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Justino M. J. Rodrigues ( Coordenador ), E-mail: rjustino20@yahoo.com.br e Cell: +258 82-043 2760
1. Leitura elementar: leitura básica ou inicial, ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma
página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler;
2. Leitura inspecional: arte de folhear sistematicamente;
3. leitura analítica: tem em vista o entendimento global do texto;
4. leitura sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacionando-os entre si.
Considera-se que uma prática de leitura bastante difundida é a técnica SQ3R de Morgan e Deese a
qual compreende as seguintes etapas:
1. Survey (levantamento)
2. Question (pergunta)
3. Read (leitura)
4. Recite (repetição)
5. Review (revisão)
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Para a concretização desses objectivos, é necessário que o leitor busque, em primeiro lugar, a ideia
central, o tópico frásico, que indicará a direcção das ideias expostas. Por isso o leitor deve concentrar-
se na procura e na identificação da hierarquia das ideias expostas. Infere-se desse facto necessidade de
exercícios em que se pratique a identificação da ideia principal e a hierarquização das secundárias.
Somente com essa prática é possível melhorar a qualidade da leitura, cujo objectivo não é outro que
captar, reter, integrar conhecimentos para, posteriormente, reformulá-los, recriá-los, transformá-los.
Outro exercício recomendável para a prática da leitura é a paráfrase, o refrasear das ideias encontradas,
o comentário.
2. Leitura analítica – é uma leitura direccionada para a compreensão crítica do texto. Neste tipo de
leitura, procura-se isolar a estrutura da mensagem: identificar a questão-problema, a palavra-chave,
distinguir a informação essencial das informações acessórias
3. Leitura recreativa – é uma leitura de lazer, ou seja, é uma leitura comandada pela satisfação de
interesses e ritmos individuais.
2. Compreensão de texto
Analisando problemas relativos à leitura, Enilde L. De J. Faulstich, autora de Como ler,
entender e redigir um texto, afirma a existência de textos inteiramente inteligíveis ao leitor e textos cujo
conteúdo não é compreensível completamente pelo leitor. Neste último caso, o leitor buscará superar
essas dificuldades mediante vários procedimentos.
Para o efeito, a autora considera que um dos passos fundamentais no processo de leitura é a
selecção de ideias-chave do texto e crítica. De um modo, geral a expressão-chave de um parágrafo é
compreendida pelo tópico frásico ou seja a frase inicial que expõe sintecticamente as ideias que serão
desenvolvidas no parágrafo.
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Exemplo:
“O assim chamado best-seller suscita todo o tipo de indagação. Alguns factos parecem
suficientemente sólidos. Ele é produto de pelo menos três circunstâncias: a alfabetização quase
universal nos países ricos, a industrialização editorial propiciadora de imensas tiragens, e uma
necessidade, que, se não natural, é extremamente antiga, de narrativa, própria aos seres humanos”
(Ascer, 1991 p. 6-3).
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Alta tecnologia
Desenvolvimento Chapas
Portas
Divisórias
Fibra prensada
Facturamento Matéria-prima
Eucalipto
3. Bibliografia
Ascer, N. (1991). Nunca tantas pessoas leram tanto à beira da piscina. São Paulo: Folha de S.
Paulo.
Faulstich, E. (1988). Como ler, entender e redigir um texto. Petropolis: Vozes.
Molina, O. (1992). Ler para aprender: desenvolvimento de habilidades de estudo. São Paulo: EPU.
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Exercícios
1. Com base nos conhecimentos que adquiriu, faça a leitura e interpretação dos textos que se
seguem recorrendo ao método de identificação de palavras-chave e ao método da segmentação
textual.
TEXTO A
Nas últimas décadas da Idade Média, surgiu na Itália um movimento a que se chamou Humanismo
e que foi o responsável imediato pela radical modificação no sistema de vida do homem ocidental, na
sua filosofia, na sua maneira de encarar o mundo e a religião, na sua literatura.
O Humanismo tem, pelo menos, dois significados. Em primeiro lugar, foi um movimento de
carácter filológico que redescobriu, traduziu, restaurou e explicou a partir do século XIV,
principalmente, grande número de obras literárias, históricas e filosóficas da antiguidade clássica.
Não se pode dizer que no período medieval tais obras fossem inteiramente desconhecidas. Vários
autores antigos já eram lidos antes do humanismo; entretanto, o manuseio desses autores estava
limitado a um número mínimo de leitores, a uns poucos eruditos e, principalmente, ao clero,
depositário da obra e da cultura clássicas. A tendência do pensamento medieval era considerar tudo
aquilo que tivesse sido produzido pela antiguidade clássica como manifestação de paganismo e, por
consequência, pecaminoso. Além disso, o alto preço do livro e a ignorância do homem comum
impediam-no de ter acesso a essas manifestações culturais, fossem literárias, fossem filosóficas.
Assim sendo, a maior parte da produção clássica estava esquecida ou era desvalorizada, quando
não atendia aos propósitos da Igreja.
Coube exactamente aos humanistas, Petrarca, em primeiro lugar, a redescoberta e revalorização
dessas obras. Surpreenderam-se eles ao encontrar, vinda da época anterior, uma produção artística
incomparavelmente superior à literatura da sua própria época. Não há termo de comparação entre,
por exemplo, os grandes poemas épicos gregos e latinos com as produções similares da Idade Média,
as chamadas Canções de Gesta; entre a produção histórica de César ou Tito Lívio com os cronicões
portugueses; entre os poemas líricos de Horácio ou de Ovídio com as cantigas provençais. Daí a sua
admiração por tudo o que vinha do mundo antigo e a valorização dele, que passou a ser visto com
outros olhos.
Em segundo lugar, temos o outro significado de Humanismo: a valorização do homem como tal.
Aliás, o movimento filológico que recebeu o mesmo nome teria ficado provavelmente perdido, ou, pelo
menos, não teria a importância que realmente teve, não fosse a valorização do homem.
Sabe-se que, na Idade Média, o homem era, regra geral, presa de superstições, dominado pelo
medo e pela angústia diante do desconhecido, vivendo exclusivamente em função de Deus e
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procurando com Ele identificar-se, menos por amor do que por temor do castigo eterno. Tudo, então,
girava em torno de Deus, centro único de todas as coisas. Dominava o teocentrismo.
Certos acontecimentos, porém, vieram fazer com que o homem medieval passasse por uma
modificação, a bem dizer, total. Entre eles devem-se ressaltar a descoberta da pólvora, da bússola e a
invenção da imprensa.
O uso da pólvora e as grandes navegações, propiciadas pela bússola, vêm encher de orgulho o
homem amedrontado e ignorante da Idade Média. Novas portas se abrem com as navegações.
Desbrava os oceanos, enfrenta tempestades no alto mar e consegue voltar ao ponto de partida ou
atingir o porto desejado. Os mares despovoam-se, diante dos seus olhos maravilhados, de todos os
seres fantásticos e monstruosos que fervilhavam na sua mente atormentada e supersticiosa. Entra em
contacto directo com a Natureza e procura desvendar os seus segredos, tentando compreendê-la e
explicá-la através da perquirição, à luz do estudo e da razão, e não mais através do sobrenatural.
Começa a ser banida toda a subordinação em que vivia, subordinação ao inexplicável, ao misterioso,
ao inatingível e ao sobrenatural. Nasce, então, no homem aquele orgulhoso espírito de independência
que o coloca como ser supremo no mundo em que vivia. Como consequência disso, valorizam-se a sua
vida e o seu estar no mundo, relegando-se para segundo plano a vida espiritual, até então
predominante. Tudo isso, o orgulho de ser homem e a certeza de saber, substituem o teocentrismo
medieval pelo antropocentrismo.
A invenção da imprensa, por seu lado, coloca o livro nas mãos de um número muito maior de
pessoas e não somente nas mãos de poucos privilegiados. Os humanistas já têm condições de divulgar
todas as maravilhas que haviam descoberto no mundo antigo.
Senhor de si, orgulhoso da sua condição puramente humana, da sua inteligência, do seu saber, as
ideias religiosas, a subordinação da carne ao espírito ficam relegadas para segundo plano. O homem,
então, aceita aquilo que lhe havia sido mostrado: novo sistema e nova filosofia de vida, novos valores
filosóficos e literários.
Foi exactamente ao reviver da antiguidade clássica, ao retorno aos padrões de vida desconhecidos
pelo grosso da humanidade ocidental, à revalorização do mundo greco-latino, a partir do humanismo,
das suas artes, da sua filosofia de vida, da sua literatura, foi a isso que se chamou Renascimento.
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2. Leia os textos que se seguem e depois responda às questões que lhe são colocadas:
TEXTO A
As estratégias identitárias
Se a identidade é tão difícil de captar e de definir, é precisamente devido ao seu carácter
multidimensional e dinâmico. É o que lhe confere a sua complexidade, mas também o que lhe dá a sua
flexibilidade. A identidade conhece variações, presta-se a reformulações, quando não manipuladas.
É para sublinhar esta dimensão mutante da identidade, que nunca constitui uma solução definitiva, que
certos autores utilizam o conceito de estratégia identitária. Nesta perspectiva, a identidade surge como
um meio visando atingir um fim. A identidade não é, portanto, absoluta, mas relativa. O conceito de
estratégia indica também que o indivíduo, como actor social, não está desprovido de uma certa margem
de manobra. Em função da sua apreciação da situação, utiliza de modo estratégico os seus recursos
identitários. Na medida em que é que uma parada de lutas sociais de “classificação”, segundo a
expressão de Bordieu, que visam a reprodução ou a transformação das relações de dominação, a
identidade constrói-se através das estratégias dos actores sociais.
No entanto, o recurso ao conceito de estratégia não deve levar-nos a pensar que os actores sociais são
completamente livres de definirem a sua identidade segundo os seus interesses materiais e simbólicos
do momento. As estratégias devem necessariamente ter em conta a situação social, as relações de força
entre os grupos, as manobras dos outros, etc. Se pela sua plasticidade, a identidade se presta, pois, à
instrumentalização – sendo, como diz Devereux, uma “ferramenta” e até mesmo uma “caixa de
ferramentas” -, não é possível aos grupos e aos indivíduos fazerem não importa o quê em matéria de
identidade: a identidade é sempre a resultante da identificação que nos vemos ser imposta pelos outros
e da que nós próprios afirmamos.
Um tipo extremo de estratégia de identificação consiste em ocultar a identidade que se assume a fim de
escapar à descriminação, ao exílio ou inclusivamente ao massacre. Um caso histórico exemplar desta
estratégia é dos marranos. Os marranos são esses judeus da Penísula Ibérica que exteriormente se
converteram ao Catolicismo no século XV, para escaparem à perseguição e à expulsão, permanecendo
fiéis à sua fé ancestral e mantendo em segredo um certo número de ritos tradicionais. A identidade
judáica pôdel, assim, transmitir-se clandestinamente no interior de cada família ao longo dos séculos,
de geração em geração, até lhe ser dado afirmar-se de novo publicamente.
Emblema ou estigma, a identidade pode ser, portanto, instrumentalizada nas relações entre grupos
sociais. A identidade não existe em si, independentemente das estratégias de afirmação identitária dos
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actores sociais que são ao mesmo tempo o produto e o suporte das lutas sociais e políticas (Bell, 1975).
A insistência posta no carácter estratégico fundamental da identidade permite superar o falso problema
da veracidade científica das afirmações identitárias.
Denys Cuche, A Noção de Cultura nas Ciências Sociais, pp. 135-136 (Adaptado)
TEXTO B
A identidade não é algo que nos seja entregue na sua forma inteira e definitiva; ela constrói-se e
transforma-se ao longo da nossa existência. Muitos livros já o afirmaram e explicaram copiosamente,
mas não é inútil sublinhá-lo uma vez mais: os elementos da nossa identidade que já estão em nós ao
nascermos não são muito numerosos – algumas caracteríticas físicas, o sexo, a cor...e mesmo aí, além
do mais, nem tudo é inato. Ainda que não seja evidentemente o meio social que determina o sexo, é
este, apesar de tudo, que determina o sentido dessa pertença: nascer rapariga em Cabul ou em Oslo não
tem o mesmo significado, a jovem não vive a sua feminilidade (ou qualquer outro lemento da sua
identidade) da mesma maneira...
Tratando-se da cor, poder-se-ia formular um comentário similar. Nascer negro em Nova Iorque, em
Lagos, em Pretória ou em Luanda, não tem a mesma significação, poder-se-ia dizer wue não se trata da
mesma cor, do ponto de vista identitário. Para uma criança que vê a luz na Nigéria, o elemento mais
determinante para a sua identidade não é o ser negro, mas o ser ioruba, por exemplo, em vez de haussa.
Na África do Sul, ser negro ou branco continua a ser um elemento significativo da identidade; mas a
pertença étnica – zulu, xhosa – é pelo menos igualmente importante. Nos Estados Unidos, descender de
um antepassado ioruba em vez de haussa é perfeitamente indiferente; é sobretudo entre os brancos,
ingleses, irlandeses e outros – que a origem étnica é detyerminante para a identidade. Por contraste,
uma pessoa, uma pessoa que tivesse, entre os seus antepassados, brancos e negros seria apelidada
“negra” nos Estados Unidos, enquanto na África do Sul seria considerada “mestiça”.
Que razão leva a mestiçagem a ser tida em conta em certos países enão em outros? Porquê será a
pertença étnica determinante em certas sociedades e não em outras? Poderíamos avançar, para cada
caso, algumas explicações mais ou menos convincentes. Mas não é isso o que me preocupa nesta altura.
Apenas mencionei estes exemplos para insistir no facto de que mesmo a cor e o sexo não são elementos
“absolutos” da identidade....Com maior razão, todos os outros elementos s~ao ainda mais relativos.
Em cada uma das questões seguintes, assinale com um círculo a alternativa de resposta – e só uma –
que melhor corresponde ao sentido do texto.
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1. Segundo o texto:
a. Todos os elementos da nossa identidade nascem connosco
b. Muitos elementos da nossa identidade nascem connosco
c. Nem todos os elementos da nossa identidade nascem connosco
d. Nehum elemento da nossa identidade nasce connosco.
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TEXTO C
As Identidades Assassinas
Sem pretender estudar em detalhe um fenómeno tão complexo como as relações entre os homens e as
suas línguas, parece-me importante evocar, no quadro bem delimitado deste ensaio, certos aspectos que
dizem especificamente respeito à noção de identidade, para constatar, desde logo, que em cada ser
humano existe a necessidade de uma língua identitária. Esta é, por vezes, comum a centenas de milhões
de indivíduos; outras vezes, a alguns milhares apenas. A este nível, apenas conta o sentimento de
pertença. Cada um de nós tem necessidade deste laço identitário poderoso e reconfortante.
Nada é mais perigoso do que tentar romper o cordão maternal que liga um homem à sua língua.
Quando ele se rompe, ou quando fica seriamente enfraquecido, isso repercute-se desastrosamente sobre
o conjunto da sua personalidade. O fanatismo que ensanguenta a Argélia explica-se por uma frustração
ligada ainda mais à língua do que à religião. A França nunca tentou converter os muçulmanos da
Argélia ao cristianismo, mas quis substituir a língua deles pela sua, de modo expedito, e sem lhes dar
em troca uma verdadeira cidadania. Seja dito, a propósito, que nunca compreendi como um Estado que
se diz laico pôde alguma vez atribuir a alguns dos seus elementos a classificação de “franceses
muçulmanos” e privá-los de alguns dos seus direitos, pela simples razão de terem uma religião
diferente da sua…
Mas fecho rapidamente este parêntese, pois ele não passa de um exemplo trágico entre muitos outros.
Faltar-me-ia o espaço, se quisesse descrever em detalhe tudo o que os homens têm de suportar, hoje
ainda, e em todos os países, pela simples razão de se exprimirem numa língua que suscita à sua volta a
desconfiança, o desprezo ou a troça.
É essencial que o direito de todo o homem a conservar a sua língua identitária e a dela se servir
livremente, seja claramente estabelecido, sem a menor ambiguidade, e que seja vigiado sem descanso.
Essa liberdade parece-me mais importante ainda do que a liberdade da religião, pois esta última
protege, por vezes, doutrinas hostis à liberdade e contrárias aos direitos fundamentais de homens e
mulheres. Teria, quanto a mim, alguns escrúpulos em defender o direito de expressão daqueles que
defendem a abolição das liberdades e propõem diversas doutrinas de ódio e de sujeição. Ao contrário,
proclamar o direito de todo o homem a falar a sua língua não deveria suscitar qualquer hesitação desse
tipo.
Nem sempre esse direito é fácil de pôr em acção. Uma vez enunciado o princípio, fica por fazer o
essencial. Será que todos podem reivindicar o direito de ir a uma repartição e aí falar a sua língua
identitária, tendo a certeza de que o funcionário sentado por detrás do guichet os compreende? Será que
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uma língua, que durante muito tempo foi oprimida, ou pelo menos negligenciada, pode legitimamente
reafirmar o seu lugar à custa de outra, e com o risco de instaurar um outro tipo de discriminação? Não
se trata aqui, evidentemente, de nos debruçarmos sobre os diferentes casos emblemáticos, do Paquistão
ao Quebeque, e da Nigéria à Catalunha. Trata-se de entrar, com bom senso, numa era de liberdade e de
diversidade serena, desembaraçando-nos das injustiças passadas sem as substituir por outras injustiças,
por outras exclusões, reconhecendo, ao mesmo tempo, a cada um o direito de fazer coexistir, no seio da
sua identidade, variadas pertenças linguísticas.
Bem entendido, nem todas as línguas nasceram iguais. Mas direi acerca delas o que digo sobre as
pessoas, a saber: que todas elas têm o mesmo direito ao respeito pela sua dignidade. Do ponto de vista
da necessidade de identidade, a língua inglesa e a língua islandesa preenchem exactamente o mesmo
papel: é quando se considera a outra função da língua, a de instrumento de troca, que elas deixam de ser
iguais.
1. De acordo com o texto, em cada ser humano existe a necessidade de uma língua identitária
porque:
A. a identidade é importante para o sentimento de pertença
B. a identidade é, por vezes, comum a centenas de milhões de indivíduos;
C. cada um de nós tem necessidade do laço identitário
D. a língua é um intrumento poderoso e reconfortante.
3. Para o autor, o fanatismo que ensanguenta a Argélia explica-se por uma frustração ligada
ainda mais à língua do que à religião porque:
A. A França nunca tentou converter os muçulmanos da Argélia ao cristianismo
B. A França substituiu a língua deles pela sua, de modo expedito
C. A França trocou a sua verdadeira cidadania.
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TEXTO D
Uma das marcas do século que agora termina consiste no zelo tantas vezes feroz com que certos grupos
se erguem na defesa de uma retórica identitária. Em 1974, pôde-se estimar (Greely) que os conflitos
étnicos provocaram a morte a 20 milhões de pessoas depois da II Guerra Mundial. Após essa data, este
número, sem dúvida impreciso, aumentou de forma considerável, e isto, todos os dias. O que anima o
discurso identitário fechado que serviu de base de sustentação a todos os regimes totalitários deste
século é invariavelmente «uma ideia de morte». Está, assim, estabelecido o grau de pertinência
simbólica que a identidade cultural possui para grande número de pessoas. Isto, mau grado as reservas
praticamente unânimes que os cientistas sociais colocam quanto à sua pertinência empírica.
Falam, sobretudo, de generalizações abusivas, associadas a essa memória semântica em que consistiria
a identidade cultural cujo conteúdo tem um carácter muito mais instável do que aquilo que os puristas
(e purificadores) pensam ou fazem crer que pensam. É certamente a este fenómeno, entre todos
epistemologicamente impertinente e eticamente desconfortável que Denis Cuche se refere quando
afirma: «A tendência para a mono-identificação, para a identidade exclusiva, conquista terreno em
numerosas sociedades contemporâneas. A identidade colectiva é declinada no singular, de si para si
próprio, quer para os outros.»
Esta elaboração teórica identitária que, como já se referiu, teve (tem) neste século consequências
sufocantes, assenta numa noção de cultura-identidade rígida, ossificada, que, mau grado as suas
diversas tonalidades, é geralmente por relativismo cultural. Na verdade, o que se verifica é que o
percurso do que chamamos relativismo cultural não se revelou ele próprio unilinear, já que oscilou
entre o relativismo aberto, assente na noção de equivalência, e o fechado que supõe a singularidade
intransponível das culturas.
Neste tecido inextricável de posições teóricas, talvez seja oportuno lembrar que, na sua origem, o
relativismo cultural foi uma noção elaborada pelos antropólogos sociais que procuravam dar uma base
de sustentação à tolerância, aos valores que irrigam as diversas culturas. Foi constituída pelo
antropólogo americano Franz Boas e consistia no reconhecimento da pluralidade das sociedades
humanas por oposição à natureza única da «civilização». O seu carácter inovador traduziu-se no facto
de o relativismo se opor à teoria do evolucionismo unilinear da cultura que se tinha imposto na segunda
metade do século XIX e que servia de apoio ao desprezo pelos povos chamados primitivos,
considerados atrasados.
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No entanto, terminada a II Guerra Mundial e com o movimento de independência das colónias, essa
dinâmica política provocou uma alteração na designação dessas sociedades até então tidas como
primitivas, passando a ser conhecidas por subdesenvolvidas ou, através de um eufemismo, por «em vias
de desenvolvimento», o que inculca a ideia da necessidade de uma cooperação entre os países
desenvolvidos e aqueles «em via» de desenvolvimento. Perante esta circunstância, a noção de
relativismo cultural na sua versão fechada foi posta em crise já que dificultava, para não dizer que
tornava impossível, essa cooperação.
2. De acordo com o texto, os conflitos étnicos são uma forma usada pelos grupos para:
A. promover a sua retórica identitária
B. promover um discurso identitário fechado
C. promover um regime totalitário
D. promover a identidade cultural
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8. A noção de relativismo cultural na sua versão fechada foi posta em crise porque:
A. houve uma alteração na designação dessas sociedades primitivas
B. houve necessidade de uma cooperação entre os países no mundo
C. A noção era bastante aberta e não permitia manipulações flexíveis
D. O fim da II Guerra Mundial precipitou a revisão dos conceitos
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TEXTO E
Todos estamos conscientes dos equívocos que derivam de, tendo culturas diferentes, falarmos a mesma
língua. Estes equívocos resultam sobretudo do facto de, sendo as palavras as mesmas, um certo nível do
seu conteúdo semântico eventualmente aquele que os dicionários não registam – ser muito diferente.
A língua é, como se sabe, uma parte da cultura. O seu contexto integra muitos outros sistemas
simbólicos –sistemas de observação do mundo, sistemas de avaliação das coisas, sistemas de
construção de inferências. Estando sempre implícitos nos actos de falar (e de escrever), não fazem
parte dos processos de aprendizagem de uma língua estrangeira nem se transmitem integralmente
quando uma língua é exportada para outra cultura como língua corrente ou veicular.
Quando uma língua é recebida de fora, ela é integrada num outro universo simbólico. Nesta medida, as
suas palavras ganham sentidos novos, muitas vezes tão inefáveis, indirectos e subtis que nem sequer
são registados nos melhores dicionários. Articulando as mesmas palavras, os interlocutores dizem, de
facto, coisas diferentes. Por vezes a língua originária nem sequer resiste, na morfologia das das suas
palavras, à força deste novo contexto comunicacional. Nesse caso, surgem, por exemplo, os crioulos,
que articulam de forma completamente autónoma o sentido (semântica) com a forma (fonética, sintaxe)
Salvo neste caso, em que as diferenças linguísticas já são patentes, o mais grave deste diálogo frustrado
numa mesma língua é que o desentendimento não é aparente. Aparentemente está-se falando do
mesmo. Mas, de facto, cada um está a falar de coisas diferentes.
No seio das organizações que reúnem falantes da mesma língua, as fórmulas diplomáticas, filhas ou da
boa vontade ou de interesses menos bonitos, encobrem este facto da incomunicação com a retórica da
fraternidade linguística e do entendimento que ela promoverá. A língua comum suporta um discurso de
fraternidade, da história, dos destinos comuns, dos interesses comuns. Quando chegamos aos interesses,
claramente vemos que eles não são tão comuns como isso, como é natural e inevitável.
Por isso é que parece que uma política sã e honesta da língua comum deve partir de uma análise
rigorosa das especificidades. Das especificidades das culturas (que frequentemente nem sequer
correspondem, ponto por ponto, aos Estados envolvidos, já que há Estados multiculturais), das
especificidades das políticas linguísticas quanto à cultura veicular, da especificidade dos interesses
subjacentes.
