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Jornalismo de celebridade, interesse humano e representações femininas na


contemporaneidade

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Ligia Lana

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JORNALISMO DE CELEBRIDADE,
INTERESSE HUMANO E REPRESENTAÇÕES FEMININAS
NA CONTEMPORANEIDADE

Lígia Lana1

Desde seus trabalhos pioneiros, as pesquisas científicas a respeito


das celebridades constatam a importância dos assuntos de ordem privada na
construção da fama nos meios de comunicação de massa. Leo Lowenthal,
identificando o aumento numérico da publicação de biografias nas revis-
tas The Saturday Evening Post e Collier’s, durante a primeira metade do
século XX, desenvolve estudo precursor, publicado em 1944, sobre esses
emergentes e bem-sucedidos produtos midiáticos. Em sua pesquisa, o au-
tor se depara com os seguintes dados: enquanto houve a diminuição das
histórias de vida dos políticos entre o primeiro período temporal recortado
(1901-1914) e o segundo (1940), as biografias relacionadas aos persona-
gens do entretenimento quase dobraram numericamente – de 26% saltaram
para 55%, em 1940. Para Lowenthal, os heróis do primeiro período, como
os políticos, seriam os “ídolos da produção”, com biografias orientadas por
modelos educativos e pela atuação coletiva, exercendo atividades de in-
teresse público. Já os heróis dos anos 1940 representariam os “ídolos do
consumo”, pois as informações sobre suas trajetórias possuiriam como foco
suas vidas privadas e suas rotinas de lazer. Os ídolos do consumo são astros

1
Este artigo apresenta resultados de minha tese de doutorado, defendida no Programa
de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG, em 2012, e de minha pesquisa
de pós-doutorado júnior, realizada entre 2012 e 2014, na Escola de Comunicação da
UFRJ. Agradeço à Vera França, pela orientação no doutorado, e a João Freire Filho,
pela supervisão do pós-doutorado. Sou também grata à Capes e ao CNPq, pelas bolsas
de estudo. Ao CNPq, agradeço especialmente pelo auxílio de pesquisa a recém-douto-
res pelo edital “Relações de Gênero, Mulheres e Feminismos” (Chamada MCTI/CNPq/
SPM-PR/MDA n. 32/2012).

– 174 –
de cinema, dos estádios de baseball e das boates, modelos, comentadores
de rádio, jornalistas, proprietários de hotéis e restaurantes.
Analisando o formato das novas biografias, Lowenthal indica, com
perplexidade, que a trajetória de um político poderia ser registrada, a partir
dos anos 1940, como a história de um esportista. O autor identifica que o
recurso narrativo semelhante era a abordagem de fatos da vida privada dos
biografados. Anteriormente, questões pessoais não compunham o conteúdo
principal das narrativas dos heróis da produção, mas, com o sucesso das
biografias dos ídolos do consumo, a vida pessoal passa a compor, generica-
mente, qualquer biografia.

O The New York Times Magazine, em 12 de julho de 1942, publicou


o artigo “Wallace Warns contra o ‘Novo Isolacionismo”. O vice-pre-
sidente dos Estados Unidos é fotografado jogando tênis. A legenda
da fotografia descreve: “O serviço do Sr. Wallace”. Esta fotografia e
sua legenda são símbolos muito reveladores. A palavra “serviço” não
se refere ao bem social, mas a um episódio da vida privada do vice-
-presidente (Lowenthal, [1944] 2006, p. 131).

Nas novas biografias da década de 1940, a recuperação das trajetó-


rias dos ídolos serve ao entretenimento, e o sucesso de vendas depende do
exame minucioso de suas vidas privadas. A mudança do foco das biogra-
fias, que abandonam a investigação do contexto social que permitia a um
indivíduo alcançar fama e passam a buscar informações pessoais dos ído-
los, tem como consequência a perda de importância de valores coletivos, já
que os perfilados tornam-se reduzidos às suas vidas privadas.
Alguns anos depois, Edgar Morin apresentou, assim como Leo
Lowenthal, um trabalho pioneiro no campo de estudos da fama – obra, hoje,
canônica para a área. Publicado em 1957, o livro As estrelas: mito e sedu-
ção no cinema possui como tese central a ideia que as estrelas de cinema
são constituídas através do intercâmbio entre a vida pessoal dos atores e
os papéis que eles desempenham nos filmes. As situações retratadas pelo
cinema hollywoodiano a partir da década de 1930, cada vez mais realistas
e burguesas, eram definidas pelo star system como complementos das per-
sonalidades dos atores. A estrela aproxima-se da vida real, ela “já não é

