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ANTIGO TESTAMENTO - AVALIAÇÃO FINAL

Tutora: Ir. Maria Mônica


Tutoria: Divino Salvador – Piedade
Aluno: Marcio Alexandre do Nascimento

1. Leia Ex 1-3 e responda:


a. Quem é o agente principal do Êxodo? Comente os verbos principais de Ex 3,7-8.

O agente principal do Êxodo é IAHWEH! É ele quem ouve os gemidos do povo oprimido (2,24).
De IAHWEH procede toda iniciativa de libertação. Ele não só ouve, mas vê a opressão e injustiça
que o povo está vivendo (3,7).
IAHWEH não se esquece de sua aliança com o povo (2,24) e por isso, se dá a conhecer nas
necessidades do mesmo (2,25).
IAHWEH é, então, o agente principal do êxodo do povo. Ele se utiliza de instrumentos para
realizar sua obra libertadora. Moisés é um instrumento nas mãos de IAHWEH, que cumpre a
promessa de libertar o povo através dele. É IAHWEH quem envia Moisés ao Faraó (3,10). Por isso,
Moisés é instrumento de Deus para libertar o povo (3,12).

Eu vi; Eu ouvi; Eu conheço; Eu Desci (3,7-8).


Nestes dois versículos encontramos uma seqüência de verbos colocados na 1° pessoa do
singular. É o próprio IAHWEH quem se coloca diante das aflições de seu povo. Esta seqüência de
verbos nos apresenta um Deus presente, atento e fiel ao povo.

“Eu vi”: IAHWEH vê, e pela força da expressão do autor, parece ver com indignação os fatos.
Ele vê as injustiças cometidas contra o povo; seus sofrimentos, a perda dos direitos, etc. IAHWEH
não é um Deus passivo como os outros “deuses” cultuados na época, ele vê e não fica indiferente a
isso.
“Eu ouvi”: IAHWEH ouve o clamor do povo, clamor este que não pode ser entendido apenas
como uma prece, como uma oração, já que o povo era politeísta e consequentemente cultuavam
muitos deuses diferentes. Percebemos, então, que seus clamores eram expressados das mais
diversas formas, porém IAHWEH os ouve e diferente dos outros deuses: cegos, surdos, mudos,
insensíveis, ele está atento ao clamor que se ergue.
“Eu conheço”: A palavra “conhecer” no A.T. revela uma experiência íntima com o ser
conhecido. Quando IAHWEH revela conhecer as angústias do povo, ele não está falando de um
conhecimento teórico, mas de uma estreita intimidade, como se dissesse que está envolvido junto a
eles em tudo o que eles estão vivendo, que não está à quem deles. IAHWEH conhece as angústias
do povo e por isso se compadece deles.
“Eu desci”: Este verbo é o que mais me chama a atenção. Deus não só vê, ouve e conhece,
mas ele mesmo quer libertar o povo, ele desce! Assim como em vários momentos do caminho do
povo para a terra prometida IAHWEH diz como disse a Moisés: “eu estarei contigo... (Ex 3,11)”, e
como depois disse a Josué: “IAHWEH está contigo...” (Js 1,9). Dessa forma IAHWEH “desce” para
caminhar com o povo.
b. Leia Ex 20, 1-17; Dt 5,6-22 e distribua nesses versículos os Dez Mandamentos do Catecismo, depois
explique porquê sete deles são negativos, começam com um “não” e só três são positivos?

1° Amar a Deus sobre todas as coisas – Ex 20,2-6 / Dt 5,6-10


2° Não tomar seu santo nome em vão – Ex 20,7 / Dt 5,11
3° Guardar domingos e dias de festa – Ex 20,8-11 / Dt 5,12-15
4° Honrar pai e mãe – Ex 20,12 / Dt 5,16
5° Não Matar – Ex 20,13 / Dt 5,17
6° Não pecar contra a castidade – Ex 20,14 / Dt 5,18
7° Não furtar – Ex 20,15 / Dt 5,19
8° Não levantar falso testemunho – Ex 20,16 / Dt 5,20
9° Não desejar a mulher do próximo – Ex 20,17a / Dt 5,21a
10° Não cobiçar as coisas alheias – Ex 20,17b / Dt 5,21b-c

