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Definição de Objetivos

e Estratégias
COMO CRIAR UMA PLANO DE INVESTIMENTOS
Definição de Objetivos e Estratégias

Definição de Objetivos
e Estratégias
Vamos passar à ação. Vamos começar a definir estratégias para alcançarem os
vossos objetivos. Este é o primeiro passo. A principal vantagem em definirmos
metas e objetivos é evitar que fiquemos à deriva, a investir dinheiro só por investir.
Dessa forma, nunca saberíamos se estávamos a seguir no caminho certo ou errado.

Qual é o vosso Objetivo?

Um dia perguntaram-me qual era o meu objetivo e porquê que eu investia.


Confesso que a pergunta apanhou-me desprevenido e fiquei sem saber o que dizer.
A verdade é que o meu objetivo é bastante simples. Claro que também sonho com
um Ferrari, uma casa de férias no Hawaii, um jato privado e uma ilha nas
Maldivas, e não está, de forma alguma, errado pensarmos assim. Mas se me
perguntarem o porquê de eu investir, a resposta é bem simples e curta: Para ter
“tempo”. Para ter a liberdade de no futuro passar mais tempo com os meus
filhos, com os meus netos, com a minha família. Para conseguir proporcionar uma
boa vida a todos os que me rodeiam. Uma vida em que posso escolher trabalhar
por gosto, e não por necessidade. Uma vida onde posso ser o dono do meu tempo.
Já pararam para pensar no quão felizes os vossos filhos ficariam, se chegassem a
casa e o pai tivesse tempo e disposição para os levar ao cinema? E se o pai, que
costuma estar ocupado com telefonemas de trabalho, hoje os ajudasse a fazer os
trabalhos de casa? Era uma sensação fantástica terem a consciência que estão
presentes na vida das pessoas que vos rodeiam. Este é o primeiro ponto, saberem
para onde querem ir. Paro vos ajudar nesta tarefa têm a formação de investir
nível 1, na Jornada Financeira, que aborda a forma como devem construir um
plano de investimentos, antes mesmo de começar a investir. Isto vai ajudar-vos a
encontrar aquela motivação que, por vezes, desaparece nos piores dias.
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O Vosso “Número Mágico”

Se eu vos perguntasse qual seria o valor que necessitavam de ter para viverem a
vida que sempre quiseram, qual seria? Tentem idealizar um número que vos
encha as medidas. Escrevam esse número numa folha em branco e não o apaguem.
Bem, o que acontece é que a maioria das pessoas imagina um valor bastante
superior do que aquele que efetivamente necessitariam. Aposto que muitos de vocês
escreveram 5 milhões. Ou 100 milhões? Será que seria suficiente? Vamos fazer o
seguinte exercício: Idealizem a vossa vida no futuro, com tudo aquilo que vocês
sempre sonharam. Escrevam o valor mensal que necessitavam para viverem essa
vida. Vamos supor que escolheram 2 mil euros em despesas mensais.

Em Portugal, uma pessoa que gaste 2 mil euros por mês já é considerada uma pessoa
que vive bem. Agora peguem no vosso valor e multipliquem por 12 e têm o valor
anual. Multipliquem agora por 25 e, no exemplo em questão, deu um resultado de
600 mil euros. Esse é o vosso número mágico, é o número que necessitam de
acumular para viverem a vida que sempre quiseram. Mas atenção, tenham muito
cuidado com esta regra. Esta regra é conhecida como a “Regra dos 4%”. Esta regra
gera sempre muita discussão, pois divide os especialistas em relação à opinião.
Como todas as regras do mundo financeiro, na minha opinião, esta não deve ser
seguida à risca, mas sim, servir como uma base e depois aplicá-la ao nosso caso em
concreto.
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A Regra dos 4%

