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História &
Literatura
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Julio Bentivoglio
Kelly Alves Andrade
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Vitória, 2023
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intenção de violação de propriedade intelectual
Julio Bentivoglio - aspectos
Impressão e Acabamento
Maxi Gráfica e Editora
ISBN: 978-65-5389-070-1
CDD 907
Sumário
Apresentação ..................................................................7
Um inventário de lugares e de estranhamentos ..10
O problema da narrativa e o reencontro entre a
História e a Literatura ..............................................17
Um campo de possibilidades e de questões ........21
Na base de tudo, a palavra ........................................24
Historicidade como chave analítica ........................27
A materialidade das obras literárias ........................29
A pré-história ou pré-existência da obra ..............35
Alguma metodologia de análise do conteúdo das
obras literárias ...........................................................37
O laboratório da criação literária: o autor, sua
cabeça e suas leituras.................................................40
No chão de toda literatura e de toda história está a
ficção ............................................................................42
Interesses, valores e perspectivas.............................46
A criação literária, a tradição e o cânone............48
Para que serve a Literatura? ....................................50
Realidades refletidas, ruídos e estranhamentos...56
Um pouco de crítica literária não faz mal a
ninguém .......................................................................61
Coerência e organicidade da abordagem ..............66
Minha pátria, minha língua ....................................71
Literatura como problema e não como solução ..73
Até onde a ficção pode (nos) levar? .......................76
Borrando a fronteira dos textos ficcionais............80
O tempo, a História e a Literatura .......................84
A fonte fecunda .........................................................90
Possibilidades e itinerários analíticos ...................94
Em cena, a mímesis ...................................................101
Ginzburg, Sthendal e Durval Albuquerque Jr 106
Considerações Finais.................................................111
Referências Bibliográficas ......................................117
Apresentação
Este livro pretende ser uma breve
introdução para quem deseja estudar
História usando como fonte obras literárias.
Afastando-se de discussões mais teóricas,
embora localize algumas questões desta
natureza em linhas mais gerais, fazendo
referência a alguns autores, problemas e obras
de forma bastante pontual, ele se destina a
apresentar instrumental analítico mínimo e
aspectos essenciais que podem ser úteis para
se explorar obras de ficção em pesquisas de
natureza histórica. Ele procura responder a
uma questão muito simples: de que maneira
posso usar um romance como fonte histórica?
A título de ilustração, ele se destina a mostrar
de que maneira livros como Capitães de areia de
Jorge Amado (Palamartchuk, 1998) ou O gato
preto de Edgar Allan Poe (2010) poderiam ser
pensados para se estudar o passado ou alguma
questão histórica particular.
Ao longo de sua leitura serão
levantados alguns aspectos da criação
literária, da ficcionalidade e da narrativa seja
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Há pouco, mencionamos a
importância da crítica literária. Antoine
Compagnon em O demônio da teoria (2014)
revela que a teoria literária francesa era
inexistente até meados dos anos 1970, com
exceção de esforços pontuais, como o curso de
Poética de Paul Valery de 1936 ou o livro de
Jean Paulhan de 1941. Foi então que surgiu a
teoria literária de Wellek e Warren, em 1971.
Até então havia um peso enorme da tradição
literária, do positivismo, da explicação quase
escolar dos textos, verdadeiro entraves à teoria
literária mais elaborada. Deve-se lembrar
que, enquanto isso, do outro lado do Reno,
na Alemanha, proliferavam estudos sobre a
filosofia da linguagem ou a hermenêutica, sem
contar os estudos filológicos presentes desde
o século XIX, como vetores significativos da
leitura, tradução e interpretação de obras
literárias, inicialmente da tradição clássica
greco-romana e, em seguida, acompanhando
a evolução da literatura como um todo, não
somente germânica, mas europeia.
A partir dos anos 1970 a nova crítica,
em grande medida informada pelo pós-
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Literatura como problema e não como solução
Uma leitura mais estreita ou
tradicional da literatura, costumava apresentar
os textos literários como artefatos que
funcionavam mediante o encontro essencial
e quase indissociável entre a forma estética e
função emotiva ou catarse, que seriam traços
distintivos essenciais dos textos literários.
Atualmente, valoriza-se não somente as
intencionalidades ou realizações do autor em
relação ao constructo forma-conteúdo, mas,
sobretudo, os significados e as disposições
produzidos pelos leitores.
De fato, ficção é resultante de uma
elaboração de forma e de conteúdo. A
linguagem vertida para o papel em formatos
literários em si já traduz realidades e sentidos.
