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Curando o Doutor Vincent

Livro 1

Trilogia O Bom Doutor

Por Renea Mason


Staff

Envio: Power Traduções – Área 51


Revisão Inicial: Daz Drix
Segunda Revisão: Kristy Targ
Revisão Final: Lírio
Leitura Final: Aline Fraser
Formatação: Louvaen Duenda
Avaliações de Curando o Doutor
Vincent

“Renea Mason mais uma vez despojou um gênero e construiu algo completamente único e
magnífico!” ~ Robin - Leituras e resenhas de livros

“Este livro é MUITO MAIS do que um romance erótico. Claro, o sexo é quente e excêntrico ..., mas
a história por trás de tudo isso? ISSO é o que me manteve lendo página após página. Eu não
consegui parar.” ~ Ashley - Viciado em livros: Não tão anônimo

“O Doutor vai consumir você, deixando-o sem fôlego, com uma necessidade insaciável de mais. A
história é bem elaborada, o mistério do médico é convincente e os homens dão água na
boca. Outro cinco estrelas da Sra. Mason.” ~ Nicole - Livros N Pérolas

“Ritmo rápido e curiosamente QUENTE.” ~ Beckey - nas páginas de um bom livro

“Quente e fervilhante ... mova-se Sr. Grey ... Dr. Vincent está dentro!! ... Esta história, embora
muito quente e às vezes não convencional é em seu cerne sobre amor, cura e crescimento. Se
você gosta de qualquer um desses elementos, junto com uma dose saudável de erotismo picante,
então esta história é muito para você.” ~ Amy - My Crazy Book Addiction

"Renea Mason tem um jeito de pegar o erótico e transformá-lo em uma história espetacular. Há
muito sexo quente neste, mas é mais sobre autorrealização e descobertas transformadoras. É
lindamente escrito e o cenário parisiense só aumenta o erotismo. Se você gosta de sua
obscenidade com um pouco mais de substância, este livro é perfeito! " ~ Amanda - A correção de
um viciado em livros: alimentando o vício
Agradecimentos e Dedicatórias

Este livro é dedicado aos Masons Loucos - o grupo mais maravilhoso de

amigos e apoiadores que um autor pode ter! É preciso um livro tão safado para

homenagear um grupo tão simpático.

Como sempre, obrigado à minha maravilhosa família, que torna tudo isso

possível.

Gostaria de agradecer às senhoras que trabalharam tanto para me ajudar a dar

vida ao Dr. Vincent e que continuamente mostraram seu apoio - leitores beta do

The Mad Masons - Tiffany Dover, Lisa Errion, Elizabeth “o fabuloso” Robbins,

Ashley Bodette, Beckey White, Sky Tillery, Crissy Sutcliffe, Amy Habel, Nicole

“prostituta” Ulery, Robin Malone, Debbie Willis, Sharie Robinson, Libby Sinclair

e Amanda Miller. Esta história não seria a mesma sem eles!


Sinopse

Um médico pervertido + uma proposta indecente = uma semana de mudança

de vida em Paris.

Elaine Watkins, Assessora de Relações Públicas, fica surpresa ao receber uma

intimação do muito atraente e enigmático Dr. Xavier Vincent. Ela adora o talentoso

médico e ícone da empresa responsável por desenvolver a cura que salvou a vida

de sua irmã e não é imune ao charme dele. Mesmo intrigada com o pedido dele,

ela está animada e ansiosa para começar seu último projeto.

Mas o Dr. Vincent tem outras ideias. Em vez de discutir curas, drogas e

estratégias de marketing, ele pede a Elaine que se junte a ele em Paris para

satisfazer seus apetites sexuais únicos.

Dividida entre a gratidão por salvar sua irmã, sua atração pelo homem

poderoso e comprometer suas noções pré-concebidas de sexualidade, ela deve

decidir se é mais fácil alimentar seus desejos ou ir embora. Até que ela elabore um

plano próprio.
“Não se engane, Elaine, sou um rei. Os reis comandam e conquistam. Eles são

brutais e intransigentes. Você não quer um rei. Encare isso, você veio aqui

esperando um santo.” Dr. Xavier Vincent.


Nota da Revisão

O texto a seguir foi revisado de acordo conforme as novas Regras Ortográficas, entretanto, com o

intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a revisão pode sofrer alterações e apresentar

linguagem informal em vários momentos, especialmente nos diálogos, para que estes se aproximem

da nossa comunicação comum no dia a dia.

Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos que não estão em

conformidade com a Gramática Normativa.

BOA LEITURA!
Capítulo Um
Hóspede

– Essa mudança fará uma grande diferença para os médicos que prescrevem

o medicamento. Há alguma pergunta? – Com um suspiro rápido, coloquei o

apontador laser na mesa, cruzei os braços e limpei o suor nas palmas das

mãos. Deveria ter sido uma apresentação fácil, não muito diferente das centenas

que eu fizera antes, mas esta era diferente.

Sentado a menos de um metro de distância, em seu caro terno cinza escuro,

gravata preta e abotoaduras prateadas, estava sentado o Dr. Xavier Vincent, ícone

e lenda da empresa. Não é todo dia que o homem que desenvolveu a cura para o

câncer de sua irmã aparece sem avisar. Seu olhar inabalável causou borboletas no

meu estômago.

– Eu tenho uma pergunta. – O médico se inclinou para a frente, levantando a

mão.

Eu engoli em seco.

– Sim, Dr. Vincent? – Eu pensei em me dar uma tapinha nas costas por me

manter calma. Ele não deveria estar nesta reunião. Ele realmente deveria ter se

abstido de fazer perguntas.


– Quanto tempo demorou para compilar esta pesquisa? – Não pude ler sua

expressão, mas isso não diminuiu sua intensidade.

– Cerca de seis meses, senhor. – Rolei a costura da minha jaqueta entre os

dedos. Tantas coisas passaram pela minha cabeça. Eu deveria ter usado aquele

vestido que puxei do armário do hotel mais cedo naquela manhã e joguei fora, em

vez de um blazer marrom desbotado e calças. Deveria ter feito aquele corte de

cabelo estiloso e mechas na semana passada, em vez de colocar minha juba ruiva

em um penteado bagunçado. Não deveria ter comido aquele cheesecake na terça-

feira. Se eu soubesse que ele estaria aqui, teria mudado tudo.

– Você está feliz com o seu trabalho? – Ele cruzou os braços sobre a mesa e se

endireitou.

Foi uma pergunta injusta, especialmente dada a audiência. Eu não estava feliz

com meu trabalho, mas me recusei a desrespeitá-lo com uma mentira.

– É um trabalho importante que precisa ser feito.

Ele pegou seu copo de alumínio, tomou um gole e lambeu a água dos lábios.

– Não foi isso que perguntei.

Distraída pelo movimento de sua língua sobre seu lábio inferior carnudo,

esqueci de colocar o filtro em minha boca.

– Eu... eu sinto muito. Eu encontrei realização no meu trabalho, doutor. Isso é

o melhor que qualquer um de nós pode pedir, não é mesmo? Acho que o
verdadeiro contentamento impede o progresso. Não deveríamos todos nos

esforçar por algo mais? A felicidade leva à complacência. Então não, meu trabalho

não me deixa feliz, mas como eu disse é um trabalho importante.

Vários suspiros ecoaram pela sala. O médico ergueu uma sobrancelha, fez

uma pausa e se levantou.

– Bem... obrigada por sua honestidade, Elaine. Se ninguém mais tem

perguntas para ela, podemos encerrar. Foi ótimo conhecer todos vocês, e estão

convidados para jantar no Cornerstone Bistro às seis e meia. Espero ver todos lá.

Merda. Como pude ser tão estúpida? Minha boca me meteu nessa

bagunça. Alguns dizem que é melhor não falar a verdade, mas não para

mim. Minhas convicções me deixam incapaz de mentir.

Iniciei o processo de desligamento do meu computador e abri minha bolsa

para guardar meu notebook. Eu queria rastejar para um buraco e morrer.

A sala estava repleta de atividades, todos disputavam a atenção do

médico. Eu não poderia culpá-los, o homem era intrigante. Cabelo escuro, com

apenas alguns fios de cinza, que traiam sua juventude. Nas revistas, sua pouca

idade e boa aparência sempre contrastavam com suas realizações, garantindo-lhe

o status de celebridade entre seus pares. Lembro-me de vê-lo na capa da revista

Forbes (Fabulous under Forty edition). Ele não poderia ser muito mais velho do

que eu. Na realidade, os ângulos agudos de seu rosto e a leve camada de prata

davam-lhe um ar de sofisticação além de sua idade. Parecia injusto que um

homem com sua beleza também fosse dotado de tanta inteligência. A natureza
deve ter o cuidado de equilibrar essas coisas. Nunca tinha pensado nele nesses

termos antes, mas ele era bonito além de qualquer comparação, intocável até, como

um deus. E eu acabei de dizer a ele que odiava meu trabalho.

Levou apenas um momento para me lembrar que esta era uma conferência

médica, não um bar para solteiros. Além disso, ele nem estava no mercado, o anel

em seu dedo falava de seus compromissos. Mas Deus! Ele é lindo. E toda vez que

ele cruzava as mãos grandes durante a reunião, eu precisava me esforçar para não

tremer. Ele tinha dedos tão longos. O que diabos estava errado comigo?

– Elaine?

Levantei os olhos da bolsa e o caderno escorregou dos meus dedos. Seus olhos

azuis de aço e a linha da mandíbula forte o faziam parecer um modelo, não um

homem capaz de curar o câncer. Eu precisava me concentrar em outra coisa, como

uma lista de empresas para as quais enviar meu currículo. Eu limpei minha

garganta.

– Sim ... Doutor.

– Você vem jantar.

– Eu não tinha planejado isso. Não faço parte do time. Apenas uma

palestrante convidada. – Abaixei-me para pegar o caderno do chão, mas ele

chegou antes de mim. Nossas abordagens descoordenadas me fizeram bater

minha cabeça na dele.


– Aí... Oh, eu sinto muito. Você está bem? – Esfreguei a parte dolorida na

minha cabeça.

Ele riu.

– Estou bem. – Ele me entregou o caderno.

Rir era bom. Pelo menos eu esperava. Peguei o livro, reconhecendo pela

primeira vez o quão alto ele era. Parei por um momento com o cheiro inebriante

de sua colônia. Ele cheirava a chocolate com especiarias.

– Eu não sei o que há de errado comigo, geralmente não estou tão nervosa.

– Mas se eu tivesse que arriscar um palpite, era a combinação de estar mal

preparada para sua presença surpresa e meu status de solteira cada vez mais

excitada.

– Eu sei.

Parei de mexer nos meus itens e o fixei com um olhar perplexo.

– Desculpe? – Ótimo, agora eu estava ainda mais inquieta.

– Eu vi você na convenção em Kansas City no ano passado. Estava bastante

confiante.

Merda. De todas as coisas que ele poderia ter testemunhado. Kansas City não

foi o meu melhor momento.

– Olha, aquela convenção... foi... quero dizer...


– Você não me deve uma explicação. – Ele estendeu a mão, fechou a tampa do

meu laptop e o entregou para mim.

– Obrigada, mas eu não quero te atrasar para o jantar. – E não queria repetir

Kansas City, então aceitei sua saída fácil. A decepção de apresentar dados de

marketing em conferências, em vez de representar a empresa como sua porta-voz,

foi um lembrete suficiente.

– Não era uma pergunta. Você vem jantar.

Fechei o zíper da bolsa e tirei o cabelo dos olhos, para ter certeza de que não

estava sonhando.

– OK. Onde? Eu lhe encontro lá. – Eu não estava acostumada a me sentir tão

inadequada ou confusa. Ele me deixou nervosa. Minha pele formigou com atração

sexual e eu queria me jogar aos seus pés por salvar minha irmã. O Dr. Vincent

estava me bagunçando muito bem.

Ele cruzou os braços e seus olhos se estreitaram.

– Onde você está ficando?

– No Marriot.

– Perfeito. Encontro você no saguão às seis. É tempo suficiente?

– Ahhh... sim... mas...


– Bom. – Ele se virou e caminhou até a porta. – Ah, e Elaine... eu não gosto de

levar uma bronca. – Com isso ele foi embora.

****

O saguão estava lotado na hora do jantar. A agitação de clientes passeando

pela área comum com bagagens dificultava a navegação. Quando virei a esquina,

esbarrei no peito do bom doutor.

Ele manteve o equilíbrio e agarrou meus braços, me parando antes que eu

tivesse a chance de derrubá-lo.

– Aí está você.

Eu soube naquele momento que não era uma boa ideia. Meus pensamentos a

respeito dele eram tudo menos profissionais. Mesmo o menor contato com ele me

incendiava.

– Elaine, você está bem? – Ele se inclinou e olhou nos meus olhos.

Eu sorri para ele.

– Sim. Estou bem. Só um pouco distraída.

– Por?
Eu não mentiria para ele, mas de nenhuma maneira contaria a verdade

detalhada.

– Tenho muito em que pensar.

Ele devolveu meu sorriso.

– Bem... vamos pegar uma bebida para você. O restaurante fica a apenas

alguns quarteirões de distância. – Ele gesticulou em direção à saída.

Através da porta giratória e descendo a calçada de ardósia irregular,

caminhamos lado a lado. Coloquei minhas mãos nos bolsos do meu casaco de

lã. Chicago estava fria nesta época do ano e o vento me fazia tremer.

– Então, quando começou a trabalhar para a Western? – Ele parou em frente

a um prédio que parecia uma taberna, mas com um toque francês. A luz âmbar de

dentro se espalhou pelas janelas, transformando a calçada em um tom

dourado. Ele abriu a porta e fez sinal para eu entrar.

Vozes, aplaudindo e rindo, me envolveram e virei minha cabeça para

responder a ele por cima do ombro.

– Logo depois de sair da faculdade. Então, já se passaram alguns anos.

A sensação de sua mão espalmada na parte inferior das minhas costas,

afugentou a mordida fria da noite de Chicago.

Ele se aproximou do pódio da recepção e um homem de cabelos grisalhos e

avental preto disse:


– Vocês estão com a Western?

O médico, com a mão ainda nas minhas costas, respondeu ao homem mais

velho.

– Sim.

O homem rabiscou algo em um bloco de notas e disse:

– Por aqui.

À mesa estavam vários dos participantes da reunião. Eu não conhecia

ninguém, pois estava na cidade apenas para apresentar os resultados da minha

pesquisa e depois voltaria para Nova York. O médico retribuiu as muitas

saudações que recebeu dos membros da equipe com um aceno rápido.

Parei de respirar quando seus dedos roçaram meu pescoço. Ele os enganchou

ao redor da gola do meu casaco e puxou para baixo em meus ombros. O médico

deu dois passos largos na minha frente e puxou uma cadeira.

– Por favor, sente-se.

Fiz o que pediu e ele empurrou a cadeira para mim. Obriguei-me a parar de

tentar encontrar mais em suas ações do que um homem sofisticado sendo educado.

Respirei fundo e soltei um longo suspiro, enquanto ele desaparecia com

nossos casacos. Quando ele se sentou ao meu lado, não tive certeza se sobreviveria

ao resto da noite. Ele cheirava tão bem. Eu sabia que tinha que ser minha
imaginação, mas jurei que podia sentir o calor irradiando dele. Deus... eu

precisava transar.

O garçom, um homem de vinte e poucos anos, cabelos ruivos e um sorriso

brilhante, aproximou-se da mesa.

– Posso pegar algo para vocês beberem?

O ombro do médico esfregou contra o meu e então seu hálito quente roçou

minha orelha.

– O que gostaria de beber?

O álcool não era uma boa ideia. O doutor não aceitaria ser abordado por uma

colega de trabalho bêbada e cheia de tesão e sua esposa ficaria ainda menos feliz.

Eu o encarei e com um olhar em seus olhos, eu sabia que não poderia haver

bebidas alcoólicas.

– Vou tomar água.

Ele ergueu uma sobrancelha e se voltou para o garçom.

– Dois copos do seu melhor pinot noir.

Foi a minha vez de lançar um olhar incrédulo.

Sem hesitar, ele respondeu:


– Srta. Watkins, você quase me deu uma concussão, me atropelou no saguão

e ficou distraída desde nosso tempo na sala de conferências. Água não é o que você

precisa.

– Desde quando os médicos aconselham o uso de álcool?

Ele se inclinou mais perto.

– Quando ele pensa que a paciente precisa esquecer suas preocupações.

Eu bufei.

– E suponho que discutir meu ponto não me levaria a lugar nenhum.

– Você é alérgica a álcool?

– Não.

– Está tomando algum medicamento que seja contraindicado com o uso de

álcool?

– Não.

– Então sim, você está absolutamente correta. Não adianta discutir.

O garçom voltou com dois copos e uma garrafa. Ele despejou uma pequena

quantidade de vinho em uma taça e a apresentou ao médico. O Dr. Vincent tomou

um gole e acenou com a cabeça para o garçom, que então encheu seu copo e serviu

um segundo, colocando-o na minha frente antes de sair.


O médico ergueu o copo e disse:

– Por experiências novas e maravilhosas.

Eu levantei meu copo e ele tilintou ao tocar o dele. Ele ergueu o copo e se

levantou. Acima do som das TVs de tela grande em cada esquina, berrando os

noticiários, vários esportes e videoclipes musicais, o médico fez um brinde. Os

vinte executivos, vendedores e médicos sentados à mesa, deram ao médico toda a

atenção.

– Obrigado a todos por terem vindo esta noite. Mas, principalmente, obrigado

a todos vocês que trabalharam tão duro para colocar Lyenstat nas mãos dos

pacientes que tão desesperadamente precisavam no ano passado. Embora, eu

quisesse vir aqui pessoalmente para agradecer a todos vocês, minha gratidão

empalidece em comparação com o agradecimento que vem dos milhares de

pacientes com câncer no cérebro que agora têm uma segunda chance. Todos

levantem suas taças... – Ele fez uma pausa e esperou até que todas as mãos

estivessem estendidas. – À saúde, felicidade e tudo o que vocês realmente

desejam. – Ele levou o copo aos lábios e tomou um gole.

O tilintar de copos e conversa de boas novas cercou a mesa. O médico se

sentou ao meu lado.

– O que você deseja, Elaine?

Engasguei e comecei a tossir.

Ele colocou a mão nas minhas costas.


– Você está bem?

Meu choque se transformou em uma risada.

– Sim, estou bem. – Tomei outro gole para engolir o que estava preso na

garganta, coloquei o vinho na mesa e me virei para ele. – Eu desejo... – Deus, eu

precisava ter cuidado. – Dizer o quanto eu aprecio você.

Seus olhos se arregalaram e ele pousou a mão na minha perna. Apenas um

gesto amigável. Pare de ler mais sobre isso.

– O que exatamente você aprecia? – Havia um tom de provocação em sua voz.

Sorri para mim mesma, pensando em todas as respostas possíveis, mas decidi.

– Que você salvou minha irmã. Ela quase morreu daquela doença

horrível. Mas você... você terminou a cura na hora certa. Ela foi uma das primeiras

pacientes a tomar a droga. Eu não posso te agradecer o suficiente.

Ele agarrou minha mão na sua.

– Oh, Elaine, não sei o que dizer, mas estou feliz que ela vai ficar bem. Muito

grato por termos entregado a ela a tempo. – Ele desviou o olhar.

Ele ainda segurava minha mão, mas havia um desconforto óbvio com minhas

palavras.

– Olha, eu sinto muito. Eu não queria te deixar desconfortável.

Ele se voltou para mim.


– Oh, não estou. É a minha vez de ficar um pouco distraído.

Com o canto do olho, vi uma imagem que apareceu na tela da TV e meu

estômago embrulhou. Merda. Eu tinha viajado tantas vezes que o dilúvio usual de

repórteres batendo na porta não me alertou que estava na hora de novo. Eles não

me alcançaram a tempo.

Antes que eu pudesse fazer uma saída elegante, um cara careca chamado Pete,

que trabalhava em vendas de médicos, gritou de várias cadeiras de distância.

– Ei, Elaine, esse não é o seu pai?

Porra. Peguei o vinho, tomei um grande gole e me virei para o médico.

– Muito obrigada pela bebida, doutor. Foi muito bom conhecê-lo, mas tenho

que ir. – Empurrei minha cadeira para trás, levantei-me e parei, junto com todos

os outros, incluindo o médico, olhando para as imagens piscando do meu pai na

TV. Na tela, com legendas, “o assassino em série mais famoso do país continua seu

jogo de gato e rato com detetives pelo terceiro ano consecutivo. Para prolongar sua

permanência no corredor da morte, Daniel Simon Watkins revela uma vítima por

ano às autoridades, no aniversário dos assassinatos. Hoje à noite, a polícia ainda

está procurando o conjunto completo de restos mortais pertencentes a Margaret

Marie Smith de Omaha Nebraska, a segunda vítima de Watkins, enquanto

familiares de mulheres desaparecidas de todo o mundo se reúnem fora da

Penitenciária do Estado de Nova York esperando o nome de sua terceira. A polícia

espera o anúncio do ‘Assassino do Porão’ esta semana.”


Não respondi a Pete, mas me virei e me dirigi ao pódio da recepção. Avistei

meu casaco em um cabide próximo. Eu o arranquei do cabide e enfiei um braço na

manga, empurrando a porta com meu quadril. A calçada irregular sufocou meu

andar, mas eu queria voltar para o meu quarto e trancar a porta. Como o homem

que me deu tudo, a infância perfeita, pode se tornar meu maior pesadelo? Ele foi

o motivo pelo qual eu não poderia mais seguir carreira em relações

públicas. Nenhuma empresa queria um representante de relações públicas com o

meu tipo de bagagem. O que havia com os vendedores e suas perguntas

intrometidas?

A cerca de um metro da soleira do Marriot, alguém agarrou meu braço. O

medo enviou uma onda de adrenalina por mim. Pronta para lutar, gritei.

– Me solte.

– Elaine, sou eu, Xavier, acho que você já me causou bastante dano corporal

esta noite. Não precisa tentar chutar minha bunda também.

Respirei fundo, tentando me acalmar. Eu não pude encará-lo.

Finalmente consegui dizer.

– Obrigada por me verificar. Estou bem. Você pode voltar.

Ele agarrou minha mão e entrelaçou seus dedos entre os meus e me puxou

para a entrada. Ele passou o braço em volta da minha cintura e me segurou contra

seu corpo enquanto navegávamos pela porta giratória.


Uma vez lá dentro, ele me guiou para um canto do saguão com uma poltrona

e uma lareira, longe dos olhos curiosos dos hóspedes do hotel.

– Sente-se. E entenda, não é um pedido.

– Sim senhor. – Eu relutantemente segui suas instruções e esperava que

satisfazê-lo pudesse encerrar a discussão mais cedo. Não é assim que eu queria

que ele se lembrasse de mim.

– Olhe para mim.

Eu encarei o fogo. Não havia como olhar para ele.

Ele bufou.

– Tudo bem, faça do seu jeito. – Ele se virou para que sua perna descansasse

contra a minha. – Você não é seu pai. Elaine, fui psiquiatra por muitos anos.

Eu ri, mas o som não tinha a forma de humor.

– Então, finalmente consegui conhecer o grande Dr. Xavier Vincent e de todas

as situações embaraçosas que eu poderia sonhar, tê-lo prestando ajuda

psiquiátrica gratuita em um saguão de hotel tem que superar todas elas. A

realidade realmente é mais complicada do que a ficção.

– Não foi isso o que eu quis dizer.

Outra risada escapou e me virei para ele.


– Doutor, realmente aprecio sua oferta. É muito gentil da sua parte vir aqui

para tentar me ajudar, mas esta não é a imagem que eu queria que tivesse de

mim. Não sou frágil e não sou fraca. Estou em carne viva e preciso me curar. Como

psiquiatra, você sabe disso.

– Como quer que eu te veja?

Inalei, considerando, então em uma exalação eu disse:

– Uma mulher confiante e decidida, que sabe quem ela é. Não essa bagunça

que você vê esta noite.

– Feito.

Eu olhei pra ele.

– O que?

– É exatamente assim que vejo você. Eu sempre vi.

Enterrei minha cabeça em minhas mãos em concha e olhei para o mundo

através de meus dedos abertos, tentando não ler em suas palavras mais do que ele

poderia querer dizer.

Sua mão se moveu para descansar no meu joelho.

– Responda uma pergunta para mim e eu vou deixá-la esta noite.

Eu sentei.
– O que quer saber?

– Disse que sabe quem você é. O que eu quero saber é quem você vai

ser? Afinal, não deveríamos todos nos empenhar por algo mais? A felicidade só

leva à complacência. Pelo menos foi o que uma colega muito sábia me disse uma

vez. – Ele apertou minha perna enquanto repetia minhas palavras. – Diga-me,

Elaine, pelo que mais está se esforçando, quais são os seus desejos?

Respirei fundo e me ajeitei.

– Isso é difícil de responder. Isso muda. Alguns dias, é simplesmente fazer

com que tudo desapareça. Outros é manter o foco no que há de bom nas coisas. Na

maioria das vezes, é ser capaz de sonhar como antes. Eu tinha uma carreira, um

futuro. Agora tenho um show de um psicopata que mata minhas ambições a cada

trezentos e sessenta e cinco dias. E tempos como esta noite...

Ele se inclinou mais perto.

– Como hoje à noite?

– Às vezes... gostaria que as distrações fossem o suficiente.

– Talvez precise de distrações maiores.

Eu respirei fundo.

Ele deu um tapinha na minha perna.


– Vou manter minha promessa. Por favor, descanse um pouco. Estou feliz por

termos nos encontrado.

Eu ri.

– Não deveria ser minha fala?

– Confie em mim, a honra é toda minha. – Ele afirmou. – Tenho certeza que

nos veremos novamente. É um mundo pequeno.

Ele se virou e atravessou o saguão. Eu o observei até que ele desapareceu atrás

de um pilar. Que viagem bagunçada. Tudo que eu esperava, era uma boa noite de

sono.

****

Na manhã seguinte, juntei minhas coisas e me dirigi ao saguão para entregar

a chave do meu quarto e pegar o ônibus para o aeroporto. O recepcionista pegou

a chave.

– Como foi sua estadia?

Encostei minha bagagem no balcão.

– Boa.

– Oh, Srta. Watkins, tenho um pacote para você. Um momento…


O cavalheiro alto e loiro colocou um pequeno pacote no balcão.

Achei que tinha deixado algo no centro de conferências. Puxei o papel pardo

e ele revelou outro pacote, este embrulhado em papel alumínio. Com cuidado para

não rasgar o embrulho tão lindo, soltei a fita adesiva e tirei uma caixinha de dentro.

A caixa de prata, adornada com nós fortemente tecidos, estava vazia.

No interior da tampa estavam as palavras,

“Quando Pandora abriu a caixa e lançou o mal no mundo, o sofrimento se

tornou nosso fardo. Mas nesta história, a maioria falha em reconhecer seu dom, a

esperança. Pois se a caixa pode ser esvaziada, ela pode ser novamente

preenchida. Tudo é possível se você acreditar bastante. Tranque tudo o que lhe

assombra para encontrar tudo o que sempre desejou. "

Não foi assinado. Não houve reconhecimento do autor, mas o presente só

poderia ter vindo de uma pessoa, Dr. Vincent.


Capítulo Dois
Favor

– Elaine. – Stanley Bergman sorriu e acenou para uma cadeira de couro preto

na frente de sua mesa.

Seu terno era uma mudança drástica da toga que ele usava na última festa da

fraternidade a que comparecemos. Mas ele tinha o mesmo sorriso largo e traços de

menino de que me lembrava.

– Stan... – Eu pausei. – Ou devo chamá-lo de vice-presidente, senhor? – Era

estranho vê-lo sentado atrás da mesa de mogno de uma das maiores empresas

farmacêuticas do mundo, Chatum D. Western Labs.

Ele abaixou a cabeça, revelando os mais leves tons de cinza prematuro em

seus fios de cabelo escuros, mas o movimento não escondeu seu rubor.

– Você me viu nu quando me amarraram em um poste de luz durante o trote

da fraternidade. Já passamos das formalidades.

Eu ri.

– Sim, e se bem me lembro, aquela noite fria não te ajudou em nada.

– Ei, eu esperava que tivesse esquecido essa parte.


– Acredite em mim, eu tentei. – Eu sorri e sentei.

Ele brincou com um envelope na mão.

– Então... provavelmente está se perguntando por que eu chamei você aqui, já

que nem mesmo trabalha no meu departamento. – Ele cruzou os braços sobre a

mesa, as abotoaduras brilhando com luz do sol entrando pelas venezianas.

– Eu estou. – Estudei seus olhos castanhos profundos em busca de qualquer

indício de ansiedade. Por que estou aqui? Passaram-se meses desde que minha

carreira morreu naquele pódio em Kansas City e já fazia quase uma semana desde

meu estranho encontro com o Dr. Vincent. Eu nunca mais trabalharia com relações

públicas, mas a posição de marketing em que eles me esconderam desde o

incidente começou a crescer em mim, mesmo com todas as apresentações não

apreciadas da equipe que eu estava encarregada de fazer. Eu odiaria perdê-lo. Ele

estava saindo? Reestruturando, talvez?

Ele respirou fundo e seus curtos cachos castanhos saltaram quando ele

suspirou. Sobre os dedos tortos, ele perguntou:

– Você fez algo diferente com o seu cabelo?

– Meu cabelo? – Por que ele perguntaria sobre meu cabelo? Seja qual for o

problema, não poderia ser bom. – Eu puxei para cima hoje, mas fora isso, é o

mesmo que era na faculdade, comprido e marrom avermelhado. O que está

acontecendo, Stan?
Ele virou o envelope e ajustou um bloco de notas para cobrir o jornal da

manhã em sua mesa. Antes que ele obscurecesse a manchete, li: “O assassino em

série mais prolífico do mundo irá revelar o nome da vítima número três”.

– É disso que se trata? Dele? – Eu apontei para o papel. – Não precisa esconder

isso. Honestamente acha que eu não vi? Todos os anos, a mídia sai da toca para

me perseguir e bagunçar tudo de novo. Eu tive que evitá-los esta manhã, mal

consegui chegar ao meu carro.

– Não consigo nem imaginar como é isso. – Ele me lançou o olhar que todo

mundo sempre fazia, simpatia misturada com curiosidade mórbida.

Eu cruzei meus braços, tentando esconder minha irritação.

– Você sabe de uma coisa? Nem eu. Já se passaram três anos e ainda não

parece real. E o triste é que não sei por quanto tempo isso vai durar. Ninguém sabe

a contagem real de corpos, exceto ele.

Eu não tinha falado com Stan sobre isso, mas todos conheciam a história. Foi

algo que evitei e tolamente pensei que todo mundo também faria. Não creio que

alguém possa aceitar o fato de que sua infância foi uma farsa, algum tipo de

perversão do conto de fadas perfeito. A casa branca, a cerca de madeira, duas

crianças, pais amorosos... Tudo desmoronou três anos atrás, quando o noticiário

noturno mostrou a foto de Abigail Evans como pessoa desaparecida.

– Deve ser difícil.

Inclinei-me para ele e o fixei com um olhar penetrante.


– Stan, difícil é seu cachorro morrer. Descobrir que seu pai é um assassino em

série... bem... isso é muito difícil. Sacrifiquei minha infância pela verdade e

justiça... Tenho sorte de estar sã.

Ele pigarreou.

– Você ainda fala com ele?

– Quem? Meu pai? Não, minha infância e minha carreira foram o pagamento

suficiente pela fantasia que ele me deu. Não devo mais nada a ele.

Sua testa franzida.

– Sua carreira?

– Vamos Stan. – Bati minhas mãos contra os braços da cadeira. – Eu sou

formada em relações públicas por uma das universidades mais prestigiadas deste

país, mas a primeira vez que meu pai foi citado em um evento público, a empresa

me colocou em um escritório, para nunca mais ouvir falar dele, exceto para

regurgitar informações aos funcionários. Não pode ter um representante de

relações públicas com o meu tipo de bagagem. Sou uma distração.

– Por que você fica?

Eu respirei fundo.

– Ainda estará lá para eu responder, não importa aonde eu vá. Esta empresa

salvou a vida da minha irmã. Sem aquela droga contra o câncer, ela estaria

morta. Ela é o último fio que tenho para uma vida normal. – A única pessoa que
pode entender como me sinto. – E pelo menos estou fazendo algo bom, mesmo

que seja atrás de uma mesa, em vez de representar a Western para o público.

– Falando nisso... – Ele fez uma pausa e esfregou as mãos nas calças. – Quando

você estava em Chicago...

Por que ele parecia tão nervoso?

– Depois da apresentação que fez há algumas semanas, ouvi que você falou

com o Dr. Vincent. O que aconteceu? – Ele esfregou o queixo, mantendo contato

visual.

Eu me mexi na cadeira, sentando para frente. Essa era uma linha de

questionamento que eu não esperava.

– Nada grande. Por que pergunta?

– Nada é pequeno em relação ao Dr. Vincent. Vamos, o que aconteceu?

Eu levantei uma sobrancelha.

– Ele perguntou se eu estava feliz com meu trabalho.

– E?

– Se te preocupa que eu tenha dito a ele que a empresa me relegou ao

calabouço... eu não disse. Simplesmente disse que tinha um trabalho importante.

– Eu atirei a ele um olhar suspeito. – Por que? Eu estava tão nervosa falando com

o homem que mal conseguia formar palavras. Eu realmente gostaria que alguém
tivesse me avisado que ele estaria lá. – Stan não precisava saber sobre nossa

conversa particular ou sobre a caixa. Além disso, eu não tinha cem por cento de

certeza que era do médico. Eu simplesmente não tinha outros suspeitos.

– Ninguém esperava que ele estivesse lá. Esse é o tipo de homem que ele é.

– Bateu o envelope contra a mesa novamente.

Eu me perguntei se Stan desenvolveu um tique nervoso. Não entendi seu

comportamento. Nada do que eu fiz justificava retribuição. A experiência foi

muito parecida com o encontro com uma estrela do rock. Meu cérebro tinha

praticamente verificado e eu fiz papel de idiota. A principal coisa que me lembrei

sobre o bom doutor foi como ele cheirava bem e...

– Eu disse algo errado? Eu juro, não disse nada sobre você ou a empresa.

– Ok. – Ele suspirou. – Dr. Vincent é muito importante para esta empresa. Ele

é um ícone. Inferno, desde que ele descobriu Lyenstat e revolucionou a pesquisa

oncológica, ninguém se lembra quem é Chatum D. Western e ele fundou a maldita

empresa. O Dr. Vincent pode não gerenciar nada diretamente, mas não pense que

ele não dá as cartas.

– Claro. Vincent colocou a Western na lista da Fortune 100. Acredite em mim,

eu entendo o quão importante ele é, além de todas as vidas que ele salvou. – Resisti

à vontade de revirar os olhos.

– Sim. E há rumores de que ele é muito volátil e decisivo.

Eu suspirei.
– Merda. Ele não me despediu, não é? Esses idiotas estúpidos de vendas. Filho

da... – Eu agarrei os braços da cadeira, apertando, e tentei manter a calma. Posso

não ter ficado feliz com meu banimento, mas precisava do emprego. Meu pai não

estava em posição de terminar de pagar meus empréstimos para a faculdade.

– Não, ele não te demitiu. Acalme-se. Que idiotas de vendas?

– Aquele idiota de Kansas City. Se ele apenas tivesse se prendido aos pontos

de discussão. Em vez disso, ele mencionou como deve ter sido terrível ter um pai

como o meu quando eu estava crescendo. Em vez de concordar, disse a

verdade. Eu disse que minha infância foi a mais perfeita possível e meu pai era

amoroso e gentil. Ele me acusou de tolerar as ações de meu pai e me tiraram do

palco antes que eu pudesse esclarecer as coisas. Então bam, fui designada para a

pesquisa de marketing. – Eu puxei um fio da minha camisa. – Então aquele cara

Pete de Chicago... – Eu corri minhas mãos ao longo da costura da minha saia. – O

que diabos está acontecendo? Por favor, apenas diga. Eu dou conta disso. – Prendi

minha respiração. Isso não poderia ser bom.

Stanley pigarreou.

– Dr. Vincent solicitou sua presença.

– OK. Isso é surpreendente. – Eu me endireitei. – Onde e quando?

Ele me entregou um envelope.

– Você sai esta noite.


– Esta noite? Ele está louco? Para onde? – Peguei o retângulo branco grosso

de sua mão estendida. Testando o selo do envelope com o polegar, resisti à

vontade de rasgá-lo como uma criança no dia de Natal.

– Talvez sim. Mas, por favor, Elaine, não estrague tudo. O que quer que você

faça, será um reflexo sobre mim. Não apenas porque ele veio até mim, o VP

designado para as operações de seu produto, com seu pedido, mas fui eu que

recomendou você para a Western em primeiro lugar.

– Puxa, Stan, obrigada pelo voto de confiança. – Eu olhei para ele.

– Não, você não entende. Existem rumores sobre o Dr. Vincent e com seu

temperamento esquentado...

– Meu temperamento? – O calor inundando minhas bochechas tornou difícil

negar sua acusação. Eu balancei minha cabeça. Assumi uma posição forte em uma

reunião e agora era uma lenda. Em minha defesa, foi uma questão ética. Mas tive

que admitir que quando escolhi minha colina para morrer, minha morte foi teatral.

– Sim. Você pode ser bastante... opinativa.

O fato de ele estar certo me irritou mais.

– Que tipo de boatos?

– Você sabe, gênio excêntrico com problemas de controle e tudo mais. Ele

pode pedir para você passear com o gato dele ou algo estúpido. Se ele fizer isso,

apenas aceite e vá em frente. O Dr. Vincent é a razão de eu ser vice-presidente.


– Bem, se o cara o promoveu, por que está com tanto medo? – Eu encarei o

envelope branco e grosso em minha mão. A Srta. Elaine Watkins rolou na frente

em uma escrita elegante.

– Ele não me promoveu. Ele exigiu que o velho VP fosse demitido. Sem

motivo. Levantou-se e o despediu. Você tem que ter cuidado. Meus três filhos

dependem de você.

– Sem pressão, hein? – Revirei meus olhos.

– Elaine. – Quase soou como um gemido.

– Tudo bem. Vou passear com seu gato com um sorriso no rosto.

– Obrigado. – Ele relaxou em seu assento.

Eu me levantei, coloquei o envelope debaixo do braço e apontei para ele.

– Você vai me dever. Eu nem gosto de gatos.

Ele riu.

– Você tem um gato.

– Ok, eu gosto de gatos, mas eles são um pé no saco de passear.

Stan balançou a cabeça.

– Tenho certeza que o Dr. Vincent fará o esforço valer a pena.

Foi a minha vez de rir.


– Pode-se esperar. Você o viu? Além disso, ele salvou minha irmã, então uma

pequena estada felina não vai me matar. – Suspirei. – Esta será uma boa distração

do drama em torno de meu pai. Espero poder me controlar o suficiente para não

dizer algo estúpido. – Eu sorri e olhei por cima do ombro. – Vou ligar e deixar você

saber se ainda tem um emprego.

Ele parou de rir. Sua testa franzida.

– Isso não é engraçado.

Fazendo minha saída, fechei a porta atrás de mim.

Eu abri o envelope.

Oh meu Deus!

– Paris.
Capítulo Três
Paris

A multidão do lado de fora do meu apartamento se separou com

relutância. Microfones apareceram na minha boca, mas, assim como todos os

outros anos, o silêncio foi minha única resposta às suas perguntas constantes. Meu

pai representou a mídia da mesma forma que representou para sua família e suas

vítimas, prolongando sua sentença de morte pelo maior tempo possível com a

promessa do nome de outra vítima no aniversário de suas viagens anuais de

caça. E pensar que, presumimos que ele caçava veados. Recusei-me a jogar o seu

jogo. O convite do Dr. Vincent não poderia ter vindo em melhor hora.