1° Mandamento: versículo 2  Este é o centro da Lei, e a qual todos os outros mandamentos


estão ligados direta ou indiretamente. É positivo porque se direciona a conduta do ser humano para
com Deus de forma ilimitada e total. Deus se apresenta como Deus Libertador, que não aceita
opressão, desigualdade e a escravidão.
2° Mandamento: versículos 3-7  Nestes versículos encontramos a 1° interdição “não”. É negativo
porque limita o homem em sua ação para com Deus e para com o próximo. Acentuando proibições
que caracterizam um povo idólatra que necessita ser ensinado no culto a um único Deus, IAHWEH!
Temos aqui, neste mandamento a monolatria (Culto a um único Deus sem desacreditar da
existência de outros deuses).Todas as negações propostas ao povo estão ligadas ao 1°
mandamento: “Eu sou Iahweh teu Deus...”, logo, romper com um mandamento, implica no
rompimento de outros.
3° Mandamento: versículos 8-11  Se trata de um mandamento positivo, por orientar o homem na
sua conduta com Deus. Trabalhar seis dias, mas santificar o dia do Senhor. Apesar de no conjunto
aparecer uma negação, esta não se caracteriza como um mandamento em si, mas como uma
continuidade do mandamento a que faz parte.
4° Mandamento: versículo 12  Este é o terceiro e último mandamento positivo. Aqui vemos o
convite de Deus para rememorar a fé de nossos primeiros pais e a honrá-los em nossa vida. Muito
mais que honrar nossos pais sanguíneos, há uma proposta de mantermos viva a memória da fé
depositada no Deus de nossos primeiros pais, os patriarcas e ao culto e honra desse mesmo Deus.
5° Mandamento: versículo 13  Encontramos aqui a 2° interdição “não”. O ato contra a vida é
abominável inaceitável diante do Deus da Vida. Para que houvesse harmonia e justiça divina e não
humana, Deus interdita esta ação contra a vida em suas diversas formas de acontecer. Iahweh é o
Deus do direito da justiça e do amor.
6° Mandamento: versículo 14  A 3° interdição de Deus, como nas anteriores, nos apresenta uma
conduta moral. Não adulterar! Da mesma forma que IAHWEH se apresenta como o único Deus e
não aceita ser traído, nos apresenta no ângulo moral, a necessidade da fidelidade. Deus conhece a
consciência de “seu povo” e pede que sejam fiéis.
7° Mandamento: versículo 15  Está é a 4° interdição “não” que Deus faz a Israel. Não roubará o
que é do próximo. Não tirará dele o que lhe é por direito. Este interdito nos parece apresentar, não
somente aquela visão do “roubo” que temos hoje, mas indo além, poderíamos acrescentar outros
sentidos a este mandamento, tais como: não roubarás os direitos dos outros; não roubará sua
liberdade; etc.
8° Mandamento: versículo 16  A 5° interdição “não”, nos apresenta uma lei que proíbe as
relações construídas na falsidade, na falta de verdade e da caridade com o outro. A falta de verdade
do povo de Israel, minam as bases da Aliança com Deus que quer e é Verdade! São faltas no
âmbito moral que agridem a fé e revelam a infidelidade do povo para com Deus e o próximo.
9° Mandamento: versículo 17a  Neste 6° interdito, encontramos como fonte de desagrado e de
desobediência, a cobiça. Desejar o que não é seu, podendo, por vezes, seguir caminhos errados
para satisfazer sua vontade, invadindo o espaço do outro. O limite da ação humana de uns para
com os outros está exatamente se encontra exatamente onde o meu espaço termina e o do outro
começa.
10° Mandamento: versículo 17b  O 7° e último interdito, ainda no campo da cobiça, nos
apresenta formas diferentes de bens que o homem pode possuir, inclusive a mulher (naquela época
a mulher era tida como um bem do homem (não material como a casa), incluída no grupo dos
escravos, animais, etc. (v. 17b).

* O fato mais importante sobre as Leis de Deus é que o rompimento de uma delas sempre
desencadeia o rompimento de outras. Ou seja, nunca se transgride apenas um mandamento, eles
estão interligados intimamente entre si e formam um todo para o aperfeiçoamento da vida religiosa e
moral.

2. Escolha um profeta e leia o seu texto atentamente:


a. Época do profeta?

Jeremias, o profeta da alma sensível está situado no período pré-exílio, exílio. Datado entre 650-
580 a.C. Vivencia seu ministério num período trágico para o povo de Deus, e ele próprio
experimenta das próprias profecias proclamadas. Pois às vê se realizando. Vê a reforma de Josias e
também sua queda e morte (609 a.C.). Assiste a conquista de Nabucodonosor sobre Jerusalém, que
deporta uma parte de seus habitantes.
Jeremias se torna uma testemunha de muitos dos momentos mais trágicos e difíceis da história
do povo de Deus, e anuncia o Exílio Babilônico e seus momentos de obscuridade.

b. O que ele anuncia e o que ele condena?