Só do reconhecimento dos particularismos da posição de cada uma das partes pode surgir uma
estratégia linguística e cultural convergente (ou apenas parcialmente convergente) que seja plural e
franca.
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3. No seio das organizações que reúnem falantes da mesma língua, com base na retórica da
fraternidade linguística e do entendimento que ela promoverá:
a. as fórmulas diplomáticas encobrem a incomunicação
b. o discurso de fraternidade, da história, dos destinos comuns, dos interesses comuns e
suportado por uma língua
c. uma língua que respondera aos interesses de índole diversa
d. uma língua de comunicação intercultural para toddos os falantes
4. Uma política sã e honesta da língua comum deve partir de uma análise rigorosa:
a. das especificidades linguistico-culturais
b. das especificidades culturais
c. das especificidades linguísticas
d. das especificidades dos interesses subjacentes.
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TEXTO F
É a este outro comportamento que não nega nem se nega que se chama “diálogo”, etimologicamente
“conhecimento através de”. É um processo vivo, caloroso, em que o pensamento e a emoção se
confundem e mutuamente se estimulam. É o oposto da prática do consenso – que, muitas vezes, nem
bom senso é! – e que tudo reduz a um menor denominador comum. Por essa vala comum onde se
enterram valores têm desaparecido grupos e ideias, projectos sociais e propostas políticas.
A tendência para uma tolerância “total” é muitas vezes na sua raiz uma dramática incapacidade de
admirar, de “olhar para”, e, no termo, de escolher e de amar o que a razão aponta como mais certo,
mais nobre, mais verdadeiro. Não são apenas as ideias ou as pessoas que são portadoras de uma
qualidade capaz de inovar e de trazer novos valores à sociedade que são, delicadamente é certo,
empurradas para as margens.
(Porque a máquina, essa, interpessoal ou institucional, continua entregue ao jogo subtil da tolerância
que ergue em “verdade” o concerto das opiniões.) Outro processo mais grave tem paradoxalmente
lugar: aquele que “tolera” raramente se entrega, se abre a quem só “tolera”. É, no plano social e
político, a mera “coexistência pacífica”, uma máscara exterior a esconder os antagonismos e as reais
incapacidades de coexistência. No plano pessoal, é uma confiança ( ou apenas uma táctica, não isenta
de um certo grau de cinismo) em que o tempo tudo resolverá...
Quando vejo a tolerância nesta sua forma primária, agindo ao nível político, sinto-me perante um
travão impedindo perversamente o que deve ser o próprio cerne da vida política: o conhecimento e a
invenção de regras próprias da ciência política para as aplicar à acção política no seu inexorável e
exigente quotidiano. Porquê então tanta tolerância que impede essa acção e estrangula o que é evidente
e, por isso, inovador? Como nas relações interpessoais ou num pequeno grupo, também aquele que
cultiva – sem dúvida com virtude e esforço – a tolerância tem um grande desejo, talvez inconsciente,
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mas que a sua atitude vai estrategizando: como o explicou há muito tempo Serge Moscovici, o que ele
verdadeiramente quer é ser amado, muito amado, por todos, sejam eles quem forem. Não quer
conflitos: vê neles não a expressão da vitalidade do real mas uma situação que o vai talvez tornar
menos amado por alguns. Daí a sua ambivalência: aos olhos dos que tolera, ama cada um e o seu
contrário. O seu comportamento pode ser racionalizado, explicado até por razões altruístas, mas a sua
sede de ser tolerante pode torná-lo intolerante face às normas que quer defender, face mesmo aos
valores que julga serem os motores da sua vida e da sua acção. Numa análise da multiplicidade
identitária em qualquer sociedade ( ou grupo), Alain Touraine põe claramente os limites da tolerância:
“A procura da tolerância não é aceitável senão quando é acompanhada pela rejeição do intolerável”.
A tolerância não se esgota na denúncia que acabo de fazer. Ela tem uma “face luminosa” e “lugares”
próprios no corpo social. Em primeiríssimo lugar, a escuta daqueles cuja actividade é guiada pela ética
freudiana que Lou Andreas-Salomé descreve, “como a de um aquiescer escrupuloso, uma consciência
delicada do próprio Freud face a toda a realidade, por mais contraditória, insignificante ou incómoda
que fosse”. Em segundo lugar, uma grande questão filosófica e espiritual que é quase insolúvel e que a
vida inteira não chega para aprofundar. É o que Jankélévitch, reconhecendo que ele “implica o
sentimento de uma contradição irracional e quase absoluta”, chamou “o mistério do absoluto plural”.
Só nesse absoluto, a tolerância é expressão do respeito pela dignidade do outro e via de harmonia
social.
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TEXTO G
Maputo
É Maputo singular a muitos títulos e por alguma razão muita gente que visita fica surpreendida ou
mesmo deslumbrada, com a paisagem da cidade. Bastam apenas uns dias para se ficar cativo da terra e
da vida. Qualquer sortilégio se exerce nas almas porque o ambiente envolve os espíritos e as pessoas
gostam de estar. Os moradores sabem há muito que é assim e dizem que a água do Umbelúzi tem
feitiço. Talvez o fascínio da cidade venha ter sido amorosamente erguido. Ainda hoje ela nos surge
quase de surpresa e de repente no fim do mato, numa enxurrada de oficinas, guindastes, navios e longas
centopeias de vagões vazios atulhados, quando se chega de comboio; ou no fim do mar, escondida na
pequena baixa à beira-rio, com o colorido, desenho e a graça duma construção imaginosa de pequenos
blocos a encaixar, com que tivessem estado crianças a entreter-se de fantasia entre árvores e flores. Mas
também se atinge a cidade serpenteando as fitas extensas das estradas, de Oeste, do Sul e do Norte,
passando mato, vilórias, casas isoladas com patrulhas da Civilização avançando, até se desembarcar na
confusão dos arrabaldes. Mas o comum e corrente é pousar do ar, suavemente, em Mavalane.
É saborosa e espectacular, à chegada, uma volta pelo ar. Convergem de longe rios que se perdem no
horizonte, e a terra cobre-se toda, pelo Norte, gradualmente, de verrugas, que se adensam como bexigas
negras, a revesti-la de um tecido grosso e rugoso sob o imenso cajual. Dum lado é o cais pejado de
navios, armazéns e mercadorias a granel, lanças de guindastes a funcionar dia e noite como espadas de
combate, filas de vagões em madeixas de linhas que se estendem pela terra fora, ao longo da água, tudo
a negro, cinzento, ferrugens e prata. Do outro são os grandes blocos comerciais da baixa depois a
heterogénea paisagem das zonas industriais da confusão das fábricas, oficinas e armazéns que se
preparam para dar a volta ao estuário porque já não cabem na orla marítima ao fundo onde fumegam
chaminés de grandes fábricas.
Outra surpresa é a noite que envolve a cidade num carnaval de cor. Do ar, à noite, a cidade é um
arraial feérico e festivo e certas ruas largas e extensas parecem longas pistas iluminadas à espera de
aterrar o nosso avião. Mais viva ainda é a toalha que cobre extensamente o cais, as linhas férreas e as
fábricas, numa densa claridade de dia artificial para o trabalho não parar a noite fora. Onde ainda
existem reminiscências antigas é na larga cintura negra que do ar parece, de noite, um grande
acampamento improvisado semeado de pequenas fogueiras vermelhas nos quintais.
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1. De acordo com o texto, muita gente que visita a cidade de Maputo fica surpreendida e
mesmo deslumbrada porque:
A. Maputo é uma cidade bela
B. Maputo é uma cidade singular
C. Maputo tem belas paisagens
D. Maputo tem um bom ambiente
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TEXTO H
A necessidade do cepticismo político
Uma das peculiaridades do mundo de língua inglesa é o seu imenso interesse e crença nos partidos
políticos. Uma grande percentagem de gente que fala inglês acredita realmente que os males de que
sofre seriam curados se estivesse no poder determinado partido político. Há um motivo para o pêndulo
oscilar. Um homem vota num partido e continua infeliz; conclui, assim, que o outro partido é que lhe
daria a superioridade. Quando afinal se desencanta de todos os partidos, já é um velho com o pé na
cova; os filhos retêm a crença da juventude, e o erro continua.
Desejo sugerir que, para obtermos algum resultado em política, devemos encarar as questões de
maneira totalmente diferente. Numa democracia, o partido que deseja galgar o poder deve fazer um
apelo ao qual responde a maioria da nação. É difícil que não seja nocivo, na democracia existente, um
apelo de amplo êxito. Portanto, não é provável que nenhum partido político tenha um programa útil, e,
para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra organização diferente
do governo partidário. Um dos problemas mais urgentes da nossa época é combinar essa organização
com a democracia.
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Onde quer que exista a política partidária, o político recorre primariamente a um sector da opinião
pública, enquanto os seus adversários se dirigem ao sector oposto. O seu sucesso depende da
transformação do seu sector em maioria. Uma medida que interessa igualmente a todos os sectores, será
presumivelmente terreno comum a todos os partidos e, portanto, de nada servirá o político.
Consequentemente, ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o
núcleo dos adeptos do adversário. Além disso, por mais admirável que seja uma providência, será inútil
ao político, a menos que lhe possa dar razões que, expostas num discurso, pareçam convincentes para o
homem comum. Temos assim duas condições que devem ser preenchidas pelas medidas que os
políticos mais realçam: (1) devem parecer favoráveis a um sector do país; (2) os argumentos a seu favor
devem ser da maior simplicidade. Naturalmente, isto não se aplica em tempo de guerra, porque então o
conflito partidário suspende-se em favor do embate com o inimigo exterior. Na guerra, as artes do
político são aplicadas aos neutros, que correspondem ao eleitor hesitante da política normal. A última
guerra demonstrou que, como seria de esperar, a democracia constitui um treino admirável para a tarefa
de apelar para os neutros. Foi essa uma das razões principais da democracia ter ganho a guerra. É
verdade que perdeu a paz; mas isso já é outra questão.
A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade
despertar, e como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na
política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham; o homem que visar objectivos mais
nobres será expulso, excepto naqueles raros momentos ( principalmente revoluções ) em que o
idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira. Além disso, como os
políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que tenham a sorte de
uni-la numa guerra contra outra nação. Vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”. Não
podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não acarrete divisão ( seja entre
nações seja ao nível nacional), ao que reduza o poder dos políticos como classe.
O perito é um tipo curiosamente diferente. Via de regra, é um indivíduo que não almeja o poder
político. A sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de
perguntar se seria popular. Em certos campos, possui excelente conhecimento técnico. Se for
funcionário público ou chefe duma grande empresa, tem considerável experiência dos cidadãos, e pode
ser um juiz arguto das suas acções. Tudo isto são circunstâncias favoráveis, que conferem peso à sua
opinião sobre o assunto.
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Todavia, ele apresenta em geral defeitos correlativos. Como o seu saber é especializado, sobrestima
provavelmente a importância da sua profissão. Se formos sucessivamente a um cirurgião-dentista, a um
oftalmologista, a um cardiologista, a um tisiólogo, a um neurologista, e assim por diante, cada um dará
conselhos admiráveis sobre a maneira de evitar as doenças das suas especialidades. E se seguirmos os
conselhos de todos, verificaremos que as vinte e quatro horas do dia serão poucas para conservar a
saúde, não nos sobrando tempo para gozarmos a mesma. Isto aplica-se facilmente aos peritos em
política; se todos os seus conselhos fossem seguidos, a nação não teria tempo para a vida normal.
Bertrand Russel
1. Segundo o texto, o interesse e a crença do mundo inglês nos partidos políticos justifica-se
pelo facto de:
A. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente nos partidos políticos
B. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os partidos
políticos resolvem os problemas
C. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas
seriam resolvidos com um outro partido político no poder
D. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas
seriam resolvidos com um determinado partido político no poder
C. médicos
D. C.funcionários públicos
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7. No texto, a expressão “na política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham
quer dizer:
A. que o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto naqueles raros
momentos em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão
interesseira.
B. que os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que
tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação.
C. que os políticos vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”.
D. que os políticos não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao
que não acarrete divisão
10. “....o para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra
organização diferente do governo partidário”. O que está sublinhado pode ser substituído
por:
A. necessidades
B. medidas
C. cautelas
D. acções
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TEXTO I
Portanto, as opiniões idealistas tal como as religiosas baseiam-se no conceito de que o pensamento,
a ideia, existem independentemente da matéria. A primeira forma primitiva da visão do mundo foi a
religião resultante da incapacidade do homem selvagem de se opor à natureza, do receio perante as
forças misteriosas e espontâneas. O homem primitivo tinha uma ideia deturpada sobre as suas relações
com a natureza e expressava a sua rendição sob a forma de imagens fantasmagóricas, produtos da
imaginação.
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2. Para o autor a primeira forma primitiva da visão do mundo foi a religião. Isso
significa que
a. a religião foi a primeira forma de visão do mundo
b. a religião foi a forma mais antiga de visão do mundo
c. a religião foi a forma primária de visão do mundo
d. a religião foi a forma mais ultrapassada de visão do mundo
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Ela pronome come verbo depressa advérbio o determinante bolo nome quente adjectivo porque conjunção está
verbo com preposição fome nome
2.2.1 O Artigo
O artigo definido
SUAS FORMAS
Singular Plural
Masculino.......................................................o os
Feminino.........................................................a as
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O artigo definido português contrai-se com as preposições a, de, em, e por, dando lugar às seguintes
formas:
SINGULAR
Masculino Feminino
Com a..............................................................ao à
Com de............................................................do da
Com em...........................................................no na
Com por...........................................................pelo pela
PLURAL
Masculino Feminino
Com a..............................................................aos às
Com de............................................................dos das
Com em...........................................................nos nas
Com por...........................................................pelos pelas
O artigo indefinido
SUAS FORMAS
Singular Plural
Masculino....................................................um uns
Feminino.....................................................uma uma
Exemplo:
Um garoto
Uma cobra
Uns doidos
Umas fitas
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Contracções
O artigo indefinido português contrai-se com as preposições de e em, dando lugar às seguintes
formas:
SINGULAR
Masculino Plural
Com de........................................................dum duma
Com em.......................................................num numa
PLURAL
Masculino Plural
Com de........................................................duns dumas
Com em.......................................................nuns numas
Exemplos:
Uma criança dum meu amigo
Numa rua pequena
2.2.2. O Substantivo
O género
Regras para a formação do feminino
1. Os substantivos terminados em o átono fazem geralmente o feminino mudando o o em a:
cozinheiro cozinheira
aluno aluna
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Exceptuam-se, todavia:
judeu judeia
sandeu sandeia
órfão órfã
irmão irmã
sultão sultana
patrão patroa
leão leoa
solteirão solteirona
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7. Existem, por último muitos substantivos que formam o feminino de um modo de todo
irregular, não havendo, por vezes, relação alguma entre as femininas e masculinas.
avô avó
réu ré
rei rainha
ilhéu ilhoa
cônsul consulesa
boi vaca
bode cabra
carneiro ovelha
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O número
Na sua maioria, os substantivos portugueses podem ser utilizados no singular e no plural. Existem,
todavia, alguns como os nomes dos metais, dos ventos e os substantivos abstractos, que carecem
normalmente de plural, enquanto outros só possuem este número.
o ferro o aço
a Além o suão
alíssaras cócegas
núpcias matinas
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b) mudando de terminação –ão em –ães, geralmente quando provêm de palavras latinas terminadas em
–anem:
pão (<lat. panem) pães
cão (<lat. canem) cães
c) Mudando a terminação –ão em – ões, quando provêm em geral de palavras latinas acabadas em –
onem ou se trata de palavras derivadas com este sufixo:
oração (<lat. orationem) orações
lição (lat. lectionem) lições
dor dores
deus deuses
rapaz rapazes
o lápis os lápis
o cais os cais
o alferes os alferes
E outros, acabados em –x, fazem o plural em – ces, ainda que a existência no singular de formas em –
ce leve a crer que se trata de plurais regulares das mesmas:
o cálix ou cálice os cálices
o códex ou códice os códices
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1. Se a palavra e composta por dois substantives unidos por urn hífen, ambos tomam a marca do
plural:
couve-flor couves-flores
redactor-chefes redactores-chefes
2. Se a palavra e composta por dois substantivos unidos por uma preposição, apenas o primeiro
toma a marca do plural:
pão-de-ló pães-de-ló
estrela-do-mar estrelas-do-mar
amor-perfeito amores-perfeitos
obra-prima obras-primas
capitão-mor capitães-mores
5. Se a palavra é composta por adjectivo e substantivo, só este último toma a marca do plural
grão-mestre grãos-mestres
baixo-relevo baixo-relevos
Exceptuam-se, todavia, entre outros, os nomes dos dias da semana e a palavra gentil-homem.
a quarta-feira as quarta-feiras
o gentil-homem as gentis-homens
a má-línguas as más-línguas
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5. Se a palavra é composta por verbo e substantivo ou adjectivo, apenas estes últimos tomam a
marca do plural:
quebra-luz quebra-luzes
mata-borrão mata-borrões
vira-casacas vira-casacas
Mas, nos compostos em que uma das partes e constituída pela palavra guarda, esta leva ou não a
marca do plural consoante seja sentida como substantive ou como verbo pelos falantes:
o guarda-nocturno os guardas-nocturnos
o guarda-marinha os guardas-marinhas
o guarda-lama os gurada-lamas
6. Se a palavra e composta por dois verbos, apenas o segundo toma a marca do plural:
o pisca-pisca os pisca-piscas
o chupa-chupa os chupas-chupas
7. Se a palavra e composta por uma palavra invariável e outra variável, apenas esta última
toma a marca do plural:
o recém-nascido os recém-nascidos
o vice-rei os vice-reis
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Derivação
Formação Exemplos
a + pôr = apor
semi + círculo = semicírculo
tri + ângulo = triângulo
Derivação prefixal prefixo + palavra primitiva contra + pôr = contrapor
ex + pôr = expor
im + pôr = impor
per + correr = percorrer
a + funil + ar = afunilar
prefixo + palavra primitiva + en + gaiola + ar = engaiolar
Derivação parassintética
sufixo a + manh(ã) + ecer =
amanhecer
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2.3. Adjectivo
Existem em português adjectivos qualificativos que possuem uma única forma para o masculino e para
o feminino, mas na sua maior parte são biformes. As regras dadas para a formação do feminino, do
plural e dos diminutivos e aumentativos dos substantives servem para os adjectivos.
Quando o segundo termo da comparação contem algum verbo, a forma empregada e sempre do que:
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Em linguagem muito literária pode empregar-se como segundo termo de comparação a forma
contraída de quanto, quão, quando se comparam duas ou mais qualidades de uma ou varias pessoas ou
coisas:
O segundo termo duma comparação pode, por vezes, ser introduzido por que nem:
SUPERLATIVO. — O superlativo pode ser absoluto ou relativo, consoante refira uma qualidade no
mais alto grau ou a compare com as que possuem os outros.
O superlativo absoluto pode ser simples ou composto.
O superlativo absoluto simples forma-se por meio do sufixo -issimo ou, menos frequentemente, -
ilimo e errimo.
Quando o adjectivo termina em vogal átona, esta desaparece ao acrescentar-se a terminação -
issimo, e quando acaba em -ao, -m, -z ou -vel, dá-se uma regressão de carácter erudito às velhas formas
latinas em -n, -ce e -bil. Assim:
vaidoso vaidosíssimo
comum comuníssimo
Os superlativos em -ílimo e -érrimo são, em geral, muito literários e pouco usados, a excepção de
facílimo (de fácil) e dificílimo (de difícil), que se ouvem inclusivamente na linguagem familiar.
O superlative absoluto composto forma-se antepondo ao adjectivo os advérbios muito, bastante,
bem, assaz, extremamente, consideravelmente, sumamente, etc.
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2.4. Numerais
Consoante venham seguidos de substantivos ou os substituam os numerais podem ser adjectivos ou
pronomes. Servem para indicar: a quantidade (cardinais), a ordem (ordinais), que uma unidade é
multiplicada ou dividida um número determinado de vezes (proporcionais) ou mesmo uma colecção
de pessoas, animais ou coisas (colectivos).
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Colectivos
par, parelha, dístico, dueto, biénio
trio, terceto, terno, triénio
quadra, quarteto, quadrénio
quina, quintilha, quinteto, quinquénio, lustro
sena, sextilha, sexteto
semana
oitava
noventa
dezena
dúzia
quinzena
vintena
cento, centena, século, centenário
milha, milheiro
2.5. Pronomes
2.5.1. Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais caracterizam-se por denotarem as três pessoas gramaticais, isto é, quem fala (1ª
pessoa), com quem fala (2ª pessoa) e de quem se fala (3ª pessoa). Exemplos:
(1) a. Tu preferes ficar aqui numa miséria.
b. Um dos nadadores lançou-se à piscina e apanhou-o lá em baixo.
Quanto à função, os pronomes pessoais podem ser rectos ou oblíquos. Designam-se rectos quando
funcionam como sujeito da oração (ex. (1a)) e oblíquos quando funcionam como complemento directo
(ex. (1 b)) ou indirecto (ex. (1c)).
Quanto à acentuação, os pronomes pessoais sujeito só têm a forma tónica, enquanto os oblíquos
podem ser tónicos ou átonos. O quadro que se segue sistematiza estas informações.
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Pronomes pessoais
As formas me, te, nos, vos, os de complemento directo dos pronomes pessoais da 1ª e 2ª pessoaservem
também como reflexos. Assim:
Mas para a 3ª pessoa existem formas especiais que servem para os dois géneros e os dois números:
Singular e Plural
Exemplos:
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Para um só possuidor
Singular Plural
Sua suas
Singular Plural
suas
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Formas variáveis
Singular Plural
aquele aqueles
Essa essas
aquela aquelas
As formas variáveis dos demonstrativos podem ser usadas como adjectivos ou pronomes, enquanto
as invariáveis só são utilizadas pronominalmente.
Formas variáveis
Singular Plural
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Todos os relativos podem ser usados como interrogativos, à excepção de cujo, que podia ser
interrogativo na época clássica. Não existe em português qualquer distinção ortográfica entre as
formas interrogativas e relativas. Exceptuando quem, que nem sempre é pronome, os interrogativos
podem ser utilizado como valor pronomina ou adjectival.
Os pronomes idefinidos são aqueles que quantificam o núcelo do nome no interior de um sintagama
nominal. Os pronomes indefinidos apresentam formas variáveis e invariáveis
Variáveis
Qualquer quaiquer
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Invariáveis
Alguém
Ninguém
Tudo
Outrem
Nada
Cada
Algo
As formas variáveis são também designadas pronomes adjectivos porque concordam em género e
número com o núcleo nominal. Exemplos:
2.6. Verbo
O verbo é uma palavra variável que desempenha na oração, a função de predicado. Pode exprimir um
estado (O Luís é meu irmão), um estado transitório (o dia está quente), uma mudança de estado (Cai a
noite) e uma acção (o cão ladra). Os verbos também caracterizam-se por trazer em si uma ideia
temporal (escrevo o teu nome, Camões escreveu os Lusíadas, daqui a pouco escreverás melhor).
Conjugações
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Os modos que a gramática tradicional distingue nos verbos portugueses são os seguintes: indicativo,
conjuntivo, condicional e imperativo. As formas finitas do verbo são o particípio ou abjectivo verbal, o
gerúndio ou advérbio verbal e o infinitivo ou substantivo verbal.
O modo indicativo consta de cinco tempos simples – presente, imperfeito, perfeio simples, mais-que-
perfeito simples e futuro imperfeito e três tempos compostos – perfeito composto, mais-que-perfeito
composto e futuro perfeito. O condicional consta dum tempo simples – o condicional presente e de
outro composto – o condicional perfeito. Os tempos compostos formam-se geralmente em português
com o correspondente tempo simples do verbo ter e o particípio passado do verbo que se conjuga.
O perfeito simples do indicativo é o mais usado que o perfeito composto do mesmo modo. Os dois
mais-que-perfeitos do indicativo – simples e composto – são equivalentes semanticamente. Os dois
futuros do conjuntivo – imperfeito e perfeito – nos verbos regulares coincidem, respectivamente, com
o infinito pessoal presente e o infinito pessoal perfeito.
O infinito – tanto impessoal como pessoal – e o gerúndio podem ser presentes ou perfeitos. O
participio presente, pelo contrário, perdeu o seu carácter verbal ficando reduzido à categoria de
simples adjectivo: ouvinte, pedinte, estudante, etc.
