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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
PRODUÇÃO E MANEJO DE PEIXES ORNAMENTAIS

BRUNA GIOVANNA BEZERRA DOS SANTOS

Ichthyophthirius multifiliis

Recife-PE
2020
BRUNA GIOVANNA BEZERRA DOS SANTOS

Ichthyophthirius multifiliis

Trabalho apresentando ao curso de Zootecnia da


Universidade Federal Rural de Pernambuco, como
requisito para obtenção da nota.
Professor: Fernando de Figueiredo Porto Neto

Recife-PE
2020
Sumá rio
1. Introdução............................................................................................................................................4
2. Etiologia...............................................................................................................................................5
3. Biologia do parasito.............................................................................................................................5
4. Ciclo de vida........................................................................................................................................6
5. Transmissão.........................................................................................................................................6
6. Sinais clinicos......................................................................................................................................7
7. Medidas de Controle prevenção..........................................................................................................7
8. Conclusão............................................................................................................................................9
9. Referências bibliográficas..................................................................................................................10
1. Introdução

Em qualquer sistema produtivo, boas condições de sanidade animal são de fundamental


importância quando se deseja obter uma produção eficiente e racional. No Brasil as pesquisas
em sanidade aquícola e as soluções disponíveis ainda estão muito aquém quando comparadas
à criação industrial dos animais terrestres, que possuem minucioso controle sanitário, com
medidas profiláticas efetivas em cada etapa do ciclo; programas de vacinações; desinfecção
rigorosa; protocolos terapêuticos reconhecidos; quarentena, etc. Essas medidas proporcionam
maior biosseguridade ao sistema de produção e zelam pela estabilidade na produtividade,
onde as perdas relacionadas com as enfermidades estão presentes, porém controladas.

Portanto, os cuidados com a produção de alevinos devem ser redobrados, uma vez que a
produção de alevinos saudáveis e seguros torna-se fundamental para o sucesso das demais
etapas do ciclo de produção. Várias doenças podem acometer os alevinos, entre elas está a
ictiofitiríase, uma das principais doenças parasitárias que aflige a aquicultura mundial, e que
no Brasil, é responsável por consideráveis perdas econômicas, principalmente na criação de
bagres e peixes redondos.
2. Etiologia

A ictiofitiríase é uma doença parasitária ocasionada pelo protozoário ciliado denominado


Ichthyophthirius multifiliis, popularmente conhecido como Ictio. A enfermidade é também
conhecida como “doença dos pontos brancos”, devido aos sinais clínicos característicos.O
parasito possui diferentes fases: trofonte maduro, com formato circular e núcleo em forma de
ferradura bastante característico cujo tamanho total do parasito pode chegar de 0,8 a 1,0 mm e
trofonte imaturo com núcleo em forma de bastão. Nesta fase, o parasito possui formato
esférico ou oval e é envolvido por ciliatura disposta longitudinalmente. Já os pequenos
terontes, estágio em que o parasito é infectante ao peixe, geralmente são piriformes ou ovais
com dimensões de 30 x 50 µm e também possuem ciliatura disposta longitudinalmente.

3. Biologia do parasito

Este protozoário possui o ciclo um pouco complexo, quando comparado aos tricodinídeos,
quilodonelídeos e Epistylis. Torna-se parasito obrigatório somente na fase de trofonte,
portanto, o peixe é essencial para que este ciliado sobreviva e consiga completar seu ciclo de
vida. Para isso, formas de vida livres denominadas terontes, possuem um aparato na região
apical denominado perforatorium que é responsável pela penetração ativa na pele (tecido
epitelial) por meio de ação mecânica. Assim, o teronte se aloja entre as camadas de células
epiteliais acima da derme, e inicia sua transformação em trofonte.

Após a penetração do tegumento, que se dá principalmente na pele (alojando-se entre as


escamas), nadadeiras, córnea, cavidade oral e tecido branquial, o teronte sofre algumas
mudanças estruturais, especialmente no aparato bucal primitivo, que passa a ter tamanho
suficiente para ingerir detritos celulares relativamente grandes, quando então passa a ser
denominado trofonte. Nessa fase, alimenta-se de secreções, fragmentos teciduais e células
inflamatórias do hospedeiro, até completar seu desenvolvimento, que é variável de acordo
com a temperatura da água. Temperaturas muito baixas (< 10º C) e muito altas (> 28°C)
retardam o desenvolvimento deste ciliado
4. Ciclo de vida

O ciclo de vida do ictio é direto, ou seja, para completá-lo é necessário apenas um hospedeiro.
Três fases distintas são observadas:

Teronte: forma de pequenas dimensões (30 x 50 µm), com natação aquática livre, sendo o
estágio infectante ao hospedeiro.

Trofonte: estágio em que realiza o parasitismo no epitélio do peixe, podendo atingir 800 a
1000 µm e move-se ativamente.

Tomonte: forma livre que possui um cisto de proteção. Fixa-se em plantas aquáticas ou bordas
dos viveiros em substratos inertes. Realiza inúmeras divisões e formam entre 500 a 1000
células-filhas, denominadas tomitos, que por sua vez diferenciam-se em terontes infectantes
para ganhar o ambiente aquático.