De uma forma muito simples, a regra dos 4% diz que se retirarmos 4% anuais do
nosso portfólio na altura da reforma, dificilmente iremos ficar sem dinheiro.
Esta regra, na minha opinião, serve apenas para termos um número na nossa cabeça,
para fazermos contas, mas na prática não nos devemos focar apenas nela. Vou
passar a explicar na prática como funciona - Se no momento da nossa reforma
tivermos um portfólio de 1 milhão de euros, significa que podemos gastar 40 mil
euros por ano, os tais 4 %. Podemos fazer as contas ao contrário para perceber
quanto dinheiro vamos precisar. Se no futuro, eu penso que vou necessitar de 2500
euros por mês, ou seja, 30 mil euros anuais. Significa que vou ter de ter um portfólio
de 750 mil euros. Se eu concordo que isto seja assim tão linear? Claro que não.
Se visualizarem o gráfico abaixo, considerando uma taxa de inflação de 2%, aqueles
40 mil euros que vocês iriam necessitar, vão se transformar, ao fim de 20 anos, em
quase 60 mil euros, e ao fim de 30 anos em quase 70 mil euros.

Fonte: https://www.schwab.com/learn/story/beyond-4-rule-how-much-can-you-spend-
retirement#:~:text=One%20frequently%20used%20rule%20of,your%20first%20year%20of%20retirement.
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Existem algumas coisas que eu não consigo concordar em relação a esta regra.
Primeiro, é uma regra bastante rígida, assume que vocês gastam todos os anos o
mesmo dinheiro, sem ajustar à taxa de inflação. O que acontece é que as despesas
podem mudar, podem acontecer imprevistos, podemos gastar muito mais dinheiro
do que aquilo que estamos à espera. Segundo, esta regra assume que o nosso
portfólio vai continuar a ter uma rendibilidade igual à média do mercado. Imaginem
que entramos numa recessão, que no espaço de um meio ano perdemos 30%/40%
do valor do nosso portfólio, será que ainda vamos conseguir manter esta regra de
forma sustentável? Esta regra assume que o vosso portfólio se vai manter intacto
durante 30 anos.

Existe um exemplo muito prático que posso


dar para terem uma noção do quão perigoso
pode ser se seguirem à risca esta regra. Nos
anos de 1960, quem se reformou, se
tivessem adotado esta regra, não iriam ter
dinheiro suficiente para viverem. Porquê?
Porque, nos anos de 60, o mercado estava
em altas e a inflação era praticamente nula.
Foram alguns anos seguidos com fortes
retornos financeiros.
Na década de 70 e 80 a inflação disparou para valores recorde e os mercados
tiveram uma queda muito significativa, especialmente nos anos de 1973 e 1974.
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A inflação fazia aumentar as necessidades financeiras das famílias, e os mercados


como estavam em queda reduziam o valor dos portfólios de quem investia. Se
colocarmos isto em números reais e pouco ambiciosos, vamos supor que preveem
que na altura da reforma vão necessitar de 600€ por mês, nada de extravagante. Ou
seja, num ano seriam 7200€. Podemos até adotar uma margem de segurança de 20%
neste valor, o que daria um total de 8640€ anuais. Multiplicando por 25 chegaríamos
ao número de 216 mil€, que multiplicando por 4% daria os 8640 euros anuais.
Fixem bem este número.

Agora imaginem que por acaso reformara-se num ano em que o mercado estava em
altas e, logo de seguida, apareceu uma crise grave. Crise essa que fez com que vocês
perdessem 40% do vosso portfólio. Os vossos 216 mil euros transformavam-se em
menos de 130 mil euros. E agora? Fazendo as contas, significava que por ano apenas
teriam 5184 euros, aplicando a regra dos 4%, ou seja, 432 euros mensais. Será que
chegava? Com períodos de inflação será que conseguiriam sobreviver com este valor
na vossa reforma? Numa altura onde as contas da farmácia aumentam, combustíveis
aumentam, tudo aumenta. Estes períodos podem durar 1 ano, 2 anos, 5 anos,
ninguém sabe.

