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Palavras-chave: Maker Culture. Education Maker. Active Teaching Methodology. manufacturing technologies.
Abstract
The maker culture has emerged as an innovative and promising approach to teaching and
learning in several areas of knowledge. Based on the principles of experimentation,
collaboration and "do it yourself", the maker culture encourages teachers to reinvent
themselves and students to become protagonists of their own learning. This study presents a
Systematic Literature Review (SLR) addressing an analysis of the maker culture in education,
contributions and challenges for teaching and learning. The search stage took place in national
and international databases, with a timeframe of ten years, in Portuguese/English. The RSL had
as study time interval from March 4, 2023 to June 30, 2023, with the objective of quantifying
and analyzing the works on the maker culture in education. For the construction of the scope
of the research and methodology, we used the Kitchenham protocol (2009) to guarantee the
reliability and the adequate technique to be used, since this protocol allows to examine the data
in a methodical and systematic way. Thus, during the research, strings and boolean operators
were used in the databases. As a result, we can infer that maker education is an active teaching
methodology that, when well used in education, proves to be an excellent tool for teaching and
learning. Therefore, a new dynamic is needed, a new focus and seriousness to face the obstacles
that still persist and limit the new practices and the advancement of maker education.
Keywords: Maker Culture. Education Maker. Active Teaching Methodology. Manufacturing technologies.
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1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a cultura maker tem artesanato, design, impressão 3D, marcenaria, entre
emergido como uma abordagem inovadora e outras. Os makers, como são chamados aqueles que
promissora para o ensino e aprendizagem em abraçam essa cultura, compartilham seus
diversas áreas do conhecimento. Com base nos conhecimentos, aprendem uns com os outros e
princípios da experimentação, da colaboração e do colaboram em projetos coletivos (MOURA, 2020).
"faça você mesmo", a cultura maker encoraja os Dessa forma, diante das realidades que vão
estudantes a se tornarem protagonistas de sua surgindo, as escolas procuram se reinventar e
própria aprendizagem, incentivando a criatividade, escolhem caminhos que podem ser mais tranquilos -
o pensamento crítico e a resolução de problemas. mantendo sua proposta curricular predominante, ou
Um campo de estudo que se beneficia opta por escolhas que rompem com padrões
significativamente dessa abordagem é a curriculares estabelecidos, na busca por modelos de
Matemática. ensino cada vez mais significativo, empreendedor e
Ao revisar a literatura sobre a cultura maker, inovador (MORÁN, 2015).
serão abordados diversos tópicos relevantes. Serão Certamente, o espaço da escola vem mudando e
investigadas as origens e fundamentos da cultura os métodos, predominantemente tradicionais, não
maker, explorando seu surgimento, suas influências dão mais conta de uma sociedade cada vez mais
e suas principais características. conectada, onde a tecnologia transcende o lugar, o
A cultura maker refere-se a um movimento que tempo e o espaço de aprendizagem para além da sala
valoriza a criatividade, a inovação e a participação de aula, provocando reflexões que exigem das
ativa das pessoas na criação de objetos e projetos instituições de ensino uma visão proativa, dinâmica
através do uso de ferramentas e tecnologias e empreendedora (RAABE, 2018). A Base
acessíveis. É uma abordagem que encoraja as Nacional Comum Curricular (BNCC), inclusive,
pessoas a se tornarem criadoras, construtoras e traz em seu texto, a necessidade de promover um
solucionadoras de problemas, em vez de meros ensino voltado para realidade dos alunos e para a
consumidores passivos de produtos e serviços utilização das tecnologias, para que ele compreenda,
(PAPERT, 1994). utilize e crie tecnologias digitais de informação e
No cerne da cultura maker está a ideia de que comunicação de modo reflexivo, crítico, ético e
todos têm habilidades e potencial para projetar, significativo para a resolução de problemas e
prototipar e fabricar objetos tangíveis, explorando construção de conhecimento (BRASIL, 2017).