Em algum lugar sobre o Oceano Atlântico, a ansiedade me atingiu. O que eu

esqueci de embalar? Embalei calcinhas suficientes? E o que era tão importante que

eu tive que sair esta noite? Dezesseis horas depois, após segurança, alfândega e

um voo atrasado, o avião pousou em Paris.

Depois de atravessar o aeroporto por sólidos vinte minutos, avistei um

cavalheiro com cabelo grisalho vestido em um uniforme preto segurando uma

placa com “Elaine Watkins” escrita em caligrafia instável. Eu me movi para ficar

na frente dele.

– Elaine? – O forte sotaque francês mesclava as duas sílabas do meu nome

como se fossem de seda e cetim. Uma linguagem tão bonita.


Eu balancei a cabeça e ele agarrou minhas malas.

Suas longas pernas tornavam seus passos mais rápidos e eu me esforcei para

acompanhá-lo. Saímos da esteira de bagagens na frente de uma limusine preta. Ele

abriu a porta para mim.

Quando minha bunda deslizou pelo assento de couro liso, olhei para os olhos

castanhos do homem mais velho.

– Onde estamos indo?

– Perdão, mademoiselle. Je ne parle pas anglais1. – Disse ele, balançando a

cabeça, encolhendo os ombros e estendendo as mãos.

Eu sorri.

– Maravilhoso.

Rezei para que a viagem fosse curta, mas não tive essa sorte. Conforme o

cenário passava e navegávamos pelas ruas estreitas, as luzes dançantes da cidade

eram uma grande distração. Logo a cidade deu lugar à paisagem rural

francesa, pequenas fazendas com celeiros de pedra pontilhavam as colinas.

Depois de mais de uma hora dirigindo, o sol se pôs e com um leve brilho do

luar, chegamos a um grande portão de segurança. O motorista apertou um botão,

1 Tradução: Perdão, senhorita. Eu não falo inglês.


murmurou algo em francês e o portão se abriu. Mais oitocentos metros por uma

estrada estreita e sinuosa, uma grande estrutura emergiu da escuridão.

O motorista estacionou o carro em frente a uma grande mansão gótica de

pedra. Um belo trabalho em pedra cinza formava um arco elegante que conduzia

a portas de ferro e vitrais. A luz de dentro do prédio fazia as rosas cortadas e a

hera brilharem. A arquitetura de tirar o fôlego emanava história e riqueza.

Depois de abrir minha porta, ele acenou para mim em direção à varanda. Eu

entendi sua deixa. Ele colocou minhas malas na calçada ao meu lado e voltou para

o carro. Eu levantei meu punho para bater, mas a porta se abriu antes que eu

pudesse. O Dr. Vincent me acolheu em vez de um mordomo. Nunca esperei vê-lo

fora de um evento de trabalho. Sua camisa e jeans casual, mas de aparência cara,

o faziam parecer tão acessível. Por que ele estava aqui? Uma pergunta melhor...

por que eu estava?

– Boa noite, Elaine. – Ele se abaixou, pegou minha mão e beijou as costas dela.

– Ah… Boa noite… Dr. Vincent. – Eu consegui sorrir através dos nervos. Isso

foi muito diferente de vê-lo em seu ambiente profissional.

Sua testa franzida afastou sua expressão de boas-vindas.

– Algo errado?

Olhei ao redor, observando as pedras cortadas à mão que emolduravam a

soleira. O lugar deve ter custado uma fortuna. Afastando meu desconcerto,

respondi:
– Não, não há nada de errado, doutor.

Ele pegou minhas malas, mas minhas mãos o atingiram nas alças. Este é o

grande Dr. Vincent. De jeito nenhum ele estava levando minhas malas.

Ele fez uma pausa.

– Elaine, posso levar sua bagagem?

– Estou bem. Vou mantê-las comigo até que eu vá para o hotel.

– Honestamente achou que eu faria você vir até aqui para dormir em um

hotel? É minha convidada e vai ficar aqui. A menos, é claro, que não seja do seu...

– Não. Não. É perfeito. – Mas certamente inesperado.

Ele pegou minhas malas novamente e desta vez eu soltei meu aperto e permiti

que ele as pegasse. Ele sorriu e acenou com a aprovação.

– Vou demorar apenas um momento. – Ele nos levou para o vestíbulo.

Enquanto ele se afastava, envolvi meus braços em volta do meu peito e olhei

para cima para ver o enorme teto da catedral decorado com sombras lançadas pelo

lustre de cristal. Eu respirei fundo, fechei e abri minhas mãos. Não apenas eu

estava em pura opulência, como também era a convidada do homem lindo que

salvou a vida da minha irmã. Muito mais do que uma celebridade, ele era um

santo.
Não demorou muito para que ele aparecesse na passagem em arco para o

vestíbulo.

Ele caminhou atrás de mim, agarrou os ombros do meu casaco e o puxou para

baixo em meus braços. Falou em tons suaves, tão perto do meu ouvido que senti

sua respiração.

– Obrigado por viajar todo esse caminho. – O cheiro de colônia picante me

acalmou, masculinidade absoluta. Muito envolvida em meu trabalho e nas

bobagens de meu pai, fazia anos que eu não ficava tão perto de um homem. Não

podia me dar ao luxo de sentir essas coisas pelo bom doutor. Não apenas havia

limites profissionais, mas ele era casado.

– Se não tivesse feito a viagem, nunca teria tido a oportunidade de ver a sua

magnífica casa.

Ele alisou minhas mangas, suas mãos parando por um momento no meu

bíceps. Ele então deu um passo à minha frente, colocou meu casaco no braço e me

fez um sinal para a frente. Fizemos nosso caminho para a grande sala com painéis

de mogno.

– Bem, obrigado, mas isso tudo foi minha esposa quem fez. Tenho gostos

muito mais simples.

A grande sala, com uma enorme lareira de pedra acesa, era acentuada por

uma paleta de cores de vinho e creme que lembravam a realeza.


– Por favor sente-se. – Ele gesticulou para uma grande cadeira de brocado de

veludo. Esperou enquanto eu escorregava para trás na cadeira e endireitava

minha saia. – Você prefere tinto ou branco?

– O que, desculpe? – Eu era um monte de nervos. O que diabos eu estava

fazendo aqui? A situação era surreal.

– Vinho, minha querida. Você prefere tinto ou branco? Ou talvez eu tenha

entendido errado e você gostaria de algo um pouco mais forte. – Ele sorriu.

Esta seria a semana mais longa da minha vida. Eu não era do tipo nervosa,

mas o médico evocou respostas estranhas de mim.

– Tinto, por favor.

Ele piscou.

– Foi isso o que eu pensei. – Com meu casaco nas mãos, ele voltou para o

saguão.

O calor do fogo era maravilhoso, quase reconfortante demais, quando o jet lag

e a exaustão me dominaram. Não ficaria bem se eu adormecesse. O vinho não foi

uma boa ideia, mas como poderia recusar? A última vez que tentei recusá-lo,

falhei.

Momentos depois, ele voltou com dois copos e entregou um para mim.

– Aqui, minha querida. – Ele certificou-se de que eu tinha um aperto firme

antes de soltar o copo. – Romanée Conti.


– Me desculpe…?

– Romanée Conti é um dos melhores pinot noirs de toda a França.

– Não sei muito de vinhos franceses, desculpe. – Tomei um gole e permiti que

o sabor cobrisse meu lábio inferior e minha língua. Delicioso.

Ele me observou, os olhos fixos na minha boca.

– É maravilhoso. – Lambi meu lábio, não permitindo que nenhuma gota

deixasse de ser saboreada.

– Estou feliz que você aprove. Minha esposa era a conhecedora. – Ele brincou

com o anel em seu dedo anular esquerdo.

– Ela vai se juntar a nós?

Ele se sentou na cadeira à minha frente, suspirou e cruzou as pernas. Ele olhou

profundamente em sua taça de vinho, passando o dedo pela borda.

– Não. Eu sinto muito. Ela faleceu há alguns anos.

– Eu sinto muitíssimo. – Ótima maneira de enfiar o pé na boca.

– Tudo o que você vê aqui, incluindo quem eu sou, é tudo trabalho dela.

Agora ele realmente tinha minha atenção. Sentei-me para a frente na cadeira,

balançando meu vinho sobre o braço.


– O que aconteceu? – Desde que descobri a traição de meu pai, minha

curiosidade e suspeita muitas vezes me compeliram a fazer mais perguntas do que

as socialmente apropriadas. Um olhar de dor cruzou seu rosto. – Se não se importa

que eu pergunte? Não quero trazer à tona velhas memórias.

Ele exalou um longo suspiro e recostou-se na cadeira.

– Não, está tudo bem. – Ele fez uma pausa. – Foi o câncer. Não fui capaz de

salvá-la a tempo, mas sua morte alimentou meu foco. Eu cacei a doença horrível

até que ela não pudesse mais se esconder.

– Mais uma vez, sinto muito por...

– Lydia.

– Sim... Lydia. Eu não posso agradecer o suficiente pelo que você fez por

minha irmã e minha família. A morte dela não foi em vão. – A culpa me atingiu. Eu

me beneficiei de sua morte.

– Isso é o que me faz continuar. – Seu rosto se iluminou por um momento. –

Estou perto de isolar outro.

– Que notícia fantástica! É por isso que estou aqui? Você está se preparando

para ir ao mercado?

Ele olhou para suas mãos.

– Não exatamente. Você não está aqui a negócios. Eu provavelmente deveria

ter explicado antes.


Agora isso era novidade. Eu me sentei direito.

– Receio que não entendi.

– Eu suspeito que não. Não é o tipo de coisa que se pode colocar em uma

carta. Mas no momento em que te vi em Kansas City...

Cidade de Kansas? Oh não. Eu quase tinha esquecido que ele disse que estava

lá. Aquele momento em que tudo pelo que eu trabalhei partiu para se juntar à

minha infância.

– Doutor, meu comportamento em Kansas City foi inapropriado. Minhas

desculpas, mas acho que não entendo.

Ele sorriu.

– Não precisa se desculpar. Depois do seu discurso, tive que te conhecer. Eu

preciso de você.

Eu ri e olhei para baixo, tentando esconder meu rubor de colegial. O grande

Dr. Vincent precisava de mim? Há muitas maneiras pelas quais eu adoraria que

ele precisasse de mim. Certamente, eu não estava em Paris para passear com o gato

dele? Brinquei com um botão do paletó e limpei a garganta.

– O que posso fazer para você?

– Você sabe o que minha esposa fazia para viver?


– Não. Não há muito escrito sobre você, ou ela de uma perspectiva pessoal. Eu

nem sabia que ela faleceu.

Ele sorriu.

– Fez seu dever de casa, não foi, Srta. Watkins?

O tom brincalhão de sua voz era bem-vindo, dado o peso da conversa.

– Eu tentei, mas você não se expõe muito.

– Tem razão. Antes de começar a pesquisar o câncer, eu era um

neuropsiquiatra praticante de sucesso. Compreender como o comportamento e a

função cerebral se relacionam é a chave para resolver muitas doenças psiquiátricas

debilitantes. Mas, ao trabalhar tão de perto com os pacientes, é essencial manter a

vida privada oculta. Alguns pacientes podem fazer conexões prejudiciais porque,

para entender por que eles fazem o que fazem, você deve conhecer seus segredos.

– Eu posso imaginar. Foi um salto difícil de prática privada para pesquisa?

– Sim. Sinto falta da interação com o paciente. A maneira como a mente

humana funciona me fascina. Você sabia que as pessoas usam sua ética em suas

mangas? A maioria não procura por isso, mas posso dizer quando alguém é

confiável.

Se eu tivesse essa habilidade, vidas poderiam ter sido salvas.

Ele tomou um gole de vinho e a menor gota pingou em seu queixo. Ele o

ergueu com o dedo, colocou a gota na língua e chupou o dedo com a boca.
– Você é confiável.

Eu fingi não notar, mas o calor se acendeu entre minhas pernas. O homem era

sexo em um terno, sensual, mesmo sem querer ser. Saber que ele não era casado,

de alguma forma, abriu um mundo de possibilidades que eu nunca havia

considerado.

Ele se inclinou para frente, direcionando toda a sua atenção para minhas

bochechas rosadas.

Suas palavras finalmente me tiraram do meu devaneio.

– Ah? Oh sério?

– Sim. Por que acha que há tão pouco escrito sobre mim? Não é que as pessoas

não conheçam meus segredos. É porque eu só os compartilho com aqueles que

nunca me trairiam.

– Você vai ter que me ensinar esse truque. Isso poderia ter me salvado de

muita dor de cabeça. – Voltei meu foco para o fogo crepitante na lareira.

Ele riu.

– Ah... Assuntos do coração são complicados. Acho melhor evitá-los. Mas não

seja dura consigo mesma. Quanto mais perto estivermos de alguém, menos

perceptivos nos tornamos. Talvez você saia daqui sabendo um pouco mais sobre

você do que quando chegou.

Eu encontrei seu olhar.


– Já estou aprendendo.

– Bom. Está cansada? Foi um longo voo. – Ele se abaixou para o lado da

cadeira e puxou uma pasta anteriormente obscurecida pelas almofadas e a colocou

em seu colo.

– Eu estou, mas não tenho como dormir até que me diga por que estou aqui?

– Curiosa? Você está querendo abrir a caixa de Pandora? Sabe, nem toda caixa

está cheia de desastres. Algumas contêm os maiores tesouros do mundo. – Ele

sorriu.

Mesmo sabendo que a caixa não poderia ter vindo de ninguém além dele, suas

palavras foram uma confirmação sutil.

– Então foi você? A caixa, quero dizer.

Ele levou o vinho aos lábios.

– Sim. – Ele bebeu. – Você precisava de um lugar para descansar seus

demônios. Todos nós os temos, mas se os trancarmos, podemos evitar que esgotem

nossos prazeres. – Ele colocou o copo na mesa ao lado dele, se inclinou e me

entregou a pasta. – Falando em prazeres... por favor, espere para abri-lo até que eu

lhe diga.

– Ok. – Estendi a mão, peguei a pasta e coloquei no meu colo.

– Eu conheci minha esposa quando eu estava na escola de medicina. Ela era

minha instrutora especializada em sexualidade, especificamente, disfunção


sexual. Ela se mudou para a América para estudar o papel da inibição na cultura

americana.

– Parece interessante, mas se ela era uma instrutora e você um estudante...

Ele respirou fundo.

– Sim. Você está começando a ver. Quando se tratava de sexo, minha esposa

adorava confundir as linhas e desafiar as normas sociais. – Ele pigarreou. – Eu me

tornei um desafio. O abuso na primeira infância levou à minha adoção por uma

família muito amorosa e solidária, mas deixou sua marca. Casamos depois da

minha formatura. – Ele se levantou, pegou sua taça de vinho e foi até a lareira. Ele

olhou para as chamas e continuou. – Nosso casamento não foi... convencional. O

desejo de minha esposa de ultrapassar limites e minhas dificuldades desde a

infância levaram a um arranjo único.

Essa não era a conversa que eu esperava.

– Doutor, você não precisa me contar tudo isso. É pessoal…

– Ah, mas é essencial. – Ele tomou um gole de vinho.

Onde diabos isso estava indo? Eu me mexi na cadeira.

– Levou anos de treinamento até eu me sentir confortável com um orgasmo

na frente de outro ser humano.


O gole de vinho que tomei para acelerar a conversa ficou preso na minha

garganta. Comecei a tossir. Uau. Quando o bom doutor decidiu compartilhar, ele

realmente compartilhou. Por que diabos eu preciso saber disso?

– Você está bem, Elaine?

Um último estalo.

– Sim. Desculpe. Continue. – Eu sorri, na esperança de mascarar minha

angústia.

– Lydia ficou fascinada por mim, mas nosso relacionamento mudou quando

nos apaixonamos. Infelizmente, nunca fizemos amor no sentido

convencional. Nós nos comprometemos. Foi sua compreensão e amor por mim

que nos ajudou. Ela fazia sexo com outras pessoas enquanto eu assistia e

dirigia. Suas necessidades de conexão física foram satisfeitas e ao dar as cartas,

pude ser um participante. Isso me deu uma sensação de controle e, eventualmente,

eu aprendi o suficiente para relaxar um pouco.

Eu agarrei a pasta em meu colo com mais força e me sentei. Por que ele estava

me contando isso?

– Sinto muito. – Foi tudo que consegui pensar em dizer.

– Nada para lamentar, nós tivemos um casamento maravilhoso e

gratificante. Quando alguém se engaja no anormal por tempo suficiente, ele se

torna normal. Eu a amava de todo o coração e não tenho dúvidas de que ela me

amava. Era nossa intimidade.


Cruzei as pernas e coloquei a pasta ao meu lado, na esperança de fingir

conforto durante a conversa estranha.

– É bom que vocês tenham se encontrado, parece que ela era uma mulher

incrível.

Ele voltou para a cadeira, colocou o copo na mesinha lateral e se sentou.

– Faz muito tempo desde a morte dela e ainda mais tempo desde que tive

companhia. Não vou desistir do meu trabalho por um relacionamento. Como eu

poderia explicar tudo isso?

Tentei me dirigir a ele com o mesmo tom clínico que ele usava.

– Você não parece ter problemas para me dizer.

– Só porque estou ensaiando essa conversa na minha cabeça há dois

anos. Você se lembra da apresentação que fez na convenção em Kansas City?

Mudei e cruzei novamente minhas pernas e agarrei os braços da

cadeira. Escondi minha confusão sobre a mudança de assunto e respondi com um

simples “Sim".

– Eu sabia então, se eu fosse tentar essa ideia maluca, teria que ser com

você. Disse a mim mesmo em Kansas City, se nossos caminhos se cruzassem

novamente, seria meu sinal. Falar com você na reunião da semana passada

fortaleceu minha decisão.


– Você não parece alguém que confia no destino. Espere... Que ideia

maluca? Ainda não tenho certeza do que está perguntando.

– Abra a pasta. – Ele gesticulou em direção a ela.

Eu abri a capa. Uma foto do mais lindo homem nu enchia a página. Ele era a

perfeição. O ângulo lateral da foto não escondia nada, seus músculos firmes em

sua bunda arredondada e apertada e seu pau enorme e ereto estavam expostos aos

meus olhos. Seu cabelo escuro caía em ondas até os ombros, apresentando o

ângulo agudo de sua mandíbula e nariz reto. Minha boca ficou seca.

– Esse é o Marco. Requintado, não é? Ele é tão inteligente quanto bonito e é

um amigo querido. – Ele entrelaçou os dedos e se inclinou para olhar a foto. – Vire

a página. Sebastian.

O homem na próxima página combinava com a beleza do primeiro

homem. Seu cabelo loiro curto e cortado emoldurava as feições escandinavas

definidas e sua constituição alta era tonificada e imaculada.

– Doutor, o que você está perguntando?

– Estou pedindo a você que se entregue a cinco dias de paixão. Para descobrir

delícias físicas que nunca conheceu e nunca conhecerá novamente.

Eu encarei o médico, as fotos e então voltei a olhar.

Ele apontou para a página.

– Eu quero assistir aqueles dois homens violarem você sob minha direção.
Tinha que ser uma piada ou um daqueles reality shows “pegadinhas”. Ele não

poderia estar falando sério.

– Eu não sou uma prostituta! – Eu me levantei, me preparando para sair.

– Claro que não. – Ele se levantou e agarrou minha mão. – Não quis dizer

isso. Você notará que não fiz promessas. Não há uma promoção ou prêmio para

fazer isso. Estou simplesmente esperando que você escolha me satisfazer. Há algo

sobre você, Elaine. Eu trabalharia para te seduzir, se fosse capaz, mas é isso que

tenho a oferecer.

Eu puxei minha mão da dele.

– Isso é loucura! Quer que eu durma com esses homens para que você possa

ficar assistindo.

– Não. Quero dizer a esses homens como tocar seu corpo para que eu possa

lhe trazer prazer. Serei eu fazendo amor com você. Eu os escolhi para tornar a

experiência o mais estimulante possível. Entenda, em tudo isso, sou eu quem está

no comando, sou eu com quem você terá intimidade. Esses dois homens serão

um conjunto extra de lábios, uma língua adicional, outro pau à minha disposição

para fazer você se contorcer.

Suas palavras fizeram coisas comigo, uma sedução estranha e quente.

– Por que dois homens?

– Já fez amor com dois homens ao mesmo tempo?


Eu não era uma puritana de forma alguma, mas...

– Não!

– Era a indulgência favorita de Lydia em ocasiões especiais. E você, minha

querida, é especial. – Ele agarrou meus braços e me fixou com seu olhar. – Quero

que nosso tempo juntos seja memorável. Talvez eu seja egoísta por querer te dar

uma experiência que você nunca será capaz de repetir. Mas não é esse o desejo de

todo homem quando faz amor com sua mulher? – Ele apertou meus braços com

mais força e me puxou para mais perto dele.

Eu não conseguia respirar. Foi tudo tão inacreditável. O calor estava

crescendo entre minhas coxas e eu tentei desviar o olhar dele, mas não consegui.

Ele soltou meus braços.

– Depois desta semana, você voltará para casa e nada muda.

– Bem desse jeito. Nada muda?

Eu me virei, peguei a pasta e afundei na cadeira. Abri a pasta, olhei as fotos

novamente e depois voltei para o médico.

– E se eu não concordar? Serei despedida?

Ele se sentou e cruzou as pernas.

– Você pode passear por uma semana ou o que quiser. – Ele se inclinou para

frente. – Paris é uma cidade adorável, mas você sempre se perguntará como teria
sido. Imagine o quão bom poderia ter sido. – Ele se recostou novamente. – De

qualquer maneira, você escolhe. Quando voltar para casa, você volta a ser você e

eu continuo sendo eu a meio mundo de distância. A prostituição é uma transação

financeira. Não tenho interesse nisso. O que estou pedindo é que seja minha

amante por esta semana em Paris.

Eu coloquei meu rosto em minhas mãos. Este foi um desastre de trem. O que

diabos eu vou fazer?

– Se escolher me satisfazer, você descobrirá o êxtase que poucos

experimentam. Eu não quero sua resposta esta noite. Você está cansada e precisa

de uma boa noite de sono. – Ele se levantou e pegou minha mão. – Deixe-me

mostrar seu quarto.

Muda. Eu me levantei, mas peguei a taça de vinho em vez de sua mão. Eu

precisaria disso. Guardando a pasta debaixo do braço, eu o segui para fora da sala

e subi a escada em espiral.

Na porta do meu quarto, ele fez uma pausa.

– Elaine, não há pressão. Eu só quero que isso aconteça se você quiser. Se tiver

alguma dúvida, recuse. Não desejo forçar sua vontade. Eu escolhi você de todas

as mulheres que vejo dia após dia por vários motivos, sua confiança, por

exemplo. Isso me diz que verá a oferta pelo que ela é, uma oportunidade. Sua forte

independência permitirá que veja esta situação sem preconceitos de

gênero. Alguém mais fraco permitiria que as normas sociais sobre o que uma
mulher deve ou não fazer sexualmente atrapalhem a diversão. Você não vai, e isso

é importante para mim.

– Não me conhece. Isso é uma loucura. – Levei o copo aos lábios e drenei até

a última gota.

– É isso? Foi sua compaixão que selou o acordo para mim. Você pode ver além

das minhas limitações, assim como viu as de seu pai, sua honestidade e ética

impedirão que você me destrua com esse conhecimento se decidir ir embora. Isso

é loucura?

– Sim. Sim, é verdade. – Peguei a maçaneta da porta.

– Durma e pense sobre isso. Examine os arquivos. Lembre-se de que está em

uma cidade estrangeira. Ninguém jamais saberá. – Ele se inclinou e me beijou na

bochecha, mas fez uma pausa para respirar no meu ouvido. – Eu ficaria muito

grato. – Ele permitiu que suas palavras se assentassem antes de dizer. – Bons

sonhos, minha Elaine.

Virei a maçaneta e tropecei pela porta. As fotos dos homens nus, junto com

vários outros pedaços de papel, espalhados pelo chão. Eu me inclinei para pegá-

los, a mão ainda na maçaneta. Fiz uma pausa e olhei para o homem etiquetado

como Marco, com o pênis enorme. Droga! Eles realmente fazem homens assim? A

sensação de estar sendo observada tomou conta de mim e levantei meus olhos

para encontrar o médico observando com um sorriso malicioso.

– Boa noite, doutor. – Eu bati a porta.


****

Insanidade. Ele não podia estar falando sério, não é? Eu olhei para as fotos

novamente e folheei a papelada enquanto perifericamente observava a beleza da

decoração francesa do velho mundo. O quarto era adorável, com seus padrões em

preto e branco e lençóis felpudos, mas eu não conseguia parar de olhar para as

fotos. Quem concordaria com algo assim? Minha primeira reação para a maioria

das coisas foi aplicar a lógica. Encontre o caminho mais fácil, a solução mais rápida

e segura. Ele estava certo? Se eu dissesse não, seria consumida por "e se?" mais

tarde? Não saber o que poderia ter acontecido seria um fardo maior do que a

memória da travessura sexual mais selvagem de todos os tempos? Eu estava em

Paris por capricho dele, pelo amor de Deus. Eu poderia ir em frente? Eu não

poderia?

– Maldito seja, Dr. Vincent. – Afinal, era apenas sexo. Eu tive minha cota de

experiências e apreciei a necessidade de aliviar uma coceira, mas nunca pensei em

envolver um público. Os homens que ele escolheu eram além de lindos, mas foi o

charme e o intelecto do doutor que eu achei mais atraente. Se ele simplesmente

tivesse me pedido para ser sua amante, estaríamos nus na frente do fogo antes que

a noite acabasse, mas este era um novo território. Esses outros homens eram

estranhos. Ainda assim, aquele chamado no olhar fixo de Marco era tentador. No

colégio, eu fantasiava com meus dois melhores amigos me arrastando para trás do

palco e fazendo o que queriam comigo, então minha curiosidade foi despertada.
Que pessoa em sã consciência recusaria o Dr. Vincent? Que pessoa em sã

consciência concordaria com seu acordo? Eu poderia fazer sexo com alguém

assistindo, especialmente se esse alguém fosse ele?

Suspirei.

– Filhos de Stan. Vou considerar isso pelos filhos de Stan. – Eu disse isso em

voz alta, mas foi a desculpa mais fraca de todas. Ainda assim, a tentação me fez

buscar qualquer coisa. Peguei os papéis extras e os coloquei na cômoda. Um banho

quente, uma boa noite de sono e uma oração por clareza estavam em ordem.
Capítulo Quatro
Le Júlio Verne

No dia seguinte, a luz do sol de Paris atravessou as rachaduras das cortinas

estampadas em preto e branco do quarto de hóspedes do Dr. Vincent. Mas foi a

sacola de roupas na mesa de cabeceira que chamou minha atenção.

Preso na frente com uma fita estava um pequeno envelope. Eu o removi e

deslizei meu dedo ao longo da costura. Peguei um cartão com um grande 'V' na

frente do papel.

“Querida Elaine,

Espero que você tenha descansado bem e que seus sonhos tenham sido

doces. Rezo para que minha oferta seja uma distração grande o suficiente para

eclipsar todos os seus problemas.

Por favor, me perdoe, tenho alguns compromissos esta manhã, mas por favor,

sinta-se em casa. Pierre irá levá-la aonde quiser ir, mas espero que você considere

se juntar a Marco, Sebastian e eu no Le Júlio Verne esta noite às 18h. Escolhi algo

especial para você vestir, caso opte por se juntar a nós.

Com amor,

Xavier
PS: Você fica tão bonita quando dorme.”

Distração, de fato. Talvez ele tivesse razão.

****

A porta do carro se abriu. O motorista do Dr. Vincent me ajudou. Eu olhei

para aquela grande obra de arte, a Torre Eiffel. Não sabia que havia um

restaurante lá dentro. O talento do médico para o drama não conhecia limites.

O toldo rosa empoeirado que cobria a escada de ferro dizia, Le Júlio Verne. O

ar fresco parisiense encheu meus pulmões, causando um arrepio no meu

corpo. Foi um arrepio ou medo do desconhecido?

– Obrigada. – Eu balancei a cabeça para Pierre.

Ele retribuiu o gesto, mas por outro lado permaneceu imóvel, com as mãos

cruzadas atrás das costas.

Quando concordei em jantar, um pequeno bistrô francês me veio à mente, não

este. O que diabos eu estava pensando? Eu seria capaz de recusar? Eu queria

mesmo? Como o médico indicou em seu cartão, eu estava procurando uma

distração da tempestade de granizo da minha vida. Cuidado com o que deseja.


Dei cada passo lentamente, caminhando na bainha do vestido de veludo azul

que encontrei na sacola naquela manhã. O metal da grande estrutura amplificou o

clique de meus calcanhares.

Depois de pensar a noite toda e passar o dia bebendo à luz do sol parisiense

que saturava a varanda anexa aos meus aposentos, decidi não saber o que poderia

ser o fardo maior. Eu estava louca? Possivelmente. Eu estava

certa? Absolutamente não. Mas fui decisiva.

Estava confiante o suficiente para fazer a escolha e viver com ela, mas o que

fortaleceu minha decisão foi uma esperança profundamente arraigada e

entrelaçada com a culpa, espero que eu possa lhe dar mais do que uma emoção

vicária para retribuí-lo por ter me beneficiado de sua perda. O médico mudou

minha vida para sempre. Eu poderia fazer o mesmo por ele?

Era isso. Não tem volta.

Não cruzei com uma única pessoa no caminho para o elevador o que parecia

estranho, dada a agitação da vida noturna na rua.

As portas se abriram para um belo restaurante moderno e cheio de mesas

vazias. Estava silencioso, exceto por uma suave música francesa vintage tocando

no alto. As janelas que alinhavam o espaço proporcionavam uma vista

deslumbrante da cidade.

– Mademoiselle, se você me seguir. – Um homem na casa dos vinte anos,

vestindo uma gravata preta, camisa branca, calça preta e um guardanapo de linho
branco dobrado na cintura de seu meio-avental, me conduziu a uma meia cabine,

um banco de couro preto de um lado e duas cadeiras sobre a outra, que estava

encostada na parede oposta. – Dr. Vincent e seus associados estarão aqui em breve.

– Seu inglês era perfeito, mas com sotaque. Ele me indicou o banco de couro preto.

Hipnotizada pelas luzes cintilantes da cidade, olhei pela janela enquanto

o maître despejava água em um copo sobre a mesa antes de se retirar.

– De tirar o fôlego. – Com apenas algumas palavras, o doutor acendeu uma

chama, a promessa do que está por vir.

– Sim, é. – Eu me virei, confirmando que era mesmo ele. Em seu terno preto e

gravata vermelha o doutor exalava sofisticação. Seu sotaque americano sugeria

sua educação intelectual.

– Não Paris. Você. Quando te imaginei usando este vestido, não pensei que

poderia haver uma imagem mais agradável, mas te vendo agora ... Você é

primorosa.

Cruzei minhas mãos no meu colo e foquei nelas, não querendo que ele visse

o rubor que inundou minhas bochechas, causado pelo calor que ele desencadeia

em mim com muita frequência.

Ele puxou sua cadeira. Assim que se sentou, o garçom encheu seu copo de

água com gás. O homem fez uma pausa e perguntou:

– Sua safra habitual, doutor?


– Sim. Obrigado, Jacques.

– Onde está todo mundo? – Eu não poderia imaginar uma atração turística

sendo fechada com a quantidade de tráfego de pedestres lá fora.

– Este lugar é nosso, esta noite. Temos... assuntos importantes para discutir.

– Ele piscou. – Achei que quanto menos espectadores, melhor.

Eu levantei o copo aos lábios e engoli em seco.

– Sim, muito sábio.

Um sorriso cruzou seu rosto.

– Eu não posso te dizer o quão feliz estou por você ter vindo esta noite. Por

mais nervosa que você esteja a incerteza me consumiu a noite toda. Eu sei que é

pedir muito.

– É pedir muito. Eu não posso prometer que vou conseguir ir até o fim.

– O fato de estar disposta a tentar significa mais do que você jamais

saberá. Algumas coisas de manutenção...

O garçom colocou duas taças de vinho tinto na mesa e uma bandeja de queijos.

O doutor pegou a pequena faca e cortou um pedaço fino, colocou-o em um

cracker e entregou-me. Ele falou enquanto preparava o seu.


– Viu os prontuários médicos que incluí com as fotos. Marco e Sebastian foram

testados. Não há risco para você e para a segurança deles, você foi testada durante

seu exame físico na semana passada.

– O que?! – Filho da puta! As migalhas do biscoito ficaram presas na minha

garganta. Eu tossi.

– Eu sou um médico, Elaine. Pedi um favor ao Dr. Lawrence. Eu disse a ele

que você concordou em participar de um dos meus estudos como sujeito de

controle e que precisava de amostras adicionais. – Ele tomou um gole de vinho.

– Você não tinha o direito.

– Você está certa, mas para isso funcionar eu tinha que ter certeza de que todos

estavam seguros e precisava saber que você estava tomando precauções. A única

consequência duradoura que desejo deste encontro é que fique molhada toda vez

que pensar em mim.

Mal sabia ele, ele já tinha seu desejo, mas não superou o fato de que ele

ultrapassou seus limites.

– Doutor, eu não acho que isso seja tão legal...

– Marco, Sebastian, venham. – O médico se levantou e gesticulou para que os

homens se sentassem ao meu lado, um de cada lado, me acompanhando no banco.


Puta merda! Homens como esses não existem. Suas fotos não lhes faziam

justiça. E não havia mistério para o que se escondia por trás do zíper de

Marco. Uau! Respirei profundamente.

– Marco. Sebastian. Esta é a minha Elaine.

Marco tirou minha mão do meu colo, levou aos lábios carnudos e beijou as

costas.

– Elaine. É um prazer. – Seu cabelo escuro o deixava misterioso, robusto e

bonito.

– Elaine. Este é o Marco.

Eu encarei o homem enquanto sua mão agarrou a minha. Pisque, eu precisava

piscar.

– Ah... olá. – O doutor era bonito, um jovem, Pierce Brosnan lindo. Marco era

o modelo de capa de romance perfeito. Eu sobreviveria?

O doutor olhou para o outro homem em seu terno escuro e gravata.

– Sebastian, ela não é adorável?

Sebastian tirou minha mão da de Marco e levou-a aos lábios.

– Adorável não lhe faz justiça, X. – Seus lábios macios e quentes tocaram as

costas da minha mão.

O doutor relaxou em seu assento.


– Elaine estava me dizendo que ela estava tendo dúvidas.

Procurei qualquer traço de presunção em seu rosto, mas não havia nenhum

para ser encontrado. Fato simples.

– Não vai, pelo menos, desfrutar de uma refeição? – Um forte sotaque italiano

ampliou o sex appeal de Marco. O garçom voltou e colocou uma taça de vinho na

frente dele. – Ninguém vai te forçar a nada. Se mudar de ideia, tudo bem.

– Tudo bem, mas não estou feliz que você invadiu minha privacidade. – Eu

olhei para o doutor.

– Eu sinto muito. Espero que entenda, eu não quis te magoar. Marco é um

grande amigo meu, meu protegido de alguma forma. Ele é um dos cientistas da

minha equipe e preciso ter certeza de que ele está seguro se quisermos ver outra

cura. Sebastian é um colega médico, amigo íntimo da família. E você... Você é meu

único propósito de existir esta semana. Por favor, entenda.

– Então, eu sou a única estranha?

– Sim. Mas eu disse que confiar é importante para mim. Eles nunca fariam

nada para te machucar. Todos nós fizemos o juramento de curar, não de

ferir. Além disso, não é como se nós três tivéssemos nos visto nessa qualidade. Esta

é uma experiência nova para todos nós. Então, se você está preocupada, pode dizer

que somos todos virgens nesta peça.

Sebastian riu.
– Sim, mas não terá a experiência infeliz de ter imagens da bunda cabeluda de

Marco surgindo em sua cabeça, criando todos os tipos de cenários embaraçosos.

Marco estendeu a mão ao meu redor e apontou para Sebastian.

– Eu quero que você saiba, minha bunda não é cabeluda. Eu fiz depilação com

cera semana passada.

O médico alcançou-lhes um olhar de condenação e disse:

– Acho que Elaine entendeu.

– Então, vocês são todos médicos? – Eu olhei do doutor para Marco e então

Sebastian.

Marco deu uma risadinha.

– Sim, mas eles gostam de me provocar dizendo que não conto, já que nunca

tratei diretamente pacientes fora da escola de medicina. Dê-me uma placa de Petri

e um microscópio qualquer dia.

Isso foi mais louco do que eu pensava. Eu olhei para Marco.

– Você está bem com isso?

– Xavier é meu amigo há muito tempo. Quero ajudá-lo e não é como se não

ganhássemos nada com isso. Você é uma mulher linda. Seria uma honra lhe dar

prazer por dias a fio. Ele te disse o que ele mais gosta? – Ele olhou para o médico.

Aquilo foi um rubor no rosto do bom doutor?


– Não. Ele não fez.

– Ele gosta de ver uma mulher gozar. Portanto, é nosso trabalho mantê-la à

beira do êxtase pela próxima semana. Claro, apenas se você concordar. – Ele

tomou um gole de vinho, olhando para mim por cima da borda do copo.

Eu não respondi, mas tomei um gole do meu.

****

– E então Xavier disse, “Oh foda-se. Estou indo para Barbados.” Todos nós

pensamos que ele estava brincando. Várias horas depois, ele nos envia uma foto

de seus pés pastosos e brancos com o oceano ao fundo. É assim que ele lida com o

estresse. – Todos eles riram.

– Isso é muito engraçado. – Eu ri e engoli um pedaço de suflê de chocolate

com o vinho, inebriante. Não tinha certeza se era o vinho, a comida ou o fato de os

homens parecerem tão à vontade com a situação e uns com os outros, mas meus

nervos se acalmaram e gostei da companhia.

Nas várias horas que se passaram, Marco pintou um quadro do Dr. Vincent

como um homem que amava as pessoas com quem trabalhava e que conquistava

o mesmo respeito. Sebastian contou histórias embaraçosas de festas de fim de ano


bêbados e do gosto do doutor pela arte. O vínculo entre os três homens era

inegável e enquanto o vinho fluía a tensão na sala diminuiu.

O Dr. Vincent olhou pela janela e suspirou.

– Elaine... minha querida, você me faria um grande favor?

Limpei uma mancha de chocolate do meu lábio com o guardanapo.

– Certo. O que precisa? – Eu coloquei o último pedaço da sobremesa

decadente em minha boca.

Ele se inclinou sobre a mesa e fixou seu olhar no meu.

– Eu quero que você deslize esse veludo por suas coxas até que esteja reunido

em sua cintura. Então quero que você tire sua calcinha e entregue para mim. Pode

fazer isso por mim?

Parei de mastigar e olhei.

Seus olhos azuis de aço hipnotizando.

– Elaine, você é tão bonita. Por favor eu quero te ver. Toda você.

A escolha foi minha. Mas havia realmente uma? Uma decisão entre “e se” e

“lembrar quando”.

Presa em sua mira e entre seus dois lindos amigos, optei por parar de

pensar. Como ordenado, segurei a bainha do vestido em meus punhos e

levantei. A renda fez cócegas em minhas pernas enquanto eu puxava minha


calcinha do primeiro pé, depois do outro. Ainda protegida pela toalha de mesa,

entreguei a pequena tira de tecido ao doutor.

Ele a enrolou e a colocou no bolso. Ele puxou a mesa em sua direção para que

eu não ficasse mais obscurecida.

– Você sabia que há uma conexão entre o formato da boca de uma mulher e

sua capacidade de orgasmo?

Eu engoli em seco.

– Ah não. – Seus olhos brilhantes refletiam os pontos de luz lançados pela

cidade.