– 175 –
mais um ídolo de mármore” (Morin, [1957] 1989, p. 13), pois revela para
os espectadores sua face privada.
As realizações heroicas das estrelas – famosas, belas e divinas – pro-
movem mecanismos de projeção com as audiências através da publicação
de narrativas em que os episódios vividos seriam inalcançáveis pelas pes-
soas comuns. Já os fatos pessoais, também divulgados na mídia, criam pro-
cessos de identificação; as estrelas são como qualquer mortal, enfrentando
situações e dilemas comezinhos, normalmente relacionados às atribuições
privadas e burguesas. A “dupla natureza” das estrelas, os semideuses do
século XX, é marcada pela articulação de projeção e identificação. Assim,
para que um ator ou uma atriz se torne estrela de cinema, seria preciso não
somente uma boa atuação profissional nos filmes, como também a revela-
ção, de maneira atenta, de sua vida privada.
Os novos olimpianos, herdeiros diretos das estrelas e espalhados
por toda a mídia a partir da década de 1960, também se constituiriam pela
mistura de feitos heroicos e traços ordinários; eles “são, simultaneamente,
magnetizados no imaginário e no real, simultaneamente, ideais imutáveis e
modelos imitáveis; sua dupla natureza é análoga à dupla natureza teológica
do herói-deus da religião cristã” (Morin, [1962] 1967, p. 113).
No final dos anos 1970, ainda nos ditos estudos clássicos sobre a
fama, Richard Dyer ([1979] 2004) observou que as estrelas se tornariam
figuras importantes na vida social em razão de suas vidas pessoais. As au-
diências, ainda que reconheçam e admirem os talentos de seus ídolos, volta-
riam suas atenções para assuntos que, muitas vezes, não guardariam relação
com o campo de competências profissionais das estrelas, mas, sim, com
aquilo que se conheceria de suas vidas privadas. O autor estabelece uma
diferença entre as estrelas, que exerceriam alguma contribuição para a so-
ciedade, e as celebridades, que seriam fabricadas pela mídia e reconhecidas
apenas pela sua exposição. No entanto, mesmo que haja dois caminhos para
a construção da imagem pública, uma pelo trabalho (das estrelas) e outra
pela mídia (as celebridades), em ambos os casos, existe o interesse por suas
vidas privadas.
Nos três estudos apresentados, a divulgação da vida privada é perce-
bida como essencial para a criação da pessoa célebre nos meios de comu-

– 176 –
nicação de massa ao longo do século XX. Há também, nos três trabalhos, a
crítica a este fato: o ídolo do consumo, a estrela e a celebridade alteraram
negativamente o estatuto dos modelos de atuação apropriados para serem
vistos pelas pessoas comuns. Depreende-se, assim, que teria havido um
momento histórico em que o espaço de visibilidade era organizado em tor-
no de heróis biografados por realizações ligadas ao bem comum, contri-
buindo para uma vida coletiva e democrática.2 A exaltação da vida pessoal
das estrelas traria, no século XX, a degradação da sociedade que, irrigada
por fatos privados, estaria atribuindo cada vez menos importância aos as-
suntos coletivos.
No campo dos Celebrity Studies, pesquisas de viés cultural, produzi-
das desde os anos 1980 na Inglaterra, Estados Unidos e Austrália, esse tipo
de crítica permanece atual. Graeme Turner (2009) mostra que seria possível

mapear o exato momento em que uma figura pública se torna celebri-


dade. Ele acontece quando o interesse da mídia em suas atividades se
transfere das notícias sobre seu papel público (como suas conquistas
no esporte e na política) para a investigação sobre detalhes de suas
vidas privadas (Turner, 2009, p. 8).

Assim como os pesquisadores clássicos, Turner acredita que, quando


uma figura pública se torna celebridade, o apelo original de sua presença
na mídia (o papel público orientado por feitos sociais) perde importância
diante dos episódios de sua vida privada, que se torna objeto de investiga-
ção relevante. O trabalho de Turner ressalta ainda um aspecto formal im-
portante para a problemática divulgação da vida pessoal das celebridades:
a constante investigação midiática demonstra que as práticas jornalísticas
são seus elementos centrais.
Sem as operações do jornalismo, coleta e apuração de informações,
organização de narrativa temporal, divulgação de furos e escândalos, não
haveria celebridade. Para se tornar célebre, é necessário ultrapassar uma

2
Richard Sennett (1988) analisa as maneiras como os assuntos pessoais, desde o sé-
culo XVIII, emergem na vida pública. O autor argumenta que “o declínio do homem
público” e a ascensão da intimidade seriam “os sinais gritantes de uma vida pessoal
desmedida e de uma vida pública esvaziada” (Sennett, 1988, p. 30).

