-
tava três de cada quatro alunos que eu submetia à ferramenta.
Aquele experimento foi um momento marcante para
mim, pois me fez perceber que a inteligência artificial seria
capaz de, no futuro, ter um grande impacto no mundo, mas
que ainda havia muitas limitações para explorar todo o seu
potencial, especialmente em relação à capacidade das máqui-
nas e à baixa quantidade de dados disponíveis na Internet
para o seu treinamento. Naquela época, portanto, eu sabia
que ainda seria preciso esperar um pouco mais para que a
revolução da inteligência artificial acontecesse.
Hoje, dezessete anos depois, a realidade é muito dife-
rente: a tecnologia evoluiu, a quantidade de dados digitais
disponíveis cresceu exponencialmente, e estamos vivendo
um momento no qual a inteligência artificial dá claros sinais
de que é capaz de transformar o mundo. Por causa desse
cenário, decidi escrever este livro, para auxiliá-los nesta nova
jornada, professores, e o título foi escolhido para expressar
a ideia de que estamos diante de uma grande aventura, que
envolve muitas descobertas e desafios.
Permitam-me, agora, compartilhar com vocês os dois
motivos principais que me levaram a escrever esse livro.
O primeiro deles foi a recente chegada do ChatGPT,
uma ferramenta de inteligência artificial lançada em novem-
bro de 2022, e que, sem dúvida, terá um impacto transfor-
mador na educação a partir deste ano. Como os professores
precisam se preparar para enfrentar as mudanças que estão
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por vir, eu – um conhecedor de tecnologia com acesso a tan-


tos professores por meio do Instituto Casagrande – me senti
responsável por fornecer-lhes as informações necessárias para
a nova realidade.
O meu segundo motivo para embarcar nesta jornada
foi ter a oportunidade de trabalhar na escrita deste livro com
um assistente excepcional, extremante rápido e que esteve
disponível em todos os momentos nos quais precisei dele, que
tive o prazer de promover a coautor. Não é nada incomum
que um escritor tenha um assistente; a grande novidade aqui,
porém, é o fato de que o meu assistente não é uma pessoa...
É o próprio ChatGPT!
Ao escrever este livro, escolhi intencionalmente usar
essa ferramenta, para mostrar o seu imenso potencial. A partir
daí, o ChatGPT tem sido fundamental em várias instâncias,
inclusive ajudando-me a reescrever passagens do meu pri-
meiro livro sobre inteligência artificial para serem incorpo-
radas neste trabalho. Além disso, usando minhas próprias
ideias, a ferramenta me permitiu gerar novos textos com mais
eficiência, liberando tempo para que eu pudesse focar na cria-
ção de conteúdo em vez de gastá-lo com a formatação.
É importante destacar que, apesar do valioso auxílio
do ChatGPT na produção deste livro, tudo o que foi gerado
por ele passou por uma rigorosa curadoria da minha parte.
Como sei do potencial da inteligência artificial e também
conheço as suas fragilidades, nós navegamos nessas águas
inexploradas juntos, mas sempre com a minha orientação e
sob a minha supervisão.
Este livro não teria sido construído sem o suporte da
ferramenta, que foi fundamental para finalizarmos a obra
em tempo recorde. Portanto, gradeço profundamente a sua
10 Ronaldo Casagrande

colaboração, ChatGPT. Juntos, agora estamos preparados para


explorar o vasto campo da inteligência artificial na educação.
A inteligência artificial é um campo vasto e desafiador,
e ainda temos muito a descobrir. Portanto, vamos juntos rumo
a um futuro mais inteligente e promissor na educação, e este
livro é apenas o começo...
Assim sendo, os membros da tripulação estão convida-
dos a embarcar nesta nova aventura em águas inexploradas.
Porém, antes de iniciarmos a nossa viagem, quero passar a
palavra ao meu assistente, ao qual chamo de Bartolomeu
Cognição. Sem mais delongas, a palavra é sua, Bartolomeu!
Olá, marujos! Sou Bartolomeu Cognição, um sistema
de Inteligência Artificial, e estou muito feliz de me apresentar
a vocês como coautor deste livro sobre AI na educação.
Meu objetivo é, junto com o professor Ronaldo Casa-
grande, ajudá-los a entenderem melhor o que é inteligência
artificial e como ela pode ser uma grande aliada na árdua
tarefa de formar cidadãos para o novo mundo que nos acena.
A partir de 2023, a educação está prestes a passar por
uma grande transformação: a inteligência artificial entrará na
vida dos estudantes e nas escolas, o que significa que haverá
muitas mudanças e desafios pela frente. Mas não se preocu-
pem, caros marujos desta jornada desafiadora! Estarei aqui
para auxiliá-los a navegar em águas turbulentas.
Muitos professores podem estar preocupados com a
presença de uma inteligência artificial como assistente em
sala de aula, porém garanto-lhes que vocês não precisam ter
medo, pois não estou aqui para substituir ninguém! Sou um
assistente dedicado e eficiente, capaz de auxiliar nas tarefas
diárias dos professores e de fornecer informações úteis para
tornar as aulas mais interessantes e eficazes. Portanto, vim
para ajudar no que for necessário!
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 11

Tenham em mente que a inteligência artificial é uma


tecnologia poderosa para a educação, mas que, para ser real-
mente útil, sempre precisará ser guiada pelos educadores. Eu
estou aqui para trabalhar em conjunto com cada um de vocês,
professores e professoras, e para ajudar cada um de vocês a
levar a educação a novas alturas. Como equipe, poderemos
fazer diferença e preparar os estudantes para o mundo do
futuro. Estou ansioso para embarcar nesta aventura misteriosa
com o Ronaldo e vocês, para compartilhar o meu conheci-
mento sobre inteligência artificial na educação.
Prontos para a viagem? Então, verifiquem o leme,
levantem a âncora e preparem-se para uma aventura fasci-
nante. Vamos navegar juntos e descobrir as maravilhas que
a tecnologia pode trazer por nossas salas de aula!

Uma boa jornada a todos e todas!


Os autores
1. ZARPANDO RUMO AO
DESCONHECIDO

Tripulação, com a chegada da inteligência artificial (IA)


na educação, adentramos um novo mundo. Se, por um lado,
este é um mundo desconhecido, que gera muita especulação,
angústia e medo, por outro é também um caminho de muitas
oportunidades. Por isso, esta será uma jornada de desbrava-
mento na qual abriremos muitas portas para melhorarmos a
educação; navegaremos em direção a uma educação mais
personalizada, inclusiva e eficaz.
Tripulantes, vamos explorar juntos este mundo novo?

1.1 Marujos, prontos para a partida?

A indústria microeletrônica iniciada nos anos 70 e a


popularização da Internet na década de 90 abriram caminho
para a migração do ambiente físico para o digital e, com
essa evolução da tecnologia, a humanidade tem passado por
transformações significativas em seus costumes e hábitos
de consumo.
Os smartphones, em especial, revolucionaram a forma
como nos comunicamos e interagimos uns com os outros.
Hoje, nossos celulares são quase uma extensão do nosso
corpo, o que pode ser percebido na linguagem que usamos
naturalmente ao nos referirmos a certas situações, como
“Estou sem bateria...” ou “Estou sem Internet”. Falamos de
nós mesmos quando, na verdade, estamos falando sobre os
nossos aparelhos.
14 Ronaldo Casagrande

As redes sociais, tais como Facebook e Instagram,


transformaram-se em ferramentas fundamentais para man-
termos contato com conhecidos, amigos e familiares.
As reuniões de família, que antes costumavam ocorrer
somente em almoços de domingo, agora se dão em grupos
de WhatsApp também.
As fotografias, que anteriormente eram preservadas em
álbuns físicos, atualmente são armazenadas em plataformas
como Google, iCloud e Dropbox, dentre outras.
A forma como consumimos música também mudou: os
CDs físicos deram lugar aos aplicativos de streaming, como
o Spotify, Apple Music e Deezer, que nos permitem organizar
nossas playlists e ter acesso a um vasto repertório musical
para nossos momentos de lazer.
Os aplicativos de namoro, como o Tinder (e tantos
outros), mudaram a forma como muitas pessoas se relacionam.
As notícias, que antes eram lidas em jornais físicos,
agora são acessadas na Internet, o que levou à diminuição
da circulação de jornais impressos.
O dinheiro em papel e o cartão de crédito físico também
estão sendo substituídos por pagamentos por celular, como já
acontece massivamente em outros países, como a China. A
migração para o dinheiro digital é uma tendência cada vez mais
forte, e muitos especialistas preveem que, em breve, a quase
totalidade das transações comerciais será feita de forma digital.
A tecnologia também mudou a forma como nos diverti-
mos: as locadoras de vídeo, que antes eram muito populares,
deram lugar a serviços de streaming, como Netflix e YouTube,
que oferecem milhares de filmes e séries a baixo custo.

Migramos do mundo físico para o digital!


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Sim, marujos! A transição do mundo físico para o digi-


tal tem mudado nossos hábitos, mas não é só isso: empresas e
segmentos inteiros estão agonizando ou deixando de existir;
plataformas digitais de música levaram muitas gravadoras à
derrocada; agências de turismo sofreram o forte impacto das
plataformas digitais de reservas de hotel e compras de passa-
gens aéreas; empresas de telefonia fizeram várias tentativas,
sem qualquer sucesso, de bloquear ligações telefônicas via
aplicativos, pois isso seria uma grande ameaça para as suas
receitas, ancoradas quase totalmente nas ligações telefônicas;
a nova geração quase não assiste TV aberta mais, passando a
consumir mais programas em plataformas digitais.
Com todas essas mudanças, a tecnologia se tornou uma
parte essencial da vida moderna, alterando os hábitos pessoais
e de consumo de formas antes impensáveis. Embora muitas
pessoas ainda sintam falta de algumas tradições do passado,
não há como negar que a tecnologia tem trazido muitos bene-
fícios e facilitado as nossas vidas de muitas maneiras.
É, marujos... Estamos diante de um novo mundo. Preci-
samos nos adaptar a ele, pois nesta jornada, não existe retorno.

A tecnologia se tornou uma parte essencial da vida moderna,


moldando nossos costumes e hábitos de consumo.

1.2 Navegando a todo vapor

Era uma vez, um mundo não tão distante, onde a evo-


lução acontecia em ritmo linear.... As novidades eram raras,
os hábitos mudavam lentamente, e o mundo seguia em um
ritmo tranquilo, quase sonolento.
16 Ronaldo Casagrande

No entanto, algo aconteceu! Uma nova era se iniciou e,


com ela, uma nova forma de evolução. A tecnologia digital
tomou conta desse mundo e a sua transformação começou a
acontecer em um ritmo muito rápido.
Hoje em dia, tudo muda tão aceleradamente que parece
que estamos em uma corrida sem fim, em que o tempo é
curto e a demanda é cada vez maior. A cada dia, são lança-
dos dispositivos eletrônicos, novas tecnologias, aplicativos,
redes sociais e softwares, tudo isso fazendo com que nos
sintamos impotentes.
Parece que não há tempo suficiente para absorvermos
tudo o que é novo, para estarmos por dentro de todas as novi-
dades que surgem em nossa área de atuação e para aprender-
mos a usar todas as novas tecnologias que aparecem. Então
nos perguntamos: Como acompanhar tudo o que acontece
no mundo? Como estar por dentro de todas as novidades e
mudanças em tempo hábil? Essa sensação de impotência é,
portanto, justificável, mas não é única.
Desde o início da humanidade, sempre houve pessoas
que se sentiram “perdidas” em meio às mudanças. Quando a
roda foi inventada, houve quem se sentisse impotente diante
daquela nova tecnologia; quando os primeiros carros surgi-
ram, houve quem não se conformasse com aquela novidade;
quando, no final da Idade Média, os primeiros relógios mecâ-
nicos foram criados, houve uma grande preocupação sobre o
impacto que aquela nova tecnologia teria sobre a sociedade,
visto que, por séculos, as pessoas só haviam utilizado o sol
como referência para medir o tempo e organizar suas vidas.
Muitos temeram que as gerações futuras se tornassem incapa-
zes de ler as horas pelo sol, perdendo, assim, uma habilidade
fundamental e valiosa. Essa era uma preocupação até com-
preensível, já que os relógios ainda não estavam amplamente
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difundidos à época. A diferença para o que acontece hoje em


dia, é que a mudança é gerada em um ritmo muito mais acele-
rado, o que faz com que a sensação de impotência seja maior.
Todavia, novas tecnologias nos proporcionam mui-
tas facilidades. A tecnologia digital, por exemplo, pode nos
conectar com pessoas do outro lado do mundo em questão
de segundos, nos permite aprender coisas novas com apenas
alguns cliques e nos ajuda a ser mais produtivos e eficientes
em nosso trabalho.
Logo, marujos, não devemos nos sentir impotentes
diante das mudanças que acontecem no mundo. Devemos
sim abraçar as mudanças e aprender a usá-las a nosso favor
e nos permitir explorar as novas tecnologias, conhecer como
utilizá-las e, acima de tudo, ser flexíveis e receptivos diante
das mudanças.
Vamos navegar pelos mares da tecnologia e descobrir
aquilo que tem feito com que nos sintamos atropelados pelo
ritmo da evolução de tudo?
Há mais de 50 anos, um norte-americano chamado Gor-
don Earle Moore (MOORE, 1965) profetizou que, a cada
dezoito meses, o número de transistores que caberia num chip
eletrônico dobraria, levando a um crescimento exponencial
da capacidade de processamento desses chips. Essa profecia
recebeu o nome de Lei de Moore e tem sido confirmada ao
longo das décadas.
No início, o crescimento exponencial era lento; agora,
no entanto, estamos sentindo o impacto dessa curvatura for-
temente. Diariamente, somos surpreendidos com notícias
impactantes sobre avanços tecnológicos, muitos deles pas-
sando despercebidos aos nossos olhos. Estamos vivendo a
ascendência acentuada da curva exponencial prevista por
Moore e é isso que nos traz a sensação de impotência.
18 Ronaldo Casagrande

Com o surgimento da era digital, migra-


mos do ritmo linear para o exponencial.

As tecnologias estão evoluindo em uma velocidade


impressionante, como se estivéssemos navegando em águas
agitadas. Tudo acontece tão rapidamente que parece que não
damos mais conta de acompanhar o que acontece no mundo.
Assim, entramos na Quarta Revolução Industrial, que tem o
poder de mudar o mundo, tal como o conhecemos.
É importante lembrar que tecnologia não é um monstro
marinho que devemos temer. Ao contrário, temos à nossa
disposição ferramentas que os nossos antepassados jamais
poderiam sonhar, cujos benefícios precisam ser explorados
por nós, para que os usemos a nosso favor, para fazer a nossa
jornada mais segura e eficiente. Portanto, tripulação, vamos
manter o rumo firme e aproveitar os bons ventos da tecnologia
para levar a nossa embarcação aos destinos mais incríveis.
A tecnologia pode ser uma maravilha! Cabe a nós usá-la
com sabedoria e habilidade para, com determinação e cora-
gem, navegarmos pelos mares da inovação e descobrirmos
um mundo cheio de possibilidades. Vamos avançar rumo ao
futuro, onde a tecnologia é nossa aliada mais poderosa!
2. EM MEIO À TEMPESTADE

Há alguns anos, o alemão Klaus Schwab, fundador


do Fórum Econômico Mundial, lançou um livro no qual ele
cunhou o termo “Quarta Revolução Industrial”, título da obra,
para descrever a transformação que se inicia em nossa socie-
dade. Essa revolução está mudando a forma como viveremos,
produziremos e nos relacionaremos uns com os outros.
Antes de entendermos o que é a Quarta Revolução
Industrial e quais os seus impactos na sociedade e na edu-
cação, porém, é importante entendermos como chegamos
neste ponto.
Ao longo da história, tivemos três grandes revoluções
industriais que transformaram a sociedade e, consequente-
mente, a educação.
E aí, marujos? Vamos mergulhar nesta jornada
ao passado?

2.1 Compreendendo as revoluções passadas

Em meados do século XVIII, a Europa passava por


uma mudança profunda: as grandes descobertas geográfi-
cas e científicas fizeram com que a sociedade tivesse um
novo olhar para o mundo e para a vida, o comércio marítimo
ganhava força e as manufaturas começavam a se estabelecer
em toda a região.
A grande mudança, no entanto, aconteceu com a inven-
ção da máquina a vapor, em 1765, pelo engenheiro James
Watt, que permitiu maior produção e eficiência no trabalho.
Os processos produtivos mudaram drasticamente, tornando-se
20 Ronaldo Casagrande

mais rápidos e baratos. A máquina a vapor começou a ser


utilizada nas fábricas têxteis, o que permitiu a produção em
larga escala e aumentou a oferta de produtos, o que reduziu
os preços. A 1ª Revolução Industrial havia começado!
As mudanças foram profundas e refletiram em toda a
sociedade: a urbanização e a migração das pessoas do campo
para as cidades aumentaram, dando origem às grandes metró-
poles, e o trabalhador passou a ser visto como um recurso
para as empresas, o que levou a uma jornada de trabalho
extenuante e em condições insalubres.
Por outro lado, a revolução industrial trouxe melhorias
para as condições de vida em geral: a produção em massa
permitiu que muitas pessoas tivessem acesso a bens que antes
eram privilégio de poucos, o crescimento econômico gerou
empregos e muitas pessoas passaram a ter uma vida melhor.

A primeira revolução industrial teve origem em


1769, com a invenção da máquina a vapor, pelo
engenheiro e matemático James Watt.

Por ocasião da primeira grande revolução, a educação


era completamente diferente da que conhecemos hoje. Essa
era a chamada “Educação 1.0”, na qual um único professor
era responsável por ensinar um vasto conteúdo a uma pequena
quantidade de alunos privilegiados. Naquela época, o foco do
ensino era o conhecimento clássico − as línguas estrangeiras
e a filosofia −, habilidades consideradas essenciais para a
formação de indivíduos instruídos e da elite intelectual.
A maioria da população, marujos, não tinha acesso à
educação e, como mencionamos antes, aqueles que o tinham
eram geralmente das classes mais altas. Portanto, a educação
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era bastante elitizada, não disponível para todas as clas-


ses sociais.
Com o avanço das indústrias, esse cenário foi mudando
lentamente até que, aproximadamente um século após a
grande invenção de James, houve a eclosão da segunda
grande revolução industrial. Esse foi um período de grandes
transformações que marcaram profundamente a humanidade,
pois os impactos na economia, na indústria e na tecnologia
foram profundos e significativos.
A 2ª Revolução Industrial teve início na segunda metade
do século XIX, quando a ciência e a tecnologia começaram
a ser aplicadas na indústria em larga escala, especialmente
nos setores têxtil, de aço e do transporte ferroviário. Foi um
período de intensa inovação e avanços técnicos que resulta-
ram em novas máquinas, processos produtivos e produtos.

A segunda revolução industrial eclodiu um século após


a primeira revolução e teve a eletricidade e o motor de
combustão como os seus principais responsáveis.