– Eu pude ver isso. Quando olhei para você pela primeira vez. – Ele estendeu

a mão e contornou meus lábios sem me tocar. – É logo ali. Isso conta tudo. Quando

está em um lugar público e deseja orgasmos, você esfrega as coxas uma na

outra? Você olha em volta e se pergunta se alguém sabe seu segredo? Bem, eu sei.

Eu não conseguia falar. Ele estava certo. Sempre estive em contato com meu

lado sexual. No teatro, nas minhas aulas, nas reuniões no trabalho, trabalhei até a

beira do orgasmo apenas com meus pensamentos e músculos tensos. Foi meu

prazer culpado. Meu segredinho sujo. Às vezes, não conseguia parar. Droga, ele

era bom.

– Quantas vezes você se entrega? Uma vez nunca é suficiente, não

é? Dezenas. Aposto que está inchada e pronta e ainda nem começamos. Deixe-me

ver.
Muitas vezes explorei meu corpo, mas sempre quando estava sozinha. Uma

audiência era um novo território. Estávamos em um restaurante. Concedido, um

quase vazio, mas... abrir minhas pernas seria o ponto de inflexão. Eu ainda posso

mudar de ideia.

Marco se inclinou e sussurrou em meu ouvido.

– Mostre a ele. – Seu hálito quente fez cócegas. Eu estremeci. Ele colocou a

mão na minha coxa, dando o menor empurrão. Sebastian colocou a palma da mão

no meu joelho.

Minha perna estremeceu sem minha permissão, mas Marco interpretou isso

como um sinal de vitória. Fechei meus olhos enquanto suas mãos, suaves, grandes

e masculinas, as separavam. A brisa fria do ar condicionado soprou em minha

carne molhada, gelando. O pensamento desses três homens me olhando com

luxúria ferveu meu sangue.

Um suspiro saiu dos lábios do médico.

– Ainda melhor do que eu imaginava.

Eu não conseguia respirar. Foi constrangimento ou antecipação? Ou a

combinação inebriante dos dois? Que mistura inebriante.

– Marco, abra-a para mim. Mostre-me tudo o que ela esconde.

Sebastian acariciou minha coxa, enquanto Marco raspou sua barba ao longo

do meu pescoço e segurou meu queixo com uma das mãos. Seus lábios capturaram
os meus, macios e cheios, com gosto de vinho e chocolate. Sua outra mão subiu

pela parte interna da minha outra coxa e então ele descansou seus dedos entre

minhas dobras escorregadias.

Eu gemi quando os lábios de Sebastian encontraram aquele ponto sensível

atrás da minha orelha.

Marco interrompeu o beijo e voltou sua atenção para o doutor. Ele abriu

minhas dobras.

– O que você acha, Xavier?

O médico se inclinou sobre a mesa.

– Ela é a perfeição.

Nesse momento Jacques apareceu com outra rodada de água. Tentei fechar

minhas pernas, mas Marco e Sebastian as mantiveram abertas com uma mão firme

em cada coxa.

O Dr. Vincent fez um gesto para Jacques.

– Jacques, me diga. Essa não é a boceta mais linda que você já viu?

– Sim, é doutor. De longe.

– O que acha que eu deveria fazer? Ela está toda molhada.

Jacques dobrou a toalha que antes envolvia a garrafa de água com gás e

colocou-a debaixo do braço, depois colocou o copo na mesa.


– Ela está implorando para ser fodida. Eu digo para fazer o que qualquer

cavalheiro faria e dar à senhora tudo o que ela deseja.

O médico acenou com a cabeça.

– Boa resposta. Você sempre dá os melhores conselhos.

Jacques se virou e caminhou em direção à cozinha como se isso fosse uma

ocorrência diária. Eu tinha ouvido falar que os franceses eram mais indiferentes a

sexo, mas o conforto do garçom com a situação me fez pensar no que mais ele

poderia ter testemunhado em seu papel.

O Dr. Vincent recostou-se na cadeira e mexeu nas calças. O pensamento dele

se tocando por minha causa adicionou uma nova emoção à mistura. Então ele

falou:

– Você ouviu o homem, Marco. Foda ela ... Com seus dedos.

Eu não poderia ter proferido um som se quisesse. A cena era muito surreal.

Marco deslizou seus dedos pela minha umidade e entrou em mim com um

longo dedo. O pau de Marco pressionou com força contra minha perna. Ele

deslizou o dedo para dentro e para fora. Cada vez que ele empurrava o dedo de

volta para dentro, ele esfregava seu pau contra mim.

O médico abriu o zíper da calça.

– Sebastian, mostre-me seus seios.


Sebastian deslizou as mangas do vestido pelos meus braços. Ele estendeu a

mão atrás de mim, incitando a inclinar-me para frente e desenganchar meu

sutiã. Ele enrolou o vestido na minha cintura e removeu o restante da peça do

vestuário. Nunca fui uma mulher magra e sempre considerei meus seios uma de

minhas características mais delicadas. Meus mamilos ficaram duros, acentuando

os globos cheios e redondos.

A mão de Sebastian se ergueu como se fosse tocá-los, mas o médico

interrompeu.

– Ainda não, quero que ela pense em você os tocando primeiro. Deixe a ideia

penetrar. O cérebro é o órgão sexual mais poderoso. Eu quero que ela pense em

você tocando e chupando. Marco, acrescente outro dedo, ela precisa de mais.

– O prazer é meu. – Os dedos de Marco eram longos e ele os curvava de modo

que cada vez que ele violava meu núcleo, eles atingiam um lugar que enviava

eletricidade pelo meu corpo. Marco gemeu contra meu pescoço. – Você é como

seda. Tão apertada. Mal posso esperar para te foder. – Seus dedos se moveram

mais rápido e sua palma roçou meu clitóris com cada penetração.

Abri os olhos para ver o doutor recostado na cadeira, com as calças abertas e

o pênis na mão. O tamanho dele me surpreendeu. Que desperdício que nenhuma

mulher jamais conheceria o prazer de tê-lo. Ele o acariciou com movimentos

longos e confiantes, seus olhos dispararam dos meus para o trabalho de Marco e

vice-versa.

O médico emitiu um som entre um gemido e um zumbido.


– Marco, a foda com mais força, eu quero vê-la gozar.

Marco obedeceu. Sua mão se movia em movimentos frenéticos, puxando todo

o caminho para fora e batendo de volta em rápida sucessão.

– É isso, Marco. Trabalhe em sua buceta suculenta. – Sons de sucção encheram

o ar. – Sebastian, ela está pronta. Faça isso agora.

As grandes mãos de Sebastian agarraram meu seio e sua boca se fechou sobre

meu mamilo. Ele chupou forte e brincou com a ponta da língua.

Eu gemi, jogando minha cabeça para trás. Eu estava perto, mas ainda cheia de

ansiedade.

O médico se inclinou para o lado.

– Olhe no vidro.

Na janela, a imagem sobreposta da atuação de Marco, Sebastian agarrado ao

meu seio e a mão do doutor enrolada em seu próprio pau, era refletida de volta

para mim.

Tentei me conter, mas foi demais. Eu vim desfeita. Minhas pernas ficaram

rígidas e meus músculos se fecharam em torno dos dedos de Marco. Eu gemi,

tentando sufocar um grito. Uma nuvem de euforia encheu minha cabeça e naquele

momento eu não me importava onde estava ou por que estava lá. Foi paz. Um jato

quente de líquido cobriu minhas coxas, a mão de Marco e o banco. Eu joguei minha

cabeça para trás e cerrei meus dentes, seus dedos mantinham seu
movimento. Lutei para permanecer no momento, cavalgando até o último choque

de eletricidade.

Logo a gravidade da realidade tomou conta e, aos poucos, me trouxe de

volta. Minha respiração ficou difícil, o ritmo de Marco desacelerou e Sebastian me

soltou, enquanto eu me recuperava da experiência mais intensa da minha vida.

– Oh, Elaine. Eu não poderia ter escolhido melhor. – Dr. Vincent sorriu.

Lutei por palavras para responder, mas elas não vieram.

O médico se mexeu na cadeira. Ainda ereto. Ainda livre.

– Marco, parece que você fez uma bagunça. Por que não vai em frente e limpa

isso?

– Com prazer. – Marco sorriu e caiu de joelhos. Quando ele abriu mais minhas

pernas, colocando uma sobre o colo de Sebastian, eu senti a barba por fazer na

parte interna da minha coxa.

– O que você... Ahhh... – Com o primeiro golpe de sua língua, perdi todo o

desejo de contestar.

A língua de Marco mergulhou, sacudiu e fodeu seu caminho entre minhas

pernas. Eu me contorci, mas sua mão segurou meus quadris no lugar.

– Marco... eu. Oh! – Eu não conseguia falar.

A respiração do doutor estava irregular.


– Qual é o gosto dela, Marco?

Marco ergueu sua cabeça de entre minhas pernas.

– Gosto? Porra, é o paraíso. Eu não consigo o suficiente. – Com o rosto em

primeiro lugar, ele investiu novamente, sua sombra de barba arranhando a carne

sensível, deixando uma queimadura deliciosa. Ele puxou meu quadril, forçando

um ajuste confortável contra seu rosto. Seu nariz brincou, enquanto sua língua

explorava.

Os golpes do doutor tomaram um ritmo frenético e minha mente se

concentrou em um objetivo.

– Elaine. – Ele gemeu. – Você gosta de me assistir tanto quanto eu gosto de te

assistir? – Ele alisou a mão sobre o pré-sêmen que formava gotas no topo de sua

ereção. – Vê o que você faz comigo?

Ele estava certo. Eu gostei de assisti-lo. Não havia nada mais sexy do que

assistir a um homem tão poderoso quanto ele, comandando seu próprio

pênis. Naquele momento, formulei meu próprio plano. Eu não era a única com

demônios que precisavam ser enjaulados.

O doutor ofegou.

– Sebastian, beije-a. Foda a boca dela com a língua. Marco foda sua boceta

com a sua.
As instruções grosseiras do médico acenderam um fogo em mim. Sebastian

segurou meu queixo, virou minha cabeça em direção a ele e engoliu meu gemido.

Marco beliscou meu clitóris com os dentes. Meu corpo estremeceu com a

sensação e forçou Marco na mesa, fazendo com que a toalha escorregasse e jogasse

um prato de sobremesa no chão. Sebastian interrompeu o beijo e o "sim" que

pretendia ser sedutor e confiante explodiu como um grito.

O eixo do doutor deslizou por entre seus dedos enquanto ele batia com o

punho ao longo de seu comprimento.

Marco não foi dissuadido pelo incidente e imediatamente focou a ponta da

língua no meu clitóris. Eu não tive muito mais tempo.

O Dr. Vincent deve ter percebido.

– É isso. Você está perto. Eu posso ver isso. – Seu punho apertou sua ereção

com mais força, seu braço mais rígido a cada estocada. – Vamos goze na cara de

Marco. Afogue-o. Eu quero ver o seu desejo gotejar de seu queixo.

Essas palavras e o aperto dos dedos de Marco na minha bunda me fizeram

desabar. Fiz o que o doutor pediu e soltei. Um grunhido escapou de meus lábios,

a pressa que começou entre minhas pernas inundou meu cérebro. Eu agarrei o

cabelo de Marco enquanto onda após onda de prazer me consumia.

Marco salpicou minha carne encharcada com beijos suaves e, em seguida,

levantou a cabeça de entre as minhas pernas. Assim como o doutor ordenou, gotas

caíram de seu queixo, deixando pequenos pontos escuros em sua camisa azul
escuro. Virei-me para enfrentar Xavier, que estava mordendo o lábio. O suor

destacava sua testa e seu pau estava duro, vermelho e tenso. Ele inspirou e

expirou.

– Beije-a, Marco.

Marco esmagou seus lábios nos meus. O gosto, um almíscar com mel, invadiu

minha boca.

– Sebastian, é hora de molhar seus dedos.

Sebastian me segurou entre as pernas.

– Ela está tão quente, molhada e inchada, X. – Começando com círculos lentos,

ele esfregou meu clitóris e, em seguida, deslizou dois dedos em mim.

O médico rosnou.

– Foda-a com mais força.

Os dedos de Sebastian deslizaram para dentro e para fora, cada vez mais

rápidos, mergulhando mais fundo com cada impulso, enquanto seu polegar

acariciava meu clitóris.

Marco recuou para dar espaço a Sebastian. Ele gemeu.

– Foda-se! Isso é quente. – Assistindo Sebastian trabalhar minha boceta.

O foco do médico mudou das minhas pernas para o meu rosto. Nós nos

olhamos.
– Elaine, me diga o que você quer.

Eu não pude responder.

– O que você que eu o mande fazer?

Sebastian acrescentou um terceiro dedo e se espreguiçou, me enchendo.

Mordi meu lábio para lutar contra a onda de prazer que ameaçava me

consumir.

– Elaine, me diga. – A mão do médico trabalhou seu pênis no mesmo ritmo

que os dedos de Sebastian me foderam.

Mais do que meu próprio orgasmo, eu queria o dele, mas eu poderia dizer

isso? Fechei meus olhos por um momento e quando os abri seu olhar intenso e

cheio de luxúria me deu a coragem que eu precisava.

– Eu quero que você goze. Quero assistir você, doutor.

– Porra!

Marco se virou para o médico.

Fluxo após fluxo de esperma irrompeu do pênis do Dr. Vincent, respingando

em suas calças e camisa com sua liberação.

Eu gritei.
– Oh Deus! – E engasguei quando a euforia me reivindicou mais uma vez,

fazendo com que gotas de suor se acumulassem na minha garganta. Eu gozei mais

forte do que nunca.

Sebastian capturou minha boca com a dele e engoliu meus gemidos. Uma vez

que os tremores acalmaram, ele beijou seu caminho através da minha bochecha,

pelo meu pescoço e peito, até que colocou um último na protuberância do meu

peito.

O peito do doutor saltou com a respiração pesada. Golpes lentos e

preguiçosos ordenharam seu eixo até a última gota.

Marco sentou-se ao meu lado, mas manteve a mão na minha coxa.

Todos nós ficamos sentados em silêncio por alguns minutos, saboreando o

momento.

Com um dos guardanapos de linho preto da mesa, o médico se limpou e

enfiou o pau de volta nas calças antes que Jacques voltasse para nos desejar boa

noite.

Olhei para Marco e depois para Sebastian.

– E vocês? – Eles ficariam insatisfeitos.

Sebastian se inclinou, beijou minha bochecha e disse:

– Somos pacientes. Muito tempo sobrará para nós. Esta noite é tudo sobre

você.
Marco colocou a mão na minha coxa e se inclinou para olhar para Sebastian.

– Fale por você mesmo. Eu não sou paciente. Eu foderia com ela aqui mesmo

nesta mesa, se ela não estivesse tendo dúvidas apenas uma hora atrás. – Ele se

inclinou para trás e olhou para mim. – É importante para você facilitar esse

arranjo. Precisa saber que pode confiar em nós antes de avançarmos para o

próximo nível. – Ele apoiou as costas no encosto de couro preto com tufos.

O hálito quente de Sebastian fez cócegas em minha orelha enquanto ele

sussurrava.

– Além disso, sabemos o que X planejou para amanhã. Vamos precisar de

nossas forças.

A promessa de coisas que viriam e seu hálito quente contra minha pele me

fizeram estremecer. Abaixei meu vestido e os dois homens me ajudaram a

reequipar meu sutiã, mas me perguntei se as festividades da noite haviam

acabado, tentando não deixar transparecer a pequena quantidade de decepção que

senti. Eu assumi que transar com eles era parte do plano e se as habilidades de

Marco no oral se traduzissem em outras coisas, eu teria uma surpresa.

O Dr. Vincent ficou me olhando com um sorriso de satisfação.

– Vejo que foi curada das dúvidas. – Foi uma declaração, não uma pergunta.
Capítulo Cinco
Miriam

Eu realmente tinha permitido que isso acontecesse? Em um restaurante, nada

menos? Mesmo que eu estivesse exausta, o sono me escapou. Quando consegui

adormecer, um cheiro impregnou o ar, bacon. Quem poderia estar cozinhando a

esta hora? Eu puxei as cobertas, peguei meu telefone na mesa de cabeceira. Nove

da manhã? Parecia que minha cabeça tinha acabado de bater no travesseiro, mas

o jet lag que se dane, o ronco no meu estômago estava ganhando a luta. Quando

meus pés tocaram o chão, um bocejo guerreou com a fome no meu andar

cambaleante para o banheiro da suíte.

Durante meu banho rápido, ouvi a porta do quarto abrir e fechar.

Minha curiosidade não podia ser saciada. Com a toalha enrolada em volta da

minha cabeça como um turbante e um robe macio e branco de spa cobrindo minha

nudez, abri a porta para dar uma olhada.

Na cama estava um vestido de chiffon na cor creme, com bordados

intrincados embelezando o corpete, um estilo curto e caprichoso. Fui até a cama e

abri a tampa da caixa ao lado do vestido. Continha sandálias compostas por faixas

de couro marrom e miçangas. A pequena bolsa de veludo azul-esverdeado

colocada em cima dos sapatos continha um longo colar de pérolas e uma nota.
“Querida Elaine,

Você terá um grande prazer hoje. Espero que não se importe por eu ter

tomado a liberdade de escolher seu traje novamente. Você descobrirá que forneci

tudo de que precisa para nossa pequena aventura. É importante para mim que se

sinta confortável no calor de Paris.

Quando estiver pronta, por favor, junte-se a mim na cozinha. Eu preparei o

café da manhã para nós.

Amor,

PS: Você notará que este conjunto está sem roupas de baixo, isso é por design.”

Aquelas borboletas estavam no meu estômago? O que havia sobre esse

homem que fazia minha pele formigar sempre que ele dizia ou escrevia meu

nome? Eu deveria ter ficado ofendida por ele ter me enganado para vir a Paris,

ainda mais com sua proposta, sua invasão da minha privacidade e suas escolhas

de guarda-roupa agressivas, mas havia algo sobre ele, algum tipo de

magnetismo. Muitos podem argumentar que minha gratidão por salvar minha

irmã, Gretchen, ou talvez sua riqueza, alimentou meu fascínio, mas o desejo era

muito mais profundo.


O aroma de bacon ficou mais forte enquanto eu descia as escadas, vestida com

o conjunto marcante que o doutor escolheu. Mesmo que sua insistência em me

vestir continuasse sendo uma fonte de irritação, ele tinha um excelente senso de

moda.

A mansão, ou talvez o castelo fosse mais preciso, era ainda mais

impressionante à luz do dia. Os tons ricos dos tapetes de lã, as cortinas de seda

crua, o trabalho em ferro nas janelas e as pedras em todos os lugares, falavam de

uma riqueza secular. Mesmo nas minhas sandálias, cada passo ecoava na sala

cavernosa.

Na cozinha havia uma visão ainda mais deslumbrante do que a casa, o

doutor. Ele parado em frente ao grande fogão industrial, sem camisa e com uma

espátula na mão. Seus ternos nunca traíram seu segredo. Tão lindamente

esculpido como Marco e Sebastian pareciam em suas fotos, o doutor era seu rival.

Ele ergueu os olhos de sua tarefa e ficou olhando. Eu desviei meus olhos,

sentindo-me culpada por estar olhando para ele.

– Bom dia linda. Você está excelente. De alguma forma, consegue

envergonhar cada uma das minhas fantasias sobre você.

Eu me esquivei do elogio e engoli a excitação borbulhando por mim. A ideia

que o médico fantasiou sobre mim me agradou mais do que deveria, mas eu tinha

que organizar meus pensamentos.

– Não é perigoso?
Ele sorriu.

– O que é perigoso? Eu cozinhando? Eu amo cozinhar. Entre cozinhar e ir à

academia, quase esqueço o quanto sinto falta de sexo. Isso é, até a noite passada.

Quase tinha esquecido como é maravilhoso se conectar com alguém.

Ou alguns.

– Eu quis dizer fritar bacon sem camisa.

Ele zombou.

– Eu não corro de dor. Encaro de frente.

A ironia em sua declaração não passou despercebida por mim. A dor de sua

infância o manteve prisioneiro, mas ele abraçou a dor física. Ninguém consegue

um corpo como o seu sem um esforço excruciante.

Meu momento contemplativo foi interrompido.

– Você sabe o que é doloroso? Tentar encontrar bacon americano em

Paris. Tive que cobrar alguns favores. Venha e sente-se aqui ao meu lado. Deixe-

me ver sua beleza. – Ele puxou um banquinho na copa e deu um tapinha nele.

Do prato de bacon crocante, ele quebrou a ponta de um pedaço.

Sua mão estendida me surpreendeu. Ele segurou o pedaço pelas pontas dos

dedos fora do meu alcance. Isso era permitido? Eu olhei sua expressão. Nada fora

do comum. Foi uma oferta simples.


Inclinei minha cabeça para perto e com minha língua tirei o presente salgado

de seus dedos, nunca o tocando. Quando fechei minha boca, Marco falou:

– Vocês dois estão começando sem mim? – Ele puxou uma camiseta branca

com letras pretas sobre o peito liso.

O médico ficou fixado na minha boca, Marco caminhou até a copa para se

sentar ao meu lado.

– Bom dia, Elaine. – Marco deu um beijo suave em meus lábios. – Bacon. Você

não deveria, X.

– Eu não fiz. Não para você, pelo menos. Mas já que você estará criando o

apetite, provavelmente é melhor que esteja bem alimentado.

Marco riu.

– Sim, alimente a besta.

Olhei para Marco e depois para o médico e voltei.

– Eu sei que vocês dois são colegas, mas eu não entendo. Eu nunca poderia

imaginar propor isso a alguém com quem trabalho.

O doutor colocou mais bacon no prato.

– Marco, e até mesmo Sebastian, são amigos de verdade. – Ele então me

ofereceu outro pedaço de carne com o mesmo gesto cuidadoso.

Eu peguei, resistindo à vontade de lamber seu dedo e então ri.


– Você leva o melhor amigo a um nível totalmente novo. Posso dizer

honestamente que não tenho ninguém que eu pudesse ter alistado se estivesse no

seu lugar.

Foi a vez do médico rir.

– Não é como se eu apenas tivesse colocado a questão lá fora. Ambos foram

implacáveis em tentar me fazer transar. Até namorei alguém, tentando enganá-los

e a todos os outros, mas nenhuma mulher quer lidar com meus problemas.

Marco estendeu a mão e pegou o suco de laranja e despejou um pouco em um

pequeno copo.

– Se você não tivesse escolhido uma fodida psicopata para fingir namorar,

poderia ter conseguido. Cara, você é um psiquiatra de merda.

O médico lhe lançou um olhar de condenação e apontou para ele com a

espátula.

– É isso. Sem bacon para você. – Ele se voltou para mim. – Então, depois que

eu abri a boca, depois de umas cervejas, certa noite, a verdade sobre meu

casamento veio à tona. Marco imediatamente se ofereceu.

Eu olhei para Marco.

– Foi realmente tão fácil para você?

Marco se inclinou para frente.


– Sim. Eu posso foder uma mulher bonita e ajudar X ao mesmo tempo. Eu

nem tive que pensar sobre isso. – Ele soltou um pequeno gemido. – Ah, vamos X,

eu retiro. Você não é um psiquiatra de merda. Dê-me um pouco de bacon.

X deu uma risadinha.

– Estou deixando você foder minha mulher, acho que é o suficiente. Obtenha

o seu próprio.

Sua mulher? Suas declarações de posse em algum nível louco me deram

conforto e, em outro, me assustaram até a morte.

– E quanto a Sebastian?

Os dois se entreolharam. Marco deu uma risadinha.

– Você poderia dizer que... ele teve um pouco de encorajamento. – Ele pulou

do assento, foi até a pilha de bacon e repreendeu o médico. – Você só está com

ciúme, está ficando velho e mal humorado. Vai pagar por isso em seu próximo

treino.

– Marco também é meu treinador pessoal. Achei melhor, já que preciso de sua

mente em minha pesquisa, é melhor eu colocar seus hábitos irritantes em bom uso.

Havia um relacionamento amigável entre os dois, sem dúvida.

– Como vocês dois se conheceram?

O médico sorriu.
– Quando a universidade ligou e pediu que eu colocasse um sabe tudo

irritante sob minha proteção, nunca imaginei no que estava me metendo. Ele

estava no topo de sua classe e já tinha duas patentes revolucionárias. O garoto

pensava que governava o mundo.

– Garoto? Eu tinha vinte e um. Além disso, você é apenas dez anos mais velho

do que eu, ou devo começar a chamá-lo de papai?

O médico lhe lançou um olhar de repreensão.

– De qualquer forma, acho que já disse que sou um bom juiz de caráter e,

embora às vezes quisesse afogá-lo no Reno, sabia que ele era leal e uma das mentes

mais brilhantes de nosso tempo. Então eu o mantive. Agora eu não acho que

poderia me livrar dele.

– Foi o mesmo com Sebastian? – Eu precisava saber.

– Não. Ele é um médico estimado aqui na França e também um amigo

próximo da família.

Marco falou:

– Eu conheci Sebastian na academia. Eu também sou seu treinador.

– Uau, pesquisador, gênio, personal trainer, há algo que você não possa fazer?

Com seu prato cheio de bacon e um muffin de grãos inteiros, ele parou na

minha frente, se abaixou e deu um beijo na minha bochecha.


– Querida, você ainda não testemunhou meu melhor talento. – Ele piscou.

Eu olhei para o médico.

– E ele também é modesto.

– Ninguém é perfeito. – Marco colocou um prato na minha frente junto com

um pequeno copo de suco. Ele se inclinou tão perto que pude sentir sua respiração

em meu ouvido. – Coma. Você vai precisar de suas forças. – Ele então se sentou ao

meu lado.

Engoli em seco, mas o rangido da porta da frente interrompeu meu momento.

– Olá, Xavier. Xavier, Xavier, onde você está? – Uma voz feminina com um

forte sotaque francês chamou.

O médico dobrou o guardanapo e se levantou.

– Com licença. Eu tenho que cumprimentar nossa convidada.

Eu olhei para Marco.

– Sebastian não está vindo para o café da manhã?

Ele mastigou, engoliu e depois limpou a boca com um guardanapo.

– É ele, bem, sua outra metade, de qualquer maneira.

– Não pode ser ele. Essa é a voz de uma mulher.

Marco começou a engasgar com uma risada.


– Não. Não é ele. Embora fosse muito engraçado se fosse. Essa é Miriam.

Miriam?

Ele engoliu em seco.

– A esposa dele.

– Esposa! – A palavra saiu como um berro. Eu acalmei minha voz para um

sussurro forçado. – Oh meu Deus. Ele é casado. Eu não posso acreditar... eu não...

Oh Deus... eu arruinei o casamento de alguém.

– Acalme-se. Alguma coisa saiu como esperava desde que chegou aqui?

Eu pausei.

– Não.

– Então o que te faz pensar que isso é diferente?

Só então um rangido chamou minha atenção, como um pneu de bicicleta no

chão polido. Na porta apareceu a mulher mais elegante que eu já vi, aninhada em

uma cadeira de rodas. O zumbido do motor elétrico abafou o som estridente do

pneu enquanto ela se aproximava. Fizemos contato visual e a mulher engasgou.

– Oh Xavier, ela é linda.

O que estava acontecendo?


– Eu disse a Sebastian para confiar em você. Xavier, sempre teve um gosto

requintado. Essa é uma das coisas que Lydia, que Deus tenha sua alma, mais

amava em você. – Ela pressionou o manche e estacionou sua cadeira bem na

minha frente. Ela não parecia precisar da cadeira, todos os seus membros estavam

intactos, mas a bolsa amarrada à cadeira sugeria problemas ocultos.

– Deixe-me dar uma olhada em você. – Ela ergueu a mão lentamente e ela

tremia como faria em uma mulher com três vezes sua idade. Seus dedos suaves e

cremosos envolveram minha mã, ela continuava a tremer. – Eu não posso te

agradecer o suficiente. Você tem minha gratidão eterna.

Eu não tinha certeza do que dizer. O que eu estava perdendo?

– Sinto muito, mas eu...

O Dr. Vincent interrompeu.

– Perdoe-me, Miriam. Elaine chegou há apenas duas noites. Não sabia que

você gostaria de conhecê-la, então não expliquei tudo exatamente.

Seus olhos se arregalaram.

– Oh meu... minha querida... eu não consigo imaginar o que está pensando.

– Tenho que admitir, estou um pouco confusa. – Eu me mexi na cadeira.

– Elaine. Até o seu nome é adorável. Sou a esposa de Sebastian.

Tentei objetar, mas ela me silenciou.


– Isso deve parecer tão estranho. Deixe-me explicar. Lydia e eu éramos

melhores amigas desde antes de começarmos o ensino fundamental. Nossas

famílias eram muito próximas. Quando ela trouxe Xavier para casa na França, eu

não poderia ter ficado mais emocionada. Quando conheci Sebastian em um de

meus shows, o quebra-cabeça estava completo. Então a tragédia se abateu,

primeiro comigo e depois com Lydia. Tenho certeza de que Xavier explicou o

falecimento de Lydia. Certo Xavier? – Ela lhe lançou um olhar de repreensão.

– Sim. Ela sabe.

– Bem, vários anos antes de Lydia adoecer, desenvolvi uma forma

extremamente rara e progressiva de esclerose múltipla. A maioria das formas de

esclerose múltipla são controláveis com os novos medicamentos no mercado, mas

minha condição é terminal.

Cobri minha boca com a mão livre para conter meu suspiro.

– Oh não. Eu sinto muito.

– Oh, não se sinta mal. Existem maneiras piores de morrer. E já estou

enganando o destino. Os livros didáticos diziam que eu deveria ter morrido no

ano passado. Bem, desculpe minha linguagem, mas foda-se. Eu ainda não

terminei.

Eu admirei seu espírito. Não sei se poderia ser tão forte encarando a morte.

– Eu sinto muito.
– Não tenha pena de mim, linda. Eu tive tudo, dinheiro, fama e fortuna.

Marco colocou o garfo no prato.

– Miriam foi uma atriz proeminente e símbolo sexual aqui na França. Todos

os parisienses conhecem seu rosto e seu...

– Marco! Sim, bem, é difícil ser um símbolo sexual com uma bolsa de

colostomia pendurada no quadril, mas ainda faço aparições e arrecadação de

fundos. Tento me manter ativa.

– Isso é maravilhoso. – Eu não pude deixar de sorrir enquanto seus dedos

trêmulos agarraram os meus.

– Agora, querida, a parte que Xavier esqueceu de mencionar. Depois de anos

o assediando para seguir em frente e Lydia teria desejado assim, ele finalmente

confessou o que havia planejado para você. Eu sei sobre suas... ahh ... limitações e

o amor de Lydia pelos homens.

Eu limpei minha garganta. Foi tudo tão inacreditável.

Ela continuou.

– A única coisa que amo mais do que minha próxima respiração é meu

marido. Ele trabalha dia e noite salvando vidas. Ele cuida de mim e eu não poderia

pedir ninguém melhor. Mas na minha condição, não posso dar o que ele

merece. Como você pode perceber, mal tenho forças para apertar sua mão e

minhas pernas não me seguram mais. Eu perdi a sensação na maior parte do meu
corpo e os tubos tornam impossível me sentir sexy. Ele tenta me ajudar, mas... Eu

não sou burra, Elaine. Ele é um homem lindo no auge da vida e estou lutando para

me segurar, mas não sei quanto restará de mim no final. Não resta muito agora. Ele

nunca foi egoísta comigo. Eu queria retribuir o favor.

Xavier se moveu ao meu lado.

– Eu disse a ela tudo sobre você.

Ela soltou minha mão.

– Ele fez e é perfeito. Eu nunca quis que Sebastian encontrasse conforto com

uma prostituta por razões óbvias, e eu não poderia suportar se ele se

apaixonasse. Mas uma semana de indulgência carnal é o que ele precisa. Todo

homem faz. Elaine, estou pedindo que durma com meu marido. Permita que ele

se entregue aos prazeres que Xavier e Marco planejaram para você. Ele é

excepcionalmente talentoso. Ele me disse que você provou o gosto ontem à noite.

Eu não tinha certeza se poderia fechar minha boca. Marco estava certo, nada

nunca saiu como planejado aqui. Virei-me para o lado para avaliar sua reação e ele

piscou e murmurou:

– Eu te disse.

– Miriam, eu...
– Apenas diga que você vai fazer isso. Ao contrário de Xavier, não posso ficar

e assistir. Eu preciso ter minhas memórias de nós. Por favor, certifique-se de que

ele se divirta. Não ficará desapontada.

Abaixei minha cabeça em descrença. Muda. Realmente tinha que me

perguntar se eu não estava em coma em algum lugar e esta não era uma

manifestação estranha de todos os romances perversos que eu tinha lido.

Ela deu uma tapinha na minha perna.

– Perfeito. Xavier, você pode me ajudar a chegar até a porta? Meu motorista

pode assumir a partir daí.

– Você é bem-vinda para ficar para o café da manhã. – Ele moveu uma das

cadeiras em seu caminho para que ela pudesse virar a cadeira.

– Não, obrigada. Tenho algumas coisas para fazer. Sebastian disse que o

encontraria na galeria. Que lugar magnífico para começar.

Enquanto a seguia para fora da sala, ele respondeu:

– Achei que sim. Deve ajudar a definir o clima.

Eu me virei para Marco.

– A galeria?
– Sim, Lydia possuía uma galeria de arte e artefatos eróticos. Xavier acha que

há várias peças que você vai gostar. – Ele pegou uma fatia de bacon do meu prato

e me entregou. – Coma.

Mordi um pedaço e mastiguei.

– Você sabe que tudo isso é uma merda.

Ele riu.

– Sim, é. Não temos sorte?

– Eu estava pensando mais como um louco.


Capítulo Seis
Colecionador

Depois do café da manhã, juntei minhas coisas para as festividades do dia e

me dirigi para o carro. O motorista abriu a porta e me ajudou a entrar na

limusine. Momentos depois, o doutor e Marco deslizaram um de cada lado. O Dr.

Vincent apertou um botão e um painel sombreado deslizou para o lugar, nos

escondendo do motorista.

O motor zumbiu e a porta se fechou, mas foi a respiração do médico em meu

pescoço que prendeu minha atenção.

– Você cheira tão deliciosa. Como mel e luz do sol.

Respirei fundo e me lembrei, era tudo sobre sexo. Nada mais.

– Obrigada.

Ele se mexeu no banco e me encarou.

– Você deveria ser grata pelo meu desligamento.

Virei-me para ele, franzi a testa e encarei seus olhos azuis safira.

– Por que? Não parece te fazer feliz.

Ele se inclinou mais perto, quase como se fosse me beijar.


– Por que você se importaria com a minha felicidade?

Dois poderiam jogar seu jogo. A atração entre nós era perigosa e sua

proximidade apenas alimentou as preliminares. Eu me virei para ele, espalhando

minhas pernas ligeiramente e me aproximei, nunca liberando seu olhar.

– Mas e se eu quiser ver você feliz?

Ele riu.

– Isso não faz sentido.

Marco ficou quieto enquanto eu repreendia o doutor.

– Estou insultada.

– Por que? Quase não nos conhecemos. Luxúria é uma coisa. É superficial,

honesto e breve. Felicidade, alegria, amor, esses minha querida, são laços que não

podem ser quebrados e duram uma eternidade.

– Quem falou em amor? Eu só quero ver você feliz. – Eu olhei pela janela.

Ele colocou um dedo sob meu queixo e me forçou a olhar para ele novamente.

– Tão ingênua. Tão tola. Essa é a própria definição de amor. Não são corações

e flores. É se preocupar com a experiência de outra pessoa mais do que se preocupa

com a sua própria. – Um sorriso malicioso se espalhou por seu rosto. – Elaine, você

está fazendo uma declaração?


Normalmente, eu o teria desafiado, mas o constrangimento inundou minhas

bochechas. Eu poderia ser mais jovem do que ele, mas estava longe de ser uma

criança. Seu tom condescendente e comentário muito próximo da realidade, foi

ofuscado por sua mão segurando a parte de trás do assento em um aperto, com

nossas bocas a apenas alguns centímetros de distância.

Naquele momento, quando encarei sua alma, fiz minha promessa. Eu

quebraria sua decisão e lhe ensinaria que seus jogos tinham consequências. Ele não

era o único capaz de seduzir. Não confirmei nem neguei sua afirmação ridícula.

– Oh, querida Elaine, você me intriga, mas sabe o que me encantaria agora?

– Não, doutor, o que você quer? – Ele faria isso? Poderia ser isso? Certamente,

não poderia ser tão fácil.

– Você pode me dizer o quanto me quer. – Ele sussurrou.

Stan estava certo, não havia nada pequeno no Dr. Vincent, incluindo seu ego.

Eu ri, mantendo nosso impasse e enunciei a palavra.

– Nunca.

Um sorriso, misturado com travessura, puxou os cantos da boca do médico.

– Ok. Faça do seu jeito. Marco, levante o vestido dela e diga o quanto ela me

quer.
Marco obedeceu, expondo-me ao seu olhar. Ele colocou a palma da mão no

meu calor.

– Ela está pingando, X. Acho que ela gosta de você.

Eu o queria, mas ele estava fora de controle. Soltei um suspiro ofegante, que

rezei para acariciar seus lábios fora de alcance, enquanto Marco passava os dedos

pela minha umidade.

– E se eu não quiser você?

Marco deslizou um dedo entre minhas dobras e deslizou dentro de mim.

Eu suspirei.

O olhar do doutor era intenso. Suas pupilas dilatadas, bochechas coradas e

respiração hesitante o traíram.

– Mas você faz. Lembre-se, não pode mentir para mim. Pode ser Marco dentro

de você, mas nunca se esqueça com quem você está fazendo amor. Marco, mostre

a ela. – Ele se abaixou e acariciou seu pau através do tecido de sua calça preta.

Marco inseriu outro dedo e estabeleceu um ritmo que certamente me desfaria.

Eu suspirei. Marco estendeu a mão e colocou a outra no meu cabelo, puxando

minha cabeça para trás, expondo minha garganta. O empurrão do carro o levou

mais fundo, e eu sentia o hálito quente do médico acariciar minha orelha.


– Ele está te fodendo com minha permissão. Esta semana você é minha. Não

importa o quão bem ele te faça sentir, é do meu rosto que vai se lembrar.

Eu mordi meu lábio. Marco me deixou rígida. Batendo sua mão contra meu

clitóris a cada golpe. A cada bofetada, um grunhido me escapava.

– O que quer de mim?

– Sua paixão. – Ele lambeu os lábios. – E qualquer outra coisa que você esteja

disposta a me dar.

Marco tirou os dedos e os substituiu pela boca. Sua língua deslizou entre

minhas dobras em sua jornada para o meu clitóris.

Mordi meu lábio e "Foda-se" escapou em um suspiro. Foi tão bom.

O doutor gemeu, se agarrando sob as calças.

– Deus, isso é sexy pra caralho. – Ele se ajustou. – Goze pra mim.

Os dedos de Marco voltaram à ação. Filho da puta, ele era bom.

Mais uma estocada e o desejo do doutor foi realizado. Minhas costas

arquearam ainda mais e segurei o assento. Marco firmou seu aperto no meu cabelo

e um grito rasgou através de mim, enquanto o meu corpo apertou a mão de Marco.

Marco murmurou.
– Tão fodidamente apertada. – Forçando a entrada através do meu êxtase, me

levando mais fundo na felicidade, apenas para protelar com carícias suaves de

dentro para fora.

– Eu ... ah ... eu sou ... eu ... eu... – A onda de prazer me invadiu e fechei os

olhos, saboreando a sensação do trabalho de Marco.

O médico concluiu para mim.

– Linda. Isso é o que você é.

Através de minhas respirações profundas e cabeça cheia de luxúria, as

palavras escaparam.

– Se a beleza não me torna digna de seu toque, doutor, o que o fará?

Ele não fez uma pausa.

– Não se trata de valor. Você não tem preço. Como uma obra de arte ou joia

atrás do vidro de um museu. Admirada por todos. Exótica. Estimada. Recolhida.