– 177 –
área estrita de atuação. O papel público e o talento em um campo profissio-
nal não são suficientes para a celebridade, que se constitui discursivamen-
te, entre os diferentes textos da mídia, através, sobretudo, da exaltação de
sua vida privada. O lucrativo jornalismo de celebridade produz conteúdos
rentáveis a partir de acontecimentos íntimos e privados das trajetórias de
pessoas famosas. O conteúdo mais relevante das pessoas famosas, sua vida
privada, é narrado pelo jornalismo.
De acordo com essa perspectiva, a cultura da celebridade sustenta-se
através do jornalismo, hipótese defendida pelo historiador Charles Ponce
de Leon (2002). Analisando notícias sobre celebridades em jornais norte-
-americanos, Ponce de Leon demonstra que as narrativas de pessoas céle-
bres, a partir do final do século XIX, passam a se interessar pelos aspectos
humanos e privados de suas trajetórias, buscando retratá-las de maneira
mais real.3 O material examinado pelo pesquisador compreende os anos
de 1890 a 1940; a celebrização de Charles Lindbergh, por exemplo, indica
uma das primeiras incursões enfáticas do jornalismo norte-americano na
vida pessoal de personagens célebres. Ao invés de narrar as proezas e as
contribuições sociais de seu voo transcontinental, realizado em 1927, o jor-
nalismo se esforçou para desvendar

o homem que performou a conquista espetacular. A avalanche de pu-


blicidade se prolongou por dias, enquanto os repórteres corriam para
aprender sobre o passado e a personalidade de Lindbergh. Na semana
em que conseguiu realizar seu voo, ele se tornou a pessoa mais no-
ticiada no mundo, tema de incontáveis notícias e do jornalismo de
interesse humano. Apelidado pela imprensa de “Sortudo Lindy”, ele
era, naquele momento, reconhecido instantemente e os detalhes de
sua vida eram conhecidos por milhões de pessoas que, duas semanas
antes, nunca tinham ouvido falar de Lindbergh ou o conhecido pesso-
almente (Leon, 2002, p. 01).

Charles Lindbergh teria, ingenuamente, acreditado que o jornalis-


mo destacaria suas contribuições para o campo da aviação. Surpreendido

3
João Freire Filho (2014) investiga questão semelhante no jornalismo brasileiro através
da análise da obra de João do Rio.

– 178 –
pela curiosidade sobre sua vida privada, Lindbergh passou a evitar en-
trevistas, recusando responder a perguntas de cunho pessoal e manten-
do contato apenas com repórteres confiáveis, que o retratavam como um
“aviador sério”.
A análise de Ponce de Leon sugere que a circulação massiva da
imagem pública das celebridades depende de uma ordem de visibilidade
específica, em que o jornalismo de interesse humano desempenha fun-
ção primordial. As notícias criam as celebridades, pois tornam um indi-
víduo estranho, para milhares de pessoas, em alguém familiar. A técnica
de familiarização é realizada de maneira bem-sucedida pelo jornalismo,
na medida que as notícias, tradicionalmente associadas aos fatos reais do
mundo, buscam explorar o verdadeiro self da celebridade. Para o histo-
riador, a aproximação com a vida privada potencializa a pretensa imagem
familiar e real das celebridades, através da retórica do jornalismo de in-
teresse humano.
O trabalho de Charles Ponce de Leon continua pertinente para definir
as notícias de celebridades na mídia contemporânea. O jornalismo de cele-
bridade, caracterizado pela investigação de informações pessoais, algumas
vezes noticiadas como rumores, contendo informações falsas e especula-
ções (que posteriormente podem ser desmentidas ou retificadas) ou obtidas
por flagrante (como no caso dos paparazzi), mantém seu interesse humano.
Além disso, o jornalismo de celebridade demonstra ser um produto cada
vez mais bem-sucedido – nos portais de notícias da internet, por exemplo,
os assuntos mais lidos, todos os dias, trazem alguma informação sobre as
celebridades.4
A combinação de jornalismo e celebridade indica que a esfera públi-
ca vem sofrendo a privatização da tirania da intimidade, apresentada sob o
rótulo de interesse humano. Ao mesmo tempo, as práticas jornalísticas se
tornam questionáveis. O jornalismo de celebridade traz um paradoxo ou um
oximoro, como discute Annik Dubied (2009). Não existem, nas narrativas

4
Ao pesquisar as origens e as características do jornalismo tabloide britânico, Martin
Comboy (2011) sustenta a tese que a cultura da celebridade surgiu através dos tabloi-
des, que influenciam atualmente todos os sistemas midiáticos.