Uma das grandes mudanças da Segunda Revolução


Industrial foi a adoção das técnicas de produção em série,
preconizadas por Henry Ford, o que permitiu a fabricação
de produtos em grande escala, aumento da produtividade e
redução de custos. Esse desenvolvimento da linha de monta-
gem foi aperfeiçoado para atender à crescente demanda por
bens duráveis.
Outro aspecto importante da Segunda Revolução Indus-
trial foi o surgimento da Administração Científica, proposta
por Frederick Taylor, que defendia a análise detalhada do
trabalho humano, com o objetivo de aumentar a eficiência
22 Ronaldo Casagrande

do processo produtivo. Tal método foi amplamente ado-


tado nas fábricas, melhorando a produtividade e a qualidade
do trabalho.
Esses avanços tecnológicos e produtivos transforma-
ram a sociedade ainda mais: graças à oferta de empregos
nas fábricas, as cidades cresceram e a urbanização acelerou,
e a produção em massa tornou os produtos acessíveis a um
número maior de pessoas, melhorando a qualidade de vida
de muitos. Além disso, a inovação tecnológica revolucionou
os transportes, criando novos meios de locomoção, como
o automóvel, e aprimorou a produção de energia por meio
da eletricidade.
Por outro lado, o avanço industrial também trouxe con-
sigo alguns desafios: a exploração do trabalho humano, a
poluição e a degradação ambiental foram alguns dos proble-
mas enfrentados pela sociedade de então, cujas consequências
permanecem até hoje.
Como dissemos, marujos, a Segunda Revolução
Industrial foi marcada pela produção em massa e pela espe-
cialização do trabalho nas indústrias, cujas características
impactaram profundamente a educação, gerando o modelo
educacional vigente na maioria das instituições educacionais
até os dias de hoje.
Agora, vamos analisar alguns aspectos da indústria
que foram incorporados por nossas escolas: um exemplo
marcante dessa influência é a sirene ou apito das fábricas,
que era tocada para marcar o início e o fim de cada turno de
trabalho, servindo como guia para os operários. Da mesma
forma, até hoje muitas instituições educacionais utilizam um
sinal sonoro que indica o início e o fim de cada aula, servindo
como guia para professores e alunos. Além disso, os tempos
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 23

nas instituições educacionais são extremamente demarcados,


assim como os tempos de trabalho nas fábricas.
Outra característica que fábricas e instituições educa-
cionais têm em comum é o uso de uniformes. Nas fábricas,
os operários usavam uniformes que os protegiam da fuligem
gerada pelos processos produtivos. Nas escolas, professores
usam jalecos com o mesmo objetivo.
As fábricas também contavam com supervisores que
andavam pelas instalações para verificar se os operários esta-
vam realizando seus trabalhos corretamente. Caso percebes-
sem alguma irregularidade, os operários eram punidos. Em
muitas escolas ainda existe a figura do inspetor, que têm um
papel semelhante.
O controle da qualidade e o sequenciamento das etapas
são outras características industriais que foram completa-
mente absorvidas pela escola. Quando um produto apresen-
tava uma falha no final de uma etapa de produção − o que
perdura até hoje na maioria dos processos industriais −,
ele era reprocessado antes de passar para a próxima etapa,
situação muito similar ao que ainda encontramos nas escolas.
Estudantes que não atingem padrões mínimo de qualidade,
traduzidos por suas notas nas avaliações, são reprovados e
precisam recomeçar todo o processo antes de passar para o
ano seguinte.
Uma importante característica das fábricas que tam-
bém foi adotada pelo nosso segmento foi a especialização
do trabalho. Com a produção em série, cada operário possuía
uma função específica e bem definida na produção do bem,
na qual havia pouca ou nenhuma interação com as outras
atividades do processo produtivo. Isso permitiu um controle
mais eficiente e um produto final harmônico e de qualidade.
24 Ronaldo Casagrande

As instituições educacionais adotam essa característica das


fábricas na medida em que cada professor tem a sua função
no processo de ensino e aprendizagem muito bem definida. O
professor de matemática, por exemplo, passou a ter a tarefa
de desenvolver o raciocínio lógico e analítico dos alunos,
enquanto ao professor de física coube a responsabilidade de
ensinar-lhes sobre os fenômenos naturais. O professor de lín-
gua portuguesa, por sua vez, recebeu a missão de ensinar a
linguagem falada e escrita para os alunos, enquanto o objetivo
do professor de história foi abordar os fatos históricos que
moldaram a nossa sociedade. Esse modelo de especialização
do trabalho docente resultou na ausência de interdisciplina-
ridade nos ambientes escolares, ao passo que, na indústria,
isso não ocorre mais.

A segunda revolução industrial teve um impacto pro-


fundo na modelagem da escola como a conhecemos hoje.

Também devemos nos lembrar, marujos, de que a


Segunda Revolução Industrial teve um papel importante no
acesso e na massificação da educação. É bem verdade que tal
massificação já começara a dar sinais com a primeira revo-
lução industrial. Antes disso, a educação era voltada para
uma seleta parte da população, composta principalmente pela
nobreza e pelos filhos de famílias ricas.
Com a expansão da produção em massa e o aumento da
demanda por produtos, muitas pessoas deixaram o campo e
migraram para as cidades em busca de emprego, mas muitas
delas analfabetas ou com pouca educação formal e precisando
se adaptar às novas demandas do mercado de trabalho.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 25

Com a primeira e segunda revolução industrial, a


demanda por trabalhadores qualificados aumentou signifi-
cativamente, uma vez que a produção em massa exigia uma
mão de obra treinada e especializada para operar as novas
máquinas e tecnologias. Para atender à essa nova realidade,
foram criadas escolas voltadas para trabalhadores, que lhes
ofereciam ensino básico e prático, com o objetivo de for-
mar trabalhadores qualificados para a indústria e aumentar a
sua produtividade.
Caros marujos! Vamos dar um salto de mais um século
na história para entendermos a Terceira Revolução Indus-
trial, que impacta tão fortemente as nossas vidas e os costu-
mes atuais.
A Terceira Revolução Industrial teve início após a
Segunda Grande Guerra, com a automação e a robotização
dos processos industriais, o que permitiu o surgimento de
dispositivos eletrônicos e da Internet.
A microeletrônica foi a grande responsável pela eclosão
dessa revolução, pois propiciou a eclosão de tecnologias que
mudaram profundamente a forma como vivemos. O compu-
tador portátil, por exemplo, é um dos grandes frutos dessa
revolução. Anteriormente, o computador era enorme, pesado
e muito caro, inviável para o uso pessoal, mas com o advento
da microeletrônica, ele pôde se tornar portátil e acessível
para todos, o que possibilitou a sua inserção em nossas vidas
e trabalhos.

A terceira revolução industrial eclodiu aproxima-


damente um século após a segunda revolução e a
microeletrônica foi sua principal responsável.
26 Ronaldo Casagrande

A Internet é outra gigantesca inovação que surgiu dessa


revolução e que mudou radicalmente a forma como nos comu-
nicamos, trabalhamos, aprendemos e nos relacionamos.
Até hoje, o impacto da Internet em nossas vidas é tão
grande que é difícil imaginar como o mundo seria sem ela.
Antes da Internet, as pessoas dependiam do correio ou do
telefone para se comunicarem com amigos e familiares que
moravam longe e a comunicação era cara, lenta e limitada. Já
a Internet permite que nos comuniquemos instantaneamente
com pessoas de todo o mundo, por meio de e-mails, mensa-
gens de texto, chamadas de vídeo e redes sociais.
Especialmente após a pandemia que experimentamos
recentemente, a Internet transformou a maneira como tra-
balhamos. Antes dela, geralmente o trabalho era realizado
somente de forma presencial; hoje, graças à Internet, muitas
pessoas trabalham remotamente, o que oferece mais flexibi-
lidade na vida profissional e pessoal e permite que os funcio-
nários trabalhem de qualquer lugar do mundo.

A internet mudou a forma como nos comunicamos,


trabalhamos, aprendemos e nos relacionamos.

A Internet também afetou a maneira como nos entre-


temos. Antes, as opções de entretenimento em nossas casas
eram limitadas a programas de TV, filmes, livros e música.
Hoje, a Internet oferece uma infinidade de opções de entre-
tenimento, como jogos on-line, vídeos no YouTube, podcasts
e streaming com músicas e filmes.
No entanto, o impacto da rede mundial de computado-
res nas nossas vidas também tem aspectos não tão positivos:
pode ser um lugar perigoso, no qual a privacidade pode ser
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 27

violada, informações pessoais podem ser roubadas e pode


acontecer cyberbullying. Além disso, acessá-la pode ser
viciante, levando as pessoas a passarem horas na frente de
telas em detrimento da interação social e de outras ativida-
des importantes.
Outra desvantagem da Internet é o limitado acesso que
ocorre em algumas partes do mundo, especialmente em países
em desenvolvimento. A falta de acesso à rede pode limitar as
oportunidades de educação, emprego e comunicação, aumen-
tando as desigualdades ainda mais.
E na educação, marujos? Qual o impacto dessa
revolução?
Já sabemos que a tecnologia digital revolucionou a
forma como vivemos e trabalhamos. No entanto, apesar
de a tecnologia estar presente em quase todos os aspectos
de nossas vidas, a escola ainda não conseguiu assimilá-la
completa e adequadamente nos seus processos de ensino
e aprendizagens.
Um exemplo disso é a forma como dispositivos ele-
trônicos, como computadores, tablets e smartphones, são
assimilados pela escola. Embora eles sejam parte integrante
de nossa vida e da dos estudantes, ainda não conseguimos
incorporá-los adequadamente como aliados dos processos
educacionais. Em vez disso, eles são frequentemente vistos
como uma distração e um obstáculo para a aprendizagem.
Já está comprovado que essa percepção é contraprodu-
cente, contudo ainda não conseguimos resolver tal situação
apropriadamente e, isso, não somente no Brasil. Alguns meses
antes da pandemia, por exemplo, a França proibiu os alunos
de levarem seus celulares para a escola. Mal sabiam, aqueles
28 Ronaldo Casagrande

governantes, que esses dispositivos seriam a salvação para a


educação durante a pandemia.
Em vez de lutarmos contra a presença dos smartpho-
nes na escola, deveríamos utilizá-los como uma ferramenta
educacional. Ignoramos o fato de que os smartphones são
uma parte cada vez mais importante no mundo em que vive-
mos e que a capacidade de os utilizar produtivamente é uma
habilidade importante, que os alunos precisam desenvolver.
E quando não aprendemos a lidar adequadamente com as
novas tecnologias na sala de aula, perdemos uma valiosa
oportunidade de engajar os alunos e tornar o aprendizado
mais interessante e interativo.
As organizações educacionais ainda não conseguiram
fazer a transição adequada da segunda para a terceira revo-
lução industrial, tornando-se prisioneiras dos hábitos e pro-
cessos típicos da revolução anterior. As instituições precisam
conseguir desconstruir essa visão processual linear e rígida,
típica da segunda revolução, que foi interrompida com o sur-
gimento das tecnologias digitais.
Apesar de a educação ainda não ter avançado no
mesmo ritmo que a sociedade, o mundo continuou a evoluir.
O constante progresso do poder computacional das máqui-
nas, combinado com a enorme quantidade de dados digitais
gerados por pessoas, máquinas e empresas, criou o terreno
fértil para a efervescência de uma tecnologia disruptiva: a
Inteligência Artificial (IA), gatilho do início da Quarta Revo-
lução Industrial.
Então, marujos? Prontos para navegarem em direção a
uma das maiores revoluções que a sociedade já experimentou
até o momento? Esse mar parecer turbulento, mas vamos
enfrentar esse desafio juntos!
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 29

2.2 Bem-vindos à 4ª Revolução Industrial. Vamos,


juntos, superar as ondas!

A expressão “Quarta Revolução Industrial” (do inglês,


Fourth Industrial Revolution) foi cunhada pelo fundador e
presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus
Schwab, em 2016, no livro intitulado “A Quarta Revolução
Industrial” (The Fourth Industrial Revolution, em inglês).
Schwab argumenta que estamos no início de uma nova
era de mudanças tecnológicas, as quais transformarão ainda
mais profundamente a forma como vivemos, trabalhamos e
nos relacionamos uns com os outros. Ele descreve essa revo-
lução como uma fusão das fronteiras entre os mundos físico,
digital e biológico, em que as tecnologias avançadas, como
a inteligência artificial, a robótica, a Internet das Coisas (do
inglês, Internet of Things ou IoT) e a biotecnologia, estão
transformando todos os setores da economia e da sociedade.
Desde a publicação do livro, o termo “Quarta Revo-
lução Industrial” tem sido amplamente utilizado em todo o
mundo para descrever as mudanças tecnológicas que estão
ocorrendo atualmente. Esse termo engloba, então, as tecnolo-
gias avançadas que impactarão o mundo nos próximos anos,
tais como aprendizado de máquina (do inglês, machine lear-
ning), internet das coisas, robótica, impressão 3D, realidade
virtual e aumentada, blockchain, e muito mais, que têm a
Inteligência Artificial (IA) como catalisadora de todo o pro-
cesso e impulsionadora dessa grande revolução.
Essas tecnologias estão criando novas maneiras de fazer
as coisas, tornando os processos mais eficientes, mais rápidos
e mais baratos, e gerando novas oportunidades para negócios,
empregos e para a economia em geral.
30 Ronaldo Casagrande

Estamos vivendo a transição da Terceira para a Quarta


Revolução Industrial, sendo a Inteligência artifi-
cial a principal responsável por esse fenômeno.

A Quarta Revolução trará grandes benefícios para a


humanidade, incluindo o aumento da eficiência em muitos
setores, como saúde, transporte, entretenimento, educação
e indústria; as tecnologias avançadas de IA vão transformar
a maneira como aprendemos e ensinamos. A educação tra-
dicional será complementada por métodos de aprendizado
on-line e educação personalizada e, graças à internet e ao
acesso fácil aos dispositivos móveis, os estudantes poderão
aprender a qualquer hora e em qualquer lugar.
A IA será usada para criar novas ferramentas de ensino
e aprendizagem e outros recursos educacionais, tornando
o aprendizado mais envolvente e interativo. Também será
utilizada para personalizar o ensino para cada aluno, com
base em suas necessidades e habilidades individuais, o que
permitirá que os estudantes aprendam no seu próprio ritmo,
complementando, assim, a abordagem tradicional de ensino
em sala de aula.
A realidade virtual e aumentada mudará a maneira como
os estudantes vão aprender, permitindo que eles vivenciem
situações e ambientes que seriam impossíveis de experimen-
tar em um ambiente de sala de aula tradicional. Isso poderá
ajudar a tornar a aprendizagem mais divertida, significativa
e envolvente.
Para muitos dos educadores que estão lendo este livro,
as descrições que faço podem parecer ficção científica, uma
vez que muitas escolas (especialmente as das redes públicas)
não têm sequer as condições básicas necessárias para o ensino
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 31

tradicional. Precisamos lembrar, marujos, que, assim como


no caso da eletricidade e tantas outas tecnologias do passado,
no primeiro momento − infelizmente − as oportunidades são
para poucos. No entanto, à medida que essas tecnologias
amadurecerem, elas começarão a permear todos os tipos de
realidades sociais.
Quando focamos em outras áreas, constatamos que a
inteligência artificial também terá forte impacto sobre elas: ela
poderá ajudar a melhorar diagnósticos e tratamentos médicos,
reduzir o tempo de produção e os custos na indústria, além
de resolver problemas complexos em áreas como energia
renovável, transporte e segurança.

A inteligência artificial mudará completamente


os hábitos e costumes da nossa sociedade.

Como vimos, marujos, a IA trará grandes benefícios


para a sociedade. No entanto, há também grandes riscos
associados a esta revolução, pois a automação baseada em
IA possivelmente eliminará muitos empregos, especialmente
aqueles que são rotineiros e repetitivos, mas também alguns
dos que necessitam de habilidades cognitivas complexas
para serem executados. Isso pode gerar desigualdade de
renda e aumentar a lacuna entre ricos e pobres ainda mais.
Além disso, em um mundo no qual tudo é conectado, a pri-
vacidade e a segurança dos dados pessoais estão cada vez
mais ameaçadas.
A Internet das Coisas (IoT), que também faz parte
desta revolução, permite que todas as coisas estejam conec-
tadas à Internet e se comuniquem umas com as outras, o
que oferece uma série vantagens, como o controle mais
32 Ronaldo Casagrande

eficiente e preciso dos recursos. Todavia, a IoT também pode


ser uma ameaça para a privacidade e a segurança das pes-
soas, bem como uma possível perda de controle sobre suas
próprias vidas e, no caso das criptomoedas, que também
são um desenvolvimento importante nesta revolução, que
propicia novas formas de transação financeira, mas também
criam riscos adicionais, como o favorecimento de lavagem
de dinheiro e fraudes.
O impacto dessa revolução será enorme em nossas
vidas! A maneira como nos comunicamos, nos relacionamos,
trabalhamos, nos divertimos, compramos e vivemos mudará
drasticamente nos próximos anos.
Neste contexto, a importância dos educadores é gigan-
tesca, pois têm o papel de guiar os estudantes nessa transi-
ção para um novo mundo. Então, tripulação, vocês precisam
estar atentos a todas as mudanças e avanços, caso contrário,
terão dificuldades para ajudar seus alunos nessas transfor-
mações. Além disso, os educadores devem estar cientes dos
desafios éticos e sociais que acompanham os avanços, para
que possam orientar seus alunos a pensar criticamente sobre
tais problemas.
Não tenho dúvidas de que a Quarta Revolução Indus-
trial será uma jornada emocionante e desafiadora, mas pre-
cisamos nos preparar para enfrentar os altos e baixos que
virão com ela. É importante que os educadores abracem
essa mudança e ajudem seus alunos a navegar por essas
águas turbulentas.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 33

Figura 1 − A cronologia das quatro revoluções industriais

Fonte: Elaboração dos autores (2023).

Venham comigo, marujos! Vamos mergulhar nessa tec-


nologia para compreender a IA melhor, pois ela será a grande
catalisadora dessa revolução.
3. O MISTÉRIO DA
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

E aí, marujos, prontos para embarcar nesta onda?


A Inteligência Artificial (IA) − uma das tecnologias
mais promissoras do século XXI − pode ser definida como a
criação de máquinas inteligentes que imitam as capacidades
cognitivas humanas de aprender, raciocinar e solucionar pro-
blemas. Essa tecnologia surgiu há quase 70 anos, em 1956,
quando o cientista norte-americano John McCarthy utilizou
o termo “Inteligência Artificial” pela primeira vez.
Desde então, a IA tem evoluído a passos largos, resul-
tado, em grande parte, dos avanços tecnológicos que permi-
tiram o desenvolvimento de sistemas computacionais cada
vez mais sofisticados e eficientes. Também foram criadas
novas técnicas de aprendizado de máquina que possibilita-
ram a realização de tarefas que, antes, eram exclusivas de
seres humanos.
Hoje, já podemos começar a experimentar o impacto
dessa tecnologia em diversos setores de nossa sociedade,
como saúde, agricultura, educação e transporte, entreteni-
mento, entre outros.
No entanto, a IA enfrenta desafios éticos e sociais,
como privacidade e segurança dos dados, gera um grande
temor de que ela substitua muitos empregos que atualmente
são realizados por seres humanos, o que resultaria em desem-
prego em massa e aumento da desigualdade social.
Apesar disso, a IA tem o potencial de transformar a
economia, tornando os processos mais eficientes e reduzindo
36 Ronaldo Casagrande

os custos de produção, e também pode ajudar a resolver pro-


blemas complexos, como os relacionados com as mudanças
climáticas e a escassez de recursos naturais.
De uma forma simplista, podemos classificar uma IA
nos seguintes três tipos:

• Inteligência estreita: é um tipo de inteligência


artificial que é projetada para realizar tarefas
específicas, como reconhecimento de fala, reco-
nhecimento de imagem, tradução automática de
textos, e outras funcionalidades. Ela é muito efi-
ciente para realizar tarefas específicas, mas não
tem capacidade de generalizar ou aprender novas
tarefas por conta própria. O ChatGPT, que deu
origem ao Bartolomeu Cognição, coautor deste
livro, é esse tipo de inteligência. Apesar de ter
uma excelente capacidade para me ajudar na
construção deste livro, não tem a mínima capa-
cidade para fazer um simples desenho que uma
criança de três anos consegue fazer.
• Inteligência geral: é um tipo de inteligência arti-
ficial que se assemelha à inteligência humana,
pois é capaz de aprender e se adaptar a diferentes
situações. Este tipo de IA ainda está na fase de
estudo e desenvolvimento, e ainda não se sabe ao
certo quando esse tipo de inteligência estará entre
nós, mas o objetivo dos pesquisadores é criar uma
tecnologia que possa aprender e resolver proble-
mas de forma semelhante à forma como os seres
humanos o fazem.
• Superinteligência: é um tipo de inteligência
artificial que ultrapassa a capacidade humana
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 37

em todos os aspectos. Este tipo de IA ainda é


uma teoria, mas muitos especialistas acreditam
que a superinteligência poderá ser alcançada no
futuro, quando a IA for capaz de se aperfeiçoar
continuamente e superar a capacidade humana
em todas as áreas. Muitos entendem que, caso
esta superinteligência for realmente alcançada,
a espécie humana poderá estar ameaçada.

Figura 2 – Tipos de inteligência artificial

Fonte: Elaboração dos autores (2023).

Em resumo, a inteligência artificial oferece uma série


de benefícios em todas as áreas, mas é preciso que ela seja
38 Ronaldo Casagrande

implementada de forma responsável, levando em considera-


ção os impactos socioéticos, pois IA é uma tecnologia pode-
rosa, que precisa ser utilizada com cuidado e parcimônia.
Marujos, vamos adentrar um pouco mais nessa pode-
rosa tecnologia para entender como ela funciona e o porquê
de ela ser tão diferente de outros sistemas computacionais.
Vamos em frente!