Palavras tão bonitas e perigosas.

Marco tirou a mão e abaixou meu vestido.

Eu sentei ao lado dele. Batendo na perna de Marco em apreciação, eu disse

uma palavra. "Emprestada." Eu não poderia deixá-lo fazer isso comigo. Permitir

que o Dr. Vincent se tornasse qualquer coisa diferente de uma transa interessante

me destruiria. Eu tive que parar com isso.


– Desculpe? – O médico olhou para mim.

Marco deu uma risadinha.

– Dê a ela um minuto. Um de cada vez, X.

O doutor recostou-se ligeiramente e lançou a Marco o olhar mais

desaprovador.

– O que você disse, Elaine?

– Eu disse, emprestada. Você disse coletado. Estimado. Eu corrigi você. Um

verdadeiro colecionador não descarta uma joia preciosa para nunca mais pensar

nela. Um colecionador se orgulha de suas obras. Coloca-a sobre um

pedestal. Deleita-se com a caça bem disputada. É a posse que alimenta sua

dedicação. Você, caro doutor, não é um colecionador, você é um portador do

cartão da biblioteca e eu sou a história da semana.

Marco riu e apertou minha coxa.

– Eu gosto mais de você a cada minuto.

Xavier Vincent olhou pela janela. O silêncio foi sua única resposta.
Capítulo Sete
Fabricante de chuva

O carro parou no meio fio de uma boutique francesa pitoresca. A frieza que

recebi pelo resto da viagem me fez refletir sobre as possíveis mudanças nos planos

do doutor. Ele ficou tão irritado comigo que me mandaria embora? A porta do

carro se abriu e sua mão estendida me surpreendeu. Eu não sabia quais linhas

podiam ser cruzadas. Às vezes, tocar parecia permitido, mas apenas quando era

uma formalidade. Talvez ele não estivesse com raiva de mim, afinal.

A rua de paralelepípedos levava a calçadas de ladrilhos de ardósia e à janela

da Désir Secrets. Além do meu reflexo, fotos de homens e mulheres em várias

poses sedutoras foram complementadas com toques de flores frescas para ajudar

a suavizar as linhas duras de cada corpo esculpido. Os arranjos florais e a

arquitetura feminina adicionaram um ambiente do velho mundo, mesmo quando

a arte parecia minimalista e moderna.

Xavier me firmou pelo cotovelo quando me levantei do carro.

– Esse era o hobby de Lydia. – Disse ele, me puxando para ficar de pé.

Alisei meu vestido, mas não disse nada.

O médico sussurrou algo para o motorista e Marco colocou a mão nas minhas

costas.
Os sinos tilintando, pendurados na maçaneta da porta interna, pintaram um

quadro mental muito diferente do que me saudou. A sala era ampla, totalmente

branca e não continha nenhum indício do caráter que a aparência externa e as

paredes sugeriam.

Era uma galeria, despojada para que a arte se tornasse o foco.

De uma sala lateral emergiu uma bela mulher de pernas compridas.

– Xavier. – Disse a mulher, ofegante e sedutora.

Ele soltou minha mão e se aproximou dela.

– Patrice! Já faz muito tempo. – Ele pegou a mão da mulher e beijou as costas

dela. Seus seios grandes transbordaram das xícaras de seu vestido justo. Ela tinha

um corpo pelo qual qualquer mulher morreria.

– Achei que estávamos além das formalidades. – Ela o beijou em uma

bochecha e depois na outra e ele retribuiu o favor.

Xavier deslizou o braço em volta da cintura da mulher e algo em mim

rosnou. Meu corpo ficou tenso. Ele não era meu. Maldito seja por todas as palavras

extras de adoração. Apenas sexo. Deveria ser apenas sexo.

Marco percebeu.

– Você não gosta de vê-lo com ela. Gosta?

– Por que eu me importaria?


– Não deixe minha bunda bonita e meu cabelo bom te enganarem. Eu não sou

um idiota.

Eu olhei para ele por um momento, mas não consegui tirar meus olhos do

doutor e da bomba.

– Você está errado.

– Elaine, vejo em seus olhos toda vez que olha para ele. Não sei se você se

apaixonou por ele ou pela ideia dele, mas de qualquer forma...

– É um absurdo. – Eu dei um passo para longe de Marco. E sem pensar, as

palavras saíram da minha boca.

– Por que é tão fácil para ele tocá-la?

– Ele não está fazendo sexo com ela.

– Ainda. – Eu bufei.

– Ela não significa nada para ele. É por isso que é fácil.

Ouvi suas palavras, mas a maneira como as mãos do doutor deslizaram para

cima e para baixo nos braços da mulher me fizeram pensar. Assistir seus longos

dedos descansando em seu quadril me encheu de raiva.

– Eu não entendo. Ele nunca me tocaria assim.

Marco se aproximou e passou o braço em volta de mim, me puxando para

mais perto. Ele soprou em meu ouvido.


– Exatamente.

Eu o ignorei.

Os sinos da porta soaram. Sebastian entrou pela porta vestindo jeans e uma

jaqueta de couro. Ele se aproximou de mim e sussurrou para nós dois.

– Desculpe, estou atrasado.

Marco se inclinou na minha frente fazendo contato visual com Sebastian.

– Ei, sem problemas. Você chegou a tempo de testemunhar a luta dos gatos.

Sebastian riu.

Marco colocou o braço em volta de mim.

– Elaine aqui vai chutar a bunda de Patrice.

Tirei seu braço e olhei para ele.

– O que? Eu não vou. – Disse isso um pouco alto demais, porque o médico e

Patrice olharam em nossa direção.

Sebastian deu uma risadinha.

A mulher riu, deu um beijo suave em seus lábios, agarrou sua bolsa e se

dirigiu para a porta. O beijo ferveu meu sangue. Xavier a seguiu até a porta e

trancou-a atrás dela.


– Agora, onde estávamos? – Ele parou e olhou para mim. – Linda, o que há de

errado?

– Nada.

Marco riu.

– Não acho que ela goste de Patrice.

O médico se voltou para Sebastian.

– Que bom que você conseguiu.

Sebastian respondeu.

– Não perderia.

Xavier pigarreou e pegou meu braço, guiando-me para uma pintura de um

homem e uma mulher na cama. As pernas da mulher estavam bem abertas e o

homem se ergueu acima dela. Seu pênis estava posicionado para penetrá-la.

– Essas obras são algumas das peças mais preciosas de arte erótica que você

já viu. Ao contrário de mim... minha adorável Lydia era uma colecionadora

esplêndida.

Eu olhei para ele. Obviamente, ele não superou o comentário que eu fiz na

limusine.

Ainda liderando, ele parou em frente a uma pintura de uma mulher sendo

estuprada por uma horda de homens.


– Lydia estudou várias tribos no Himalaia. As terras habitáveis são limitadas,

então é assim que eles controlam a população.

Eu bufei.

– Sinto muito, mas acho que uma orgia teria o efeito oposto.

Ele riu.

– Você está certa, se houvesse mais de uma mulher envolvida. Em sua cultura,

uma mulher fica com muitos maridos. Muitas vezes, uma noiva é escolhida para

uma família de irmãos.

– Isso parece complicado. Ela não poderia fazer com um de cada vez?

– Tenho certeza que sim, mas esta é sua noite de núpcias. O trabalho deles é

dar a ela prazer como uma unidade conjugal.

A mulher de pele escura com o olhar de êxtase em seus olhos tinha um pau

em cada buraco e uma linha de homens preparados e prontos. Eu encarei

fascinada, admirando a logística cuidadosa necessária para realizar tal ato.

Marco se moveu atrás de mim.

– Você já teve dois homens ao mesmo tempo?

– Não. – Eu cruzei meus braços.

Ele colocou as mãos em meus quadris.


– Você já pensou sobre isso?

Mudei meu peso para o outro pé.

– Nada além de uma fantasia passageira do colégio. Eu nunca realmente

considerei tornar isso uma realidade.

– Pense nisso, Elaine. Pense nos homens que querem tanto você que mal

podem esperar. – Ele enfiou a mão embaixo da minha saia. – Pense em ter um pau

aqui. – Ele deslizou o dedo em mim. – E um aqui. – Ele deslizou o dedo entre

minhas bochechas e tocou minha entrada traseira. Eu estremeci.

Marco agarrou meu quadril.

– Espere... ninguém nunca pegou sua bunda?

Eu não queria responder.

O olhar intenso de Xavier era penetrante.

– Elaine... – Ele pegou minha mão na sua.

– Não. Nunca considerei realmente uma opção.

Xavier acariciou minha palma com o polegar.

– Temos muito a lhe ensinar.

No centro da sala havia uma escultura de alabastro de uma deusa, seu corpo

nu, coberto apenas com contas enquanto era acariciado por dois homens
igualmente nus. Os homens se ajoelharam de cada lado dela, cada um com uma

das mãos entre suas pernas. As mãos da mulher se estenderam para o céu e em

uma delas ela segurava uma pequena caixa. Sua beleza insuperável manchada

pela expressão de agonia em seu rosto.

O doutor foi para a frente da peça.

– Esta é Pandora, uma figura proeminente na arte e literatura erótica. Ao

longo da história, há muitas interpretações de sua história, mas esta artista em

particular teve uma interpretação interessante. – Ele deu um passo para a

esquerda, admirando o trabalho. – Ela não acreditou que libertou todo o mal do

mundo, mas sim fez um sacrifício. No fundo da caixa, além de toda a agonia que

ela trouxe sobre si mesma, estava um presente, um símbolo de que toda esperança

não tem sentido se a pessoa não tiver sofrido. Ela ergue a caixa limpa para os céus

como seu presente para o mundo enquanto o homem se agarra à esperança.

O médico provou ser um grande aficionado por arte. Mas a pergunta urgente

escorregou da ponta da minha língua.

– A caixa que me enviou, o que significava?

Ele se virou para mim.

– Sempre me ocorreu que, se ela atingisse seu objetivo e liberasse esperança

para o mundo, o verdadeiro presente seria que a caixa estaria vazia e, um por um,

poderíamos enchê-la com a turbulência que ela continha. – Ele caminhou até mim

e pegou minha mão. – Eu estava bem aqui, na noite em que a descoberta veio para
mim. Você pode me dar crédito por ter criado a droga, mas eu dou crédito a

Pandora. – Ele desviou o olhar enquanto falava, mas ainda segurou minha mão. –

Quando eu vi seus problemas naquela noite no jantar, eu quis levá-los embora. Eu

só pensava em quanto esperava que você concordasse em vir para Paris. Foi então

que soube que a caixa estava vazia e seu sofrimento a tornou capaz de ver nosso

encontro como uma oportunidade. Eu cobri alguns favores e mandei encomendar

a caixa para você.

Eu apertei sua mão para chamar sua atenção.

– Foi muito gentil da sua parte, doutor, mas não podemos esquecer os perigos

da esperança. A esperança não realizada, nada mais é do que tristeza. – Com o Dr.

Vincent, arrisquei o que nem estava disposta a admitir para mim mesma, pensar

que esta semana era qualquer coisa mais do que sexo. Depois de uma história

como essa, a esperança certamente me destruiria.

Seus olhos se arregalaram.

– Você provavelmente está certa. – Ele soltou minha mão.

Marco colocou a mão no meu ombro. Eu me virei para ele e ele sorriu,

confirmando que também entendia as implicações.

Sebastian seguiu ao meu lado.

Em seguida, estava a estátua de um homem amarrado e ajoelhado, olhando

para o teto. Seu enorme pênis ereto apontou para o céu. Uma visão deslumbrante,

mas era uma grande pintura a óleo com moldura dourada com tons de vermelho
vibrantes que chamou minha atenção. Eu encarei um anjo em uma gaiola. Mesmo

que a porta estivesse aberta, permitindo sua fuga, suas asas foram cortadas. Seu

corpo nu perfeito parecia cansado das torturas de uma mulher segurando um

chicote.

O médico sussurrou:

– Esse é um dos meus favoritos.

– É poderoso.

– Foi um presente de aniversário de Lydia. Ela o encomendou a um dos

maiores pintores eróticos de nosso tempo.

– Claro que é melhor do que um vale-presente.

Ele riu.

– Vamos.

Genitais e membros entrelaçados estavam em todos os lugares que você

olhasse. Marco deslizou a mão pela minha bunda, juntou o tecido da minha saia

em seus dedos. O ar frio roçou a pele da minha bochecha. Ele se inclinou e

sussurrou em meu ouvido.

– Como se eu não estivesse reprimido antes, todo esse sexo.

Xavier fez uma pausa.


– Sexo sempre foi visto como misterioso, poderoso. Além da magia da

concepção, muitas culturas o usam para dobrar a vontade do destino e dos deuses.

A sala ampla em que entramos em seguida, estava coberta de sombras. Luzes

cintilantes feitas para se assemelhar a um céu noturno cintilavam e uma grande

lua artificial lançava luz sobre os dois objetos situados no centro da sala.

– A história favorita de Lydia era a do Rainmaker, Fabricante de

Chuva. Tornou-se uma das minhas também.

– O que é esta sala?

– Ahhhh... Uma que você vai conhecer muito bem e tenho certeza de que

nunca vai esquecer. – Ele caminhou até o centro da sala em direção a um estranho

aparato de madeira e um grande trono. Havia mesas de cada lado da estrutura de

madeira. Cortinas profundas de veludo azul meia-noite cobriam as paredes. – Por

meio de sua pesquisa, Lydia descobriu um ritual usado por um bando de celtas

antigos. Séculos atrás, o rei do clã escolheu sua rainha e só com ele, ela ficou

deitada até a estação seca. Acreditava-se que os deuses retinham a chuva para

exigir ofertas.

Ele segurou minha mão e me levou até o objeto de madeira em forma de

cavalete elevado, mas com ângulos arredondados suaves e recortes estranhos.

– Na primeira lua cheia, após o início do período de seca, o rei apresentou sua

rainha como um tributo aos deuses.

Ele deve ter notado meus olhos arregalados, porque ele riu.
– Seu amor, não como um sacrifício. O rei amava sua rainha. As mulheres

detinham muito poder. Embora, não seja uma verdadeira sociedade matriarcal, as

mulheres eram reverenciadas como doadoras de vida, uma extensão dos poderes

da Terra. Eles acreditavam que o corpo de uma mulher continha os segredos para

curar tudo. – Ele alisou a mão sobre a viga de madeira. – No crepúsculo, os aldeões

se reuniram e o rei revelou sua rainha, vestida com suas vestes reais.

As habilidades narrativas do médico, embora notáveis, competiam com outra

cena da sala.

Marco e Sebastian descalçaram os sapatos e os colocaram sob a mesa. Eles

desabotoaram as calças, baixaram os zíperes e os empurraram sobre as nádegas

firmes e esculpidas, como nadadores sincronizados. Eles se despiram, dobraram

suas roupas e as colocaram na mesa ao lado de uma caixa de couro preta. Eles

eram uma visão magnífica para festejar.

Xavier continuou a correr as mãos ao longo da madeira lisa.

– O rei fez uma oração pedindo chuva e por sua esposa. E quando a lua

alcançou a posição adequada no céu, ele a prendeu ao Rainmaker.

Marco entregou ao Dr. Vincent vários fios de tecido de seda preta.

O doutor os deslizou pelos dedos enquanto falava.

– Elaine, você vai confiar em mim?

Eu cruzei meus braços.


– Eu não gosto de dor.

Ele riu.

– Oh amor, você não precisa se preocupar com isso. Por favor, confie em mim.

Eu pausei. Uma coisa era fazer sexo com eles, mas ser amarrada? A maníaca

por controle em mim gritou, mas a parte primitiva de mim que ansiava por

aventura alimentou o zumbido em meus ouvidos.

– Por favor, Elaine. Eu te asseguro. Você não vai se decepcionar.

Olhei em seus olhos, procurando por qualquer vestígio, até mesmo uma

centelha remota, de um homem como eu vi em meu pai depois que descobri suas

mentiras. Nada. Ele não tinha mentido para mim ainda. E depois de tudo, vim

aqui sabendo que faria sexo com Marco e Sebastian.

– Está bem. Mas eu não quero ser amordaçada.

– Não se preocupe, quero ouvir você gritar sua paixão.

Marco me incentivou a pressionar o Rainmaker segurando minha bunda e me

empurrando para frente. Um recorte na madeira embalou meus quadris

perfeitamente.

Sebastian pressionou minhas costas pedindo que eu me curvasse ao contorno

do aparelho. Eu permaneci em pé, com as pernas abertas e dobradas na cintura

para descansar meu peito em uma trave longa.


O médico se inclinou para sussurrar em meu ouvido.

– Acredita-se que se você aplicar a pressão certa na parte frontal da pélvis de

uma mulher durante o sexo, pode aumentar seu orgasmo, tornando mais provável

que ela jorre quando gozar. O Rainmaker foi projetado para fazer exatamente isso.

Deus, eu sobreviveria a este homem?

Xavier caminhou até o trono e recuperou um cálice, permitindo que os laços

de seda preta caíssem de sua palma.

– O rei precisava ter certeza de que sua rainha estava bem hidratada. Seu

trabalho era cuidar do conforto dela. – Ele levou a taça aos meus lábios. – Ela

recebeu o mais precioso dos presentes na estação seca, água. Bebida.

A água fria acalmou minha garganta seca pela ansiedade.

O doutor voltou ao trono, recolocou o cálice no braço antes de voltar para

mim.

Começando com meus tornozelos, o médico amarrou cada perna a um

poste. A formação do V fez com que minhas pernas se abrissem e meus seios

caíssem de cada lado da viga que sustentava meu peito.

O doutor amarrou meus pulsos estendidos à viga, para que eu ficasse presa

na posição.

– Você está confortável?


Surpreendentemente, eu estava.

– Sim.

– Excelente. Eu mandei fazer este personalizado para você. Como qualquer

rainha merece. O original está lá na vitrine. – Ele apontou para uma caixa de vidro,

logo além do trono. A madeira escura e os ângulos agudos faziam com que

parecesse um dispositivo de tortura medieval. Aquele que me apoiava parecia

uma bela obra de arte abstrata.

– Uma vez pronto, ele a apresentou à multidão.

Marco deslizou o decote do meu vestido para baixo, permitindo que meus

seios ficassem livres.

O doutor recuperou uma tigela de ouro incrustada de gemas de um pedestal

ao lado do trono.

– O rei colocou uma tigela de joias sob as pernas abertas de sua rainha, na

esperança de coletar a chuva que ela fez como uma oferenda aos deuses. – O

doutor levantou meu vestido, me expondo. – Você é deleitável,

Elaine. Inchada. Pronta. Aperte seus músculos para mim. Deixe-me ver como sua

buceta está faminta por nós.

Meu corpo obedeceu sem minha vontade.

– Marco. Sebastian. Vocês são bastardos de sorte. Se ao menos... – O tom

desanimado da voz do doutor não me escapou.


Marco acariciou seu pênis, já em atenção.

– E eu não sei?

Eu engoli em seco.

Xavier se moveu na frente, onde eu poderia vê-lo novamente.

– O rei então assumiu seu lugar no trono. Ele selecionou um dos seus

escolhidos para iniciar a cerimônia. Sua rainha deve estar preparada. – Ele pegou

um pacote longo, embrulhado em papel pardo, da mesa. Ele puxou o papel. – Eu

também fiz isso especialmente para você. Assim como o rei teria seu cetro feito

para sua rainha. – Um grande cajado esculpido com ornamentos, rodeado por um

ornamento de vidro em forma de falo liso, repousava em seu punho.

O médico entregou a Marco.

– O rei concedeu a honra a seus guardas escolhidos que seriam os primeiros

a tomar a rainha e ela derramou suas primeiras gotas simbolicamente pelo trono.

Marco desapareceu atrás de mim com o bastão. Senti algo frio tocar minha

umidade. Eu me empurrei contra as amarras.

Xavier pegou uma garrafa de vinho e o cálice antes de se sentar no trono.

– Marco vai te foder com a parte superior de vidro do cajado até que você grite

meu nome.
Antes que eu pudesse registrar as palavras do médico, Marco enfiou o grande

objeto dentro de mim.

Eu suspirei.

O doutor relaxou na obra de arte de grandes dimensões, cruzou as pernas e

deu um gole na taça ornamentada.

– Sebastian, eu quero que você acaricie seu clitóris. Eu quero ouvi-la gritar

quando ela gozar.

Um gemido escapou dos meus lábios.

Marco deslizou o instrumento de vidro para dentro e puxou-o para fora,

apenas para colocá-lo de volta no lugar.

Estava frio, duro e me preencheu como nada que eu tivesse sentido antes.

O médico colocou o cálice no pedestal, abaixou-se e abriu o próprio zíper.

Marco continuava a deslizar o pênis de vidro para dentro e para fora do meu

calor. Sebastian me acariciou no tempo das estocadas de Marco.

Oh Deus.

O doutor puxou seu eixo e ficou alto e duro.

– Olhe o que você faz comigo, Elaine.

Marco acelerou. Dentro e fora. Mais rápido. Mais difícil.


Entre assistir o doutor, a foda soberba de Marco e os dedos de Sebastian, eu

mal conseguia respirar.

– Deus…

– É isso. Grite meu nome. – O doutor agarrou seu pênis.

Marco e Sebastian aumentaram sua velocidade.

– Porra. – Era tão bom.

– Você vai vir por mim, Elaine? Sua boceta vai me dar o que eu quero? Faça.

– Ahhh... porra... – Eu estava gozando. Duro. Joguei minha cabeça para trás e

minhas pernas amarradas travaram.

– Diga! – O médico ofegou enquanto sua mão trabalhava em seu pênis.

Eu ignorei seu comando, enquanto rangia os dentes com a intensa sensação

do pau de vidro deslizando para dentro e para fora de mim e os dedos ágeis de

Sebastian dançando no meu clitóris.

Ele se levantou da cadeira. Seu pau balançou quando ele se agachou ao meu

lado e colocou a mão no meu cabelo.

– Diga isto. Por quem você está vindo?

– Você.

Ele puxou com mais força.


– Quem?

– Você, meu rei.

Meu orgasmo pareceu durar horas enquanto as estocadas rápidas de Marco

atraíam jorro após jorro de minhas profundezas.

– A quem você pertence?

Antes que eu pudesse pensar melhor sobre isso.

– Você, meu rei.

– Isso mesmo. Nunca esqueça.

Minha respiração pesada me trouxe de volta aos meus sentidos.

O médico soltou meu cabelo e eu descansei minha cabeça na moldura de

madeira, tentando recuperar o fôlego.

– Muito bom, minha rainha.

Marco removeu o bastão do meu corpo e o apresentou ao doutor.

Ele abaixou a ponta do vidro até o nível dos olhos para que eu pudesse ver e

cheirar meu sexo cobrindo-o.

– Deus, o que eu não daria para enterrar minha cabeça entre suas

pernas. Apenas cheirar você me dá vontade de gozar. Você sabe quantos

feromônios são liberados quando uma mulher vem? – Ele lambeu a lateral do
cetro, me provando, e quase gozei de novo. – Os homens da cidade passaram o

cetro de homem para homem, cheirando o sexo da rainha, estimulando-os à

excitação. O rei então observou enquanto cada um dos homens da cidade fazia fila

para foder sua esposa. Assim como vou deixar Marco e Sebastian foderem com

você. Você gostaria disso, minha rainha? Quer seus pênis dentro de você?

Queria muito o doutor, mas esse era o único jeito.

– Sim. Mas só porque não posso ter você, meu rei.

Ele puxou meu cabelo com força.

– Você não joga limpo, joga?

– Por que começar agora?

– Marco... – O médico deu seu comando.

Marco não precisava ouvir mais nada. Ele se enterrou em mim com um golpe.

A palavra 'foder' ecoou pelas paredes, enquanto saía de nossos lábios.

O doutor permaneceu ajoelhado no nível dos olhos observando meu rosto,

sua mão acariciando seu pau.

– Alguns argumentam que esse ritual foi uma forma de ajudar a fortalecer a

família real com alguma diversidade genética. E lembre-se de como eu disse que

eles acreditavam que toda cura vinha de mulheres. Não era incomum para os

homens da cidade mamarem na rainha quando ela amamentava, na esperança de


curar suas doenças. Seu leite foi pego em uma tigela e oferecido aos

deuses. Sebastian, de joelhos. Chupe seus mamilos.

Era difícil se concentrar em sua aula de história, ouvindo Marco gemer toda

vez que ele deslizava para dentro de mim.

– Pense no que está acontecendo. Você reduziu três homens aos seus

elementos mais primitivos. Está sendo possuída. Você é minha, mas nunca pense

que tudo o que damos não é para você. – Ele fez uma pausa.

Tudo o que consegui foi suspiros entre cada impulso.

– Mais difícil, Marco. Faça chover. – O doutor exigiu.

Marco aumentou a velocidade e mudou o ângulo de suas estocadas.

Mantive contato visual com o doutor, que estava a apenas alguns centímetros

de distância. Eu gemia e ofegava com cada golpe do pau de Marco.

A boca quente e úmida de Sebastian brincou e chupou meus mamilos até

doerem.

Eu não consegui me conter. O aperto no meu estômago levou a uma onda que

encheu minha cabeça quando gozei com mais força do que nunca.

Marco gemeu.

– Foda-se... você é tão fodidamente apertada. – Mas continuou a trabalhar

comigo até que eu relaxasse.


Respirar fundo me trouxe do alto, mas Marco não parou.

O doutor se inclinou mais perto.

– Oh amor, isso foi lindo. Você sabe que cada orgasmo só te deixa mais

faminta pelo próximo. As mulheres são feitas para serem fodidas, uma e outra

vez. No entanto, existem poucos homens que podem vir mais de uma vez sem

recuperação. Seu corpo sabe o que quer. Um homem nunca vai satisfazer sua

boceta gananciosa.

Marco bateu em mim com força.

Eu suspirei.

– Essas pessoas ancestrais, que fizeram o Rainmaker, conheciam seu design

definitivo. Eles também entenderam o desejo impulsionador de posse. Este ritual

era sobre o sacrifício do rei e o presente da rainha. Somente com a permissão do

rei isso era possível. Você entende que é minha, certo?

Era parte da encenação, mas eu queria que as palavras fossem verdadeiras.

– Sim.

– Boa Rainha. Você agrada o seu rei. – Ele respirou, sua boca tão perto dos

meus lábios e sua mão deslizando para cima e para baixo em seu pênis.

Marco resmungou e disse:


– Sabe que sonho com isso desde que coloquei os olhos em você? Eu sabia que

X tinha bom gosto, mas nunca imaginei... Desde a noite passada, quando enterrei

minha cabeça entre suas pernas, isso é tudo que consigo pensar. – Outro impulso

forte e seu grande pau me deixaram deliciosamente cheia.

Eu mordi meu lábio.

O médico mudou.

– Diga-me como ele se sente dentro de você.

Marco empurrou e segurou, esticando minhas profundezas. Um gemido

ecoou pela sala.

Eu enrijeci meus músculos e o apertei.

Ele deu um tapa na minha bunda e berrou.

– Droga, mulher. Você acabou de abraçar meu pau com a sua linda boceta.

– Ele é grande, doutor. Eu me sinto muito satisfeita.

– Você quer que ele te foda mais forte?

– Sim por favor…

Sebastian beliscou um mamilo entre o polegar e o indicador e provocou o

outro com a língua.


Era difícil me concentrar em uma sensação em vez de outra, mas Marco não

decepcionou. Ele me fodeu com força, usando minha bunda como contrapeso. Ele

agarrou minhas bochechas enquanto batia sua pélvis na minha.

O médico cerrou o punho em seu próprio pênis, lubrificando seus

movimentos com o pré-sêmen evidente na ponta. Eu queria tanto tocá-lo. Para

acariciá-lo. Para fazê-lo gozar.

Pequenos grunhidos deixavam meus lábios toda vez que Marco batia em

mim.

– A rainha pode fazer um pedido ao seu rei?

Sua mão ficou mais apertada ao redor de seu pênis.

– O que você quer?

– Eu conheço as regras. Você não vai me tocar. Obviamente, não posso te

tocar. Mas você virá por mim?

– O que? – Sua mão parou.

– Eu quero provar você.

Ele me encarou como se eu o tivesse convidado para dançar como uma

galinha ou algo ridículo.


– Qual é o problema doutor? Achei que éramos amantes. O clímax faz parte

do ato sexual. Se você não pode compartilhar seu corpo comigo, deixe-me pelo

menos ter seu orgasmo.

Marco rosnou.

– Deus, isso é tão gostoso. Faça isso, X. Goze na cara dela. – Um golpe

profundo e afiado. – Porra. Você vai me fazer gozar só de pensar nisso.

O entusiasmo e a expectativa de Marco me levaram ao precipício. Meus

músculos se contraíram em Marco. Tremor após tremor o apertou e

pressionou. Com um grunhido final, ele me encheu, quente e úmido. Outro jorro

escorreu pela minha perna, uma mistura de nossos desejos.

– Maldição, mulher, você poderia matar um homem. – Marco suspirou e

empurrou mais algumas vezes. – Hummmm... talvez eu tenha que lutar com você

por ela, X.

– Ela é minha. – Seus olhos estavam escuros de luxúria.

– Eu sei. Mas não podemos ficar com ela? Droga. – Marco saiu e foi para a

frente do Rainmaker. Ele ficou observando o jogo de poder entre o doutor e eu se

desenrolar. Seu belo corpo e seu pau brilhante e gasto eram visíveis, adicionando

ao meu prazer.

Mas meu foco estava no doutor.

– Então, doutor, você vai jogar limpo?


– Você não precisa. – Ele se levantou, segurando seu eixo duro como pedra. –

Nunca... Nunca ninguém fez esse pedido.

– É uma pena, porque aposto que você tem um gosto maravilhoso.

Ele gemeu.

Marco o encorajou.

– Vamos, X. Vamos na cara dela, na boca dela. Se você não quer que ela te

enlouqueça, pelo menos faça ela engolir. Porra. Estou ficando duro de novo. – Em

transe com a nossa cena, Marco acariciou seu pau meio flácido.

Você poderia pensar que eu teria o suficiente, mas meu corpo estava

morrendo de vontade de servir ao doutor.

– Eu deveria fazer Sebastian foder sua boquinha suja. – Ele se aproximou até

que seu pau estava a apenas alguns centímetros dos meus lábios. – Como posso

negar, minha rainha? Abra sua boca.

Eu ansiava por correr minha língua ao longo da crista da cabeça de seu

pênis. Ele estava tão perto, mas tão longe.

– Sebastian, foda ela. – Ele ergueu o punho com mais força e rosnou. – No que

diz respeito a você, sou eu em sua boceta. Pense em mim te fodendo.

Fiz o que ele mandou, quase salivando de antecipação. Não que eu gostasse

do sabor da porra, mas a do doutor era uma iguaria. Não importa o sabor, sua

liberação seria uma doce vitória.


Sebastian não precisava de incentivo, ele espalhou minhas bochechas, dando-

lhe um acesso ainda mais profundo ao meu sexo. Ele deslizou para dentro de mim

e gemeu.

– Deus... tão gostosa. Faça isso, X. – Ele forçou a respiração da minha boca

com cada penetração. Ele me fodeu forte, rápido e profundo.

O doutor trabalhou seu eixo mais rápido, segurando-o com mais força a cada

golpe.

Eu olhei para cima para encontrar seu olhar.

– Deixe-me provar você, meu rei.

Ele estremeceu.

– Oh, Elaine... minha rainha.

Mordi meu lábio e choraminguei em antecipação, antes de abrir minha boca

para receber seu presente.

A primeira gota atingiu minha língua e me preparei para tudo isso. Fluxo

após fluxo de branco borrifou meu rosto, lábios e língua. Eu gozei, estremecendo

com a visão erótica, o ritmo de Sebastian e a confiança do doutor.

O doutor gritou, bombeando seu pênis com mais força, ordenhando cada

gota.

Eu engoli sua oferta, com cuidado para lamber os restos de meus lábios.
– Porra. Isso é... Oh... – Sebastian revelou o impacto do meu orgasmo. – Porra!

– Ele se retirou e atirou sêmen quente e úmido na minha bunda.

Ainda ofegante pela euforia que me enchia, eu estava cara a cara com o

médico. Um último limite para empurrar.

– Meu rei, posso fazer um último pedido?

– Não sei se isso é sensato. – Seu olhar era tão intenso, era fácil esquecer que

outra pessoa existia.

– Me beije.

– O que? Não.

– Por que? Certamente, você beijou sua esposa. Eu não posso tocar em

você. Onde está o mal?

Ele não disse nada. Ainda procurando meus olhos.

Marco e Sebastian foram para a mesa, deixando apenas o médico e eu no

momento.

Ele se inclinou mais perto, tão lentamente que seu movimento foi quase

indetectável.

Quando ele estava ao alcance, coloquei meus lábios nos dele e respirei.

– Prove-nos. Nosso amor, meu rei. – Seus lábios começaram a se mover com

os meus dando lugar a um ritmo apaixonado. Seu beijo disse tudo que suas
palavras não podiam. O homem estava cheio de paixão, mas alguém o havia

amarrado com restrições invisíveis. Eu estava determinada a libertá-lo.

Quando nossas línguas se tocaram, eu estava perdida. Eu o senti em minha

alma. Seus lábios, tão suaves e macios, confortaram algo em mim que eu não

entendia. Foi como naquele momento, tudo o que eu sentia por ele, que havia me

escapado, ficou claro. Eu tinha que salvá-lo de si mesmo. Sugestões persistentes

de lábios relutantes sinalizaram o final do beijo, mas abraçamos nossa relutância

em quebrar a conexão. A verdade é que eu queria devorá-lo, mas teria que aceitar

o progresso que fizemos.

Sua respiração estava quente e seus olhos escuros de desejo. Ele respirou

contra minha boca:

– Não se engane, Elaine, eu sou um rei. Os reis comandam e conquistam. Eles

são brutais e intransigentes. Você não quer um rei. Reconheça, você veio aqui

esperando um santo.

Eu mordi seu lábio superior.

– Eu não tinha expectativas. – Minha língua deslizou ao longo de seu lábio

inferior. – Mas eu juro minha fidelidade.

Ele se afastou e olhou para mim. A indecisão marcava suas feições.

– Você não sabe o que está dizendo.

– Estou dizendo que me rendo.


Sua boca esmagou a minha. Suas mãos agarraram meu rosto. Todo o conflito

que vi em seus olhos foi derramado em seu beijo. Duro e macio. Devagar e

rápido. Ele se comunicou mais naquele beijo do que suas palavras poderiam dizer.

Nossos lábios se separaram. A respiração pesada de ambos.

Ele segurou meu rosto e deu seu comando.

– Desamarrem-na. Ela deu mais do que os deuses jamais poderiam ter pedido.

Ele se levantou e enfiou o pau de volta nas calças, fechou o zíper e se

virou. Sem outra palavra, ele saiu.

Marco trabalhou nos laços que prendiam meus pés e Sebastian desamarrou

minhas mãos.

O que…?

– Onde ele está indo? – Certamente, depois disso... eu suspirei.

– Ele tem um compromisso de palestra. Você está presa com Sebastian e eu

esta noite.

Filho da puta. Marco vestiu a calça, puxou-a para cima e me entregou uma

toalha.

– Ele sempre faz isso?

– Acho que não. Eu nunca... participei antes. Mas uau! Quente pra caralho.
Eu olhei para ele.

– Isso não. Quero dizer, ele corre quando pressionado?

– Oh aquilo. – Ele deu uma risadinha. – Não. X não foge de nada. Mas acho

que ele nunca ficou tão assustado como está com você.

– Eu não entendo. – Usei e depois descartei a toalha antes de reposicionar

minhas roupas.

– Vamos. Vou lhe contar tudo sobre ele em nossa aventura esta noite.

Eu alisei minhas mãos nas costas do meu vestido, certificando-me de que

estava no lugar.

– O que isso implica? – Eu levantei uma sobrancelha.

Um celular tocou e Sebastian enfiou a mão no bolso da calça.

Marco riu.

– Bem, nós prometemos que guardaríamos as coisas boas para X, então... acho

que podemos levá-la para passear. Talvez precisemos levar você para comer um

bife. Vamos apenas dizer que não tenho treinado muito. Vou precisar de um

pouco de resistência extra para quaisquer atividades como hoje. Droga.

Sebastian colocou o telefone de volta no bolso e suspirou.

– Eu sinto muito, mas vou ter que fazer uma checagem. Miriam acabou de

enviar uma mensagem e ela não está se sentindo bem. – Ele agarrou minhas duas
mãos nas suas e as levou aos lábios e beijou uma, depois a outra. – Obrigado. X é

um homem de sorte.

– Não tem problema. Cuide de Miriam. – Ele juntou suas coisas e saiu.

Suspirei.

– Ei, ficar presa a mim não é tão ruim.

Eu ri.

– Não era sobre isso que eu estava suspirando.

– Eu sei. – Marco me beijou na testa. – Dê a ele algum tempo. Ele tem muito

que processar. Vamos voltar para que você possa se refrescar.


Capítulo Oito
Noivado

No caminho para casa, Marco apontou pontos turísticos e contou histórias de

várias aventuras de bêbados que aconteceram em alguns dos melhores bares.

Ele passava os fins de semana tocando em bares de piano, enquanto fazia

faculdade, e seus sonhos de ser um modelo internacional de roupas íntimas foram

destruídos pela demanda por seu QI.

Ele era fascinante, mas não conseguia parar de pensar no doutor. Ele estava

com raiva? Eu empurrei muito longe? Eu entendia os abusos, mas o que o levou à

abstinência, mesmo no casamento? Quanto mais eu pensava nisso, mais precisava

de respostas.

Meu público cativo seria um bom começo.

– Você conheceu Lydia?

– Sim. Mulher maravilhosa. Bela. Muito... muito mundana. Ela tinha uma

elegância, mas você sempre se perguntava se por baixo ela não estava usando um

corpete de couro. Sexy. Misterioso.

Eu ignorei a pontada de ciúme. Eu não tinha direito ao doutor. Como eu

poderia me comparar com isso?


Marco suspirou.

– Há algo sobre uma mulher mais velha confiante. Quero dizer, é por isso que

Sebastian se casou com Miriam.

– Mais velha? Quanto mais velha?

– Bem, X tem trinta e quatro, então Lydia teria cinquenta e três.

– Ela era dezenove anos mais velha do que ele?

Ele se inclinou para pegar uma garrafa de água e a levou aos lábios.

– Sim, mas ela não parecia ter mais de trinta anos. Bastardo sortudo.

– Vou ter que acreditar na sua palavra. – Algo na história não parecia

certo. Achei que ela tinha a idade dele. – Ela era praticamente velha o suficiente

para ser sua mãe.

Marco se inclinou como se temesse que alguém pudesse ouvir.

– Você ouve todos esses casos de professoras seduzindo jovens estudantes do

sexo masculino e todo mundo se levanta em armas. Lydia esperou até que ele

atingisse a maioridade, mas eles se casaram logo depois que X se formou na escola

de medicina. Desde que ele começou a universidade aos dezesseis anos, ele era um

homem casado em seus vinte e poucos anos.

– Eu sabia que eles se conheceram na faculdade, mas ...


– Ele se inscreveu em uma de suas aulas sobre distúrbios sexuais. Foi assim

que eles se conheceram originalmente. Eles se conheceram, ela concordou em

“tratá-lo” e foi então que as coisas tomaram um rumo para o não convencional.

– Isso não é contra as regras? Ela era sua psiquiatra, uma psiquiatra

estabelecida, especialista em distúrbios sexuais e professora universitária. Como

ela escapou disso?

– Ela não fez isso. É por isso que se mudaram para Paris. A universidade

pediu que ela saísse.

– Estou realmente confusa agora. Ela era uma especialista. Como ela não

ajudou Xavier com seu... problema?

O silêncio foi ensurdecedor, enquanto Marco se inclinava para olhar pela

janela.

– O que?

Marco pigarreou.

