Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instituto de Geociências

Graduação em Ciência Ambiental

Conservação e manejo da biodiversidade

Lucas Costa Rodrigues

Maria Luiza Sant’anna

Mariana Bueno

BIOINVASÃO: DEFINIÇÕES, CAUSAS DA INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES, ETAPAS


DO PROCESSO DE INVASÃO BIOLÓGICA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE
ESPÉCIES INTRODUZIDAS.

Niterói, RJ
2023
1

SUMÁRIO

1. DEFINIÇÃO 2
2. CAUSAS DA INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES 2
2.1. INTRODUÇÃO INTENCIONAL 2
2.2. INTRODUÇÃO ACIDENTAL 3
2.3. FUGA DE CATIVEIRO 3
3. ETAPA DOS PROCESSOS DE INVASÃO BIOLÓGICA 3
3.1. TRANSPORTE 4
3.2. LIBERAÇÃO OU INTRODUÇÃO 4
3.3. ESTABELECIMENTO 4
3.4. COLONIZAÇÃO OU DOMINAÇÃO 4
3.5. DISPERSÃO 4
4. PREVENÇÃO E CONTROLE DE ESPÉCIES INTRODUZIDAS 5
4.1. PREVENÇÃO 5
4.2. CONTROLE 6
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7
2

1. DEFINIÇÃO

Ao tratarmos sobre a bioinvasão, podemos defini-la como: um fenômeno que ocorre


quando uma espécie é introduzida, intencional ou acidentalmente, em um novo ambiente,
onde se estabelece, se reproduz e se espalha, causando danos ao ecossistema, à economia ou à
saúde humana.

As espécies invasoras podem ocorrer por fenômenos naturais, porém, são geralmente
movidas para novas áreas fora de sua distribuição natural histórica como resultado da
atividade humana. Uma vez estabelecidas em um novo ambiente, essas espécies podem se
tornar dominantes, alterar a estrutura e função dos ecossistemas e reduzir a biodiversidade ao
competir com espécies nativas por recursos.

A bioinvasão é considerada uma das principais ameaças à biodiversidade global,


juntamente com a perda de habitat e as mudanças climáticas. A prevenção é a maneira mais
eficaz de gerenciar as espécies invasoras.

2. CAUSAS DA INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES

A bioinvasão, um fenômeno ecológico de grande relevância científica, é impulsionada


por uma variedade de causas, muitas vezes relacionadas às atividades humanas. Neste
contexto, considerando a perspectiva científica, podemos exemplificar as principais causas da
introdução de espécies não nativas por meio de três categorias distintas:

2.1. INTRODUÇÃO INTENCIONAL

A introdução deliberada de espécies não nativas em ecossistemas é frequentemente


conduzida para alcançar objetivos específicos. Um exemplo clássico é a introdução de peixes
exóticos em corpos d'água para a prática de pesca esportiva. Em muitos casos, essas espécies
exóticas, como a truta arco-íris, são trazidas de regiões distantes e liberadas em ambientes
aquáticos locais com o intuito de criar oportunidades recreativas para pescadores.
3

Figura 1- Imagem de Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss) filhote, espécie exótica


originária da América do Norte.

Fonte: (Teletrutas, 2023)

2.2. INTRODUÇÃO ACIDENTAL

A bioinvasão também pode ocorrer de forma não intencional, frequentemente


associada ao transporte global de mercadorias. Portanto, organismos não nativos podem ser
inadvertidamente transportados em contêineres, embalagens ou mercadorias exportadas.
Quando essas cargas são descarregadas em portos estrangeiros, os organismos podem escapar
e estabelecer populações em ecossistemas locais, como ocorre com insetos e microrganismos
transportados em produtos agrícolas.

Como exemplo, o mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é uma espécie exótica


invasora de introdução acidental via água de lastro no Brasil, com origem inicial restrita à
China, mas se espalhou pela Ásia e América do sul (MMA, 2020) . A espécie é um molusco
bivalve, encontrados em lagos e lagoas costeiras, mas também em águas costeiras e
profundas do litoral, que encontrou no país um ambiente favorável para a sua proliferação, e
tem causado impactos ambientais e econômicos, provocando alterações estruturais e
funcionais nos ecossistemas e prejuízos às atividades humanas devido à sua alta capacidade
de filtração e macro aglomeração.

Figura 2- Imagem de mexilhão-Dourado (Limnoperna fortunei) em macro aglomeração.