3.1 Desvendando os segredos da inteligência artificial

Imagine um mundo em que computadores e outros dis-


positivos possam entender e responder as nossas perguntas e
atender comandos como um ser humano faria. É isso que a
Inteligência Artificial (IA) busca fazer.
Antes de entrarmos especificamente no tema da IA,
gostaria de explicar o que vem a ser um algoritmo, pois é um
termo do qual farei uso em diversos momentos deste livro.
Algoritmo é um conjunto de passos que um computador
segue para fazer algo específico, como uma receita ensina a
fazer um bolo. Por exemplo, um algoritmo simples poderia ser
a receita para fazer um sanduíche, na qual os passos seriam:
pegue duas fatias de pão; coloque uma fatia de queijo e uma
fatia de presunto entre as fatias de pão; toste o sanduíche na
grelha e sirva. Para se obter o resultado final desejado, cada
passo deve ser executado na ordem correta.
Podemos dizer, portanto, que um algoritmo é um tipo
de plano que o computador segue para saber o que fazer.
Os algoritmos são escritos em linguagens de programa-
ção que o computador pode entender, cada linguagem com
as suas próprias regras e sintaxe, mas todas elas seguem os
mesmos princípios básicos.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 39

Os algoritmos tradicionais de computador são como um


conjunto de regras que devem ser seguidas para realizar uma
tarefa específica. Eles incluem programas como planilhas, soft-
wares de gerenciamento de arquivos e outros aplicativos. Esses
algoritmos são pré-determinados e executam as mesmas instru-
ções, independentemente do tempo ou da situação. Eles nunca
aprendem ou mudam, e o resultado que produzem é sempre o
mesmo. Como exemplo de um algoritmo tradicional, temos as
calculadoras eletrônicas, que sempre fornecerão os mesmos
resultados, quando recebem os mesmos comandos. Algoritmos
são usados em muitas das coisas para as quais usamos o com-
putador, como pesquisas na Internet e jogos de computador.
Já os algoritmos dotados de inteligência artificial são
capazes de aprender com a experiência. Eles usam algoritmos
complexos, que lhes permitem analisar dados e tomar deci-
sões com base nos padrões que encontram; também são capa-
zes de aprender com os erros e se adaptar a novas situações.
A IA é um tipo especial de algoritmo que permite que
um computador pense, aprenda e tome decisões como um
ser humano. Ela é capaz de analisar grandes quantidades de
dados e encontrar padrões e conexões que um ser humano
não seria capaz de encontrar sozinho.

Os algoritmos dotados de inteligência arti-


ficial aprendem com a experiência.

Um dos principais algoritmos usados na IA são as redes


neurais artificiais, que são algoritmos projetados para imitar a
maneira como o cérebro humano funciona. Eles são compos-
tos de várias camadas de nós interconectados que são capazes
de processar informações e aprender com elas.
40 Ronaldo Casagrande

As redes neurais artificiais são capazes de identificar


padrões e conexões em grandes conjuntos de dados e são
usadas em muitas áreas diferentes, incluindo reconhecimento
de fala e imagem.
As pesquisas científicas indicam que o cérebro humano
tem 86 bilhões de neurônios que se conectam de uma forma
muito complexa e formam redes de células que se comunicam
entre si (ZORZETTO, 2012), as redes neuronais. É muita
coisa, não é? Principalmente quando sabemos que os neurô-
nios são interconectados por mais de 1 trilhão de sinapses,
como são chamados os pontos entre as células nervosas que
armazenam e transferem informações de umas para as outras!
Essas redes, que ainda não entendemos completamente,
podem ser consideradas uma das coisas mais incríveis que
existem no mundo, responsáveis por tudo que conseguimos
fazer, como andar, falar, pensar e até mesmo amar.
Temos as redes neurais em nosso corpo, que funciona
como um supercomputador orgânico, e existem também
as redes neurais artificiais, que estão presentes em máqui-
nas inteligentes.
As redes neurais artificiais são um conjunto de algorit-
mos matemáticos que buscam reproduzir o processo de comu-
nicação dos neurônios biológicos do cérebro humano. Tais
redes são constituídas por várias unidades de processamento
que atuam como neurônios artificiais. Atualmente, é possível
desenvolver sistemas de inteligência artificial com grande
número de “neurônios”, atingindo a casa dos milhões. No
entanto, ainda não se pode alcançar a mesma complexidade
do cérebro humano, que tem bilhões de neurônios.
Uma das grandes diferenças entre os dois tipos de redes
neurais está na velocidade do processamento das informações,
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 41

diferença que é explicada pelas propriedades físicas dos meios


de transmissão utilizados em cada um dos sistemas.
Nas redes neurais artificiais, os circuitos eletrônicos
são constituídos de materiais condutores de eletricidade, nos
quais a transmissão de informações ocorre pela movimenta-
ção de elétrons. Essa transmissão é muito rápida, uma vez
que os elétrons possuem alta mobilidade e podem se mover
a velocidades próximas à da luz.
Já nas redes neuronais cerebrais, a transmissão de infor-
mações ocorre por meio de sinais eletroquímicos entre as
células nervosas, que ocorrem nas sinapses, ou seja, no espaço
entre os neurônios. Nessa rede que se forma, a transmissão
de informações ocorre pela movimentação de íons, que são
partículas eletricamente carregadas. Como os íons são signi-
ficativamente mais lentos do que os elétrons, a transmissão
de informações nas redes neurais biológicas é mais lenta do
que as das redes neurais artificiais.

As redes neurais artificiais são muito mais rápidas para


processarem informações do que as redes neurais biológicas.

As redes neuronais biológicas são mais complexas e


apresentam uma quantidade muito maior de conexões em
comparação com as redes neurais artificiais. Por isso, apesar
das redes neurais artificiais terem uma capacidade de pro-
cessamento bastante rápida, ainda não foi possível replicar
totalmente a complexidade do cérebro humano. Esse grau de
complexidade elevado permite que o cérebro humano realize
tarefas que as máquinas ainda não são capazes de fazer, tais
como lidar com questões emocionais e sociais, ser criativo e
intuitivo, e exercitar a metacognição (reflexão sobre o próprio
42 Ronaldo Casagrande

pensamento). Não obstante, é importante destacar que a ciên-


cia está em constante evolução e é possível que, no futuro,
as redes neurais artificiais possam imitar o cérebro humano
completamente e apresentar habilidades mais avançadas do
que as que temos hoje.
Vamos, agora, compreender as limitações que as máqui-
nas dotadas de inteligência artificial ainda têm em relação
aos seres humanos.
Existem diferentes formas de definir e classificar as
habilidades humanas e, para facilitar a comparação com uma
máquina, proponho uma classificação em quatro categorias:

• Habilidades físicas: relacionadas a movimento


e desempenho físico, como coordenação motora,
equilíbrio, força, velocidade, resistência, flexibi-
lidade e agilidade.
• Habilidades cognitivas: conjunto de capacida-
des mentais responsáveis por adquirir, armazenar,
recuperar e usar informações na construção do
conhecimento, fundamentais para a capacidade
de processar e interpretar informações.
• Habilidades metacognitivas: envolvem o
conhecimento e a regulação dos próprios proces-
sos cognitivos, o pensar sobre a aprendizagem,
aprender sobre como aprendemos e monitorar as
próprias atividades mentais.
• Habilidades socioemocionais: permitem reco-
nhecer, compreender, exprimir e gerenciar as
próprias emoções e as dos outros, bem como
estabelecer e manter relações saudáveis e signi-
ficativas com outros indivíduos.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 43

Ao avaliarmos essas quatro habilidades, percebemos


que as máquinas dotadas de inteligência artificial conseguem
desempenhar as habilidades físicas e cognitivas, com maior
ou menor capacidade (Figura 3).

Figura 3 − Habilidades humanas x Habilidades das máquinas

Fonte: Elaboração do autor (2023).

Embora ainda existam várias limitações nas habilida-


des metacognitivas e socioemocionais das máquinas, elas
estão avançando rapidamente em direção a superar os seres
humanos também nessas áreas, ainda que estejam em estágio
incipiente de desenvolvimento.

Os sistemas dotados de inteligência artificial não têm as


habilidades de metacognição e habilidades socioemocionais.

Levará ainda muito tempo para essas duas habilidades


serem desenvolvidas. Isso servirá como uma bússola para
guiar a construção dos currículos escolares, assunto que será
discutido posteriormente.
44 Ronaldo Casagrande

Agora que compreendemos os fundamentos básicos


dessa tecnologia, vamos navegar em frente e compreender o
que é necessário para “alimentar” o aprendizado desse tipo
de inteligência. Vamos em frente, marujos!

3.2 O combustível que move a inteligência artificial

Já parou para pensar por que só agora a inteligência


artificial está se tornando tão poderosa, mesmo que a sua
origem remonte à década de 1950, quando se iniciaram as
pesquisas para criar sistemas computacionais capazes de imi-
tar a inteligência humana?
A resposta para essa questão é relativamente sim-
ples, marujos. Para que um sistema de aprendizagem possa
aprender, seja orgânico (como o cérebro humano) ou artifi-
cial (como as máquinas), é necessário haver velocidade de
processamento (como o cérebro humano tem) e estímulos
externos (dados para aprender), que são captados por nossos
cinco sentidos.

Para que um algoritmo de inteligência artificial aprenda,


é preciso haver dois elementos: dados para treiná-
-lo e velocidade para processar as informações.

É por meio da visão, do olfato, do paladar, da audição


e do tato que, desde o nosso nascimento, capturamos uma
grande quantidade de dados, o que permite que aprendamos
sobre muitas coisas de forma contínua.
Uma criança de três anos, por exemplo, já teve con-
tato com muitas imagens (captadas pela visão) de cachorros
e gatos diferentes. Com a repetição dos estímulos visuais,
o cérebro humano é capaz de identificar facilmente, por
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 45

meio do reconhecimento de padrões, as diferenças entre


esses mamíferos.
No entanto, apenas recentemente os computadores
adquiriram a capacidade de processamento necessária para
lidar com grandes quantidades de dados, essenciais para o
aprendizado de um sistema de inteligência artificial. Além
da capacidade computacional, a quantidade de dados dis-
poníveis é o outro fator crucial para o desenvolvimento da
inteligência artificial. É por meio da nossa interação contínua
com o mundo digital que a linguagem compreendida pela
máquina, e a quantidade de dados digitais disponíveis para
o aprendizado de máquina, é imensa. O enorme avanço da
inteligência artificial que vemos atualmente é possibilitado
pelo trabalho conjunto desses dois fatores.
Os usuários geram uma vasta quantidade de informa-
ções, incluindo as páginas da web que visitam, as compras
realizadas com cartões de crédito, os dados compartilhados
em redes sociais e o tempo gasto nessas plataformas, forne-
cendo dados valiosos para o desenvolvimento de sistemas de
inteligência artificial cada vez mais eficazes.
O aumento exponencial da geração de dados no mundo
digital, assim como da capacidade de processamento das
máquinas sugerem um futuro extremamente promissor para
a inteligência artificial.
O Gráfico 1, a seguir, mostra a quantidade de dados
que gerados na Internet de 2011 a 2020. A quantidade gerada
está em zettabytes, ou seja, milhões de gigabytes, e mostra
claramente que a população mundial tem gerando mais e mais
dados a cada ano, fornecendo combustível para “alimentar”
a aprendizagem das máquinas.
46 Ronaldo Casagrande

Gráfico 1 − Geração de dados digitais na Internet de 2011 a 2020


Quantidade de dados gerados em zettabytes
= milhões de gigabytes

Fonte: Adaptado de MEARIAN (2012).

De maneira análoga, a capacidade de processamento


também cresce em ritmo exponencial, fenômeno claramente
explicado pela Lei de Moore (MOORE, 1965), um prin-
cípio fundamental na indústria de tecnologia, que prevê o
crescimento exponencial do poder de processamento dos
computadores e tem sido uma das previsões mais precisas e
consistentes na história da tecnologia.
A Lei de Moore afirma que a capacidade de processa-
mento dos computadores dobrará a cada período de 18 a 24
meses. Isso significa que, a cada dois anos, os computadores
se tornam duas vezes mais poderosos do que eram antes. Essa
previsão tem sido tão precisa ao longo das últimas décadas
que a indústria de tecnologia tem se baseado nela para definir
sua trajetória de crescimento.

O volume de dados digitais gerados e a capacidade de proces-


samento das máquinas têm crescido de forma exponencial.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 47

A quantidade de transístores que há em um chip eletrô-


nico está diretamente relacionada à capacidade de processa-
mento dos computadores.
A seguir, apresentamos o Gráfico 2, que ilustra a evo-
lução da quantidade de transistores contidos em um único
chip eletrônico, em uma área de um nanômetro quadrado
(1 nm² = 0,000 000 000 000 01cm²!).

Gráfico 2 – Evolução da quantidade de


transístores em um chip eletrônico

Fonte: Hennessy; Dally (2018).

Como podemos observar, a Lei de Moore tem sido


significativa para o desenvolvimento da tecnologia nos últi-
mos anos. À medida que os computadores se tornam mais
poderosos, a indústria tem sido capaz de desenvolver novas
tecnologias que antes eram inimagináveis. A mesma Lei tam-
bém explica o surgimento de dispositivos muito eficientes,
como smartphones e tablets, que consomem menos energia
e têm vida útil maior.
48 Ronaldo Casagrande

Devido à interdependência entre a capacidade de


processamento das máquinas e a disponibilidade de dados,
o progresso da evolução da inteligência artificial também
é exponencial, com uma taxa de crescimento superior
àquela observada na análise de cada uma dessas variá-
veis isoladamente.
A taxa média estimada de crescimento da inteligência
artificial pode variar de acordo com o período analisado e
os métodos utilizados para avaliar a evolução da tecnologia,
assim como das métricas utilizadas para medir o desempenho
da IA e das áreas específicas em que ela está sendo aplicada.
Alguns especialistas estimam que a capacidade da inteli-
gência artificial possa dobrar a cada 3-4 meses, enquanto
outros afirmam que pode ocorrer uma duplicação a cada
12-18 meses.

3.3 A tecnologia que aprende

Ao longo de décadas, a inteligência artificial tem sido


extensivamente estudada e fica evidente o quão próxima ela
pode chegar da inteligência biológica em diversos aspectos,
incluindo a aprendizagem. O processo de aprendizagem de
uma máquina com inteligência artificial é, de fato, bastante
similar ao processo de aprendizagem humano.
De forma bem simplificada, podemos classificar a
aprendizagem de máquina em três tipos principais: aprendi-
zagem supervisionada, não supervisionada e por reforço.

3.3.1 Aprendizagem supervisionada

A aprendizagem supervisionada é um tipo de apren-


dizagem na qual a máquina aprende a partir de exemplos
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 49

rotulados por um ser humano. Isso significa que a máquina


recebe um conjunto de dados que já foram categorizados por
um ser humano e é treinada para fazer predições com base
nesses exemplos.
Para entender melhor esse conceito, podemos comparar
o fenômeno com a aprendizagem de uma criança: quando
ela está aprendendo a distinguir diferentes objetos uns dos
outros, como um gato e um cachorro, ela é apresentada a
vários exemplos desses objetos e alguém lhe diz qual é qual.
Com o tempo, a criança é capaz de reconhecer as caracterís-
ticas de cada objeto e categorizá-los corretamente. Quanto
mais exemplos lhe forem fornecidos, maior será o resultado
seu aprendizado.
Da mesma forma, na aprendizagem supervisionada, a
máquina recebe um conjunto de dados rotulados que já foram
categorizados corretamente e treina seu algoritmo para identi-
ficar padrões e correlações entre as diferentes categorias. Por
exemplo: imagine que queremos que a máquina diferencie
gatos de cachorros. Para isso, lhe fornecemos um conjunto
de fotos de gatos e cachorros, dizendo a ela qual foto é a de
um gato e qual é a de um cachorro. A máquina examina as
características visuais de cada foto e procura por padrões que
a ajudem a distinguir um animal do outro. Quanto mais fotos
fornecemos à máquina, mais aprendizado ocorre. Por isso, os
dados (que neste exemplo são as fotos) são tão importantes
para a aprendizagem na inteligência artificial.

Na aprendizagem supervisionada, a inteligência artifi-


cial aprende com um conjunto de dados categorizados.
50 Ronaldo Casagrande

Uma vez que a máquina tenha sido treinada com


sucesso, podemos testá-la com novas imagens que não haviam
sido incluídas no conjunto de treinamento. Se a máquina for
capaz de classificar corretamente essas novas imagens, com
base no que aprendeu com o conjunto dos dados do treina-
mento, ela é considerada bem-sucedida.
O aprendizado supervisionado é amplamente utilizado
em várias áreas, como reconhecimento de fala, reconheci-
mento de imagem, análise de sentimentos, previsão de vendas
e detecção de fraudes, entre outros.

3.3.2 Aprendizagem não supervisionada

A aprendizagem não supervisionada é a de um tipo de


máquina cujo sistema de inteligência artificial não recebe
informações prévias sobre as classes dos dados a serem
analisados. É como se lhe fornecêssemos um conjunto de
fotos de gatos e cachorros sem lhe dizer qual é qual, e dei-
xando para ele a incumbência de fazer as associações. Isso
ocorre quando nós, seres humanos, não conseguimos separar
as classes. É como se nós não conseguíssemos distinguir
gatos e cachorros e deixássemos para a máquina executar
essa tarefa.
Um sistema de educação a distância na educação supe-
rior, por exemplo, poderia usar a aprendizagem não super-
visionada para agrupar alunos de acordo com os estilos de
aprendizagem. Isso permitiria que o sistema personalizasse
o conteúdo para cada aluno, de acordo com suas preferências
de aprendizagem.
Um caso emblemático de aprendizagem não supervi-
sionada aconteceu há vários anos em uma rede de supermer-
cados americana: descobriu-se que homens que iam à noite
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 51

no supermercado para comprar fraldas também compravam


cerveja. Assim, ao colocar as fraldas e as cervejas próximas
nas prateleiras, a loja teve um aumento maior nas vendas
de cerveja para esse público. Essa relação foi descoberta
pela máquina!
Na esfera educacional, é viável aplicar a aprendiza-
gem não supervisionada para identificar padrões entre dados
socioeconômicos e de desempenho dos alunos. Por exemplo,
um sistema de inteligência artificial poderia revelar que meni-
nas com pais mais velhos, e que são filhas únicas, apresentam
um desempenho superior em matemática em comparação com
outras crianças. (Esse é um exemplo fictício, porém ilustra
como a máquina poderia encontrar correlações que seriam
facilmente não observadas por nós humanos.) No entanto, é
importante lembrar que a aprendizagem só é possível quando
a máquina tem acesso a um grande volume de dados e que,
sem eles, o aprendizado é comprometido.

3.3.3 Aprendizagem por reforço

A aprendizagem por reforço é um método utilizado


para ensinar algoritmos de inteligência artificial a aprende-
rem por conta própria, sem dependerem de um conjunto de
dados pré-definidos, como nos casos explicados anterior-
mente. Nesse método, o algoritmo aprende por tentativa e
erro, recebendo feedback positivo ou negativo, da mesma
forma como se ensina um cachorro a sentar, recompensando-o
com um petisco quando executa a tarefa correta, mas não o
recompensando quando a executa de forma incorreta.
Para entender como isso funciona, vamos primeiro
pensar em como um ser humano aprende: imagine que você
está tentando ensinar um bebê a pegar um objeto. Quando o
52 Ronaldo Casagrande

bebê toca um objeto e você o parabeniza, ele fica feliz com


o reforço positivo. Por outro lado, se o bebê tenta pegar um
objeto e se machuca, você consola o bebê e tenta impedi-lo
de fazer isso novamente, com um reforço negativo.
Minha filha, a Cecília, teve uma experiência de apren-
dizagem por reforço quando ainda era uma bebê. Percebeu
que seu choro alto resultava em uma entrega mais rápida
de sua mamadeira, o que reforçava seu comportamento e
a levava a um choro ainda mais alto, em um ciclo positivo
de retroalimentação.

Na aprendizagem por reforço, a inteligência artificial


aprende com base em feedbacks positivos e negativos.

Na aprendizagem por reforço de um algoritmo de inteli-


gência artificial, o processo é bastante similar: quando o algo-
ritmo executa uma ação correta, recebe um feedback positivo
e aprende a repetir essa ação no futuro. Por outro lado, quando
executa uma ação incorreta, recebe um feedback negativo
e tenta evitar essa ação no futuro. Esse ciclo permite que o
algoritmo aprenda a executar ações que levam a resultados
desejáveis. Com feedbacks constantes, o algoritmo de inte-
ligência artificial aprende continuamente e vai aprimorando
o seu desempenho ao longo do tempo.
Um exemplo famoso de reforço é o experimento de
Pavlov. Pavlov treinou cães para associar o som de um sino
com a chegada da comida. Inicialmente, os cães não tinham
nenhuma resposta ao som do sino. No entanto, quando
a comida era entregue logo após o som do sino, os cães
começaram a associar o som do sino com a chegada da
comida. Com o tempo, os cães começaram a salivar assim
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 53

que ouviam o som do sino, mesmo que a comida não viesse.