2.7. Advérbio
ADVÉRBIOS DE MODO
A maior parte dos advérbios de modo portugueses derivam, como os espanhóis, de adjectivos
qualificativos a cuja forma femenina se junta a terminaçao – mente, que foi originariamente um
substantivo empregado em frases do tipo lat. bona mente ‘’como mente boa‘’, sana mente ‘’com mente
sã‘’. Assim, de rigoroso, rigorosamente; de perfeito, perfeitamente; de terno, ternamente; de limpo,
limpamente, etc.
Nos adjectivos que possuem uma única forma para o masculino e para o femenino, o advérbio deriva
dessa forma. Assim, de simples, simplesmente; de cortês, cortesmente; de nobre, nobremente, etc. A
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Fala faixo!
Vinha muito ligeiro
Mas existem muitos advérbios de modo com formas especiais como: bem, mal, assim, como, deveras,
aliás, devadar, depressa, debalde.
E existem também inúmeras locuções adverbiais de modo, como: de cor, de facto, à toa, tintim por
tintim, por um tris, por pouco, em vão, a sós, de repente, de súbito, de bom grado, de mau grado, de
boa mente, à má cara, de joelhos, de pé, de afogadilho, à francesa, às avessas, às escondidas, às
cegas, às escuras, ao de leve, à vondade, em geral, à antiga, à moda, a torto e a direito, a trouxe-
mouxe, no fim de contas, ainada assim, mesmo assim, já agora, em resumo, etc.
ADVÉRBIOS DE TEMPO
Os principais advérbios de tempo portugueses são: hoje, amanhã, ontem, anteontem, agora,já, ora,
nunca, sempre, cedo, tarde, então, depois, jamais, antes, ainda, logo, entretanto, quando, outrora,
antanho, doravamente, etc.
As locuções adverbiais de tempo mais importantes são: depois de amanhã, por enquanto, por ora, a
desoras, de vez em quando, de tempos a tempos, de longe a longe, às vezes, fora de horas, a miúdo,
ainda não, ainda agora, hoje em dia, quanto antes, etc.
ADVÉRBIO DE LUGAR
Os principais advérbios de lugar portugueses são: aqui, cá, ali, lá, acolá, aquém, além, aí, acima,
abaixo, dentro, fora, debaixo, adiante, diante, atrás, perto, loge, junto, onde, donde, aonde, cadê? (
Brasil), algures, nenhures, defronte, avante.
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As locuções adverbiais de lugar mais importantes são: ao pé de, longe de, em frente de, detrás de, por
detrás de, ao lado de, etc.
ADVÉRBIOS DE QUANTIDADE
Os principais advérbios de quantidade portugueses são: demais, muito, pouco, nada, mais, menos,
bastante, assaz, apenas, mal, tão, tanto, quão, quanto, quase, mesmo.
Locuções: ao todo, de todo em todo, a meias, nem tão- pouco, tão-só, tão-somente, ao menos, pelo
menos, ao certo.
ADVÉRBIOS DE ORDEM
Os principais advérbios de ordem portugueses são: primeiro, segundo e outros ordinais empregados
adverbialmente: primeiramente, sucessivamente, consecutivamente, etc. As locuções adverbiais de
ordem mais importantes são: em primeiro lugar, em segundo lugar, etc.
ADVÉRBIOS DE COMPARAÇÃO
Os principais advérbios de comparação portugueses são: como, melhor, pior, mais, menos, tão, quão,
tanto, quanto.
E as locuções: tal-qualmente, etc.
ADVÉRBIOS DE AFIRMAÇÃO
Os principais advérbios de afirmação portugueses são: sim, claro, certamente, realmente, também,
outrosim, pois.
As principais locuções adverbiais: sem dúvida, com certeza, pois sim, pois não*, pois é ou é, etc.
ADVÉRBIOS DE NEGAÇÃO
Os principais advérbios de negação portugueses são; não, nunca, jamais, nem.
As locuções adverbiais mais importantes são: também não, em tempo algum, nunca mais, não mais,
pois não*, etc.
ADVÉRBIOS DE DÚVIDA
Os principais advérbios de dúvida portugueses são:talvéz, acaso, porventura, quiçá.
E as locuções: pois não?, pode ser..., etc.
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ADVÉRBIO DE DESIGNAÇÃO
O advérbio de designação mais empregue em português é eis, juntamente com as locuções eis aqui, ei-
lo cá e eis ali.
ADVÉRBIOS DE EXCLUSÃO
Os principais advérbios de exclusão portugeses são os seguintes: só, somente, apenas, unicamente,
senão. E as locuções: a menos que, a menos de, etc.
Mas estes comparativos irregulares não se utilizam em português diante de um particípio. Assim:
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dacolá dalí
daí daquém
dalém daqui
dalgures donde
aonde
A PREPOSIÇÃO
a entre
ante para
após por
até perante
com sem
contra sob
de sobre
desde trás
em
Em português arcaico existiu a preposição per (mod. por), que se mantém nas contracções com o
artigo. Também pós (atrás de) e empós caíram hoje em desuso.
Considera-se também preposições outras palavras de origem verbal ou nominal, como:
conforme segundo
consoante excepto
durante salvo
fora, afora mediante
tirante
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ao pé de dentro de
junto a, junto de fora de
a para de à roda de
ao longo de por baixo de
além de debaixo de
a fim de em cima de
em torno de por cima de
antes de a respeito de
depois de em volta de
acima de a propósito de
debaixo de acerca de
por causa de quanto a
longe de apesar de
perto de através de
em vez de cerca de
em lugar de
A CONJUNÇÃO
As principais conjuções e sintagmas conjuntivos portugueses são:
COPULATIVAS
e que
nem
DISJUNTIVAS
ou já...já
ou...ou quer...quer
nem...nem seja...seja
ora...ora quando...quando
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ADVERSATIVAS
mas no entanto
mas sim não só...mas também
mas antes não apenas...mas também
senão não apenas...mas ainda
porém
contudo
todavia
CONCLUSIVAS
COMPARATIVAS
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CONDICIONAIS
se desde que
quando a menos que
a não ser que contanto que
salvo se suposto que
excepto se dado que
sem que nem que
se não como se
no caso que
CAUSAIS
que porquanto
porque visto que
pois visto como
como pois que
por isso que por causa de
já que uma vez que
por via de (pop.)
FINAIS
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CONCESSIVAS
embora conquanto
ainda que se bem que
posto que mesmo que
apesar de que quando
sem embargo de não obstante
por mais que
CONSECUTIVAS
TEMPORAIS
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A INTERJEIÇÃO
Existe em português uma grande variedade de interjeições e de locuções exclamativas que, apesar da
sua aparente espontaniedade, se transmitem por tradição como os restantes elementos da linguagem.
Devido ao estreito parentesco que une as duas línguas ibéricas, as interjeições portuguesas coicidem
muitas vezes com as espanholas, embora nem sempre haja uma correspondência do seu significado (
que, aliás, varia com a entoção), pelo que se torna dificil consenguir uma boa tradução. As mais
importantes são as seguintes:
Para manifestar alegria: Oh!, Ah!, Ai!, Óptimo!, Magnifíco!, Belo!, Estupendo!
Como exclamação ou grito de dor: Ai!, Ui!, Ah!, Oh!, Ai meu Deus!, Deus meu!
Como expressão de desagrado ou pena: Ai!, Hui!, Uf!, Ai Jesus!, Oh!, Valha-me Deus!,
Coitadinho!, Meu Deus!, Ai de mim!, Coitado do homem!, Que pena!
Para manifestar admiração ou surpresa: Oh!, Ah!, Ih!, Olá!,Olé-, Eia!, Ena!, Ih caramba!, Cáspite!,
Essa é boa!, Ora toma!,
Para expressar entusiasmo ou dar ânimo: Viva! ( que se emprega também como cumprimento familiar
equivalente ao espanhol ‘Hola!’), Bravo!, Bis!, Magnífico!, Hip, hip hurra!, Muito bem!, Coragem!,
Ânimo!, Vamos!, Anda!, Agora!, Avante!, Avante!, Olé!, Eia!
Para manifestar indignação, repulsa ou cólera: Morra!, Abaixo!, Fora!, Safa!, Alto!, Alto lá!, Credo!,
Apre!, Irra!, Abrenúncio!, Basta!, Diacha!, Diabo!
Para impor silêncio: Pschiu!, Schiu!, Chut!, Caluda!, Cale-se!, Pouco barrulho!, Silêcio!
Com expressão de desejo: Oxalá!, Tomara eu!, Quem dera!, Deus queira!, Deus o permita!, Provera
Deus!, Quem nos dera!
Como expressão de dúvida e falta de confiança no que diz o interlocutor: Hum!, Heim!
Para chamar a atenção de alguém ou pedir socorro: Olá!, Escuta!, Escuta!, Ouve cá!, Olha lá!,
Cuidado!, Atenção!, Cautela!, Socorro!, antigamente: Aqui-d’el-Rei!, Ó-da-guarda!
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Para chamar uma pessoa qualquer, usa-se em português a partícula vocativa ó, que se coloca antes do
nome desta. Assim: Ó Maria!, Ó João!, Ó Catarina!, Ó paizinho!, Ó menina!, Ó senhor Almeida!, Ó
senhor doutor!, Ó senhora dona Amélia!
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Pronome Relativo
Possui um antecedente que dá idéia de "modo": maneira, jeito, forma,...
Ex1: Este foi o único modo como ele fez o trabalho.
Ex2: Esta é a maneira como faço o meu serviço.
Substantivo
Através da derivação imprópria (conversão) a palavra como muda de classe gramatical e passa a ser
sujeito.
Ex1: Não sei o como de tudo isso.
Ex2: Diga-me o como daquilo.
Advérbio Interrogativo
O advérbio interrogativo como (de modo) pode aparecer tanto nas interrogativas diretas quanto nas
indiretas.
Ex1: Não sei como resolver o problema.
Ex2: Como resolver o problema?
Preposição
Aparece como preposição acidental por ser proveniente de outra classe gramatical, geralmente
equivale a "por"
Ex1: Obtiveram como resposta o bilhete.
Ex2: Os ganhadores tiveram como prêmio uma medalha de ouro.
Interjeição
Classifica-se como interjeição devido além da classe gramatical como também devido o seu tom
exclamativo
Ex1: Como você não!
Ex2: Como é assim e acabou!
Advérbio de modo
Aparece em frases não interrogativas e sem antecedente.
Ex1: Não sei como você veio.
Ex2: Gosto como você se veste.
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A palavra QUE pode pertencer a várias categorias gramaticais, exercendo as mais diversas funções
sintáticas. Veja abaixo quais são essas funções e classificações.
Advérbio
Intensifica adjetivos e advérbios, atuando sintaticamente como adjunto adverbial de intensidade. Tem
valor aproximado ao das palavras quão e quanto.
Ex1: Que longe está meu sonho!
Ex2: Os braços...;oh! Os braços! Que bem-feitos!
Substantivo
Como substantivo, tem o valor de qualquer coisa ou alguma coisa. Nesse caso, é modificado por um
artigo, pronome adjetivo ou numeral, tornando-se monossílabo tônico ( portanto, acentuado). Pode
exercer qualquer função sintática substantiva.
Ex1: Um tentador quê de mistério torna-a cativante.
Ex2: "Meu bem querer
Tem um quê de pecado..."( Djavan)
Também quando indicamos a décima sexta letra do nosso alfabeto usamos o substantivo quê.
Ex: Mesmo tendo como símbolo kg, a palavra quilo deve ser escrita com quê.
Preposição
Equivale à preposição de ou para, geralmente ligando uma locução verbal com os verbos auxiliares ter
e haver. Na realidade, esse QUE é um pronome relativo que o uso consagrou como substituto da
preposição de.
Ex1: Tem que combinar? (= de)
Ex2: Amanhã, teremos pouco que fazer em nosso escritório. (= para)
Além disso, a partícula QUE atua como preposição quando possui sentido próximo ao de exceto ou
salvo.
Ex: Chegara sem outro aviso que seu silêncio inquietante.
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Interjeição
Como interjeição, a palavra QUE (exclamativo) também se torna tônica, devendo ser acentuada.
Exprime um sentimento, uma emoção, um estado interior e, equivale a uma frase, não desempenhando
função sintática em oração alguma.
Ex1: Quê! Você por aqui!
Ex2: Quê! Nunca você fará isso!
Pronome relativo
O pronome relativo refere-se a um termo (por isso mesmo chamado de antecedente), substantivo ou
pronome, ao mesmo tempo que serve de conectivo subordinado entre orações. Geralmente, o pronome
relativo introduz uma oração subordinada adjetiva, nela desempenhando uma função substantiva.
Neste caso, pode ser substituído por qual, o qual, a qual, os quais, as quais.
Ex1: João amava Teresa que amava Raimundo.
Ex2: Às pessoas que eu detesto diga sempre que eu detesto.
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Aditiva
Liga orações independentes, estabelecendo uma seqüência de fatos. Neste caso, o QUE não tem valor
bastante próximo de conjunção e.
Ex1: Anda que anda e nunca chega a lugar algum.
Ex2: Fica lá o tempo com aquele chove que chove...!
Explicativa
A oração coordenada explicativa aponta a razão de se ter feito a declaração contida em outra oração
coordenada. Quando introduz esse tipo de oração, o QUE tem valor próximo ao da conjunção pois.
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Adversativa
Indica oposição, ressalva, apresentando valor equivalente a mas.
Ex1: Outro, que não eu, teria de fazer aquilo.
Ex2: Outro aluno, que não eu, deveria falar-lhe, professor!
Integrante
O QUE é conjunção subordinativa integrante quando introduz oração subordinada substantiva.
Ex1: "E ao lerem os meus versos pensem que eu sou qualquer coisa natural."( Alberto Caeiro)
Ex2: Parecia-me que as paredes tinham vulto.
Causal
Introduz as orações adverbiais causais, possuindo valor próximo a porque.
Ex1: Fugimos todos, que a maré não estava pra peixe.
Ex2: Não esperaria mais, que elas podiam voar.
Final
Introduz orações subordinadas adverbiais finais, equivalendo a para que, a fim de que.
Ex1: "...Dizei que eu saiba." ( João Cabral de Melo Neto)
Ex2: Todos lhe fizeram sinal que se calasse.
Consecutiva
Introduz as orações subordinadas adverbiais consecutivas.
Ex1: A minha sensação de prazer foi tal que venceu a de espanto.
Ex2: "Apertados no balanço
Margarida e Serafim
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Comparativa
Introduz orações subordinadas adverbiais comparativas.
Ex1: Eu sou maior que os vermes e todos os animais.
Ex2: As poltronas eram muito mais frágeis que o divã.
Concessiva
Introduz orações subordinada adverbial concessiva, equivalente a embora.
Ex1: Que nos tirem o direito ao voto, continuaremos lutando.
Ex2: Estude, menino, um pouco que seja!
Temporal
Introduz oração subordinada adverbial temporal, tendo valor aproximado ao de desde que.
Ex1: "Porém já cinco sóis eram passados que dali nos partíramos." ( Camões)
Ex2: Agora que a lâmpada acendeu, podemos ver tudo.
Função da palavra SE
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Pronome reflexivo
Usado para indicar que a ação praticada pelo sujeito recai sobre o próprio sujeito ( voz reflexiva). É
substituível por: a si mesmo, a si próprio etc.
Ex1: O lenhador machucou-se com a foice. (= machucou a si mesmo)
Ex2: Localize-se no mapa. (= localize a si próprio)
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intransitivos, de movimento ou que exprimem atitudes da pessoa em relação ao próprio corpo ( ir-se,
partir-se, chegar-se, passar-se, rir-se, sentar-se, sorrir-se, etc. ), em construções em que não apresenta
nenhuma função essencial para a compreensão da mensagem. Trata-se de um recurso estilístico, um
reforço de expressão.
Ex1: Acabou-se a confiança no próximo.
Ex2: Lá se vai mais um caminhão de verduras.
Sujeito de um infinitivo
Trata-se das estruturas formadas pelos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e sensitivos ( ver,
ouvir, sentir, etc.) quando seguidos de objeto direto na forma de oração reduzida. Nesse casos, o
pronome SE atuará sintaticamente como sujeito.
Ex1: Deixou-se ficar à janela a tarde toda.
Ex2: O jovem professor sentiu-se fraquejar.
Objeto direto
Acompanha verbo transitivo direto que tenha sujeito animado.
Ex1: Ergueu-se, passou a toalha no rosto.
Ex2: Vestiu-se rapidamente, telefonou pedindo um táxi, saiu.
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Objeto indireto
Aparece quando o verbo é transitivo direto e indireto.
Ex1: Ele arroga-se a liberdade de sair a qualquer hora.
Ex2: Ele impôs-se uma disciplina rigorosa.
Bibligrafia
Cuesta, P. V. & Da Luz. M. A. (1971). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Edições 70.
Pessoa, B. & Monteiro, D. (1999). Guia Prático dos Verbos Portugueses. Lisboa: Lidel
Exercícios
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6. Ao pé de e a fim de são:
a. ambos advérbios
b. locuções preposicionais
c. conjunções
d. preposições
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13. Na frase “A casa em que eu moro vai ser vendida” a expressão sublinhada é:
a. um pronome
b. uma locução
c. uma conjunção
d. uma preposição
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14. Na frase “O livro de que lhe falei ontem já está a venda” as expressões sublinhadas são:
a. pronomes
b. locuções
c. conjunções
d. preposições
18. Na frase “O Senhor diz ter estudado a quarta classe antiga” a a expressão sublinhada é
um:
a. substantivo
b. adjectivo
c. advérbio
d. preposição
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20. Na frase “A criança não espera ser educada” a expressão sublinhada é um:
a. substantivo
b. adjectivo
c. advérbio
d. preposição
B. Diz em que tempo se encontram os verbos em cada uma das frases que se seguem
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17. Quem terá continuado a obra nau tem muito que falar.
a. presente do indicativo
b. pretérito perfeito do indicativo
c. futuro imperfeito do indicativo
d. pretérito mais que perfeito do indicativo
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C. Nas frases que se seguem diga, qual a alternativa correcta no que diz respeito ao tipo de
conjunção:
2. Devem internar o homem num manicómio antes que faça mais alguma tolice.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
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4. Eu tomei conta das crianças até que as dores do Pedro passassem por completo.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
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8. Caso o seu filho tenha de novo esta alergia, deve levá-lo ao médico especialista.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
9. Eles propõem-se chegar mais cedo, contanto que o autocarro não demore tanto.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
10. Tenho que escolher os alunos que farão parte do grupo de estudo a menos que haja
voluntários..
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
11. Hoje uma calça de pano leve custa dez vezes mais do que custava em 1980.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
12. Tudo se passou tão rapidamente que nem sequer esboçaram uma reacção.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
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13. O acidente causou-lhe ferimentos tais que ele teve de ficar internado no hospital.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
14. Tratou o empregado com tanto desprezo que ele se sentiu humilhado.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
15. Achei o encontro pouco produtivo que nem sequer deu para levantar questões.
A. temporal
B. condicional
C. comparativa
D. consecutiva
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Um período é uma frase organizada em oração ou orações. O período pode ser simples, quando
constituído de uma só oração(3c); ou composto, quando formado de duas ou mais orações (3d).
Exemplos:
Em suma, a frase pode apresentar uma ou mais orações, dependendo das forma verbais que
contemplar. Um período é uma unidade gramatical maior que a frase, uma vez que esta se encontra
envolvida e agrupada no período. Por outro lado, o período termina sempre com uma pausa bem
definida por um sinal de pontuação (ponto, ponto de exclamação, interrogação, dois pontos, etc.).
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SN SV
Det N V SN2
Det N
Frases declarativas — São utilizadas para transmitir informações, relativas quer ao referente, quer
aos próprios intervenientes do acto comunicativo (emissor e receptor). Nestas frases predomina a
função informativa da linguagem.
Na fala, estas frases caracterizam-se por uma entoação ascendente a que se segue, na parte final, uma
entoação descendente. Na escrita, são normalmente sinalizadas por ponto final.
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Frases interrogativas — Permitem formular perguntas. Como é evidente, este tipo de frase visa
colmatar uma lacuna de informação, pelo que normalmente se relaciona com a função informativa da
linguagem.
Este tipo de frase pode também ser utilizado para exprimir espanto ou indignação, pelo que está
igualmente relacionado com a função expressiva da linguagem.
Possuem uma entoação claramente ascendente que, na escrita, é representada pelo ponto de
interrogação, se se tratar de uma interrogativa directa.
Vais ao cinema?
Oralmente caracterizam-se pela articulação muito intensa de uma sílaba (Que desgraaaça!). Na
escrita, terminam por ponto de exclamação e, frequentemente, são introduzidas por uma interjeição.
Frases imperativas — São utilizadas para exprimir ordens, pedidos, conselhos, exortações.
Relacionam-se com a função apelativa da linguagem.
É difícil caracterizar a entoação da frase imperativa: por vezes, tem uma entoação mais ou menos
neutra, semelhante à das frases declarativas ("Entre.", quando reagimos ao toque dos nós dos dedos
na nossa porta); mas, se a intenção apelativa se associa à expressão de emoções, é normal marcar
intensamente uma das sílabas ("Sai daííí, rapaz!").
O que parece caracterizar, sobretudo, este tipo de frase é o uso de formas verbais do imperativo, ou do
conjuntivo com valor imperativo ("Entre.", "Entrem."), ou até do infinitivo ("Contra os canhões,
marchar, marchar!").
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Na escrita, as frases imperativas são sinalizadas por ponto final ou ponto de exclamação e pelo uso
das formas verbais indicadas (imperativo, conjuntivo, infinitivo). No entanto, uma frase pode nem
sequer ter o verbo expresso ("Fora!", significando "Sai para fora!").
Activa / Passiva — No primeiro caso, o sujeito é apresentado como agente, no segundo como
paciente. A distinção implica o recurso a conjugações verbais diferenciadas: voz activa ou voz
passiva.
Afirmativa / Negativa — A acção ou processo expressos pelo verbo podem ser afirmados ou
negados, o que se traduz pela ausência ou presença de um advérbio de negação.
Vou ao cinema.
Não vou ao cinema.
Neutra / Enfática — Algumas frases assumem uma forma enfática, caracterizada pela presença de
elementos que não introduzem informação nova, limitando-se a reforçar a informação fornecida pelos
restantes elementos da frase.
Como se depreende facilmente, essas formas são alternativas, isto é, a presença de uma implica a
impossibilidade da outra: uma frase ou é activa ou passiva, ou afirmativa ou negativa, ou neutra ou
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enfática. Por outro lado, estas formas aplicam-se a todos os tipos de frase, com excepção da forma
passiva que não é possível nas frases imperativas.
Come a sopa.
A sopa é comida por ti. (Não tem valor imperativo)
Os pronomes pessoais átonos podem estar colocados (a) depois do verbo (enclíticos) (ex. (2 a),
(b) antes do verbo (próclíticos) (ex. (2b)) e no meio da forma veral (mesoclíticos), posição em que é
possível com as formas do futuro e do condicional. Exemplos:
Em frases básicas (SVO) com as formas simples do verbo, os pronomes pessoais átonos
ocupam normalmente a posição enclítica, isto vêm depois do verbo.
Os pronomes pessoais podem ocupar a posição proclítica (isto é podem aparecer antes do verbo), quer
se trate de forma simples do verbo, quer de formas complexas em que os verbos auxiliares são os
verbos ter ou ser.
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De acordo com Mateus et al. (1989: 330-333), entre os diferentes contextos em que é usada a
próclise, destacam-se os casos em que:
- ocorre um operador em posição pré-verbal, isto é, um advérbio de negação (ex. Não me
deixavam sair de casa);
- ocorre um SN quantificado (ex. Aqui tudo se faz à distância)
- ocorre um pronome interrogativo (ex. Quando é que me levas para tua casa?)
- ocorrem certos advérvios como só, já, também, até, sempre, etc. (ex. Sim, eu já lhe disse isso)
- existe um introdutor de subordinação (ex. Quando ele se levantou para lá aquele homem
fugiu)
Note-se que, em frase básicas, quando são usadas formas verbais complexas, construídas com verbos
auxiliares como dever, ir, começar, os pronomes pessoais podem ocorrer depois do verbo auxiliar (ex.
Vou-me responsabilizar por esta actividade) ou da forma infinitiva (ex. Vou responsabilizar-me por
esta actividade).