5. Transmissão

A principal forma de transmissão é a horizontal, na qual um peixe parasitado passa a atuar


como fonte de infestação para o restante do lote. Neste elo, a fase de teronte é a responsável
pela dispersão no ambiente aquático em busca de novos hospedeiros. Portanto, a água de
cultivo atua como veículo dessas formas infectantes, bem como instrumentos utilizados na
rotina da piscicultura, tais como peneiras, puçás, redes de arrasto, entre outros objetos.
Atenção especial deve ser dada às propriedades que descarregam indiscriminadamente a água
de transporte dos peixes recém-chegados diretamente nos viveiros de criação, pois essa água
atua como importante meio de transmissão, não somente de protozoários, mas também de
bactérias, fungos e vírus potencialmente patogênicos aos peixes.
6. Sinais clinicos
O principal sinal clínico da ictiofitiríase é a presença de inúmeros pontos brancos situados em
toda superfície corpórea dos peixes parasitados, incluindo pele, nadadeiras, córnea, cavidade
bucal e brânquias. Além disso, é comum observar os peixes exibindo movimentos grosseiros
de fricção contra as paredes, fundo ou telas dos viveiros ou tanques rede, a ponto de turvar a
água em criações de viveiro escavado. Tal fato ocorre devido à ação irritante determinada pela
movimentação do ciliado, possivelmente ocasionando prurido. Com o agravamento da
condição clínica dos peixes, é possível observar peixes apáticos, com natação a esmo, errática
e sem vigor, além de anorexia, mudança da coloração da pele, aumento da produção de muco,
dificuldade respiratória com aumento dos batimentos operculares e, até mesmo, boquejamento
na superfície da água ou entrada de água dos viveiros em horários não usuais.

7. Medidas de Controle prevenção

O tratamento contra a ictiofitiríase não é eficaz em ambientes de criação, uma vez que os
parasitos localizados sob o epitélio do hospedeiro e aqueles protegidos dentro do cisto de
proteção secretado pelo tomonte não são atingidos pelos fármacos administrados. Portanto, a
única forma susceptível aos banhos convencionais é o estágio de teronte, que é a forma de
natação livre que infecta os peixes. Em ambientes cuja temperatura pode ser controlada, o
recomendado é elevar a temperatura acima de 30º C, desde que a espécie de peixe tolere tal
condição.
Assim, pode-se eliminar as formas infectantes já que normalmente possuem baixa tolerância a
essas temperaturas. No entanto, existem relatos de formas resistentes a temperaturas de 34º C.
Para evitar surtos de mortalidade provocados por este parasito, bem como de agentes patogênicos
secundários, é necessário efetivar uma série de medidas profiláticas que diminuem o risco da
entrada e dispersão do parasito em todo o sistema de criação.
Além disso, devemos sempre nos preocupar com a água que sai deste sistema, devendo estar
livres de formas infectantes, uma vez que isso representa riscos à população de peixes do
ambiente natural, bem como de possíveis pisciculturas que captam água do mesmo corpo de
descarga. A seguir, são listadas algumas medidas que aumentam a biosseguridade do local de
produção, sendo passíveis de aplicação principalmente em berçários:
● Utilizar filtros biológicos, com o emprego de macrófitas aquáticas (wetlands) na água de
abastecimento, bem como nos efluentes, com intuito de promover uma limpeza natural da água
de cultivo. A utilização de filtros mecânicos de baixa micragem, equipados com lâmpadas de
ultravioleta são importantes, uma vez que as plantas aquáticas podem atuar como substrato para
manutenção da fase de tomonte, que é removido pelos filtros mecânicos e ou luz UV.
● Adotar práticas criteriosas de desinfecção de instrumentos utilizados na rotina da piscicultura,
além de antissepsia da mão de funcionários que entram em contato com os animais de cultivo.
● O controle de pessoas e veículos visitantes na piscicultura também é fundamental, pois podem
carrear novas doenças ao sistema de produção.
● Utilizar quarentenas, com acompanhamento assíduo do recebimento de novos peixes na
propriedade, sempre acompanhado de um laudo que ateste as condições sanitárias dos animais.
Além disso, é fundamental a confirmação deste diagnóstico ao longo de algumas semanas, uma
vez que pode ser o período necessário para a manifestação dos sinais de doenças até então
subclínicas.
● Realizar periodicamente o diagnóstico do plantel, a partir de uma amostragem de peixes para
monitorar as condições higiênico-sanitárias de toda a propriedade.
● Realizar um monitoramento detalhado das condições de qualidade da água.
8. Conclusão

Para obter a efetividade destas medidas é preciso que toda a cadeia, que de alguma forma
trabalha na prática com o peixe vivo, adote essas práticas na rotina. No entanto, as pisciculturas
produtoras de alevinos devem se atentar a essas informações, uma vez que a produção de
alevinos saudáveis e livres de parasitos patogênicos é um diferencial no mercado, sendo essencial
para o sucesso nas demais fases.
9. Referências bibliográficas

 PÁDUA, S. B.; Ictiofitiríase: conhecendo a doença para elaborar estratégias de controle.


Panorama da AQÜICULTURA, maio, junho, 2012.

 Siqueira ADD; doença fúngica em peixes. 2004. Monografia (Bacharelado em


Ciências Biológicas) - Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio
Bastos. São João da Boa Vista, SP, 2004. Disponível em
http://64.233.161.104/search?q=cache:OthaIRV5ze0J:www.feob.br/novo/cursos/cbiol
ogicas/monografias/Monografia%2520%2520Amanda%2520Danziger%2520Darr%C
3%B3z%2520Siqueira.pdf +saprolegniose&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=3. Acesso
em 22 de setembro de 2020.

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