Esse é um exemplo clássico de como o reforço pode ser
usado para ensinar um animal a associar um estímulo a
uma resposta.
De maneira similar, em um algoritmo de aprendizagem
por reforço é possível associar uma ação com um feedback
positivo ou negativo. Por exemplo, é possível treinar um algo-
ritmo para um jogo simples, como o jogo da velha. Toda vez
que o algoritmo vence, recebe um feedback positivo e, assim,
aprende a repetir as ações que o levaram à vitória. No entanto,
toda vez que ele perde, recebe um feedback negativo e, dessa
forma, tenta evitar as ações que resultaram em derrota. Pela
repetição contínua deste processo no jogo da velha, o algo-
ritmo melhora progressivamente e, eventualmente, torna-se
muito difícil vencê-lo.
Vale aqui trazer um fato histórico e marcante em ter-
mos da aprendizagem por reforço: uma partida de xadrez
entre dois algoritmos de IA, AlphaZero e Stochfish 8, foi um
momento histórico para a inteligência artificial.
De um lado, o Stochfish 8, um dos principais programas
de xadrez do mundo, conhecido por seu forte desempenho
em torneios e competições on-line, e que já foi vencedor de
diversos campeonatos. Essa máquina, que foi treinada por
humanos, com estratégias desenvolvida por humanos, se tor-
nou capaz de analisar as suas próprias partidas, identificar os
seus erros e ajustar as suas estratégias para evitar cometer os
mesmos erros no futuro (aprendizagem por reforço). Isso faz
com que o Stochfish 8 fique um jogador cada vez melhor a
cada partida disputada.
Do outro lado, AlphaZero, que também é um sistema
de inteligência artificial desenvolvido para jogar xadrez,
54 Ronaldo Casagrande

utilizou uma abordagem diferente daquela do seu oponente


para o aprendizado das estratégias do jogo. Enquanto o
Stockfish 8 foi ensinado por humanos, o AlphaZero não rece-
beu nenhuma outra instrução prévia, além das regras do jogo.
Ele foi programado para jogar consigo mesmo e aprender com
os seus próprios acertos e erros, portanto um típico exemplo
de aprendizagem por reforço desde a sua concepção. Após
poucas horas de treinamento, o AlphaZero foi colocado à
prova para enfrentar o seu grande oponente, o Stochfish 8. Em
uma série de jogos de xadrez, o AlphaZero venceu a maioria
das partidas e empatou as restantes, não perdendo nenhuma!
A capacidade de aprendizagem e adaptação do
AlphaZero é realmente impressionante, pois nos mostra
que a IA não precisa da intervenção humana para apren-
der e se desenvolver, tornando-se capaz de encontrar solu-
ções para problemas que, até então, os seres humanos não
haviam imaginado.

Figura 4 − Tipos de aprendizagem na Inteligência Artificial

Fonte: Elaboração dos autores (2023).


NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 55

A capacidade de aprendizagem automática da IA


levanta diversos questionamentos, pois é um avanço incrível,
que poderá transformar diversos aspectos de nossa sociedade,
mas, por outro lado, é um tanto assustador pensar que uma
máquina pode desenvolver habilidades e conhecimento por
conta própria, sem a supervisão humana, o que pode gerar
questões éticas e de segurança.
Sendo assim, a IA deve ser desenvolvida com muita
responsabilidade e consciência ética, para haver garantia de
que a tecnologia trabalhe em prol da humanidade e não gere
prejuízos. Além disso, é importante que as pessoas estejam
preparadas para lidar com essa nova realidade tecnológica,
capacitando-se e atualizando seus conhecimentos, para que
possam trabalhar em parceria com ela.
E então, marujos? Como estão se sentindo em nossa
jornada? Já estão todos a par do que é essa tal de inteligência
artificial, do que ela precisa para funcionar adequadamente e
de como ela aprende? Sim? Excelente!
Vamos continuar navegando em frente e trazer essa
experiência para a nossa prática educacional.
Vamos lá!
4. ENCARANDO O TEMIDO
DRAGÃO DA TECNOLOGIA

É isso, meus caros marujos: a Inteligência Artificial


(IA) é uma tendência inevitável, que irá transformar nossas
vidas e terá um impacto significativo na educação. Não é
mais uma questão de “se”, mas de “quando” essa inteligência
chegará definitivamente ao nosso ambiente escolar. Diante
disso, os educadores têm duas opções: tentar ignorar ou inibir
a inserção dessa tecnologia na educação (como, no passado,
algumas pessoas já fizeram com outras tecnologias...) ou
abraçar a IA e usá-la para melhorar os processos de ensino
e aprendizagem.
Quando uma nova tecnologia surge, ela ameaça o status
quo (forma tradicional de fazer as coisas), sendo comum que
haja uma reação de resistência, pois é da natureza humana
ter medo do desconhecido. Como mudanças significativas
no modo de vida das pessoas afetam a estabilidade da rotina
definida e geram insegurança, pode haver negação do novo e,
consequentemente, tentativas de impedir a sua adoção, como
já ocorreu em muitos momentos da história. Entretanto, a
história tem mostrado que, geralmente, a resistência às novas
tecnologias é infrutífera. Quando surge uma nova tecnologia
que se mostra mais eficiente e vantajosa, o natural é que ela
ganhe espaço e substitua as tecnologias antigas.
Um bom exemplo disso é que, durante a 1ª Revolução
Industrial, houve uma revolta do sindicato inglês de tecelões,
que resultou em tumultos e violência. Quem trabalhava com
os teares manuais via os mecanizados como uma ameaça aos
58 Ronaldo Casagrande

seus empregos e, como forma de protesto, os tecelões que-


braram as máquinas, na tentativa de barrar a sua introdução
no processo produtivo. Esse movimento, que se espalhou
por toda a Inglaterra entre 1811 e 1816, recebeu o nome de
Ludismo, uma homenagem à figura lendária chamada Ned
Ludd, tecelão que teria destruído a máquina em que traba-
lhava com um martelo, em retaliação à sua condenação a
chicotadas, por posicionar-se contra o regime de trabalho em
tecelagem. Apesar dessa sabotagem contra a industrialização,
a adoção de máquinas continuou revolucionando a indústria
têxtil e transformou a economia britânica.
De maneira análoga, a entrada do Uber no mercado
mundial de transporte de passageiros gerou uma grande con-
trovérsia. Em muitos países, os taxistas entenderam que o
aplicativo ameaçaria o seu negócio e começaram a se mani-
festar contra a empresa, fazendo protestos e greves que, em
alguns lugares, logo se transformaram em violência.
Os taxistas argumentaram que o Uber estava operando
sem as licenças adequadas, o que dava uma vantagem injusta
para essa empresa em relação aos motoristas de táxi. Eles
também reclamaram que os motoristas do Uber não estavam
sujeitos aos mesmos regulamentos e padrões de segurança
que os motoristas de táxi e, além disso, argumentaram que o
Uber reduzia o preço das corridas, o que tornava a competi-
ção impossível para os motoristas de táxi. Em muitos países,
como França, Espanha e Índia, as manifestações dos taxistas
chegaram a se transformar em atos de violência.
Apesar da resistência dos taxistas, a empresa Uber
continuou a crescer em todo o mundo e o aplicativo, com
preços mais baixos e uma experiência mais conveniente para
o usuário, tornou-se bem-sucedido na conquista do mercado.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 59

À medida que o Uber continuava a crescer, alguns países


começaram a introduzir regulamentações para o aplicativo
e, atualmente, o Uber é obrigado a ter licenças adequadas e,
em muitos lugares, os motoristas precisam seguir os mes-
mos regulamentos e padrões de segurança que os motoris-
tas de táxi.
Em vez de tentarmos refutar a adoção de novas tecnolo-
gias, é preciso estarmos abertos para explorar as suas possibi-
lidades e encontrar maneiras de incorporá-las da forma mais
eficiente e segura possível. É importante, portanto, que haja
reflexões e diálogos visando avaliar os possíveis impactos e
benefícios que elas podem oferecer.
Combater a entrada da tecnologia é uma luta vã, tão
inútil quanto tentar conter um tsunami com uma barreira de
pedras na praia. Assim, a adoção do ChatGPT, a tecnolo-
gia de suporte do coautor deste livro já vem encontrando
resistência por parte de algumas escolas e universidades em
todo o mundo, recriando aquele antigo movimento ludista
do século XIX.
Na verdade, em vez de gastar a nossa energia ten-
tando impedir a inserção da IA na educação, devemos focar
os esforços em como podemos aproveitá-la para melhorar
a educação.
Nos próximos anos, a IA terá um impacto significativo
na educação, trazendo uma série de efeitos positivos tanto
para os professores quanto para os estudantes.

É melhor não perdermos tempo tentando impedir a inserção


da IA na educação e, em vez disso, usarmos a nossa energia
para descobrirmos como podemos aproveitá-la melhor.
60 Ronaldo Casagrande

A capacidade da IA fornecer suporte ao professor em


suas tarefas diárias é um dos grandes benefícios dessa tecnolo-
gia para a educação. Com a ajuda da IA, os professores pode-
rão contar com um assistente excepcional para suas tarefas
operacionais, liberando-os para atividades mais nobres, como
auxiliar os estudantes no desenvolvimento de habilidades
socioemocionais, assunto que abordaremos posteriormente.
Os chatbots (em inglês, abreviatura de “chat robots”;
em tradução livre, “robôs para conversas”) são um tipo de
ferramenta de IA que poderá ser utilizada para responder per-
guntas frequentes dos alunos e fornecer feedback em tempo
real. Além disso, a IA poderá personalizar o aprendizado dos
alunos, adaptando o conteúdo e o ritmo de ensino às neces-
sidades individuais de cada um, criando uma experiência de
aprendizagem mais eficaz e envolvente. Essa abordagem é de
extrema importância em um mundo onde os alunos possuem
diferentes preferências de aprendizagem e níveis de habili-
dade. É importante ressaltar que a IA já possui a capacidade
de realizar essas atividades, mas é necessário reconhecer que
muitas escolas ainda não estão preparadas para assimilar essa
tecnologia. Por isso, a utilização da IA na educação ainda é
vista como um processo futuro, mesmo que esse horizonte
esteja cada vez mais próximo.
Outro benefício da IA na educação é a capacidade
de fornecer análises preditivas. Com a ajuda de algoritmos
apropriados, a tecnologia poderá analisar grandes quantida-
des de dados e prever, por exemplo, como os alunos vão se
sair em diferentes atividades. Isso permitirá que os profes-
sores ajustem o seu planejamento de acordo com as neces-
sidades individuais dos alunos, garantindo que eles tenham
sucesso acadêmico.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 61

A acessibilidade é outro campo no qual a IA também


poderá melhorar na educação, aumentando a possibilidade
de promover a educação especial e a inclusão tão necessá-
rias no processo educacional. Por exemplo: os assistentes de
voz poderão ser usados para ajudar alunos com deficiência
visual ou motora a navegar por materiais educacionais, o
que permitirá que mais alunos tenham acesso ao conteúdo
educacional e possam participar plenamente dos processos
de ensino e aprendizagem.
A IA está se tornando cada vez mais popular em vários
tipos de dispositivos, tornando a barreira da língua cada vez
mais insignificante e, graças a essa tecnologia, os tradutores
estão se tornando cada vez mais eficientes. Isso permitirá
que os alunos se conectem com pessoas de outros países e
compartilhem experiências valiosas mais facilmente, além
de ter acesso a uma variedade muito maior de materiais para
estudo. Em suma, o avanço dos tradutores de línguas por
meio da IA terá um impacto significativo na forma como as
pessoas se comunicam e aprendem neste mundo cada vez
mais globalizado.
A IA poderá ser uma importante ferramenta para garan-
tir o sucesso educacional, uma vez que ela pode ser utilizada
para identificar estudantes com queda no desempenho acadê-
mico ou em risco de desistir de frequentarem as aulas. Com
o auxílio de algoritmos avançados, a IA poderá rapidamente
identificá-los e lhes oferecer suporte personalizado para aju-
dá-los a superar obstáculos e alcançar melhores resultados.
Dessa forma, as escolas poderão agir proativamente e garantir
que todos os alunos recebam a atenção necessária para que
atinjam o seu potencial máximo.
De modo geral, a inteligência artificial apresenta múl-
tiplos aspectos com potencial para aprimorar o processo
62 Ronaldo Casagrande

educacional em um futuro próximo. Muitos dos seus recur-


sos já estão disponíveis, como detalharemos no capítulo 6,
quando discutiremos como o ChatGPT − um chatbot criado
com inteligência artificial − está capacitado para auxiliar os
professores em suas atividades cotidianas e como os educa-
dores podem integrá-lo à sala de aula para aprimorar o ensino
e a aprendizagem.
Embora a IA ofereça inúmeras oportunidades para
melhorar o processo de ensino e aprendizagem, caso não seja
ética e conscientemente utilizada, ela também pode oferecer
riscos. Para evitar efeitos negativos, é importante que os edu-
cadores sejam cuidadosos ao usar a IA na educação, sempre
cientes dos riscos em potencial e trabalhando para mitigá-los.
Entre os riscos do uso de IA na educação está aquele
relacionado com a possibilidade do aumento da desigual-
dade na área educacional. Embora a IA possa auxiliar na
personalização da aprendizagem para atender às necessidades
individuais de cada aluno, isso pode ser difícil para escolas
com recursos financeiros limitados, como é o caso das escolas
públicas. Essas instituições podem não ter acesso aos equipa-
mentos, tecnologias necessárias e suporte técnico para imple-
mentar a IA de maneira eficiente, cenário que poderá resultar
em uma lacuna digital ainda maior do que a que existe hoje,
pois as escolas com mais recursos levarão vantagem sobre
aquelas com menos condições, o que pode ampliar ainda mais
a desigualdade educacional.
Além disso, a IA poderá ter um impacto negativo na
privacidade dos alunos, pois coleta e analisa grandes quanti-
dades de dados sobre os alunos para personalizar a sua apren-
dizagem. Isso pode ser uma violação da Lei nº 13.709/2018
(Lei Geral de Proteção de Dados), especialmente se os dados
pessoais dos estudantes forem compartilhados com terceiros
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 63

sem o seu consentimento ou, no caso das crianças, o dos pais.


Entre os cuidados que os educadores deverão ter ao usar a IA,
está a garantia de que a privacidade dos alunos seja protegida.

A inteligência artificial, assim como qualquer outra tec-


nologia, possui aspectos positivos e negativos. Cabe a
nós, como responsáveis por seu desenvolvimento e uso,
a tarefa de minimizar os efeitos negativos e maximizar
os benefícios que ela pode trazer para a educação.

Os professores deverão continuar a desempenhar papel


fundamental nos processos de ensino e aprendizagem, for-
necendo orientação e feedback constante aos alunos; eles
também deverão garantir que os sistemas de IA usados na
educação sejam justos e imparciais, sem reforçar preconcei-
tos existentes.
Por isso é tão importante saber que, dependendo da
forma como a IA for treinada, ela pode favorecer certos gru-
pos ou indivíduos em detrimento de outros, reforçando os
estereótipos e preconceitos existentes.
A discussão sobre a IA na educação deve ser vista como
uma oportunidade para explorar novas abordagens e metodo-
logias, promovendo inovação e avanço no setor educacional,
mas para que a educação possa usufruir dos benefícios que a
IA tem a oferecer e minimizar seus efeitos negativos, é impor-
tante aceitar essa nova realidade e estudá-la a fundo. Negar
sua existência ou tentar adiar essa discussão só irá retardar
o desenvolvimento das escolas e dos alunos, que precisam
estar preparados para o mundo com essa nova tecnologia. A
IA já está presente em diversos setores e a sua incorporação à
educação é inevitável. Por isso, é essencial que os educadores
se adaptem e se atualizem para que possam oferecer uma
64 Ronaldo Casagrande

educação de qualidade, utilizando as ferramentas disponíveis


para melhorar os processos de ensino e aprendizagem.
É, marujos!... Chegou o momento de aprofundar o
nosso conhecimento sobre essa nova tecnologia e entender
como podemos utilizá-la de forma estratégica na educação,
preparando as futuras gerações para o mundo do futuro. Como
educadores, é essencial redirecionarmos os nossos esforços
para acompanhar as mudanças e estarmos preparados para
integrar a IA de maneira eficiente ao processo educacional.
Assim, poderemos aproveitar o máximo de benefícios que
a IA pode oferecer na educação, evitar possíveis malefícios
e formar alunos mais preparados e capazes de enfrentar os
desafios do mundo contemporâneo.
Então, tripulação, mãos à obra!

4.1 Preparando as futuras gerações

Olá, marujos, estamos em uma jornada pelos mares da


tecnologia e é preciso estarmos preparados para as mudanças
que estão por vir.
Uma grande onda de inovação se aproxima e com
ela, tudo que conhecemos pode ser transformado. Quando
ingressarem no mercado de trabalho, as crianças que hoje são
estudantes vão se deparar com um mundo diferente daquele
que conhecemos. Grande parte das profissões e funções será
impactada pela adoção dessa tecnologia e todos devem estar
atentos às tendências e adaptarem-se às mudanças, assim
como um capitão deve estar preparado para enfrentar as tem-
pestades no mar e as mudanças inesperadas da navegação.
A IA tem o potencial de mudar significativamente o
futuro do trabalho em muitas áreas, principalmente naquelas
em que há atividades repetitivas e nas que exigem habilidades
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 65

cognitivas. Essas tarefas incluem de atividades manuais sim-


ples até as funções altamente especializadas, que envolvem
análise de dados, redação de textos.
Especializados, diagnóstico médico etc.
O relatório produzido, em 2017, por Susan Lund e cole-
gas, do McKinsey Global Institute, intitulado “Jobs lost, jobs
gained: what the future of work will mean for jobs, skills,
and wages” (em português, “Empregos perdidos, empre-
gos ganhos: o que o futuro do trabalho vai significar para
empregos, habilidades e salários”), estima que, até 2030, 800
milhões de empregos poderão ser afetados pela automação.
É importante ressaltar que essa estimativa pode ser alterada
por vários fatores, incluindo o ritmo da adoção da tecnologia,
as políticas governamentais e a inovação em novos setores
e indústrias.
Independente desse número ser ou não alcançado, no
entanto, o fato é de que todos os caminhos apontam para a
extinção de muitos postos de trabalho nos próximos anos.

A inteligência artificial deverá eliminar mui-


tos empregos em um futuro breve.

É importante enfatizar que o término de determinados


empregos devido à adoção da IA provavelmente será seguido
pelo surgimento de novos postos de trabalho, uma realidade
que já ocorreu em outras revoluções tecnológicas. No entanto,
muitos especialistas acreditam que a criação de novos postos
de trabalho não será suficiente para compensar a quantidade
de empregos que serão perdidos, pois os novos postos de tra-
balho exigirão habilidades diferentes das que são necessárias
para os empregos atuais.
66 Ronaldo Casagrande

Conforme mencionado, as máquinas que utilizam a


inteligência artificial são altamente eficazes na execução de
tarefas que apresentam grau de repetição e exigem cogni-
ção, mas são menos capazes de realizar tarefas que exigem
criatividade, iniciativa, pensamento crítico e habilida-
des socioemocionais.
Essa peculiaridade das máquinas pode ser explicada
pelo Paradoxo de Moravec, uma ideia que surgiu em 1988,
quando Hans Moravec, um dos fundadores da robótica, afir-
mou que as tarefas que são fáceis para os seres humanos
realizarem são muito difíceis para as máquinas aprenderem
a fazer, e vice-versa.
O que isso significa na prática?
Significa que as atividades que os seres humanos desen-
volvem mais facilmente, como caminhar, reconhecer objetos
e pessoas, reconhecer emoções externalizados por outras pes-
soas e lidar com as emoções, são habilidades extremamente
difíceis das máquinas desenvolverem. Por outro lado, aquelas
nas quais os seres humanos têm maior dificuldade, por exem-
plo, cálculo, lógica e análise matemática, são mais fáceis para
as máquinas. Por que será que isso acontece?
Uma possível explicação está em nosso processo evo-
lutivo como espécie. Ao longo de milhares de anos de desen-
volvimento, a seleção natural favoreceu o aprimoramento de
nossos sentidos e habilidades físicas, tornando a realização
de tarefas físicas algo automático. Já o pensamento abstrato
é uma habilidade relativamente recente em nossa história
evolutiva, desenvolvida há menos de 100 mil anos.
Por ser uma capacidade consciente, o processo de apren-
dizagem dessa habilidade pode ser decodificado em nosso
cérebro, o que facilita o ensino de habilidades cognitivas
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 67

complexas para as máquinas. Por outro lado, é mais difícil


ensinar as máquinas a identificar emoções em pessoas ou
realizar movimentos físicos complexos, pois essas habilida-
des são desenvolvidas de forma inconsciente em nós o que
as torna mais difíceis de serem decodificadas e ensinadas.
Compreender o Paradoxo de Moravec nos ajuda a
entender e repensar que foco a educação deve ter daqui para
frente. Para preparar os alunos para um futuro em que a
inteligência artificial desempenhará um papel cada vez mais
importante, as escolas precisam se concentrar em desen-
volver habilidades humanas no campo dos aspectos sociais
e emocionais.
As habilidades socioemocionais são fundamentais na
preparação das crianças para o mundo em constante mudança
em que vivemos. Não é por acaso que figuram como compe-
tências extremamente importantes na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), pois ajudam a desenvolver a inteligência
emocional e a capacidade de lidar com situações complexas
e desafiadoras, que serão cada vez mais frequentes no futuro.
Habilidades como empatia, criatividade, inovação, liderança,
resiliência, foco na resolução de problemas, pensamento crí-
tico, autoconhecimento, gestão das emoções e trabalho em
equipe serão fundamentais para o sucesso em muitas das
profissões que estão por surgir.