Todo texto é um exercício mimético de
realidades, reais, possíveis ou imaginadas
contendo em seu interior o muthos ou a
disposição do enredo e sua intriga. A substância
do conteúdo aparece no tema, nos motivos,
nas cenas, nas personagens, no contexto da
história – que não necessariamente é o do
autor. Há uma ordenação dos significados, da
expressão, das palavras. Pelo menos em tese,
tudo é selecionado, pensado e escolhido pelo
autor. E como as escolhas são feitas com o que
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Borrando a fronteira dos textos ficcionais
Não resta dúvida de que o texto
histórico, como o literário, são artefatos
histórico-linguísticos. A ficção testa os
limites entre o real e o possível. Tanto
uma como a outra representam, pensam e
imaginam a realidade criando simulacros
do real. Para Hayden White, quando um
romancista descreve Londres em meados de
1920, a obra trará consigo uma história e sua
época. Toda obra literária é um testemunho
sobre seu tempo. A Auschwitz de Primo Levi
é real e verdadeira, seu conteúdo da verdade
é, aparentemente, inquestionável, muitos
concordam com o realismo presente em sua
representação (Cf. Ankersmit, 2012). Para
Hayden White isso ocorre porque não há
conflito entre a função referencial e as funções
emotiva e poética em seu texto. Apesar
disso é possível encontrar historiadores que,
como Ranke romantizam ou dramatizam a
história, procurando representar o passado tal
como aconteceu, vinculando-se, portanto ao
realismo, semelhantemente ao literário, mas
impondo limites à livre imaginação (White,
1995). Exemplo disso é que historiadores
não podem inventar personagens ou eventos.
É como se a História tivesse domesticado a
imaginação e a realidade, controlando-as. Fica
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A fonte fecunda
Ao se referir aos textos e documentos
literários Antônio Celso Ferreira (2009) os
identifica como a fonte fecunda. Amparado
na História Cultural ele se pergunta sobre a
especificidade da fonte literária. E como bom
historiador não perde de vista a inserção nas
obras literárias de seu contexto histórico de
produção. Tampouco como se relaciona com
outras linguagens. Leituras como A fonte
fecunda evidenciam como uma infinidade de
caminhos e possibilidades analíticas podem
ser colocadas em movimento para analisar a
fonte literária e que podem ser escrutinadas
por diferentes metodologias.
Se pensarmos na tradição ou no
pensamento francês, pós-estruturalista ou
na história cultural de Roger Chartier e
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Em cena, a mímesis
A tese fundamental do livro Tempo
e Narrativa de Paul Ricoeur, é a de que a
narrativa desempenha um papel central na
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Considerações Finais
A reflexão sobre a narrativa histórica
permitiu à História contemplar sua própria
ficcionalidade. E promoveu seu reencontro
com a Literatura. Isso fez com que se tornasse
mais comum o uso de fontes literárias em
pesquisas históricas. Este livro pretendeu dar
uma pequena contribuição, ao introduzir
e ao familiarizar seus leitores e leitoras com
alguns pontos e ferramentas mais gerais para
poderem pesquisar história usando fontes
literárias. Ele defende que pensar o texto
ficcional como um objeto e não somente
como fonte implica reconhecer a utilidade
da teoria literária, como um corpo auxiliar e
um instrumental que ajuda na compreensão
da natureza de romances, crônicas ou contos,
por exemplo ao lado de outros conceitos e
categorias históricos.
Para Aristóteles (1989), a literatura
e a poesia residiam no poético, ou seja no
verso. Demais textos, em prosa, seriam textos
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Referências Bibliográficas
ALBERTI, Verena. Literatura e autobiografia:
a questão do sujeito na narrativa. Estudos
Históricos, v.4, n.7, p. 66-81; 1991.
ALBURQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz
de. História: a arte de inventar o passado.
Ensaios de teoria da história. Bauru, SP:
Edusc, 2007.
ANKERSMIT, Frank. Experiencia histórica.
In: Narrativismo y teoría historiográfica.
Santiago: Finis Terrae, 2013.
ANKERSMIT, Frank. Verdade na história e
na literatura. In: A escrita da história. Londrina:
Eduel: 2012.
ARISTÓTELES. A poética. In: Os pensadores.
São Paulo: Abril Cultural, 1989.
AUERBACH, Eric. Mimesis. a representação
da realidade no mundo ocidental. 2.ed.
revisada. São Paulo: Perspectiva, 1987.
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