diversas áreas como eletrônica, programação,
A propósito, no tocante a produzir promovendo uma abordagem prática e participativa
conhecimentos, resolver problemas, exercer para a criação de objetos e projetos. Ela oferece
protagonismo e participação ativa nas atividades oportunidades para que as pessoas se tornem
escolares, bem como estimular um ensino cada vez protagonistas, ativas na geração de inovação e
mais inovador e transformador do espaço de soluções, democratizando o acesso aos recursos e
aprendizagem, a educação maker do “faça você estimulando a cultura do fazer.
mesmo, onde o aluno coloca a mão na massa, fabrica Assim, para Blikstein (2020), uma educação a
e produz conhecimento”, surge como uma partir do construcionismo e da abordagem maker
metodologia ativa de aprendizagem nas escolas. contribui de modo significativo no espaço escolar e
Nela, os estudantes deixam de consumir tecnologias reflete os anseios do professor deste século que há
para produzi-las (RAABE, 2018). anos busca inserir os alunos no centro do processo
No entanto, para Raabe (2018) e Gondim de ensino e aprendizagem.
(2022), as escolas mantêm vivo um currículo Diante desse contexto, a pesquisa justifica-se
tradicional que não “serve” mais à escola do século pelo interesse em analisar o uso da educação maker
XXI, que somando-se a isso, gera dificuldades na em contextos educacionais. Enfim, a pesquisa visa
utilização de experiências e conhecimentos com apresentar um estudo sobre as contribuições e os
projetos (inovadores) que envolvem interação, desafios da educação maker para o ensino e
construção de objetos, divisão de tarefas etc. E, isso, aprendizagem. Para isso, destacamos os principais
na visão de Raabe (2018) e Moura (2020), precisa trabalhos nacionais e internacionais encontrados a
ser suplantado para que uma educação que aposte no partir de uma Revisão Sistemática da Literatura
envolvimento do aluno, no seu protagonismo e na (RSL).
criatividade, possa ser adotada dentro da escola, Diante do exposto e da importância da temática,
onde essa quebra de paradigma se configura a qual trata da cultura maker no ensino, percebeu-se
atualmente como o maior desafio para a implantação a necessidade de organizar uma Revisão Sistemática
de práticas pedagógicas makers e construcionistas. de Literatura (RSL) dos trabalhos publicados no
Ademais, a educação maker possui uma banco de dados do Periódico Capes, Science Direct
abordagem que confronta a educação tradicional, já e o Eric Education Sciences. A RSL teve como
que o foco deste pensamento é o protagonismo dos intervalo de tempo de estudo os dias 04 de março de
alunos a partir da criação de objetos e invenções que 2023 a 30 de junho de 2023, a fim de quantificar e
estão ligadas aos fenômenos das ciências. Dessa analisar os trabalhos que tratavam a cultura maker
forma, Blikstein (2018), fundamentado em Papert no ensino, para vislumbrar uma revisão da área.
(1980), ratifica o uso das tecnologias como um No tocante à seleção de trabalhos que compõem
importante instrumento de emancipação para a a referida pesquisa, este artigo se organiza em quatro
construção do conhecimento do aluno, pois, quando seções. A primeira seção traz uma introdução do
fazem uso das ferramentas e tecnologias, projetam e artigo contextualizando o tema. Na seção seguinte, é
criam fundamentos que serão úteis para a vida. descrita a metodologia utilizada na RSL. E, na seção
A cultura maker é um movimento que incentiva posterior, são apresentados os resultados do estudo,
a criatividade, a experimentação e a colaboração, análises e discussões. Para concluir, a última seção
traz as considerações finais referente à temática da selecionar os principais artigos que possuem relação
pesquisa, desafios e sugestões para trabalhos com os objetivos da pesquisa e, assim, obter os
futuros. trabalhos que respondam às perguntas de pesquisa.
pesquisa, assim como, poderá identificar lacunas em QPP 1 Quais as vantagens da educação maker
resultados de pesquisas que servirão de reflexão para para o ensino e aprendizagem?