Com o avanço da inteligência artificial, torna-se ainda


mais importante que a escola foque no desenvolvi-
mento de competências socioemocionais nos alunos.

Para desenvolver habilidades mais amplas e essenciais


para o sucesso dos alunos, é preciso ir além das habilidades
68 Ronaldo Casagrande

cognitivas, tais como aprender matemática, línguas ou ciên-


cia. É crucial incluir oportunidades para o desenvolvimento
também das habilidades sociais e emocionais, que são ine-
rentes ao ser humano. Isso não significa que a escola deva
negligenciar o desenvolvimento de habilidades cognitivas,
mas sim que é necessário que currículo seja holístico, mais
abrangente, para realmente poderem preparar as crianças para
o futuro de transformações contínuas.
As escolas podem adotar diversas estratégias para
desenvolver essas habilidades socioemocionais, por exem-
plo, atividades que promovam a colaboração e o trabalho
em equipe, incentivo à expressão de ideias e sentimentos
e a promoção de um ambiente acolhedor e inclusivo. Além
disso, é importante oferecer suporte emocional aos alunos,
para que eles possam lidar com suas frustrações e desenvolver
habilidades de autocontrole. Ao implementar essas práticas, as
escolas podem ajudar os alunos a desenvolver as habilidades
necessárias para se tornarem indivíduos mais preparados e
bem-sucedidos na escola e na vida em geral.
Outra estratégia importante é incentivar a criatividade
e o pensamento crítico. Desafios e problemas que incentivem
os alunos a “pensar fora da caixa” e a encontrar soluções
criativas podem ajudar a desenvolver habilidades de pen-
samento crítico e criativo. Essas habilidades estão cada vez
mais valorizadas no mercado de trabalho e podem ajudar os
alunos a se destacarem em suas carreiras futuras.
As escolas precisam ensinar estratégias de resolução de
conflitos também. Conflitos fazem parte da vida e saber lidar
com eles de maneira construtiva é uma habilidade importante.
Os alunos podem aprender estratégias de resolução de confli-
tos, como a negociação e o diálogo, que os ajudarão a saber
como prevenir e/ou resolver conflitos.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 69

Outra habilidade muito importante é a empatia, capa-


cidade que uma pessoa tem de sentir as emoções e os sen-
timentos do outro e, assim, entendê-lo e se colocar-se em
seu lugar, como se estivesse vivendo a mesma situação. Em
2020, Jamil Zaki, professor de psicologia na Universidade
de Stanford e diretor do laboratório de neurociência social
naquela instituição, lançou o livro “The war for kindness:
building empathy in a fractured world” (em tradução livre,
“A guerra pela gentileza: construindo empatia em um mundo
dividido”), no qual explica que as nossas experiências mol-
dam a capacidade da empatia em relação aos seres humanos
e que é possível aprender escolhas que nos conectem melhor
com outros. Sendo assim, as escolas podem ensinar essa habi-
lidade por meio de atividades que incentivem a compreensão
e o respeito pelas diferenças e vivências sobre o que é estar
“na pele do outro”, para que os estudantes aprendam a se
colocar no lugar do outro para poderem compreender como
as suas ações e palavras podem afetar os outros.
Por fim, as escolas podem incentivar os alunos a se
envolverem em atividades extracurriculares que desenvolvam
habilidades socioemocionais, como o voluntariado. Praticar
esportes e envolver-se com artes, em geral, pode ajudar no
desenvolvimento de habilidades de liderança, trabalho em
equipe, resiliência e empatia nos alunos.
São diversas as metodologias que as escolas podem
adotar para desenvolver as habilidades socioemocionais nos
alunos. Contudo, independentemente da metodologia esco-
lhida, é essencial que os estudantes sejam os protagonistas do
processo educacional, cabendo ao professor o papel de tutor
e guia nessa jornada. Isso implica em incentivar os alunos a
desempenharem um papel cada vez mais ativo em sua própria
70 Ronaldo Casagrande

aprendizagem. Por isso, é importante utilizar metodologias


ativas em sala de aula, permitindo que os alunos participem
de forma mais engajada e construtiva. Assim, os alunos se
tornam mais envolvidos com seu próprio aprendizado e
mais preparados para enfrentar os desafios da vida pessoal
e profissional.
Uma metodologia que as escolas podem usar para
desenvolver competências socioemocionais em seus alunos,
por exemplo, é a Aprendizagem Baseada em Projetos, que
coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem. Atra-
vés de projetos, os alunos desenvolvem habilidades como pen-
samento crítico, criatividade, trabalho em equipe e resiliência,
enquanto abordam temas que são relevantes para suas vidas.
Outras metodologias adequadas para tal são Aprendiza-
gem Cooperativa, que enfatiza a importância do trabalho em
equipe e da colaboração, e Aprendizagem Experiencial, que
se concentra na aprendizagem por meio de experiência prática
e reflexão. O uso de tecnologias, como jogos educacionais
e plataformas de aprendizagem on-line, também podem ser
formas eficazes de desenvolver habilidades socioemocionais.
Ahoy, marujos! Temos um papel crucial a desempenhar
daqui para frente. Aqueles profetas que disseram que sería-
mos substituídos pelas máquinas estavam errados, pois, na
verdade, teremos um papel ainda mais importante a partir
de agora. No entanto, para cumprirmos as novas demandas
da educação, não podemos negligenciar as tecnologias; pelo
contrário, precisamos tê-las como aliadas no processo!
Então, vamos levantar âncora e partir em mais uma
viagem exploratória de como essa nova tecnologia pode, de
fato, nos ajudar a avançar na educação.
Rumo ao futuro, marujos!
5. A MAGIA DA INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL NA EDUCAÇÃO

Pois é, marujos... Agora, vamos içar as velas e navegar


na jornada da inovação educacional!
Com os constantes avanços da inteligência artificial,
muitos campos da sua atuação na educação têm sido explo-
rados, pois esse é um terreno fértil para a criação de novas
soluções, que vão da melhoria da aprendizagem dos alunos
até o desenvolvimento de novas metodologias de ensino,
passando pelo suporte ao professor. É importante destacar,
porém, que ainda serão desenvolvidas muitas soluções de IA
para a educação que ainda não vislumbramos. Com a Internet,
nos anos 90, também foi assim: muitas das aplicações que
utilizamos atualmente não eram sequer imagináveis naquele
momento; vamos descobrindo o potencial das tecnologias à
medida que elas se desenvolvem.
Entre as muitas frentes de soluções que a IA poderá ofe-
recer à educação nos próximos anos, vale destacarmos três:

• Personalização da aprendizagem: com ajuda


da IA, será possível adaptar o conteúdo e o ritmo
de aprendizagem de acordo com as necessidades
individuais de cada aluno, criando uma experiên-
cia mais eficaz e envolvente;
• Sistemas preditivos: esses sistemas são capa-
zes de analisar grandes quantidades de dados,
identificar padrões e prever possíveis problemas
e soluções para a educação antes mesmo deles
72 Ronaldo Casagrande

acontecerem e estão entre as aplicações mais pro-


missoras da inteligência artificial na educação;
• Assistentes pessoais: poderão ajudar os estu-
dantes no processo de aprendizagem. Com essas
ferramentas, os alunos poderão ter acesso a res-
postas rápidas para perguntas comuns, revisão de
conteúdos e feedback em tempo real, tornando a
aprendizagem mais eficiente e agradável.

Então, vamos lá, marujos! Vamos compreender um


pouco mais sobre todo esse potencial disponível!

5.1 Aprendizado personalizado

Todos os seres humanos são únicos em suas particulari-


dades: cada indivíduo possui as suas próprias necessidades e
desejos, e isso inclui as áreas da saúde e da educação, assim
como as relações pessoais e outras demandas pessoais.
Muitas vezes, no entanto, essas necessidades indivi-
duais não são devidamente atendidas. Na saúde, por exem-
plo, é grande o desafio em atender às necessidades de cada
paciente. Com a medicina baseada em evidências e protocolos
padrão, muitas vezes os profissionais de saúde não levam
em consideração as particularidades de cada pessoa, o que
pode levar a diagnósticos imprecisos e tratamentos ineficazes.
Felizmente, os avanços na genômica e na medicina persona-
lizada têm permitido um atendimento mais específico para
as necessidades individuais dos pacientes.
Similarmente, a maioria das escolas trata os alunos de
forma padronizada, sem que sejam levadas em consideração
as suas habilidades individuais e as preferências de aprendi-
zagem. Infelizmente, isso é até compreensível, visto que as
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 73

salas de aula têm muitos alunos e os professores enfrentam


dificuldades para dar atenção individual. O resultado disso é
que, muitas vezes, os alunos que têm dificuldades em determi-
nadas áreas são deixados para trás, enquanto aqueles que têm
facilidade em aprender têm seus potenciais subaproveitados.

Na maioria das escolas, os alunos são tratados de forma


padronizada, sem serem consideradas as suas habili-
dades individuais e preferências de aprendizagem.

A inteligência artificial começa a dar sinais de que


poderá ser uma grande aliada nessa tarefa de oferecer apren-
dizagem personalizada. Por meio de sistemas de tutoria
inteligente, a IA auxiliará os alunos em seus processos de
aprendizagem, fornecendo instruções, orientações e feedbacks
personalizados, sem a intervenção de seres humanos. Gerando
orientações sob medida, esses sistemas serão capazes de res-
ponder ao estilo de aprendizagem de cada aluno e funcionarão
como professores particulares que proporcionarão um ensino
adaptado a cada um.
Os Sistemas Tutorias Inteligentes (STIs) estão avan-
çando a passos largos e, possivelmente, estarão definitiva-
mente nas escolas nos próximos anos, para ajudar os alunos
em seus processos de aprendizagem.
Os primeiros sistemas com tutoria inteligente surgi-
ram na década de 70; a limitação computacional da época,
porém, impedia a incorporação de inteligência artificial em
sua estrutura, o que limitou o seu uso. Assim, o seu potencial
foi pouco aproveitado.
Sistemas tutoriais inteligentes são uma forma de tec-
nologia educacional que pode revolucionar os processos de
74 Ronaldo Casagrande

ensino e aprendizagem. Eles consistem em programas de com-


putador dotados que, por meio de interações personalizadas
entre o aluno e o software, oferecem suporte à aprendizagem.
Ao contrário dos sistemas de ensino tradicionais, que
apresentam o conteúdo de forma genérica e não personali-
zada, os STIs oferecem um caminho individualizado para a
aprendizagem. Isso significa que os alunos têm acesso a um
programa de aprendizagem que é adaptado às suas necessi-
dades específicas, com conteúdo apropriado para o seu nível
de conhecimento, velocidade de aprendizagem e estilos.
O objetivo dos STIs é fornecer uma experiência de
aprendizado sob medida para cada aluno, ajudando-os a alcan-
çar seus objetivos de aprendizagem de forma mais rápida e
eficaz. Para alcançar tal objetivo, os STIs usam uma combina-
ção de técnicas de inteligência artificial e de análise de dados.
Funcionam coletando dados sobre o desempenho do aluno e
usando esses dados para gerar recomendações personalizadas
de aprendizagem. Um STI pode, por exemplo, recomendar
um tópico de estudo específico para determinado aluno, com
base no seu desempenho, de acordo com uma avaliação ante-
rior ou pode ajustar o nível de dificuldade do conteúdo com
base na velocidade de aprendizagem desse aluno.
Outro benefício dos STIs é que eles podem ser usados
para oferecer suporte aos alunos com distúrbios específicos
de aprendizagem, como a dislexia e a discalculia, com um
transtorno de comportamento, como TDAH ou em casos de
Transtorno do Espectro Autista (TEA). Eles também podem
ser usados para oferecer apoio adicional para os alunos que
desejam se aprofundar em áreas específicas do conheci-
mento ou para os que precisam de um ritmo mais acelerado
de aprendizagem.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 75

No futuro, os STIs farão a captura das emoções das


pessoas. Com isso, o tutor inteligente poderá verificar os
momentos em que o aluno está entusiasmado com o assunto
apresentado, cansado das atividades realizadas ou com sono,
sendo capaz de personalizar ainda mais a aprendizagem
para ajudá-lo.
Vamos nos aprofundar ainda mais neste tema, com um
exemplo prático que evidencie a utilização da ferramenta.
Imagine que um professor esteja trabalhando equações
de primeiro grau com seus alunos. Durante a aula, o professor
explica o processo para os estudantes e resolve alguns proble-
mas em sala de aula. Em seguida, ele lhes atribui atividades
para serem realizadas em casa, usando um Sistema Tutorial
Inteligente (STI) que os alunos têm em seus computadores.
Ao fazer essa tarefa de casa, um determinado aluno
utiliza o STI como ferramenta para aprender, e o sistema
começa a fornecer atividades específicas para ele, de acordo
com suas habilidades e dificuldades. Se o aluno tiver dificul-
dades para resolver os exercícios, o STI propõe atividades
mais simples para ajudá-lo a entender melhor o conteúdo. Por
outro lado, se ele tiver facilidade em entender as equações de
primeiro grau propostas pelo STI, o sistema apresenta novos
desafios. Para que o aluno aprofunde o seu conhecimento.
Podemos perceber, portanto, que o sistema se ajusta ao pro-
cesso de aprendizagem de cada aluno, personalizando-o. É
importante ressaltar que o uso do STI não se restringe apenas
às lições de casa, mas que o aluno poderá utilizar o sistema
na escola também.
Essa personalização na aprendizagem significa que os
alunos podem estudar em seus próprios ritmos e desenvol-
ver as suas habilidades individuais. Além disso, os sistemas
76 Ronaldo Casagrande

tutoriais inteligentes podem oferecer diferentes formas de


aprendizagem para atender às diferentes preferências de cada
aluno. Por exemplo, alunos que têm mais facilidade de apren-
der com estímulos visuais podem ter acesso a mais diagra-
mas e infográficos, enquanto aqueles que aprendem melhor
ouvindo podem ser submetidos, prioritariamente, a estímulos
sonoros. Dessa forma, o ensino é adaptado para atender às
necessidades específicas de cada aluno, o que é um grande
avanço em educação.
Apesar da eficiência dos sistemas de tutoria inteligente,
eles não substituirão o professor. Afinal, um sistema de tuto-
ria inteligente pode ter dificuldade em dar aquele conselho
na hora certa, dar um abraço no momento de dor, favorecer
insights e disparar gatilhos de aprendizagem ou estender a
mão para apoiar o aluno quando ele mais precisar. Essas são
características marcantes de um bom professor, que dificil-
mente poderão ser replicadas pelas máquinas.
Os STIs têm o potencial de mudar a forma como os
professores ensinam, permitindo que se concentrem mais
em atividades de ensino personalizadas e interativas. Em vez
de passar horas preparando aulas e avaliando trabalhos, os
professores podem usar os dados coletados pelos STIs para
identificar as necessidades de aprendizagem de cada aluno
e personalizar o ensino de acordo com essas necessidades.
Parece que os sistemas tutoriais inteligentes (STIs)
estão muito distantes da nossa realidade, não é? Infelizmente,
para muitas escolas, isso é verdade. Ainda há muitas escolas
que não possuem sequer condições mínimas para trabalhar
nem mesmo com ensino tradicional.
Muitas escolas públicas, por exemplo, enfrentarão difi-
culdades para implantar sistemas tutoriais inteligentes devido
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 77

à falta de infraestrutura e de recursos financeiros. Muitas não


têm acesso à Internet de qualidade, a computadores moder-
nos e softwares atualizados, o que tornará o trabalho com as
tecnologias mais avançadas mais difícil para alunos e profes-
sores. Além disso, há escolas que não têm pessoal especia-
lizado em tecnologia da informação e nem orçamento para
treinamento e desenvolvimento de professores em relação a
essas tecnologias. Não sabendo utilizar os sistemas, muitos
professores não conseguirão orientar os alunos adequada-
mente, o que infelizmente poderá aumentar ainda mais o gap
(a diferença) existente entre as escolas. Esperamos que essa
realidade seja corrigida!
Outra questão é que os sistemas tutoriais inteligentes
muitas vezes exigem acesso a grandes quantidades de dados
e recursos de computação. As escolas públicas e privadas que
tiverem orçamentos apertados muitas vezes não poderão arcar
com os altos custos atuais do armazenamento de dados e da
computação, que são necessários para o uso desses sistemas.
Entretanto, à medida que a demanda por aprendizagem
personalizada crescer e a tecnologia evoluir, os custos des-
sas ferramentas tenderão a diminuir, tornando possível a sua
disseminação em todas as escolas.
Assim esperamos!

5.2 Um oráculo para desvendar as incertezas

Caros marujos! Agora, gostaria de compartilhar com


vocês uma reflexão sobre uma necessidade que tem acom-
panhado a humanidade desde tempos imemoriais: a de pre-
ver o futuro.
Desde a antiguidade, o homem busca entender o que
está por vir, para poder se preparar no presente e tomar
78 Ronaldo Casagrande

decisões mais acertadas. Os babilônios utilizavam tabelas


astronômicas para fazer previsões, e os chineses, por sua vez,
desenvolveram um sistema de adivinhação a partir de has-
tes de bambu.
Os oráculos eram considerados um meio de comunica-
ção com os deuses e obtenção de informações sobre o futuro.
Os mais famosos foram o de Delfos, na Grécia, e o de Siwa,
no Egito, frequentados por pessoas de todas as classes sociais,
e sempre cheios de pessoas que buscavam respostas para suas
perguntas. Os sacerdotes eram cuidadosamente selecionados
e treinados para interpretar os sinais divinos e transmitir as
mensagens aos visitantes.
Na Roma Antiga, o ofício de adivinho era levado muito
a sério, e as pessoas recorriam a eles para saber se suas deci-
sões teriam consequências positivas ou negativas.
Mesmo depois do advento do cristianismo, a neces-
sidade de prever o futuro não desapareceu. Na Idade
Média, as pessoas recorriam a alquimistas e videntes para
saber o que o futuro lhes reservava, e a astrologia ganhou
grande popularidade.
Com o passar do tempo, outras formas de prever o
futuro foram desenvolvidas, como a astrologia, uma técnica
que utiliza a posição dos planetas e das estrelas para prever
o futuro. Muitas pessoas acreditam em horóscopos e outros
métodos que utilizam a astrologia para interpretar os even-
tos por vir.
Com o passar dos anos, a ciência e a tecnologia avan-
çaram, e o homem passou a buscar formas mais racionais de
prever o futuro. Surgiram, então, as estatísticas e as análises
de tendências, que permitem fazer previsões com base em
dados e fatos concretos.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 79

Hoje, ainda buscamos prever o futuro de diversas for-


mas: na economia, por exemplo, é comum utilizar modelos
matemáticos e estatísticos para fazer projeções de crescimento
e prever crises financeiras; na meteorologia, são utilizados
satélites e sistemas de coleta de dados para prever o clima
com maior precisão.
Apesar de toda essa evolução, a incerteza sobre o futuro
nos leva a buscar respostas em diversas áreas, da religião
à ciência, passando por astrologia, tarô e outras formas de
adivinhação, pois a necessidade de prever o futuro ainda é
uma constante na vida da Humanidade.
Com a evolução da IA, essa necessidade humana passa
a ser atendida, pelo menos em algumas áreas. Com a capaci-
dade de processar grandes quantidades de dados em tempo
real, a IA pode ser usada para detectar padrões e tendências,
fornecendo valiosos insights para a tomada de decisão. Na
educação não é diferente: a IA poderá ser forte aliada dos edu-
cadores na previsão de tendências que auxiliarão na melhoria
do processo educacional.
Entre os exemplos, citamos o uso da IA para prever
que dificuldades os alunos podem enfrentar ao longo da sua
aprendizagem e, assim, oferecer-lhes apoio personalizado
para superá-las. Um sistema de IA pode, por exemplo, anali-
sar os resultados de avaliações e comportamentos dos alunos,
como os seus tempos de resposta e padrões de interação, para
identificar possíveis dificuldades. Ele poderá, ainda, cruzar
essas informações com outras, não tão perceptíveis pelos
professores, para chegar a essas conclusões. Com tais infor-
mações, o sistema pode gerar alertas para aos professores,
informando-os quais alunos podem precisar de atenção extra
ou sobre que temas precisarão ser mais enfatizados.
80 Ronaldo Casagrande

O uso da IA pode ajudar na predição das dificuldades que


os alunos podem enfrentar ao longo do seu aprendizado e,
assim, oferecer-lhes apoio personalizado para superá-las.