De uma dedicação a IAHWEH inquestionável, faz sua opção pelo povo pobre e sofrido,
apresentando-nos uma teologia social profundamente apoiada na justiça, no direito e na
fidelidade a IAHWEH. Anunciando uma Nova Aliança (31,31-34) e denunciando a ação dos
poderosos sobre o povo que é dominado; porém, denunciando o povo que é infiel e abandona a
IAHWEH (1,16).
Jeremias anuncia o amor de Deus e seu desejo de que o povo retorne para o caminho da
justiça, do direito e da fidelidade a IAHWEH, ao mesmo tempo é bem direto na denúncia a quatro
grupos que tiram proveito da situação difícil do povo; são eles: reis; chefes (altos servos da
corte); sacerdotes e proprietários de terras (1,17-19).
Jeremias denuncia, também, fortemente o modo de vida de seus compatriotas que perderam a
memória do passado e buscaram o “vazio” (Jr 2,4-5) esquecendo-se de IAHWEH e adorando a
Baal. Mas Jeremias vai gritar forte contra a infidelidade do povo para com IAHWEH (2,10-13),
anunciando a vontade de Deus e denunciando os seus maus procedimentos.
Como profeta do amor que é, anuncia e convida o povo a conversão dos corações,
apresentando ao povo a misericórdia de Deus que os acolhe se quiserem voltar (3,4-23), porém
deixa claro que terão que assumir as conseqüências de seus atos caso reneguem o Senhor para
permanecerem com seus deuses.
Através do profeta Jeremias, IAHWEH declara seu amor eterno pelo povo (31,3), e refaz a
promessa da reconstrução de Israel (31,4). Anuncia tempos de alegria, de conversão, após um
tempo obscuro de dor e sofrimento, de dispersão e morte (Exílio), conseqüência das escolhas do
próprio povo (31,7-12).

c. Qual o sentido desta profecia para sua realidade, hoje?

Poderíamos dizer que Jeremias é um profeta muito atual. Que a injustiça denunciada naquele
tempo e naquela época se igualam em muitos aspectos as de hoje, como por exemplo: um governo
que pouco ou nada faz pelo povo, chefes que exploram ao máximo aqueles que necessitam de
trabalho; religiões exploradoras da fé, que se enriquecem as custas do dinheiro daqueles que já não
tem muito para si. Mas por outro lado, temos um povo cujo coração cada vez mais se distância de
Deus, buscando para si o “vazio”, encontrando o “vazio” e tornando-se vazio.
Da mesma forma que naquele tempo, Deus permanece à espera dos seus filhos dizendo
através de muitos profetas: “eu te amei com amor eterno, por isso conservei para ti o amor”
(Jr 31,3).
Grande é a necessidade da justiça, do direito, da fidelidade e do amor a Deus e ao próximo,
pois é isso que essa profecia expressa. Dessa forma, as relações humanas, sejam em que âmbito
for, serão sempre harmoniosas e fecundas, promotoras da paz e construtoras do bem comum.

3. Leia Gn 1 - 4 e responda com muita reflexão:

a. Separe os dois relatos da criação e diga como eles falam da criação do ser humano e do
universo?

Tradição Sacerdotal (P – IV a.C) – Exílio, Pós-Exílio (Retorno à Jerusalém)


Em Gn 1_ 2,4a encontramos uma narrativa da criação formada pela tradição Sacerdotal, que é
cronologicamente, posterior à segunda narrativa da criação (Gn 2,4b-25).
Nesta tradição nos é apresentada a criação como uma série de ações de Deus dentro de uma
idéia cosmológica onde tudo é bom. Deus coroa a criação com o ser humano, que é muito bom, e
que nesta tradição é formado a imagem e semelhança de Deus.
Deus cria o homem e a mulher. Este detalhe da narração aproxima a tradição de uma
mentalidade menos machista onde a mulher era tratada com mais igualdade em relação ao homem.
Neste relato, a tradição Sacerdotal enfatiza a beleza da criação e afirma que, antes, na sua origem
a criação era perfeita. Esta fonte parece querer denotar que o erro e a imperfeição do pecado
vieram depois. Deus submete à autoridade do ser humano a administração de todo bem criado; e
se no princípio tudo, em sua origem era bom, o fato de já não ser tão bom assim, se deve a má
administração do ser humano que rompe com suas obrigações.
Temos uma tendência judaica bem explícita na narrativa Sacerdotal que é o descanso sabático.
Nesta narrativa, Deus criou tudo para o bem do ser humano e criou o ser humano a partir do
nada, criando a sua imagem e semelhança, criando o homem e a mulher.