2.5 BASES DE DADOS E PROCESSO DE critérios foram criados para selecionar os trabalhos
Observa-se, nos trabalhos estudados, uma maior forma de como o professor utiliza os pilares da
Unidos, países que apresentam trabalhos com alguns de construção com as próprias mãos, também utiliza
sinais da educação maker com conexões às tecnologias tradicionais, em um canto maker na sala
disciplinas e ao currículo escolar, porém, há muito o de aula ou espaço maker, FabLabs, entre outros. Na
que se fazer para que de fato a integração das sala de aula, conforme [T03] e [T09], por exemplo,
currículo de forma efetiva e significativa Blikstein complementadas com o uso de tecnologia de grande
(2020). Na Finlândia, por exemplo, o currículo da potencial de fabricação. A figura 9 traz os trabalhos
onde a aprendizagem maker acontece, sala de aula e maker (fazer, refazer, construir, discutir, colaborar,
laboratório maker (similares). interagir…) tem raízes históricas e não é uma
abordagem nova na educação, contudo, a pesquisa
Figura 9: Espaço de aprendizagem maker.
nos alerta para abandonar o modelo de ensino
instrucionista e tradicional enraizado na formação
do professor, que atrapalha os processos criativos e
de construção que inserem o aluno no centro da
aprendizagem, autonomia e protagonismo (
FREIRE, 2001; MORAN, 2015; MOURA, 2019;
PIAGET, 1970 e PAPERT, 1994)
A pesquisa aqui apresentada tem como cunho
metodológico as ideias centrais de Kitchenham
(2004), que fundamenta a escrita desta RSL. Assim,
foi aplicado um estudo em 10 artigos selecionados
Fonte: dados da pesquisa.
nas bases de dados digitais: Periódicos Capes, Eric
Education e Science Direct, descrevendo e fazendo
Como se pode constatar, a cultura maker tem
reflexões sobre a cultura maker em contextos
ganhado destaque como estratégias inovadoras de
educacionais.
ensino e aprendizagem para a promoção de uma
Os estudos mostram que as raízes da cultura
educação mais participativa e de qualidade com foco
maker com suas tecnologias de grande potencial de
na construção, na colaboração e na interação de seus
fabricação e valor pedagógico aos poucos vão
atores, alunos e professores. Além do mais, se
ganhando espaço na educação (graduação, educação
verificam excelentes iniciativas e resultados
básica do infantil ao ensino médio, jardins de
positivos na criação de ambientes próprios de
infância e cursos para professores), entretanto, ainda
fabricação digital, que, segundo Raabe et al. (2018)
há muito a ser feito e um caminho longo a percorrer
e Moura (2020), o ideal seria se na escola tivéssemos
para que a educação maker seja efetivada na
um grande espaço maker no qual os docentes de
educação conforme preceitua a teoria construtivista
diferentes componentes curriculares pudessem
de Piaget e o construcionismo de Papert, entre
explorar, interagir e desenvolver projetos.
outros. Teorias que buscam desenvolver nos alunos
o pensamento crítico, a curiosidade, a investigação,
4. CONCLUSÃO
a inovação, a construção e a interdisciplinaridade
dos conhecimentos por meio da colaboração e do
Este trabalho de pesquisa, em base de dados
projetar, fazer, revisar e compartilhar.
nacional e internacional apresenta um estudo sobre
Outro ponto de destaque nos trabalhos, e que é
a cultura maker em contextos educacionais.
muito questionado além do modelo tradicional
Evidencia-se através das leituras que a cultura maker
existente na escola, que por sua vez também é fruto
faz uso de ferramentas tradicionais (de baixo custo),
das formações tradicionais pelo qual o professor
tecnologias digitais e de fabricação digital de grande
atravessou durante sua formação profissional, é o
potencial pedagógico, ficando claro que o ensino
ensino tradicional instituído dentro da escola, a desafios e problemas iniciais até aqui apresentados,
ausência de formação docente adequada, ausência entre outros.