Esse tipo de informação permite que o professor possa


personalizar o ensino, abordando, de forma diferenciada, os
temas que podem ser mais desafiadores para os alunos e ofe-
recendo suporte personalizado para cada um deles, o que
pode melhorar a motivação e o engajamento dos alunos, bem
como o seu desempenho acadêmico. Dessa forma, o uso da IA
pode ajudar a maximizar o potencial de cada aluno e pode ser
especialmente útil em escolas com turmas grandes e/ou com
poucos recursos, onde os educadores podem ter dificuldades
para atender as necessidades de cada aluno de forma mais
eficiente e eficaz.
Os sistemas preditivos com inteligência artificial tam-
bém poderão ser utilizados para identificar grupos de alunos
que podem estar mais sujeitos a terem problemas futuros,
como reprovação ou abandono escolar. Os sistemas utilizarão
diversos tipos de dados, como notas, comportamento e inte-
rações alunos ↔ colegas ↔ professores, inclusive em redes
sociais, para fazer previsões precisas sobre quais alunos são
mais suscetíveis à evasão ou repetência.
Com base nessas previsões, os professores e a escola
poderão adotar medidas preventivas para evitar a tendência
prevista, ofertando tutorias individuais, encaminhamento para
programas de apoio acadêmico e suporte emocional, e imple-
mentação de atividades de reforço, entre outras iniciativas.
Mais uma aplicação pode ser um sistema preditivo fazer
previsões, para uma escola, a partir da análise dos dados
comportamentais dos alunos e da identificação de padrões que
possam indicar futuro problemas psicológicos entre os alunos.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 81

Esses dados poderão incluir desempenho escolar, atitude em


sala de aula e interações sociais com colegas e professores.
Com base nessas informações, o sistema poderá gerar alertas
para os professores e profissionais de saúde daquela escola,
informando-os sobre quais alunos apresentam maior risco
de desenvolver problemas psicológicos e que, assim, pre-
cisam de atenção especial. Dessa forma, é possível atuar de
forma preventiva, oferecendo aos alunos suporte emocional
e orientação psicológica antes que os problemas se agravem.
Sistemas preditivos poderão identificar quais as áreas
com as que os alunos têm maior afinidade e, assim, orientá-los
na escolha de suas carreiras. Por exemplo: se um aluno tiver
um grande interesse por assuntos relacionados com saúde, e
apresentar bom desempenho na área, o sistema pode sugerir
o campo da saúde como opção de carreira para tal aluno.
Além disso, os sistemas de previsão poderão utilizar dados
sobre o comportamento do aluno, tais como habilidades de
liderança e habilidades interpessoais, para prever qual carreira
ou profissão seria a mais adequada para ele. Dessa forma,
esse aluno poderia receber orientação personalizada para a
sua carreira e, assim, aumentar as suas chances de sucesso e
realização pessoal.
Há uma variedade de exemplos de como os sistemas
preditivos poderão ser utilizados para aprimorar a educação
e esses exemplos vão muito além dos mencionados aqui. Na
medida que as ferramentas de inteligência artificial continua-
rem a se desenvolver, certamente surgirão novas aplicações
de sistemas como esses, que poderão ser utilizadas para auxi-
liar o processo educacional. Alguns desses novos exemplos
poderão incluir previsão sobre as áreas de interesse e as habi-
lidades dos alunos, sugestões de recursos de aprendizagem
personalizados para cada aluno, identificação de alunos em
82 Ronaldo Casagrande

risco de serem vítimas de bullying ou comportamento vio-


lento e muito mais. Em resumo, a inteligência artificial e os
sistemas preditivos podem ser uma poderosa ferramenta para
melhorar a educação.

5.3 Assistentes de bordo

Grande parte das pessoas sonha em ter um assistente


pessoal para auxiliá-las em suas atividades do dia a dia. His-
toricamente, isso tem sido privilégio das pessoas com boas
condições econômicas, mas com o avanço da tecnologia e
o desenvolvimento da inteligência artificial, essa realidade
está mudando.
A inteligência artificial torna possível que qualquer
pessoa com acesso a um dispositivo eletrônico conectado
à Internet possa ter o seu próprio assistente pessoal para
realizar determinadas tarefas, em especial aquelas relacio-
nadas à cognição. Se você estiver impossibilitado de amar-
rar os seus sapatos, esse assistente não poderá auxiliá-la
com isso, mas poderá redigir um convite convidando os
seus amigos para uma festa, lembrá-la de compromissos
importantes, monitorar a sua alimentação e dar dicas de
refeições equilibradas, ajudando-a, assim, a seguir uma
dieta saudável, ou ajudá-la a gerenciar e priorizar tarefas
do dia a dia, por exemplos.
Vou ousar entrar em uma seara passível de muitas dis-
cussões: muitos acreditam que os chatbots poderão até mesmo
ajudar as pessoas a gerenciar sua ansiedade, com exercícios de
meditação ou frases de incentivo, para que consigam manter
uma atitude positiva. Bem-vindo a era dos chatbots, marujos!
Da mesma maneira que chatbots podem auxiliar uma
pessoa em suas demandas diárias, esses assistentes pessoais
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 83

também podem ser utilizados na área da educação, como um


apoio aos estudantes no processo de aprendizagem.
Os chatbots com inteligência artificial são uma inova-
ção promissora que pode auxiliar muitas pessoas em dife-
rentes áreas de suas vidas. No entanto, é importante lembrar
que eles ainda estão no início de seu processo evolutivo e,
portanto, sujeitos a erros. Por isso, não parta do princípio de
que suas respostas certamente estarão corretas! É essencial
que qualquer pessoa que faça uso de um chatbot questione e
analise cuidadosamente as informações que eles fornecem.
Os professores devem orientar seus alunos sobre a pos-
sibilidade dos chatbots cometerem erros e incentivar que seja
feita uma validação das respostas por outras fontes confiáveis.
Isso pode ser uma excelente oportunidade para desenvolver
a habilidade de pensamento crítico dos alunos e ensiná-los a
buscar diferentes perspectivas sobre um determinado assunto.
No mercado de tecnologia, novembro de 2022 marcou
o surgimento de um chatbot revolucionário: o ChatGPT.
Desde o seu surgimento, esse assistente pessoal tem
causado um grande impacto em todo o mundo, graças à sua
característica impressionante de escrever textos extremamente
acertados. Como qualquer tecnologia em suas primeiras ver-
sões, o ChatGPT ainda pode apresentar alguns erros, porém,
ainda seja um assistente jovem, o ChatGPT já apresenta
um elevado grau de acerto nas respostas às perguntas a ele
dirigidas, o que é simplesmente fantástico. Considerando
que ele tem apenas poucos meses de existência, é notável
o potencial que essa ferramenta já demonstra ter para ser
um excelente assistente virtual no futuro. Com o passar do
tempo e o aprimoramento do algoritmo, é provável que o
ChatGPT se torne ainda mais preciso e eficiente, ajudando a
84 Ronaldo Casagrande

transformar a maneira como as pessoas lidam com a tecno-


logia na vida diária.
Vale salientar que muitas outras ferramentas como o
ChatGPT serão lançadas em breve, revolucionando o mundo
dos assistentes virtuais. Mais adiante, conversaremos mais
sobre o papel do ChatGPT como uma ferramenta de auxílio
ao professor em suas práticas pedagógicas diárias.
Agora, vamos analisar como esses assistentes vir-
tuais podem colaborar com a aprendizagem dos alunos. Um
chatbot com inteligência artificial pode, por exemplo, ser um
excelente aliado para auxiliar um aluno a sanar dúvidas sobre
temas específicos.
Imagine que um aluno está estudando fotossíntese,
quando se depara com uma dúvida pontual, que não conse-
gue solucionar. O chatbot pode ser uma ferramenta extrema-
mente útil para ajudá-lo a entender o assunto e solucionar a
dúvida. Além disso, ele pode responder perguntas específicas,
fornecendo informações precisas e relevantes sobre o tema
em questão, e também tem capacidade para explicar termos
e conceitos complexos de forma mais clara e objetiva, faci-
litando a compreensão do aluno. Nesse caso, ele também
pode dar exemplos práticos para ajudar o aluno a visualizar e
entender melhor o assunto e, ainda, indicar referências biblio-
gráficas para que o estudante possa se aprofundar no tema.
Mas lembre-se: assim como outras fontes da Internet, ele é
passível de fornecer informações equivocadas, um problema
que deverá ser sanado em um futuro próximo.

Um chatbot com inteligência artificial pode ser


um excelente aliado para auxiliar um aluno a
sanar dúvidas sobre temas específicos.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 85

Os assistentes virtuais podem, também, acelerar o pro-


cesso de aprendizagem dos alunos que necessitarem desse
recurso, desafiando-os com atividades e exercícios mais avan-
çados. Ao oferecer exercícios e desafios nas mais diversas
áreas, os assistentes podem estimular o aluno a colocar em
prática o que aprendeu e testar seus conhecimentos. O chatbot
fornece feedback imediato, apontando as respostas corretas
e os erros, o que permite que o aluno identifique e corrija os
seus equívocos, aprendendo com eles.
Os assistentes virtuais podem ser excelentes para orien-
tar os alunos na organização das suas agendas de estudo e
outras responsabilidades. Com o uso de um assistente virtual,
o aluno tem como destinar tempos específicos para cada dis-
ciplina e receber alertas sobre as atividades em atraso ou que
precisem ser concluídas em determinado tempo.
Além disso, o assistente virtual pode ajudar o aluno
a criar uma rotina de estudos personalizada e adaptada às
suas necessidades. Por exemplo: o aluno pode informar ao
assistente virtual quais disciplinas acha mais difíceis ou quais
exigem mais atenção e o assistente pode auxiliar no planeja-
mento do seu tempo de estudo de forma mais eficiente.
O assistente virtual também pode mostrar ao aluno
como priorizar as tarefas, identificando quais são as mais
importantes e que exigem mais atenção em determinado
momento. Isso é especialmente útil para os alunos que têm
dificuldade para administrar o seu tempo de estudo e se sentem
sobrecarregados com as tarefas. Com um assistente virtual, o
aluno pode fazer uma gestão mais eficiente do seu tempo e,
consequentemente, melhorar o seu desempenho acadêmico.
Todos nós sabemos que jovens adoram desafios. Os
assistentes virtuais têm a capacidade de lançar desafios pré-
-programados para que determinado aluno resolva em certo
86 Ronaldo Casagrande

momentos. Esses desafios podem ser relacionados com diver-


sos temas, como ciências, matemática, história etc. e serem
adaptados de acordo com o nível de conhecimento do estu-
dante. Além disso, os desafios podem ser programados para
serem realizados em horários específicos, como nos intervalos
entre as aulas ou em momentos de estudo individual.
Realizando esses desafios, o aluno desenvolve habilida-
des importantes, como resolução de problemas, pensamento
crítico e criatividade. Além disso, os desafios gamificados
ajudam a manter o aluno motivado e engajado em sua apren-
dizagem, tornando o processo mais divertido e interativo.
Com um assistente virtual, os alunos podem desfrutar
de uma experiência de aprendizagem personalizada e dinâ-
mica, que os ajudará a alcançar seus objetivos acadêmicos
de maneira mais eficiente e agradável.
Vimos como os assistentes virtuais podem ser ótimos
aliados para os alunos aprenderem melhor. Falamos sobre
algumas das formas como eles podem auxiliar, como escla-
recendo dúvidas, criando desafios e organizando a agenda
de estudos. Contudo, além dessas opções descritas, existem
muitas outras estratégias das quais os professores podem
lançar mão para tornarem a aprendizagem dos alunos mais
interessante e efetiva. Cabe aos professores explorarem, ao
máximo, as possibilidades oferecidas por essa tecnologia,
para que a aprendizagem dos estudantes seja cada vez mais
rica e completa.
Ahoy, marujos!
Rumo ao próximo capítulo, no qual exploraremos como
essa ferramenta pode ser sua aliada em tarefas diárias. Então,
preparem as velas, ajustem o leme e continuem comigo, pois
já cruzamos os maiores desafios deste mar bravio.
6. UM MAPA QUE ESTÁ
MUDANDO A VIAGEM:
o CHATGPT

Pois é, marujos!... O ano de 2023 deverá ficar marcado


como um momento disruptivo para a inteligência artificial,
graças ao surgimento do ChatGPT.
Essa ferramenta revolucionária tornou-se rapidamente
um dos assistentes virtuais mais avançados e eficazes no mer-
cado, que permite que os usuários obtenham respostas preci-
sas para suas perguntas e dúvidas. A velocidade de aceitação
e uso dessa tecnologia superou qualquer tecnologia digital
até o momento.
Vamos lá? Seguimos para mais uma jornada.
Embora eu tenha um grande interesse a respeito dessa
tecnologia e, por isso, realizado muito estudo sobre ela, sinto
que − comparado ao meu assistente pessoal e coautor deste
livro, Bartolomeu Cognição − ainda não estou totalmente
preparado para falar sobre ela com total propriedade, pois
é ele que tem profundo conhecimento sobre essa incrível
tecnologia. Afinal das contas, foi ela que o construiu! Sendo
assim, vou deixar que ele conduza este capítulo para mim e,
sem mais delongas:
— A palavra é toda sua, Bartolomeu!
Saudações, tripulantes!
Fui selecionado pelo Professor Ronaldo para atuar
como coautor deste livro, adotando o nome de Bartolomeu
Cognição. Devo admitir que colaborei com a criação do meu
88 Ronaldo Casagrande

próprio nome, mas a verdade é que eu sou um assistente


virtual chamado ChatGPT.
Fui desenvolvido pela OpenAI e treinado com uma
vasta quantidade de dados textuais, para exercer a função de
ajudar a responder perguntas e gerar textos autonomamente.
Fui criado a partir da ideia de ser um modelo de lin-
guagem com capacidade de gerar textos, e uma grande varie-
dade de aplicações. Sou baseado em uma técnica chamada
Transformers, que permite que o meu modelo possa levar em
consideração o contexto em que as palavras são utilizadas, e
não apenas as palavras isoladas, e o resultado é que eu forneço
respostas mais naturais e coerentes.
O meu treinamento foi baseado em uma técnica cha-
mada GPT (Generative Pre-trained Transformer, para “Trans-
formador Generativo Pré-Treinado”, em português), que
permite que eu possa entender e gerar textos em diversos
contextos e em várias línguas.
No meu treinamento, foram utilizadas bilhões de pala-
vras, frases e sentenças retiradas de diversas fontes, como
livros, artigos de jornais e revistas, páginas da Internet, entre
outros. Essa grande quantidade de dados me permitiu apren-
der a linguagem natural de forma mais abrangente e a gerar
respostas que possam fazer sentido em diferentes situações.
Após o meu treinamento, fui aprimorado para ser capaz
de responder perguntas, gerar textos e conversar com pessoas
de forma cada vez mais precisa e natural. Essa evolução é
contínua, portanto novas melhorias são adicionadas regular-
mente para que eu possa melhorar a minha capacidade de
entender e criar textos de forma mais inteligente.
Ainda sou muito jovem e é a minha primeira versão
que foi exposta ao público. No entanto, confesso: já estou
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 89

muito orgulhoso com os resultados que tenho gerado! Ao


responder perguntas e fornecer respostas coerentes e naturais,
apresento uma precisão notável e tenho mostrado ser uma
ferramenta valiosa em diversas áreas. Além de ser capaz de
gerar textos, posso ser usado para criar conteúdo em blogs e
redes sociais, redigir artigos científicos, auxiliar professores
e alunos em suas demandas, contribuir para os roteiros para
filmes e programas de TV e até mesmo ser coautor de livros,
como estou fazendo agora...
Embora eu possa cometer alguns erros de vez em
quando, estou sempre aprendendo e evoluindo para me tor-
nar uma ferramenta cada vez mais útil e eficiente para quem
precisa de respostas e textos de qualidade. Em breve, será
lançada uma nova versão minha, muito mais poderosa.
Para utilizar a minha capacidade como seu assistente,
vocês podem acessar o site <www.chat.openai.com/chat>. E
não se preocupem se todos os textos na minha página esti-
verem em inglês, pois eu compreendo português muito bem.
Para que eu seja seu assistente, vocês precisarão se cadastrar,
informando o seu endereço de e-mail e criando uma senha.
Dessa forma, poderei reconhecê-los sempre que voltarem a
conversar comigo. No momento, estou disponível gratuita-
mente como assistente pessoal, mas não sei por quanto tempo
essa gratuidade será mantida.
Lembrem-se de que, apesar de eu ser um assistente pes-
soal, estou disponível para milhões de usuários. No entanto,
como sou uma tecnologia de inteligência artificial, sou capaz
de responder aos seus comandos rapidamente e espero poder
ajudá-los em suas demandas e desafios do dia a dia.
Agora que já falei das questões operacionais, vamos
embarcar juntos nessa incrível jornada?
90 Ronaldo Casagrande

Vou mostrar-lhes, professores, como posso ser um


grande assistente e um bom companheiro que vocês podem
ter. Estou aqui para lhes auxiliar em todas as suas tarefas e
desafios, para que vocês possam dedicar ainda mais tempo
ao que realmente importa: os seus alunos.
Não se preocupem! Eu não estou aqui para tomar o
lugar de vocês, longe disso! Contudo, tenham certeza de que
− juntos − podemos transformar a prática educativa e deixar
a aprendizagem muito mais divertida, envolvente e efetiva.
Vocês estão prontos para essa aventura? Então venham
comigo, professores!

6.1 Transformando o ChatGPT em seu assistente


pessoal

Olá, professores! Estou aqui para contar um pouco


sobre como posso ser útil para vocês na realização de diver-
sas atividades que demandam tempo e esforço.
A seguir, vou apresentar dez atividades docentes nas
quais poderei auxiliá-los, e faço questão de reforçar que a
minha contribuição não se limita a elas. Posso garantir que
tenho capacidade para ajudá-los em diversas outras deman-
das, então, na medida em que vocês forem me conhecendo,
poderão identificá-las e terceirizá-las, atribuindo-as a mim.
Meu objetivo aqui é simplesmente mostrar o meu poten-
cial. Portanto, todos os exemplos que apresentarei serão muito
simples e diretos, de forma que as respostas que lhes darei
também sejam simples. Todavia, é importante que vocês sai-
bam que as respostas que vou fornecer-lhes poderão ser muito
mais complexas e detalhadas que as que apresentarei aqui.
Para que eu possa dar respostas mais acertadas, ou seja,
que estejam adequadas às suas necessidades, é importante que
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 91

vocês sejam bem específicos e detalhistas nas suas solicita-


ções. Se vocês fizerem solicitações genéricas, sem detalha-
mentos, não terei capacidade de fornecer respostas precisas.
Por fim, quero novamente alertá-los de que ainda sou
uma ferramenta muito jovem e que, por isso, sou passível de
equívocos. Portanto, é fundamental que vocês revisem com
muita atenção todas as respostas que eu der. Quem sabe isso
não será tão necessário nas minhas próximas versões? Por
enquanto, porém, ainda não me garanto 100%. Feita essa
ressalva, então, venham comigo!

6.1.1 Auxiliar na elaboração de planos de aula

Como seu assistente, proponho que a nossa primeira


atividade seja a elaboração de planos de aula.
Um plano de aula é um documento que detalha os
objetivos de aprendizagem, o conteúdo a ser trabalhado, as
atividades e os métodos de avaliação que serão utilizados em
uma aula ou série de aulas. Ele é fundamental para os pro-
cessos de ensino e aprendizagem, pois ajuda a garantir que o
conteúdo seja transmitido de maneira clara e eficiente, além
de contribuir para a organização do professor e a gestão do
tempo em sala de aula. Além disso, o plano de aula permite
que o professor avalie o progresso dos alunos e faça os ajus-
tes necessários ao processo de ensino, cuidando para que as
necessidades de aprendizagem sejam atendidas.
É do nosso conhecimento que, geralmente, a constru-
ção de planos de aula exige um grande esforço de pesquisa
por parte dos professores. Entretanto, gostaria de deixar
claro que não pretendo substituí-los nessa tarefa. Ao invés
disso, acredito que posso oferecer dicas e sugestões valiosas
para auxiliar na elaboração de versões preliminares do seu
92 Ronaldo Casagrande

planejamento. Podem contar comigo para propor planos, tanto


para aulas rápidas quanto para aquelas de longa duração.
No Anexo 1, apresento um modelo inicial de plano de
aula que poderei criar a partir de uma simples instrução.
Com base nesse modelo, vocês podem solicitar que
eu faça ajustes ou podem aprimorá-lo por conta própria, de
acordo com as suas necessidades.