Tradição Javista (J – X a.C)


Já, no segundo relato, temos a tradição Javista (Gn 2,4b-25) da criação. Narrativa muito mais
antiga que a Sacerdotal. Nesta, encontramos uma visão não cósmica da criação, mas
antropológica. O homem é central na obra da criação e não, em si o ser humano (homem / mulher).
Por isso, essa narrativa carrega traços mais preconceituosos com relação a mulher que é criada a
partir do homem, dando a entender sua submissão e lugar na sociedade como sexo inferior e débil.
Na tradição Javista, o homem não é criado do nada, mas do barro, demonstrando sua
fragilidade. Primeiro o homem, depois o paraíso e por fim a mulher. Nesta narração, o homem é
superior a mulher e esta lhe pertence assim como os escravos e os animais. Esta visão permeia
todo o A.T.
O povo busca respostas para suas inquietações: “por que sofremos...” e este relato – Javista –
procura dar algumas respostas a estas perguntas freqüentes. Demonstra que o mal é conseqüência
das escolhas que os seres humanos fazem no seu dia-a-dia, deixando bem claro que está dentro
da capacidade humana fazer o bem, mas que este muitas vezes opta pelo mal e sofre as
conseqüências de sua escolha. Ressaltando que desobedecer a Deus é escolher pelo errado.
A imagem do Jardim do Paraíso parece um sonho, uma utopia ou uma projeção dos mais
íntimos anseios de um povo. Pois para um povo que vivia numa terra desértica, seca e com pouca
vegetação, imaginar o paraíso com um belo jardim, com muita água e comida abundante era
inevitável.

b. Explique o sentido metafórico da árvore do conhecimento do Bem e do Mal.


Deus limita o homem, proibindo-o de comer do fruto daquela árvore do centro do jardim. A
desobediência surge no tomar o que não é seu, por se apossar do que é do outro. E o outro é sagrado!
Deus dá a liberdade e a medida e a liberdade se faz no respeitar o espaço que é do outro.
A árvore representa o próximo, o outro. Não comer desse fruto representa não tomar do que não
nos pertence. O exemplo metafórico da árvore do conhecimento do bem e do mal, não se trata
exatamente de conhecimento, mas de limites, limites existentes no relacionamento humano. Já que o
ser humano é essencialmente relação, saber perceber seus limites respeitando o espaço do outro, seus
dons, sonhos, bens, etc. é extremamente necessário para a harmonia humana. E é exatamente o
contrário que acontece com Caim e Abel, que são o reflexo da desarmonia da relação humana e
invasão dos limites colocados por Deus, onde eles representam as forças do mal e do bem.
Através da árvore o autor busca uma explicação para a existência do pecado e assim do mal e
do sofrimento. Porém essa árvore deixa bem claro que o mal e o bem, a harmonia ou desarmonia, são
conseqüências de nossas relações enquanto seres humanos que tomam decisões e escolhem seus
caminhos.

c. Quais são as motivações da serpente para induzir os humanos ao pecado?


É importante perceber que a serpente representa um símbolo usado pelo povo para narrar os
acontecimentos. Por isso, podemos dizer que as motivações da serpente para induzir o ser humano ao
pecado, já que motivação é próprio dos seres humanos e não de uma serpente ou de qualquer outro
animal, provém da motivação de pessoas que induziram outras pessoas. Como no diálogo da serpente
com a mulher. Apenas um símbolo...
É necessário perceber, também, o sistema que está por trás dessa narrativa. A experiência que
o povo teve para se expressar assim. Se a serpente representa um ser, vemos nesse diálogo, um
processo humano onde a atração pelo fruto proibido leva os seres humanos ao pecado contra Deus e
contra o outro. Vemos que os motivos que alimentam o diálogo entre esses dois seres estão no poder,
no desejo de serem “deuses”, donos de todo o “conhecimento” (sem limites), tornando-se como
IAHWEH. Este sistema está fortemente impresso no Êxodo, com os Faraós, com o sistema social
injusto e a grande proliferação dos “deuses”.
Na serpente se esconde uma forma que o autor encontrou de justificar o mal, isentando o
máximo o ser humano da culpa do pecado.
Dialogar com a “serpente” é se deixar levar pela ambição, cobiça, pelo orgulho e desejo de ser
maior que Deus!

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