– 179 –
jornalísticas das celebridades, notícias tradicionais – relatos de um evento
real, novo e imprevisível, que podem alterar e interferir na vida de todos.
Nesse sentido, a vida privada das celebridades não possui noticiabilidade.
A celebridade, sendo um personagem fabricado pela mídia, apresentaria em
seu jornalismo especializado a mesma construção forjada. Acompanhando
a proposta de Daniel Boorstin ([1962] 1992), que acredita que a celebri-
dade é um “pseudoevento humano”, o jornalismo de celebridade seria um
“pseudojornalismo”.

Celebridades femininas e o jornalismo


Meu propósito com a investigação do jornalismo de celebridade é
compreender, mais especificamente, as representações de mulheres céle-
bres na mídia massiva contemporânea. Um dos primeiros caminhos que
percorri foi a pesquisa bibliográfica sobre o pós-feminismo, área que vem
desenvolvendo análises na interface gênero e mídia. O conceito de pós-
-feminismo examina, entre outras questões, diferentes perspectivas do que
teria sido o feminismo: um movimento social com muitas propostas de luta
pela justiça entre homens e mulheres, que promoveu a mobilização social e
também motivou a criação de um campo de estudos.
Um dos momentos-chave da revisão histórica do pós-feminismo
situa-se nos anos 1960-1970, considerados a segunda onda do movimento
feminista. Uma das frases que sintetizou aquele momento foi “O pessoal é
político”, título de um texto de Carol Hanisch, publicado em 1970. A fra-
se transformou-se em lema, amplamente conhecido por sintetizar anseios
comuns daquele período, em que o movimento buscava incorporar as vi-
vências humanas domésticas, privadas e subjetivas à problematização das
desigualdades entre homens e mulheres na sociedade. Conquistas femini-
nas importantes, obtidas na primeira metade do século XX, como o direito
ao voto e à posse de bens, ambas secularmente relacionadas à vida pública,
masculina e racional, são notadas como insuficientes para a conquista da
igualdade. A vida pessoal feminina, os papéis sociais de homens e mulheres
na família, que incluem a paternidade e a maternidade, o casamento, o tra-
balho doméstico, e a intimidade de sentimentos e emoções passaram a ser

– 180 –
relevantes, o que representou grande mudança na atuação do movimento
feminista.5
Na modernidade, a oposição entre público e privado adquiriu novos
contornos, e as implicações desses limites suscitaram diversas reflexões
críticas na filosofia e nas ciências sociais.6 A emblemática associação feita
pelo feminismo entre o político e o pessoal, nos anos 1960-1970, não se
circunscreve, portanto, à reflexão das desigualdades de gênero, mas traz
ressonâncias da consolidação (e, ao mesmo tempo, crise) da concepção de
indivíduo moderno ao longo do século XX.
A partir da investigação da cultura da celebridade e do pós-feminis-
mo, minha pesquisa identificou dois terrenos, aparentemente antagônicos,
para a compreensão das representações femininas na mídia massiva. Por
um lado, os estudos de celebridade criticam a exploração de suas vidas pri-
vadas em detrimento da vida coletiva; por outro, o feminismo busca romper
as desigualdades da vida coletiva através da aproximação, do reexame e da
reconfiguração do privado. As celebridades, narradas pelo jornalismo de in-
teresse humano, articulam âmbitos supostamente negativos (da degradação
da vida pública pelas tiranias da intimidade) e positivos (da aproximação do
pessoal como foco de luta política) da exposição da vida privada feminina.
Dessa maneira, elas são indícios do conflituoso reposicionamento de públi-
co e privado, fornecendo, a partir dessa problemática crítica, um caminho
interessante para a análise das desigualdades de gênero.

5
A importância dada a assuntos ligados à subjetividade feminina não se reduziu aos
anos 1960-70. No final dos anos 1980, Gloria Steinem (1994) sustentou a hipótese que
a busca pela autoestima geraria uma “revolução interior”, que levaria mulheres e ou-
tros grupos sociais, como usuários de drogas, alcoólatras, estudantes com dificuldades
de aprendizado, professores desmotivados e adolescentes grávidas, à melhora de suas
condições de vida.
6
Em A condição humana, Hannah Arendt (2008) recupera a genealogia da esfera pú-
blica grega, através do conceito de vida ativa, e discute as maneiras pelas quais a mo-
dernidade privatizou o espaço público, trazendo o encolhimento do debate em torno
de questões de interesse de todos. Os sentidos de público e privado são analisados
por John Dewey (1954) na definição do que seriam os problemas públicos. “Públicas”
seriam as atividades que interferem na vida de pessoas não diretamente engajadas na-
quela situação, trazendo consequências mais amplas e passíveis de serem reguladas. O
termo “privado” caracteriza ações que concernem apenas aos indivíduos diretamente
envolvidos, com consequências limitadas, ou seja, que não geram impactos diretos na
vida comum, não exigindo o controle social.