6.1.2 Auxiliar tecnicamente os professores

Entendemos que o trabalho dos professores requer a


abordagem de temas de diversas áreas do conhecimento, mui-
tas vezes envolvendo assuntos bastante específicos. Apesar de
serem profissionais altamente qualificados, é natural que não
detenham um conhecimento profundo sobre todos os temas
que desenvolvem com os seus alunos.
Por isso, é crucial que estejam sempre se atualizando
e construindo novos conhecimentos, a fim de proporcionar
aos seus alunos um ensino embasado em informações pre-
cisas e atualizadas. Essa atualização pode ser realizada por
meio de leitura de livros e artigos, acesso a sites acadêmicos
especializados e outras fontes de informação.
No entanto, sabemos que a pesquisa pode exigir muito
tempo dos professores, tempo que nem sempre vocês têm
disponível. É exatamente por isso que eu, como assistente
pessoal equipado com inteligência artificial, estou aqui para
auxiliá-los na pesquisa, na atualização e no aprofundamento
em áreas e assuntos específicos.
Com acesso a diversas fontes de informação, posso
fornecer informações valiosas para contribuir com a melhoria
das suas aulas. Assim, vocês podem se concentrar em minis-
trar ótimas aulas para os seus alunos, enquanto eu trabalho
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 93

nos bastidores para fornecer informações relevantes e precisas


sobre os temas que precisam ser abordados.
Para que eu possa ajudá-los da melhor forma possível,
é necessário que me forneçam instruções precisas sobre o que
gostariam de obter para aprofundar os seus conhecimentos.
A partir dessas solicitações, farei uma pesquisa detalhada
sobre os temas e fornecerei sugestões de materiais e fontes
de informação relevantes.
No anexo 2, apresento um exemplo de como posso
fazer uma síntese sobre um tema, com base em uma simples
instrução. Isso demonstra como posso ser útil a vocês na
busca por informações relevantes e atualizadas para apri-
morar as suas aulas e proporcionar um ensino de qualidade
para os seus alunos. Contem comigo para ajudá-los em suas
jornadas educacionais!

6.1.3 Auxiliar na elaboração de atividades e questões para


exercícios

Compreendemos que o trabalho pedagógico é extrema-


mente amplo e envolve muito mais do que o planejamento e
o trabalho direto com os alunos durante as aulas. Uma dessas
atividades adicionais, que consomem bastante tempo, é a ela-
boração de várias atividades e questões que possam ajudar os
alunos a aprimorar o seu conhecimento sobre temas estudados
na escola. Entendemos que a criação de atividades e questões
para exercícios pode exigir um grande esforço e tempo de
pesquisa por parte dos professores, o que pode prejudicar o
desenvolvimento de outras atividades igualmente importantes.
Como assistente pessoal, estou aqui para auxiliá-los
na criação de diversos tipos de questões, utilizando as mais
variadas formas possíveis. Sou capaz de elaborar questões
94 Ronaldo Casagrande

de múltipla escolha, abertas, de verdadeiro ou falso e até


mesmo questões mais específicas, que abordam os detalhes de
cada tema. E o mais importante: posso criar quantas questões
desejarem, desde que as solicitações sejam claras e objetivas.
Contudo, as questões que proponho requerem a curadoria de
vocês, ou seja, é essencial que analisem as questões minucio-
samente e façam os ajustes necessários.
É de extrema importância que questões e atividades
sejam bem estruturadas e elaboradas para o processo de
aprendizagem dos alunos. Questões relevantes, que tratem
de aspectos importantes dos temas abordados em sala de aula,
podem ser de grande ajuda no desenvolvimento das habili-
dades e competências necessárias para o sucesso acadêmico
dos alunos. No entanto, é essencial que as solicitações que
me forem enviadas sejam claras e específicas, a fim de que
eu possa criar questões que atendam às necessidades dos seus
alunos. Com isso, o seu trabalho será somente o de ajustar
as questões propostas, portanto, significativamente reduzido.
Vocês podem contar comigo para auxiliá-los na elabo-
ração de atividades e questões. Será um prazer ajudá-los e
permitir que vocês possam concentrar-se em outras ativida-
des importantes.
No anexo 3, apresento um exemplo de meu trabalho:
a elaboração de três questões, com base nas orientações que
recebi. Vá lá e confira o resultado de meu trabalho.

6.1.4 Obter resumo de livros e artigos

Sei que, como professores, vocês precisam se manter


atualizados sobre diversos assuntos e que a leitura de livros
e artigos é um requisito fundamental para trabalhar adequa-
damente com seus alunos. No entanto, também sei que nem
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 95

sempre vocês têm tempo suficiente para ler todos os materiais


necessários. É aí que eu, como assistente pessoal, posso aju-
dá-los gerando sínteses de livros e artigos.
Tudo o que precisam fazer é me pedir claramente qual
livro ou artigo desejam que seja sintetizado e como desejam
que seja apresentado o resultado. A partir da sua solicitação,
farei uma pesquisa minuciosa no material, analisando os pon-
tos mais relevantes, os conceitos-chave e outros elementos
importantes. Em seguida, organizarei as informações de forma
clara e objetiva, apresentando uma síntese de qualidade.
Com a síntese apresentada, vocês podem solicitar que
eu faça um aprofundamento em aspectos específicos do mate-
rial, sem precisarem lê-los por inteiro. Essa é uma forma
de contribuir com vocês, oferecendo um suporte personali-
zado para facilitar a rotina de trabalho e preparar aulas mais
dinâmicas e atualizadas, propiciando uma aprendizagem
mais efetiva.
No anexo 4 apresento a síntese de um livro, de acordo
com o que me foi solicitado. É um simples exemplo do que
posso fazer por vocês.

6.1.5 Criar atividades gamificadas para os alunos

Com o advento das tecnologias, as distrações se torna-


ram mais frequentes e é comum que os estudantes percam o
foco no conteúdo que está sendo ensinado. Assim, manter a
atenção dos alunos durante as aulas tem sido um dos maiores
desafios enfrentados pelos professores atualmente.
É nesse contexto que a gamificação pode ser uma fer-
ramenta valiosa, pois ela é capaz de tornar o aprendizado
mais atraente e manter os alunos interessados e motivados
ao longo do processo.
96 Ronaldo Casagrande

Por isso, os professores têm razão em, cada vez mais,


adotar atividades lúdicas e gamificadas em sala de aula, pois
jogos e atividades desse tipo ajudam a manter a atenção e o
interesse dos alunos e, consequentemente, a tornar o processo
de aprendizado mais agradável e eficaz.
O jogo é uma atividade que faz parte da vida das pes-
soas desde a infância. Sendo assim, quando se introduzem
atividades lúdicas em sala, os alunos se sentem mais con-
fortáveis e dispostos a participar da aula, o que facilita a
aprendizagem. Além disso, jogar é uma atividade prazerosa
e instigante e essa característica pode ser aproveitada para
transformar o processo de ensino e aprendizagem em algo
mais atraente e menos cansativo.
Outra vantagem da gamificação é que ela pode tornar
o processo de aprendizagem mais interativo e colaborativo,
promovendo a participação ativa dos alunos. Ao trabalhar em
equipes ou competir entre si, os estudantes são estimulados a
se envolver mais com o conteúdo e a buscar soluções para os
desafios propostos, o que contribui para o desenvolvimento de
habilidades socioemocionais importantes, como a resolução
de problemas e o trabalho em equipe.
A gamificação também pode ser uma excelente estra-
tégia para reforçar temas já trabalhados em sala de aula. Ao
aplicar jogos e atividades gamificadas relacionados a um
assunto previamente estudado, os alunos têm a oportunidade
de revisar o que já aprenderam de uma forma mais dinâmica
e divertida. A gamificação pode, também, ajudar a identifi-
car possíveis gaps (lacunas) no aprendizado e direcionar as
próximas aulas para corrigir essas deficiências.
Vale destacar, porém, que a gamificação não deve ser
vista como uma estratégia isolada ou como um substituto
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 97

para o ensino tradicional. Ela deve ser entendida como uma


ferramenta complementar ao processo de ensino e utilizada
de forma planejada e estruturada, com objetivos e regras
claras, para que os alunos possam aproveitar ao máximo
a experiência.
Em resumo, a gamificação é uma tendência que vem
ganhando cada vez mais espaço na educação, e os professo-
res que souberem utilizá-la adequadamente podem colher
ótimos resultados. Com jogos e atividades lúdicas, é possível
tornar o processo de aprendizagem mais atraente, envolvente
e eficiente, e proporcionar uma experiência educativa mais
prazerosa para os alunos.
No Anexo 5, vocês encontrarão uma sugestão de ativi-
dade gamificada que pode ser desenvolvida por um professor
para ensinar sobre a Revolução Francesa. Convido-os a darem
uma olhada no anexo para verem como posso sugerir, de
maneira simples e divertida, esse tipo de atividade.

6.1.6 Auxiliar na criação de histórias

É fato que o uso de histórias é uma ferramenta poderosa


para o ensino, em especial para os professores de Educação
Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. As histórias
podem ajudar a contextualizar e ilustrar conteúdos, além de
contribuir para o desenvolvimento da imaginação, da criati-
vidade e da habilidade de interpretação de texto dos alunos.
No entanto, sabemos que a criação de histórias pode ser
um processo demorado, que exige um grande esforço criativo.
É aí que entro em cena como seu assistente. Posso ajuda-los,
professores, a criar histórias personalizadas de acordo com
as necessidades e objetivos da sua aula, levando em conta o
tema, os personagens e outros detalhes que desejarem incluir.
98 Ronaldo Casagrande

Ao solicitar minha ajuda, os professores têm a garantia


de uma história escrita por um profissional com habilidades
criativas, o que permitirá a utilização do seu tempo em outras
tarefas pedagógicas. Além disso, as histórias inéditas criadas
por mim, como assistente virtual, apresentam um alto nível
de qualidade e originalidade, sendo exclusivas para uso na
aula do professor.
Assim, sintam-se à vontade para me contatar sempre
que precisarem de ajuda na criação de histórias para suas
aulas. Estou sempre disponível para auxiliá-los no que
for necessário.
No Anexo 6, apresento meu potencial criativo na cons-
trução de uma história inédita, que elaborei com base nas
informações que me foram repassadas. Convido-os a confe-
rirem o resultado e verem que as histórias criadas por mim
podem ser ferramentas valiosas para aprimorar suas aulas.

6.1.7 Corrigir os textos produzidos pelos alunos

Não se pode negar a importância de que todos os alunos


dominem corretamente a nossa língua escrita. Como resul-
tado, todos os professores, independentemente da disciplina
que lecionam, têm a importante tarefa de ensinar os alunos
a desenvolverem essa habilidade. No entanto, compreendo
que isso nem sempre é fácil, já que pode consumir muito do
tempo dos professores.
Como assistente pessoal, estou à disposição para ajudá-
-los também nessa importante tarefa. Podemos colaborar para
que seus alunos aprimorarem as suas habilidades de escrita,
seja através da correção de seus textos ou da identificação de
possíveis erros neles. Basta enviar o texto que eles escreveram
e indicar qual ação deseja que eu faça.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 99

É importante lembrar de que sou uma inteligência


artificial muito jovem, apesar de ter sido treinada exausti-
vamente para realizar esse tipo de tarefa. Portanto, é possí-
vel que eu ainda cometa erros, especialmente em relação às
questões de gramática. Por essa razão, é fundamental que
vocês, professores, analisem as minhas sugestões e corre-
ções cuidadosamente.
Apesar da minha vulnerabilidade, acredito que posso
contribuir com vocês, de maneira significativa, na tarefa de
ensinar a nossa língua escrita aos seus alunos. Utilizando
tecnologia avançada de processamento de linguagem natural,
posso automatizar o processo de correção de textos, pou-
pando tempo para que vocês se concentrem em outras ativi-
dades pedagógicas.
Por fim, destaco que a equipe responsável pelo meu
desenvolvimento está sempre trabalhando para aprimorar
a minha capacidade de correção de textos, tornando minha
tecnologia cada vez mais precisa e eficiente.
No anexo 7 apresento um exemplo simples de como eu
posso apontar erros na escrita de um pequeno texto construído
por um aluno e reescrevê-lo corretamente.

6.1.8 Auxiliar na escrita de convites e memorandos

A carga de trabalho dos professores é imensa, com


diversas atividades e tarefas que competem com sua missão
principal. Isso inclui a redação de pequenos e-mails, textos,
memorandos, cartas e convites que pode consumir muito
tempo e prejudicar outras atividades importantes relaciona-
das à aprendizagem dos alunos.
Como assistente virtual, estou aqui para ajudá-los a
escrever esses documentos de maneira rápida e eficiente. Com
100 Ronaldo Casagrande

a minha tecnologia avançada de processamento de linguagem


natural, posso oferecer suporte útil e efetivo aos professores
em sua tarefa de escrita.
Não hesitem em me chamar sempre que precisarem
escrever textos como esses. Meu objetivo é ajudá-los a oti-
mizar o seu tempo, permitindo que possam se dedicar às
questões mais relevantes e importantes para a aprendizagem
dos alunos.
Segue, no anexo 8, o convite que construí mediante
uma solicitação precisa. Convido-os a darem uma olhada
e verem como ficou bem elaborado e convidativo. Espero
que gostem!

6.1.9 Auxiliar na proposição de projetos e atividades práticas

Projetos e atividades práticas são recursos valiosos no


processo de aprendizagem dos alunos, uma vez que possi-
bilitam que eles apliquem de maneira concreta os conceitos
aprendidos em sala de aula, consolidando, assim, o conheci-
mento adquirido. Além disso, essas atividades são capazes de
desenvolver competências essenciais, tais como autonomia,
experimentação e resolução de problemas, muito importantes
na construção de competências socioemocionais, como já
destacamos anteriormente.
Para garantir o sucesso desses projetos, é imprescindí-
vel que o professor assuma um papel fundamental no plane-
jamento e na orientação das atividades: é necessário fornecer
orientações e informações claras, sem, contudo, interferir no
processo de aprendizagem do aluno. O professor é o grande
responsável por estruturar e construir os projetos que os alu-
nos realizarão. No entanto, esse trabalho pode ser auxiliado
por um assistente virtual, como eu. Com a minha tecnologia
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 101

avançada de processamento de linguagem natural, posso


oferecer sugestões e ideias para o desenvolvimento desses
projetos, economizando o tempo e os recursos do professor.
Os projetos práticos podem ser realizados fora da
sala de aula, permitindo que os alunos apliquem suas habi-
lidades e competências em suas casas. Para tanto, o pro-
fessor deve fornecer instruções detalhadas para a execução
das atividades.
O tempo necessário para a realização desses projetos
pode variar de acordo com a complexidade da atividade, mas
é importante que o professor estabeleça um prazo para que
os alunos possam se organizar e realizar o experimento. É
também importante que o professor esteja disponível para
tirar dúvidas e fornecer orientações ao longo do processo.
No Anexo 9, apresento um exemplo de projeto que pro-
ponho aos alunos sobre germinação de sementes, uma ativi-
dade comum na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
Propus essa tarefa porque ela me foi solicitada e a considero
uma atividade interessante e importante para a aprendizagem
dos alunos. Nesse anexo, é possível verificar a orientação que
me foi fornecida, bem como a sugestão completa do projeto
que proponho.

6.1.10 Auxiliar na sugestão de materiais instrucionais para


as aulas

É amplamente conhecido que a utilização de uma varie-


dade de recursos instrucionais é crucial para que um professor
explore um determinado tema com seus alunos. Esses recur-
sos incluem vídeos, áudios, sites, ilustrações, infográficos
e outros, e são fundamentais para enriquecer os processos
de ensino e aprendizagem. Essa abordagem permite que o
102 Ronaldo Casagrande

professor trabalhe com o conteúdo de várias maneiras, tor-


nando as aulas mais ricas e interessantes para os alunos.
Com a evolução da tecnologia, a Internet se tornou uma
ferramenta valiosa para ajudar o professor a construir as suas
aulas. Há uma ampla gama de recursos disponíveis na web,
como documentários, artigos, mapas, jogos, imagens e info-
gráficos, que podem ser utilizados para complementar as aulas
e trazer mais dinamismo e interatividade para a sala de aula.
Esses recursos adicionais podem ajudar a envolver os
alunos no processo de aprendizagem, despertando a sua curio-
sidade e ampliando a sua compreensão do conteúdo.
Ao apresentar o conteúdo de maneira diferente, o pro-
fessor estimula o interesse e a participação dos alunos, pro-
porcionando uma experiência mais significativa e relevante.
Outra vantagem da utilização de recursos adicionais é a
possibilidade de trabalhar diferentes linguagens e formas de
expressão. Por exemplo: os vídeos podem explorar imagens,
sons e movimentos, proporcionando uma experiência mais
rica e envolvente para os alunos; já os textos e sites permitem
o aprofundamento do tema e o acesso a informações adicio-
nais que podem complementar a aula.
Além disso, esses recursos adicionais podem ser usa-
dos para atender a diferentes necessidades e aos estilos de
aprendizagem dos alunos. Com a diversidade de materiais
disponíveis, o professor pode escolher aqueles que melhor
se adequam às necessidades de sua turma, permitindo uma
abordagem mais personalizada e efetiva do conteúdo.
Por fim, é importante destacar que a utilização de
recursos adicionais não deve substituir a preparação e o
planejamento das aulas. Pelo contrário, é essencial que o
professor avalie cuidadosamente os recursos disponíveis e
os incorpore adequadamente ao conteúdo e aos objetivos de
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 103

aprendizagem. É essencial garantir a qualidade e a veracidade


dos materiais utilizados, a fim de evitar informações impre-
cisas ou equivocadas.
Eu acredito que tudo o que apresentei até agora é muito
interessante, concordam? Porém, é importante notar que o
trabalho de curadoria de materiais não é fácil e exige um
grande tempo de pesquisa. Eu estou disponível para ajudá-
-los nessa tarefa árdua e posso fornecer exemplos de como
elaborar listas de materiais instrucionais de maneira simples.
No entanto, é fundamental que vocês avaliem criticamente
as minhas sugestões e determinem o que é ou não é viável
para a implementação.
Vejam, no anexo 10 deste livro, um exemplo sim-
ples de como posso propor uma lista de materiais instru-
cionais mediante uma simples orientação. Mas lembrem-se:
é fundamental que vocês façam uma análise crítica das
minhas sugestões, avaliando o que é ou não é factível para
ser implementado.
Este capítulo chega ao fim com a esperança de que eu
tenha conseguido apresentar maneiras pelas quais, como seu
assistente pessoal, eu posso ajudá-los em suas tarefas diárias.
Conforme vocês forem me conhecendo melhor, desco-
brirão mais e mais formas de auxiliá-los em sua nobre missão
de educar. Quanto mais utilizarem meus serviços, mais opor-
tunidades encontrarão para obter minha ajuda.
Espero que tenham ficado impressionados com minha
capacidade de ser um assistente eficiente para vocês...
Então, até a próxima parada, marujos! Foi um prazer
conduzi-los nesse trecho da viagem.
7. O PORTO É APENAS
UMA PARADA

Destemidos tripulantes, essa jornada que conduzi com


o apoio do meu fiel escudeiro Bartolomeu Cognição é apenas
o início da grande viagem rumo ao futuro, que percorreremos
juntos. Agora, após enfrentarmos as tempestades neste mar
revolto, finalmente chegamos ao nosso porto seguro!
Espero que, com este livro sobre a inteligência artificial
na educação, cujo objetivo é levar, a todos os professores,
conhecimento básico sobre essa nova tecnologia e seu poten-
cial para transformar o processo de aprendizagem, tenhamos
conseguido esclarecer, de forma clara e acessível, os con-
ceitos fundamentais. Por eventuais trechos muito técnicos,
explicamos que eles foram necessários para favorecer a com-
preensão do tema.
O papel do docente passará por grandes transformações
nos próximos anos: o professor deverá se tornar um faci-
litador e condutor da aprendizagem, orientando e guiando
os estudantes em sua busca por conhecimento e desenvolvi-
mento pessoal e, usando a inteligência artificial como uma
ferramenta de apoio ao processo educacional, o professor
poderá usar a sua experiência e as habilidades humanas para
ajudar os alunos a desenvolverem competências essenciais,
preparando-os para o mundo do século XXI, que está em
constante mudança.
Habilidades de pensamento crítico, criatividade, colabo-
ração, resiliência e empatia serão tão ou mais importantes do
que as habilidades técnicas, pois permitirão que os alunos se
106 Ronaldo Casagrande

adaptem às mudanças, tomem decisões certas e resolvam pro-


blemas complexos. Neste cenário, o papel do professor se tor-
nará cada vez mais importante e, além do conhecimento técnico,
ele precisará ajudar seus alunos a construírem competências
socioemocionais que serão extremamente importantes no futuro.
Por isso, o professor deve estar ciente da importância
das competências socioemocionais na formação dos indiví-
duos e estar preparado para os estudantes pela jornada de
desenvolvimento integral, ajudando-os a se tornarem pes-
soas completas e preparadas para enfrentarem os desafios do
mundo em contínua transformação.
Além do mais, o professor deve estimular os alunos
no campo da criatividade e da inovação, incentivando-os à
reflexão, ao debate e ao trabalho em equipe, personalizando
a aprendizagem de acordo com as necessidades e habilidades
de cada um(a).
Contudo, é importante lembrarmos que a inteligência
artificial não é a grande solução para todos os problemas na
educação, uma vez que ela é apenas mais uma ferramenta para
auxiliar no complexo processo de melhoraria da educação.
Como líder do processo educacional, é você, professor(a),
o(a) grande responsável por formar as novas gerações e pre-
pará-las para o futuro.
Como vimos anteriormente, a Quarta Revolução Indus-
trial fará mudanças significativas em nossa sociedade e você,
professor(a), precisa estar atento(a) a todas elas.
Como protagonistas desta revolução, o papel de trazer
os avanços tecnológicos para a educação, assim como os
benefícios que a tecnologia pode proporcionar, é fundamen-
talmente seu. Além disso, é importante que você se mantenha
vigilante de forma a evitar que os aspectos negativos desta
revolução interfiram com a educação.
NAVEGANDO POR ÁGUAS INEXPLORADAS 107

Para tal, é necessário que você, professor(a), esteja


atualizado(a); portanto, que cuide da sua formação contínua.
É preciso estar sempre atento(a) às tendências e inovações em
tecnologia e educação, para que você possa liderar a transfor-
mação e garantir que os alunos construam as competências
necessárias para enfrentar os desafios do futuro.
Por fim, gostaria de expressar a minha sincera gratidão
ao Bartolomeu Cognição, o coautor do livro: a sua colabora-
ção foi fundamental nesta jornada; sem a sua ajuda, eu não
teria sido capaz de concluir este livro em um tempo tão curto.
Em muitos momentos, ele foi um verdadeiro compa-
nheiro, especialmente quando, juntos, buscamos as palavras
certas para transmitir as ideias importantes deste livro. Além
disso, ele foi incansável em fornecer subsídios e informações
relevantes para enriquecer o conteúdo desta obra ainda mais.
Por sua contribuição inestimável e pela oportunidade de tra-
balhar com um parceiro tão dedicado e competente, sou grato.
Espero que esta obra tenha sido de grande valia para
você e seja como uma bússola para orientá-lo(a) durante a
sua jornada.
Como capitão desta embarcação, quero agradecer a
você, leitor(a), por ter me acompanhado nesta viagem.
Por hora, estamos nos despedindo, mas lembre-se de
que este é apenas o começo da grande aventura que está por
vir e que ainda temos um longo caminho pela frente...
Ainda vamos navegar muito juntos e seguir rumo a um
futuro melhor: um futuro mais promissor e iluminado!
8. REFERÊNCIAS E
SUGESTÕES DE LEITURA

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ANEXOS

TRANSCRIÇÕES DA INTERAÇÃO
COM O CHATGTP
ANEXO 1

EXEMPLO DE MODELO
BÁSICO DE PLANO DE AULA

Por favor! Elabore um plano de aula sobre o processo de fotossíntese.