Nos contextos acima indicados, em que é permitida a próclise (ver casos citados de Mateus et. al),
quando são usadas formas verbais complexas, os pronomes pessoais átonos podem ocorrer antes do
verbo auxiliar (ex. Ele não se vai sentir a vontade) ou depois do verbo principal (ex. Ele não vai
sentir-se à vontade).
3.5. Orações
Orações integrantes
As orações integrantes são o resultado de uma operação de encaixe de uma frase noutra. Elas podem
ser de complemento directo de verbos de várias classes semânticas (declarativos, perceptivos, de
actividade mental, volitivos, optativos, etc).
Exemplos:
Ela pensa que pode subir o preço.
O professor não vê que os alunos não entendem.
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As orações integrantes pode ser finitas ou infinitivas. No primeiro caso, são introduzidas por que ou
se e o verbo pode estar no modo indicativo ou no conjuntivo, e no segundo ocorre o infinitivo.
Exemplos:
Eu penso que o namoro é indispensável
Eu gostaria que os meus filhos casassem.
Não se esta ideia é boa ou não.
Nos lamentamos o facto de as crianças não terem educação moral
Orações relativas
Designam-se relativas as orações subordinadas adjectivas introduzidas por um pronome pessoal
relativo.
Exemplo:
Este é o livro de que te falei.
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também o complemento indirecto, que indica o destinatário da acção expressa pelo verbo. Trata-se de
um complemento que, normalmente é regido pela preposição a.
5 (a) [sujeito A Júlia] [ predicado contou [ complem. dir. uma história] [complem. ind.à irmã]]
Na frase 5 (a) o verbo contar exige um termo para completar o seu sentido, visto que quem
conta, conta alguma coisa, e no caso do exemplo essa alguma coisa é uma história. Uma história é o
complemento directo do verbo, porque representa o objecto ou argumento da acção do verbo. O
segmento à irmã é o complemento indirecto, justamente por indicar o destinatário da acção do verbo.
Os verbos podem conservar o sentido da sua acção, isto é, podem não transitar a sua acção para
os complementos. Quando os verbos observam estas propriedades são designados verbos intransitivos:
Bibliografia
Cuesta, P. V. & Da Luz. M. A. (1971). Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Edições 70.
Gonçalves, P. & Stroud, C. (1998). Panorama do Português Oral de Maputo- Estruturas Gramaticais
do Português: Problemas e Exercícios.Maputo: INDE
Exercícios
Escolha a alternativa que lhe parecer correcta.
1. A oração sublinhada na frase “Houve seca em Moçambique por não ter chovido” é:
A. oração causal
B. oração final
C. conclusiva
D. condicional
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2. A oração sublinhada na frase “O João está mal disposto porque comeu muito chocolate”
é:
A. oração causal
B. oração final
C. conclusiva
D. condicional
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2. Na frase “Não oferecemos tantos prémios aliciantes porque não há cabimento orçamental”
A. complemento directo
B. complemento indirecto
C. complemento circunstancial
D. complemento frásico
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8. Na frase “Todos nós sabemos o que se passa na sua cabeça”, o elemento sublinhado é um:
A. frase relativa
B. complemento indirecto
C. complemento circunstancial
D. complemento frásico
10. Na frase “os miúdos comeram o suficiente para estarem satisfeitos” o elemento sublihado
é um:
A. complemento directo
B. complemento frásico
C. complementp adjectival
D. complemento adverbial
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Diga qual das seguintes frases está correctamente construída. Apresente as alternativas de
correcção para o caso das frases que julgar incorrectas.
a. O professor aconselhou aos amigos para assistir o jogo.
b. Ela não gosta de atender aos clientes na loja.
c. Eu fui avisar aos estudantes para ficarem na sala.
d. A Rádio Moçambique comunicou os ouvintes sobre o memorando de reversão da
barragem de Cahora Bassa para Moçambique.
e. Foi difícil convencer aos colegas sobre a realização do teste.
f. O treinador incentivou os jogadores a fazerem testes de aptidão física.
g. Toda criança deve obedecer as ordens dos pais.
h. Não persuadimos ao João para evitar confusão.
i. É preciso respeitar os mais velhos.
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Bibliografia
Richards, J.; Platt, J.; & Platt, H. (1992). Dictionary of Language Teaching and Apllied Linguistics
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Exercícios
Em cada uma das frases seguintes encontra-se em itálico uma expressão idiomática. Escolha de entre
as quatro hipóteses dadas, a que corresponde ao significado dessa expressão:
1. Quando a Rosa pediu um aumento de ordenado ao patrão, ele foi aos arames.
A. sentiu-se pouco à vontade
B. foi buscar dinheiro
C. virou-lhe as costas
D. ficou irritado
2. Parece-me que o rapaz tem um parafuso a menos. Já viste o que ele fez?
A. revela grande imaginação
B. não tem juízo
C. é extremamente habilidoso
C. tem falta de material
3. A minha irmã caiu das nuvens quando lhe disse que a Leonor ia casar.
A. sentiu-se indgnada
B. mostrou grande alegria
C. ficou surpreendida
D. sentiu inveja
5. Não se importam com o que possa acontecer, pois têm as costas quentes.
A. estão em situação desesperada
B. sentem-se protegidos
C. vestiram roupa grossa
D. acham que o pior já passou
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6. Talvez por causa dos acontecimentos de ontem, esta noite não preguei olho.
A. tive pouca vontade
B. não consegui adormecer
C. fui cedo para a cama
D. dormi perfeitamente
7. Durante a entrevista, o Secretário-Geral provou mais uma vez que não tem papas na
língua.
A. expressa-se de modo pouco claro
B. não tem razões de queixa
C. diz francamente o que pensa
D. não se enerva facilmente
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Homonímia
Palavras homónimas são palavras com pronúncia e grafia igual (isto é, que se pronunciam e
escrevem da mesma maneira), mas com significado diferente.
Exemplos:
(5) a. Antigamente a comunicação entre os povos era bastante complicada.
b. Actualmente, na era das telecomunicações, tudo está facilitado.
era (forma do verbo ser) vs. era (substantivo usado para dessignar época)
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Homofonia
Palavras homófonas são palavras com pronúncia igual, mas com grafia e significados diferentes.
Exemplos:
(6) a. Gosto muito de bolo de noz
b. E nós também saímos.
Homografia
Palavras homógrafas são palavras com grafia igual, mas com pronúncia e significado diferentes.
Exemplos:
(7) a. A roupa está seca. Agora é só engomar.
b. Moçambique é um país castigado pela seca.
NB: A acentuação gráfica não é considerada, ou seja, pôr (verbo) por (preposição) são
palavras homógrafas.
Paronímia
Palavras parónimas são palavras com significado diferente, mas com grafia e essencialmente
pronúncia muito parecidas, o que por vezes, pode dar origem a confusão.
Exemplos:
(8) a. Encontrei hoje o João e ele mandou cumprimentos para si, mãe.
b. A sala tem três metros e meio de comprimento.
cumprimento (saudação) vs. comprimento (largura)
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Exercícios
Sinónimos
PARTE I
Qual, das quatro hipóteses, é que tem o significado mais próximo da palavra destacada?
3. Nunca o vi falar de uma maneira tão doce. Habitualmente é uma pessoa muito ríspida.
a. lenta b. exaltada c. amarga d. suave
PARTE II
Em relação à palavra indicada em primeiro lugar, qual é, das quarto seguintes a que tem
significado mais próximo?
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Antónimos
PARTE I
Qual é o contrário das palavras assinaladas?
1. Não achas que a comida está muito salgada?_____________________________
2. A selecção nacional jogou claramente à defesa.___________________________
3. Tragam as malas e os sacos para baixo._________________________________
4. O vestido que me emprestaste para o casamento está-me muito largo.__________
5. A manifestação está prevista para o fim da tarde.__________________________
PARTE II
Qual é o contrário das palavras em itálico?
1. Os resultados do teste foram péssimos.
2. Encontramos o Alfredo à saida do teatro.
3. O teu padrinho está bastante magro.
4. É de esperar a subida de preços.
5. Elas limparam o chão da cozinha.
6. Afinal, estas pêras estão verdes.
7. Moramos num bairro muito sossegado.
8. Acende também o outro candeeiro.
9. O relógio está atrasado cinco minutos.
10. O lucro foi superior ao do ano passado.
11. O avião chega ao princípio da tarde.
12. Agora lembrei-me do nome do autor da peça.
13. A loja fecha durante o mês de Julho para balanço.
14. O professor estava presente no encontro.
15. É verdade que ela ama o patrão?
16. Estás com um ar bastante fatigado.
17. Nós sabemos que destino tiveram esses inquéritos.
18. O inimigo já construiu mais uma ponte nesse rio.
19. É proibido estacionar em frente do Museu de Arte.
20. A Leonarda ficou aprovada no exame de condução.
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Homónimos
Para cada palavra dada, construa duas frases de modo a explicitar os seus diferentes sentidos.
1. canto a)_______________________________ b)_________________________
2. era a)_______________________________ b)________________________
3. fumo a)________________________________ b)________________________
4. rio a)________________________________ b)________________________
5. são a)________________________________ b)_______________________
6. vaga a)_________________________________ b)_______________________
Homófonos
Construa frases com as palavras que a seguir se indicam.
1. a) aço b) asso
2. a) acento b) assento
3. a) à b) há c) ah
4. a) concerto b) concerto
5. a) houve b) ouve
6. a) coser b) cozer
7. a) eminente b) iminente
8. a) elegível b) ilegível
9. a) roído b) ruído
10. a) traz b) trás
11. a) tenção b) tensão
12. a) ora b) hora
13. a) conselho b) concelho
14.a) censo b) senso
15. a) estofar b) estufar
16. a) cela b) sela
17. a) moral b) mural
18. a) consolar b) consular
19. a) vês b) vez
20. a) cem b) sem
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Homógrafos
Faça frases com os seguintes pares de palavras, de modo a ilustrar os seus diferentes sentidos.
1. a) cor b) cor
2. a) habito b) hábito
3. a) pode b) pôde
4. a) secretaria b) secretária
5. a) cerca (n) b) cerca (v)
6. a) cópia (n) b) copia (v)
7. a) governo (n) b) governo (v)
8. a) por (prep) b) pôr (v)
9. a) sábia (n) b) sabia (v)
Parónimos
Construa frases com os seguintes pares de palavras de modo a ilustrar os seus significados:
1. a) crer b) querer
2. a) cumprimento b) comprimento
3. a) evasão b) invasão
4. a) previdente b) providente
5. a) perfeito b) prefeito
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7. LITERATURA
7.1. NOTAS SOBRE A LITERATURA PORTUGUESA
SÉCULOS XII-XV
ÉPOCA ARCAICA OU MEDIEVAL
POESIA TROVADORESCA. A poesia medieval – que marca o início da literatura portuguesa escrita
que hoje conhecemos – tem uma longa tradição oral. Os trovadores foram os primeiros agentes da sua
propagação frequentando cortes de reis e de nobres e participando em espectáculos em que a poesia
era cantada, acompanhada por instrumentos musicais e mesmo dançada.
Apresenta duas espécies principais: a lírico-amorosa, constituída pelas cantigas de amor e pelas
cantigas de amigo e a satírica pelas cantigas de escárnio e mal-dizer. Estão escritas em galaico-
português e encontram-se reunidas em Cancioneiros.
Ondas do ma levado,
Se vistes meu amado!
E ai Deus se verrá cedo!
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As cantigas de amigo de forma mais simples apresentam-nos uma mulher integrada num meio rural:
na fonte ou na romaria, lugares de namoro, sob as flores do pinheiro ou de avelaneira; no rio, onde
lava a roupa e os cabelos, ou se desnuda para tomar banho; na praia onde aguarda o regresso dos
barcos.
Nestas cantigas quem fala é um homem, que se dirige ou se refere a uma dona oriunda de um estrato
social superior (residindo em ambientes palacianos)
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E no já sa morte pavor,
Senon sa morte mais la temeria
Mais sabe ben, per sa sabedoria
e faz- (s’) en seu cantar morte prender
que viverá, de quando morto for’
de si ar vive: vedes que poder
que lhi Deus deu, mais quen non cuidaria
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SÉCULOS XVII-XVIII
O BARROCO
1. O Conceito de Barroco
As normas rígidas do classicismo literário seguidas com fervoroso entusiasmo no século XVI fartaram
depressa a inteligência e a imaginação de toda a gente, tanto autores como público. Um outro estilo
começou a alastrar-se pela Itália, pela Penísula e mesmo por toda a Europa, fazendo o gosto de
pequenos e grandes, de nobres e plebeus. Esse estilo, muito semelhante nas Artes e Letras, é
conhecido nos livros de História e Crítica pelo nome barroco.
A etimologia da palavra parece ser o vocábulo latino verruca, que significa a princípio pequena
elevação de terreno e até qualquer excrecência ou mancha numa superfície lisa (donde o derivado
popular português verruga). A semântica, porém, cedo começou a dar voltas ao termo e Plínio
empregou-o já, num sentido mais restrito, para significar determinadas imperfeições das pedras
precisosas. Daí que, no século XVI, em Espanha e em França, se qualificassem de barruecas e
barroques as pérolas não redondas ou manchadas. Esta acepção generalizou-se ao longo do tempo e
no francês do século XVIII a palavra barroque, depois de se aplicar genericamente a qualquer coisa
de forma irregular, desigual, bizarra, começou a ser usada para qualificar determinada música,
determinada arquitectura, determinadas artes plásticas.
Em 1860, Carducci teve a ideia de empregar o adjectivo barroco para qualificar a literatura do século
XVII. Desde então, o vocábulo barroco passou a exprimir o estilo dos artistas e escritores, que apesar
de não ser homogéneo em todas as manifestações culturais, se apresenta com características próprias
que mais adiante mencionaremos.
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4.1. O Cultismo
O cultismo consiste numa sobrecarga de elementos ornamentais na escrita, com dicção pomposa,
superlativização e uso de metáforas, hipérboles, perífrases e de outros recursos de expressão
puramente verbais tendentes a salientar a forma, mas contribuindo muito para prejudicar a clareza e
concisão de ideias. Numa palavra: é a extravagância dos vocábulos, das frases, da expressão, ou, se
quisermos, a fuga à expressão linear e singela dos quinhentistas.
O cultismo serve-se de três artifícios principais: jogo de palavras, jogo de imagens e figuras e jogo de
construções.
a) Jogo de palavras
Com o ludismo das palavras pretendia o escritor barroco causar no leitor um choque à base da
surpresa. Para o fazer lançava ambas as mãos à paronímia, à homofonia, aos trocadilhos, a
semelhanças puramente casuais e fora de toda a lógica, como se pode ver na poesia que se seguem:
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c) Jogo de construções
Outro aspecto típico do cultismo é o ludismo de construção frásica. Os poetas barrocos entretiveram-se
com frequência a disporem as palavras em forma de cruzes, de pirâmedes e de outras figuras
geométicas, entreteceram labirintos (poesias com frases tais que permitem leitura em várias direcções),
obrigaram-se a rimas impostas e motes estravagantes, etc. No entanto, o jogo de construções mais
engenhoso e frequente é a chamada alternância de construção frásica.
Para compreendermos este artifício, passemos já os olhos por estas quadras de um sonteto de
Francisco de Vasconcelos:
Esse jasmim que arminhos desacata,
essa aurora que nácares aviva,
essa fonte que aljôfares deriva,
essa rosa que púrpuras desata:
troca em cinza voraz lustrosa prata,
brota em pranto cruel púrpura viva,
profana em turvo pez prata nativa,
muda em luto infeliz tersa escarlata.
4.2. O Conceptismo
O Conceptismo é o desdobramento discursivo de um conceito ou de uma premissa, em que se torna
como realidade uma metáfora e dela se vai discorrendo, por raciocínios engenhosos, até dar num
imprevisto paradoxo. Tal qual o cultismo é a extravagância da expressão, o cultismo é a extravagância
da ideia. Esta através de um raciocínio, umas vezes expresso e mais frequentemente oculto, passa de
um antecedente metafórico para um consequente real.
Compreenderemos melhor esta definição, depois de examinarmos o trecho que se segue, extraído de
um sermão de P. António Vieira:
“O oficial da pena, a cujos rasgos mede o regimento das regras e conta as letras, se ele
quer gastar sem conta e sem medida, que há-de fazer? Troca as suas penas com as dos
gaviões e minhotos, e não há ave de repina que tanto leve nas unhas.
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O letrado ou julgador cuja autoridade constava antigamente de uma mula mal pensada
com sua gualdrapa preta, se hoje, fora de casa, há-de sustentar a liteira e, dentro, as
alfaias que lhe correspondem, não bastando os ordenados para a terceira parte do ano,
quem há-de suprir a despesa das outras duas partes, senão as partes e a justiça (partes –
litigantes). O que entre fumos de nobreza e fidalguia vive à mercê da sua herdade, a qual,
quando as novidades não mentiam, só dava para sarja no verão e baeta no inverno, agora
que já às lãs não sabe o preço, de que se há-de vestir, sendo o galo da sua aldeia, senão
das penas (dores) dos que podem menos?”
Este trecho, começa por nos colocar diante do jogo de palavras (cultismo) e de um raciocínio baseado
em metáforas (conceptismo).
Vejamos como joga com as metáforas e quais as condições a que chega depois de raciocinar com elas.
A pena do escrivão será trocada pelas penas do gavião. A pena primeira é um instrumento de
escrever. A segunda é um revestimento de ave. Como gavião é uma ave de rapina, conclui Vieira,
que o escrevente, uma vez munido das penas do gavião, outra coisa não fará senão rapinar.
A seguir, joga o autor com a palavra partes. Partes, no primeiro lugar, designa uma porção de
tempo; no segundo, litigante. Assim, com as partes (litigantes) sustentará as partes do tempo (dois
terços do ano).
Finalmente, compara o fidalgo vaidoso ao galo da aldeia. O galo tem de ter penas. Onde as há-de ir
bscar tal fidalgo, transformado em galo? Às penas dos que podem menos. Penas, no primeiro lugar,
são ornamentos, cobertura de ave; no segundo, são sofrimentos.
O Barroco constitui uma grande revolução formal que corresponde a uma nova visão do mundo, muito
mais dinâmica do que estática, particularmente atenta às metamorfoses da natureza e do ser humano,
contrapondo pemanentemente ao gosto excessivo pelo ornato uma dolorosa ou desabusada conciência
do nada, da intrínseca vacuidade de todas as coisas.
A produção mais abundante no século XVII, é sem dúvida a de propaganda e edificação religiosas
sobretudo importante pelo papel que desempenhou na fixação da língua literária portuguesa. Trata-se
de uma literatura de persuação, com carácter marcadamente funcional, recorrendo muitas vezes aos
processos cultistas e aos efeitos teatrais nos sermões.
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António Vieira, jesuíta, pregador, missionário, diplomata, político e ptretenso profeta, é a expressão
mais rica da nossa mentalidade seiscentista e do debate, que lhe está subjacente, entre as novas
condições económico-sociais europeias e uma ideologia já desactualizada. Nos inúmeros sermões,
cartas, documentos de natureza política e diplomática, opúsculos religiosos e de exegese profética ou
de defesa perante a Inquisição, revela-se antes do mais e entranhada ligação com a vida pública, sendo
o seu discurso humano, directo e persuasivo. Os seus sermões desenvolvem-se num estilo vernáculo
mais esplendoroso e vivo, de par com a uma excepcional capacidade de argumentação. As suas cartas
valem, entretanto, não apenas pelo interesse literário, mas também pela informação histórica, política,
científica e etnográfica de que estão impregnadas, e que nomeadamente reflectem a diversificada
experiência deste extraordinário prosador, não só em Portugal, mas também nas terras do Brasil, onde
prolongadamente viveu e onde foi acérrimo defensor dos direitos dos nativos, bem como em Roma,
junto da Cúria, onde alcançou os mais assinaláveis êxitos.
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SÉCULO XIX
ROMANTISMO
1. Antecedentes Mundiais
Assistimos no século XVIII à demonstração quase total da arte literária nos autores e nos temas. Com
o correr dos dias, essa mesma arte foi-se democratizando também, pouco a pouco, no público que lia.
Não foi estranho a este fenómeno o progresso das classes mais baixas e o seu quase nivelamento social
com a nobreza e o clero, conseguido na passagem do século XVIII para o século XIX. Paralelamente,
o avanço da técnica industrial tornou possível um considerável aperfeiçoamento da arte de imprimir, o
que contribuiu em larga escala para a vulgarização do livro.
Ou fosse porque o grande público não entendia a estética clássica, por ser demasiado académica, ou
fosse porque o género tinha atingido a saturação, os escritores começaram a tentar novos temas e um
novo modo de os comunicar..
Foi na Inglaterra e na Alemanha que, em meados do século XVIII, alguns poetas voltaram as costas
aos modelos do classicismo, inspirando-se na Natureza, tal qual a viam e não tal qual Horácio e outros
antigos lha mandavam ver. O sentimentalismo subjectivo veio assim substituir a gama imensa, mas
limitada, de temas catalogados pelos gregos e romanos. Nunca mais os escritores aceitariam temas
impostos do exterior. Deixaram-se arrastar – isso sim –
pela evocação do popular, do medievo, do exótico
pela exaltação da liberdade,
pelo “eu”, medida do universo,
pela fascinação do abissal, da noite, da morte, do nada.
Dessa maneira se foi gerando uma nova escola, que depressa alastrou pela Alemanha, Itália, França,
Portugal, por toda a Europa, a qual passaria à história com o nome de romantismo.
2. Romantismo em Portugal
De um modo geral, os decénios cobertos pela designação de Romantismo foram aqueles em que o
individualismo económico e político da ideologia burguesa adquirem uma faceta liberal e em que o
ponto de vista histórico se come,ca a impor nos diversos domínios científicos. Na literatura assiste-se
ao culto da originalidade pessoal, ao sentimentalismo amoroso, ao gosto pelo sonho, à apologia do
herói insociável e amoral, ao refúgio em certas formas de exotismo onde o cabe o gosto pelas tradições
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medievais, muitas delas conservadas nos romanceiros populares. Aliás, etimologicamente, o adjectivo
romântico deriva do substantivo francês roman, que designa o romance medieval de acenturas.
3. Características do Romantismo
a) Democratização – deixa a literatura de ser só para reis, para fidalgos e para círculos fechados de
eruditos e torna-se a literatura do povo.
b) Tom da mensagem ao próximo – a obra literária não já um mundo fechado de valores para
eleitos; é um comunicação franca de ideias práticas e vitais a todo o leitor;
Descobrimento da paisagem
O romantismo descobriu a paisagem tal qual é no particular, e pôs de parte a natureza sempre igual e
artificial dos clássicos. A paisagem é a que melhor se adapta aos sentimentos melancólicos dos
autores.
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O homem real
Sabemos que a beleza para o escritor clássico residia na imitação da natureza, não no particular, mas
no universal. O autor romântico procede de maneira diferente: desenterra, cria tipos humanos
autênticos. Sente gosto em particularizar, em referir aos traços individuais dos heróis, sendo assim fiel
à história e à cor local.. Dá até preferência aos que vivem fora da lei, aos aleijões físicos e morais: o
ladrão, o pirata, o assassino, o traidor, o perjuro, o incestuoso, o adúltero, a prostituída, o sacrílego, o
cego, o corcunda, o mutilado.
Pessoalismo e melancolia
O romântico porfia em expandir o que nele há mais de pessoal, desde a sensibilidade e os voos da
fantasia até aos impulsos do subconsciente. Mostra uma especial predilecção pela melancolia, de todos
os sentimentos o mais sentimental. Daí que, prefira ambientes de nebulosidade nórdica, o entardecer, o
escurecer, a noite, as florestas sombrias, as cavernas, os agouros, os sonhos.
Almeida Garret teve uma formação arcádica. No entanto, os anos que passou em Inglaterra e o
contacto com as obras de Walter Scott e de Byron determinaram nele uma nova orientação que, o
impõe como o introdutor do Romantismo em Portugal.
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SÉCULO XIX
REALISMO
Génese do Realismo
Na segunda metade do século XIX, a Europa vê-se sacudida de lés a lés por novos ventos políticos,
científicos, sociais e religiosos.
A Espanha proclama a república em 1868; a França imita-a pouco depois; Vitor Manuel destrói os
Estados Pontifícios em 1870; anos atrás esboroava-se a Santa Aliança, último reduto contra a expansão
do liberalismo.
Lamark insiste na evolução dos seres por influência do meio; Darwin apregoa a mesma evolução pela
selecção natural; Huxley aplica as doutrinas transformistas ao próprio homem; Mendel descobre as leis
da hereditariedade. Começa desta maneira a gerar-se uma visão materialista, pampsiquista e
monista do cosmos, ao mesmo tempo que se abre caminho para o estudo do homem sob os aspectos
psíquico e físico.