– 181 –
Em princípio, as celebridades femininas não experimentam os con-
flitos das desigualdades de gênero: elas são mulheres que chegaram ao
topo, assim como executivas, esportistas e variados tipos de mulheres po-
derosas.7 A noção de sucesso feminino desperta o olhar crítico de Angela
McRobbie (2009). Segundo ela, ao celebrar as conquistas das mulheres, o
feminismo é apresentado para jovens garotas como um movimento pas-
sado e concluído, que foi vivido pelas mães ou avós. Assim, hoje, não
haveria mais o antifeminismo, como nos anos 1980-1990, mas a comemo-
ração do bem-sucedido movimento. O problema, para McRobbie, é que
o projeto feminista da igualdade não foi alcançado. Em vários setores, as
desigualdades podem ser observadas: salários menores em cargos equiva-
lentes aos dos homens, maior analfabetismo, menos ocupação em cargos
de liderança e na política.
Minha hipótese é que a celebridade feminina seria a materialização
mais adequada do pensamento de Angela McRobbie. A celebridade repre-
senta a mulher que chegou ao topo, sugerindo que as conquistas femininas
deram certo. No entanto, ela não pode ser associada à busca feminista pela
igualdade, pois, ao representar o lado negativo da exposição da vida pessoal
feminina, suas representações não contribuem para o positivo reposiciona-
mento do pessoal como politico.

O caso da atriz-celebridade Débora Nascimento


Para investigar o jornalismo de celebridade e sua abordagem de as-
suntos pessoais nas trajetórias de mulheres famosas, proponho, a partir de
agora, um estudo de caso de reportagens a respeito da atriz-celebridade
Débora Nascimento. A seleção foi motivada pela pesquisa que venho de-
senvolvendo em revistas femininas.8 Durante três meses, entre abril e junho
de 2013, coletei, de maneira seriada e aleatória, um exemplar de cada uma
das seguintes revistas: Viva Mais, Cláudia, Elle, TPM, Women’s Health,

7
Uma análise interessante das representações das mulheres poderosas na mídia é feita
por Tatiane Costa (2013).
8
Projeto contemplado, em dezembro de 2012, com o auxílio de pesquisa a recém-dou-
tores “Gênero, Mulheres e Feminismos” (Chamada MCTI/CNPq/SPM-PR/MDA n.
32/2012).

– 182 –
Ana Maria, Marie Claire, Vogue, Lola, Nova, Sou Mais Eu, Cláudia,
Manequim, Gloss e Glamour. A atriz Débora Nascimento, que ganhou no-
toriedade, em 2012, por atuar na telenovela Avenida Brasil, figurou na capa
de duas revistas do corpus: Viva Mais (em abril) e Marie Claire (em maio),
que são, aparentemente, muito distintas, o que suscitou minha curiosidade.
Viva Mais, da editora Abril, tem periodicidade semanal, custa R$ 1,50 e
tem cerca de 40 páginas. Marie Claire, da editora Globo, é mensal, custa
R$ 12,00 e tem cerca de 200 páginas por edição.
A capa de Viva Mais tem cores fortes e quentes (amarelo, verme-
lho e fúcsia). (FIG. 1). Débora aparece sorrindo, com cabelos cacheados e
maquiagem leve – ela aparenta um ar natural e despreocupado, alguém vai
contar “detalhes de seu romance com José Loreto.”

FIGURA 1 – Capa da revista


Viva Mais (abril/2013)
Fonte: Lima; Poli (2013).

Já a capa de Marie Claire possui cores sóbrias e frias (azul, cinza e


preto). (FIG. 2). Em Marie Claire, Débora, com as mãos na cintura, encara

– 183 –
os leitores com um batom escuro, posando deliberadamente para a câmera,
afirmando ser “a favor da mulher que vai atrás do que quer e transa na pri-
meira noite.”

FIGURA 2 – Capa da revista


Marie Claire (maio/2013)
Fonte: Ralston (2013).