Sugiro adotarem esta regra, numa fase inicial, apenas para terem a noção matemática
de quanto dinheiro necessitam de ter quando se quiserem reformar. Depois, tentem
adaptá-la à vossa situação e façam o planeamento mediante isso. O erro de muitos
investidores é olharem para estas regras e tentarem segui-las à risca, sem terem a
sensibilidade de as adaptarem. Todos somos diferentes, e não existe uma regra ou
uma estratégia que funcione para todos.
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Posso dar-vos mais um exemplo prático para entenderem que esta regra dos 4% está
completamente desatualizada. Este exemplo foi retirado do livro "O Jogo do
Dinheiro" do Tony Robbins, um dos livros que mais ensinamentos nos passa sobre
investimentos e finanças pessoais em geral. Vamos imaginar que alguém se
reformou aos 65 anos com 500 mil euros investidos em ações. Essa pessoa pretende
retirar 5% anualmente deste seu fundo de liberdade para fazer face às suas despesas,
ou seja, 25 mil euros. Para efeitos de cálculo consideramos uma inflação média de
3%. Logo, o valor dos levantamentos anuais vai aumentar 3% ao longo dos anos.

Depois de 3 anos seguidos de perdas, o fundo de liberdade fica reduzido a


praticamente metade. Apesar do retorno médio ao longo de todo o tempo ser de
cerca de 10%, como os primeiros anos foram catastróficos, o fundo fica ineficiente
em autossustentar-se. A sorte deste investidor não foi a melhor, reformou-se num
período antes de uma recessão e corre o risco de não ter dinheiro suficiente para toda
a sua reforma. Aos 83 anos o seu portfólio torna-se insuficiente para que consiga
levantar o seu valor pretendido, colocando-o numa posição de risco.
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Tipos de F.I.R.E

Existem, essencialmente, três tipos de movimento F.I.R.E, e todos eles têm uma
coisa em comum (Existem mais, mas estes são os mais conhecidos). Em todos eles,
as vossas despesas estão asseguradas sem terem de trabalhar. O primeiro, o FAT
F.I.R.E, é aquele que a grande maioria ambiciona. Este é aquele estado onde vocês
juntaram tanto dinheiro e têm um cash flow de tal forma positivo que conseguem
viver a vida que quiserem, sem preocupações. Como é óbvio, este é também o mais
difícil de alcançar. Todos os vossos gastos estão assegurados, incluindo todo o luxo
que possam imaginar.

FAT F.I.R.E
Poupa e investe para continuar
a viver a vida que queres, sem
preocupações

O segundo, o LEAN F.I.R.E, é como se fosse uma versão mais simples da anterior.
Aqui, estão assegurados os vossos gastos essenciais. Têm dinheiro para tudo, menos
para o luxo. Se querem viver uma vida sem grandes luxos, este é o mais indicado
para vocês.

LEAN F.I.R.E
Indicado para quem quer
viver uma vida minimalista
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Por último, temos o BARISTA F.I.R.E. Este é bastante interessante, pois funciona
quase como um modelo híbrido. Este movimento defende que os vossos
investimentos são suficientes para vos proporcionar uma vida bastante humilde. Vão
viver para uma zona mais remota, com o mínimo de gastos possíveis. E sempre que
tiverem um objetivo, como fazer uma viagem, vão trabalhar durante uns tempos
para juntar dinheiro. Ou seja, trabalham apenas para cumprir os vossos objetivos.
Querem ir viajar para a Indonésia? Ok, vamos a isso então! Arranjem um trabalho
temporário durante 3 meses e juntem dinheiro para esse objetivo em concreto. O
próprio nome “BARISTA” vem da palavra “bar”, dando o exemplo de uma pessoa
que tem um trabalho num bar para ganhar um dinheiro extra.

BARISTA F.I.R.E
Modelo Híbrido dos
movimentos F.I.R.E

É importante que percebam que isto é um trajeto, e para alcançarem o chamado FAT
F.I.R.E, têm de passar pelos anteriores primeiro. Há quem chegue ao BARISTA
F.I.R.E e fique por aí, e está tudo bem, desde que vá de acordo com os seus
objetivos. De seguida alcançam o LEAN F.I.R.E e, se quiserem, podem parar por aí.
Se ambicionarem o FAT F.I.R.E, continuem focados na vossa estratégia e não parem
até la chegarem. Cabe a cada um de vocês perceber o que é mais importante e qual o
estilo de vida que vos enche o coração. Mas vamos agora passar à prática. Preparem
uma caneta e um papel.
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Como calcular o F.I.R.E na prática

Para estes cálculos utilizei uma ferramenta que temos disponível na Jornada
Financeira na formação "Aprende a investir na bolsa de valores - Nível 2".
Nesta formação, podem aprender também a analisar documentos financeiros, a fazer
uma boa gestão do risco do vosso portfólio, a montar um carteira de dividendos e
muito mais.