A Revolução Francesa tinha conduzido ao apogeu a burguesia capitalista. Para maior desiquilíbrio
económico, o motor de explosão e o eléctrico lançam agora no desemprego milhões de braços. O
proletariado começa a ser um facto alarmante. Engels e Marx apontam a solução comunista da
“questão social”. Saint Saimon, Prudhon, Fourier e outros preferem a solução socialista. A luta de
classes prepara-se para deixar na literatura o seu rasto de dor e sangue.
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Características do realismo
- análise e síntese da objectividade, da realidade, da verdade, em oposição ao subjectivismo e
idealismo românticos;
- indiferença do “eu” subjectivo e pensante diante da natureza que deve ser reproduzida com
exactidão, veracidade e abundância de pormenores, num retrato fidelíssimo;
- neutralidade do coração e do espírito diante do bem e do mal, do vício e da virtude, do belo e do feio;
- análise corajosa dos aspectos baixos da vida, sobretudo dos vícios e taras, não os ocultando e
chamando-lhes pelo seu próprio nome;
- relacionação lógica entre as causas (biológicas e sociais) do comportamento das personagens do
romance e a natureza (interior e exterior) desse comportamento;
- admissão na literatura do país de temas cosmopolitas, em vez de nacionais e tradicionais românticos;
- uso da expressão simples e tom desafectado, de modo que as ideias, sentimentos e factos
transpareçam sem esforço e sem convencionalismos
Geração de setenta
A primeira geração romântica foi fundamentalmente influencida pelos romances de Victor Hugo, pela
poesia de Lamartine, pelo espiritualismo francês, pela histórica à Chateaubriand. À altura de 1850,
essa corrente alarga-se à uma permeabilidade crescente às ideias do socialismo e à fase panfletária e
humanista de Victor Hugo. A partir de 1865, a ligação do país à rede europeia de caminhos de ferro
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intensifica contactos com a cultura estrangeira que, entretanto, sofrera uma renovação que ultrapassava
em muito as concepções em que se detivera o primeiro romantismo português.
De tal renovação se fará eco o grupo da Geração de 70 , que a partir da polémica que ficou conhecida
pela “Questão Coimbrã”, e de um opúsculo de Antero de Quental intitulado “Bom Senso Bom Gosto”,
opõe o novo espírito científico e europeu ao velho sentimentalismo, domesticado e retórico, do
ultraromantismo perfilhado por Castilho.
Antero de Quental, o principal mentor da Geração de 70 é um dos mais importantes, bem informados
e complexos escritores do século XIX. Ao lado de Antero, uma das personalidades a quem coube a
chefia dessa rebeldia da geração que então se estava formando em Coimbra foi Teófilo Braga, que
viria a afirmar-se pelos estudos de teoria e de história literária.
Conclusão
O movimento realista, iniciado com a “Questão Coimbrã” recebeu, enorme impulso das “Conferências
do Casino”1 e começou a ser concretizado nos artigos d’As Farpas. Depois de 1870, mesmo os seus
mais irredutíveis adversários, como Camilo, vergavam a cerviz ao jugo das novas teorias da arte. E ou
as tentavam (foi o caso do velho romancista) ou então perdiam os leitores. Eça de Queirós não tardaria
a captar as simpatias do público com os seus romances e com uma prosa diferente da antiga. O
romantismo sofreu uma remodelação total.
1
Foram no total quarto conferências:
Primeira Conferência: Causas da decadências dos povos penisulares.
Segunda Conferência: Literatura Portuguesa.
Terceira Conferência: O Realismo como nova expressão da arte.
Quarta Conferência: O ensino.
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SÉCULO XIX
A REACÇÃO PARNASIANA
1. O parnasianismo
O vocábulo parnasianismo deriva de Parnaso, monte da antiga Grécia, na Fócida, consagrando a
Apolo, deus da poesia, e às musas.
Como designação de escola literária, deve a sua origem ao título de uma publicação francesa Le
Parnasse Contemporain. (Trata-se de uma revista ou colectânia, editada pelo livreiro parisiense
Lemerre, a partir de 1866, na qual se publicaram as primeiras obras poéticas que reagiram contra o
romantismo
a) impessoalidade do poeta
A poesia tem de ser impessoal. Substituirá, pois, os temas subjectivos, de confidência autobiográfica e
íntima, por temas objectivos, buscados na História, na vida, na natureza.
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SÉCULO XIX
SIMBOLISMO
b) Na forma
- uso do verso livre e novos agrupamentos estróficos;
- uso da prosa rítmica;
- emprego de vocabulário rico, raro e requintado
- construção de matáforas e imagens inéditas que sejam capazes de sugerir em vez de significar
directamente, o seu uso sistemático;
- valorização da entidade física sónica dos vocábulos pelo recurso à aliteração e rimas sucessivas;
- o recurso ao símbolo, à parábola, à alegoria.
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a) Primeiro Modernismo
Em fins de Março de 1915, apareceu em Lisboa a revista Orpheu, fundada por Fernando Pessoa,
Mário Sá-Carneiro, José Pacheco, Armando Cortes Rodrigues, Alfredo Guisado e outros.
Os autores citados, a que depressa se juntaram Almada Negreiros, Santa Rita Pintor, Ângelo de Lima,
António Botto e Raúl Leal, mostraram-se entusiasmados com as novidades do futurismo e começaram
a espalhar a estética modernista nos meios literários do país.
Serviram-se para isso das revistas seguintes revistas, todas de vida efémera, mas com sérias
repercussões na poesia:
Orpheu (números em 1915)
Centauro (1 número 1916)
Exílio, Portugal Futurista (1 número em 1917)
Comtemporânea (13 números de 1922 a 1923) e
Athena (5 números em 1924 e 1925)
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NEO-REALISMO
O Neo-realismo é um prolongamento ou uma simples reedição do realismo. É um movimento literário
do século XX que revitalizou as melhores lições e experiências do Realismo, no sentido da
interpretação artística e da problemática humana contemporânea com o auxílio das modernas doutrinas
filosóficas, históricas e económicas.
O Neo-realismo procura uma visão mais concreta e integral do Homem, a consciência do dinamismo
da realidade e a identificação do escritor e forças transformadoras do mundo.
O Neo-realismo acredita na função revolucionária dentro da arte, razão pela qual interpreta o Homem
e a sociedade à luz da doutrina Marxista e socialista. A arte desempenha uma função social.
Características do Neo-realismo
O Neo-realismo apresenta as seguintes características fundamentais:
• reacção contra o individualismo, contra o psicologismo; é a humanização da arte;
• baseia-se em documentos humanos e no estudo das lutas de classes, as injustiças sociais,
exploração do Homem pelo Homem;
• presta maior atenção aos sofredores e oprimidos;
Os temas mais visados na literatura neo-realista serão aqueles que se ligam ao proletariado a sua
condição económica, conflito social, alienação e consciência de classe, posse de terra, opressão,
decadência dos estratos sociais dominantes, etc.
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Nos primeiros séculos, os ciclos de ocupação e de exploração formaram ilhas sociais (Bahia,
Pernambuco, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo), que deram a colónia uma fisionomia de arquipélago
cultural. Assim, de um lado houve a dispersão de subsistemas regionais, até hoje relevantes para a
história literária.
2. Romantismo
(fim do século XVIII e início do século XIX)
Término: Abolicionismo
Contexto da época:
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Fagundes Varela:
sintetizou todos os temas
do romantismo.
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REALISMO
Contexto da época
Autores
Aluísio Azevedo
Machado de Assis
Raul Pompeia
PARNASIANISMO
Autores
• Olavo Bilac
• Raimundo Correia
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SIMBOLISMO
Contexto da época
• Antiparnasianismo
• A busca pelo espiritual, o místico, o estado da alma.
• Retorno de aluns temas românticos mas com uma estrutura poética mais livre
Autores
Cruz e sousa
Alphonsus de Guimaraens
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MODERNISMO
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS:
AUTORES
MÁRIO DE ANDRADE
• Liberdade formal.
• Combate a sintaxe tradicional.
• Nacionalismo.
• Procura da linguagem brasileira.
• Tema principal: a cidade de São Paulo.
• Expressões ítalo-paulistanas.
• Linguagem coloquial.
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• Pesquisa folclórica.
• Principais obras: “Paulicéia Desvairada” (1922); “Lira Paulistana” (1946); “Contos
Novos” (1946); “Amar,Verbo Intransitivo” (1927); “Macunaíma” (1928); “A escrava
que não era Isaura” (1925).
OSWALD DE ANDRADE
MANUEL BANDEIRA
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• Saudade da infância.
• Desejo de libertação.
• Principais obras: “A cinza das horas” (1917); “Ritmo Dissoluto” (1924); “Libertinagem”
(1930); “Estrela da Manhã” (1936); “Itinerário de“Itinerário de Pasárgada” (1954).
OUTROS AUTORES
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS:
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a) Temas específicos:
o indivíduo; a terra natal; a família; os amigos; o social; o amor; a própria poesia; exercícios
lúdicos com a poesia; visão de existência.
b) Características:
• 1962 - 1968: Poesia objectual; liberdade poética; atitude lúdica; o prosaico; o irônico;
poesia experimental.
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CECÍLIA MEIRELES
a) temas específicos:
b) Características:
c) Algumas obras:
• Espectros (1919)
• Viagem (1939)
• Vaga Música (1942)
• Mar Absoluto (1945)
• Romanceiro da Inconfidência (1953)
• A Rosa (1957)
• etc.
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VINICIUS DE MORAES
a) Temas específicos:
b) Características:
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• A Bagaceira, 1928 ? início da corrente regionalista nordestina. Retrata a vida dos engenhos
de cana-de-açúcar, os retirantes, a seca.
• Valores morais do homem nordestino.
RACHEL DE QUEIRÓS
JORGE AMADO
a) Romances Proletários: mostram a vida em Salvador com um retrato social - Suor, O País
do Carnaval e Capitães de
Areia.
b) Ciclo do Cacau: a vida nas fazendas nas regiões de Ilhéus e Itabuna - Cacau, Terras do
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GRACILIANO RAMOS
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS:
• a poesia renova-se.
• surge a poesia concreta, a poesia social e a poesia praxis.
• na prosa temos o romance e o conto em grande desenvolvimento.
• estilo mais objectivo e maior densidade.
• pesquisas e inovações linguísticas.
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• complexidade psicológica.
• tensões entre o indivíduo e a sociedade.
• realismo fantástico.
• regionalismo universal.
POESIA PÓS-MODERNA
CONCRETISMO
• Fim do verso.
• Eliminação da sintaxe tradicional.
• Força visual das palavras.
• Nova forma de comunicação poética: o gráfico.
• Exploração de formas, cores, montagem de palavras.
• Principais Poetas: Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos.
• Luta social.
• O meio e o homem.
• Obras: A Luta Corporal (1954); Quem Matou Aparecida (1962) etc.
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POESIA PRAXIS
PROSA PÓS-MODERNA
CLARICE LISPECTOR
• Obras:
* Perto do Coração Selvagem (1947) - estréia.
* O lustre (1946).
* A cidade Sitiada (1949).
* A maçã no escuro (1961).
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GUIMARÃES ROSA
* Sagarana (1948)
* Corpo de Baile (1956)
* Grande Sertão: Veredas (1956)
* Primeiras Estórias (1962) etc.
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1.1. O Pan-africanismo
O fenómeno da negritude surge numa primeira fase como a descoberta do continente africano,
por parte dos escritores negros da Jamaica e das Antilhas bem como dos EUA.
Com efeito, no século XIX perante a possibilidade de pôr em prática a abolição da escravatura
já decretada foi preciso adoptar como solução o regresso a África resumida na fórmula “Back
to Africa”, tendo sido enviados vários grupos para a Serra Leoa onde se formou o Estado
Negro da Libéria.
Esta solução, no entanto, não se mostrou definitiva porque havia negros que queriam
permanecer na América, além de que os emancipados eram formados das mais diversas etnias.
Entre o final do século XIX e princípios do século XX, surgiram na História Americana várias
personalidades decididas a acabar com o racismo, as quais defenderam teses que divergiam em
duas direcções:
- uma das teses encabeçada por William Du Bois, luta por uma aceitação do negro pelo
homem branco dentro da sociedade americano;
- outra dirigida por Marcus Garvey preconiza a unificação dos povos africanos para formar o
“Império Negro” denominado Estados Unidos de África.
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1.2. A Negritude
A expressão “Negritude” deve-se a Aimé Cesaire e foi empregue pela primeira vez em 1939
no “Cahier d’un retour au pays natal” e tem como antecedentes o renascimento negro norte
americano – Black Rennaissance, Harlem Renaissance ou New Negro (anos 20 e 30). Além do
proponente a materialização do conceito deve-se igualmente a L’eopold Senghor e Léo
Damas.
A negritude define-se como a revelação do património cultural, dos valores e sobretudo do
espírito da civilização negro-africana vinculada a uma atitude reflectida e crítica reorientada
para o protexto contra o colonizador e para a recusa da ingerência dos dados culturais
europeus.
Apesar do aspecto reacionário com que foi interpretada a negritude teve como virtudes:
- assumir tendências e aquisições históricas desalienantes, nacionalistas e progressistas;
- constituir um conceito de libertação nacional, esclarecedor e unificador;
- promover a busca de identidade profanada por séculos de escravatura e de desprezo, por
parte do homem negro;
- transformar a identidade sócio-cultural dos povos negros numa arma de emancipação e num
projecto de renascimento;
- lutar contra o euro-centrismo, os preconceitos, a imcompreensão e a arrogância das
potênciais coloniais;
- rejeitar a aculturação, a assimilação e a alienação;
- dessacralizar a cultura ocidental;
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cultura. O negro expressa o seu desjo de regresso às origens, o “retour au pays natal”,
recusando aos opressores (“eles”) a dominação do corpo, do espírito e do espaço. O negro
recusa qualquer espécie de alienação provocada pela assimilação, isto é, recusa os valores do
mundo ocidental e proclama a sua substituição pelos das culturas africanas.
Deste modo, no texto se tornam temas genéricos: Negro/Branco, Europa/África,
Mestre/Escravo, Colono/Colonizado, Crueldade/Inocência, Ódio/Amor, Falso/Verdadeiro,
Explorador/Explorado.
O humor, a ironia, são um instrumento retórico que, na ausência da denúncia directa, servem
ao negro como estratégia de ataque.
As influências da negritude fizeram-se sentir em todas as manifestações literárias,
especialmente no campo da poesia. Assim, vamos encontrar marcas do movimento em poetas
como Kalunganu dos primeiros tempos, José Craveirinha e outros, marcas essas relativas a
afirmação dos valores culturais africanos, a identidade africana, etc.
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CABO VERDE
Todos sabemos que há um conjunto de factores de ordem geo-política, econômica e social que levou a
que Cabo Verde, desde muito cedo, ficasse praticamente entregue a si próprio em termos de
homogenização racial e cultural. O impacto do colonialismo não é tão drástico, impulsivo e dramático
como nas outras regiões. Embora reconhecendo o risco de tal afirmação, diria que Portugal, como
potência colonizadora, e com todas as expectativas do regime, acabou por criar algumas condições
necessárias para o aparecimento da literatura caboverdiana. Desde muito cedo que a terra, bem como
os centros de controle e administração, passam para as mãos de. O grupo uma burguesia nascida em
Cabo Verde, formada maioritariamente por mestiços.
Entre 1920 e 1930 já existe uma elite muito consciente dos problemas que afectam as ilhas. Esta gente
está sobretudo concentrada em S. Nicolau, S. Antão e S. Vicente, e muitos são comerciantes,
professores estudantes e jornalistas que estão em contacto com as correntes e movimentos literários de
Portugal, como o modernismo e o neorealismo. Mas é sobretudo o modernismo brasileiro que
influencia esta geração que se familiariza com Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, e
poetas como Jorge Lima, Ribeiro Couto , Manuel Bandeira, e os sociólogos como Gilberto Freyre. A
partir, sobretudo, dessa altura os escritores de Cabo Verde começam a tomar uma consciência cada vez
mais nítida da realidade das ilhas, a romper com os modelos de tipo europeu. A atenção é focada cada
vez mais na terra, no ambiente sócio-económico e no povo das ilhas.
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O grande passo para a viragem total de temática da literatura produzida em Cabo Verde é dado , em
1936, por um grupo de intelectuais que lança a revista Claridade. O grupo, que para a história literária
passou a ser conhecido por claridosos, integra, para além de outros, Baltazar Lopes, Manuel Lopes e
Jorge Barbosa.
As linhas mestras dos movimentos dos claridosos estão praticamente condensadas na obra daquele que
também é o seu maior responsável- Jorge Barbosa.A preocupação fundamental da sua poesia é revelar
as situações com que diariamente se defronta o cabo-verdiano: a fome, a miséria, a falta de esperança
no dia de amanhã, as secas e os seus efeitos devastadores. Os grandes tópicos são o lugar, o ambiente
sócio-económico e o povo; e todos em relação constante com o mar.O mar é o elemento provocador
do aparecimento de outras duas realidades soberbamente tratadas na poética barbosiana : a viagem e o
sonho de encontrar uma terra prometida.
A ilha, o mar, a viagem e o sonho são os signos de maior densidade na poesia de Jorge Barbosa. Toda
essa temática se distribui pelas suas três obras: Arquipélago (1935), Ambiente (1941) e Caderno de um
Ilhéu (1956).Mas, quanto a mim, é em Ambiente que Jorge Barbosa se define como poeta inovador,
que dá à sua poesia uma tonalidade dramática nova, trazida "pela intimidade, a denúncia, a epopéia do
homem isleno vivendo no drama “. Não resisto à tentação de citar aqui um poema que, quanto a mim,
é revelador da dualidade em que Jorge Barbosa coloca os referentes de quase todos os seus poemas.
Há sempre um "eu" em constante tensão com um ambiente exterior. Repare-se no poema Prisão
Este poema é paradigmático quando se procura organizar uma amostragem comparativa da poesia de
Cabo Verde.É que toda poesia dos claridosos, se por um lado rompeu com os diques das normas
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A geração da Claridade lançou os alicerces da nova poesia que depois é continuada pelos escritores
pelos escritores que colaboram em outras duas publicações, a Certeza (1944) e o Suplemento Cultural
(1958). Nas duas revistas colaboraram poetas como António Nunes, Aguinaldo Fonseca , Gabriel
Mariano, Onésimo Silveira (um dos primeiros a utilizar o crioulo de parceria com o português, no seu
livro Hora Grande, 1962) e Ovídio Martins, que combate abertamente o evasionismo dos claridosos.
Apesar de tudo a geração da Claridade influenciou, e continua a influenciar, grande parte da produção
poética e ficcionista de Cabo Verde.
O salto qualitativo e a ruptura com a influência dos claridosos devem-se a dois escritores que
chegaram a participar na revista Claridade. Estou a referir-me a João Varela (aliás João Vário, aliás
Timótio Tio Tiofe) que publicou em 1975, O primeiro livro de Notcha, e Corsino Fortes, autor de dois
importantes trabalhos poéticos, Pão & Fonema (1975) e Árvore & Tambor (1985). É sobretudo
Corsino Fortes que provoca o maior desvio de conteúdo temático e formal. O livro Pão & Fonema
deixa perceber a intenção do autor em reescrever a história do povo em termos de epopéia. O livro
abre com uma Proposição que constitui, por si só, uma demarcação da poesia de tipo estático dos
claridosos. Repare-se na primeira estrofe:
Ano a ano
_____ crânio a crânio
Rostos contornam
_____ o olho da ilha
com poços de pedra
_____ abertos
_____ no olho da cabra
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Esta cadência ritmada do esforço humano marca o compasso da epopéia que se pretende escrever,
intenção que o autor condensa na epígrafe da autoria de Pablo Neruda:Aqui nadie se queda
inmóvel./Mi pueblo es movimiento ./mi pátria es um camino. O poema desenrola-se depois em dois
cantos que justificam o título.
Este livro de Corsino Fortes é, quanto a mim, o desenvolvimento e expansão de uma metáfora que se
inicia com o título. O povo tomou conta da sua terra (o Pão) e do seu destino (a fala que dá nome às
coisas, que indica posse). A utilização do crioulo em muitos poemas é intencional, uma vez que fala,
anterior à escrita,é o grande sinal da liberdade que se tornou patrimônio, tal como a terra. Daqui o
subtítulo do canto primeiro- Tchon de Pove Tchon de Pedra; Daqui também os subtítulos de outros
dois cantos- Mar & Matrimónio e Pão & Matrimónio.
É evidente que toda problemática de raiz caboverdiana está presente na obra de Corsino Fortes. Ao
contrário dos claridosos, a nova poesia é uma expressão artística cuja formulação sugere, reflecte e
intervém na dinâmica do real. A grande diferença no entanto, reside no facto de que este autor, para
além de criar uma nova dinâmica de ralações entre o sujeito e o objecto poético, colocar toda a
problemática caboverdiana num contexto muito mais vasto que é o da África. Cabo Verde, com sua
especificidade, que é o isolamento de arquipélago, participa na viagem de construção da África de
rosto e corpo renovado:
Em termos quantitativos, a produção poética de São Tomé e Príncipe corresponde as suas dimensões
físicas, se compararmos com o que se passa nos outros países. A literatura deste pequeno país de duas
ilhas no noroeste da costa africana é ainda pouco representativa no contexto das literaturas africanas de
expressão portuguesa. No entanto, e qualquer que seja o futuro da sua produção poética, São Tomé e
Príncipe tem assegurada a presença na panorâmica histórica da literatura africana. Com efeito,
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Francisco José Tenreiro, nascido em São Tomé, em 1921, é um dos marcos da poesia africana de
expressão portuguesa.
Sobre outros poetas, valerá a pena mencionar um dos precursores da negritude lusófona, Francisco da
Costa Alegre, nascido em 1864. A sua única obra, Versos, foi editada postumamente,em 1916.Costa
Alegre é um dos primeiros poetas africanos que se exprime em língua portuguesa e que tem a
consciência da sua cor. Ele não articula uma resposta à injustiça social que deixa transparecer em
alguns dos seus versos, pelo que a sua poesia se parece mais com um queixume sobre a sua situação de
africano de cor:a minha cor é negra,/Indica luto e pena;/(...)Todo eu sou um defeito,/Sucumbo sem
esperanças,/.Estes e outros lamentos são a tónica de sua poesia, que, no entanto, significa um
despertar para a cor, um dos passos importantes para uma tomada de consciência nacional que a poesia
africana toma em determinada altura, mas que se segue ao que Manuel Ferreira e outros críticos
identificam como a "alienação racial".
Devemos referir também a poetisa Alda do Espírito Santo que figura em todas as antologias de poesia
africana. A sua poesia, que tem também a diferença racial e a exploração colonial como pano de
fundo, caracteriza-se por uma grande dose de combatividade e panfletarismo. No entanto, no seu único
livro publicado até à data, É Nosso o Solo Sagrado da Terra: Poesia de protesto e luta, encontramos
também os poemas de grande profundidade lírica, que descrevem com traços de verdadeira
sensibilidade artística, a vida dos habitantes de São Tomé. Outros poetas , como Tomaz Medeiros,
Maria Manuela Margarido, Marcelo da Veiga e Carlos do Espírito Santo , mantêm uma linha de
continuidade em que a temática de fundo é a luta contra o colonialismo, a exploração dos negros nas
plantações, a consciência da diferença que a cor provoca , e a alienação.
Como já me referi, o expoente da poesia sãotomense , e da poesia africana, é Francisco José Tenreiro.
Duas razões fundamentais para esta facto . A primeira é uma razão que se reveste de carácter histórico
de muita importância. Francisco José Tenreiro foi, de parceria com outro importante nome da lteratura
de Angola( Mário Pinto de Andrade), o autor do célebre Caderno de Poesia Negra de Expressão
Portuguesa, lançado em Lisboa, em 1953. A publicação, com uma introdução de Mário Pinto de
Andrade, é uma pequena antologia de poetas de Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe e ainda
um poema de Nicolás Guillén,a quem o caderno é dedicado. Tem como objectivo fundamental uma
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reflexão sobre o que devia entender por negritude na África sob dominação portuguesa. O último
período da introdução é bem explícito com relação ao propósito da publicação do caderno, que se
destina "fundamentalmente aos que sabem encontrar-se reflectidosnesta poesia, e aos que,
compreendendo a hora presente de formação de um novo humanismo à escala universal, entendem que
os negros exercitam também os seus timbres particulares para cantar a grande sinfonia humana."