Em busca de um contraponto às duas reportagens, averiguei se


Débora Nascimento havia sido capa de alguma revista masculina naquele
mesmo período. Não por acaso, portanto, encontrei-a na capa da revista
masculina VIP, na edição de junho de 2013. A apresentação de Débora na
capa da revista, trajando biquíni em um cenário praiano, anuncia ensaio
com fotografias sensuais “para colecionador” (Fig. 3). Com mão na boca
e o quadril arqueado, a atriz seria a “mulher perfeita, um presente para a
humanidade”.

– 184 –
Figura 3 – Capa da
revista VIP (junho/2013)
Fonte: Florido (2013).

Na revista popular Viva Mais, a reportagem sobre Débora Nascimento


ocupa página dupla nas primeiras folhas, logo após o editorial. O texto
aparece organizado em sete pequenas caixas, que trazem frases escritas pe-
las repórteres e citações de depoimentos de Débora. Os textos possuem
cerca de 50 palavras cada um, e os títulos são: Antes de gravar..., Dieta
Rápida, Esporte Favorito, Desafios na TV, Posar Nua? Vão ficar queren-
do!, O segredo da morenice, Cabelo Sempre Hidratado. Além das sete cai-
xas de texto, uma grande caixa de fundo rosa contém informações sobre
seu namoro com o ator José Loreto, intitulada José Loreto abre o jogo:
Ela é linda demais. Outras duas caixas, Trabalho e Namoro e Ciúme, que
nada! completam, por fim, o conteúdo da matéria. Uma grande fotografia
de Débora, sorrindo, de braços levemente cruzados, com os cabelos na-
turalmente cacheados e vestida com uma camisa laranja, ilustra o espaço
central da matéria. Outras três fotografias menores – andando de bicicleta,
gravando uma cena na praia e com o namorado na Igreja Nosso Senhor do
Bonfim – também são publicadas.

– 185 –
A reportagem de Marie Claire possui cinco páginas no espaço cen-
tral da revista. Nas duas primeiras, aparecem o título da matéria e quatro
fotografias do rosto de Débora em preto e branco. Com os cabelos alisados,
ela usa blusa preta e batom escuro, sorrindo e fazendo bico com a boca. O
texto tem início na página seguinte e, na privilegiada página da direita, há
um anúncio publicitário de sapatos e acessórios femininos, com diagrama-
ção que alude à seção de compras da revista. Em seguida, na última página,
o texto jornalístico termina.
O texto de Marie Claire narra um episódio na vida de uma mulher
famosa. Aproximando-se do jornalismo literário, espaço e momento são
criados: Débora está chegando no aeroporto de Congonhas. Ao se dirigir
ao saguão de embarque para voltar para o Rio de Janeiro, ainda usando o
batom bordô das fotografias para a Marie Claire, em plena sexta-feira, às
6h da tarde, o tumulto na fila cessa diante do “barulho do salto da morena
de 1,78 de altura, 65 kg, olhos verdes ainda maquiados.” Débora pisa firme
em direção ao check-in, enquanto os fãs se aglomeram em torno do “caris-
ma” e da “beleza exuberante”, prontos para pedir uma foto e imediatamente
compartilhar nas redes sociais.
Na VIP, o conteúdo relacionado à Débora Nascimento ocupa 16 pá-
ginas da revista, sendo que apenas três são dedicadas ao texto jornalístico
(as demais são dedicadas às fotografias sensuais). Nas páginas de texto,
existem o anúncio da matéria na primeira (“Débora Nascimento é a prova
de que a teoria da evolução é melhor demonstrada num ensaio como este”)
e, em duas outras, uma entrevista em formato de perguntas e respostas,
apresentadas por um pequeno texto. Débora é descrita como uma mulher
dotada de muito “poder de sedução”, sendo sua personagem Tessália tão
importante quanto a telenovela Avenida Brasil. A novela teria feito o Brasil
parar, assim como sua personagem. A revista também lembra que Débora
foi vencedora do segundo lugar na eleição das mulheres mais deslumbran-
tes do mundo da revista VIP, realizado por votos de internautas.
Na análise do material, chama atenção a importância concedida às
fotografias de Débora Nascimento nas três revistas. Em termos quantitati-
vos, sua imagem ocupa muito mais espaço que o texto. Entretanto, em cada
publicação, as fotografias apresentam imagens femininas diversas. Em Viva