– Você quer a explicação de X ou quer minha teoria? Se eu compartilhar com

você, precisa manter isso em segredo. Xavier não gostaria disso.

– Os meus lábios estão selados.

Ele se mexeu na cadeira e passou a mão pelos cabelos.


– Eu conheci Lydia, mas não muito bem. A maior parte do que sei é de

segunda mão de X. Cometi o erro de sugerir uma vez a ele, que talvez a razão de

nunca ter resolvido seu problema foi que não houve incentivo dela para

ajudar. Quer dizer, fale sobre ter seu bolo e comê-lo também. Ter dois amantes

lindos em particular e segurar o braço de X em público. Ele não gostou muito da

minha opinião e ameaçou me mandar de volta para os Estados Unidos se eu falasse

mal de sua esposa novamente.

Ele tinha um excelente ponto. Por que você trabalharia para curar alguém

quando isso não faria nada além de restringir seu estilo de vida? Em sua posição,

ela tinha controle total. Eu tinha que saber mais.

– Ela era vingativa assim?

– Não, ela não era vingativa. Mas era controladora e determinada. Ela colocou

sua carreira acima de tudo. E o usou para validar suas explorações sexuais. Não

tenho provas de que ela era outra coisa além de uma esposa devotada que fez um

relacionamento único contornar as limitações do marido. E com a morte dela,

nunca saberemos.

– Mas você suspeita de outra coisa?

Ele acenou com a cabeça.

– E Miriam também suspeitou. Uma noite, em uma festa, ela bebeu um pouco

demais e me disse que abominava o que Lydia estava fazendo com X. Ela não falou

sobre isso desde então, mas ela viu também. Por falar em Miriam, você não
conheceu Charles, o pai de Miriam. Ele era sombrio pra caralho. Há algo estranho

em todo aquele dinheiro francês antigo, a família de Lydia e a de Miriam. Muitos

segredos.

Seria possível que ela nunca tivesse tentado ajudá-lo? Se sim, como ele

poderia não ver? Foi a diferença de idade e sua experiência que me fez

desconfiar? Se alguma coisa eu aprendi com meu pai é que se algo parece errado,

geralmente está.

****

Quando voltamos para casa, um longo banho estava previsto. Meus músculos

doíam com as atividades da tarde e era necessário me refrescar. Eu me perguntei

onde nós dois poderíamos ir. Eu faria o possível para ver se conseguia persuadi-

lo a visitar o Louvre.

O vapor do chuveiro subiu pela porta. Amarrei o cinto em meu robe luxuoso

e deixei meu oásis, enquanto tentava não pensar muito no que tinha feito. Dois

homens. O doutor. Fui arrancada do meu devaneio por uma batida na porta.

Certamente, Marco poderia me dar este momento antes de me correr por toda

Paris. Eu caminhei até a porta com uma reclamação em meus lábios, apenas para

ter escapado junto com minha respiração. Não era Marco.

Xavier estava ali, cabeça baixa, mãos apoiadas no batente da porta em um

smoking completo. Era fácil esquecer o quão poderoso ele era, mas vê-lo assim não
deixava dúvidas. O mundo chamou sua atenção. A visão na minha porta foi a do

homem mais reverenciado do mundo. Depois de reunir meu juízo e limpar minha

garganta seca, consegui falar.

– Sim, doutor. Precisa de algo?

– Não. – Ele continuou a olhar para o chão.

– Desculpa?

Ele olhou para cima.

– Não é algo que eu preciso. É algo que eu quero.

Eu engoli em seco. Todas as visões da tarde voltaram rapidamente. Seus

lábios. Seu gosto. Sua confiança. Eles rapidamente se transformaram em uma

fantasia dele desamarrando meu robe e me jogando na cama.

– Eu quero você... – Ele inalou e prendeu a respiração.

Meu coração bateu forte no meu peito.

Ele continuou.

– Para me acompanhar até o meu compromisso de palestra.

O convite prometia, mas matou minha fantasia. Fiz o possível para esconder

minha decepção.

– Esta noite?
Ele se endireitou, estendeu a mão e reposicionou meu robe sobre meu seio

quase exposto.

– Sim.

Eu teria dado qualquer coisa para ler sua mente. Suas respostas foram lentas,

deliberadas.

– Certo. Quando devo estar pronta?

Ele puxou a manga e olhou para o relógio.

– Em cerca de uma hora. Tudo bem?

– Claro, mas o Marco vai ficar desapontado. Ele estava ansioso por uma noite

na cidade.

– Vou dar a notícia a ele. Eu quero você comigo esta noite. – O olhar intenso

voltou.

– Ok.

– Ah, e Elaine... O lugar estará cheio de pessoal da mídia. Haverá muitas

perguntas, não tenha dúvidas. Eu vou falar, se você não se importar.

Eu esperava que a relutância em minha voz não desse a impressão

errada. Fiquei emocionada e apavorada na mesma medida.

– Certo. É sobre meu pai?


Seus olhos se arregalaram.

– Oh não. Esse não é o problema. É apenas que a última vez que apareci em

público com alguém, as coisas ficaram fora de controle.

– Ah, ok. – O alívio foi difícil de esconder. Eu não queria que meu pai

causasse outro problema para mim.

Ele fechou os olhos e respirou fundo para se purificar.

– Eu só quero ter certeza de que você entende o que estou pedindo. Até

agora... neste momento... tudo pode desaparecer. Ninguém jamais saberá que você

esteve na minha casa. E pode ir embora sem laços, sem conexão com tudo o que

fizemos... e ainda temos que fazer. Isso muda nosso arranjo. Não haverá como

negar nossa associação. Embora, os detalhes continuem sendo um segredo nosso.

Ele se abaixou e pegou uma sacola aos seus pés.

– Já que você não esperava ir a uma ocasião formal esta noite...

Eu seria o par de Xavier Vincent. A única coisa que poderia me tirar de todas

as possibilidades que a noite segurava era a sensação de seu dedo, enquanto ele

descansava as alças da bolsa na minha palma estendida.

Ele fechou meus dedos em torno das cordas de cetim e se aproximou.

– Tem certeza? Quando tudo isso ficar para trás e você estiver sentada na sala

de conferências, vai se sentir confortável em explicar que não foi o que eles
pensaram? Sabendo que quando embarcar naquele avião de volta para a América,

voltaremos a ser como éramos.

A decepção matou minha expectativa. Eu respirei e engoli minha

frustração. Eu trataria isso como um trabalho, trabalhando diligentemente e

assumindo riscos na esperança de obter uma recompensa maior. Havia algo

inegável entre nós. Mas ele precisava entender que eu não era frágil.

– Sim, doutor. Sou totalmente capaz de fingir ser seu par, de aproveitar esta

semana e nunca mais te ver. Você não é tão irresistível. – Sim, ele era, mas não

precisava saber disso.

– Muito justo... – Ele fez uma pausa. Pigarreou e se virou. Enquanto se

afastava, ele murmurou. – Vejo você em uma hora.

Eu fechei a porta. Nem um minuto a perder, mas minha mente disparou. Ele

tinha razão. Uma coisa era ter sua atenção quando se tratava de sexo, mas isso era

outra coisa. De certa forma, fiquei lisonjeada por ele querer ficar comigo. Poucas

mulheres recusariam sua oferta, mas tinha uma grande diferença entre gostar de

brincar com alguém e querer ser vista com essa pessoa em público. Inferno, já que

se tratava de uma palestra, haveria evidências fotográficas. Eu não queria ficar tão

animada, mas estremeci de antecipação. Eu sabia que as chances de isso

corresponder às minhas expectativas eram mínimas, mas sempre havia

esperança. Afinal, foi ele quem apontou que eu sofri o suficiente para merecer isso.
****

Depois de colocar os toques finais na maquiagem, eu tinha uma tarefa final,

fechar o zíper do maldito vestido. Uma batida na porta me assustou, mas poderia

ser acidental.

Virei a maçaneta esperando colocar os olhos no médico, mas era Marco e ele

estava deslumbrante. Cabelo preto penteado para trás, smoking e um sorriso

malicioso.

– Oi linda, parei para ver se você está pronta.

A manga do vestido preto cintilante escorregou e eu o coloquei de volta no

lugar.

– Eu pensei que você ainda estaria saindo. – A manga caiu novamente.

– Eu perguntei a X se eu poderia ir junto, já que você pode precisar da

companhia enquanto ele brinca. – Desta vez, ele pegou a roupa teimosa. – Vire-

se. Deixe-me fechar o seu zíper.

Fiz o que ele pediu, grata por sua ajuda.

– Eu preciso te contar algumas coisas. – Ele puxou o zíper, passando um dedo

pela minha espinha, me fazendo tremer. – Aqui, deixe-me aquecê-la. – Ele passou

os braços em volta de mim e sussurrou em meu ouvido. – Você vai encontrar

Roxanne esta noite.

– Quem?
– Hum... Ela foi o último interesse amoroso de X.

Tentei me virar, mas seus braços me seguraram no lugar.

– Fique aqui. Se ele souber que estou te contando isso, me matará..

– Eu pensei que não houvesse ninguém desde Lydia. – Relaxei sabendo que

tentar forçar minha saída de seu abraço seria um desperdício de energia.

– Sim, bem. Isso é verdade. Lembra quando ele disse que fingiu namorar

alguém para calar Sebastian e eu? Essa era Roxanne. Mas ele se cansou de

responder a perguntas. Roxanne desempenha um papel importante como

arrecadadora de fundos para a Câncer Society. Ela é linda, mas cruel.

– Maravilhoso.

– Ela estava apaixonada por X. Deixe-me reformular isso... Ela estava

apaixonada pela ideia dele, mas ela não o conhecia. Ele a manteve à distância de

um braço. Ela finalmente se cansou de não receber nada além de convites públicos

superficiais e os encerrou.

– Então é isso que ele faz... – Eu não pude esconder minha decepção.

– Bella, não. Não com você. Você é diferente. Ele confia em você. E, ao

contrário dela, você o ama como homem, não como um ícone.

– Eu não o amo. Eu o acho fascinante.

– Chame do que quiser, eu sei o que vejo.


Suspirei. Mentir para ele não era justo, negar era meu fardo.

– Não, você está certo. Parece patético se apaixonar por alguém tão rápido.

– Bem, se for patético, você não está sozinha. E Roxanne não ficará

satisfeita. Eu não queria que fosse pega desprevenida. E a outra coisa...

– Não sei se consigo lidar com mais alguma coisa.

– Ele tem uma reputação que eu... posso ter perpetuado por ele, mas muito

antes de você.

– Que tipo de reputação?

– Digamos... Você nunca saberia que ele passa as noites sozinho. Ele é

considerado um dos solteiros mais cobiçados do país. Portanto, espere que outros

estejam competindo por sua atenção.

– Oh, ótimo.

Ele me apertou um pouco mais forte.

– Mas lembre-se, ele não os convidou. Ele convidou você. – Ele colocou os

lábios na minha bochecha e sussurrou. – Ele tem um gosto excelente.

– Posso ser honesta com você?

Ele me virou em seus braços, permitindo-me olhar em seus profundos olhos

castanhos. Tão lindo. Como uma obra de arte.


– Bella, você pode me dizer qualquer coisa. Eu sei que nosso encontro não foi

típico, mas ao contrário de Xavier, que está lutando uma batalha interna com seu

passado e seu desejo, eu não estou. Se você quiser manter contato após esta

semana, eu ficaria honrado. Mas se preferir seguir em frente, eu entendo.

– Marco, é isso. Tenho reações muito típicas em uma situação

atípica. Sinceramente, não sei o que quero. É mesmo possível para ele me

amar? Eu estaria disposta a amá-lo se pudesse ter apenas parte dele? Eu quero

muito ajudá-lo. Que ele se permita conhecer a verdadeira intimidade sem reviver

seu passado. Mas ninguém consegue mudar outra pessoa. Se Lydia que era uma

especialista não pôde fazer isso...

Ele estendeu a mão e acariciou minha bochecha.

– Não pôde ou não quiz? Posso não ter conhecido Lydia bem, mas era óbvio

que ela adorava X, da mesma forma que um colecionador gosta de seu artefato

premiado. Ela, como Roxanne, estava apaixonada pela ideia dele. Ela era mais

velha e emocionalmente desligada. Ela apoiou a carreira dele, mas eles levavam

vidas muito diferentes. Muitas vezes me perguntei se ela não perpetuou o

problema. Então eu observo vocês dois. Há algo entre vocês que não existia com

Lydia.

– Luxúria.

– Não. – Ele empurrou seus quadris para frente, esfregando seu pau duro

como rocha contra mim. – Não. Isso é luxúria. Tenho que admitir que X é um

diretor brilhante e você é uma protagonista muito talentosa. É maravilhoso, mas


não é o que você e X sentem. Quando o beijou hoje, foi amoroso e terno. Você é a

primeira mulher que realmente quer vê-lo como um homem e não como uma

celebridade. Essa é a única coisa que pode salvá-lo.

– Só espero que ele queira ser salvo.

– Todo homem faz, mas raramente vai admitir. – Ele me beijou na bochecha. –

Vamos levá-la para sua carruagem, Milady. Seu rei a espera.


Capítulo Nove
Revelação

O grande edifício de pedra lembrava uma sala de concertos ou

ópera. Membros da mídia seguravam câmeras e manifestantes seguravam

cartazes, escritos à mão em francês.

A quantidade de frenesi fora do corredor foi maior do que eu esperava.

– Qual é o tema do evento?

O médico olhou pela janela.

– É uma arrecadação de fundos para a pesquisa do câncer.

Ele mudou de posição e sua perna descansou contra a minha. A eletricidade

entre nós continuou a crescer. Eu estava lentamente sendo consumida por cada

toque seu. Não era bom. Esses sentimentos nunca poderiam levar a nada

produtivo. Tentei me concentrar em outra coisa.

– Por que eles estão com raiva?

Marco se inclinou para frente e olhou pela janela.

– Oh, eles são os ativistas dos direitos dos animais. Mesmo que a Western

tenha as práticas de laboratório mais éticas e humanas, muitos adorariam ver


humanos substituindo as cobaias. Posso admirar sua convicção. Mesmo que suas

táticas às vezes sejam cansativas.

O carro estacionou e Marco saiu, seguido pelo doutor. Quando ele emergiu,

as pessoas aplaudiram, gritaram e os flashes das câmeras cegantes encheram o

carro. Ele me ofereceu a mão, me firmando enquanto eu saía do carro para a

calçada. As câmeras continuaram a piscar, o médico entrelaçou seus dedos entre

os meus.

Inclinei-me para sussurrar para ele, mas ele levou nossas mãos unidas à boca

e deu um beijo suave nas costas da minha mão, o gesto era tão normal... familiar...

amoroso... e público, que silenciou qualquer pensamento que eu tivesse.

Um fotógrafo virou-se para a multidão barulhenta de manifestantes gritando

vários cânticos em francês além de uma barricada policial. Uma mulher enfática

se destacou. Seus traços abatidos e roupas esfarrapadas aumentaram sua

intensidade. De sua boca fluiu um inglês simples com sotaque americano.

– Assassino! Assassino! Assassino! – Raiva e ódio revestiram o rosto da

mulher que lutava contra o policial que a segurava.

Sussurrei.

– Do que se trata?

Ele apertou minha mão suavemente, mas não disse nada enquanto

caminhávamos pela entrada.


O grande saguão do corredor parecia nos engolir. As enormes colunas

ornamentadas e o piso de mármore falavam da história da França. Querubins de

folha de ouro seguravam faixas de gesso que emolduravam o teto. Tentei ao

máximo não parecer uma turista, mas o lugar era de tirar o fôlego. Uma banda

tocava em um canto do grande espaço. Garçons vestidos de smokings serviam

drinques em travessas douradas, fazendo seu caminho entre os convidados e o

grande bar de mogno, que ficava em frente às portas do auditório.

Outro beijo nas costas da minha mão.

– Bela. – Seus lábios permaneceram na minha pele.

Olhei ao redor da sala mais uma vez antes de enfrentar o doutor para

responder.

– Sim. É lindo.

Ele me puxou para mais perto, envolvendo seu braço em volta da minha

cintura.

– Eu não estava falando sobre o quarto. Eu estava falando sobre você.

Foi mais contato do que eu poderia ter com ele anteriormente. Borboletas

encheram meu estômago, não por causa de seu toque, mas sim pela maneira como

ele olhou para mim. Foi diferente. Havia fome, como sempre, mas algo além disso,

algo em que eu poderia facilmente me afogar.


O momento foi interrompido pela chegada de uma mulher mais alta e linda,

com feições angulosas ofuscadas apenas por seus seios amplos acentuados por um

decote extremo. O material preto abraçou cada curva de seu corpo. Mas eu podia

sentir a tensão dentro de mim aumentar quando ela agarrou a outra mão de Xavier

e ronronou.

– X, já faz muito tempo.

Ela se inclinou e o beijou em uma bochecha e depois na outra, me empurrando

para fora do caminho para fazê-lo. O médico me lançou um olhar de desculpas.

– Roxanne... Tão bom ver você.

Roxanne? Filha da puta. Esta era minha rival. A única mulher com quem ele

se atreveu a namorar desde Lydia.

Ela agarrou a mão dele, puxou-o para si e colocou o braço dele no dela. Ele

soltou minha mão. Outro olhar.

Ela se virou para mim e disse:

– Por favor, com licença, Xavier tem alguns negócios inacabados que precisa

resolver.

Ela o puxou para a multidão, deixando-me sozinha. Marco não estava em

lugar nenhum. Não sei o que esperava. Um conto de fadas, talvez. Esperança do

caralho.
O bar não ficava longe, então fui ziguezagueando meu caminho por entre a

horda de convidados. Peguei uma taça de champanhe e procurei por Marco na

multidão.

Mais alguns passos e parei. Perto da banda havia uma pista de dança. Vinte

ou mais casais balançavam ao som da música, muitos deles bastante

experientes. No centro, com os braços em volta da cintura dela e os dedos dela

enrolando seus cabelos, dançavam Xavier e Roxanne. Virilha com virilha, eles se

moviam com a música. Se fosse qualquer um que não fosse Xavier, eu teria

admirado a natureza sensual da dança, mas em vez disso, meu sangue ferveu.

Ele estava mentindo para mim? Isso tudo foi um jogo doentio? Ele sabia que

ela estaria aqui? Foda-se a esperança e foda-se o champanhe. Afastei-me da cena

e abri caminho para o banco do bar.

Eu agarrei a bainha do meu vestido, segurando-o no lugar enquanto deslizava

para o assento de couro alto. O barman se aproximou de mim, mas tudo o que ele

disse era em francês. Então eu levantei dois dedos na forma de um 'C' do tamanho

de um copo e imitei os movimentos de atirar para trás. Ele entendeu. Ele colocou

um copo na minha frente e apontou para a variedade de bebidas atrás dele. Eu não

me importei. Só precisava agir rápido, porque essa não era a noite que

imaginei. Eu apontei para um líquido cor de âmbar. Ele derramou para

mim. Conhaque. Teria que servir. Eu chutei para trás e permiti que a queimadura

se espalhasse por mim enquanto eu inalava profundamente. Ele ergueu a garrafa

e apontou para o copo. Eu concordei.


Ele encheu o copo e eu não perdi tempo. Quando o segundo tiro deixou

aquele calor delicioso na minha barriga, Marco se aproximou.

– O que você está fazendo? Uma mulher bonita nunca deve beber

sozinha. Além disso, isso nem é bom. – Ele se sentou ao meu lado.

– Então, onde você esteve?

Ele colocou seus lábios no meu ouvido.

– A melhor pergunta é... Por que não está com X?

Eu cortei minha cabeça em direção à pista de dança.

– Querido Deus, ela está aqui. Eu esperava estar errado, mas ... O que ela está

fazendo?

– Esfregando o doutor aparentemente.

Ele passou o braço em volta do meu ombro.

– Você não tem nada com que se preocupar com Roxanne.

Só então os dois completaram um movimento tão sugestivo, que parecia que

eles poderiam fazer sexo a qualquer minuto.

Eu lancei a Marco um olhar incrédulo.

Ele se virou, ergueu a mão e palavras em francês fluíram de seus lábios. Logo

meu copo estava cheio e ele ergueu o seu.


– De baixo para cima.

Nós os abatemos simultaneamente. Nós até limpamos nossas bocas em nosso

antebraço ao mesmo tempo e inspiramos profundamente em perfeita

sincronização.

– Apenas relaxe. – Ele deu um tapinha no meu joelho.

– Por que estou aqui? Você poderia estar me apresentando aos bares de Paris.

Ele riu.

– Você está exatamente onde precisa estar.

– Acho isso difícil de acreditar.

Xavier mergulhou Roxanne. Algo apertou em meu peito. Era difícil

determinar se era todo o álcool ou esperança se partindo de dentro para fora.

– Ele não a ama. Ela é um golpe publicitário. Você é aquela que ele convidou.

– Excelente. Posso adicionar proeza de publicidade, junto com prostituta e

Rainha Celta ao meu currículo.

– Pare com isso. Você não é Roxanne. Ele não a trouxe aqui para satisfazer a

mídia.

O médico esfregou o nariz no pescoço de Roxanne.

– Eu não posso mais assistir isso.


– Sabe que ele está apaixonado por você, certo?

Eu dei um tapa no braço dele.

– Não diga isso. Não é engraçado. É apenas sexo.

– Ele seria um tolo se não fosse. – Ele tirou uma mecha do meu cabelo do meu

ombro e seu dedo deixou um rastro de calor. Marco era um homem tão bonito e

um amante excelente. Minha mente queria se afogar no álcool e meu corpo queria

se afogar em Marco. Foi uma combinação perigosa.

– Você quer partir?

Ele agarrou meu braço.

– Não, Elaine. Estou falando sério. Você era tudo de que ele falava desde a

primeira vez que a viu, há dois anos. Ele procurou você. Ele é diferente com

você. Diferente do que ele era com Lydia. A maneira como ele te olha.

– Mas isso não importa.

– Sim, porque você o ama.

– Não importará no domingo. – Suspirei.

Dedos longos, ásperos e masculinos deslizaram entre os meus. Não era

Marco, pois suas mãos eram visíveis no bar. Outra mão serpenteou em volta da

minha cintura e um hálito quente atingiu meu pescoço.

– Eu sinto muito. Eu tinha algumas pontas soltas para amarrar.


O sorriso malicioso de Marco foi difícil de perder.

– Então é assim que eles chamam hoje em dia.

O médico se apertou contra minhas costas. E ele sussurrou.

– Veja, ela nem mesmo me deixa duro. – Ele pressionou sua pélvis contra

minhas costas. – Mas você... Venha dançar comigo.

– Isso não é muito toque?

– Há gente suficiente aqui para manter tudo sob controle.

Ele me girou no banco do bar e agarrou minha mão, levando-nos para a

pista. Minha relutância retardou nossa jornada.

Um senhor de cabelos brancos e paletó branco nos parou.

– Dr. Vincent.

– Dr. Monte, que bom ver você. – Os dois homens trocaram um forte aperto

de mãos.

Os cachos do homem mais velho balançaram quando ele baixou a cabeça. Sua

mão apertou a minha e ele deu um beijo suave, mas molhado, nas costas dela. Eu

queria limpar minha mão no vestido, mas ele não me largou. Ele olhou para mim,

mas suas palavras eram destinadas a Xavier.

– Diga, querido amigo, a sala está alvoroçada, perguntando quem pode ser

essa beldade.
Meu coração disparou esperando sua resposta. Ele diria colega? Amiga?

Ele envolveu seu braço com mais força em volta da minha cintura.

– Esta é a minha Elaine.

O olhar do velho ficou enervante. Ele beijou minha mão novamente. Tentei

não mostrar meu choque com as palavras de Xavier.

– Xavier, você é um homem de sorte. – Ele soltou minha mão.

– Mais do que imagina. – Ambos sorriram. – Dr. Monte, se você nos dá licença,

quero ter pelo menos uma dança antes de discursar.

Ele deu uma leve reverência.

– Doutor. Elaine. – Dr. Monte se virou e Xavier me puxou para a pista.

Uma vez que nossos pés estavam plantados na pista de dança, ele passou os

braços em volta de mim e me puxou para perto. Ele era tão quente, tão alto, tão...

duro. Sua ereção roçou meu estômago. Eu olhei para cima e encontrei seu olhar.

Seus olhos estavam escuros. Não é o seu azul normal.

– Eu te disse, ela não significa nada.

– Se você diz. Provavelmente é muito tarde para te dizer isso, mas eu não sei

dançar.

Seu braço pressionou minhas costas e ele ergueu nossas mãos apertadas.
Quadris balançavam com a música, causando uma fricção deliciosa.

– Você não precisa saber como. Basta seguir minha liderança. É como fazer

amor. Feche os olhos e deixe seu corpo sentir o meu.

A temperatura subiu seiscentos graus com sua comparação. Deus, ele se

sentia tão bem. As palavras continuavam ecoando na minha cabeça, "Minha

Elaine". Eu precisava parar. Nada de bom poderia resultar de minhas noções

convencionais, mas ele se sentia tão certo. O cheiro de sândalo e almíscar encheu

minhas narinas quando coloquei minha cabeça contra seu peito duro.

A mão nas minhas costas esfregou e acalmou. Ele suspirou.

– O que está errado?

– Nada está errado. Tudo é perfeito. E, ao contrário de Roxanne. – Ele

balançou os quadris e esfregou seu pau duro como pedra contra minha barriga. –

Você tem esse efeito em mim, sempre. – Sua mão caiu para o meu quadril e

descansou na curva da minha bunda. – Deus, eu desejo...

– Você deseja o quê?

– Não sabe o quanto eu quero fazer amor com você. Ver você acordar com

uma das minhas camisas. Rolar e chupar seus mamilos, enquanto me enterro

dentro de você. Você me faz querer coisas que simplesmente não são

possíveis. Coisas que não tenho que querer.

Eu não conseguia respirar. Minha boca ficou grossa de nervosismo.


– Por que está fazendo isso? – Nossos corpos se esfregaram, meus mamilos

duros sob o tecido. Eu o queria tanto quanto ele me queria. Provavelmente mais.

Ele baixou a cabeça e sussurrou contra meus lábios.

– Porque preciso que você saiba como me sinto.

– Porque agora?

– Porque é seguro. Você está segura. Sabe há quanto tempo eu queria te

beijar? E não me refiro a um beijo como o de antes. – Ele estremeceu. – Apenas

beijar você.

– Não. – Mas eu gostaria que ele fizesse.

– No momento em que te vi pela primeira vez, eu te quis, mas não estava

pronto. Lydia acabara de falecer. Eu precisava acreditar que nunca amaria

novamente... – Ele quebrou o olhar e pigarreou.

O que ele acabou de dizer? Ele disse o que eu acho que disse?

– Por que você esperou tanto para entrar em contato comigo?

Ele falou, mas não me olhou nos olhos.

– Porque eu te queria muito. Eu não posso fazer nada convencional. Nunca

tive uma vida normal e você merece uma. Mas essa queimação por dentro não

desistia. Marco nos trouxe uma garrafa de conhaque uma noite e sugeriu que eu

trouxesse você a Paris por uma semana para tirá-la do meu sistema.
– Você acha que está funcionando?

Ele examinou a multidão.

– Sim e não. Estou encantado, mas é uma agonia saber que esse tempo deve

expirar. É justo. Estou quebrado, Elaine. Você merece um homem inteiro. – Ele

olhou nos meus olhos e percebi que paramos de dançar. – Falando em coisas

injustas... Eu quero tanto te beijar, mas você terá que responder a perguntas

quando chegar em casa. Uma dança você pode explicar, mas se eu te beijar...

Antes que eu pudesse dizer a ele que danem-se consequências, um homem

em um terno deu um tapinha em seu ombro e sussurrou em seu ouvido.

Ele soltou nossas mãos, mas deixou o braço em volta da minha cintura.

– Vamos, amor. Tenho que me preparar para o discurso. Você pode esperar

por mim nos bastidores, se quiser.

Não foi realmente uma escolha, já que ele pegou minha mão e me conduziu

no meio da multidão.

Seguimos vários homens de terno por um longo corredor e por um conjunto

de grandes portas duplas. Cordas penduradas nas vigas e tinta preta cobrindo as

paredes.

Um homem alto, de trinta e poucos anos, aproximou-se do médico e

endireitou-lhe a gravata-borboleta.
– Dr. Vincent. Eles estão aguardando ansiosamente seus anúncios. E os

manifestantes estão todos protegidos do lado de fora. Não queremos uma

repetição da última vez. – Ele prendeu um microfone na lapela do médico.

Xavier endireitou as mangas e ajustou os botões de punho. O homem

entregou-lhe um pequeno objeto cilíndrico com um botão no topo.

– Basta pressionar o botão quando estiver pronto para falar. Harry ali... – Ele

apontou para um homem corpulento sentado em uma caixa de vidro. –

Monitorará o som e garantirá que seu vídeo seja exibido corretamente.

– Obrigado, Nathan. Completo como sempre.

O frio do ar condicionado, o álcool e meu corpo voltando para a terra me

fizeram estremecer. Eu cruzei meus braços e saí do caminho. Ao fundo, a conversa

do público zumbia no ar.

Xavier se virou e deu um passo em minha direção.

– Uma última coisa. – Ele se curvou e colocou seus lábios nos meus, segurando

meus braços.

O choque me fez tropeçar e ele me firmou e aprofundou o beijo.

Nossos lábios se separaram e naquele pequeno instante eu não estava mais

com frio. Seu sorriso só aumentou o calor que me envolveu.

– Me deseje sorte?
Eu sorri de volta.

– Boa sorte, doutor.

– Você tem que parar de me chamar assim.

– Por que?

– Isso coloca distância entre nós.

– Não mais do que a distância entre Paris e Nova York.

– Touché.

Nathan se colocou entre nós.

– Doutor, você começa em três.

– Chegando.

Ele se virou e caminhou para o palco. A multidão aplaudiu. Não com o

entusiasmo de um concerto de rock, mas sim com a apreciação que se pode sentir

na matinê de La Boehme.

Ele começou.

– Meus estimados colegas, obrigado por terem vindo esta noite...

Um toque em meu ombro desviou minha atenção do homem carismático que

estava fadado a ser minha morte.


– Emilia Watkins?

Eu me virei para ver Nathan.

– Sim.

– Lamento incomodá-la, mas há uma mulher no corredor pedindo para vê-la.

– Uma mulher?

– Sim... ela está ahhh... está em uma cadeira de rodas.

Isso não fazia sentido. A única pessoa que eu conhecia em Paris em uma

cadeira de rodas era Miriam e ela supostamente estava doente.

Eu andei pelo corredor na direção que Nathan apontou. Quando virei a

esquina, Miriam estava sentada em sua cadeira, vestida com o mais lindo vestido

de contas. Seu cabelo estava envolto em tranças finas. Ela era realmente linda. Eu

não pude deixar de sorrir.

– Miriam, você está deslumbrante. – Eu levantei meu olhar para o homem

empurrando sua cadeira de rodas, o Sebastian inegavelmente bonito. Corei

pensando nas coisas que fizemos antes.

Suas mãos trêmulas alcançaram as minhas.

– Sebastian me contou tudo. Obrigada. Não precisa ser tímida.

Com minhas mãos presas entre as mãos frias de Miriam, eu disse:


– Não sabia que estaria aqui. Eu sinto muito, eu teria procurado por

você. Sebastian disse que você estava se sentindo mal. Eu espero que esteja se

sentindo melhor.

– Eu estou. Está tudo bem. Sebastian falou com Marco e quando ele disse que

você iria participar da arrecadação de fundos com Xavier, pedi a Sebastian para

me trazer. Acho que ele precisava ver se estou realmente bem com esse arranjo.

– Ela acariciou sua mão e olhou para trás e para o marido. – Não estou apenas bem

com isso, estou te encorajando. Eu te amo e só quero que você seja feliz.

Ele deu um tapinha no ombro dela.

– Eu sei. É só... – Ele sorriu, mas não escondeu a dor e constrangimento do

momento.

Miriam voltou sua atenção para mim.

– Querida Elaine, tente fazer com que ele considere se juntar a você

novamente com os outros homens. Eu já posso ver uma diferença nele. Não é bom

para um homem passar tanto tempo sem intimidade. – Ela sorriu e acrescentou. –

Além disso, surpreendentemente, gostei de ouvir o que aconteceu.

Eu respirei fundo. As coisas poderiam ficar mais bizarras? Lutei para

encontrar uma resposta apropriada. Eu me conformei com:

– Tenho certeza de que tudo vai funcionar como deve ser.


– Sem palavras mais verdadeiras, minha querida. Eu vi você e Xavier na pista

de dança. Falando em mudanças... Aquele homem te ama.

Eu tossi.

– Não, você está enganada. Eu volto para casa em alguns dias. E então, no que

nos diz respeito, nada disso aconteceu.

Ela riu.

– Estou surpresa que você possa dizer isso com uma cara séria. Nada será

como antes. Você não. Ele não. Nós não.

– Sinto muito, mas esse é o desejo de Xavier...

– Eu preciso que você me faça uma promessa. – Ela soltou minha mão e

alcançou entre sua perna e o braço da cadeira de rodas.

Fazer promessas a estranhos nunca parecia sábio, mas que escolha eu tinha?

– Sim. Vou fazer o meu melhor.

– Leve Sebastian para casa com você esta noite. Certifique-se de que ele fique

exausto para que durma até tarde. – Ela piscou e deu um sorriso malicioso.

Eu olhei para Sebastian, que olhava para o chão. A casualidade com que ela

falou sobre Sebastian e eu fazendo sexo tornou a conversa estranha ainda mais

estranha. Era fácil ver que ele não compartilhava do entusiasmo dela em discutir
o assunto. Sexo com Sebastian teria sido mais fácil se Miriam e eu nunca

tivéssemos nos conhecido.

– Em segundo lugar, Xavier não pode saber nada sobre isso. – Ela me entregou

um pequeno envelope. – Elaine, você já amou tanto alguém que, por mais que ele

estivesse errado, sua lealdade a deixou cega?

Eu tive. Meu pai. Eu o defendi muito depois que a investigação apontou para

sua culpa. A negação, disse o terapeuta, era comum entre filhos de assassinos em

série.

– Sim. Eu conheço a sensação muito bem.

– Você já chegou a um acordo com isso? Uma coisa é aceitar as ações de outra

pessoa, mas perceber que mentiu para si mesma...

Anos depois de sua prisão, as peças do quebra-cabeça começaram a se

encaixar. As madrugadas. Seu fetiche por ferramentas de jardim impecavelmente

limpas. A estranha pilha de correspondência que encontrei escondida em seu

quarto. Fiquei quieta, nunca expressando minhas suspeitas em voz alta. A noção

de que os sinais estavam lá o tempo todo, mas ocultos até a hora do julgamento,

me deixou doente. Doze sentenças de prisão perpétua. Com um novo a ser

adicionado anualmente, a cada nova vítima que ele revelava.

– Sim, eu também fiz isso.

– Aqui. – Ela me entregou o papel. – Eu amava Lydia como uma irmã. Mais

que uma irmã. Prometi a ela que seus segredos iriam para o túmulo, mas eu o vi
com você esta noite e... ele é um bom homem. A lealdade às vezes pode fazer de

todos nós idiotas. – Ela suspirou. – Bem... faça com isto o que quiser. Lamento

colocar um fardo tão pesado sobre você, mas não posso arriscar que ele morra

comigo.

Sebastian agarrou seu ombro. Ela estendeu a mão e agarrou sua mão larga e

masculina com a sua trêmula.

Eu olhei para Sebastian, implorando com meus olhos por esclarecimentos.

Ele encolheu os ombros.

– Eu gostaria de poder ajudar, mas ela nem mesmo me disse do que se trata.

Miriam colocou a mão de volta no controle da cadeira de rodas.

– Eu espero que você o ame tanto quanto eu acho que ama. – Sebastian saiu

de seu caminho e ela colocou a cadeira ao contrário.

– Quem? Xavier?

– Querida, isso se chama negação. Você ficará com raiva por não perceber por

si mesma, mas, um dia, em breve, será a mulher de que ele sempre precisou. Por

favor, não se faça de boba.

– Não é tão simples assim.

Ela virou a cadeira para ficar de frente para mim. Sebastian me lançou um

sorriso simpático e se virou para segui-la. Suas palavras ecoaram no mármore.


– Nunca é quando há amor. Sebastian irá alcançá-la depois que ele buscar o

motorista para me levar para casa. Não se esqueça do que eu disse.

Fiquei segurando o pequeno envelope, ainda tentando processar o que tinha

acontecido, enquanto o zumbido de sua cadeira de rodas diminuía.

Paciência nunca foi minha virtude, mas não era a hora certa para olhar.

****

Aplausos ecoaram pelas portas do auditório do corredor atrás de mim. A nota

poderia esperar. Eu não conseguia reprimir a ansiedade que sentia por ver o

doutor. A virada dos acontecimentos atrás do palco fez minha cabeça zumbir. Para

onde isso iria? Poderia ser mais? Ele tinha que ser apenas uma memória depois

desta semana? Pensamentos perigosos, perigosos. Eu me dirigi para as portas.

Antes que eu as alcançasse, Xavier emergiu, seu sorriso mais brilhante do que

eu já tinha visto. Ele agarrou minha mão e disse:

– Venha comigo.

Seu comportamento era tão diferente do normal. Talvez a multidão o tenha

energizado. Ele quase pulou, me arrastando pelo longo corredor para longe da

multidão. Ele virou a esquina e pressionou minhas costas contra a parede. Ele

envolveu meu corpo com o dele.


– Deus... Você tem alguma ideia do que faz comigo?

Ele não me deixou responder. Ele esmagou sua boca na minha. Tão

quente. Tão vivo. Seus lábios brincaram com os meus enquanto seu corpo

esfregava contra mim. Seus quadris giraram, empurrando seu pau inchado contra

meu estômago. Seus lábios percorreram meu queixo e desceram, até se

estabelecerem na base da minha garganta, chupando e beijando.

– Eu não deveria deixar isso acontecer. Se você não fosse embora logo, isso

seria perigoso, mas enquanto estivermos cercados por pessoas, estamos seguros.

Incêndio. Eu estava pegando fogo. Eu estava muito distraída com seu calor e

tenacidade para perguntar o que ele queria dizer.

– Em outra vida, Elaine, você seria minha. Eu nunca te deixaria ir. É

assustador pensar no que você me faz sentir e só se passaram alguns dias. – Seus

dentes roçaram meu pescoço e sua mão agarrou meu peito e apertou. Suas ações

ficaram mais frenéticas a cada momento. Eu não tinha certeza de que não

acabaríamos fodendo no corredor.

– Por que outra vida?

Sua respiração ficou difícil e o tempero de sua colônia me intoxicou. Ele

deslizou sua língua pela minha garganta e mordiscou minha orelha antes de dizer:

– Porque eu não posso te dar o que precisa. Estou quebrado. Eu deveria ter te

deixado sozinha, mas não posso.


– Você não está quebrado, doutor. Você é um enigma. Deixe-me colocá-lo de

volta no lugar. – Era hora de empurrar. Desamarrar outra de suas cordas. Abaixei-

me e o segurei através de suas calças.

Seu corpo enrijeceu. Ele fez uma pausa, em seguida, fixou seu olhar em mim.

– Você não sabe o que está perguntando. Além disso, receio que algumas das

minhas peças estejam faltando.

– Sou uma ótima artista. Eu posso desenhar novas para você. – Eu apertei seu

pau.

– Assassino! – Uma voz gritou atrás de mim.

Eu o soltei. Ele se virou, protegendo meu corpo com o dele. Inclinei-me para

o lado para olhar. Uma mulher, que parecia estar na casa dos trinta e tantos anos,

agarrou uma faca e se aproximou de nós pela saída.

Xavier recuou, me prendendo contra a parede.

– Annie, seja razoável. A segurança estará aqui em breve. Abaixe a faca. Como

você está?