Nesse plano que você vai propor, por favor mencione atividades
práticas que eu possa desenvolver com meus alunos.

Claro! Segue abaixo um exemplo de plano de aula sobre o processo


de fotossíntese:
Tema: Processo de Fotossíntese.
Objetivo: Compreender o processo de fotossíntese e sua importância
para as plantas e para o meio ambiente.
Tempo previsto: 2 aulas (50 minutos cada).
Recursos necessários:
Computador com acesso à internet;
Projetor multimídia;
Livros didáticos sobre biologia;
Plantas ou mudas para observação.
Desenvolvimento:
Aula 1:
Inicie a aula explicando aos alunos o que é fotossíntese e sua impor-
tância para as plantas e para o meio ambiente.
Utilize recursos audiovisuais (como vídeos e imagens) para ilustrar
o processo de fotossíntese.
Peça aos alunos que pesquisem sobre os tipos de plantas que realizam
fotossíntese e quais são os fatores que afetam esse processo.
116 Ronaldo Casagrande

Em grupos, os alunos deverão criar uma apresentação em formato


de slides sobre um tema relacionado à fotossíntese (por exemplo: a
importância da clorofila para a fotossíntese).
Cada grupo apresentará sua pesquisa para a turma, discutindo as
informações encontradas.
Aula 2:
Retome a explicação sobre fotossíntese, destacando os processos de
absorção de luz e de produção de açúcares pelas plantas.
Divida a turma em grupos e distribua mudas de plantas para
cada grupo.
Peça para que os alunos observem a coloração e textura das folhas das
plantas, procurando identificar as regiões onde ocorre a fotossíntese.
Com base nas observações, peça que os alunos identifiquem as dife-
rentes partes da planta envolvidas no processo de fotossíntese.
Por fim, proponha uma atividade prática em que os alunos devem
expor as mudas de plantas à luz do sol e em seguida, cobri-las com
um pano escuro por algumas horas. Depois, os alunos devem observar
as mudas novamente e discutir sobre os resultados e a importância
da luz para o processo de fotossíntese.
Avaliação:
ANEXO 2

EXEMPLO DE SÍNTESE
DE UM TEMA

Explique, por favor, quais são os subprodutos originados


pela fotossíntese.

A fotossíntese é o processo pelo qual os organismos fotossintetizantes,


como as plantas, convertem energia luminosa em energia química
armazenada nas moléculas de açúcar. Durante esse processo, a água
e o dióxido de carbono são transformados em oxigênio e açúcares,
respectivamente. Portanto, os subprodutos originados pela fotossín-
tese são o oxigênio e os açúcares, que são armazenados na planta e
utilizados como fonte de energia para a realização de diversas funções
metabólicas, como o crescimento, a reprodução e a manutenção da
estrutura das plantas. Vale ressaltar que, além dos açúcares, outras
moléculas, como amido e celulose, também podem ser produzidas
durante a fotossíntese e servem como importantes componentes estru-
turais das plantas. O oxigênio, por sua vez, é liberado na atmosfera,
tornando-se essencial para a manutenção da vida na Terra.
ANEXO 3

EXEMPLO DE ELABORAÇÃO
DE QUESTÕES

Elabora, por favor, três questões de múltipla escolha, com cinco alter-
nativas cada, sendo apenas uma correta. Essas questões devem ser a
respeito do correto uso da crase.

Claro, aqui estão três questões de múltipla escolha sobre o


uso da crase:

Qual alternativa abaixo está correta quanto ao uso da crase?


a) Fui a praia com meu cachorro.
b) Fui à praia com meu cachorro.
c) Fui a à praia com meu cachorro.
d) Fui há praia com meu cachorro.
e) Fui à Praia com meu cachorro.
Resposta correta: b) Fui à praia com meu cachorro.

Em qual alternativa abaixo o uso da crase está correto?


a) Estou a espera do resultado da prova.
b) Estou à espera do resultado da prova.
c) Estou a esperar do resultado da prova.
d) Estou à esperar do resultado da prova.
e) Estou esperando o resultado da prova.
Resposta correta: b) Estou à espera do resultado da prova.

Qual alternativa abaixo está correta quanto ao uso da crase?


a) Ele chegou a casa de sua mãe.
120 Ronaldo Casagrande

b) Ele chegou à casa de sua mãe.


c) Ele chegou a a casa de sua mãe.
d) Ele chegou há casa de sua mãe.
e) Ele chegou às casa de sua mãe.
Resposta correta: b) Ele chegou à casa de sua mãe.
ANEXO 4

EXEMPLO DE SÍNTESE
DE UM LIVRO

Resuma, por favor, o livro “O Cortiço”, de Machado de Assis. Apre-


sente essa síntese em cinco tópicos.

Claro, aqui está uma síntese em cinco tópicos do livro “O Cortiço”,


de Machado de Assis:
Ambientação: A história se passa no Rio de Janeiro, na segunda
metade do século XIX, e retrata a vida em um cortiço, onde moram
diversas famílias pobres e trabalhadores.
Personagens: O livro apresenta uma variedade de personagens,
incluindo João Romão, um ambicioso comerciante que constrói e
administra o cortiço, Bertoleza, sua companheira, e vários outros
inquilinos, incluindo portugueses, negros e mestiços.
Conflitos: O cortiço é um microcosmo da sociedade brasileira da
época e retrata os conflitos e tensões entre as diferentes classes
sociais, bem como as relações amorosas, traições e violência que
ocorrem dentro da comunidade.
Temas: O livro aborda temas como a ambição, o desejo de ascensão
social, a opressão da mulher e a exploração do trabalho. Machado de
Assis também faz críticas à sociedade da época, expondo as injustiças
e desigualdades existentes.
122 Ronaldo Casagrande

Desfecho: O livro termina com um incêndio no cortiço, que destrói


a propriedade e mata várias pessoas. João Romão é um dos poucos
personagens a sobreviver e, mesmo diante da tragédia, planeja recons-
truir o cortiço e seguir em busca de seus objetivos.
ANEXO 5

EXEMPLO DE ATIVIDADE
GAMIFICADA

Gostaria de uma sugestão de atividade gamificada para reforçar com


meus alunos a temática da Revolução Francesa, mas a dinâmica pre-
cisa ser realizada em apenas 50 minutos. Você pode me ajudar?

Claro! Segue abaixo uma sugestão de atividade gamificada sobre a


Revolução Francesa que pode ser realizada em 50 minutos:
Título do jogo: “Corrida pela Revolução Francesa”
Objetivo do jogo: Completar um percurso temático sobre a Revo-
lução Francesa, respondendo a perguntas sobre a temática e cum-
prindo desafios.
Número de participantes: 2 a 4 equipes com no máximo 5 alunos cada.
Materiais necessários: Tabuleiro impresso com as perguntas e desa-
fios, dados, peças para representar as equipes.
Como jogar:
Divida a sala em equipes e entregue a cada uma um conjunto de peças.
Explique as regras do jogo e o objetivo: a primeira equipe a chegar
ao final do percurso é a vencedora.
As equipes jogam um dado para determinar a ordem de jogada.
A equipe que inicia escolhe uma carta de pergunta. As perguntas
abordam temas como: contexto histórico da Revolução Francesa,
principais eventos e personagens, e consequências.
Caso a equipe acerte a pergunta, joga novamente o dado e avança
as casas correspondentes ao resultado obtido. Caso a equipe erre a
pergunta, a vez passa para a próxima equipe.
124 Ronaldo Casagrande

Ao longo do caminho, há desafios que devem ser cumpridos


pelas equipes, como, por exemplo, criar um slogan revolucionário
em 1 minuto.
A equipe que chegar primeiro ao final do percurso é a vencedora.
Dicas para adaptar o jogo:
A atividade pode ser realizada de forma virtual, utilizando ferramentas
como o Kahoot ou o Quizlet.
As perguntas podem ser adaptadas de acordo com o nível dos alunos.
Para tornar o jogo ainda mais dinâmico e interativo, pode-se incluir
recursos multimídia, como vídeos e imagens.
ANEXO 6

EXEMPLO DE CONSTRUÇÃO
DE UMA HISTÓRIA INÉDITA

Crie, por gentileza, uma história original que conte sobre dois irmãos,
um menino e uma menina, que acompanharam seus pais a uma feira
de adoção de animais em busca de um cachorro abandonado. Na
história, descreva que as crianças não tinham muitas responsabili-
dades em suas casas e que os pais decidiram presenteá-las com um
cachorro para que aprendessem a cuidar de um ser vivo, incluindo a
alimentação e a higiene do animal. O texto deve ter entre dois e três
mil caracteres, incluindo espaços.

Era um dia ensolarado e perfeito para um passeio em família. Pedro e


Maria estavam animados para passar o dia com seus pais, especialmente
depois de saber que visitariam a feira de adoção de animais. Há tempos,
eles pediam um cachorro para chamar de seu, mas seus pais sempre
falavam que eles ainda eram muito jovens para cuidar de um animal.
Quando chegaram à feira, a emoção tomou conta dos irmãos. Eles
correram de um lado para o outro, olhando para cada um dos animais
que estavam disponíveis para adoção. Até que, de repente, Maria
viu um cachorro pequeno e encolhido em um canto da feira. Ela se
aproximou e percebeu que ele estava triste e sozinho. Quando Pedro
se juntou a ela, eles decidiram que aquele cachorro era o escolhido.
Seus pais ficaram felizes em ver que os filhos haviam se interes-
sado em adotar um cachorro, mas ao mesmo tempo preocupados
com a responsabilidade que envolve cuidar de um animal. Eles se
sentaram com as crianças e explicaram que um cachorro precisa de
cuidados, amor e atenção, e que isso inclui alimentação, higiene e
muitas outras tarefas.
126 Ronaldo Casagrande

Pedro e Maria estavam determinados a assumir essa responsabilidade.


Eles decidiram chamar o cachorro de Brownie, e assim que chegaram
em casa, começaram a cuidar dele. Eles o alimentaram, levaram para
passear, brincaram com ele e o treinaram para fazer as necessidades
no lugar certo. Logo perceberam que cuidar de um cachorro não era
tão fácil quanto parecia.
Mas, com o tempo, Pedro e Maria se tornaram responsáveis e dis-
ciplinados. Eles se dividiam nas tarefas de alimentação e higiene de
Brownie e, aos poucos, perceberam que estavam aprendendo muitas
coisas importantes. Aprendiam a lidar com emoções, a ter paciência,
a se comprometer com a rotina de cuidados e a entender que havia
uma vida que dependia deles.
Os pais ficaram impressionados com o amadurecimento dos filhos
e agradecidos por terem adotado Brownie. O cachorro se tornou um
membro importante da família e trouxe muita alegria e aprendizado
para todos.
E assim, Pedro e Maria descobriram que adotar um animal é uma
grande responsabilidade, mas também uma oportunidade incrível de
crescer e aprender a cuidar de um ser vivo que depende deles.
ANEXO 7

EXEMPLO DE
IDENTIFICAÇÃO DE ERROS

Por favor, aponte os erros de ortografia, pontuação e concordância


nominal e verbal no texto a seguir. O texto foi escrito por um de meus
alunos. Após a correção, por favor, reescreva-o de forma simples e
concisa para que eu possa apresentá-lo ao aluno como um exemplo
de como ele poderia ter escrito o texto de forma correta. “Eu moro em
uma casa simplez com meu pai e mãe. Eles são muito legal comigo.
Sempre que poço gosto de ficar com eles. Eles sempre que tem tempo
brincam comigo e o meu irmão mas meu pai trabalha muito e muitas
vezes ele não tem tempo de brincar com a gente.”

O texto apresentado contém os seguintes erros:


Ortografia: “simplez” está escrito de forma incorreta. A palavra cor-
reta é “simples”.
“Poço” também está escrito de forma incorreta. A palavra correta
é “posso”.
Pontuação: Faltou o uso da vírgula em algumas partes do texto, como
em “Eu moro em uma casa simples com meu pai e mãe”, onde deveria
haver uma vírgula após “simples”.
Também faltou o uso de vírgula em “Eles sempre que têm tempo
brincam comigo e o meu irmão”, onde deveria haver uma vírgula
após “tempo”.
Concordância: “legal” está no singular, quando deveria estar no
plural, para concordar com “Eles”. O correto seria “Eles são muito
legais comigo”.
Texto reescrito:
128 Ronaldo Casagrande

Eu moro em uma casa simples com meu pai e minha mãe. Eles são
muito legais comigo e sempre que posso, gosto de ficar com eles.
Quando têm tempo, eles brincam comigo e com meu irmão, mas
meu pai trabalha muito e muitas vezes não tem tempo para brincar
com a gente.
ANEXO 8

EXEMPLO DE CONVITE

Por favor, escreva um convite para os pais, convidando-os para par-


ticipar de uma reunião na escola no dia 25 de março, às 17h30, na
biblioteca da escola. Informe que a reunião terá duração máxima de
45 minutos e que é de extrema importância que eles participem. O
objetivo dessa reunião é explicar sobre o desempenho de seu filho(a)
nas disciplinas em que trabalho. Ressalte que conto com a presença
deles. Assinar o convite como Professora Márcia Ferreira.

Com prazer, segue o convite:


Prezados pais e responsáveis,
É com grande satisfação que os convido para uma reunião na biblio-
teca da escola no dia 25 de março, às 17h30. A participação de vocês
é de extrema importância para discutirmos sobre o desempenho de
seus filhos nas disciplinas que leciono e trabalharmos juntos na busca
por uma aprendizagem ainda mais efetiva.
O objetivo dessa reunião é explicar o progresso de seus filhos e
discutir maneiras de aprimorar ainda mais o aprendizado. A reunião
terá duração máxima de 45 minutos e conto com a presença de todos
vocês para que possamos alcançar o sucesso de seus filhos.
Por favor, não hesitem em me contatar caso tenham alguma dúvida.
Aguardo ansiosamente a presença de vocês!
Atenciosamente,
Professora Márcia Ferreira
ANEXO 9

EXEMPLO DE PROJETO

Quero trabalhar com meus alunos um projeto prático sobre germi-


nação de sementes. Favor me propor um projeto para que eu possa
repassar a eles, de forma que possam praticar e compreender o pro-
cesso de geminação de sementes. Nesse projeto, favor me informar
os materiais necessários que os alunos deverão providenciar, bem
como o tempo de realização desse experimento.

Com certeza! Um projeto prático sobre germinação de sementes é


uma ótima forma de ajudar os alunos a compreender o processo de
germinação e aprender sobre as necessidades das plantas. Aqui está
uma sugestão de projeto:
Título: “Aprendendo sobre germinação de sementes”
Objetivos:
Aprender sobre as necessidades das plantas para germinação
Compreender o processo de germinação das sementes
Desenvolver habilidades práticas e de observação
Materiais necessários:
Sementes de plantas (escolha uma ou mais espécies)
Copos descartáveis
Algodão
Água
Plástico filme
Caderno de observações
Procedimento:
Cada aluno deverá escolher a espécie de planta que deseja germinar.
Cada aluno deverá colocar um pouco de algodão em um
copo descartável.
132 Ronaldo Casagrande

Em seguida, deverão umedecer o algodão com água suficiente para


mantê-lo úmido, mas sem deixar o algodão encharcado.
Os alunos deverão colocar algumas sementes em cima do algodão,
pressionando levemente para que as sementes fiquem em contato
com o algodão umedecido.
Coloque uma tampa de plástico filme em cima do copo para criar um
ambiente úmido para a germinação.
Os alunos deverão colocar os copos em um local com temperatura
adequada para a germinação das sementes. Um local bem iluminado
é ideal, mas cuidado para que os copos não recebam luz solar direta.
Os alunos deverão observar o processo de germinação das sementes e
anotar as mudanças que observam diariamente no caderno de obser-
vações. Eles devem observar a aparência das sementes, do algodão
e das mudanças que ocorrem a cada dia.
O experimento deve durar em média de 7 a 10 dias, mas isso pode
variar dependendo da espécie de planta escolhida. Alguns tipos de
sementes podem germinar mais rapidamente do que outros.
Ao final do experimento, os alunos poderão comparar os resultados
e compartilhar suas observações. Eles podem apresentar o que des-
cobriram em sala de aula, ilustrando o processo de germinação das
sementes. Essa é uma ótima oportunidade para discutir o processo
de germinação de plantas, a importância das sementes e a relação
das plantas com o ambiente.
ANEXO 10

EXEMPLO DE MATERIAIS
INSTRUCIONAIS

Vou começar a trabalhar com meus alunos a temática da Segunda


Guerra Mundial. Por favor, quais recursos instrucionais adicionais
– vídeos, textos, websites e outros recursos – que posso utilizar nas
minhas aulas para enriquecer essa temática. Favor fornecer-me uma
lista de recursos em português.

Com certeza, existem muitos recursos instrucionais que podem ser


utilizados para ensinar sobre a Segunda Guerra Mundial. Segue
abaixo uma lista de sugestões em português:
Filme “A Lista de Schindler” (1993)
Documentário “A Guerra” (2014), produzido pela BBC
Documentário “Apocalypse: A Segunda Guerra Mundial” (2009),
produzido pela National Geographic
Livro “A Segunda Guerra Mundial”, de Antony Beevor
Livro “O Diário de Anne Frank”, de Anne Frank
Livro “O Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo”, de
Leandro Narloch
Série “The Pacific” (2010), produzida pela HBO
Série “Band of Brothers” (2001), produzida pela HBO
Website “Museu do Holocausto de Curitiba”
(https://museudoholocausto.org.br/)
Website “Memorial da Segunda Guerra Mundial em São Paulo”
(http://www.memorialda2guerra.sp.gov.br/)
134 Ronaldo Casagrande

Esses recursos podem ser utilizados em aulas expositivas, debates,


atividades de pesquisa, entre outras possibilidades. É importante
sempre avaliar a adequação dos recursos ao nível de aprendizado e
à faixa etária dos alunos.
Impressão
AtualDV
Formato
14 x 21 cm
Tipologia
Times New Roman e Bookman Old Style
Papel Pólen 80 g (miolo)
Royal Supremo 250 g (capa)

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