4

Fonte: (G1, 2018)

2.3. FUGA DE CATIVEIRO

A liberação de animais de estimação no ambiente natural é um exemplo marcante de


bioinvasão resultante da fuga de cativeiro. Répteis, aves, peixes de aquário e outros animais
mantidos como animais de estimação podem escapar ou ser deliberadamente liberados no
ambiente. Esses animais frequentemente conseguem se adaptar e prosperar em novos
habitats, competindo com as espécies nativas. Um exemplo notório é a fuga de serpentes
exóticas mantidas como animais de estimação, que podem estabelecer populações selvagens
em áreas não nativas.

Figura 3- Imagem Píton Albina (Python molurus bivitattus), espécie exótica encontrada em
Goiania.

Fonte: (G1, 2021)


5

3. ETAPA DOS PROCESSOS DE INVASÃO BIOLÓGICA

O processo de invasão biológica pode ser dividido em quatro fases distintas: a


chegada (ou introdução) da espécie, seu estabelecimento (ou fixação), sua expansão e o
equilíbrio da espécie na comunidade. O processo de invasão se dá a partir de alguns
momentos específicos: o transporte, a liberação ou introdução, o estabelecimento, a
colonização ou dominação e a dispersão. O processo envolve: remoção de barreiras,
migração, dispersão, colonização, competição (evolução) e escala temporal.

3.1. TRANSPORTE

O transporte de espécies para além de suas áreas de distribuição natural pode ocorrer
de várias maneiras. Por exemplo, as espécies podem ser transportadas intencionalmente por
humanos para fins como agricultura, aquicultura, jardinagem ou controle biológico.
Alternativamente, o transporte pode ocorrer acidentalmente através de meios como lastro de
navios, embalagens de madeira ou comércio de animais de estimação e plantas ornamentais.

3.2. LIBERAÇÃO OU INTRODUÇÃO

A liberação ou introdução é quando a espécie é liberada em um novo ambiente. Isso


pode ser intencional, como quando as espécies são introduzidas para controle biológico ou
para fins ornamentais. Também pode ser acidental, como quando as espécies são liberadas
involuntariamente no ambiente através do transporte de mercadorias.

3.3. ESTABELECIMENTO

O estabelecimento é a fase em que a espécie sobrevive à fase inicial de introdução e


começa a se reproduzir. Isso depende da capacidade da espécie de sobreviver às condições
ambientais do novo local, encontrar alimento e abrigo, evitar predadores e doenças e
reproduzir com sucesso.
6

3.4. COLONIZAÇÃO OU DOMINAÇÃO

Nesta fase, a espécie começa a se expandir dentro do novo ambiente. Isso pode
envolver a colonização de novos habitats dentro do ambiente ou a dominação de habitats
existentes. A velocidade e extensão da colonização podem depender de vários fatores,
incluindo a taxa de reprodução da espécie, a disponibilidade de recursos e a presença ou
ausência de predadores e competidores.

3.5. DISPERSÃO

A dispersão é a última etapa do processo de invasão biológica e envolve a expansão


da espécie para novas áreas dentro do ambiente invadido. Isso pode ocorrer através de vários
mecanismos, incluindo movimento ativo (por exemplo, voar ou nadar), transporte passivo
(por exemplo, ser levado pelo vento ou pela água) ou transporte por outros organismos (por
exemplo, ser ingerido e excretado por aves).

4. PREVENÇÃO E CONTROLE DE ESPÉCIES INTRODUZIDAS

Abordando a prevenção e o controle de espécies introduzidas, notamos que são


aspectos críticos na gestão da bioinvasão, uma vez que a erradicação completa de espécies
invasoras após sua introdução pode ser extremamente desafiadora. É crucial adotar uma
abordagem proativa e baseada na ciência para mitigar os impactos negativos das espécies
introduzidas. Como exemplos das estratégias fundamentais quando se trata de prevenção e
controle, temos:

4.1. PREVENÇÃO

● Regulamentações de Importação e Comércio: Estabelecer regulamentações


rigorosas para o comércio internacional de plantas, animais e produtos
relacionados é uma medida fundamental. Isso pode incluir a inspeção de
mercadorias, certificações fitossanitárias e o controle estrito de produtos
potencialmente portadores de organismos invasores.
7

● Monitoramento e Vigilância: Implementar programas de monitoramento e


vigilância para detectar precocemente a introdução de espécies invasoras é
crucial. Isso envolve a observação constante de portos, aeroportos e áreas de
maior risco para identificar espécies invasoras em estágios iniciais.
● Educação Pública: A conscientização pública desempenha um papel
significativo na prevenção. Campanhas educacionais podem informar a
população sobre os riscos associados à introdução de espécies não nativas e
promover a responsabilidade individual na gestão de animais de estimação e
plantas exóticas.