– Cale a boca! – Ela apontou a faca em nossa direção. – Você tem que pagar

pelo que fez. – Ela mudou o peso de um pé para o outro e seu cabelo castanho caiu

em seu rosto.

– Eu tenho. Só não de uma forma convencional.


– Besteira! – Ela soprou o cabelo dos olhos com uma baforada de ar.

– Annie, eu paguei generosamente a sua família. Você gastou em drogas. Isso

não é minha culpa. – Ele agarrou minha mão.

– Você a matou. Você deveria estar na prisão.

– Talvez sim. Mas essa não foi minha escolha.

Lágrimas correram por seu rosto.

– Eu gostaria que você pudesse encontrar paz.

– Foda-se! – Ela tossiu com falta de ar. A respiração ofegante parecia dolorosa.

– Você está doente, Annie. Deixe-me pedir ao meu motorista para levá-la ao

hospital.

– Eu não quero a porra da sua caridade. – Ela fungou e olhou para mim. – Ele

vai matar você também. Assim como minha irmã.

Ele apertou minha mão.

– Abaixe a faca! – Gritou um segurança. Vários homens corpulentos correram

da direção do palco e a cercaram.

Seus ombros caíram para frente e ela deixou cair a faca.

Ela ergueu os olhos por entre as longas mechas de seu cabelo pegajoso.

– Você me arruinou. Eu te odeio pra caralho.


– Annie, fique limpa. Nos últimos vinte anos, passamos por isso. Eu continuo

pagando. Eu não posso trazê-la de volta. Mas você pode se salvar. Eu não posso

fazer isso por você.

Dois oficiais de segurança a agarraram pelos braços e a prenderam contra a

parede. Ela não resistiu, mas continuou a cuspir palavras odiosas para o médico.

Dois oficiais que pareciam estar com a polícia de Paris nos abordaram. Xavier

se virou e passou os braços em volta de mim.

– Eu sinto muito. Eu nunca esperei que isso acontecesse.

Um dos oficiais falou com Xavier em francês, mas ele não me liberou.

– O que eles disseram?

– Eles perguntaram se eu queria prestar queixa.

Eu esfreguei suas costas, tentando acalmá-lo.

– E?

Ele suspirou.

– Não. Eu nunca faço.

O som de sapatos batendo no mármore encheu o corredor enquanto

escoltavam Annie para longe.

Xavier me soltou e respirou fundo.


– Vou ligar para Pierre e pedir para ele te levar para casa.

– Se é o que você quer. – Não era o que eu queria.

– Não é, mas é justo.

Eu ri, mas o som tinha um tom sarcástico.

– Veja, eu acho que seria justo me explicar o que acabou de acontecer, mas

para você me mandar embora é o justo. Me desligando toda vez que as coisas ficam

desconfortáveis, como você saiu antes mesmo de eu me vestir esta tarde. Ou

melhor ainda ... me fazendo acreditar que você se importa quando tudo é apenas

um jogo. Se isso for justo, e eu estupidamente me permiti esquecer as regras, então

vai ter que me desculpar.

Eu me virei e me afastei dele.

– Pare! Você não vê que estou tentando protegê-la?

Eu parei e o encarei.

– De que? De Você? Não é tão assustador, não sou tão estúpida e nunca serei

uma donzela em perigo. Alguém uma vez me protegeu da verdade e você vê como

isso funcionou. Odeio corrigi-lo, doutor, mas a esperança não é um presente, é

uma tortura. E já que não pode me salvar disso, não tenho escolha a não ser me

salvar. Se não pode compartilhar a verdade comigo, então isso tem sido tudo um

jogo e eu desisto. Boa noite, doutor.


Estava cansada dele correndo. A única maneira de pará-lo era forçar o

assunto, esperando que ele o seguisse para recuperar o controle. A ironia da

situação não passou despercebida. Meu estômago embrulhou. E se ele não

fizesse? E se esta foi a última vez que o vi? Eu me virei e continuei minha saída.

– Onde você está indo? – Ele gritou, a raiva acentuando cada palavra até que

ecoou pelo corredor.

Eu não respondi. Se ele não ia falar, eu poderia muito bem ver Paris. Já era

hora de alguém parar de seguir sua direção. Aumentei meu ritmo.

O bando de clientes inundou o saguão e eu ziguezagueei entre eles. Resisti ao

desejo de olhar para trás para ver se ele estava vindo.

Empurrei as pesadas portas de ferro e fui saudada pelo ar fresco da noite. Para

onde devo ir, o Louvre? Melhor ainda, a Ópera de Paris. Sempre quis ver isso.

Pierre me notou e saiu pela porta do motorista. Que sorte ele ainda estar no

local. Ele resmungou algo em francês e eu esperava que a orientação do médico

para me levar aonde eu quisesse ainda existisse. Tive sorte que ele me entendeu

quando eu disse “ópera”. Ele abriu a porta do carro para mim e eu entrei. Ele

fechou a porta e enterrei meu rosto em minhas mãos, esperando em algum lugar

no fundo que todas as declarações de Xavier fossem verdadeiras e que isso não

fosse o fim.

A porta de Pierre se fechou e o motor ligou. Quando o carro arrancou, meu

coração caiu. No final da entrada semicircular do corredor, o carro parou. A porta


se abriu, permitindo uma inundação de ar frio, pouco antes de Xavier saltar pela

porta.

Ele a fechou atrás de si. Sem nunca olhar para mim, ele olhou para frente e

ajustou as mangas de sua jaqueta. Sua mandíbula estava cerrada com força.

Ele se inclinou para trás e passou os dedos pelos cabelos exuberantes. Com

palavras afiadas e nítidas, ele perguntou:

– Para onde estamos indo?

Coloquei minhas mãos em meu colo.

– Estou indo para a Ópera de Paris. Pode estar fechado, mas pelo menos posso

ver de fora.

Ele rosnou.

– É por isso que sua visita é de apenas uma semana. Eu não queria ter que

explicar isso. – Ele parecia ter envelhecido dez anos nos últimos trinta minutos.

– Você não precisa. Não é da minha conta. – O movimento do carro me

empurrou de um lado para o outro. Eu cruzei meus braços.

Ele esfregou as mãos nas coxas.

– Não. Não é isso não. Eu só queria que isso fosse perfeito. Uma semana no

tempo em que os demônios se comportariam. – Ele parou e se virou para mim com
um olhar penetrante. – É errado querer que você me veja como o homem que eu

quero ser, não o que eu sou? Eu não quero ver seu rosto quando souber a verdade.

– Não, não é errado. Mas eu percebi no corredor, não tenho interesse em um

conto de fadas. Eu tinha um desses e quando você fecha o livro, ele desaparece. Eu

quero que confie em mim o suficiente para me deixar saber quem você é. Mas nada

disso importa, tudo termina em breve.

– E se eu não quiser que leve isso com você? – Não havia humor em seu tom.

– Seu plano era me trazer aqui e fazer eu me apaixonar por um

personagem? Alguma fantasia que você sonhou? Isso parece cruel. Além disso,

muitas pessoas já fizeram isso. Não acha que é hora de encontrar alguém para se

apaixonar por você? O você falho, real e imperfeito?

Ele ergueu uma sobrancelha.

Foi a minha vez de suspirar.

– Sim, Xavier Vincent, eu sei que você é humano. Você finge que está no

controle, mas não está. Seu passado está mexendo nas suas cordas. Se eu fosse me

apaixonar, seria por você e por todos os laços que o prendem. Então, qual é a sua

história? Até que ponto eu preciso ser compreensiva?

– Ninguém é assim tão compreensivo.

– Lydia teve que ser.


Seus olhos se estreitaram com um brilho. Eu acertei um nervo. Isso foi bom. Se

ele sentisse necessidade de se justificar, iria direto ao ponto mais rápido.

– Quero dizer, ela tinha que te amar incondicionalmente, certo? Ela conhecia

todos os seus segredos.

Sua cabeça caiu para frente e depois de um longo momento, um em que pensei

que talvez tivesse ido longe demais, ele começou a sussurrar.

– Eu tinha quinze anos. E como com tudo, eu não fiz nada pela metade,

mesmo então. – Ele fez uma pausa e soltou seu cabelo, lançando-me o olhar mais

intenso. O momento de silêncio pairou no ar pesado com a tensão. – Quando eu

amo, Elaine, é com minha alma. Amo tão profundamente que fico consumido. Eu

sou assim com a maioria das coisas.

Eu estava tão dedicada a ouvir sua história, que não percebi que o carro parou.

Ele olhou para cima, enfiou a mão no bolso e tirou o telefone.

– Um momento... – Um golpe na tela, e algumas sequências numéricas depois,

ele estava conversando em francês. Tinha algo a ver com a ópera.

A porta se abriu, ele saiu e pegou minha mão.

– Vamos.

Olhei pela janela para a estrutura ornamentada.

– Parece fechado.
– Está, mas eu sou um grande patrocinador. Eles vão nos deixar entrar. – Ele

se inclinou, agarrou meu braço e puxou, até que eu me desdobrei e dei a ele minha

mão.

Uma vez fora do carro, ele entrelaçou seus dedos com os meus e me levou em

direção ao belo edifício. Era tão grande e opulento que era impossível encontrar

palavras para descrever. Anjos esculpidos de ouro, sustentados por grandes

pilares de pedra, vigiavam os clientes do telhado. A rua estava silenciosa, exceto

por um casal rindo perto de um poste.

Subindo um pequeno lance de escadas, sob um arco de pedra e através de um

portão de ferro, havia grandes portas douradas. Ao nos aproximarmos, uma delas

se abriu, revelando lentamente um homem de cabelos escuros e pele clara,

vestindo um macacão azul. Xavier falou com o homem em francês e nós entramos

pela porta.

Tudo o que pude fazer foi olhar. Para onde quer que eu olhasse, havia algo

para chamar a atenção. O eco dos passos do homem morreu em algum lugar nos

altos tetos de folha de ouro.

– Vamos. Vou te mostrar onde costumo sentar.

Fiquei grata por ele não querer continuar nossa conversa enquanto

passávamos pelo corredor de lustres ou quando escalávamos a grande

escadaria. Era muito fácil se distrair com o que acontecia ao nosso redor. Mas

mesmo com toda a beleza abundante, eu continuei voltando para a sensação de

sua mão quente segurando a minha.


Mais escadas e, finalmente, um pequeno corredor cheio de portas estreitas e

marrons, cada uma com uma pequena janela redonda e letras douradas.

– É isso. – Ele abriu a porta e revelou uma pequena sala com uma abertura

para o teatro. Cadeiras de veludo vermelho foram espalhadas ao acaso por todo o

espaço.

O médico moveu um sofá para a frente da caixa, logo atrás do intrincado

corrimão de folha de ouro. Seu movimento ecoou pelo espaço vazio cavernoso. As

pesadas cortinas vermelhas com enfeites dourados obscurecendo o palco não

foram suficientes para absorver o som.

Ele se sentou e deu um tapinha no espaço ao lado dele.

– Junte-se a mim.

Fiz o que ele pediu e continuei a olhar para o outro lado da sala enorme,

considerando o tempo e o esforço que deve ter custado para construir o edifício.

Ele agarrou minha mão e apertou.

– O nome dela era Samantha. Nós dois tínhamos quinze anos. Como eu disse

no carro, quando amo vou fundo. – Ele focou sua atenção em mim.

Eu sorri, tentando imaginar um Xavier Vincent de quinze anos.

– O amor adolescente pode ser intenso.


– Não. Você não entende. Ainda acontece. – Ele não parou tempo suficiente

para eu comentar e mesmo estando sozinhos, ele sussurrou para reduzir o eco. –

De qualquer forma, eu estava apaixonado, mas estava sendo perseguido por

universidades para admissão antecipada. Minhas notas nos testes estavam fora

das tabelas. Meus pais eram pobres e sem educação, então não entendiam a

importância do que estava acontecendo. Eles só queriam ter certeza de que

receberiam o cheque e não deviam nada. Um orientador da escola foi meu

advogado e fui matriculado em Harvard antes de meu aniversário de dezesseis

anos.

– Uau, então você e Marco têm muito em comum.

Ele riu.

– Acho que é o único ponto, mas sim, eu entendo as lutas da admissão

antecipada. Ele é muito mais punk do que eu.

Foi bom ver seu sorriso, mesmo que durasse apenas alguns segundos.

– Eu estava com medo de deixar Samantha. Achei que se fizéssemos sexo e eu

fosse o único a tirar sua virgindade, ela teria um motivo mais forte para esperar

por mim. A lógica masculina de quinze anos no seu melhor.

Foi a minha vez de rir.

– Pelas minhas experiências, acho que a maioria dos homens não progride

além disso.
– Sim. Acho que está certa. Só que quando ficam mais velhos, eles arrastam

você para Paris.

Olhamos um para o outro por um momento. Olhares travados. Por que eu

quero que ele diga isso? Para me dizer que ele me amava, quando no final nada

mais era do que outra coisa que me assombraria quando eu estivesse longe da

França.

Ele cruzou as mãos no colo e voltou seu olhar para as caixas elaboradas do

outro lado do teatro.

– Tínhamos tudo planejado. Seus pais estariam fora no fim de semana antes

de eu partir. Até o momento do seu ciclo foi perfeito, eu não queria engravidá-la.

– Ele pigarreou. – Sendo adolescentes, as coisas estavam estranhas. Lembro-me de

me atrapalhar com suas roupas e penetrá-la pela primeira vez, a careta em seu

rosto que rapidamente se transformou em um sorriso está gravada em minha

mente, mas não me lembro de nada depois disso.

– O que aconteceu?

– Lydia diagnosticou como amnésia global transitória causada pelo

orgasmo. Basicamente, perco a memória antes e depois. Supostamente, também

fico confuso. Mas, como eu disse, não me lembro de nada.

– Espera. Lydia diagnosticou você? Mas eu vi seu orgasmo e você estava

perfeitamente no controle.
– Espere, estou chegando lá. – Ele suspirou e deu um tapinha na minha perna

com nossas mãos entrelaçadas. – A próxima lembrança que tenho é de estar nu em

cima de Samantha, minhas mãos em volta de sua garganta, sufocando seu corpo

já sem vida.

Eu suspirei.

– Eu tentei reanimá-la, mas ela estava morta. Liguei para o 911 e quando as

autoridades chegaram, fui preso. Ainda não consigo acreditar que fiz isso. Eu a

amei, Elaine. Eu nunca quis machucá-la. Não sabia que era capaz de machucar

alguém assim, especialmente ela. – A sinceridade em sua voz quebrou meu

coração. – Não lutei contra as acusações e meus pais fizeram uma campanha para

que eu fosse condenado. Veja, meu pai abusava sexualmente de mim e estava com

medo de que eu o denunciasse, então, me desacreditar o protegeu.

– Oh meu Deus. Eu sinto muito.

Sua risada sarcástica encheu o salão.

– Eu acabei de dizer que matei uma mulher enquanto a fodia e você sente

pena de mim. Não. A razão pela qual Annie continua me torturando é porque ela

está certa. Eu escapei fácil. E se você quiser saber como era a aparência de

Samantha, imagine Annie vinte anos atrás, antes das drogas e da vida difícil. Elas

eram gêmeas idênticas.

– Deve ser terrível continuar vendo o rosto dela.

Ele se virou para mim, a raiva marcando sua testa.


– Porque está fazendo isso? Não deve sentir simpatia por mim. Não cumpri

um dia de prisão. Os mesmos poderes que pavimentaram o caminho para minha

educação encobriram tudo. Meus pais desistiram da custódia. Fui adotado pelos

Lenoir, uma família rica com ligações com a universidade. A família de Samantha

foi paga e ninguém mais falou nisso. Exceto Annie. Por mais culpado que eu seja

pela morte de Samantha, também sou culpado por Annie ser um dano colateral. –

Ele soltou minha mão e cerrou os punhos. – A segurança me garantiu que eles

estariam procurando por ela.

– Então esse é o verdadeiro motivo pelo qual você não vai fazer sexo com

ninguém?

– Sim. Não vou arriscar mais ninguém. Deve haver algum tipo de monstro em

mim para que isso aconteça, então tenho que mantê-lo sob controle o tempo

todo. Por isso não participo e sempre tenho pelo menos mais uma pessoa

presente. Então, se você quiser ir embora, não vou impedi-la.

Mas ele não era um monstro. Eu sabia como era um monstro. O olhar

desanimado de meu pai quando foi preso era inconfundivelmente maligno. Ele

usava seu papel de pai como uma máscara, mas quando saiu, não havia como

negar o que ele era. Meu pai sempre foi perfeito porque era um personagem. Tão

estereotipado porque era isso que ele precisava ser. Xavier estava muito cru e sem

ensaio para esconder um demônio. Independentemente do que aconteceu naquela

noite ou se ele fez isso em tempo real ou não, ele pagou por seu crime.

– Xavier, olhe para mim.


Ele o fez, mas havia relutância em seus movimentos.

Procurei em seus olhos por qualquer coisa que sugerisse engano, mas me

deparei com tristeza, culpa, arrependimento e medo nos olhos avermelhados que

se recusavam a chorar, mas o queriam desesperadamente. Não havia nenhum

indício do que eu tinha visto nos olhos do meu pai, nem a perfeição, nem o caos.

– Eu não vou embora. Eu vi monstros. Você não é um deles.

– Você não pode discutir com a verdade.

Coloquei minha mão em sua coxa.

– Tem razão. Você tem uma condição que causou uma tragédia. Poderia

facilmente ter sido um narcoléptico e adormecido ao volante de um carro. Você

não tinha intenção de matá-la. Monstro é alguém que procura uma vítima, escolhe

sua presa e esconde os corpos, enquanto janta com sua família todas as noites e

assiste a jogos infantis de futebol. Assim, quando as manchetes chegarem ao

jornal, eles podem chamá-lo de homem de família perfeito.

– Seu pai?

– Sim, Daniel Simon Watkins, também conhecido como o Assassino do

Porão. Todas as suas vítimas foram encontradas amarradas e torturadas em seus

próprios porões. E só para adicionar um pouco de interesse ao jogo, ele cortou

várias partes delas e as escondeu em locais aleatórios apenas para tornar a

investigação mais divertida. Ele não parou de matar. Ele estaria organizando
viagens de caça até hoje se pudesse. Sim, aquele bastardo doente escondeu tudo

de nós. Isso é um monstro. Você não.

– Sinto muito, Elaine.

Eu joguei de volta suas palavras.

– Oh, não sinta pena de mim. Se eu tivesse prestado um pouco mais de

atenção, se tivesse questionado algumas coincidências estranhas, a caixa de

ferramentas em seu carro que não fazia sentido, aquelas mulheres estariam

vivas. Eu poderia tê-lo impedido. Mas eu estava tão concentrada no que queria

acreditar que não vi a verdade. Eu me sinto responsável por todas elas.

Ele agarrou minha mão e apertou.

– Eu decidi naquele dia, o dia em que ele admitiu tudo para salvar sua vida,

parar e abrir meus olhos. Para ver o que acontecia ao meu redor. Foi minha irmã

quem me salvou. Minha mãe morreu em um acidente de carro quando eu tinha

oito anos. Meu pai representou o perfeito viúvo de luto. Minha irmã é tudo para

mim e se você tivesse ido para a prisão, se sua vida tivesse tomado qualquer outro

curso, ela estaria morta. Então me perdoe, não quero ser insensível, mas acho que

você mais do que compensou seus pecados. Você pode ter tirado uma vida, mas

salvou muitas outras. E o mais importante, quando eu olho em seus olhos, não

vejo nada além de compaixão.

– Elaine... – Ele disse meu nome como se fosse um pedido de desculpas. –

Agora vê por que eu queria deixar você ir para casa?


– Eu vejo por que você fez essa escolha ridícula, mas ainda não concordo com

isso.

Ele se virou de lado, me encarando de frente.

– Você não pode estar falando sério.

Eu devolvi seu olhar.

– Por que?

– Eu acabei de dizer que matei alguém.

– E eu acabei de lhe dizer que minha negligência levou à morte de inúmeras

mulheres que foram estupradas, torturadas, cortadas em pedaços e deixadas para

morrer em seus próprios porões. Todos nós temos nossos demônios. É tudo uma

questão de você se elevar ou não acima deles. Além disso, todos nós vamos

embora, certo? Segredos intactos. – Eu pisquei e me ocorreu. – Espere. Eu sinto

muito. Talvez você não me queira depois de saber a verdade.

– Nada poderia estar mais longe da verdade.

Inclinei-me apenas perto o suficiente para poder sentir sua respiração, mas

não perto o suficiente para tocar seus lábios nos meus.

– Xavier?

Ele lançou sua resposta em um sussurro ofegante.

– Sim.
– Quero deixar algo bem claro.

– Sim.

Eu inalei e segurei minha respiração, um pouco mais do que o confortável.

– Quero você.

Meus lábios colidiram com os dele. Sua mão agarrou minha nuca, segurando-

me contra ele.

– Porra. Você sabe o quanto eu queria te ouvir dizer isso?

Eu queria esquecer. Eu precisava que ele esquecesse. O tempo estava se

esgotando.

Eu deslizei minhas mãos sobre sua coxa e através de seu zíper, e nossas

línguas dançaram. Esfreguei seu comprimento e ele endureceu em minha mão. Eu

o apertei e acariciei com carícias lentas e sedutoras.

Ele respirou fundo, trêmulo.

– Se fôssemos apenas nós dois... esta noite... e nós ... fossemos desinibidos. O

que você faria para mim? – Perguntei.

Ele moveu sua mão para descansar em meu peito e seus lábios salpicaram

beijos ao longo do meu pescoço.

– Eu sonho o mesmo sonho com você todas as noites. Desde aquela

conferência em que você entregou àquele idiota uma forte dose de realidade na
frente de todos. – Ele mordeu meu pescoço com os dentes. – A primeira coisa que

eu faria seria enterrar minha cabeça entre suas pernas e lamber até que você

gritasse meu nome. – Ele me pressionou mais perto dele. – Toda vez que você está

excitada... é como se meu corpo soubesse e eu mal pudesse me concentrar. Você

não é boa para minha concentração, Sra. Watkins.

– Você está dizendo que estou atrapalhando o progresso da medicina, doutor?

– Eu deveria estar focado em moléculas e células, em vez disso, só consigo

pensar no quanto quero fazer amor com você. Eu quero tanto fazer você gozar.

– Bem, tenha certeza de que não tenho intenção de impedir o progresso

médico.

Eu me levantei, subi meu vestido e deslizei minha calcinha pelas minhas

pernas.

– O que está fazendo? – Ele esfregou as mãos nas calças.

– Considere isso minha contribuição para a ciência. – Entreguei a ele a roupa

de baixo.

Ele a enrolou e a colocou no bolso, assim como fez no restaurante no início da

semana.

– Elaine, eu não posso...


Eu estendi minha mão encorajando-o a se levantar. Assim que ele fez, eu o

virei, colocando suas costas no corrimão, estendendo a mão e pressionando seus

ombros.

– O que…?

– De joelhos, doutor. – Ele entendeu a dica e caiu de joelhos.

– E se eu te machucar? Eu não poderia viver comigo mesmo.

Tirei o longo colar de pérolas do pescoço.

– Eu não acho que seja possível, mas para o descanso de sua mente... – Eu me

inclinei para frente e agarrei um braço e o coloquei atrás de suas costas e depois o

outro. Usei o colar de pérolas para amarrar suas mãos. – Pronto. Agora você não

pode colocar suas mãos perto da minha garganta. Mas para o que queria, você não

vai precisar delas. – Sentei-me no centro do sofá e julguei sua reação por um

momento. O choque envolveu suas feições. Então, inclinei-me para trás e amarrei

meu vestido em volta da minha cintura. Com um sorriso no rosto, abri minhas

pernas.

Ele gemeu.

– Oh Deus…

– Aproxime-se.

Ele aproximou-se de joelhos em minha direção.


Eu agarrei sua cabeça com ambas as mãos e o beijei com força.

Ele soltou minha boca com uma respiração pesada.

– Mas eu nunca...

– Você é um médico. Eu tenho fé que você conhece a anatomia. – Abri mais

minhas pernas e pressionei sua cabeça, guiando-o para onde eu precisava dele.

– Elaine... não posso acreditar...

Sua sombra de barba de cinco horas deixou uma deliciosa queimadura em

minhas coxas. Com o primeiro golpe de sua língua, estremeci. Esse foi todo o

incentivo que ele precisava.

– Você está tão molhada. – Ele lambeu e lambeu seu caminho para frente e

para trás em minha carne molhada, seu nariz cutucando meu clitóris com cada

movimento para cima. A cada estocada, agarrei as costas do assento e pressionei

minha pélvis com mais força contra ele.

– Oh Deus... Xavier...

Ele fez uma pausa longa o suficiente para dizer:

– Adoro ouvir você dizer meu nome. – Quando sua boca entrou em contato

desta vez, ele chupou e soltou do fundo da minha fenda até que seus lábios se

fecharam sobre o meu clitóris.

– Porra... tão bom.


Ele gemeu contra minha pele, causando uma vibração suave e tentadora. Eu

gritei e isso o estimulou. Seu queixo descansou contra minha abertura e aplicou

pressão cada vez que me movia contra seu rosto.

– Xavier, você vai me fazer gozar.

Ele enterrou seu rosto com mais força contra mim e focou o movimento rápido

de sua língua na ponta do meu clitóris.

A visão de Xavier Vincent de joelhos, as mãos presas em pérolas, com a cabeça

enterrada entre as minhas pernas com a Ópera de Paris como pano de fundo

sempre me assombraria, mas neste momento foi a mais doce vitória.

Ele olhou para mim, seu rosto brilhando, e disse:

– Venha para mim. – Então imediatamente voltou à sua tarefa.

Eu me contorci no assento, quanto mais eu me movia, mais forte ele se

pressionava contra mim. Eu nunca teria acreditado que ele fosse um novato.

Com o plano da língua, ele balançou o rosto para cima e para baixo, tocando-

me em todos os lugares.

Soltei o assento, agarrei seus cabelos e envolvi minhas pernas em torno

dele. Eu vim desfeita.

– Xavier... tão bom... não pare. – A pressa encheu minha cabeça e meu corpo

ficou tenso. Ele recuou bem a tempo de capturar o jorro de desejo em sua língua e

o devorou como um homem faminto.


Várias outras passagens e ele se sentou, seus olhos negros de desejo. Ele

deslizou entre minhas pernas mais perto de mim. Sua boca capturou a minha e me

afogou com o gosto de mel e almíscar. Enquanto nossas bocas dançavam, peguei

sua braguilha e me aproximei da beirada do sofá. Eu deslizei para baixo e alcancei

dentro.

Ele respirou contra minha boca.

– Oh Elaine...

Sua altura colocava seu pau em alinhamento perfeito com minha boceta, mas

eu não iria empurrá-lo tão longe. Tirei-o da calça e agarrei-o com as duas mãos.

Ele salpicou meu rosto com beijos enquanto eu acariciava seu eixo. A cada

movimento, ele gemia. Eu alisei o pré-sêmen com meu polegar e trabalhei para

definir um ritmo.

– Elaine... Oh Deus... eu...

Com ambas as mãos eu o embalei, acariciando-o com minhas palmas. Ele se

inclinou para frente e, ao fazer isso, permitiu que a cabeça de seu pau roçasse

minha boceta cada vez que ele empurrava para frente em minhas mãos.

– Porra... – Ele mordeu o lábio e se inclinou ainda mais, fazendo com que a

ponta entrasse em mim a cada movimento para frente.

Sua boca capturou a minha e seu beijo foi brutal enquanto seus quadris

bombeavam forte e rápido em meus punhos.


Ele gritou.

– Oh, Elaine. Estou chegando. Eu vou gozar na sua boceta.

As palavras ainda estavam penduradas nas vigas depois que ele jogou a

cabeça para trás, bombeou seu pau em movimentos sincopados em meus punhos

e borrifou sua liberação no meu sexo, misturando-o com os restos do minha

própria.

Com o golpe final, ele parou. Seu peito arfava com respirações profundas. Eu

o soltei e sentei.

Ele olhou para mim, travando olhares.

– Como vou deixar você ir?

Eu não respondi, mas o observei olhando para baixo para ver seu trabalho

prático.

– Desata-me.

Inclinei-me para frente e removi o fio de pérola que poderia facilmente ter se

quebrado com um pouco de esforço.

Ele esticou os dedos e, em seguida, pressionou meu peito, pedindo-me que

recostasse. Suas mãos abriram minhas coxas e ele olhou. Com lentidão deliberada,

ele estendeu a mão e me tocou, deslizando os dedos para frente e para trás através

dos rios brancos leitosos. Ele puxou meus quadris para frente para que eu pudesse

ver o que ele estava fazendo do meu ângulo.


– Elaine, sabe o quão perigosamente perto estou de me apaixonar por você? –

Ele juntou o líquido pegajoso em seus dedos e sem aviso, empurrou-os dentro de

mim. – Sabe o quanto eu quero gozar dentro de você?

Eu já estava com calor, mas suas palavras, seus dedos... droga.

Seus dedos trabalharam para cima e para baixo, provocando meu clitóris e,

em seguida, batendo em mim.

– Não é perfeito, mas... – Dois dedos deslizaram para dentro e para fora de

mim. Vê-los desaparecer dentro de mim foi a visão mais erótica. – Estou dentro de

você, Elaine. – Ele se inclinou para frente e passou o braço em volta de mim,

mantendo o ritmo com os dedos.

– Xavier…

– Sim. Devo te foder mais forte? – Ele respirou em meu ouvido.

– Simmm. – Eu assobiei com minha cabeça jogada para trás e os olhos

fechados.

Sua mão acelerou e algumas estocadas mais foram suficientes. Eu tremi em

seus braços e meu corpo agarrou seus dedos. Ele balançou a mão mais algumas

vezes para dentro e para fora até que meu corpo se acalmou.

– Minha rainha?

As palavras eram quase impossíveis de pronunciar através da minha garganta

seca de desejo.
– Sim, meu rei.

Com os dedos ainda dentro de mim, ele sussurrou:

– Você me ama?

Não era justo ele perguntar, mas eu não mentiria para ele.

– Deus me ajude. Eu amo.

Ele tirou a mão, passou os braços em volta de mim e me segurou em silêncio

por algum tempo.


Capítulo Dez
Primeiros

Tudo fazia ainda menos sentido agora. Ele era teimoso, mas não

impossível. No caminho para casa, ele me segurou contra ele no banco de trás da

limusine, mas estava estranhamente quieto e tudo que eu conseguia focar era que

meu tempo estava acabando. Ele não retornou minha declaração, então eu estava

sozinha nisso.

– Eu tenho uma pergunta. Como conheceu Lydia? Eu sei que você disse que

ela era professora.

– Eu fiz uma aula sobre disfunções sexuais, esperando que isso me desse

alguns insights sobre por que eu não me lembrava de nada. Um dia ela mencionou

as férias em New Harbor, Maine. Era minha cidade natal antes de me mudar para

Boston com meus pais adotivos, então puxei conversa com ela depois da aula.

– Então, você foi aluno dela e ela tratou sua condição?

– Sim, mas não havia muito que pudesse ser feito. Quando nosso

relacionamento se tornou físico, ela sugeriu nosso acordo. Encontrei satisfação

nisso, então fizemos funcionar. Uma coisa levou à outra e nos casamos dois dias

depois de me formar na escola de medicina. Mas estávamos envolvidos desde que

eu fiz dezoito anos.


– Então você começou a observá-la quando ainda estava na universidade?

– Por alguma razão, eu não desmaio na masturbação, então funcionou para

nós. – Ele se mexeu na cadeira.

Minha mente girou. Eu ainda não conseguia entender como essa mulher

muito mais velha, uma especialista na área, poderia supostamente tratar sua

condição sem ajudá-lo mais.

– Então, obviamente, ela não fez sexo com Marco. Ele provavelmente estava

no acampamento da banda da terceira série. Então ela escolheu novos parceiros

ou ficou com os mesmos?

– Um, era sempre o mesmo, Charles, o pai de Miriam.

Tentei manter o choque longe do meu rosto. Marco disse que ele era “sombrio

pra caralho”.

– Os pais deles eram amigos da família e ele era professor da mesma

universidade. Ele foi sua inspiração para estudar psicologia. Ele e sua esposa eram

divorciados e depois de discutir meu caso, ele concordou em ajudar.

– Bem, isso é muito gentil da parte dele. – O sarcasmo atou cada palavra. –

Então ele sempre foi um dos participantes?

– Sim, mas tudo pouco importa agora, os dois estão mortos. – Era impossível

perder o olhar derrotado que obscurecia suas feições.


Com um tapinha suave em sua perna para expressar minha simpatia,

acrescentei:

– Lamento que ela não tenha sido capaz de ajudá-lo.

Ele me lançou um olhar furioso. Sua testa franzida.

– O que você quer dizer? Ela me deu uma chance de algo.

Eu precisava andar com cuidado. Deixar de ver sua nobreza era o meu

problema e, obviamente, uma opinião que eu sustentava sozinha. Mas eu poderia

fazê-lo ver? Sua lealdade o tornava tão cego que ele não via o significado do que

acabara de fazer?

– E não foi por falta de tentativa. Charles era um especialista em memória. Ele

trabalhou com veteranos de guerra de PTSD tentando manipular memórias para

aliviar seus sintomas. Ele tentou me ajudar também. Não funcionou.

– Eu sinto muito. Você sabe o que…? Chega dessa conversa pesada. Diga-me

o que planejou para esta noite e eu frustrei.

Ele riu.

– Embora, não tenha gostado muito de seus métodos, gostei do resultado

final. Devo dizer que estou um pouco desapontado porque meus planos não

deram certo. Foi algo que acho que você realmente teria gostado. – Ele me abraçou

com mais força.

Eu sorri.
– Pelo menos agora posso dizer que vi ao menos dois marcos históricos depois

de uma semana em Paris. Mas o que você planejou?

Ele travou olhares comigo.

– Eu queria assistir Marco e Sebastian fodendo você ao mesmo tempo.

Foi a oportunidade perfeita para desamarrar a corda final.

– Chame-os.

– O que?

– Eu só tenho mais uma noite para te arruinar para todas as outras mulheres.

– Eu sorri. – A menos que você não queira?

Ele olhou para mim e recuperou seu telefone. Ele deslizou a tela e tocou em

algo. Eu ouvi um toque silencioso. Foi a voz de um homem que respondeu, mas

era muito fraca para saber quem era. Xavier falou em francês com uma voz

misteriosa. Nunca tirando os olhos de mim. Ele apertou o botão.

– Eles vão nos encontrar em casa.

****

Pierre parou na frente da casa e o médico abriu a porta.


– Vamos. – O doutor entrelaçou seus dedos nos meus e me puxou para fora

do carro. Seu ritmo acelerado me deixou instável. Ele estava tão animado, como

uma criança no Natal. Ele se atrapalhou com a porta da frente.

– Então você teve que falar com eles em francês para que eu não pudesse

entendê-lo?

– Sim. – A expressão presunçosa mostrou através de suas tentativas de

escondê-la.

As portas se abriram. Ele me puxou para dentro e, em seguida, fechou a porta.

Com o clique da trava, fui presa contra a parede. Sua boca exigindo entrada

na minha novamente. Paixão.

Ele parou por um momento.

– Se você quer saber, liguei para ter certeza de que eles estavam aqui. – Outro

beijo. Quente. Rude. A sensação de sua barba rala deixou uma queimadura

deliciosa. – Eu quero tanto te foder. Você nem conseguiria entender. Sofro por

você. O gosto de você no teatro só me fez te querer mais.

Comecei a falar, mas ele colocou um dedo sobre minha boca.

– O que planejei para você é muito melhor. – Ele pressionou seu pau inchado

contra mim.

– Onde estamos indo?


– Lá em cima. Há um observatório de vidro com vista para os jardins. Você

pode ver Paris à distância e é uma noite sem nuvens. As estrelas são brilhantes.

Querido Deus... Eu poderia sobreviver a isso?

– Eu tenho uma condição. – Eu puxei sua jaqueta.

– Você não pode fazer exigências. Lembre-se, eu sou seu rei. – Ele me beijou

atrás da orelha.

– Eu sempre poderia me retirar para meus aposentos.

Ele engasgou.

– Você não faria isso.

– Eu vou, se você não atender à minha demanda.

– Exigências. Isso deve ser sério. O que o seu coração deseja? – Ele estendeu a

mão e brincou com uma mecha do meu cabelo.

– Eu quero que você continue me beijando durante tudo o que está para

acontecer. Por favor.

– Deus, Elaine. Eu amo...

Ele foi interrompido pelo berro de Marco.

– Ei, X, estamos aqui.

Filho da puta! O que ele estava prestes a dizer?


Ele deu um passo para trás, olhou para mim e gritou.

– Estamos indo.

Subimos a escada principal e descemos o corredor principal em tempo

recorde.

No final havia uma escada em espiral que levava a um belo observatório com

painéis de vidro. As luzes de Paris cintilavam à distância e as estrelas piscavam de

volta, mas quando entrei na sala me dei conta de que era a presa. Meus

predadores, três homens lindos em smokings.

Marco e Sebastian ficaram de costas para mim, as mãos cruzadas na frente

deles. A cada passo lento, Xavier seguindo atrás, meu coração disparou e rezei

para não começar a suar.

Marco se virou. Ele estendeu a mão direita. Fui até ele e coloquei minha mão

esquerda na dele. Sebastian se virou e agarrou a outra, sorrindo um sorriso

brilhante. Cada um deles levou minhas mãos à boca e deu um beijo suave nas

costas.

Xavier colocou a mão no meu quadril.

– Deixe que eles te amem por mim. Deixe-os mostrar todos os prazeres que

eu não posso. – Ele deu um beijo na minha nuca, então se içou até a borda de uma

mesa de ferro forjado preto formada de hera e flores.


Sebastian alcançou atrás de mim e abriu o zíper do meu vestido. O desceu

sobre meus ombros e o deixou cair no chão. Marco destravou meu sutiã e ele

escorregou com facilidade.

Sebastian segurou meus seios enquanto Marco baixava minha calcinha pelas

minhas pernas.

Xavier disse de seu assento:

– Ela não tem os seios mais bonitos?

Sebastian pegou um e sacudiu o polegar sobre o mamilo.

– Sim.

Marco alisou suas mãos sobre meus quadris.

– Elaine, você é excelente.

Virei-me para enfrentar Xavier, desalojando as mãos errantes dos homens do

meu corpo por um momento. Eu agarrei cada uma de suas mãos e caminhei até o

doutor e me coloquei entre suas pernas.

– Se você ama meus seios, então me mostre. – Ele olhou para mim, mas não

se moveu. – Toque-me, Xavier.

Meus mamilos estavam duros e meu corpo queimava com energia

sexual. Soltei as mãos dos homens e segurei o rosto de Xavier.


– Não sei onde fica a linha, mas você me tocou no teatro. Faça amor comigo,

Xavier. Dê-me tudo de você.

Sua mão agarrou meu seio. Seus olhos ficaram escuros.

– Marco... ela está molhada?

Marco deslizou seus dedos entre minhas coxas e através do meu calor.

– Ela está pingando.

O doutor traçou círculos lentos ao redor do meu mamilo, provocando e

beliscando. Eu quase entrei em combustão.

– Sebastian, fique de joelhos e provoque-a com sua língua. – Ele ergueu a

mão. – Mas não dê a ela o que ela quer até que eu diga a você. Marco, prepare-a.

Sebastian não perdeu tempo. Ele caiu no chão, colocou as mãos na parte

interna das minhas coxas e separou minhas pernas. Com o primeiro toque de sua

língua, estremeci.

O dedo longo de Marco deslizou para dentro de mim, e a sensação de todos

os três homens me tocando fez minhas pernas ficarem fracas.

Xavier levantou meu seio e fechou os lábios em volta do meu mamilo e

chupou.

Deus. Tão bom. Tão bom pra caralho.