– 186 –
Mais, a camisa colorida, o cabelo cacheado e solto, os ambientes externos
e cotidianos sugerem que Débora é uma mulher simples e bem-humorada.
Em Marie Claire, a imagem sóbria e preto e branca, o cabelo liso, os sor-
risos e os biquinhos concebem a mistura de elegância e sensualidade. Por
fim, na VIP, o corpo bronzeado, as poses sexy e as roupas curtas, decotadas
e brilhantes criam a imagem da morena sensual. Parece, assim, existirem
três mulheres diferentes. Os modos como a diagramação organiza visual-
mente as reportagens também são bem distintos. Em Marie Claire e VIP,
há ensaios fotográficos, com páginas inteiras dedicadas aos retratos produ-
zidos pelas revistas. Em Viva Mais, a imagem de Débora, reproduzida de
outras mídias, se mistura ao texto da revista.
Apesar dos distintos enquadramentos e visualidades, não há incon-
gruência na definição mais geral da vida privada de Débora Nascimento.
Em síntese, ela é bonita, simpática e comprometida com seu namorado. Nas
três revistas, a narrativa de sua vida pessoal se organiza em torno de dois
temas – a sensualidade e a vida sentimental.
Encontrei apenas uma exceção: em Marie Claire, a vida privada de
Débora é mais profundamente investigada, apresentando fatos de sua bio-
grafia que estão ausentes nas outras duas revistas. Débora teve infância
humilde (filha de uma trabalhadora doméstica e de um camelô), o que su-
gere que ela teve que enfrentar dificuldades para se transformar em cele-
bridade. Um outro assunto trazido apenas por Marie Claire foi a depressão
que teve aos 20 anos, que a levou à obesidade. O evento é examinado na
medida em que ajuda a construir a imagem da heroína que superou desafios.
Nesse sentido, a reportagem de Marie Claire é precedida por duas outras
que revelam o perfil de mulheres independentes e empreendedoras, dentro
do “movimento empreenda”, criado pela editora Abril. Assim, a imagem de
heroísmo inspira o jornalismo de Marie Claire.
Ao apresentar a vida privada de Débora Nascimento, cada revista
pode ser especificamente sumarizada através dos seguintes tópicos.
• Viva Mais: corpo saudável, dicas de beleza e relacionamento com o
namorado. O trabalho como uma possível ameaça ao seu relaciona-
mento. A rotina laboral e o desgaste da vida amorosa.

– 187 –
• Marie Claire: o sucesso obtido na televisão, a trajetória de trabalho
e esforço. Fatos da vida privada como provas dos caminhos para
o sucesso, o equilíbrio e o heroísmo de fazer as escolhas certas. O
poder da beleza, da fama e da humildade.
• VIP: visões sobre o mundo masculino, o corpo sensual e os hábitos
sexuais. As emoções femininas diante dos homens. Timidez, pudor
e sensualidade.

Nas três revistas, Débora é vista como ícone da beleza e da sen-


sualidade. Viva Mais não aborda, detalhadamente, o sexo; a revista reúne
dicas de beleza para que os leitores possam conhecer os truques da atriz.
Uma investigação mais explícita da sensualidade é feita por Marie Claire
e VIP. Em ambas, a sensualidade vivida por Débora é o ensejo para que
ela expresse suas opiniões sobre a maneira como as mulheres, hoje, expe-
rimentam a sedução e o sexo. Débora critica o fato de as mulheres estarem
mais atiradas: em Marie Claire, ela justifica sua observação ao constatar
que seus fãs, homens, não “passam a mão na sua bunda” como fazem as fãs
de seu namorado, José Loreto. Em VIP, o argumento é sustentado quando
declara que perdeu o acanhamento diante de cantadas masculinas, já que
os homens estariam mais comedidos que a mulherada, que “está cada vez
mais atirada, o que deixou os homens tímidos.”
A opinião de Débora Nascimento sobre o comportamento sexual de
homens e mulheres na cultura contemporânea, amparada por “informações
verídicas” de sua vivência pessoal, situa-se na contramão de inúmeras re-
centes iniciativas públicas de proteção às mulheres no Brasil. Os disposi-
tivos para resguardar as mulheres do assédio sexual são estabelecidos de
maneira crescente pelo governo – como a criação de ambulatórios espe-
cíficos na rede pública para receber vítimas de estupro9, a designação de
vagões de metrô exclusivos para mulheres em horários de rush e a amplia-
ção jurídica da lei Maria da Penha, que, desde 2012, autoriza familiares
e vizinhos a denunciarem homens abusivos (neste caso, não apenas em

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Um estudo a respeito desses ambulatórios e os problemas de gênero advindos da cons-
trução da figura da vítima é realizado por Cynthia Sarti (2011).