4.2. CONTROLE

● Erradicação: Em casos de detecção precoce, a erradicação de populações


recém-introduzidas de espécies invasoras pode ser viável. Métodos de
erradicação incluem o uso de herbicidas, armadilhas, caça seletiva e até a
aplicação de controle biológico, envolvendo a introdução de predadores
naturais das espécies invasoras.
● Controle Populacional: Quando a erradicação não é possível, a redução das
populações de espécies invasoras é uma estratégia viável. Isso pode ser
alcançado por meio de métodos como controle químico, controle mecânico
(por exemplo, remoção manual de plantas invasoras) e controle biológico, que
envolve o uso controlado de inimigos naturais das espécies invasoras.
● Restauração de Habitats: Após a redução das populações de espécies
invasoras, a restauração dos habitats naturais é fundamental. Isso envolve a
reintrodução de espécies nativas, a reabilitação de ecossistemas degradados e a
promoção da resiliência ecológica.
● Pesquisa Contínua: A pesquisa científica é essencial para o desenvolvimento e
aprimoramento de estratégias de prevenção e controle. Isso inclui estudos
sobre a ecologia das espécies invasoras, a eficácia de métodos de controle e a
avaliação de impactos a longo prazo.
8

5. CONCLUSÃO

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACADEMY, KHAN, Espécies Introduzidas E Biodiversidade (vídeo), Khan Academy,


disponível em:
<https://pt.khanacademy.org/science/ap-biology/ecology-ap/disruptions-to-ecosystems/v/intro
duced-species-and-biodiversity>. acesso em: 23 out. 2023.

AZEVEDO, Julia, Espécies introduzidas: O Que são, Tipos E Prevenção - eCycle,


www.ecycle.com.br, disponível em: <https://www.ecycle.com.br/especies-introduzidas/>.
acesso em: 23 out. 2023.

BRASIL, Espécies Exóticas Invasoras, Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima,


disponível em:
<https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade/fauna-e-flora/invasoes-biologicas>.
acesso em: 23 out. 2023.

BRASIL, Espécies Introduzidas, Ministério da Agricultura e Pecuária, disponível em:


<https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/recursos-geneticos-1/especies
-introduzidas>. acesso em: 23 out. 2023.

MARTINS, Ana Maria, Introdução De Espécies, Ecycle, disponível em:


<https://www.vivendociencias.com.br/2014/08/introducao-de-especies.html>. acesso em: 23
out. 2023.

NEINAVAIE, Fargam et al, The Genomic Processes of Biological Invasions: From Invasive
Species to Cancer Metastases and Back Again, Frontiers in Ecology and Evolution, v. 9,
2021.

SCHULZ, Ashley N.; LUCARDI, Rima D. ; MARSICO, Travis D., Successful Invasions and
Failed Biocontrol: The Role of Antagonistic Species Interactions, BioScience, v. 69, n. 9, p.
711–724, 2019.
9

WOLFGANG NENTWIG ; SPRINGERLINK (ONLINE SERVICE, Biological Invasions,


Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg, 2007.

Biological invasions - Wikiversity, en.wikiversity.org, disponível em:


<https://en.wikiversity.org/wiki/Biological_invasions>. acesso em: 20 out. 2023.

Home |Home, Leimac, disponível em: <https://leimac.sites.ufsc.br/>. acesso em: 20 out.


2023.

https://www.teletrutas.com.br/c/9/alevinos-de-truta

https://www.ibama.gov.br/phocadownload/biodiversidade/mexilhao-dourado/2020/2020-11-1
0-Plano_Mexilhao_Dourado.pdf

https://g1.globo.com/sp/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2018/12/03/mexilhoes-doura
dos-prejudicam-geracao-de-energia-em-usinas-hidreletricas-do-pais.ghtml

https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/06/11/cobra-piton-albina-de-mais-de-2-metros-e-
capturada-dentro-de-casa-em-aparecida-de-goiania.ghtml

Você também pode gostar