da cultura maker no currículo escolar, e a falta de
5. REFERÊNCIAS
investimentos em equipamentos de fabricação
digital; são esses um dos principais entraves (entre BRASIL. Base Nacional Comum Curricular:
Educação é a Base. Brasília, MEC, 2017.
outros) a serem vencidos para que a educação maker
sirva ao seu propósito. BECK, Estee. Discovering Maker Literacies:
Tinkering with a Constructionist Approach and
Em síntese, podemos inferir que a cultura maker
Maker Competencies. Computers and Composition,
é uma metodologia ativa de ensino que, se bem v. 58, p. 102604, 2020.
utilizada na educação, ou em outros campos
BLIKSTEIN, Paulo; VALENTE, Jose; MOURA,
conforme realidade e adaptação, com as pessoas Éliton Meireles De. EDUCAÇÃO MAKER: ONDE
ESTÁ O CURRÍCULO? Revista e-Curriculum, v.
certas e os investimentos certos, é uma excelente
18, n. 2, p. 523–544, 2020
ferramenta para o ensino e aprendizagem que de fato
Blikstein, P. Maker Movement in Education:
pode transformar a educação, mas, para isso, se faz
History and Prospects. In: M.J. de Vries (ed)
necessária uma nova dinâmica, um novo homem, e Handbook of Education. Springer International
Publishing. DOI 10.1007/978-3-319-44687-
seriedade para “atacar” os entraves que ainda
5_33,(2018)
persistem e travam as novas práticas, a inovação na
DAVIES, Sini; SEITAMAA-HAKKARAINEN,
escola e o avanço da educação maker. Sobretudo,
Pirita; HAKKARAINEN, Kai. Idea generation and
percebe-se também a falta de metodologia de ensino knowledge creation through maker practices in an
artifact-mediated collaborative invention project.
adequada para a formação do educador maker
Learning, Culture and Social Interaction, v. 39, p.
(multiplicador) como potencializador da cultura de 100692, 2023.
inovação para formar outros professores e/ou
FREIRE, P. Educação e mudança. 24. ed. Rio de
multiplicadores. Janeiro: Paz e Terra, 2001.
Todavia, embora os resultados desta pesquisa
GONDIM, R. DE S.; PINTO, A. C. P. A Cultura
apresentam resultados positivos e os desafios a Maker como Estratégia de Ensino e Aprendizagem:
uma Revisão Sistemática da Literatura. 2022.
serem trilhados, sugere-se, como trabalhos futuros,
novas pesquisas com maior número de bases de GONZAGA, Kátia Valéria Pereira. Construindo
uma proposta curricular inovadora na educação
dados, bem como, pesquisas quantitativas e
básica a partir da cultura maker. Revista e-
qualitativas sobre as tecnologias de fabricação em Curriculum, v. 20, n. 3, p. 1084–1109, 2022.
escolas, entre outros assuntos que compõem a
JAATINEN, Juha; LINDFORS, Eila. Makerspaces
temática. Por conseguinte, considerando a for Pedagogical Innovation Processes: How Finnish
Comprehensive Schools Create Space for Makers,
importância da temática, indica-se a continuidade
2019.
dos estudos no sentido de investigar a educação
KITCHENHAM, Barbara et al. Systematic literature
maker, formação maker, interdisciplinaridade e
reviews in software engineering–a systematic
integração com o currículo. Inclusive, novos literature review. Information and software
technology, v. 51, n. 1, p. 7-15, 2009.
estudos darão embasamento para apontar novos
caminhos, ou até mesmo explorar soluções para os LIBÂNEO, José Carlos. Tendências pedagógicas na
prática escolar. Revista da Associação Nacional de
Educação – ANDE, v. 3, p. 11-19, 1983.
MORÁN, José. Mudando a educação com
metodologias ativas. Coleção mídias
contemporâneas. Convergências midiáticas,
educação e cidadania: aproximações jovens, v. 2, n.
1, p. 15-33, 2015.