A segunda razão por que Francisco José Tenreiro é um marco de máxima importância na literatura
africana vem resumida na introdução atrás citada. As palavras do poeta angolano sintetizam, a meu
ver, o conteúdo temático e formal da poesia de Tenreiro.É por tal motivo que me permito terminar a
referência ao grande da negritude em português com as palavras de Mário Pinto de Andrade: " Quem
pela primeira vez exprimiu a <> em língua portuguesa foi sem sombra de dúvida Francisco José
Tenreiro no seu livro Ilha de Nome Santo, datado de 1942. Devemos assinalar que ele encontrou por
si, individualmente, as formas mais autênticas de expressão subjectiva e objectiva da <>. A Ilha de
Nome Santo aparece assim como um feliz encontro dos temas da sua terra de origem ( S. Tomé) e
ainda como exaltação do homem negro de todo o mundo".
A obra poética de Tenreiro, particularmente Ilha de Nome Santo, foi desde sempre uma leitura
obrigatória de todos quantos participaram dos movimentos sociais, políticos e literários, sobretudo a
partir da década de 50. Tais movimentos foram-se a partir de organizações como a Casa dos
Estudantes do Império e o Centro de Estudos Africanos, em Lisboa , de que Tenreiro foi um dos
fundadores, em 1951. Em tais organizações militou a maioria dos intelectuais cujas obras passaram a
integrar o que de mais representativo existe na poesia e na ficção dos países africanos de expressão
portuguesa. E é sobretudo a poesia desses autores que absorve, com maior grau de profundidade, a
tonalidade de negritude existente na obra de Francisco José Tenreiro. Eu diria que Tenreiro serviu de
charneira na moldagem da literatura africana ; literatura esta que não constitui uma ruptura essencial
com a cultura dominante de cinco séculos, mas segue, para utilizar a idéia de Frantz Fanon, num
movimento dirigido que começa na assimilação e vai até à luta pela libertação.
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ANGOLA
Como acontece com os outros países, a literatura de Angola também não nasce por método
espontâneo. Vários são os antecedentes e os precursores que influenciam sobremaneira o carácter
social, cultural e estético da literatura e da poesia, em particular. E não podemos nunca descurar, como
factor de grande influência, a tradição da oralidade em África, quanto a mim, um dos antecedentes de
maior responsabilidade. O peso da oralidade exerce-se em muita da obra poética africana, conferindo-
lhe uma grande carga de "espiritualismo telúrico". Podemos considerar a história da poesia de Angola
em duas fases, sendo a primeira a da escrita colonial, e a Segunda a da poesia moderna e nacional, que
se inicia com a publicação da revista Mensagem , em 1951.
Mensagem marca, assim, o início da poesia moderna de Angola. Nesta revista participa uma pleiade de
escritores que serão os responsáveis pela construção da literatura do novo país, nascido em 1975. No
primeiro número de Mensagem colaboram, entre outros, Mário António, Agostinho Neto, Viriato da
Cruz, Alda Lara, António Jacinto e Mário Pinto de Andrade. A publicação da revista , no dizer de Ana
Mafalda Leite, "foi o resultado concreto da ambição desta nova geração de intelectuais de Angola de
amplificar o movimento cultural iniciado nos anos 40 por Viriato da Cruz."
A produção poética angolana abrange três grandes períodos: de 1950 a 1970; o período de inovações -
a década de 70; e a geração de 80. Vejamos, em resumo, em resumo, o que se passa em tais espaços de
tempo.
As duas décadas de 1950 a 1970, marcam a fase da viragem para a conciencialização da problemática
angolana, sobretudo em três grandes vertentes - a terra, a gente, e as suas origens. A temática dos
escriotres da Mensagem gira à volta de tópicos que vão caracterizar a poética que existe até aos nossos
dias: a valorização do homem negro africano e da sua cultura a sua capacidade de auto-determinação,
a nação africana que se antevê como estado com autoridade e existência próprias. Muita da poesia é
uma poesia de protesto anti-colonial, sem deixar de ser humanista e social. Agostinho Neto, Viriato
Cruz e Mário António concentram muito da sua produção nesta temática.
O protesto anti-colonial toma uma feição muito mais directa e acutilante com a publicação da revista
Certeza, em 1957. Esta revista, que se publica até 1961, revelou a existência de novos poetas, entre
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eles António Cardoso e Costa Andrade. Para além da contestação contra o colonialismo, desenvolve-se
progressivamente uma temática que tem a ver com a evocação e a invocação da "mãe-pátria", da "terra
grande" de África. Quase todos estes poetas tratm os temas da identidade , da fraternidade, da terra de
Angola pátria de todos, negros, brancos e mestiços; de grande importância é também o tópico da
alienação ( sobretudo a que respeita ao estado de espírito do branco nascido e criado em Angola).
Muita da poesia é também de carácter intimista, como é o caso da de Mário António.
Toda esta geração, utilizando recursos líricos e dramáticos, consegue criar uma poesia de fundo e cariz
emocional. Através da poesia, descobre-se Angola, as suas origens , as suas tradições e mitos. A
poesia adquire uma intencionalidade pedagógica e didáctica: com ela tenta-se recriar África e Angola,
os valores ancestrais do homem africano e da sua terra, bem como ensinar esse mesmo homem a
descobrir-se como individualidade. Esta poesia põe em prática a reposição da tradição oral, onde as
próprias línguas nacionais ocupam um espaço importante. É, numa palavra, a poesia da
"angolanidade".
O autor que representa melhor toda esta problemática é, sem dúvida, Agostinho Neto. A sua obra
principal, Sagrada Esperança, é uma amostra valiosa não só da poesia de combate e contestação (sem
ser panfletária, no entanto) mas também da poesia lírica e intimista, frequentemente modulada por
uma religiosidade profunda. Agostinho Neto revela um grande humanismo, em que são evidentes o
amor profundo pela vida e o conhecimento do sofrer humano, que amiúde obriga o poeta a utilização
de um realismo feroz nos seus versos. Leia-se , como exemplos poemas "Velho Negro" e "Civilização
Ocidental". Se dizemos que há poemas intimistas, tal não significa que o poeta se isole de habitat
social e perde a referência fundamental da sua poesia. É constante a relação estabelecida por Neto
entre o "eu" poético e o "outro"; um "eu" que é povoado pela humanidade e colocado no contexto da
vida do seu povo. Veja-se ,por exemplo, o poema "Confiança" e o poema intitulado "Não me peças
sorrisos", que, a meu ver, é um dos melhores poemas de Agostinho Neto. Como o próprio título
sugere, é evidente que a esperança é o tópico raiz e motor desta poesia. A esperança é o núcleo à volta
do qual se constroem unidades poéticas de ralação dialéctica, como sejam a dor e o optismo, o sonho
do poeta e o despertar do povo, a escravidão e a fé de transcender a opressão. Não podemos falar de
sentimentalismo nesta poesia, mas sim de realismo poético. Eu chamaria atenção para o bom exemplo
que é o poema "O choro de África". Neste poema o poeta fala do "sintoma de África", que é uma
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combinatória dialéctica do sofrimento e da alegria que temperam, durante séculos, o homem africano,
cujo destino é "criar amor com os olhos secos". Como resultado desta temática, o estilo de Agostinho
Neto revela grande contenção de forma, onde não há lugar para floreados poéticos e apelos fáceis à
emoção, pese embora o seu cunho profundamente religioso.
Na década de 70 surgem três nomes que vão ser os principais responsáveis por uma mudança profunda
na estética e na temática: David Mestre, Ruy Duarte de Carvalho e Arlindo Barbeitos. Por um lado,
procura-se maior rigor literário; por outro, e como consequência do anterior, evita-se
propositadamente o panfletarismo.. Entra-se também numa fase de maior experimentalismo . Estes
autores tentam também reconciliar os temas políticos do passado com a procura de uma linguagem
poética mais universal.Por exemplo, Ruy Duarte de Carvalho é autor de uma poesia que, ao lado de
uma grande ambiência de oralidade e de um apontar para as consequências da guerra constitui também
uma reflexão sobre o próprio discurso poético. É, no entanto, Arlindo Barbeitos a voz poética que
melhor assume a viragem e a ruptura com a tradição da Mensagem.
Arlindo Barbeitos tem ,até o momento, dois livros publicados: Angola Angolê Angolema (1976) e
Nzoji (1979). Numa nota de introdução a Angola Angolê Angolema, Barbeitos traça as linhas mestras
de sua poética. Assim, a sua poesia tenta ser uma reconciliação do homem com a sua condição; é um
testemunho e um instrumento de libertação. A poesia tem como função primordial sugerir; ela é um
compromisso entre a palavra e o silêncio. A outra função é a de relatar as formas culturais africanas e
a vivência do autor. Arlindo Barbeitos afirma, a propósito, que "só é poesia se sugere, só tem
expressão, só tem força, só é arte em forma de palavra, se simultaneamente retém e transcende a
palavra"23. Sobre as características da sua poesia, devemos dizer que ela é religiosa na medida em que
nela se relata a experiência do ser humano que procura sempre a perfeição; por outro lado, há sempre o
desejo de retorno à imanência, e a vontade de construir a irmandade universal. É, também, uma poesia
que reflecte a dor, a guerra , a situação colonial. Em relação à língua, Arlindo Barbeitos tenta, e
consegue, africanizar a língua colonial, numa tentativa continuada de repossuir todos os valores e
tradições culturais do país.
A partir dos anos 80, surge uma nova geração de escritores cujo ecletismo é a característica mais
marcante. Digna de nota é uma pequena antologia publicada em 1988, e intitulada no Caminho
Doloroso das Coisas. Na introdução, o organizador da antologia deixa perceber o rumo de uma certa
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descontinuidade que a nova poesia angolana vai tomando: "São jovens, mas dentre eles há poetas que
são artistas nos seus versos como carpinteiros nas tábuas. Tiveram que por (sic) verso sobre verso
como quem constrói um muro. Analisaram se estava bem e tiraram sempre que não estivesse, sentados
na esteira do Pessoa, [...] Jovens subscritores de uma auto-explicação metalinguística em que a ruptura
formal não é tudo."
MOÇAMBIQUE
Em termos de precursores desta literatura, há que referir Rui de Noronha, João Dias e Augusto
Conrado. Entre eles merece realce Rui de Noronha ,cujo livro de Sonetos foi publicado seis anos após
a sua morte. A sua poesia reveste-se de algum pioneirismo, não pela forma, mas pelo conteúdo, uma
vez que alguns dos sonetos mostram sensibilidade para a situação dos mestiços e negros, o que
constitui a primeira chamada de atenção para os problemas resultantes do domínio colonial. Rui de
Noronha representa também uma das primeiras tentativas de sistematizar, em termos poéticos, o
legado da tradição oral africana. Sirva, como exemplo, o poema carregado de imagens do mundo
mítico africano, intitulado "Quenguelequêze! ..."
Uma parte significativa da produção literária moçambicana deve-se aos poetas da "literatura européia"
ou seja, aqueles que, sendo brancos, centram toda, ou quase toda a sua temática nos problemas de
Moçambique; foram eles que contribuíram decisivamente para a formação da identidade nacional
moçambicana. Merecem especial realce: Alberto de Lacerda , Reinaldo Ferreira, Rui Knopfli, Glória
Sant'Anna, Sebastião Alba, Luis Carlos Patraquim e António Quadros. Alguns destes poetas escrevem
poesia de carácter mais pessoal, enquanto os outros estão virados para o aspecto "social". Por exemplo,
Reinaldo Ferreira e Rui Knopfli são poetas cuja obra se debruça fundamentalmente sobre a África, a
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"Mãe África" e o povo que vive e sofre as consequências do colonialismo. Por muita desta poesia
perpassa também a centelha da esperança da libertação. São estes autores que contribuíram deum
modo decisivo para a emergência da literatura da "moçambicanidade". Em muitos destes poetas
podemos detectar a alienação em que se encontram perante a sociedade africana a que pertencem.
Veja-se este exemplo de Rui Knopfli:
Europeu me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.
Não sei se o que escrevo tem raiz de algum
pensamento europeu,
É provável...Não. É certo,
mas africano sou.
A poesia política e de combate em Moçambique foi cultivada sobretudo por escritores que militavam
na Frelimo. Entre eles,destaque para Marcelino dos Santos, Rui Nogar e Orlando Mendes. Este tipo de
poesia preocupa-se sobretudo com comunicar uma mensagem de cunho político e, algumas vezes ,
partidário. Como literatura, e salvo raras excepções (como é o caso de Rui Nogar, com alguns belos
poemas de carácter intimista, no seu livro Silêncio escancarado, de 1982), esta poesia é pouco ou nada
inovadora.
Como nos outros países, surge também em Moçambique um número de escritores cuja obra poética é
conscientemente produzida tendo em conta a factor da nacionalidade, anterior, como é evidente, à
realidade do país que mais tarde se concretiza. São eles que forjam a consciência do que é ser
moçambicano no contexto, primeiro da África e, depois, do mundo. Entre os principais autores deste
tipo de poesia, encontram-se Noémia de Sousa, José Craveirinha, Jorge Viegas, Sebastião Alba, Mia
Couto e Luis Carlos Patraquim.
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etapas da poesia moçambicana, desde os anos 40 até praticamente aos nossos dias. Em Craveirinha
vamos encontrar uma poesia tipo realista, uma poesia da negritude, cultural, social, política; há uma
poesia de prisão; existe uma poesia carregada de marcas da tradição oral, bem como muito poema com
grande pendor lírico e intimista.
Porque nos propomos analisar, numa outra oportunidade, a poética de Craveirinha, fique, ao menos, a
referência à obra publicada deste autor: Cela 1, (1980) Xigubo,(1980) Karingana Ua Karingana
(1982) e Maria (1988). Uma leitura atenta leva-nos a perceber a diferença marcante entre cada uma
destas obras de Craveirinha. Xigubo é um livro mais virado para a narratividade, para a descrição de
elementos exteriores ao poeta. Neste livro, o poeta distancia-se do "eu" poético; ou , então, funciona
como um narrador de estórias cuja voz é éco de um drama que se desenrola num universo (o de
África) em que o poeta é participante. Pelo contrário, em Cela 1 e Maria, o "eu" poético identifica-se
com o sujeito da narrativa. As últimas duas obras são um corolário da itinerância do poeta num clima
de epopéia de que Xigubo e Karingana Ua Karingana são um registro. O poeta transfere-se da esfera
de uma experiência colectivizante "narrada" em Xigubo, para uma escrita que individualiza a sua
própria vivência "mimada" em Cela 1 e Maria.
Nesta obra de José Craveirinha, que não se pode considerar vasta, encontra-se o que de melhor
pertence à poética africana dos países de expressão portuguesa.
Termino com uma breve referência à poesia do período pós-independência . Os poetas desta geração
(é evidente que não me refiro aos "grandes" de antes de 1975, como Reinaldo Ferreira , Knopfli e
Sebastião Alba) desviaram-se da poesia de cariz colectivo, preferindo o individual e o intimista com
que relatam a sua experiência pós-colonial. Entre estes poetas , é obrigatória a referência a Mia Couto,
mas sobretudo a Luis Carlos Patraquim. São dois grandes construtores da palavra, preocupados com a
linguagem poética. No caso de Mia Couto, penso que ele acaba por transferir todo o seu potencial
poético para a ficção. Luis Carlos Patraquim revela influências de Craveirinha e Knopfli, sobretudo
nos seus poemas de maior pendor pessoal e lírico, a sua poesia revela-se de certo modo, caótica,
sensual e, por vezes, surrealista. Patraquim desenvolve uma poesia que, em parte, é inovadora,
focalizada sobretudo no amor e no erotismo. Nota-se também uma grande preocupação de ligar a sua
experiência ao mundo universal dos poetas para além das fronteiras africanas. Autor de três livros
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(Monção, A inadiável viagem; e Vinte e tal Formulações e Uma Elegia Carnívora) , Luis Carlos
Patraquim representa a fusão entre as duas grandes vertentes da poesia moçambicana: a da
moçambicanidade e a da linguagem lírica e sensual do "estar em Moçambique".
Exercícios
A. Preencha o quadro que se segue com os nomes dos autores das obras que se seguem:
Obras
Escritores
“Praça da Canção” “O Canto e as armas” “Um barco
para Itaca” “Jornada e África”
“Mbelele e outros contos”
“Jubiabá” “Mar Morto”Capitães de Areia” “Terras sem
fim” “Gabriela Cravo e Canela” “Tieta do Agreste”
“Poesia 71”
“Viola de Bolso” “A Paixão Medida” “Amor se
aprende Amando” “Poesia Errante” “O Poder
Ultrajovem”
“As mãos e os Frutos” “Os amantes sem dinheiro”
“Obscuro domínio” “Levitar dos pássaros”
“Carol” “Mar novo” “Livro sexto” “Geografia” “O
nome das coisas” “Ilhas” “A menina do mar” “Contos”
“Espelho dos Dias”
“Por cima de toda a folfa”
“Romance de um Homem Rico” “Amor de Perdição”
“Amor de Salvação” “O bem e o Mal” “O Retrato de
Ricardina” “ Novelas do Minho” “Eusébio Macário”
“A Luta é a minha Primavera”
“Os Lusíadas”
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“O Regresso do Morto”
“Bailado do Amor ao Vento”
Poemas junto à Fronteira”
“Xigubo” “Karingana wa Karingana” “Cela 1”
“Maria”
“Godido”
“Livro de Mágoas” “Livro de chorar Saudades”
“Charneca em flor”
“No Reino de Caliban” “50 Poetas Africanos” “A
Aventura Crioula” “O Discurso do Percurso”
“Poemas”
“Viagens na minha Terra” “Os Dramas” “Frei Luís de
Sousa” “Um auto de Gil Vicente” “A poesia de
Camões” “Folhas Caídas” “Os Romances”
“Andorinha”
“Movimento Perpétuo” “Teatro do Mundo” “Máquina
do Fogo” “Poemas Póstumos”
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4. Espelho dos Dias, O Hábito das Manhãs e Estrangeiros de Nós Próprios são obras de:
A. Armando Artur
B. Calane da Silva
C. José Craveirinha
D. Carlos Everdosa
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1. Indique, dentre os versos abaixo, aquele que, sob o ponto de vista da métrica, tem a mesma
contagem de sílabas do verso:
Do ourives, saia da oficina:
a) “A natureza apática esmaece”
b) “Minha terra tem palmeiras”
c) “Dobra o sino... soluça um verso de Direceu...”
d) “Não morrrerás, Deusa sublime”
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2. O ideal parnasiano do culto da “arte pela arte” significa que o objecto do poeta é criar obras
que expressem:
a) um conteúdo social, de interesse universal.
b) a noção do progresso de sua época.
c) uma mensagem educativa, de natureza moral.
d) o Belo, criado pelo perfeito uso dos recursos estilísticos.
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6. A quem se refere a seguinte passagem? “Liderei a expedição que levou os portugueses por
mares nunca dantes navegados. Narrei a gloriosa história de meu país a reis na África e nas
Índias. Enfrentei todos os desafios, venci e fui recompensado com prazeres intensos na Ilha dos
Amores."
a) Gigante Adamastor, de "Os Lusíadas";
b) Dom Sebastião, rei de Portugal;
c) O Velho da Horta, de "A Farsa do Velho da Horta";
d) Vasco da Gama, de "Os Lusíadas";
7. A quem se refere a seguinte passagem? “Todo mundo é campeão em tudo. Nunca conheci
ninguém que tivesse levado porrada na vida. Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer
ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. É impressionante como a
evolução científica não foi acompanhada de evolução nos relacionamentos humanos. Talvez por
isso, sou um homem só."
a) Fernando Pessoa (heterónimo)
b) Ricardo Reis;
c) Álvaro de Campos
d) Bernardo Soares;
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2. Obra que opõe a supremacia ariana e a energia do dominador sobre o mestiço fraco à
harmonia entre os povos.
a) Vidas Secas
b) Negrinha
c) Clara dos Anjos
d) Canaã
e) Malasarte
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c) Simbolismo
d) Romantismo
e) Humanismo
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10. Sua poesia recebeu o nome de objetividade telegráfica por estar ligada à técnica de
comunicação industrial e por ser eminentemente sintética.
Escreveu, também, Pau Brasil e Ponta de Lança. O autor do texto é:
a) Oswald de Andrade
b) Mário de Andrade
c) Raul Bopp
d) Carlos Drummond de Andrade
e) Vinícius de Moraes
12. Um grande escritor brasileiro, realiza uma obra de ficção, que é , modernamente, um
depoimento sociológico e econômico da região latifundiária do nordeste: a Zona da Mata
e da Lavoura açucareira. Trata-se de:
a) Érico Veríssimo.
b) Graciliano Ramos.
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c) Marques Rebelo.
d) José Lins do Rego.
e) n. d. a.
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8. TIPOLOGIA TEXTUAL
8.1. A NARRATIVA
Acção
Estrutura da acção
A acção da narrativa é constituida por três acções: Intriga, Acção principal e Acção secundária.
Sequência
A acção é constituida por um número variável de sequências (segmentos narrativos com princípio,
meio e fim), que podem aparecer articuladas dos seguintes modos:
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pela forma que foi escrita esse eu lirico deve ser mais abrangente de forma que o leitor se familiarize
com a leitura.
Tempo
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Personagens
Roland Barthes, além de retomar a importância que os clássicos davam à acção, avança ao afirmar que
“não existe uma só narrativa no mundo sem personagens”. Aqui se entende personagem não como
pessoas, seres humanos. Um animal pode ser personagem (ex. Revolução dos Bichos), a morte pode
ser personagem (ex. As intermitências da morte), uma cidade decadente ou uma caneta caindo podem
ser personagens, desde que estejam num espaço e praticando uma ação, ainda que involuntária.
Composição
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Caracterização
• Directa
o Autocaracterização: a própria personagem refere as suas características.
o Heterocaracterização: a caracterização da personagem é-nos facultada pelo narrador ou
por outra personagem.
• Indirecta: O narrador põe a personagem em acção, cabendo ao leitor, através do seu
comportamento e/ou da sua fala, traçar o seu retrato.
Espaço ou Ambiente
• Espaço ou Ambiente físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se
movem.
• Espaço ou Ambiente social: é constituído pelo ambiente social, representando, por excelência, pelas
personagens figurantes.
O espaço ou ambiente pode ser desde uma praia a um lago congelado. De acordo com espaço ou
ambiente é que os fatos da narração se desenrolam.
Narrador
• Participação
o Heterodiegético: Não participante.
o Autodiegético: Participa como personagem principal.
o Homodiegético: Participa como personagem secundária.
• Focalização: É a perspectiva adoptada pelo narrador em relação ao universo narrado.
o Focalização omnisciente: colocado numa posição de transcendência, o narrador mostra
conhecer toda a história, manipula o tempo, devassa o interior das personagens.
o Focalização interna: o narrador adopta o ponto de vista de uma ou mais personagens,
daí resultando uma diminuição de conhecimento.
o Focalização externa: o conhecimento do narrador limita-se ao que é observável do
exterior.
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9. RECURSOS ESTILÍSTICOS
Figuras de estilo
Toda a vez que uma palavra ou expressão for utilizada conotativamente com o objectivo de realçar
uma ideia ou emoção, ocorre uma figura de estilo. Como são muitas as Figuras de Estilo, vamos tratar
nessa somente as mais usadas na escrita convencional.
Figura de Estilo - é um recurso linguístico usado para realçar uma ideia ou emoção.
Nessa frase o narrador associa a suavidade das mãos de uma mulher a um tipo de tecido macio, sedoso
e agradável ao toque, baseando-se na sua emoção. Surge assim, uma comparação subjectiva que fica
subentendida no contexto geral da frase. Nesse confronto de ordem pessoal e emotivo do escritor
reside o valor literário dessa figura denominada metáfora.
Metáfora - acontece quando o narrador usa um termo, para representar outro ou para substitui-lo,
baseando-se numa comparação de ordem pessoal ou subjetiva. Ex.: "Suas mãos eram pura seda"
quando queria dizer "Suas mão eram muito macias". Veja outros exemplos: "Meu coração está
ilhado" , "Não achei a chave do problema".
b) " - Estou a ler Jorge Amado " - Nessa frase é óbvio que o narrador não pode estar lendo Jorge
Amado (pessoa), mas sim textos de Jorge Amado. Essa figura de estilo consiste na substituição de um
termo ( lendo Jorge Amado) por outro ( Um livro de Jorge Amado). Esse tipo de figura de linguagem
recebe o nome de metonímia.