Marco inseriu um segundo dedo e aumentou o ritmo. Os sons molhados

vindos da língua de Sebastian e dos dedos de Marco ecoaram no vidro.

Eu gemi.

O doutor sugou com mais força, enquanto batia no outro mamilo com o

polegar.

Coloquei minha mão em sua coxa.

Ele chupou forte.

Avancei minha mão em direção ao seu pau, ele não vacilou.

Marco retirou os dedos e, para minha surpresa, espalhou a umidade em meu

buraco enrugado. Eu fiquei tensa.

O médico soltou meu mamilo.

– O que há de errado, Elaine? – Seus olhos se arregalaram de preocupação.

– Ahh... Eu nunca fiz... – Marco esfregou um círculo ao redor da pele esticada.

– Marco será gentil. Eu disse a você que não há maior prazer do que ser

tomada por dois homens. O corpo feminino foi projetado para ser

compartilhado. Os homens são impacientes.

– Uma condição. – Inclinei-me para frente para poder sussurrar em seu

ouvido.
– O que é isso? – Sua voz estava rouca e áspera.

– Tem que ser você.

Ele olhou para mim.

Eu avancei minha mão ainda mais para cima em sua coxa.

– Você sabe que eu não posso.

Seu pau estava duro sob o tecido e eu coloquei minha mão sobre ele e o

esfreguei e apertei.

Ele gemeu.

– Parece que você pode. E se saiu muito bem durante o teste. – Eu pisquei.

– Não é falta de habilidade...

– E se eu disser que confio em você? Não há risco com Marco e Sebastian

aqui. Se aceitar que eu confio em você, então acredite que eu sei o que estou

pedindo. – Inclinei-me para selar minha proposta com um beijo.

– Deus... esse não era o plano.

– Não fazia parte do seu plano... – Eu o esfreguei com força através das

calças. – Eu pareço ser boa em arruinar seus planos.

– Porra.
Marco enfiou o polegar na minha umidade e o retirou. Seus dedos deslizaram

de volta ao lugar e seu polegar empurrou contra minha entrada musculosa. Um

empurrão e ele superou a resistência.

Eu suspirei.

– Marco, estique-a. Eu não quero que ela sinta nenhuma dor.

Eu olhei para baixo por um momento, localizando seu zíper. Um segundo

depois, eu puxei para baixo.

– Diga-me o que não fazer.

– Você não deveria estar fazendo nada disso. – Suas feições continham

convicção, mas ele não se moveu para me impedir.

– E eu não deveria permitir que estranhos me fodessem em um telhado de

Paris. Esta semana é sobre quebrar regras. – Enfiei a mão em suas calças, separei a

abertura em sua boxer e agarrei seu pau.

Ele gemeu.

– Elaine.

– Sim, está certo. Sou eu. E Xavier... – Tive o cuidado de usar seu nome. Eu

precisava de uma conexão. – Se eu vou perder minha virgindade de alguma forma,

eu quero que isso signifique algo. Tem que ser você. Sem ofensa, Marco e

Sebastian. – Olhei de volta para Marco, que estava balançando os dedos para
dentro e para fora da minha bunda e boceta, puxando para baixo e esticando o

buraco. Surpreendente. Eu nunca imaginei que seria tão bom.

– Ofensa nenhuma. Estou perfeitamente feliz sendo seu brinquedo de merda.

– Marco riu.

Sebastian acrescentou.

– Eu não acho que entende o quão sortudo você é, X. A maioria dos homens

tem que implorar pelo que ela está te oferecendo.

– Então, o que vai ser? – Eu o acariciei, deslizando o pré-sêmen por seu

comprimento. – Você vai me foder ou não?

– X, ela é exatamente o que você precisava. Ouça-a. – Marco entrou na

conversa por trás.

Eu agarrei seu rosto e olhei em seus olhos.

– Isso é sobre nós. Sobre eu me entregar a você. Vai me rejeitar?

Ele não disse nada, mas estendeu a mão para o cinto. Seus dedos agarraram a

fivela e desfizeram o fecho.

Seu olhar vítreo e escuro me prendeu.

– Marco, deite no chão. – Ele fugiu para a beira da mesa. – Você... Leve o pênis

de Sebastian em sua boca. Se sua boca estiver cheia, você não pode fazer mais

nenhuma exigência.
Ele sempre foi um escravo da paixão de todos os outros. Eu o empurrei, agora

era hora de lhe dar o controle.

– Sim, meu rei.

Ele estendeu a mão e agarrou minha cabeça, enrolando seu punho no meu

cabelo e esmagou sua boca contra a minha. Quente. Brutal.

Ele se afastou. Deu um beijo suave em meus lábios.

– Pegue... – Outro. – Isso. – Ele soltou meu cabelo e me empurrou em direção

a Sebastian, que já estava se acariciando da base à ponta. Sua ereção era alta e

grossa.

Engoli a cabeça e lentamente lambi a parte inferior de seu pau com a ponta da

minha língua. Ele ainda usava seu smoking. Eu agarrei seu pau com uma mão,

então eu teria melhor controle quando ele gozasse. Ele fechou os olhos e

gemeu. Deslizei minha boca ainda mais para baixo em seu comprimento,

centímetro a centímetro, saboreando a sensação de seu eixo liso. Ele era um

homem grande e com cada golpe da minha boca meu queixo doía um pouco

mais. O pau de Marco me cumprimentou e eu soltei o de Sebastian com um estalo

e abri minha boca e engolfei sua cabeça, acariciando para cima e para baixo antes

de alternar entre os dois homens. Cada vez que envolvia um deles, seu peito

retumbava.

Marco colocou as mãos na minha cabeça, pedindo um ritmo mais rápido.

– Oh, droga... tão bom.


Xavier se aproximou.

– Elaine, você é linda pra caralho. – Ele caminhou ao nosso redor, observando

meu desempenho de trezentos e sessenta graus. Ele era um predador. Ele era o

alfa, uma posição negada a ele pelas circunstâncias e pela compaixão. Mas eu

asseguraria que o rei reivindicasse seu trono.

Ele parou.

– Marco, tire a roupa.

Marco se retirou da minha boca e eu voltei meu foco para Sebastian. Com o

canto do olho, observei enquanto o doutor e Marco se despiam. Não era hora de

declarar vitória, mas...

Sebastian balançou os quadris e eu fiquei parada e permiti que ele

estabelecesse o ritmo enquanto fodia minha boca. Havia poder no ato. Confiança

e controle.

Marco e Xavier ficaram nus. Ambos difíceis. Ambos lindos.

Eu chupei mais forte, incitando Sebastian enquanto ele batia em minha boca.

O médico empurrou meu ombro e fez com que Sebastian se soltasse.

– Marco, nas suas costas.

Ele obedeceu e deitou as costas no chão de ladrilhos.


– Elaine... – O doutor me virou na direção dele e me beijou. Seu pau nu tocou

minha barriga. – Leve essa buceta linda lá e foda-o. – Ele me beijou novamente. –

Acabe com Sebastian, mas não engula.

– Sim, meu rei. – Ele agrediu minha boca com a sua. Depois de alguns

momentos, ele me soltou.

Eu montei em Marco.

– Você é lindo, Marco. – Eu disse enquanto agarrava seu pau e o colocava na

minha entrada.

– Eu sei. Você acha que viu a perfeição quando vê meu rosto, até ver meu

pau... – Ele ergueu os quadris, deslizando a cabeça dentro de mim.

– E tão modesto.

– Eu apenas digo para eles como os vejo. – Ele sorriu. – Quero dizer, afinal, eu

teria que ser muito quente para ter uma beleza como você me montando. – Ele se

inclinou e me beijou. – X, você é um bastardo sortudo. Se vocês dois se casarem, é

melhor eu ser convidado para a noite de núpcias, e farei jus ao meu título de

padrinho.

Sebastian cutucou meus lábios com seu pau e eu o chupei.

– Foda-se, Marco, eu o conheço há mais tempo. Se alguém está recebendo um

convite, sou eu. – Ele jogou as costas e estabeleceu um ritmo frenético. – Deus...

Elaine... Isso é tão bom.


– Gente, se Elaine concordar em ser minha noiva, é ela que manda, não vocês

dois.

Casamentos? Noivas? Que porra é essa?

Marco atrapalhou minha linha de pensamento, empurrando em mim com

força, fazendo-me cair para frente, liberando Sebastian. Eu me segurei com minhas

palmas antes de esmagá-lo.

Marco passou os braços em volta de mim. Me segurando contra ele. Ele puxou

e disse:

– X, ela está molhada pra caralho. Mas você pode querer pegar minha jaqueta

e verificar o bolso, estive pensando o dia todo na bunda virgem de Elaine e achei

melhor estar preparado.

O médico se inclinou, agarrou a jaqueta de Marco e tirou um frasco de

lubrificante do bolso.

Olhando para a frente, vi o reflexo de Xavier no vidro, sua mão alcançou entre

minhas pernas e elas quase cederam. Algo me tocou. Ele parou por um momento,

e então deslizou seus dedos para frente e para trás entre minhas dobras. Marco se

retirou e colocou os braços em volta de mim, incitando-me a deitar em seu peito e

me expor ao doutor.

Xavier mergulhou um dedo em mim e eu quase gozei. Ele passou os dedos

pelo meu sexo pegajoso e molhado. Ele pegou a mistura e me cobriu, lubrificando
minha entrada traseira com minha própria umidade e pingou um líquido frio no

lugar que eu mais precisava. Ele colocou a garrafa de volta na mesa.

– X, certifique-se de foder sua boceta primeiro, isso tornará as coisas mais

fáceis para ela. – Sebastian avançou e colocou seu pau em meus lábios

novamente. – Eu quero estar em sua boca enquanto vejo Xavier foder sua bunda.

O doutor fez uma pausa.

– Tem certeza que quer isso, Elaine?

– Sim, meu rei.

– Não podemos voltar. – Seus dedos traçaram para frente e para trás entre

minhas duas aberturas.

– Eu sei.

Com um movimento de sua mão, ele reuniu mais da minha umidade e me

cobriu com ela. Um momento depois, a cabeça de seu pau provocou minha

entrada.

Ele estendeu a mão e enfiou o punho no meu cabelo.

– Eu quero ouvir você dizer isso. Diga que você quer que eu te foda.

– Foda-me, Xavier. Faça. – Ele deslizou em minha boceta e parou.

– Porra... você se sente bem. – O doutor puxou e empurrou de volta. – Você

está tão molhada.


Sebastian acariciou seu pau e cutucou meus lábios com a cabeça.

– Espere até que você esteja na bunda dela, X. Ainda mais quente, mais

apertado.

Mais alguns golpes e o doutor se retirou de mim. Ele pressionou meus

quadris, incitando-me no pau de Marco. Marco engasgou.

As mãos do doutor agarraram minhas bochechas, ajudando a me deslizar

para cima e para baixo em Marco. Ele colocou a mão nas minhas costas

empurrando meu peito contra Marco para expor mais da minha bunda.

Quando a cabeça de seu pênis tocou minha entrada traseira, quase me

desfiz. Eu nunca imaginei que ele desistiria. Eu nunca imaginei que ficaria

animada para sexo assim.

Ele agarrou meus quadris. Deslizando para cima e para baixo no pau de

Marco, eu estabeleci um ritmo, enquanto engolfava Sebastian com minha boca. No

reflexo, o doutor se acariciava com uma das mãos e mantinha a outra firme no meu

quadril.

O pensamento de tê-lo me levando assim me enviou ao limite. Forcei meus

músculos tensos para baixo ao longo do comprimento de Marco e liberei o pau de

Sebastian com um estalo. Eu gritei, mordendo meu lábio enquanto cavalgava forte

em Marco. Tentando levá-lo o mais fundo possível, esfregando meu clitóris contra

sua pélvis.

Marco gritou.
– Filho da puta. Tão quente.

Eu joguei minha cabeça para trás, ofegando por ar enquanto meus

pensamentos ressurgiam.

Marco passou o polegar pelo meu seio sensível.

Eu estremeci.

– Oh, X, você está prestes a receber um presente. Ela fica muito apertada

depois de gozar. Deus... – Ele gemeu. – Ela é tão boa pra caralho. – Ele continuou

a empurrar para cima em mim. – Incline-se para frente. Deixe que ele pegue sua

bunda.

Marco ainda estava duro e enterrado profundamente dentro de mim. Eu me

inclinei, descansando em seu peito. Ele esfregou minhas costas. – Relaxe. Quando

ele entrar em você, expire. Só vai doer por um momento. E então você ficará

surpresa.

Xavier colocou seu pau entre minhas bochechas.

– Diga-me a quem você pertence, minha rainha.

– Meu rei, eu sou sua. – Prendi a respiração, atendendo ao conselho de Marco.

– Prepare-se para ser minha. Elaine... – Houve pressão quando ele passou pela

entrada. Ele era um homem grande, então foi devagar. Ele acalmou meus

quadris. Eu respirei fundo. Mais pressão. Uma leve picada. Um estouro. Com
apenas a cabeça dentro, ele fez uma pausa. – Oh Deus... Elaine. Você é tão quente,

tão apertada pra caralho. Você está bem?

– Mais do que bem. – Eu ofeguei.

Ele empurrou centímetro a centímetro até estar enterrado até o fim.

– Porra.

Cheia, tão cheia. A sensação dos dois homens dentro de mim me deixou tonta.

Marco me beijou suavemente nos lábios e disse:

– X, você está no banco do motorista.

Sebastian ordenou:

– Querida, abra sua boca e me deixe entrar. – Ele se ajoelhou ao meu lado e

deslizou seu pau entre meus lábios.

– Eu tenho que me mover. – Xavier puxou quase para fora e, em seguida,

empurrou de volta, forçando Marco a deslizar para frente e para trás dentro de

mim ao mesmo tempo.

O doutor agarrou meus quadris para alavancar enquanto se movia com

estocadas rápidas dentro de mim.

Marco mordeu o lábio.

– Inferno, X, eu posso sentir seu pau.


Dentro e fora.

Duro.

Rápido.

Sebastian agarrou minha cabeça e acelerou em um ritmo frenético.

– Isso é tão gostoso. Cada buraco foi preenchido. Eu não posso... Foda-se.

– Ele saiu da minha boca e atirou sêmen nas minhas costas. As piscinas quentes e

úmidas deslizaram para o chão enquanto o ataque dos outros homens continuava.

Xavier e Marco foram estimulados pelo ato. Eu assisti o médico fazer uma

careta e suspirar no reflexo toda vez que ele se enterrou em mim.

Sebastian bombeou seu pênis, pingando a última gota de semente no chão de

ladrilhos.

Marco gritou.

– Brinque com os mamilos dela, Sebastian. Eu tenho que senti-la gozar

conosco dentro dela. Tem que vir. Venha para nós, Elaine.

Sebastian se inclinou e rolou meu mamilo entre o indicador e o polegar.

Marco empurrou em mim, determinação enlaçando suas feições.

O doutor gritou.
– Elaine. Você é tão apertada. Tão quente. Estou tão dentro de você. – Ele se

acalmou. – Porra, Marco.

Eu estava tão cheia. Era diferente de tudo que eu já havia sentido.

Eu balancei para trás contra o doutor. Ele definiu o ritmo, deslizando para

dentro e para fora da minha bunda. Cada vez mais rápido. Sebastian chupou um

mamilo em sua boca.

Foi a minha vez de gritar.

– Xavier!

Mais rápido.

Mais difícil.

Xavier segurou meus quadris com força e bateu em mim.

Marco fez uma careta.

– X, você está me matando. Eu vou vir em breve.

Impulsos rápidos e fortes.

Ele se inclinou sobre mim envolvendo o punho no meu cabelo, puxando

minha cabeça para trás.

– Elaine, você é minha. Ninguém mais, a menos que eu diga. Você me

ouve? Assim que eu te reivindicar, você será minha. Diga.


– Sim.

Ele puxou meu cabelo com mais força.

– Sim, o que?

– Sim, meu rei.

– Sim. Perfeito. – Ele empurrou forte e profundamente. – Vou gozar dentro de

você, mas primeiro... – O doutor encontrou meu olhar no vidro espelhado. – Goze

para mim, minha rainha. Dê-me tudo de você.

Suas palavras me incendiaram. Meu corpo apertou os dois e ambos gritaram:

“Foda-se”.

Minha liberação fluiu sobre as coxas de Marco e o doutor berrou.

– Estou indo, Elaine. Estou gozando dentro de você.

Marco gemeu. Ambos grunhiram e deslizaram para dentro e para fora em

estocadas afiadas e sincopadas. Eles empurraram com força, enterrando-se o mais

longe que podiam, e se mantiveram ali, os homens pulsando bem no fundo e me

enchendo com suas últimas gotas de liberação.

Eu acalmei como eles fizeram e saboreei a plenitude e a sensação de ambos os

homens. Xavier estava certo. Não havia nada igual, mas ele era o ingrediente

secreto. Não teria sido o mesmo se fosse Sebastian e Marco. Foi sua rendição que

tornou a noite ainda mais deliciosa.


Marco foi o primeiro a falar.

– Isso... isso foi... Puta merda! – Ele colocou as mãos sobre os olhos e soltou

um suspiro profundo.

O doutor acariciou meu quadril.

– Sem palavras.

Sebastian enfiou-se de volta nas calças e fechou o zíper.

Eu mal conseguia pensar direito. Foi, sem comparação, o melhor sexo da

minha vida. Mas, além disso, estava a satisfação de que o doutor não tinha

desmaiado, tentado me matar ou falhado. Tudo isso aumentou minhas

suspeitas. Se alguma experiência o teria feito sucumbir à amnésia, seria essa.

Xavier se retirou, mas suas mãos nunca deixaram meu corpo.

Eu rolei para fora de Marco e gritei quando minhas costas bateram no chão

frio. Sentei-me e Xavier passou os braços em volta de mim, me segurando contra

ele.

Marco se levantou e bocejou.

– Droga, mulher. Você me esgotou.

Eu ri.

– Não fui eu quem mandou.


O doutor beijou minha testa.

Sebastian se aproximou de mim e se inclinou para dar um beijo suave na

minha bochecha.

– Obrigado. Eu não sei se poderei retribuir a você.

– Eu diria que o prazer foi todo meu, mas...

Os braços de Xavier estavam quentes e ele acariciou meu cabelo enquanto me

segurava.

Marco pegou as calças e vestiu-as. Ele jogou a camisa por cima do ombro e

enfiou a gravata no bolso da calça.

– Vamos, Sebastian, estou indo para a cozinha. Todo esse sexo me deixou com

fome. – Eles caminharam até a porta. – Vamos nos encontrar com vocês dois lá

embaixo.

O médico avisou.

– Marco, não coma todo o meu bacon.

Ele riu.

– Não se preocupe, vou dar um pouco para Sebastian. – Com isso ele

desapareceu.

O médico resmungou.
O momento da verdade.

– Então…

Ele me interrompeu com um beijo e me ajustou para que eu sentasse em seu

colo, as pernas montadas nele.

– Elaine, eu...

–Shhhh... não há nada a dizer. – Eu coloquei um beijo suave em seus lábios.

– Mas existe. Eu sinto muitas coisas. Tanta incerteza, tanta esperança, tanto

amor.

Eu desviei o olhar dele. Já era tarde demais para mim. Eu o amava e sabia que

se eu me encontrasse em um avião quando tudo acabasse, isso me esmagaria. Não

pude ouvi-lo falar de amor.

– Por que não nos vestimos?

– Elaine? – Com um dedo no meu queixo, ele me guiou de volta para

encontrar seu olhar. – O que está errado?

– Nada está errado. Na verdade, está certo.

– Então por que você está com pressa de me deixar?

Coloquei minha palma em sua bochecha.


– Eu não quero te deixar. – Nunca houve uma declaração mais

verdadeira. Mas era difícil respirar. – Eu só acho que você deveria considerar

comemorar seu sucesso.

– O que te faz pensar que não estou agora? Tenho a mulher mais linda em

meus braços, uma com quem acabei de fazer amor. O prêmio final pelo meu

sucesso.

Eu sorri e tentei esconder a dor.

– Nós deveríamos ir nos limpar. Está ficando tarde. Você não disse que tem

que passar a manhã no escritório amanhã?

– Sim.

Inclinei-me e coloquei outro beijo suave e demorado em seus lábios.

– Então vamos te vestir. E queremos estar bem descansados para o nosso

último dia juntos, certo?

O silêncio que pairava no ar dizia tudo. Ele me soltou, mas não contestou a

linha do tempo. Meu coração doeu muito mais. Eu me desvencilhei dele e juntei

minhas roupas. Ele fez o mesmo.

Puxando as calças, ele fez uma pausa.

– Elaine?
– Sim. – Eu puxei meu cabelo solto da parte de trás do meu vestido e virei

minhas costas para ele.

– Não consigo parar de pensar no que você disse no teatro. Sobre me

amar. Não consigo pensar em mais nada.

Eu não conseguia olhar para ele. Inferno, eu não conseguia respirar. Eu

respirei fundo.

– Bem, então é uma coisa boa que eu vou embora logo. Eu não gostaria de ser

conhecida como a mulher que arruinou os planos do grande Xavier Vincent.

– Você já é.

– Eu diria que sinto muito, mas não sinto. – Recuei para que ele pudesse fechar

o zíper do meu vestido.

Seu dedo abriu uma trilha na minha espinha e ele deu um beijo na minha nuca

que me fez estremecer. Eu soltei meu cabelo e me virei.

– Isso é o que eu mais amo em você. Sua honestidade. Como arriscou tudo

pela verdade. – Seus lábios capturaram os meus e nossas bocas dançaram.

Abotoei sua camisa, botão por botão, saboreando a sensação da penugem leve

de cabelo que amortecia o tecido. Nossos lábios se separaram com relutância.

– Acho que acabamos valorizando o que ficamos mais tempo sem. Passei

minha vida inteira no escuro. Nunca soube que, enquanto mastigava sua costela,

meu pai planejava o desmembramento de um estranho. Quando estou fraca, às


vezes desejo que ele nunca tivesse sido pego. Eu sei que isso me torna uma pessoa

terrível.

Ele recuou um passo e enfiou a camisa para dentro, em seguida, agarrou sua

jaqueta e gravata e passou os braços em volta de mim.

– Não, isso não faz de você uma pessoa terrível. Isso faz de você uma pessoa

enlutada. Você está sofrendo pela vida que conheceu. Confie em mim, a dor pode

te fazer sentir coisas terríveis. Mas não tenha dúvidas, nesses momentos decisivos,

alguém com sua personalidade sempre escolherá o caminho nobre, porém mais

problemático. – Ele apertou um pouco mais forte. – Vamos. Acho que tem

champanhe lá embaixo. Nós dois poderíamos ter uma bebida antes de dormir. –

Ele pegou minha mão na sua. Parecia tão normal. Tão real.

Ele estava fadado a me destruir.


Capítulo Onze
Segredo

A luz da manhã foi um rude despertar. Não apenas estava cansada e

deliciosamente dolorida da noite anterior, mas também acordei na cama de

hóspedes. Depois da segunda taça de champanhe, descansei minha cabeça no

ombro de Xavier e essa foi a última coisa que me lembro. Mas eu esperava, com os

passos que ele deu, que pelo menos acabasse em sua cama.

Depois das revelações e dos eventos da noite anterior, tive que descobrir com

que Miriam me presenteou. Por que ela estava tão nervosa? Peguei a pequena

bolsa que usei na noite anterior e tirei o envelope. Enfiei meu dedo na costura e

rasguei uma abertura. Dentro havia um papel do tamanho de um cartão de visita

com o que parecia ser um endereço e uma chave.

Eu me preparei em tempo recorde e depois de perceber que o casaco de Xavier

estava faltando em seu lugar usual perto da entrada da frente, achei que era seguro

sair. Mas eu não tinha ideia de como chamar o motorista. Abri a porta da frente e

olhei diretamente em seu peito.

– Oh, me desculpe. – Escapou em um suspiro. Não que isso importasse, ele

não sabia falar inglês.

Ele sorriu.
Enfiei a mão no bolso para recuperar o envelope e entreguei a ele o cartão com

o endereço.

– Você pode me levar aqui? – Apontei para o cartão com 125 Toret, Paris

escrito na frente.

Ele acenou com a cabeça em afirmação, se virou e abriu a porta para mim.

Subi e passei a hora seguinte sonhando com todas as coisas selvagens que o

segredo poderia ser, mas qualquer coisa fascinante foi apagada pelo nervosismo

de Miriam e sua conversa sobre um fardo.

Algum tempo depois, o motorista parou em frente à Galeria de

Lydia. Verifiquei o endereço no cartão e os números e as palavras na placa da

rua. Este era o lugar. Mas por que aqui? Certamente, ela não me deu a smuteria de

presente.

Saí do carro e novamente agradeci ao motorista. Ele pode ou não ter

entendido. O endereço escrito à mão não poderia ter sido escrito por Miriam. Suas

mãos estavam muito trêmulas.

Depois de ver a nova vitrine de fotografia erótica moderna, abri a porta da

galeria. O som de sinos de porta anunciou minha chegada. Patrice ergueu os olhos

do jornal por trás da mesa da recepção. Ela sorriu e me deu um cordial “Bonjour”.

Eu devolvi o sorriso dela, balancei a cabeça e me ocupei procurando alguma

pista nas exibições. Ela queria que eu encontrasse uma pintura? Foram bens

roubados? Por que diabos eu estava aqui?


Um aviso emoldurado atrás de um vidro exibia algum tipo de saudação

escrita em francês, mas foi a assinatura que chamou minha atenção, Lydia

Vincent. A assinatura coincidia com a escrita no cartão. Isso era sobre Lydia, não

Miriam.

As memórias do Rainmaker interrompiam minha concentração enquanto eu

procurava. Eu me vi olhando para a pintura do anjo mais uma vez. A gaiola, suas

asas cortadas e a mulher de pé sobre ele mereciam outro momento de

admiração. Os detalhes realistas e os vermelhos vibrantes contra um fundo preto

deram à cena de um anjo perdendo sua liberdade uma sensação gótica e de mau

presságio. Foi difícil desviar o olhar.

Exposição após exposição e nenhuma que requeira uma chave. A escada

estava claramente marcada e o porão era minha última esperança. A porta corta-

fogo rangeu e deu lugar a uma escada de pedra e argamassa. O concreto formava

o caminho para cima, mas para baixo estava tudo o que você esperava de um porão

assustador de Paris. Ainda bem que o sexo era bom, porque mergulhar no porão

de Paris, em vez de visitar o Louvre, era patético. Apenas mais um sinal de que eu

provavelmente deveria deixar qualquer que fosse o fardo de Miriam permanecer

um mistério. Rezei para que não houvesse um cadáver ou algo horrível assim.

Dei meu primeiro passo no chão de pedra e fiquei entre as unidades feitas de

molduras de madeira e tela de arame etiquetadas como um e dois. Vários artefatos

espalhados pelo caminho. Procurei de cima a baixo no corredor principal por

qualquer coisa que pudesse combinar com a chave. Lydia tinha um monte de

coisas. Mas nada. Quem Miriam pensava que eu era, Sherlock


Holmes? Preocupada que Patrice pudesse me encontrar remexendo em lugares

que eu não deveria estar, corri de volta para cima.

Eu balancei a cabeça para Patrice, cujo sorriso de boas-vindas era agora um

brilho suspeito. Os sinos tilintaram quando saí, avaliando se deveria desistir ou

talvez perguntar a Patrice, ou encontrar uma maneira de entrar em contato com

Miriam.

Tirei a chave e o cartão de nota do bolso e olhei para eles novamente. A chave

tinha '1b' gravado no metal.

No alto da colina havia um prédio anexo à galeria, que parecia conter

pequenos apartamentos. Isso também poderia ser 125 Toret? Uma grande entrada

frontal ornamentada e muitas varandas adornavam a estrutura. Subi as escadas e

em uma porta bem na minha frente estava 1b.

Eu me perguntei se o doutor tinha influência suficiente na França para

eliminar meu registro, caso eu fosse presa por invasão de domicílio. A chave

deslizou na fechadura e a porta se abriu facilmente. Era um escritório.

Havia duas mesas, completas com dois computadores e duas poltronas de

couro com encosto alto. As paredes estavam cobertas de tabelas e gráficos,

interrompidas por pinturas eróticas ocasionais. Havia também várias estantes

cheias de livros. A única janela dava para a galeria.

De onde eu estava, a caligrafia no mata-borrão da mesa combinava com a

escrita no cartão, Lydia.


Por que Miriam me mandaria para o escritório de Lydia? Uma caneca estava

sobre a mesa e a mancha marrom-escura no fundo de muito tempo era café ou

chá. O jornal sobre a mesa tinha três anos. A mobília estava coberta de poeira e, no

canto mais distante da sala, uma mancha no teto revelava danos causados pela

água. Ninguém esteve lá há muito tempo. Ainda tinha papéis amassados no lixo.

O que era tudo isso? Dei a volta na mesa e vi a foto de uma linda e jovem

Lydia. Estranho... Por que ela teria uma foto de si mesma? Mudei-me para a

próxima mesa e sobre ela estava uma foto de um jovem Xavier no dia de seu

casamento. A diferença de idade entre os dois era impressionante. Seu sorriso era

brilhante e ingênuo, era quase impossível acreditar que esse homem, menos de

uma década depois, tivesse feito o maior avanço na pesquisa do câncer de todos

os tempos, uma cura definitiva.

Puxei a cadeira que ficava de frente para a porta e comecei a olhar os papéis

sobre a mesa. Nada de interessante. Nas estantes de livros havia dezenas de

cadernos com encadernação personalizada. Peguei o primeiro e um recorte de

jornal caiu. “Jovem se declara culpado de assassinar namorada.” O artigo

detalhava a morte de Samantha por estrangulamento. Foi Xavier.

Abri o que poderia ser melhor descrito como um álbum de recortes e comecei

a ler. Felizmente, Lydia escreveu em inglês, mas o preocupante é que havia

anotações no diário que correspondiam à data do crime. Ele disse que não a

conheceu até a faculdade. Que porra é essa?


Eu coloquei o livro, bem como um pai faria para um filho, na mesa e li entrada

após entrada. Cada detalhe de sua vida foi anotado, mesmo quando era criança.

Horas se passaram e eu estava absorta em uma história com menos vítimas

do que a de meu pai, mas não menos tortuosa. Eu folheei caderno após caderno,

parando para assimilar os detalhes da história de terror. Eu me senti mal do

estômago e minha cabeça nublada de choque. Dentro de um diário de couro preto

encontrado no fundo da gaveta da mesa, encontrei a evidência mais

contundente. Fiquei doente com cada trecho arrepiante.

“Fodido Charles. ‘Mantenha a integridade do projeto’, é o que ele sempre

prega até que se envolva. ‘Mantenha distância.’ Foi o que ele me disse da última

vez, mas agora, quando é a gordura dele na fritadeira, as regras devem ser

quebradas. Por que tem que ser meu assunto? Ele não pode escolher outra

pessoa? Se eu pudesse matar Charles, eu o faria. Ele me controla desde que eu era

criança, quando entrava sorrateiramente no meu quarto tarde da noite. Eu o

mataria não apenas por isso, e por me colocar nesta sociedade horrível, mas

também por todas as perversões doentias e retorcidas que sua mente constrói. Eu

estaria fazendo um favor ao mundo para livrando-o daquele sociopata. Ele matou

aquela garota. Ele sabia que ela era a namorada de X, e aquele bastardo teve que

matá-la e agora ele quer que X leve a culpa. Ele vai pagar por quebrar suas próprias

regras. Vou me certificar disso.”

Querido Deus... o pai de Miriam, Charles? A sociedade? Lydia sabia que

Charles matou a namorada de Xavier e nunca contou a ele. Essa vadia!


“Charles chama isso de condicionamento. É assim que ele explica sua escolha

de colocar o Sujeito X com aquelas pessoas horríveis. Eu gostaria de ter seguido o

caso de X desde o início, mas vamos encarar os fatos, Charles só me trouxe para

aliviar sua carga de caso. Estou segura, pois ele sente que tem o controle de

mim. Sempre suspeitei que a família abusou de X, mas ouvir as histórias do que

seu pai fez com ele tornou tudo real. Duvido que Charles veja isso como uma

tragédia, já que um agressor geralmente defende outro. Quando fico indignada

com suas decisões, Charles sempre tem o cuidado de apontar que é exatamente

por isso que existe a regra do ‘sem contato’ e, ao quebrá-la, só causei meu próprio

sofrimento.”

O que diabos eles estavam fazendo? Brincando com a vida das pessoas. Então

foi por isso que ela nunca dormiu com ele. Ela estava mantendo distância. Ela

perpetuou todos os seus pesadelos.

Fúria. Uma raiva ardente borbulhou dentro de mim. Lydia tinha sorte de já

estar morta.

“Esta tarde, eu estava na porta do escritório de X e o observei devorar o

conhecimento, documento após documento. Já se passaram meses desde que ele

deu início a essa missão idiota. Quando ele colocou a mão na minha bochecha e

me disse que desistiria de tudo para me salvar do câncer, quase confessei. Mas

qual é o caminho mais gentil? Eu não fiz dele um assunto. Eu o herdei e meu único

consolo é que tentei o meu melhor para salvar até mesmo a menor quantidade de

normalidade para ele. Casei-me com ele para lhe dar todas as oportunidades,

acesso ao dinheiro da minha família e minha supervisão constante. Mas a decisão


vem logo, se ele não atingir seu 'potencial' antes dos trinta, será executado. Só

espero que o câncer me leve primeiro.”

Que porra é essa? Executá-lo se ele não atingir seu “potencial”? Quem diabos

eram essas pessoas?

“Estou ficando mais fraca a cada dia e a cura ainda escapa de X. Charles teve

que morrer antes de mim. Eu não poderia permitir que ele contasse a X. Eu me

recuso a permitir que ele machuque outra pessoa. Se nada mais, sou uma heroína

anônima por livrar o mundo de Charles Lemiux. X é a coisa mais próxima que já

conheci de amor. Não posso suportar que ele saiba a verdade. Charles e Miriam

são as únicas pessoas que sabem meu segredo. Miriam é leal até o âmago, mas

Charles era empreendedor.”

Foi meu único momento de satisfação presunçosa na história horrível que

acabara de ler, a traição de Miriam.

Ela continuou.

“Devem levar apenas mais algumas doses para acabar com ele. O homem

preguiçoso deveria ter tomado seu próprio café.”

Ela matou Charles. Eu olhei para sua xícara de café na outra mesa. Este era o

escritório deles. Eles eram uma equipe. Sempre foram. Xavier foi manipulado por

duas pessoas que detinham o título de Doutor. O que eu faço agora? Miriam não

estava brincando. Este era um fardo que eu não queria. Eu tinha me apaixonado

por Xavier bem a tempo de esmagá-lo. Filha da puta. Eu bati minha mão na mesa.
Meu coração se encheu de ódio. Fiquei feliz por ele não ter tido a chance de

salvá-la. Como eu poderia salvá-lo? Devo guardar esses segredos para mim

mesma e levar esse pesadelo comigo para os Estados Unidos ou devo contar a

verdade a ele? Porra.

Eu tive que sair. Eu não aguentava mais.

Coloquei tudo de volta onde encontrei e tranquei a porta ao sair. O sol se

escondeu atrás de nuvens pesadas sinalizando a ameaça de chuva. A limusine

estava do lado de fora da galeria, esperando. Desci as escadas e fui direto para a

porta da limusine, mas o motorista não estava lá. Eu me virei a tempo de fazer

contato visual com Xavier, parado na porta da galeria. Seu sorriso instantâneo

quebrou outro pedaço do meu coração.

Vários passos largos e ele abriu a porta.

– Elaine... Você me deixou tão preocupado. Você está bem?

Eu balancei a cabeça, mas era uma mentira. Eu não estava bem. Eu não

poderia deixá-lo saber, então tentei manter minhas feições sob controle, mas a

vontade de chorar picou minhas pálpebras e apertou meu peito.

Ele enfiou a mão no bolso e tirou algo brilhante que refletia a luz do sol. Antes

que eu pudesse registrar seus movimentos, ele colocou as mãos nas minhas costas

e apertou o objeto brilhante no meu pescoço.


– Deixe-me ver. – Ele ergueu e segurou em sua mão um pingente que pendia

de uma corrente de prata. – É perfeito. Esse joalheiro é um verdadeiro artista e fez

isso em tempo recorde.

Em sua mão estava uma pequena gaiola de arame com um par de asas

destacadas dentro. Exatamente como aqueles na pintura do anjo que foi proibido

de voar para longe.

– É lindo. – Eu pisquei meus olhos, lutando contra as lágrimas.

– É como eu me sinto, sabe. Como você me libertou.

– Mas a porta estava aberta o tempo todo.

– Você está certa, o anjo pensou que tinha que voar para escapar, mas se ele

deixar a ideia de suas asas para trás, ele pode sair como um homem.

Limpei a gota que escapou da minha bochecha. Eu poderia escapar sem

contar a ele? Se eu realmente partisse amanhã, a verdade valia a pena destruir seu

mundo? Eu deveria jogar fora essa chave. Deixe-o manter seu amor.

– Elaine, o que há de errado? Eu não chateei você, não é? Eu só queria que

tivesse uma lembrança. Eu sinto muito.

– Não. Não é isso não.

Parte de mim gritou por dentro para ir embora. Seria a coisa mais gentil a

fazer. Ou não?
Quanto mais a decisão passava pela minha cabeça, mais eu não conseguia

conter as emoções.

Ele passou os braços em volta de mim e me abraçou com força. Eu saboreei a

sensação de seu abraço e me amaldiçoei por cambalear à beira de um colapso

quando ele era o único que seria destruído.

– Eu te amo, Elaine. Não fazia parte do plano, mas eu faço.

Eu estava errada. Nenhum de nós iria sair vivo.

As lágrimas escorreram dos meus olhos. Por que a vida tem que ser tão

injusta?

Se ele realmente quis dizer isso quando disse que me amava, então eu tinha

que dar a ele uma escolha.

Passei meu braço em meu rosto, limpando as lágrimas.

– Elaine, você me ouviu? Eu disse que te amo.

Eu poderia falar sem hiper ventilar? A verdade valia a pena jogar fora

qualquer esperança de amor com ele? Apesar de tudo, meu amor por ele era

grande o suficiente para deixá-lo decidir. Recusei-me a ser outra Lydia.

– Xavier, se você fosse eu e seu pai tivesse um segredo terrível que viraria sua

vida de cabeça para baixo, te afastaria de tudo normal que você já conheceu, você

gostaria de saber? Tive uma infância feliz, sabe. Esse monstro era um pai
maravilhoso. Mas aprender sobre o monstro significava perder meu pai e a ilusão

da minha vida. Se você fosse eu e tivesse escolha, escolheria saber ou não saber?

Ele beijou minha testa.

– Essa não era a resposta que eu esperava quando disse que te amo. Acho que

depende de quanto você valoriza a verdade.

– E você ... Você valoriza a verdade acima de tudo?

– Sim. Eu sou um cientista A cura nada mais é do que uma verdade

descoberta. Uma ação para obter a reação desejada. Eu passo minha vida

procurando a verdade.

– Então, você desistiria da fantasia?

– Elaine, o que aconteceu? Como veio parar aqui? Patrice me ligou para dizer

que você estava aqui e agindo de forma estranha. Assim que minha reunião

terminou, eu vim.

– Obrigada, mas poderia, por favor, responder à pergunta? – Eu funguei.

Ele tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. Eu deveria ter ficado

mortificada, perdendo minha compostura, mas a dor que eu sentia por ele era

muito grande.

– Eu gostaria de saber a verdade.

Eu não pude conter isso. As palavras explodiram.


– Você não matou Samantha.

Suas feições azedaram.

– Isso é gentil da sua parte, mas eu estava lá, Elaine.

– Sim. Você fez sexo com ela, mas não a matou.

– Elaine...

– Apenas me ouça. – Eu sabia que parecia histérica e pela expressão em seu

rosto, eu devo ter parecido louca também.