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situações de violência sexual). Outras iniciativas ligadas aos movimentos
sociais, como a Marcha das Vadias, a campanha Eu não mereço ser estu-
prada e contra as Cantadas de rua, ocupam cotidianamente o noticiário e
as redes sociais, demonstrando que as mulheres sentem-se vulneráveis ao
assédio masculino.
Apesar de Débora desaprovar moralmente a sexualidade feminina
atirada e caracterizar os homens, quase a totalidade de acusados por casos
de violência sexual, como vítimas das mulheres liberadas, ela afirma usar,
de maneira consciente, a sensualidade para obter vantagens profissionais e
emocionais. “Não só eu. Toda mulher usa a sensualidade a seu favor”, de-
clara à VIP. A perspectiva, trazida também em Marie Claire, a coloca em
uma contraditória posição: ela reprova as mulheres sexualmente livres, mas
aprova o uso racional da sedução.
Sem que a vida sexual de mulheres de classes médias e urbanas fos-
se liberada pelas revoluções contraculturais da década de 1960, não seria
possível que um depoimento como o de Débora tivesse lugar no jornalismo
atualmente. Contudo, a liberdade para falar sobre sexo e a oferta crescente
de conteúdo erótico na cultura não significam que a vivência da sexualidade
ocorre, hoje, de maneira mais pacífica e livre de desigualdades.
Criticando a liberdade sexual feminina, mas usando-a a seu favor,
Débora confirma as dificuldades para se compreender as interseções en-
tre as desigualdades de gênero e desigualdade de sexo. Em Thinking sex,
Gayle Rubin (2011) mostra que o conjunto de problemas implicados na
vivência sexual se associam a problemáticas que podem, eventualmente,
não estabelecer relações diretas com a construção dos gêneros masculino
e feminino.
A vida pessoal de Débora Nascimento retratada pelo jornalismo de
celebridade sugere que a liberdade para o sexo, no caso feminino, pode ser
autorizada nos casos da busca pelo bom desempenho profissional e pela alta
performance. A sensualidade, em Marie Claire, e o desejo que desperta nos
homens, em VIP, não são problemáticos, pois objetivam alcançar racional-
mente a prosperidade e o sucesso. Em Marie Claire, os fatos biográficos
que comprovam suas origens nas classe baixas reforçam que o sexo foi uma
estratégia bem-sucedida. Em nenhuma das matérias, ela é a mulher-fruta,

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já que usa a sensualidade na medida certa, dentro das regras estabelecidas
pelo sistema das celebridades. Sua vida pessoal não é política na acepção
original do lema, mas torna visível às audiências caminhos possíveis para
a gestão de si. Encarnando um estereótipo genuinamente brasileiro – a mu-
lher morena sensual – Débora Nascimento não se esquiva de assumir sua
sensualidade, mas a reinsere em quadro de valores dominantes: a sensuali-
dade feminina pode ser exposta, mas de maneira calculada, para constituir
um caminho de ascensão social, viável a qualquer mulher, até mesmo para
aquelas oriundas de classes mais baixas.
Para concluir, algumas observações podem ser intuídas do estudo de
caso realizado. O jornalismo de celebridade, como previsto, não apresenta
notícias. A maioria dos fatos que narra são relacionados a eventos razoa-
velmente conhecidos da vida pessoal dos ídolos. Ainda que investigue e
publique fofocas, furos, informações exclusivas e pequenos escândalos, o
jornalismo de celebridade se organiza mais em torno de dicas, conselhos e
testemunhos do que de novidades que podem alterar o mundo.
A vida privada é o elemento principal do jornalismo de celebridade,
orientando a incorporação dos fatos na narrativa como relatos que auxi-
liam na compreensão da vida social. Através de posicionamentos diante
de temas comuns, os valores mobilizados pelo jornalismo de celebridade
remetem-se às instituições dominantes da cultura.
O estudo de caso mostrou, por fim, que o jornalismo de celebridade
é um gênero rentável, que pode ser apropriado por publicações diversas.
Recheio moldável para diversos enquadramentos, a vida pessoal das ce-
lebridades preenche revistas masculinas e femininas, populares e tradicio-
nais. As mulheres célebres, no contexto da erotização da cultura, tornam-se
conteúdos lucrativos para a mídia que, em diálogo com a vida social, lem-
bra que as desigualdades de gênero nas sociedades complexas são experi-
mentadas de maneiras sutis e contraditórias.

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Reportagens
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114.
LIMA, Ana Cora; POLI, Mariana. Ela é puro êxtase! Viva Mais, abril 2013, p. 6-8.
FLORIDO, Isabela. Débora Nascimento é a prova de que a teoria da evolução é
melhor demonstrada num ensaio como este. VIP, junho 2013, p. 132-149.

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