Metonímia - é a substituição de um termo por outro, baseando-se numa estreita ligação de sentido
entre eles. Assim podemos citar também como exemplos: "Todo Brasil vai torcer pela seleção na
copa do mundo" ( onde todo Brasil refere-se ao povo brasileiro), "O careca não veio ao trabalho hoje"
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( Onde uma característica física substitui uma pessoa), " Vamos tomar uma coca? " (onde uma marca
substitui um produto), "O Ceará disse que seu filho nasceu" ( onde o lugar substitui a pessoa), etc.
c) " - A perna da mesa está quebrada." A palavra perna, é usada com mais propriedade quando se
refere a um ser animado, homem ou animal, no entanto, por falta de um termo apropriado para definir
essa parte do móvel, usamos a palavra para defini-la. Essa figura de estilo chama-se catacrese.
Catacrese - aparece quando por falta de um termo próprio usamos um termo figurado. É um tipo de
metáfora. Veja outros exemplos de catácrese: "Sentou no braço do sofá." , "Tempere com um dente de
alho." , "A asa da xícara está quebrada."
c) " - Não existiria som, se não houvesse o silêncio, não existiria luz se não fosse a escuridão..."
(Lulu Santos) Para dar maior realce às suas ideias, o autor utilizou expressões de sentido oposto,
colocando lado a lado, som / silêncio, luz / escuridão. Quando é usado esse recurso, ele recebe o
nome de antítese.
Antítese - é uma figura de estilo pela qual se salienta a oposição entre palavras ou idéias.
d) "- José entregou a alma à Deus ". Para não dizer que José morreu, o emissor utilizou uma
expressão mais suave. Ao recurso de suavizar a expressão de uma idéia considerada chocante ou
desagradável, damos o nome de eufemismo.
Eufemismo- é o emprego de uma expressão suave e polida no lugar de uma outra considerada
grosseira ou pouco polida. Outros exemplos de eufemismo são: "Vestir um terno de madeira.", "Ele
faltou com a verdade." , "Passar desta para melhor."
f) Hipérbole - É o exagero intencional de uma expressão para reforçar um pensamento. Exemplo: "
Estou morrendo de rir". ou "Já lhe avisei mil vezes".
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g) Gradação - Acontece quando você expõe suas ideias de maneira crescente ou decrescente.
Exemplo: " ... e assim, José conquistou o bairro, a cidade e o país".
h) Perífrase - Acontece quando você substitui um termo usual e costumeiro por outro não muito
comum. Exemplo: " O Astro Rei nasceu mais cedo". ( Sol ), ou ainda, " Visitarei a cidade-luz."
i) Ironia - Acontece justamente quando você atribui um valor depreciativo ou sarcástico a palavras ou
expressões, permitindo um entendimento contrário ao que foi dito ou escrito. Exemplo: Num diálogo
entre duas pessoas ( marido e mulher ) eles estão discutindo e em dado momento o marido diz: " Mas
você hoje está insuportável, hein?" ao que a mulher responde: - " Não diga, meu amor! ". - Nesse
contexto as palavras meu amor, querem dizer exatamente o contrário do que simbolizam.
j) Elipse: É a omissão de termos que estão subentendidos na frase mas, que não foram enunciados
anteriormente, veja um exemplo disso:
Na frase: No deserto, o Sol escaldante. A elipse ocorre com o verbo arder, pois, ele não é escrito na
frase, porém, sabemos que está lá, veja: No deserto, o Sol arde escaldante.
m) Assíndeto: Omissão reiterada (várias vezes) de conjunções entre orações que se dispõem em
sequência:
Exemplo: Ri, chora, canta, entristece.
Neste caso, a frase omite várias vezes o uso da conjunção “e”, substituindo-a pela vírgula.
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Veja que as “Tais pessoas,...” - recebem um reforço quando são mencionadas novamente com o uso do
pronome oblíquo “as” - ...já as conheço muito bem.
q) Epíteto: Qualificação do nome por meio de uma característica que lhe é peculiar:
Exemplo: Não havia Lua na escura noite.
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Exercícios
Nos exercícios de números 23 a 40, faça a associação de acordo com o seguinte código:
a) metáfora f) sinédoque
b) comparação g) sinestesia
c) prosopopéia h) onomatopéia
d) antonomásia i) aliteração
e) metonímia j) catacrese
3. ( ) “O administrador José Ferreira vestia a mais branca limpeza.” (João Cabral de Melo Neto)
4. ( ) “A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos
cascos de seu cavalo.” (José Cândido de Carvalho)
6. ( ) A virgem dos lábios de mel é um das personagens mais famosas de nossa literatura.
9. ( ) “Solução onda trépida e lacrimosa; geme a brisa folhagem; o mesmo silêncio anela de
opresso.”
( José de |Alencar)
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11. ( ) “O Forte ergue seus braços para o céu de estrelas e de paz.” ( Adonias Filho)
(Alcântara Machado)
16. ( ) “O arco-íris saltou como serpente multicolor nessa piscina de desenhos delicados. “
(Cecília Meireles)
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9.2. RIMA
Rima - nome que se dá à repetição de sons semelhantes, ora no final de versos diferentes, ora no
interior do mesmo verso, criando um parentesco fônico entre palavras presentes em dois ou mais
versos.
Tipos de rima
9. FUNÇÕES DE LINGUAGEM
Funções da linguagem são recursos de ênfase que atuam segundo a intenção do produtor da
mensagem, cada qual abordando um diferente elemento da comunicação. Um texto pode possuir mais
de uma função enfatizada.
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Função fática - o canal é posto em destaque. O interesse do emissor ao emitir é simplesmente testar o
canal. Exemplos típicos da função fática são: "alô", "pronto", "oi", "tudo bem?" "boa tarde", "sentem-
se", etc.
Função poética - a mensagem é posta em destaque, chamando atenção para o modo como foi
organizada. É afetiva, sugestiva, conotativa, metafórica. Valorizam-se as palavras e suas combinações.
Exemplos: linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de música, em algumas
propagandas.
Função metalingüística - o código lingüístico é posto em destaque. Usa-se o código para falar dele
mesmo. Exemplos: dicionários, gramáticas, textos que analisam textos, poesias que abordam o assunto
poesia.
9.1. RESUMO
Resumir um texto é condensar as ideias principais, respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de
enunciação, isto é, os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulário e do estilo pessoais. Assim,
através de um resumo retemos as linhas de um raciocínio, o essencial dos dados de um problema, as
características de uma situação, as conclusões de uma análise, sem o mais pequeno comentário.
O resumo encara o texto como um todo, "considerando-o não como uma sequência de frases
autónomas, mas como uma totalidade, formal e significativa"2
2
in, Roger Petitjean, De la Lecture à l' Écriture, La Transformation de Texte, Paris, CEDIC, 1984, 123.
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COMO FAZER:
1. Compreender e apreender o texto pela técnica do sublinhado.
2. Dividir hierarquicamente o texto em partes e subpartes.
3. Atribuir um título a cada uma delas: pode ser temático (baseado no conteúdo) ou explicativo
(caracteriza a parte).
4. Destacar a oposição, simetria, crescendo ou diminuendo das ideias presentes no texto.
5. Distinguir claramente: as ideias principais (a tese), das ideias secundárias (argumentos que a
suportam) e dos exemplos.
REGRAS A SEGUIR:
1. Regra da Supressão de:
♦ repetições, de fórmulas, da ênfase, de interjeições.... ( o resumo transmite uma tese, não um estilo);
♦ exemplos isolados, citações, anedotas ...(o resumo transmite uma demonstração, não uma
explicação).
2. Regra da Generalização:
♦ Com esta regra é possível substituir alguns elementos, como palavras e ideias, por outros mais
gerais.
3. Regra da Selecção:
♦ Distinguir bem o essencial e o acessório;
♦ Suprimir os elementos que exprimam pormenores óbvios e normais no contexto.
4. Regras de Construção:
♦ Manter tempos e pessoas;
♦ respeitar a ordem do texto;
♦ atender à proporção entre o texto dado e o texto a produzir;
♦ fazer tantos parágrafos quantas as partes que contiver o nosso plano;
♦ conservar a estrutura do texto de partida e as articulações lógicas;
♦ ligar logicamente as frases redigidas.
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DEFEITOS A EVITAR
♦ Não se deve imitar o texto de partida: o resumo pode usar o mesmo vocabulário, mas não permite
o uso de expressões ou de frases inteiras (nem citações);
♦ Não se deve introduzir comentários pessoais ou deturpações ao sentido do texto;
♦ Evitar a destruição do texto pela ausência de ligações lógicas entre frases ou parágrafos;
♦ Evitar a desproporção:
♦ Parcial ao conservar um exemplo ou uma ideia secundária em detrimento de uma ideia principal;
♦ geral ao atribuir demasiada importância a uma parte do texto em detrimento de outras.
9.2. SÍNTESE:
Natureza
A síntese é um exercício rigoroso, incompatível com a improvisação, assentando em duas actividades
intelectuais: compreensão e redacção. Apelam ambas à agilidade de espírito para distinguir o essencial
de um pensamento e reconstruí-lo fielmente. Exige rigor na ordenação da argumentação, concisão e
precisão aliado ao cuidado posto na expressão escrita.
Pela sua natureza, a síntese apresenta algumas semelhanças com o resumo, mas também
especificidades próprias:
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1. Percurso
Uma síntese não é um catálogo de ideias. Constitui um género de texto elaborado, de dimensão
reduzida, mas redigido de forma simples, clara e consistente. A sua eficácia depende da «coerência,
unidade, rigor lógico e progressão no interesse»3.
Compreender o texto
Impõe-se uma leitura activa: destaque das palavras-chave e das ideias principais, das articulações
lógicas e dos exemplos. Trata-se de fazer o levantamento do material e de o tornar visível numa ficha
ou folha de papel, através de pequenas frases soltas.
Planificar ou reagrupar as ideias
a) Apresentação - indica o texto, o tema tratado, o nome do autor e eventualmente a tese.
b) Ilustração - expõe os factos respeitantes ao tema; noutros casos, historia o problema.
c) Causas - diagnostica o estado da questão, indo até às suas origens.
d) Efeitos - reúne as consequências.
e) Soluções - indica a remediação apresentada pelos autores para alterar os efeitos ou resolver os
problemas.
f) Conclusão - apresenta as considerações finais dos textos.
Redigir
Para além das indicações para a redacção do resumo, conviria acrescentar algumas, próprias da
síntese:
• As posições de cada autor são apresentadas no estilo indirecto e, quando numeradas, convém
manter a ordem por que aparecem no texto de origem.
• A concisão é muito importante, não ultrapassando o número de palavras pedido.
• A clareza, a precisão e a elegância são fundamentais.
3
BENOIT, Alain, Como fazer a síntese, Mem Martins, Edições Cetop, 1991, pp.133-139.
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10. A PONTUAÇÃO
A pontuação tem por função subdividir o texto de modo a facilitar a sua compreensão. O uso de uma
pontuação correcta é difícil porquanto a pontuação não deve respeitar só as pausas e as mudanças de
tom da língua falada mas também, em muitos casos, a estrutura da frase. Muitas dificuldades
encontradas pelos estudantes no uso de uma correcta pontuação estão ligadas à falta de umas clara
concepção da estrutura da frase.
O uso da pontuação em Português é difícil até porque há vários estilos. Uns preferem escrever longos
períodos ricos de pontuação diversa (vírgulas, pontos vírgula, dois pontos, parêntesis e traços de
união), outros escrevem períodos curtos utilizando somente os pontos. Outros ainda usam muitíssimas
vírgulas evidenciando todas as pausas, havendo quem as use só quando são estritamente necessárias.
Passemos em revista algumas das regras no uso da pontuação que são típicas fontes de erro.
Quando porém cada um dos elementos da lista é muito longo, eventualmente com uma pontuação
própria, é oportuno usar o ponto e vírgula ou mesmo o ponto final para separar os elementos. Neste
caso, é possível usar uma conjunção antes do último elemento.
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Exemplo: Lisa passa todo o dia na piscina, bronzeando-se e nadando. Mário, toca guitarra sem
nunca sair de casa.
Neste caso, a vírgula depois de Mário tem de ser tirada, embora havendo uma pausa na linguagem
falada.
O ponto não pode ser usado no meio de um período criando fragmentos de frases: o que precede e
segue o ponto deve ser sintacticamente completo.
Neste caso “Correndo até perder fôlego” não pode ser separado da frase precedente, da qual
depende. Naturalmente um escritor pode usar este processo como elemento de estilo. Mas deve
fazê-lo com coerência, continuidade e esta decisão requer longa experiência; num trabalho escolar é
melhor evitá-lo.
Exemplo: Todos os amigos que tenho são extraordinários: Mário, óptimo ginasta, participará nos
campeonatos; Luísa, grande violinista, terá seguramente uma grande carreira; enfim, Paulo,
indolente mas genial, vencerá sem dúvida o torneio de xadrez da sua escola.
Proposição relativa restritiva: o jogador que tem mais pontos vence a partida.
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Proposição relativa não restritiva: Mário, que era muito alto, tinha dificuldade em encontrar factos
que lhe servissem.
No caso da relativa restritiva, em que a emissão da voz é contínua, as vírgulas não usadas; porém,
no caso da relativa não restritiva, que é acompanhada por uma mudança de tom da voz, devem
usar-se as vírgulas.
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11. O PARÁGRAFO
O parágrafo é uma porção de texto contida entre dois pontos, sendo indicado por mudança de
linha e espaço maior, á esquerda; pode conter vários períodos separados por pontos ou pontos e
vírgulas. Cada parágrafo deve corresponder a uma e única ideia do plano.
c) Desenvolvimento por quadros – o parágrafo tem uma estrutura clara que é indicada desde o seu
início, de modo a guiar o leitor.
Exemplo: Tenho três razões para estar contente: a primeira é...., a segunda é...., a terceira é....
Existem três tipos principais de parágrafos com características específicas: parágrafo narrativo,
parágrafo descritivo e parágrafo expositivo-argumentativo
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«para começar, de seguida, no fim», mas a exposição da sequência dos factos é mais
frequentemente dada pela sua posição no texto..
Exemplo: Ugo Foscolo, filho de Andrea, cirurgião veneziano, e da grega Diamantina Spathis
,mudou-se por alguns anos da natal Zante para Spalato; depois, após a morte do pai, voltou com a
família para Veneza. Em Veneza, o jovem travou frutuosos contactos com o ambiente intelectual
(...) Mudou-se primeiro para Milão, depois para Bolonha, combateu na Emília e na Ligúria. No
fim da guerra cumpriu várias missões na Toscana (in: Enciclopédoa da Leitura, Garzanti).
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12. Os CONECTORES
Num escrito bem elaborado, as várias partes devem ser ligadas entre si, de modo a ajudar o leitor a
seguir o fio do discurso. Esta operação só pode ter sucesso quando este fio condutor, existe, isto, é
quando o texto foi bem planificado. A relação lógica que liga entre si duas proposições (ou dois
parágrafos) pode ás vezes não ser expressa linguisticamente. Por exemplo, as duas frases: «Está a
chover. Levo o guarda-chuva», estão ligadas por uma relação causa-efeito que não requer o uso de
um conector. Na maior parte dos casos, a relação entre as duas proposições deve ser expressa
linguisticamente de vários modos.
2.repetindo uma palavra-chave que se refere ao elemento central do discurso. Por exemplo:
«O livro de Calvino apresenta-nos...Este livro é importante porque...»
3.usando uma expressão que sintetiza a ideia expressa na frase ou parágrafo precedente de
que se parte. Por exemplo: «A acção dos soldados visava alcançar e destruir a ponte sobre a qual devia
passar o exército inimigo durante a retirada. A destruição da ponte causou graves danos...»
Duas proposições ou dois parágrafos consecutivos podem ser ligados logicamente de diversos
modos. Vejamos uma lista de ligações lógicas e as expressões de transição correspondentes:
1. Consequência, causa e efeito: portanto, por isso, segue-se que, daí resulta que....
2. Exemplificação: por exemplo, isto é, como...
3. Contraste e concessão: mas, apesar disso, todavia, ao contrário, ao invés, embora, por outro
lado,....
4. Reafirmação ou resumo: por outras palavras, sucintamente, de facto,...
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5. Ligação temporal: logo que, em seguida, até que, quando, no fim, depois,....
6. Ligação espacial: ao lado, sobre, sob, à esquerda, no meio, ao fundo,...
7. Semelhança e enfatização: do mesmo modo, igualmente, da mesma maneira,...
8. Adjunção: e, pois, além disso, também, ademais,...
9. Conclusão: enfim, resumindo, em conclusão
Exercícios
Para obter um parágrafo coerente, qual seria a ordem correcta das seguintes frases:
(i) O padre transmite aos fiéis certos ritos e ensinamentos, mas a Bíblia ou mesmo só os
Evangelhos) são conhecidos de poucos.
(iii) O papel do brâmane assemelha-se ao do professor primário e ao do pároco, com muito maior
influência.
(iv) A sociedade hindu é dominada pelos brâmanes, a quem compete, entre várias obrigações
rituais, ensinar e aprender.
(i) Conta a história que Harun Al Raschid, califa de Bagdade, costumava disfarçar-se de pedinte
com o intuito de descobrir o que pensavam os seus súbditos.
(ii) Esta história constitui uma imagem famosa de despotismo, um sistema de ordem criado pela
acção da força, que assenta no medo e nasce do capricho.
(iii) Harun foi aquele califa que se tornou célebre por ter condenado à morte Xeherazade.
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(iv) Rodeado de aduladores que se agarravam como lapas ao poder absoluto, só conseguia
descobrir a verdade por processos ínvios.
(v) Todavia, esta encantou-o de tal forma com as sucessivas histórias que lhe foi contando ao
longo de mil e noites que Harun foi adiando a execução e acabou mesmo por se casar com ela.
(i) Antes de publicar as suas opiniões imaginava que as mantinha em comum, mas, mal as declara
abertamente, é censurado, em altos brados, pelos seus prepotentes adversários, enquanto os que
pensam como ele, mas que não têm coragem de falar, o abandonam em silêncio.
(ii) Cede, por fim, oprimido pelos esforços diários que vinha fazendo, e mergulha no silêncio,
como que atormentado pelo remorso de ter dito a verdade.
(iii) Na América, a maioria antepõe barreiras formidáveis à liberdade de opinião: dentro dessas
barreiras, um escritor pode publicar o que lhe agradar, mas arrepender-se-á se der um passo além
delas.
(iv) Não é propriamente exposto aos terrores de um auto-de-fé, mas será atormentado pelo
desprezo e pela maledicência da vida quotidiana e a sua carreira política ficará encerrada para sempre,
porque ofendeu a única autoridade capaz de promover o seu êxito.
(v) Qualquer espécie de compensação, mesmo a da celebridade, é-lhe recusada.
D
(i) Como resultado, a hierarquização no contexto cultural moçambicano vai compreender três
níveis básicos: o da cultura europeia, o da cultura assimilada e o da cultura indígena.
(ii) Esta divisão reflecte-se no sistema de ensino, que distingue, ao nível primário, ensino
rudimentar (posteriormente chamado de adaptação), frequentado por indígenas, e o ensino primário,
frequentado por «civilizados» e indígenas que tivessem concluído o ensino de adaptação.
(iii) Este assume dá acesso aos escalões mais elevados do ensino, o que propicia a aquisição e
desenvolvimento de uma cultura letrada dentro dos modelos civilizacionais portugueses.
(iv) Os requisitos para a assimilação, como é óbvio, apenas eram preenchidos por uma ínfima
percentagem da população assume, o que resulta na sua divisão entre assimilados e não assimilados
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(os indígenas).
(v) Teoricamente, a assimilação seria a forma pela qual se transformaria o colonizado num
português «verdadeiro», levando-o a assumir os seus valores culturais originais e a assumir uma
postura mais conforme com os valores europeus, para daí gozar do direito à plena cidadania
portuguesa.
E
(i) Elas tiveram frequentemente que se satisfazer com explicações ad hoc e pouco plausíveis, tais
como a força dos instintos atávicos ou o impacto das ideologias arbitrariamente introduzidas.
(ii) Outras ciências sociais foram relativamente impotentes para enfrentar a tarefa de compreender
o “nacionalismo”, que é o nome sob o qual a nova ordem cultural é mais activa.
(iii) Por outro lado, a antropologia social, cujos praticantes são treinados nas maneiras complexas
pelas quais interagem a cultura e as estruturas sociais, pode ajudar-nos a compreender esta força
crucial que é o nacionalismo.
(iv) Mas não se pode explicar desta maneira algo tão poderoso e invasor quanto o nacionalismo.
F
(i) Uma tal morte foi a afirmação máxima da sua individualidade.
(ii) Muitos morreram neles, convictos de que morrer na peleja contra a opressão era melhor do que
viver sem liberdade.
(iii) Aparentemente, a plena realização das potencialidades do homem era a meta de que se
aproximava rapidamente a evolução social.
(iv) A História, parecia, estava demonstrando ser possível ao homem governar-se a si mesmo,
tomar decisões por si mesmo e pensar e sentir conforme ele desejava.
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EXERCÍCIOS
A necessidade do cepticismo político
Uma das peculiaridades do mundo de língua inglesa é o seu imenso interesse e crença nos partidos
políticos. Uma grande percentagem de gente que fala inglês acredita realmente que os males de que sofre seriam
curados se estivesse no poder determinado partido político. Há um motivo para o pêndulo oscilar. Um homem
vota num partido e continua infeliz; conclui, assim, que o outro partido é que lhe daria a superioridade. Quando
afinal se desencanta de todos os partidos, já é um velho com o pé na cova; os filhos retêm a crença da
juventude, e o erro continua.
Desejo sugerir que, para obtermos algum resultado em política, devemos encarar as questões de maneira
totalmente diferente. Numa democracia, o partido que deseja galgar o poder deve fazer um apelo ao qual
responde a maioria da nação. É difícil que não seja nocivo, na democracia existente, um apelo de amplo êxito.
Portanto, não é provável que nenhum partido político tenha um programa útil, e, para que sejam tomadas
providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra organização diferente do governo partidário. Um dos
problemas mais urgentes da nossa época é combinar essa organização com a democracia.
Há actualmente dois tipos muito diferentes de especialistas em questões políticas. De um lado, os políticos
práticos de todos os partidos; do outro, os peritos, principalmente os funcionários públicos, mas também os
economistas, financeiros, cientistas, médicos, etc. Cada grupo possui um género de habilidade. A do político
consiste em adivinhar quem pode ser convencido a pensar a favor do seu partido; a habilidade do perito consiste
em calcular o que, na verdade, é vantajoso contanto que possa convencer o povo. (Esta condição é essencial,
porque as providências que provocam ressentimentos sérios raramente são vantajosas, por mais méritos que
possam ter noutro plano). O poder do político, numa democracia, depende do facto de adoptar as opiniões que
pareçam correctas ao cidadão comum. É inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas
para advogar o que a opinião esclarecida considerasse bom, porque se o fizessem seriam varridos do caminho.
Além disso, a habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica qualquer
capacidade na formação das suas próprias opiniões, de modo que muitos dos mais capazes (do ponto de vista
político-partidário) estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que a maioria acha boas,
mas que os peritos sabem ser más. Portanto, é inútil exortar os políticos a procederem desinteressadamente,
excepto na forma mais crua de se absterem do suborno.
Onde quer que exista a política partidária, o político recorre primariamente a um sector da opinião pública,
enquanto os seus adversários se dirigem ao sector oposto. O seu sucesso depende da transformação do seu
sector em maioria. Uma medida que interessa igualmente a todos os sectores, será presumivelmente terreno
comum a todos os partidos e, portanto, de nada servirá o político. Consequentemente, ele concentra a sua
atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o núcleo dos adeptos do adversário. Além disso, por
mais admirável que seja uma providência, será inútil ao político, a menos que lhe possa dar razões que, expostas
num discurso, pareçam convincentes para o homem comum. Temos assim duas condições que devem ser
preenchidas pelas medidas que os políticos mais realçam: (1) devem parecer favoráveis a um sector do país; (2)
os argumentos a seu favor devem ser da maior simplicidade. Naturalmente, isto não se aplica em tempo de
guerra, porque então o conflito partidário suspende-se em favor do embate com o inimigo exterior. Na guerra,
as artes do político são aplicadas aos neutros, que correspondem ao eleitor hesitante da política normal. A
última guerra demonstrou que, como seria de esperar, a democracia constitui um treino admirável para a tarefa
de apelar para os neutros. Foi essa uma das razões principais da democracia ter ganho a guerra. É verdade que
perdeu a paz; mas isso já é outra questão.
A habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade despertar, e
como evitar, quando despertas, que sejam nocivas a ele próprio e aos seus aliados. Na política, tal como na
teoria da moeda, há uma lei de Gresham; o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto
naqueles raros momentos ( principalmente revoluções ) em que o idealismo se conjuga com um poderoso
movimento de paixão interesseira. Além disso, como os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a
dividir a nação, a menos que tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação. Vivem à custa do “ruído
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e da fúria, que nada significam”. Não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não
acarrete divisão ( seja entre nações seja ao nível nacional), ao que reduza o poder dos políticos como classe.
O perito é um tipo curiosamente diferente. Via de regra, é um indivíduo que não almeja o poder político. A
sua reacção natural a uma solução política é indagar se esta seria benéfica, em vez de perguntar se seria popular.
Em certos campos, possui excelente conhecimento técnico. Se for funcionário público ou chefe duma grande
empresa, tem considerável experiência dos cidadãos, e pode ser um juiz arguto das suas acções. Tudo isto são
circunstâncias favoráveis, que conferem peso à sua opinião sobre o assunto.
Todavia, ele apresenta em geral defeitos correlativos. Como o seu saber é especializado, sobrestima
provavelmente a importância da sua profissão. Se formos sucessivamente a um cirurgião-dentista, a um
oftalmologista, a um cardiologista, a um tisiólogo, a um neurologista, e assim por diante, cada um dará
conselhos admiráveis sobre a maneira de evitar as doenças das suas especialidades. E se seguirmos os conselhos
de todos, verificaremos que as vinte e quatro horas do dia serão poucas para conservar a saúde, não nos
sobrando tempo para gozarmos a mesma. Isto aplica-se facilmente aos peritos em política; se todos os seus
conselhos fossem seguidos, a nação não teria tempo para a vida normal.
Bertrand Russel
11. Segundo o texto, o interesse e a crença do mundo inglês nos partidos políticos justifica-se pelo
facto de:
A. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente nos partidos políticos
B. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os partidos políticos
resolvem os problemas
C. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas seriam
resolvidos com um outro partido político no poder
D. grande percentagem de gente que fala inglês acreditar realmente que os seus problemas seriam
resolvidos com um determinado partido político no poder
12. De acordo com o texto, encarar as questões de maneira totalmente diferentes em política, é
importante para:
A. obter um bom resultado em política
B. ganhar a simpatia do maioria da nação
C. o partido galgar o poder
D. aprofundar a democracia
13. No texto podemos encontrar uma referência à dois tipos de especialistas em questões políticas.
Aqueles cujo o poder depende da percepção comum do cidadão são:
A. políticos práticos
B. peritos
C. médicos
D. funcionários públicos
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15. O autor do texto considera que, é inútil exortar os políticos a procederem desinteressadamente,
excepto na forma mais crua de se absterem do suborno porque:
A. é inútil clamar que os políticos deveriam ser suficientemente patriotas
B. o poder político numa democracia depende do facto de adoptar as opiniões que pareçam
correctas ao cidadão comum
C. a habilidade intuitiva de que necessitam para prever a opinião alheia não implica qualquer
capacidade na formação das suas próprias opiniões
D. muitos políticos estarão em condições de advogar, com toda a sinceridade, medidas que a
maioria acha boas, mas que os peritos sabem ser más.
16. De acordo com o texto, o político recorre primariamente a um sector da opinião pública, porque:
A. o seu sucesso depende da transformação do seu sector em maioria.
B. ele concentra a sua atenção nas medidas que desagradam ao sector que forma o núcleo dos
adeptos do adversário.
C. os argumentos a seu favor devem ser da maior simplicidade.
D. a habilidade específica do político consiste em saber que paixões pode com maior facilidade
despertar
17. No texto, a expressão “na política, tal como na teoria da moeda, há uma lei de Gresham quer
dizer:
A. que o homem que visar objectivos mais nobres será expulso, excepto naqueles raros momentos
em que o idealismo se conjuga com um poderoso movimento de paixão interesseira.
B. que os políticos estão divididos em grupos rivais, tendem a dividir a nação, a menos que
tenham a sorte de uni-la numa guerra contra outra nação.
C. que os políticos vivem à custa do “ruído e da fúria, que nada significam”.
D. que os políticos não podem prestar atenção a algo que seja difícil de explicar, nem ao que não
acarrete divisão
20. “....o para que sejam tomadas providências úteis, devem ser levadas a efeito por outra
organização diferente do governo partidário”. O que está sublinhado pode ser substituído por:
A. necessidades
B. medidas
C. cautelas
D. acções
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22. .....enquanto os adversários se dirigem ao sector oposto. No texto, a palavra sublinha significa:
A. de oposição
B. frontal
C. político
D. contrário
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29. Na frase ....a menos que tenham a sorte de uni-la numa guerra contra a outra nação, a forma
pronominal –la refere-se a:
A. outra nação
B. a própria nação
C. uma nação
D. a qualquer nação
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41. Na frase “As vacas dão magnífico leite”, a expressão sublinhasa desempenha a função sintáctica
de:
A. sujeito
B. complemento directo
C. complemento indirecto
D. vocativo
42. A expressão sublinhada no número anterior pode ser substituída pela forma pronominal:
A. o
B. no
C. lhe
D. lho
43. Na frase “Quisemos terminar o nosso percurso nesta casa”, a expressão sublinhada é um:
A. complemento directo
B. complemento indirecto
C. complemento circunstancial
D. aposto
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45. Escolha entre as alternatives apresentadas, o par de palavras ou expressões que melhoe completa os
espaços em branco na seguinte frase.
“O jovem procura, pela rebeldia, dizer ao adulto que tudo está em__________e que é necessário construir
uma sociedade diferente, com________positivos do que os definidos como únicos e válidos para o seu
mundo”
A. movimento…meios
B. mudança…significado
C. modificação….propósitos
D. transformação…valores
51. Lendas Negras, Noite de Angústia e Homens sem Caminho são obras de
A. Castro Soromenho
B. Agostinho Neto
C. Francisco José Tenreiro
D. Baltazar Lopes
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55. Rinaldo conduziu-nos pelo corredor da esquerda, que terminava num portão de ferro, mais leve
do que o do pórtico, mas igualmente severo e antigo. Atrás dele, uma porta de madeira com
dobradiças enormes, de bronze escurecido estava trancada apenas por um ferrolho. Rinaldo enfiou-se
por entre ele com um sorriso de triunfo e disse que era mais fácil abri-lo pelo lado de dentro.
O excerto que leu corresponde :
A. a uma notícia
B. a uma narrativa
C. a uma síntese
D. a uma carta
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Em tempo em que a força imperava, árbitro irrecusável em todas as contendas, defendiam nobres
paladinos e intrépidos cavaleiros, de viseira calada e lança em riste, a honra da dama de seus
pensares; e o vencedor ufano ia receber modestamente a coroa e o beijo púdico, paga de seu brio e
galhardia.
Era o tempo em que a voz lacrimosa duma dona ofendida em sua honra, ou de donzela
acabrunhada por desleal tirano, topava eco certo em todo o coração nobre e generoso, que batia sob
um arnês de cavaleiro, e, em seu desagravo, reunia em volta de si todos quantos braços valentes
empunhavam lança ou espada.
Era o tempo em que o insulto feito às damas por orgulhosos Bretões custava caro, custava a vida
àqueles que, de imprudentes, ousavam proferi-lo; porque sempre à testa duns – doze de Inglaterra se
encontrava um – Magriço-aventureiro a desagravá-las. Tempos foram, que jamais voltarão.
Nem curemos de os chorar, que não morreram ainda os crentes da virtude feminil, que à face do
século ousem defendê-la. Se já se não defende a virtude ou formosura de tal dona ou donzela,
quebrando lanças na estacada, há ainda corações crentes, penas eloquentes a pugnar, não exclusivos
por esta ou estoutra virtude, mas pela elevação e supremacia de todo sexo e de toda classe.
Já se não peleja pela formosura da mulher, mas sim pela inocência da sua natureza pura e sem
mácula; mas sim por seus direitos; mas sim pelo lugar de honra, que de jus lhe compete no banquete
social.
Aos atrevimentos cépticos de Byron, às impurezas insultantes de Voltaire, ao cinismo
nauseabundo do século de Luís XV, responde a nossa era com a filosofia reverente de Aimé Martin,
com a poesia consoladora de Lamartine, com todas as almas elevadas, que sabem sentir e crer virtude,
dedicação e amor.
A era é melhor: o meio de discutir e convencer – mais racional e próprio de homens.
A vitória de outrora estribava-se no terror ou na admiração; a de hoje cala no coração e na
inteligência, estribada na razão e na verdade.
Assim também a mulher é hoje mais reverenciada, mais compreendida e mais amada; hoje a
mulher, por assim dizer, fala todas as línguas, cala em todos os corações, afecta todas as formas de
literatura e da ciência: a filosofia, a medicina, a poesia, o romance, tudo hoje trabalha com afã em
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A educação, no sentir dum grande homem4, não deve começar nem pelo clero, nem pelo povo,
nem pelas escolas, nem pelos mestres, mas pelos mestres e educadores naturais, - pelas mulheres, com
as mulheres, e só pelas mulheres; pelas mães, pelas filhas, pelas amantes, pelas esposas: e esse bem
que lhe fizermos – ficai certos – que todo sobre nós, e como usura, reverterá.
A Filosofia, depois de correr largo tempo desvairada pelos campos da abstracção e do frio
raciocínio, parou, de cansada por tantos erros; e olhando para o coração da mulher pasmou de não ter
dado mais cedo com a solução do problema; pasmou de ver como um pouco de sentimento dava
melhores frutos, do que todos os seus raciocínios frios e calculados.
É que a filosofia até aí não era cristã; é que a filosofia até aí não tinha ainda olhado para um
coração de mulher; não tinha ainda medido a veemência de suas dores, a expansão de suas alegrias, o
fundo de suas afeições; não tinha ainda considerado a influência deste magnetismo sobre a alma do
homem.
Quando a filosofia deu solução ao problema do aperfeiçoamento moral do homem todos pasmaram
de como a ninguém lembrara ainda coisa tão clara: já Colombo o dizia: é que as coisas mais claras são
as que mais escapam; e o olhar que vaga perdido no espaço sem limites, raro atende ao que a seu lado
se passa sobre a terra, grão de areia perdido na imensidade.
Eis por que hoje vemos o fenómeno da concordância entre todas as ciências e todas as
literaturas sobre a necessidade da educação intelectual e, maximamente, moral da mulher. É que
todos viram, reconheceram e reconheceram e reconhecerão, que é só por meio delas, que
poderemos atingir o verdadeiro bem, porque só elas nos podem pôr na verdadeira estrada, que
conduz a ele.
Antero de Quental
4
Aimé Martin
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2. Nesse tempo:
A. um insulto feito às damas custava caro
B. a voz de uma custava muito caro
C. custava a vida de algumas pessoas que ousavam proferí-lo
D. custava penas bastante altas
4. O autor do texto considera que a mulher de hoje merece deferência e gasalhado porque:
A. é mais reverenciada
B. é mais compreendida e amada
C. fala todas as línguas
D. um mundo seria um ermo melancólico sem a mulher
5. O texto refere que o império das mulheres é tanto mais poderoso sobre:
A. as nossas paixões
B. sobre os sentimentos
C. sobre o coração dos homens
D. sobre o mundo
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7. Para o autor do texto toda a nossa educação moral desde a tenra idade deve-se a:
A. a educação da mulher
B. os ensinamentos da mulher
C. a virtude da mulher
D. ao amor da mulher
8. A Filosofia no decorrer dos tempos não foi capaz de desvendar os mistérios do carácter
feminino porque:
A. até aí ela não era cristã
B. apenas Colombo é que foi capaz de explicá-los
C. a Ciência ainda não tinha evoluído
D. não havia explicações para o fenómeno
9. De acordo com o texto, hoje vemos o fenómeno da concordância entre todas as ciências e
todas as literaturas sobre a necessidade da educação intelectual e, maximamente, moral
da mulher, porque:
A. as mulheres é que asseguram a educação das sociedades
B. todos viram, reconheceram e reconheceram e reconhecerão, que é só por meio das
mulheres, que poderemos atingir o verdadeiro bem,
C. só as mulheres nos podem pôr na verdadeira estrada, que conduz a ele.
D. as mulheres são o símbolo do poder
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11. Complete a frase que segue inserindo a preposição adequada, contraindo-a com o artigo
se necessário:
Niguém tem jeito suficiente__________________as línguas. Por isso não candidatos para
estudar Línguas na Faculdade.
A. com
B. pelas
C. para
D. nas
13. Um grupo de abelhas é um enxame. Que nome se dá a um grupo de cães? “Era o tempo
em que a voz lacrimosa duma dona de casa.....”. O que está sublinhado pode ser
substituído por:
A. de lágrimas
B. a lacrimejar
C. lacrimejante
D. de choro
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15. .....custava a vida àqueles que, de imprudentes, ousavam proferi-lo, a palavra sublinha
significa:
A. não prudentes
B. sem respeito
C. mal criados
D. sem prudência
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24. Para obter um parágrafo coerente, qual seria a ordem correcta das seguintes frases:
i. O padre transmite aos fiéis certos ritos e ensinamentos, mas a Bíblia ou mesmo só os
Evangelhos são conhecidos de poucos.
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iv. A sociedade hindu é dominada pelos brâmanes, a quem compete, entre várias obrigações
rituais, ensinar e aprender.
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30 . um e qualquer são
E. pronomes
F. artigos
G. artigo e pronome respectivamente
H. pronomes
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34. Na frase “A mulher ensinou que se deve dar os bens aos pobres”, a expressão sublinhada
desempenha a função sintáctica de:
E. sujeito
F. complemento directo
G. complemento indirecto
H. vocativo
35. A expressão sublinhada no número anterior pode ser substituída pela forma pronominal:
E. os
F. nos
G. lhes
H. los
36. Na frase “Quisemos terminar o nosso percurso nesta casa”, a expressão sublinhada é um:
E. complemento directo
F. complemento indirecto
G. complemento circunstancial
H. aposto
37. Qual é o par de formas verbais para preencher as lacunas?
Se a Igreja não se___________às tranformações sociais___________difícil perceber os
fenómenos religiosos.
E. adapta-se….é
F. adaptar…seria
G. adaptasse…seria
H. adaptasse….é
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38. Na frase “Tens ido ao cinema sempre que tiveres dinheiro”, o verbo sublinhado está no:
e. presente do indicativo
f. pretérito perfeito composto do indicativo
g. pretérito imperfeito do indicativo
h. pretérito mais que perfeito do indicativo
39. Na frase “O terramoto tinha destruído grande parte da cidade”, o verbo está no
A. presente do indicativo
B. pretérito perfeito do indicativo
C. pretérito imperfeito
D. pretérito mais-que-perfeito composto
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B. lírico
C. trágico
D. trágico-marítimo
E. Modernismo Português
F. Realimo Português e Parnasianismo respectivamente
G. Neo-Realismo Português
H. Surrealismo
E. Mário de Sá Carneiro
F. Júlio Dinis
G. Fernando Pessoa
H. Manuel Bandeira
46. Lendas Negras, Noite de Angústia e Homens sem Caminho são obras de
E. Castro Soromenho
F. Agostinho Neto
G. Francisco José Tenreiro
H. Baltazar Lopes
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50. Na Europa, o surgimento do movimento literário esteve associado aos seguintes factores:
51. O movimento literário que pugnou por uma nova arte literária deixando de ser nacionalista e
revestindo-se de carácter cosmopolita, foi o:
A. Romantismo
B. Realismo
C. Simbolismo
D. Parnasianismo
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A. Contrariedades
B. Na mão de Deus
D. Autopsicografia
53. Em Portugal, o movimento realista, iniciado com a “Questão Coimbrã” recebeu, enorme
impulso das:
A. Conferências do Casino
B. Farpas
I. Mário de Sá Carneiro
J. Júlio Dinis
K. Fernando Pessoa
L. Manuel Bandeira
E. Rui Nogar
F. Fonseca Amaral
G. Rui de Noronha
H. Calane da Silva
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56. Em qual dos seguintes países as revistas literárias Charrua e Mensagem veicularam valores
literários:
C. Moçambique e Angola
A. 1970
B. 1980
C. 1990
D. 2000
58. Rinaldo conduziu-nos pelo corredor da esquerda, que terminava num portão de ferro, mais leve
do que o do pórtico, mas igualmente severo e antigo. Atrás dele, uma porta de madeira com
dobradiças enormes, de bronze escurecido estava trancada apenas por um ferrolho. Rinaldo enfiou-
se por entre ele com um sorriso de triunfo e disse que era mais fácil abri-lo pelo lado de dentro.
E. a uma notícia
F. a uma narrativa
G. a uma síntese
H. a uma carta
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59. Diga qual das frases resume melhor o texto que se segue:
60. Na frase que se segue encontra-se uma expressão idiomática em itálico. Seleccione a
hipótese que corresponde ao significado dessa expressão.
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Texto
Tem a Religião contribuído proveitosamente para a Civilização?
O meu ponto de vista sobre a religião é idêntico ao de Lucrécio. Considero-a como um mal nascido do
terror e como uma causa de infelicidades indizíveis para a humanidade. No entanto, não posso negar que tenha
trazido algumas contribuições à civilização. Serviu para fixar o calendário nos tempos antigos e levou os
sacerdotes egípcios a registar os eclipses com tal cuidado que lhes permitiu mais tarde predizê-los. Estou pronto
a reconhecer estes dois serviços, mas não conheço outros.
A palavra religião é usada nos nossos dias num sentido bastante vago. Alguns, sob a influência de um
Protestantismo extremo, empregam a palavra para designar toda a convicção pessoal séria no domínio das ideias
morais ou da natureza do universo. Este conceito é inteiramente anti-histórico. A religião é, antes de mais, um
fenómeno social. As Igrejas podem dever a sua origem a mestres de fortes convicções pessoais, mas eles
tiveram quase sempre diminuta influência sobre as Igrejas que fundaram, enquanto que estas exerceram uma
enorme força sobre as comunidades em que floresceram. Tomemos o exemplo que interessa a um maior número
de membros da Civilização Ocidental: os ensinamentos de Cristo, que, tal como aparecem nos Evangelhos, têm
tido extraordinariamente pouco a ver com os moralistas do Cristianismo. A característica mais importante do
Cristianismo, do ponto de vista social e histórico, não é o Cristo mas a Igreja, e, se quisermos emitir um juízo
sobre o Cristianismo como força social, não é aos Evangelhos que devemos recorrer. O Cristo ensinou que se
deve dar os bens aos pobres, que não nos devíamos guerrear, que não devíamos ir à igreja, que não devíamos
punir o adultério. Nem os católicos, nem os protestantes manifestam desejo vivo de seguir esses ensinamentos,
sob qualquer forma que seja.
Alguns Franciscanos, é certo, tentaram divulgar a doutrina da pobreza apostólica, mas o Papa condenou-os
e a sua doutrina foi considerada herética. Considerem, de novo, aquele texto Não julgueis a fim de não serdes
julgados, e interroguem-se sobre a influência que terá exercido um tal princípio na Inquisição e na Ku-Klux-
Klan, por exemplo.
O que é verdade para o Cristianismo é igualmente aplicável no Budismo. Buda era um homem amável e
instruído; sobre o seu leito de morte, ria-se dos discípulos que o tinham como imortal. Mas os sacerdotes
budistas – como, por exemplo, os do Tibete – têm sido obscurantistas, tirânicos e cruéis no mais alto grau.
A diferença entre uma Igreja e o seu Fundador não tem nada de acidental. Desde que se suponha que a
verdade absoluta reside nas palavras de um homem, logo aparecerá um corpo de peritos a interpretar essas
palavras, e que, infalivelmente, tomará toda a ascendência, pois detém a chave da verdade. E como acontece em
toda a casta privilegiada, acaba por utilizar essa força em seu benefício pessoal. Sendo encarregados de expor
uma verdade imutável, revelada de uma vez para sempre na sua absoluta perfeição, tornam-se necessariamente
inimigos de todo o progresso intelectual e moral. Razão por que a Igreja foi hostil a Galileu e a Darwin, como é
hostil, nos nossos dias, a Freud. No período de maior poderio foi mais longe na sua oposição à inteligência. Ao
Papa Gregório Magno era permitido escrever a um Bispo uma carta que começava deste modo: “Chegou até nós
um relatório, que não podemos mencionar sem corar, afirmando que estais a ensinar gramática a amigos
vossos”. O Bispo foi obrigado a renunciar a essa actividade perversa, sendo necessário chegar à Renascença
para que o mundo começasse a respirar.
O carácter pernicioso da religião não se manifesta apenas no domínio do espírito, mas, igualmente, no plano
da moral. Pretendo afirmar que ela ensina um código de ética pouco propício a assegurar a felicidade do
homem. Há poucos anos, tendo sido organizado na Alemanha um plebiscito para se saber se as casas reais
depostas deviam ou não continuar a possuir os seus bens, os fiéis declararam que seria contrária à doutrina do
Cristianismo a sua expropriação. As Igrejas, toda a gente o sabe, opuseram-se à abolição da escravatura até
onde lhes foi possível e nos nossos dias procuram conter todos os movimentos que reivindicam justiça social.
Não será verdade que o Papa condenou oficialmente o Socialismo?
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2. O conceito de religião como toda a convicção pessoal séria no domínio das ideias morais ou da
natureza do universo é anti-histórico porque:
A. a palavra religião é usada nos nossos dias com um sentido vago
B. a religião é um fenómeno social
C. as igrejas podem dever as suas origens a mestres de fortes convicções pessoais
D. os mestres tiveram quase sempre uma diminuta influência sobre a Igreja
3. De acordo com o texto, a característica mais importante do Cristianismo, do ponto de vista social
e histórico é:
A. Cristo
B. a Igreja
C. o Evangelho
D. o Papa
4. Para o autor , o texto Não julgueis a fim de não serdes julgados teve muita influência sobre:
A. os Franciscanos
B. a Inquisição
C. a doutrina apostólica
D. o Papa
6. O texto refere que um corpo de peritos, tomará toda a ascendência dado que
A. detém a chave da verdade.
B. acaba por utilizar essa força em seu benefício pessoal.
C. se encarrega de expor uma verdade imutável,
D. torna-se inimigo de todo o progresso intelectual e moral.
7. A Igreja foi hostil a Galileu e a Darwin, como é hostil, nos nossos dias, a Freud, porque:
A. ela se encarregou de expor uma verdade imutável,
B. ela tomou uma ascendência
C. ela constitui uma casta privilegiada
D. ela usa a força em seu benefício pessoal
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8. O carácter pernicioso da religião não se manifesta apenas no domínio do espírito mas também ao
nível:
A. do código da ética
B. da moral
C. do cristianismo
D. do budismonão
10. “... mas eles tiveram quase sempre diminuta influência sobre as Igrejas que fundaram”. O que
está sublinhado pode ser substituído por:
A. reduzida
B. menor
C. diminuída
D. pequena
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27. Na frase “Cristo ensinou que se deve dar os bens aos pobres”, a expressão sublinhasa desempenha a
função sintáctica de:
I. sujeito
J. complemento directo
K. complemento indirecto
L. vocativo
28. A expressão sublinhada no número anterior pode ser substituída pela forma pronominal:
I. os
J. nos
K. lhes
L. los
29. Na frase “Quisemos terminar o nosso percurso nesta casa”, a expressão sublinhada é um:
I. complemento directo
J. complemento indirecto
K. complemento circunstancial
L. aposto
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36. Lendas Negras, Noite de Angústia e Homens sem Caminho são obras de
I. Castro Soromenho
J. Agostinho Neto
K. Francisco José Tenreiro
L. Baltazar Lopes
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40. Rinaldo conduziu-nos pelo corredor da esquerda, que terminava num portão de ferro, mais leve do
que o do pórtico, mas igualmente severo e antigo. Atrás dele, uma porta de madeira com dobradiças
enormes, de bronze escurecido estava trancada apenas por um ferrolho. Rinaldo enfiou-se por entre ele
com um sorriso de triunfo e disse que era mais fácil abri-lo pelo lado de dentro.
41. O texto aborda a problemática da religião como um fenómeno social. O autor parte da premissa
segundo a qual, a religião é um mal nascido do terror para mais tarde concluir que a religião tem
contribuído para a destruição da moral.
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