O meu objetivo aqui é que vejam, em números reais, o que seria necessário para
alcançarem cada um dos diferentes tipos de F.I.R.E, para conseguirem viver apenas
dos dividendos gerados pelas vossas ações. Contudo, não se guiem somente por
estes exemplos, uma vez que são apenas casos práticos, cada um de vocês terá o seu
objetivo e os valores, que podem variar de pessoa para pessoa. Para todos os casos
vamos utilizar um dividend yield médio de 3% e vamos ajustar os valores à taxa de
inflação de 2%. Vamos também supor que quero atingir este F.I.R.E daqui a 20
anos.

Para o primeiro exemplo, vamos pensar que eu quero atingir o FAT F.I.R.E,
desejando ter todas as minhas despesas asseguradas e ter alguns luxos ao longo do
tempo. Vou utilizar um valor anual de despesas de 36 mil euros, ou seja, 3 mil euros
por mês. Através destes cálculos, vamos chegar a um valor de aproximadamente
2,216 milhões de euros. Muito ambicioso? O que acham?
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Agora vamos supor que quero viver uma vida mais minimalista, com conforto, com
segurança, mas sem grandes extravagâncias. Quero assegurar as minhas despesas
essenciais e algumas outras que sejam necessárias. Vou colocar, como exemplo,
1000 euros de despesas mensais. Mantendo as restantes variáveis constantes,
chegamos a um valor de F.I.R.E de cerca de 739 mil euros. Este seria o vosso
LEAN F.I.R.E. Um pouco mais realista, não?

Por fim, vamos pensar no exemplo do BARISTA F.I.R.E. Aqui, quero apenas ter
asseguradas as minhas despesas essenciais. Para os restantes objetivos terei de ir
trabalhar para os conseguir. Quero fazer uma viagem? Tenho de trabalhar durante o
tempo que for necessário para conseguir, mas as minhas despesas essenciais estarão
sempre asseguradas. Para este exemplo, vou precisar de 500 euros mensais, algo
conservador. O meu valor do F.I.R.E será de cerca de 370 mil euros.
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Depois destes cálculos queria apenas fazer-vos uma pequena chamada de atenção.
Todos estes valores pressupõem que vocês deixem de trabalhar assim que atingem o
F.I.R.E. Supostamente, o intuito do F.I.R.E é que fiquem à sombra da bananeira o
resto da vossa vida. Não sou contra isso, cada um tens as suas ambições e as suas
crenças, mas, para mim, isso não faz qualquer sentido.

Honestamente, não me vejo a atingir o F.I.R.E e simplesmente deixar de trabalhar,


passando o resto da minha vida sem fazer absolutamente nada, só a existir, como se
costuma dizer. Vocês podem ter um "pé de meia" que vos pague dividendos e vos
permita viver uma vida mais folgada e continuar a trabalhar na mesma, seja por
contra de outros ou nos vossos projetos pessoais. Na minha opinião, eu não me vejo
parado durante uma vida inteira numa ilha nas maldivas a beber mojitos a minha
vida toda, sem fazer absolutamente mais nada (por muito que gostasse de fazer isso
agora). Mas durante toda a vida? Não me parece de todo interessante.

Isto para vos dizer que esta questão do F.I.R.E é tudo à base de perspetivas. Eu
posso reformar-me com 50 mil euros e viver uma vida confortável. Porque posso ter
um projeto pessoal que funciona quase sem esforço nenhum da minha parte. Da
mesma maneira que posso reformar-me com 1 milhão de euros e mesmo assim não
ser suficiente. Tudo depende de vocês e daquilo que querem fazer.

Espero ver TODOS vocês no Webinar Investir na Prática, que se realizará no dia
24 de Janeiro pelas 21h00.

Tragam este Workbook convosco, porque vamos utilizar exemplos reais com as
ferramentas partilhadas aqui.
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OBRIGADO
A equipa do Clube Finanças

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