– Foi Charles. Ele a matou. Ele o molestou quando criança.

– O que? – A raiva cresceu por trás de sua confusão.

– Foi sua terapia de sugestão hipnótica, ele combinou dois eventos. Houve

duas instâncias distintas. Você dormiu com ela. Mas você foi colocado no corpo

dela. Eles te drogaram. Eles sabiam que como era jovem, você nunca iria para a

cadeia. Eles te deixaram assumir a responsabilidade.

Sua testa franziu e seus olhos se estreitaram. Eu daria qualquer coisa para

nunca o ver assim. Nunca ver a dor que ele estava prestes a sentir.

– Eles?

Mais lágrimas cederam.

– Charles e Lydia.
– Isso é impossível. Por que você está fazendo isso? – Ele recuou e cruzou os

braços.

– Eu debati em dizer a você. Parte de mim queria ir embora e nunca mais ver

essa expressão em seu rosto. Deus. Mas eu te amo e tenho que te dar uma escolha.

– Só conheci Lydia quando estava na faculdade.

– Eu sei, mas ela sabia quem você era. Sua adoção, a admissão antecipada na

faculdade, tudo fazia parte do plano. Eles escreveram o roteiro de sua vida para

atender às necessidades deles e documentaram tudo isso. Foi uma experiência. Foi

Charles quem elaborou a produção e Lydia a aperfeiçoou.

Seus braços se cruzaram com mais força sobre o peito.

– Mas não se preocupe, ela pegou Charles antes de morrer. Ela o envenenou.

– Elaine, nada disso aconteceu. Vamos buscar ajuda para você... – Ele agarrou

meu braço.

– Não!

Eu me virei e corri de volta morro acima, puxando a chave do bolso.

– Elaine... Por favor... – Ele correu atrás de mim.

Eu pisei escada acima. Coloquei a chave na porta assim que seus braços

envolveram minha cintura e começaram a me arrastar para longe da porta.

– Elaine! – Desta vez, ele gritou, raiva derramando dele.


Não importava, a porta cedeu e eu caí para dentro, puxando-o comigo.

Bati na mesa e a xícara de café da morte retumbou contra a mesa.

– Está tudo aqui. Cada detalhe. Bem ali, nesses livros!

Sua raiva se dissipou, substituída por perplexidade enquanto ele olhava para

a foto de Lydia na mesa de Charles.

As lágrimas voltaram e percebi que lidar com um Xavier zangado teria sido

mais fácil.

– Eu sinto muito. A última coisa que quero fazer é te machucar. – Fui até ele e

agarrei seu braço.

Ele permaneceu em silêncio, mudando seu olhar ao redor da sala. Ele não me

respondeu.

Eu soltei seu braço. Alguns passos depois, ele olhou para a foto de seu

casamento, como se estivesse tentando reconhecer as pessoas na foto. Ele o pegou

e examinou com um escrutínio cuidadoso. Suas palavras eram calmas demais.

– Como soube desse lugar?

– Ontem à noite, Miriam me deu um envelope e uma mensagem enigmática

sobre não ser capaz de carregar o fardo. Ela disse que podia ver que você me

amava.
Eu esperava que isso tivesse provocado algum tipo de afirmação de sua

declaração anterior, mas nada.

– Não sabia que o endereço era o mesmo da galeria. Xavier, sinto muito. – Ele

colocou a foto de volta no lugar e puxou a cadeira, movendo-se quase em câmera

lenta. Seu rosto não revelou nenhuma expressão.

– Xavier, eu te amo. Não importa o que você encontre...

Ele não olhou para mim.

– Elaine, acho que preciso de um tempo sozinho. Você pode pedir a Pierre que

te leve de volta para casa.

Cobri minha boca com a mão para prender o soluço que escapava.

– Eu sinto muito.

Ele não me respondeu. Em vez disso, ele abriu uma gaveta e começou a

vasculhar o conteúdo. Peguei a chave e as informações escritas por Lydia e

coloquei-as sobre a mesa. Seus olhos examinaram minhas ações, mas ele voltou

para sua tarefa sem comentários.

Eu me virei e fechei a porta atrás de mim, segurando o colar que ele me deu.

Corri para o sopé da colina. Pierre estava esperando. Ele abriu a porta para

mim e resmungou algo em francês, que tomei como uma pergunta: “Xavier irá se

juntar a nós?” Eu balancei minha cabeça, mas ele puxou um celular para

confirmar.
Momentos depois, ele abriu a porta do motorista e ligou o motor.

A chuva caiu e não havia nada que pudesse aliviar a dor em minha cabeça

que eu sentia pelo doutor... e por mim. Mais uma vez, sacrifiquei tudo o que amava

pela verdade. E tudo que eu conseguia pensar, era se realmente valia a pena?
Capítulo Doze
Ao controle

Um relâmpago passou pelas vidraças da grande sala de estar que dava para

o vestíbulo. O lugar onde tudo começou, o que parecia uma vida inteira atrás, mas

tinha sido apenas uma semana. Pierre começou o fogo na lareira enorme antes de

me deixar sozinha. Era aquela época do ano em que os dias eram quentes e as

noites eram frias. A chuva só aumentou o frio. Depois de mergulhar na banheira

de hidromassagem, sentei-me em uma cadeira enorme na sala grande. Eu puxei

meu robe por cima da minha camisola e esperei por Xavier.

Meu estômago doía de nervosismo e me preocupei em nunca mais vê-lo. Ele

me culparia? O mensageiro nem sempre se saiu bem. Ele me odiaria por

contar? Ou ele simplesmente ficaria com vergonha de me encarar? De qualquer

maneira, tudo acabou. Eu esperei, as pernas enroladas debaixo de mim e uma

xícara de chá na mão.

Preocupada demais para ler ou fazer qualquer outra coisa, adormeci e fui

acordada por um baque forte e uma brisa fria. Eu pulei da cadeira, derrubando a

xícara de porcelana, e fiz meu caminho até a porta.

Xavier tirou os sapatos encharcados de chuva. Seu cabelo encharcado

grudado em sua testa e suas roupas estavam encharcadas. Eu me movi atrás dele
e agarrei a gola de sua jaqueta, puxando-a sobre seus ombros. Ele não disse uma

palavra.

Eu esperava que ele passasse por mim para se despir em seu quarto, mas ele

continuou lá na entrada, deixando as roupas molhadas no chão.

Eu o ajudei a desfazer os botões de sua camisa. Ele não me pediu para parar

nem me encorajou. Por dentro, chorei de felicidade por sua volta e de tristeza pela

dor que sentiu.

Em um puxão final, sua boxer atingiu o chão e ele saiu dela. Ele ficou nu. Não

era hora de admirar o quão bonito ele era, ele precisava de conforto.

– Deixe-me fazer uma xícara de chá para você. – Eu me virei, mas ele puxou

meu braço, me puxando de volta para ele. Comigo presa firmemente contra seu

peito, ele caminhou para frente, me forçando a cambalear para trás. A parte de trás

das minhas pernas bateu no sofá e ele se inclinou sobre mim.

Ele pegou o cinto do meu manto. Seus lábios roçaram meu pescoço e ele tirou

o robe dos meus ombros. Ele gemeu, mas não disse mais nada. Afastando-se, ele

me virou até que me inclinei sobre o encosto do sofá. Ele iria me foder? Ele estava

testando seus limites? Não importa o que ele precisasse, eu estaria lá para ele.

Mãos seguraram a parte externa das minhas coxas e agarraram minha

calcinha em meus quadris e a arrastaram pelas minhas pernas.

Sua mão escorregou entre minhas coxas, espalhando minhas pernas

ligeiramente. Um dedo escorregou entre minhas dobras. Se ele estava testando


para ver se eu estava molhada, não ficou desapontado. A cabeça de seu pau

pressionou contra meu calor e com um grunhido, ele se enterrou dentro de

mim. Eu o ouvi sugar o ar por entre os dentes antes de se acalmar.

Ele puxou e deslizou de volta para dentro. Mas aquele foi seu único momento

de hesitação. Ele empurrou para dentro e para fora, então se inclinou sobre mim

para que os sons que ele fazia em sua garganta ecoassem em meu ouvido. Ele

empurrava meus ombros toda vez que entrava em mim. Esta foi a sua catarse. Não

estávamos fazendo amor, estávamos afirmando que ele estava vivo.

Seus movimentos ficaram frenéticos e ele bateu com mais força, enterrando-

se ao máximo em cada impulso. Eu gemia com o poder em seus quadris e o quão

profundo eu o sentia assim. Seus lábios trancaram no meu pescoço e ele chupou e

beijou enquanto seu movimento crescia.

Suspiros suaves escaparam de meus lábios a cada impacto.

Eu segurei no encosto do sofá, resistindo à tempestade que era Xavier. Ele

gritou e com um último e profundo impulso ele segurou e pulsou com liberação,

sacudindo e me enchendo com cada estremecimento. Ele não se mexeu por algum

tempo, ficando parado dentro de mim. Sua respiração pesada e o fogo crepitante

eram os únicos sons.

Ele puxou para fora e me virou para encará-lo. Ele pegou minha mão e me

levou escada acima e pelo corredor. Ele parou na frente da sala em que eu fiquei,

mas continuou.
Ao virar da esquina havia duas grandes portas duplas. Eu apertei sua mão

com mais força enquanto ele as abria. A maior cama que eu já tinha visto ficava do

outro lado do enorme quarto. Uma banheira com pés ocupava o canto da sala. Ele

me puxou gentilmente para o quarto, até que fiquei ao pé da cama. As alças finas

da minha camisola escorregaram dos meus ombros, e então ele me pegou pela

cintura e me sentou na cama. Ele subiu sobre ela, rondando em minha direção e

me impeliu na direção da cabeceira.

Eu trabalhei para me equilibrar enquanto ele caminhava em minha direção.

– Sinto muito. – Disse ele, sua boca cobriu a minha.

Ele me empurrou para trás e abriu minhas pernas.

Eu não lutei com ele. Ele correu seus dedos para frente e para trás em minha

umidade. Ele deslizou um dedo em mim e com o polegar, me segurou aberta para

sua inspeção.

Ele acrescentou um segundo dedo e começou a empurrá-los para dentro e

para fora de mim. Ele subiu pelo meu corpo, com a mão permanecendo entre as

minhas pernas.

Ele puxou seus dedos e os escovou sobre meu clitóris e os enterrou em mim

mais uma vez.

Xavier se moveu mais rápido, descansando a palma da mão no meu

clitóris. Ele baixou a cabeça e envolveu seus lábios em torno de um dos meus

mamilos. Ele chupou e sacudiu a língua na ponta, balançando os dedos para


dentro e para fora. Ele mudou e me envolveu com seu corpo. Seus movimentos se

tornaram rápidos e profundos, enquanto ele enterrava o rosto no meu pescoço e

beijava o caminho do meu ombro até o lóbulo de minha orelha.

Ele aumentou o ritmo. Cada vez mais rápido, ele fodeu seus dedos dentro e

fora de mim. Ele mudou seu ângulo para chegar mais fundo e acertar o ponto

certo.

Minhas pernas enrijeceram. Eu agarrei suas costas com força, cavando meus

dedos em sua pele.

Sua boca cobriu a minha e ele engoliu meu grito.

Com os dentes cerrados, gemi, a euforia me envolvia. Minhas costas

arquearam. Eu o agarrei com mais força e senti a inundação de líquido escapar.

Seus dedos ainda se moviam rápido, mas faziam sons molhados toda vez que

ele entrava.

– Xavier…

Ele colocou beijos suaves em todo o meu rosto quando eu voltei para a terra,

então um beijo prolongado em meus lábios. Ele pulou da cama, puxou as cobertas

e me cobriu com elas, antes de subir ao meu lado.

Ele me segurou contra seu corpo nu e soltou um suspiro.

Eu estendi a mão e toquei seu rosto. Perguntar por que ele estava chateado

era inútil. Eu queria saber o que tudo isso significava. Ele precisava esquecer? O
que aconteceria amanhã? Então eu não disse nada, mas dei-lhe conforto com meu

toque.

Ele me envolveu com força em seu abraço, como se eu fosse fugir. Eu saboreei

a sensação dele.

Ele passou a mão pelo cabelo.

– Era tudo uma mentira. Eu sou um tolo.

Eu segurei seu rosto.

– Você não é um tolo. Você era uma criança. Eles se aproveitaram de uma

criança para explicar sua própria depravação e para fazer seu jogo doentio. Você

não é idiota. Você é uma vítima.

– Eu nunca fui uma vítima, Elaine. Eu não sei ser uma.

– Então não seja uma agora. Não os deixe vencer. Não deixe isso te quebrar. –

Eu o beijei suavemente.

– Eu estava quebrado antes. Eu me sinto como se, desta vez, eu me

despedaçasse.

– Estou disposta a ajudar a juntar os cacos. – Eu agarrei sua mão, então o

segurei e beijei. – Você sabe, e por favor, não me odeie por dizer isso, mas se sua

vida fosse diferente, minha irmã provavelmente estaria morta, junto com mais mil,

e mais no futuro. Você não pode mudar o que aconteceu, mas pode escolher o que

acontece agora.
– Não consigo parar de pensar nisso. Sobre como eu deveria saber.

– Eu posso entender. Eu ainda tenho os mesmos pensamentos sobre meu pai.

Ele travou olhares comigo, tanta agitação atrás de seus olhos.

Agora era a hora da verdade. Ele quis dizer o que disse quando disse que me

amava ou foi algo que ele simplesmente não entendeu?

– Shhhh… não vamos perder mais tempo. Meu voo sai pela manhã. Vamos

deixar o passado no passado.

Ele levantou minha perna sobre seu quadril e deslizou para dentro de mim.

A surpresa deve ter aparecido no meu rosto, porque ele fez uma pausa.

– Você está bem?

– Sim, acho que não esperava que estivesse... pronto... tão cedo.

Ele riu e empurrou com mais força.

– Não se acostume com isso. Acho que meu corpo quer compensar o tempo

perdido com você. – Ele me beijou.

Passei meus braços em volta do seu pescoço enquanto ele balançava para

dentro e para fora de mim.

Pequenos gemidos escaparam de seus lábios junto com suspiros de

contentamento.
Ele aumentou o ritmo e enterrou o rosto no meu pescoço. Mudei minha mão

para a parte inferior de suas costas e acariciei os músculos que ficavam tensos e

relaxados a cada penetração.

Ele beliscou minha garganta.

– Se ao menos eu tivesse conhecido você em outra vida... – Gemido. – Eu

poderia ter sido... – Ele me segurou contra ele enquanto tremia. – Oh Deus...

Elaine... eu desejo... – Ele estremeceu e gemeu.

– Shhhhh… podemos conversar sobre isso amanhã. Apenas saboreie.

Ele colocou beijos suaves ao longo da minha mandíbula e envolveu seu corpo

ao redor do meu.

– Como minha rainha exigir.


Capítulo Treze
Partida

A luz do sol era maravilhosa no meu rosto. A enorme janela do quarto de

Xavier revelou um belo céu azul salpicado com as nuvens brancas macias. Sentei-

me, tentando esconder meu bocejo do meu parceiro de cama. Mas o dia lindo não

impediu meus pensamentos. O que esperar de hoje, depois da noite

passada? Onde é que isto nos deixa agora? Virei-me para verificar a sua forma

adormecida, só para encontrar a cama vazia. O banheiro, talvez?

Eu saí da cama indo para o outro lado da sala. A porta do banheiro estava

aberta e o espaço vazio. Eu puxei a roupa de cama para remover o lençol e enrolá-

lo em volta de mim. Eu parei no quarto de hóspedes, troquei o lençol por um robe,

e, em seguida, desci as escadas para a cozinha.

– Xavier. – Gritei de sala em sala. Sem resposta.

Virei-me e dei de cara com o peito de um homem de terno preto.

Ele agarrou meus braços e me empurrou de volta em meus pés.

– Mademoiselle, com licença, por favor. Estou aqui para levá-la ao...

aeroporto. Suas malas estão prontas?

A princípio fiquei apenas grata por esse motorista falar inglês, mas então veio

o chute no peito. A náusea se instalou.


– Onde está Xavier?

Ele encolheu os ombros.

– Quando você falou com o doutor?

– Esta manhã.

Tão estúpida. Como pude ser tão ingênua? Ele nunca me prometeu mais do

que isso. Mas ele disse que me amava.

Eu encarei o chão. Engoli em seco e me forcei a conter as lágrimas.

– Eu volto já. Deixe-me pegar minhas coisas.

****

Com Paris no espelho retrovisor, eu fiz o meu melhor para seguir em

frente. Mas o doutor estava sempre na minha mente. Era impossível evitá-lo no

trabalho, embora eu definitivamente tenha tentado. Eu parei de usar a entrada

principal para evitar ver a placa com o seu nome, e me esquivei de reuniões que

me colocariam em trabalho com seus produtos. Felizmente, eu finalmente tive a

primeira noite repousante desde a minha volta, quase oito semanas antes. Não

houve arrependimento. Mas a mágoa era mais do que eu pensava ser possível,

pelo meu amor perdido e por sua vida quebrada.


Hoje, assim como todos os outros dias, eu fui para o trabalho, só para

encontrar-me em pé em frente à mesa da recepcionista no décimo andar. A

pergunta estava sempre na minha língua, mas eu era incapaz de cuspi-la. Ela tinha

formas de contato com ele, para não mencionar que Berta era moralmente

flexível. Tudo que eu tinha que fazer era pedir-lhe a sua informação de contato e

prometer um almoço ou um requintado jantar e ela me daria os meios para

alcançar o doutor. Mas para quê? Ele obviamente não me quer, ou eu nunca o teria

deixado, e ele certamente já teria me procurado até agora. Eu só poderia estar tão

brava com ele, mas a maioria da minha aversão eu tinha reservado para mim. Tão

estúpida.

– Elaine, temos que parar de nos encontrar assim. – Berta sorriu atrás de sua

mesa.

Ela iria notar meu comportamento estranho mais cedo ou mais tarde, mas hoje

havia um motivo para minha presença.

Eu ri.

– Eu sei estranho, não é? Há quanto tempo não te via, e agora continuo

terminando aqui.

– Quer dizer, Ashley em Marketing sabe como pedir suprimentos.

Pedidos de suprimentos eram meu disfarce. Eu tinha canetas suficientes para

escrever meu nome em todo o mundo.

Outra risada nervosa.


– Não são reposições de grampos hoje. Eu tenho uma reunião na sala de

conferências ao virar da esquina. Eu estou apenas um pouco adiantada. – Eu deixei

de fora a parte sobre a vinda cedo na esperança de que eu poderia obter

informações de contato do doutor, mas eu precisava da informação, e ela não

precisa saber.

– Oh, você está naquela reunião. Boas notícias, eles pediram almoço de

fora. Zaggerilli's em vez de mingau da lanchonete, sorte sua. Certifique-se de me

enviar uma mensagem quando terminar, para que eu possa roubar o que

sobrou. Mesmo Zaggerilli com algumas horas já frio é melhor do que qualquer

coisa fresca vinda de baixo.

– Você tem razão.

O sino tocou e Sarah, do marketing impresso, saiu do elevador. Eu dei um

leve aceno e me virei.

– Se cuide, Berta.

Segui Sarah até a sala, escolhi um assento de couro de espaldar alto e tirei meu

laptop da bolsa.

Com o projetor conectado, os outros participantes reunidos e uma pequena

conversa com Sarah concluída, comecei os procedimentos obrigatórios da reunião,

apresentações, leitura da pauta e metas para a reunião.


Meu público consistia apenas de oito pessoas e a maioria delas com quem eu

trabalhava regularmente. A mistura de homens e mulheres tornava o trabalho

fácil.

– E se vocês olharem aqui, a adesão dos pacientes que tomam a nova versão

do Rx 972 foi claramente influenciada pela situação socioeconômica do paciente.

– Eu apontei com o ponteiro laser para o slide na tela branca.

A porta da sala se abriu e meu coração parou. O homem vestido com um caro

terno preto entrou na sala e parou atrás de uma cadeira vazia.

Eu parei. Eu não conseguia falar. Seu sorriso era um tipo especial de tortura.

– Oh, me perdoe... Srta. ...? – Ele esperou que eu terminasse por ele.

Que tipo de jogo ele estava jogando? Essas pessoas provavelmente sabiam

sobre o evento de arrecadação de fundos em Paris. Você não se associou com o Dr.

Vincent e vai passar despercebida. Eu não estava me divertindo. Rangendo os

dentes, eu murmurei.

– Watkins.

– Desculpe minha intrusão, Srta. Watkins, mas estou trabalhando em uma

nova formulação para isso e estou curioso para saber como a administração do

medicamento afetou a adesão.

– Não funcionou. – Eu rebati.

Sarah, também conhecida como puxa-saco número um, entrou na conversa.


– Oh, doutor. Posso chamá-lo doutor? Tomei notas. E eu acredito que o que

Elaine disse é que quando a droga foi administrada através de injeção

autoadministrada, houve um declínio acentuado na adesão.

Ele puxou a cadeira, sentou-se e virou-se para Sarah.

– Obrigado. E você é? – Ele sorriu para ela, tocou em seu braço.

Ele porra tocou em seu braço!

– Oi. Eu sou a Sara, eu sempre quis conhecê-lo, doutor. Você é uma das

mentes mais brilhantes do nosso tempo.

Seu olhar se desviou do dela para encontrar meu olhar mortal quando ele

disse:

– E pensar que minha mente é o mais fraco dos meus talentos. – Ele sorriu.

Eu ia matá-lo. Sair daquela sala tornou-se meu objetivo principal. Conclua a

apresentação e recomponha-se.

– Como eu estava dizendo…

– Dr. Vincent, estou feliz por finalmente conhecê-lo. Eu sou Mitch. Eu

trabalhei no lançamento do seu último medicamento para o mercado. É muito

bom conhecê-lo.

A postura me deu vontade de vomitar.


– Muito prazer em conhecê-lo, Mitch. – O doutor chegou do outro lado da

mesa e apertou sua mão. – Mas eu tenho certeza que a Srta. Watkins tem outra

reunião depois disso, então vamos deixá-la terminar. Podemos conversar mais

tarde.

– Como eu estava dizendo, o status socioeconômico do paciente impacta o

nível de adesão.

– Com licença, Sra. Watkins. Você recebeu o estudo parisiense que enviei ao

seu chefe de departamento?

Estudo parisiense? Ele estava brincando? Tentei não deixar minha irritação

transparecer. Uma coisa era se ele quisesse fingir que nossa semana juntos nunca

aconteceu, mas eu gostaria que ele tivesse a decência de desaparecer. Por que ele

estava fazendo isso?

Ele levantou uma sobrancelha e, pela expressão no rosto dos meus colegas de

trabalho, eu parei por muito tempo. Levar-me antes a acreditar que ele se

importava era quase desculpável, mas isso... Afinal, um acordo era um acordo. Eu

passei as últimas oito semanas atribuindo isso a uma encenação inteligente. Isso

agora foi completamente cruel.

– Não, disseram-me que o estudo parisiense era ultrassecreto e que as

descobertas nunca seriam divulgadas.


– Você está certa, Sra. Watkins. Mas há certos elementos que consegui

desclassificar para apoiar sua pesquisa. Você recebeu? Pedi a Berta para entregá-

lo em seu escritório esta manhã.

Segurei o apontador laser.

– Tenho certeza de que não recebi nada.

Ele pausou.

– Você sabe o que? Provavelmente todos nós precisamos de uma pausa. Por

que não suspendemos para daqui uma hora e você pode ir verificar?

Abri a boca para protestar, mas antes que as palavras pudessem sair, ele disse:

– Obrigado a todos. – E acenou com a mão em direção à porta, pedindo-lhes

que saíssem.

Com todos saindo, ficamos nós dois lá. Ele olhando para suas mãos

entrelaçadas e eu esperando que ele se responsabilizasse.

Ele olhou para cima.

– Então Watkins, não temos o dia todo. Eles estarão de volta em breve.

Descrença. Não pude acreditar que ele continuou o ato. Bati o apontador laser

na mesa da sala de conferências e saí correndo.


Não me incomodei com o elevador, cinco lances de escada ajudariam a

dissipar parte da minha frustração. Como ele poderia se justificar por me insultar,

especialmente depois de me rejeitar?

Eu abri a porta da escada e marchei pelo corredor. Não havia nenhum

relatório de merda. Eu me senti mal pelo que aconteceu com ele, mas isso não era

engraçado.

A maioria das pessoas no andar tinha saído para almoçar. Entrei no meu

escritório escuro, sem me preocupar nem em acender a luz, porque o bom doutor

era um monte de merda.

Peguei vários envelopes internos da minha caixa de entrada. Nenhum deles

parecia pesado o suficiente para conter um relatório, mas comecei a árdua tarefa

de desenrolar o cordão vermelho que prendia o conteúdo de cada

envelope. Primeiro: relatórios de despesas assinados. Isso foi uma completa perda

de tempo.

O barulho da porta se fechando e o clique da fechadura me fizeram largar o

pacote.

Xavier Vincent estava ali, ajustando suas abotoaduras.

– O que você quer?

– Quero que continue procurando esse relatório.

Eu tirei meu cabelo do rosto.


– Certo. Você ainda quer jogar jogos.

Abaixei-me para pegar os envelopes.

Quando me levantei, seu corpo me prendeu na frente da mesa. Minhas coxas

descansaram contra a madeira de mogno que decorava a borda da superfície de

trabalho.

Ele passou os braços em volta de mim, alcançando meu seio e agarrando meu

queixo. Oh Deus, a sensação dele, seu corpo escaldante contra minhas costas, pau

duro e hálito quente no meu pescoço.

– Você foi embora.

O ar estava em falta. O efeito que ele tinha sobre mim não poderia ser

negado. O alívio por termos acabado com o fingir inundou-me ao mesmo tempo

que o pavor.

Seu dedo acariciou minha bochecha.

– Sim. Eu posso dar uma sugestão da razão. O motorista disse que você ligou

para ele naquela manhã. Além disso, você deixou tudo muito claro.

Ele me agarrou um pouco mais forte.

–Eu fiz? O que exatamente estava claro para você, Elaine? – Sua voz era áspera

enquanto ele rosnava as palavras.


– Uma semana. Isso era tudo. Você fica em seu mundo e eu volto para o

meu. Não era esse o acordo?

Sua mão agarrou meu peito e apertou.

– Sim, mas eu tinha certeza de que alteramos esse acordo quando eu disse que

te amava.

De repente, fiquei feliz por não estar de frente para ele. Lágrimas picaram nos

cantos dos meus olhos. Essa foi a cena que revivia todas as noites, seguida pelo

motorista me perguntando se minhas malas estavam prontas. Engoli em seco,

tentando não chorar.

– Eu chamei o motorista. Depois liguei e providenciei para sentar ao seu lado

no voo de volta. Eu planejava ir com você.

Oh Deus. O assento ao meu lado na primeira classe estava vazio.

– Eu saí para minha corrida matinal e quando voltei você tinha ido embora.

– Ele apertou meu queixo. – Minha vida desmoronou e a única pessoa de que eu

mais precisava me deixou.

Agora eu estava com raiva. Por que ele demorou tanto tempo para me

dizer? Eu tinha sido miserável. Ele poderia ter me encontrado a qualquer

momento.

– Eu não te deixei. Se eu soubesse, teria ficado.

– O que você acha que eu estava fazendo? Fingindo?


Lágrimas escaparam, rolaram pelo meu rosto e se agruparam entre meu rosto

e seus dedos. Não havia como esconder agora.

– Interpretação de papéis. Achei que fosse parte do jogo. Por que demorou

tanto para me dizer?

– Sua reação a mim foi um jogo? Um papel que estava desempenhando?

– Claro que não.

Ele suspirou.

– Estava a caminho do aeroporto. Eu tinha toda a intenção de seguir até você,

quando recebi um chamado de Sebastian. Miriam se matou.

– Oh não.

– Sua nota para você era seu último acerto. Mas isso significava duas

coisas. Eu tinha um amigo para consolar, e qualquer esperança de obter respostas

para o meu fodido passado foi embora.

– Eu sinto muito.

– Sebastian estava preparado para perdê-la para a doença, mas ele não

conseguiu lidar com sua decisão quando ainda tinha vida dentro dela.

Eu o agarrei e acariciei seu braço através do tecido de sua jaqueta.

– Quanto mais o tempo passava, mais eu me convencia de que talvez fosse o

melhor. Como eu ajudei Sebastian com seu pesar, o meu próprio mudando. – Ele
colocou um beijo suave em meu pescoço. – Eu me debrucei através dos

documentos no escritório de Lydia e fiquei mais e mais furioso. Você sabia que o

meu nome não é Xavier Vincent? Eu aparecia como paciente X em algo chamado

Projeto Veritas. Quando eu fui colocado com os novos pais, que eu achava que

eram meus pais verdadeiros, este nome me foi dado.

– Oh meu Deus.

– Eu sou o resultado de um experimento. Uma sociedade secreta de

profissionais psiquiátricos, que pensam que é o seu direito foder a mente das

pessoas a seu bel prazer, por qualquer perversão que eles tenham. Eles são muito

ricos e praticamente imparáveis.

– Então esse é você.

Ele fez uma pausa. Ele beijou meu pescoço, mordiscando levemente com os

dentes.

– É por isso que eu te amo. Mas tem que entender, eu não sei quem eu

sou. Xavier Vincent, rato de laboratório não existe mais. Eu não respondo a

ninguém. Vou caçá-los um por um e expô-los. – Seus lábios jogavam calor em toda

a base da minha garganta.

Meu coração disparou, doeu e inchou. Seu amor não era imaginário, mas sua

dor era mais do que eu mesma era capaz de entender.

Ele respirou fundo.


– Lembra como fizemos chuva na galeria?

Eu engoli em seco. Como eu poderia esquecer?

– Sim.

– Houve uma parte da história que deixei de fora. O rei, depois de ver sua

esposa ser estuprada e vir repetidamente por horas a fio pelos homens da cidade,

levantou-se de seu trono e com os habitantes da cidade reunidos ao redor, ele foi

o último a levar sua esposa.

Sua mão se moveu do meu seio e começou a puxar minha saia pelas minhas

coxas.

– Eles acreditavam que o último homem a tomá-la seria o pai de qualquer

filho produzido, então nunca houve filhos bastardos. Você esteve com mais

alguém desde mim?

– Está de brincadeira? Não, não tenho sido capaz de pensar direito, muito

menos pensar sobre namoro.

–Bom.

– E se eu tivesse dito que sim?

– Eu iria exigir que isso nunca aconteça novamente. Seu rei está aqui para

tomar de volta o que pertence a ele. – Com as duas mãos, ele trabalhou minha saia

para cima das minhas coxas, a juntando ao redor da minha cintura. – Isso vai ser

muito poético. – Ele colocou seu braço em volta da minha cintura, me se inclinou
para frente, deslizando seus dedos dentro da minha calcinha e entre as minhas

dobras.

– O que quer dizer? – Eu gemi quando ele começou a acariciar meu clitóris.

– Você vê que o rei conhecia o corpo de sua rainha melhor do que ninguém, e

na frente de todo o povo da cidade a faz gozar uma última vez. Ele a fodeu com

todos como testemunhas. Ele é o último a derramar sua semente dentro dela e, no

processo, ele termina seu sacrifício. – Ele esfregou com mais força, e ao descer, seus

dedos entraram em mim. – Estou pronto para te recuperar. Nós dois seríamos

demitidos se eu fodesse com você na mesa da sala de reuniões, então aqui está o

plano.

Ele aumentou seu ritmo. Sua outra mão deslizou para dentro da minha

camisa e provocou meu mamilo, enquanto pressionava seu pau duro contra minha

bunda.

– Eu vou fazer você gozar, e então eu vou gozar dentro de você. Nós vamos

voltar para aquela reunião juntos, e não haverá nenhuma dúvida em suas mentes

do que aconteceu. Vou certificar-me de que seja bem fodida antes de voltar.

– Mas não está preocupado com o que as pessoas vão pensar?

Ele enterrou os dedos profundamente.

– Sim, eu estou preocupado que alguns deles possa não saber que você

pertence a mim. Que essa buceta é minha. Por toda a minha vida todas as pessoas

fizeram regras para mim. Eu estou tomando o controle de volta e eu estou


começando com você. – Ele beijou meu pescoço até minha orelha e eu gemi. –

Mesmo se você tivesse dito que tinha me deixado de propósito, não poderia fugir

agora. Eu não sou mais uma vítima, Elaine. Eu sou seu rei. Eu vou conquistar

você. Possuir você para ter certeza de que quando eu finalmente encontrar quem

eu realmente sou, há algo para assentar em quem eu quero ser.

Quanto mais forte e rápido seus dedos se moviam, mais escorregadia eu me

tornava.

– Goze para mim, minha rainha. Deixe que todos saibam a quem você

pertence.

Ele chupou forte o meu pescoço e sua pélvis empurrou contra minha

bunda. Impulsos rápidos para dentro e para fora de mim, seu polegar se moveu

para o meu clitóris esfregando seus dedos penetrantes.

Eu joguei minha cabeça para trás contra seu ombro, a euforia inundando

minha mente.

– Oh, Xavier. Porra. Eu vou gozar.

– Agora, faça isso agora.

Ele virou minha cabeça para o lado e capturou meus lábios. Sua língua

deslizou em minha boca e seus dedos me fodiam com força. Ele engoliu meu

gemido enquanto eu tremia de êxtase.


Mais alguns golpes sobre meu núcleo molhado e sua mão desapareceu. O som

distinto de um zíper baixando encheu a sala.

A cabeça de seu pênis tocou minhas coxas e ele me empurrou para frente na

mesa.

Suas mãos se moveram entre minhas pernas e ampliaram minha postura. Ele

cutucou minha entrada, colocou as mãos em meus quadris e me puxou de volta,

enterrando seu pau até o fim.

– Porra. Você se sente tão bem. Ainda melhor do que eu lembrava.

Ele começou com um ritmo constante e gemia a cada estocada.

– Eu te amo, Elaine. Espero que você possa amar quem eu me tornei.

Com um grande impulso. Ele envolveu seu punho no meu cabelo, roubando

as palavras dos meus lábios.

– Porque, Elaine, preciso que você seja minha constante. Para domar a besta

que quer vingança. Para ser a única com quem posso contar. Você me disse a

verdade quando se afastar teria sido mais fácil. Com você vou encontrar aquele

pedaço de mim que tenho medo de perder com toda essa raiva.

Ele bateu com mais força e mais força. Mudei meus quadris dando-lhe um

acesso mais profundo e suas bolas bateram contra meu clitóris inchado.

– Foda-se. – Ele engasgou quando gozei novamente. Apertando-o, me

fazendo sentir deliciosamente cheia. Ele era um homem grande e a nova rigidez o
estimulou. – Você é tão apertada. Eu não consigo o suficiente. Deus... tão bom pra

caralho.

Eu agarrei a mesa e segurei enquanto ele batia em mim, carne molhada

batendo contra carne molhada.

– Eu vou gozar, Elaine. Estou pegando minha rainha de volta. – Um golpe

profundo. – Porra.

Impulso afiado e profundo seguido de calor e mais plenitude.

Ele se inclinou e deu um beijo na minha nuca. Entre respirações pesadas, ele

sussurrou:

– Eu te amo, Elaine. Nada vai mudar isso.

O som de risadas veio dos elevadores, as pessoas voltavam do almoço.

Tentei me levantar. Antes que eu pudesse, ele puxou e me girou para encará-

lo. Ele me sentou na beirada da mesa e colocou a mão entre as minhas pernas e

puxou minha calcinha de volta no lugar e passou os dedos sobre ela, umedecendo-

a com a evidência de nosso ato de amor.

– Apenas no caso de você decidir se refrescar.

– Você não confia em mim?

Ele segurou meu rosto. Eu respirei profundamente, nosso perfume

combinado, inebriante.
– Você é a única em que confio. A questão é, você pode confiar em mim o

suficiente para me deixar amá-la como preciso agora? Eu preciso da sua rendição.

– Eu me rendo, porque eu te amo, meu rei. – Ele olhou profundamente nos

meus olhos, procurando por algo, e depois de um momento respondeu com um

beijo mais apaixonado do que qualquer outro.

Quando ele soltou meus lábios, ele se enfiou nas calças e fechou o zíper. Ele

me ajudou a sair da mesa para ficar de pé e alisou minha saia.

– Vamos apresentar, minha rainha.

Eu ri.

– Eles vão pensar que eu transei com você para tirá-lo do meu pé sobre a

apresentação.

Um beijo rápido.

– Você não precisa se preocupar. Em meu reino, você e eu governaremos

como iguais. Apenas em meus aposentos você se submeterá. Eles não terão

dúvidas de que o que você fez não foi um favor. Além disso, eu inventei tudo isso,

não houve relatório. Estou totalmente preparado para contar a eles como você me

colocou no meu lugar. Você se incomoda por eu ter acabado de discutir com você

no seu escritório? Com medo de que eles te acusem de foder o chefe?

– Bem... eu tenho que continuar trabalhando aqui depois que você ficar

entediado.
– O que? – Seus olhos se estreitaram e ficaram frios como aço.

– Quer dizer... eu só... – Olhei para o chão além dele.

Ele colocou as mãos em cada lado do meu rosto.

– Olhe aqui. – Ele me forçou a encontrar seu olhar. – Isso não é uma fantasia

passageira. Você consumiu todos os meus pensamentos desde que deixou

Paris. Mesmo aqueles pensamentos que você não deveria ter. – Ele apertou meu

rosto com mais força. – Estou parado no precipício do inferno, sabendo que tenho

que pular. E mesmo que seja errado da minha parte, eu quero você comigo. Se

quiser que eu diga isso a eles, eu direi.

– Não. – Eu disse, me sentindo estúpida pelo meu momento de dúvida.

– Além disso, nós dois precisamos tirar uma licença para caçar esses

bastardos.

– Mas a outra cura... meu trabalho...

– Por favor, entenda, até que isso seja resolvido, não consigo limpar minha

cabeça o suficiente para trabalhar nisso.

Como eu poderia culpá-lo? Depois da descoberta do meu pai, eu fiquei

praticamente inútil.

– É justo. Mas meu trabalho... e como você vai explicar isso? – Eu tracei a linha

de seu lábio.
Ele estendeu a mão e puxou o colar de gaiola da minha camisa e ergueu-o

para eu ver.

– Seu trabalho estará aqui para você quando terminarmos. Isso se ainda

quiser. Você pode achar que ser rainha é uma posição mais adequada. – Ele

sorriu. – Quanto a nós... você me libertou. Eu não vou deixá-los te colocar em uma

gaiola. Amo você, Elaine. Isso é o que vou dizer a eles. Só espero que você possa

aprender a me amar, porque Xavier Vincent era uma ilusão.

– O que te faz pensar que eu não vi você de verdade desde o início?

Ele levou minha mão aos lábios, dando um beijo suave.

– Talvez você tenha e é por isso que eu tive que te ter. Agora, se você pode

sobreviver à verdade...

– Pelo menos na verdade não há dor, porque não pode ser desfeita. As pessoas

estão erradas quando falam da dolorosa verdade. Não é o nascimento da verdade

que causa mais agonia, é a morte da mentira que nos deixa paralisados. E o mais

doloroso são aquelas falsas verdades que tecemos para nós mesmos. Mentiras se

desfazem, ponto por ponto dolorido. Na verdade, doutor, você encontrará a cura

para cada mentira.

– E para mim essa cura é você.


Fim do Livro Um
Sobre a Renea Mason

Renea Mason, autora do romance premiada Symphony of Light and Winter,

escreve romance erótico paranormal e contemporâneo. Quando ela não está

colocando a caneta no papel, elaborando histórias sensuais cheias de amantes

sobrenaturais e maiores do que a vida, ela passa o tempo com seu marido, além

de apoiar dois filhos maravilhosos e dois gatos amorosos, mas carentes.


Para você que chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.
Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para você!

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